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CURSO DE FILOSOFIACURSO DE FILOSOFIA AULAS 05 e 06 CURSO DE SOCIOLOGIACURSO DE SOCIOLOGIA AULAS 05 e 06 CURSO DE FILOSOFIA Aulas no. s 05 e 06 ÉTICA A. Ética Antiga: Aristóteles, Sêneca e Epicuro: Características da ética em Aristóteles: a) _________________________________ b) _________________________________ c) _________________________________ Característica da ética em Sêneca: a) _________________________________ Característica da ética em Epicuro: a) _________________________________ Algumas questões: 01. (UFSJ) – Sobre a ética na Antiguidade, é CORRE- TO afirmar que a) o ideal ético perseguido pelo estoicismo era um estado de plena serenidade para lidar com os so- bressaltos da existência. b) os sofistas afirmavam a normatização e verdades universalmente válidas. c) Platão, na direção socrática, defendeu a necessi- dade de purificação da alma para se alcançar a ideia de bem. d) Sócrates repercutiu a ideia de uma ética intimista voltada para o bem individual, que, ao ser exerci- da, se espargiria por todos os homens. 02. (ENEM) – “Nossa discussão será adequada se ti- ver tanta clareza quanto comporta o assunto, pois não se deve exigir a precisão em todos os racio- cínios por igual, assim como não se deve buscá-la nos produtos de todas as artes mecânicas. Ora, as ações belas e justas, que a ciência política investiga, admitem grande variedade e flutuações de opinião, de forma que se pode considerá-las como existin- do por convenção apenas, e não por natureza. E em torno dos bens há uma flutuação semelhante, pelo fato de serem prejudiciais a muitos: houve, por exemplo, quem perecesse devido à sua riqueza, e outros por causa da sua coragem. Ao tratar, pois, de tais assuntos, e partindo de tais premissas, deve- mos contentar-nos em indicar a verdade aproxima- damente e em linhas gerais; e ao falar de coisas que são verdadeiras apenas em sua maior parte e com base em premissas da mesma espécie, só podere- mos tirar conclusões da mesma natureza. E é den- tro do mesmo espírito que cada proposição deverá ser recebida, pois é próprio do homem culto buscar a precisão, em cada gênero de coisas, apenas na medida em que o admita a natureza do assunto.” (Aristóteles. Ética a Nicômaco) No texto acima, o filósofo Aristóteles explica que a) o método da ciência política é dialético, isto é, parte de opiniões comuns aceitas pela maioria ou pelos sábios. b) não há resposta objetiva em questões morais. c) a finalidade da ética e da ciência política é a ação, não a verdade. d) é necessário buscar a verdade absoluta ao resol- ver problemas morais. e) a teoria política possui um método tão exato quanto o da matemática. Prof. Daniel CURSO DE FILOSOFIA 2 03. (UNESP) – Como podemos interpretar a seguinte citação de Aristóteles: “O bem é aquilo a que todas as coisas tendem”? (Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (Col. Os Pensadores. p.249). a) Na “Ética a Nicômaco”, a finalidade será identi- ficada com o “bem”, ou seja, dizer que todas as ações tendem a um fim é o mesmo que dizer que todas as coisas tendem a um bem. b) Na “Ética a Nicômaco”, a finalidade será identi- ficada com o “prazer”, ou seja, dizer que todas as ações tendem a um fim é o mesmo que dizer que devemos buscar uma vida de satisfação dos impulsos. c) Na “Ética a Nicômaco”, a finalidade será identifi- cada com a “honra”, ou seja, dizer que todas as ações tendem a um fim é o mesmo que dizer que é preciso realizar grandes feitos para ser reco- nhecido e isso é a verdadeira felicidade. d) Na “Ética a Nicômaco”, a finalidade será identifi- cada com a “riqueza”, ou seja, dizer que todas as ações tendem a um fim é o mesmo que dizer que é preciso acumular a maior quantidade de dinhei- ro possível, pois só assim é possível prevenir-se da pobreza. 04. (UEL – PR) – A felicidade é portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e es- ses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos. Entre as coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como fe- licidade. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. b) plenitude espiritual a ascese pessoal. c) finalidade das ações e condutas humanas. d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) expressão do sucesso individual e reconheci- mento público. 05. (PUC – PR) – Em relação à definição de Bem apre- sentada por Aristóteles, no Livro I da Ética a Nicô- maco, considere as seguintes alternativas: I. O Bem é algo que está em todas as coisas, sen- do identificada nos objetos, mas não entre os homens. II. O Bem é aquilo a que todas as coisas tendem, ou seja, o bem é definido em função de um fim. III. O Bem é o meio para termos uma ciência eficien- te e útil, tal como a arte médica será eficiente se tivermos o bem como meio de sua prática. IV. O Bem é algo abstrato, de difícil acesso à com- preensão humana. De acordo com tais afirmações, podemos dizer que: a) Apenas a alternativa II está correta. b) As alternativas II e III estão corretas. c) Todas as alternativas estão corretas. d) As alternativas III e IV estão corretas. e) Apenas a alternativa III está correta. 06. PUC – PR) – Para Aristóteles, em Ética a Nicôma- co, “felicidade [...] é uma atividade virtuosa da alma, de certa espécie”. Assinale a alternativa que NÃO condiz com a referida definição aristotélica de feli- cidade: a) Felicidade só é possível mediante uma capacida- de racional, própria do homem. b) Ter felicidade é obter coisas nobres e boas da vida que só são alcançadas pelos que agem reta- mente. c) Felicidade é uma fantasia que o homem cria para si. d) Nenhum outro animal atinge a felicidade a não ser o homem, pois os demais não podem partici- par de tal atividade. e) A finalidade das ações humanas, o Bem do ho- mem, é a felicidade. 07. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir: A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. (Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética: a) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta. b) implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta. c) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o excesso ou a falta. d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências pragmáticas. e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos CURSO DE FILOSOFIA 3 08. (ENEM) – Alguns dos desejos são naturais e neces- sários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano. EPICURO DE SAMOS. “Doutrinas principais”. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974 No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim a) alcançar o prazer moderado e a felicidade. b) valorizar os deveres e as obrigações sociais. c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação. d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade. e) defendera indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber. 09. (UEM – PR) – “Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalida- de. Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver. É tolo, portanto, quem diz ter medo da morte, não porque a chegada desta lhe trará sofrimento, mas porque o aflige a própria espera.” (Epicuro, Carta sobre a felicidade [a Meneceu]. São Paulo: ed. Unesp, 2002, p. 27. In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. SP: Saraiva, 2006, p. 97). A partir do trecho citado, é correto afirmar que 01) a morte, por ser um estado de ausência de sen- sação, não é nem boa, nem má. 02) a vida deve ser considerada em função da morte certa. 04) o tolo não espera a morte, mas vive apoiado nas suas sensações e nos seus prazeres. 08) a certeza da morte torna a vida terrível. 16) a espera da morte é um sofrimento tolo para aquele que a espera. 10. (UEM – PR) – A filosofia de Epicuro (341 a 240 a.C.) pode ser caracterizada por uma filosofia da natureza e uma antropologia materialista; por uma ética fun- damentada na amizade e a busca da felicidade nos princípios de autarquia (autonomia e independência do sujeito) e de ataraxia (serenidade, ausência de perturbação, de inquietação da mente). Sobre a filosofia de Epicuro, assinale o que for correto. 01) A filosofia de Epicuro fundamenta-se no atomis- mo de Demócrito. Epicuro acredita que a alma humana é formada de um agrupamento de átomos que se desagregam depois da morte, mas que não se extinguem, pois são eternos, podendo reagrupar-se infinitamente. 02) Para Epicuro, a amizade se expressa, sobre- tudo, por meio do engajamento político como forma de amar todos os homens representados pela pátria. 04) Epicuro, como seu mestre Demócrito, foi ateu, considera que a crença nos deuses é o resul- tado da fantasia humana produzida pelo medo da morte. 08) Epicuro critica os filósofos que ficavam reclu- sos no jardim das suas academias e ensinavam apenas para um grupo restrito de discípulos. Acredita que a filosofia deve ser ensinada nas praças públicas. 16) Para Epicuro, não devemos temer a morte, pois, enquanto vivemos, a morte está ausente e quando ela for presente nós não seremos mais; portanto, a vida e a morte não podem encon- trar-se. Devemos exorcizar todo temor da morte e sermos capazes de gozar a finitude da nossa vida. CURSO DE FILOSOFIA 4 B. Ética e Liberdade: Guilherme de Occam (Brevilóquio sobre o principado tirânico) e Etienne de la Boétie (Discurso da Servidão Voluntária) Guilherme de Occam, franciscano que viveu no período medieval, um dos pensadores do nominalismo, afirmava que o ser humano possui um direito subjetivo natural, e elevando o poder de tomar decisões à dignidade de direito, Ockham irá contestar o poder tirânico, que segundo ele, serviria apenas para corromper a liberdade subjetiva, o livre arbítrio dado por Deus. Para Occam (ou Ockham), a liberdade apresenta-se como a possibilidade que se tem de escolher entre o sim ou o não, de poder escolher entre o que me convém ou não e decidir e dar conta da decisão tomada ou de simplesmente deixar acontecer. Occam denuncia aqueles que em nome da religião, passaram a usurpar a liberdade. E que tais usurpadores entendem, assim como ele, a liberdade como um dom de Deus da natureza. No Discurso da Servidão Voluntária, editado pela primeira vez em 1553, Etienne La Boétie sugere que, uma vez instalado, o tirano detém a vontade e o poder de subjugar. Mas não se torna senhor por querer, e sim por ter ocupado determinado lugar já preparado, por ter respondido à demanda já formulada por aqueles, naqueles que domina: o povo. A força da servidão não é, fundamentalmente, o medo. A servidão não nasce da covardia, assim como a liberdade não nasce da coragem. O chocante da questão da servidão voluntária é a estranha vontade ou o estranho desejo de servir. Trata-se do desejo de ser amigo do rei. Mas, afirma Etienne, amizade é igualdade. A separação resultante de quando os amigos se esforçam para elevar um dos seus acima deles, quebra os laços da amizade, o viver junto, a partilha dos pensamentos e a igualdade das vontades. A amizade é destruída quando a semelhança entre pares é substituída pela hierarquia que separa superiores e inferiores. Algumas questões sobre eles: 11. (UEM – PR) – No Discurso da Servidão Voluntária, Etienne de La Boétie (1530 – 1563) opõe-se à teoria do direito divino segundo a qual alguns homens, por terem sido eleitos por Deus e ungidos reis, têm mais dignidade que os outros homens, razão pela qual podem exigir obediência e submissão dos demais que deverão servi-los. Assinale o que for correto. 01) Etienne de La Boétie insurge-se apenas contra a monarquia absoluta e hereditária, todavia admite que a obediência e a sujeição são aceitáveis quando os governantes são escolhidos pelo povo. 02) Etienne de La Boétie é o precursor das teorias contratualistas que irão fundamentar a filosofia política de Jean-Jacques Rousseau e Thomas Hobbes. 04) Para Etienne de La Boétie, a tirania existe não por serem os homens obrigados a obedecer ao tirano e aos seus representantes, mas porque desejam, voluntariamente, servi-los por esperar deles obter vantagens em bens materiais ou honoríficos, assim como a garantia para o seu patrimônio. 08) O povo, segundo Etienne de La Boétie, é res- ponsável pela própria servidão, pois pode es- colher entre ser livre ou servo. Aceita o jugo por conveniência e por ter medo da liberdade. 16) A teoria política do liberalismo, ao defender a não intervenção do Estado na economia e o livre mercado, toma, como modelo, a obra de Etienne de La Boétie. 12. (UEM – PR) – A liberdade é, entre todos os bens, o maior e o mais difícil de ser exercido, devido à com- plexidade de sua natureza, que se relaciona com a ética, com a Filosofia política, com a Filosofia exis- tencialista etc. Sobre os diferentes usos do conceito de liberdade, assinale o que for correto. 01) Para Guilherme de Ockham, o poder tirânico é contrário à liberdade concedida por Deus, e de- vemos, por isso, submeter até mesmo a Igreja e o papa ao direito natural e divino. 02) Para Hannah Arendt, a liberdade não represen- ta um ente de razão ou um direito divino, mas um fato político genuíno, razão pela qual o ser da política é a liberdade, e seu campo de expe- riência, a ação humana. 04) O pensamento liberal defende, majoritariamen- te, a intervenção do Estado, da religião e das ciências na vida do cidadão, pois a ingerência do Estado e das instituições aumenta, segundo o liberalismo, o bem-estar e a liberdade dos in- divíduos. 08) Para Etienne de La Boétie, a liberdade é espon- tânea e intransferível, razão pela qual o cidadão jamais perde, mesmo sob o jugo da escravidão, da ditadura e do despotismo, a consciência de ser livre. 16) Para Sartre, a liberdade não depende de um projeto existencial, pois o existencialismo é uma crítica à razão prática em nome da razão teórica, que é racional e a priori. CURSO DE FILOSOFIA 5 13. (UEM – PR) – Guilherme de Ockham (1280 – 1349) traz novas ideias à teoria política, “ainda que conti- nue teológica, isto é, referida à vontade suprema de Deus. Diante da tradição teocrática medieval, são novas as ideias de comunidade política natural, lei humana política e direito natural dos indivíduos como sujeitos dotados de consciência e de vontade.” (CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 366). Assinale o que for correto. 01) Guilherme de Ockham não separa o poder es- piritual da Igreja do poder temporal da comuni- dade política;por essa razão, ele afirma que, em nenhuma hipótese, o bom cristão pode con- testar a autoridade da palavra do Papa. 02) O tiranicídio não é admitido por Guilherme de Ockham, todavia os governados podem resistir ao tirano e procurar instrumentos legais que con- testam sua autoridade para forçá-lo a abdicar. 04) Guilherme de Ockham pertence à corrente nominalista, segundo a qual os conceitos universais são apenas conteúdos da nossa mente, expressos em nomes, isto é, são apenas palavras sem nenhuma realidade específica correspondente. 08) Contrariamente ao que pensava Santo Agos- tinho, o homem, para Guilherme de Ockham, não foi dotado de livre-arbítrio, razão pela qual não pode ser responsabilizado pelos seus atos. 16) Guilherme de Ockham reconhece dois grandes tipos de direitos naturais: o direito natural objetivo, isto é, a ordem natural hierárquica estabelecida pela lei divina, e o direito natural subjetivo, possuí- do pelo indivíduo como ser racional e livre. C. Ética em Kant: Para o pensador iluminista alemão, a base para nosso senso do que é bom ou ruim, certo ou errado, é a nossa consciência de que os seres humanos são agentes livres e racionais que devem receber o respeito apropriado a esses seres. Para Kant, a única coisa que é incondicionalmente boa é uma boa vontade. Uma pessoa age de boa vontade quando faz o que faz porque acha que é seu dever: quando age a partir de um senso de obrigação moral. O senso de obrigação moral pode ser identificado quando coincidir com o que Kant denominou de Imperativo categórico, que se expressa pela seguinte afirmação: Aja apenas com base na máxima que você pode usar como lei universal. Ou, dizendo de outra forma: sempre tratar as pessoas como fins em si mesmas, nunca apenas como um meio para os próprios fins. Ou seja, para Kant não são nossas inclinações ou interesses que determinam nossas ações, mas a obediência aos “princípios dos fins” determinados por nossa própria Razão. Agora, alguns testes: 14. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. As leis morais juntamente com seus princípios não só se distinguem essencialmente, em todo o conhecimento prático, de tudo o mais onde haja um elemento empírico qualquer, mas toda a Filosofia moral repousa inteiramente sobre a sua parte pura e, aplicada ao homem, não toma emprestado o mínimo que seja ao conhecimento do mesmo (Antropologia). KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. de Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial, 2009. p.73. Com base no texto e na questão da liberdade e autonomia em Immanuel Kant, assinale a alternativa correta. a) A fonte das ações morais pode ser encontrada através da análise psicológica da consciência moral, na qual se pesquisa mais o que o homem é, do que o que ele deveria ser. b) O elemento determinante do caráter moral de uma ação está na inclinação da qual se origina, sendo as inclinações serenas moralmente mais perfeitas do que as passionais. c) O sentimento é o elemento determinante para a ação moral, e a razão, por sua vez, somente pode dar uma direção à presente inclinação, na medi- da em que fornece o meio para alcançar o que é desejado. d) O ponto de partida dos juízos morais encontra-se nos “propulsores” humanos naturais, os quais se direcionam ao bem próprio e ao bem do outro. e) O princípio supremo da moralidade deve assen- tar-se na razão prática pura, e as leis morais de- vem ser independentes de qualquer condição subjetiva da natureza humana. 15. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. Na Primeira Secção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant analisa dois conceitos fundamentais de sua teoria moral: o conceito de vontade boa e o de imperativo categórico. Esses dois conceitos traduzem as duas condições básicas do dever: o seu aspecto objetivo, a lei moral, e o seu aspecto subjetivo, o acatamento da lei pela subjetividade livre, como condição necessária e suficiente da ação. (DUTRA, D. V. Kant e Habermas: a reformulação discursiva da moral kantiana. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. p. 29.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria moral kantiana, é correto afirmar: a) A vontade boa, enquanto condição do dever, con- siste em respeitar a lei moral, tendo como motivo da ação a simples conformidade à lei. b) O imperativo categórico incorre na contingência de um querer arbitrário cuja intencionalidade de- termina subjetivamente o valor moral da ação. CURSO DE FILOSOFIA 6 c) Para que possa ser qualificada do ponto de vista moral, uma ação deve ter como condição neces- sária e suficiente uma vontade condicionada por interesses e inclinações sensíveis. d) A razão é capaz de guiar a vontade como meio para a satisfação de todas as necessidades e assim realizar seu verdadeiro destino prático: a felicidade. e) A razão, quando se torna livre das condições sub- jetivas que a coagem, é, em si, necessariamente conforme a vontade e somente por ela suficiente- mente determinada. 16. (UFU) – Autonomia da vontade é aquela sua pro- priedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei (independentemente da natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia é, portanto: não escolher senão de modo a que as máximas da es- colha estejam incluídas simultaneamente, no querer mesmo, como lei universal. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986, p. 85. De acordo com a doutrina ética de Kant: a) O Imperativo Categórico não se relaciona com a matéria da ação e com o que deve resultar dela, mas com a forma e o princípio de que ela mesma deriva. b) O Imperativo Categórico é um cânone que nos leva a agir por inclinação, vale dizer, tendo por objetivo a satisfação de paixões subjetivas. c) Inclinação é a independência da faculdade de apetição das sensações, que representa aspec- tos objetivos baseados em um julgamento univer- sal. d) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer os desejos pessoais do homem. Trata-se de fun- damento determinante do agir, para a satisfação das inclinações. 17. (UNIOSTE) – Kant representa um marco central na história da ética ocidental. Sobre os pressupostos de sua concepção moral seria adequado assinalar que: a) Com a ética do dever ou das normas, Kant defen- de a autonomia da vontade, isto é, a vontade livre e autolegislativa que confere a si mesma a norma do agir moral. b) Os imperativos são fórmulas que exprimem a re- lação entre leis objetivas do querer e as imperfei- ções subjetivas humanas. Eles podem ser hipo- téticos, quando a ação representa um meio para alcançar um fim que se queira; ou categóricos, quando a ação é objetivamente necessária por si mesma e está relacionada à outra finalidade. c) Como na filosofia de Platão, a razão kantiana aplica-se a dois objetivos: um teórico e outro prá- tico. O novo fundamento da ética kantiana emer- girá de uma crítica à razão prática que é a própria razão, voltada à ação ou à questão do agir moral. d) A sensibilidade não representa uma resistência permanente à razão prática e pode levar à viola- ção da lei moral. No entanto, ela não é intrinseca- mente má. O mal, desvio moral, está em conver- ter a sensibilidade em norma suprema da moral e fazer do desejo um absoluto. e) A formulação kantiana, age segundo a máxima que te leve a querer ao mesmo tempo que ela se torne lei universal, revela que o imperativo manda agir conforme pressupostos universalizáveis, isto é, conforme máximas subjetivas. D. Utilitarismo em Hume, Stuart Mill e Bentham: Pode-se resumir o Utilitarismo da seguinte maneira: O ser humano busca o prazer e foge da dor. Nesse sentido, os utilitaristas defenderam a ideia de que o princípio que rege tanto as ações individuais quanto as sociais é a busca da felicidade para o maior número de pessoas. Esse princípio da utilidade daria consistência a uma Ética capaz de produzir o melhor dos indivíduos e a melhor das coletividades.Portanto, a busca do prazer pela fuga da dor é o princípio motivador da ação humana, tanto individual quanto coletiva. Algumas máximas do pensamento utilitarista: – A utilidade das coisas é mensurável e a desco- berta da ação apropriada para cada situação é uma questão de aritmética moral. – O cálculo moral depende da identificação do valor aritmético de sete variáveis: Intensidade/ Duração/Certeza/Proximidade/Fecundidade/ Pureza/Extensão. – O sofrimento é sempre um mal. Ele só e admissí- vel para evitar um sofrimento maior. CURSO DE FILOSOFIA 7 Alguns testes: 18. (ENEM) – O utilitarismo é uma teoria moral que pro- cura oferecer uma forma de diferenciar ações corre- tas e incorretas. Assinale qual das alternativas abaixo define melhor o princípio básico do utilitarismo. a) Uma ação moralmente correta é aquela que está de acordo com o imperativo categórico. b) Uma ação moralmente correta é aquela que pro- duz o maior saldo positivo de prazer ou bem-estar para todos os afetados pela ação, considerados imparcialmente. c) Uma ação moralmente correta é aquela que está de acordo com a máxima que diz “não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem para ti”. d) Uma ação moralmente correta é aquela que gera mais felicidade para o agente. e) Uma ação moralmente é aquela em que a pessoa age com honestidade. 19. (UFSM) – Nem sempre há consenso em uma so- ciedade plural, diversificada, sobre se uma ação é certa ou errada, moral ou imoral. Um bom exemplo disso é o caso do aborto. Tirar a vida de um feto com menos de 3 meses de idade, num caso em que a gravidez ocorreu por descuido, é visto por algu- mas pessoas como uma ação imoral, mas ao mes- mo tempo outras pessoas pensam que se trata de uma ação moral. Mas, afinal, o aborto, nesse caso, é moral ou imoral? Diante dessa questão, o que diria um utilitarista? a) Que o aborto é uma ação imoral porque está ti- rando a vida de uma pessoa em formação e tirar uma vida humana é incorreto. b) Que o aborto é uma ação moral, porque a mulher é dona de seu próprio corpo e pode fazer o que desejar com ele. c) Que ambas as respostas estão corretas, depen- dendo da perspectiva da pessoa. d) Que existe apenas uma resposta correta para a questão e é necessário apenas, para descobrir essa resposta, calcular o quanto de prazer ou so- frimento cada uma das possibilidades de ação irá provocar. 20. (UNIOESTE) – Na contramão das previsões que anunciaram a morte da filosofia moral utilitarista, essa doutrina continua sendo um tema privilegiado no campo de estudos sobre a Ética. A que se deve atribuir a vitalidade atual dos estudos sobre o Utili- tarismo? a) É possível afirmar que, se o Utilitarismo continua fecundando a reflexão ética em nossos dias, é porque, à luz dessa doutrina, os direitos têm prio- ridade sobre o bem. Por isso, na “era dos direitos”, para falar com Norberto Bobbio, é compreensível que as éticas dos direitos busquem inspiração no Utilitarismo. b) Os utilitaristas chegaram a um consenso na interpretação do conceito de utilidade. Um conceito que privilegia o interesse individual em detrimento do interesse geral e que leva a sério a pessoa humana. c) Não se pode ignorar que justiça e equidade estão suficientemente asseguradas na teoria utilitarista. Daí a importância que essa teoria adquire no ce- nário atual. O Utilitarismo não admite que mino- rias sejam oprimidas e direitos humanos violados. d) Qualquer sistema ético deve promover o bem -estar e preocupar-se com a minimização do so- frimento. Daí a pertinência do Utilitarismo, uma doutrina sensível às preocupações distributivas, que não opõe princípio de utilidade e princípio de equidade. e) O Utilitarismo é um modelo ético desafiante que nos leva a pensar sobre importantes questões da ética normativa, da metaética e da teoria da ação. A doutrina tem o mérito de considerar e ao mes- mo tempo avaliar a importância das consequên- cias da ação humana, como também de colocar em primeiro plano a satisfação das necessidades e dos interesses humanos da maioria. CURSO DE FILOSOFIA 8 E. Ética em Nietzsche: Nietzsche quer evidenciar que os valores “bem” e “mal” têm uma proveniência e uma história. Eles não existiram desde sempre, não são obra de uma divindade ou de um princípio superior. “Humanos, demasiado humanos”, em algum momento e em algum lugar, simplesmente foram criados; por isso mesmo, surgem, passam por transformações e podem vir a desaparecer, dando lugar a novos valores. A principal crítica de Nietzsche é que a universalidade das exigências morais comuns, e que na visão dele seriam de “escravos e fracos”, seria prejudicial ao desenvolvimento dos homens superiores, pois supõe que todos os agentes morais sejam iguais. Haveria então dois tipos principais de moralidade; a moral de senhores e a moral de escravos. A moral de escravos, dos seguidores em rebanhos, não deixa que os homens realizem tudo o que a natureza humana tem a capacidade de realizar. Por isso, a transvaloração de valores seria uma substituição da moralidade de escravos , que impede a realização máxima da potencialidade do homem, por uma moralidade que nos faça ir em direção ao “além do homem”. Alguns testes: 21. (UFSJ) – “A Filosofia a golpes de martelo” é o sub- título que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos. Tais golpes são dirigidos, em particular, ao(s) a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são os instrumentos eficientes para a compreen- são e o norteamento da humanidade. b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a sexualidade, ao materialismo, à abordagem psi- cológica de artistas e pensadores, bem como ao antigermanismo. c) compositores do século XIX, como, por exemplo, Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de uma ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, paro- diada no título. d) conceitos de razão e moralidade preponderantes nas doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâneos Kant, Hegel e Schopenhauer. 22. (UFSJ) – Ao declarar que “a moral e a religião per- tencem inteiramente à psicologia do erro”, Nietzs- che pretendeu a) destruir os caminhos que “a psicologia utiliza para negar ou afirmar a moral e a religião”. b) criticar essa necessidade humana de se vincu- lar a valores e instituições herdados, já que “o Homem é forjado para um fim e como tal deve existir”. c) denunciar o erro que tanto a moral quanto a reli- gião cometem ao confundir “causa com efeito, ou a verdade com o efeito do que se considera como verdade”. d) comprovar que “a moral e a religião estão no imaginário coletivo, mas para se instalarem enquanto verdade elas precisam ser avalizadas por uma ciência institucionalizada”. 23. (UEM – PR) – Friedrich Nietzsche critica o pensa- mento socráticoplatônico e a tradição da religião judaico-cristã por terem desenvolvido uma razão e uma moral que subjugaram as forças instintivas e vitais do ser humano, a ponto de domesticar a von- tade de potência do homem e de transformá-lo em um ser fraco e doentio. Assinale o que for correto. 01) Ao criticar a moral tradicional racionalista, con- siderada hipócrita e decadente, Nietzsche pro- põe uma moral não-repressiva, que permite o livre curso dos instintos, de modo que o homem forte possa, ao mesmo tempo, acompanhar e superar o movimento contraditório e antagônico da vida. 02) Para Nietzsche, o super-homem deveria ter a missão de criar uma raça capaz de dominar a humanidade, sendo, por isso, necessário ani- quilar os mais fracos. 04) Nietzsche concorda com o marxismo, quando esse afirma que a história da humanidade é a história das lutas de classes, e considera que o socialismo é a única forma de organização so- cial aceitável. 08) Nietzsche identifica dois grandes tipos de moral, isto é, a moral aristocrática de senhores e a mo- ral plebéia de escravos. A moral de escravos é caracterizada pelo ressentimento, pela inveja epelo sentimento de vingança; é uma moral que nega os valores vitais e nutre a impotência. 16) Os valores que constituem a moral aristocráti- ca de senhores são, para Nietzsche, eternos e invioláveis. Devem orientar a humanidade com uma força dogmática, de modo que o homem não se perca. CURSO DE FILOSOFIA 9 F. Ética e Liberdade: Sartre e Boaventura Santos (crítica da razão indolente - conceito de senso comum ético) Sartre afirma que a noção de liberdade originária envolve uma responsabilidade radical, e que a solidão em que é feita a escolha não isenta o sujeito do compromisso com a universalidade, isto é, com os outros. A invenção do valor imanente a cada ato de escolha, decorrente da inexistência de valores prévios determinantes da conduta humana, faz com que a liberdade não se dissocie nunca da responsabilidade pela afirmação de valores e critérios em cada ato livre. O que sobressai na concepção existencialista das relações entre subjetividade, liberdade e responsabilidade é, sobretudo, a radicalidade com que a filosofia de Sartre focaliza a conduta humana diante de suas possibilidades. Essa radicalidade está expressa na noção de angústia, isto é, na ausência de fundamento da própria existência enquanto contínuo processo de escolha, constante exercício de liberdade, orientado pelo projeto existencial, que não é outra coisa senão a projeção de possibilidades que orientam precariamente o sujeito em direção a si mesmo. Para Boaventura Santos, “o novo senso comum deverá ser construído a partir das representações mais inacabadas da modernidade ocidental: o princípio da comunidade, com as suas duas dimensões (a solidariedade e a participação), e a racionalidade estético-expressiva, isto é, o prazer, a autoria e a arte- factualidade discursiva”. O que pretende o sociólogo português é propor um senso comum ético, fundada na solidariedade, capaz de superar “a ética antropocêntrica e individualista decorrente de uma concepção muito estreita de subjetividade e que funciona numa sequência linear: um sujeito, uma ação, uma consequência”. Alguns testes: 24. (UFU) – Leia o excerto abaixo e assinale a alterna- tiva que relaciona corretamente duas das principais máximas do existencialismo de Jean-Paul Sartre, a saber: i. “a existência precede a essência” ii. “estamos condenados a ser livres” Com efeito, se a existência precede a essência, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. [...] Estamos condenados a ser livres. Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz. SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. 3ª. ed. S. Paulo: Nova Cultural, 1987. a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liber- dade, então jamais o homem pode ser, em sua existência, condenado a ser livre, o que seria, na verdade, uma contradição. b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da natureza humana que, concebida por Deus, pre- cede necessariamente a sua existência. c) Para Sartre, a liberdade é a escolha incondicio- nal, à qual o homem, como existência já lançada no mundo, está condenado, e pela qual projeta o seu ser ou a sua essência. d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo, porque a existência do homem depende da es- sência de sua natureza humana, que a precede e que é a liberdade. CURSO DE FILOSOFIA 10 25. (UFU) – Leia os dois fragmentos abaixo: “... Por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. […] Não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos legitimem o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo o que fizer.” Jean-Paul Sartre “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem como circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”. Karl Marx a) Enquanto Sartre defende que há determinismo, Marx defende que o homem é livre independente das circunstâncias. b) Sartre defende que não há determinismo e Marx estabelece um meio termo entre o determinismo e a total liberdade do homem; c) Quando Sartre afirma “o homem está condenado a ser livre”, diz o mesmo que Marx quando de- fende que “os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem”. d) Sartre diz que o homem está limitado pela sua própria existência, enquanto Marx afirma que o homem está limitado pelas condições históricas. 26. (ENADE) – Uma das mais famosas frases de Sartre é “estamos condenados à liberdade”. De acordo com o dito sartriano, I. o ser humano é fruto do acaso. II. não se pode fugir à necessidade de deliberar so- bre as próprias ações. III. não se pode agir livremente. IV. no universo do humano está a medida das ações e da responsabilidade do homem. V. o homem é o lobo do homem. Estão certos apenas os itens a) I e II. b) I e III. c) I e IV. d) II e IV. e) IV e V. 27. (UEM – PR) – A primeira grande filosofia da liberdade é exposta por Aristóteles em sua obra Ética a Nicô- maco, a qual, com variantes, permanece através dos séculos, chegando até o século XX, quando foi reto- mada por Jean-Paul Sartre. Assinale o que for correto. 01) Para Aristóteles, a liberdade é um ato de autodeterminação com o qual o homem dá a si mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser constrangido ou forçado por ninguém. 02) Sartre, na sua obra o Existencialismo é um Hu- manismo, discute a questão da liberdade como sendo uma questão de ética, pois implica a res- ponsabilidade para com os outros. 04) Fundamentado na sua concepção de liberdade, Aristóteles defende a democracia para todos os homens, preconizando, inclusive, o fim da escravidão. 08) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles define o ato voluntário como princípio de si mesmo. Portan- to, para esse filósofo, tanto a virtude quanto o vício dependem da vontade do indivíduo. 16) O existencialismo cristão de Jean-Paul Sartre acredita que o livre-arbítrio é inerente à essência do homem e, como a essência precede a existência, o homem é um ser capaz de autodefinição. 28. (UNESP) – Para o teórico Boaventura de Sousa Santos, o direito se submeteu à racionalidade cognitivo-instrumental da ciência moderna e tornou- se ele próprio científico. Existe a necessidade de repensarmos os direitos humanos. Boaventura nos instiga a pensar que eles possuem um caráter racio- nal e regulador da vida humana. Esses direitos não colaboram para eliminar as assimetrias políticas, culturais, sociais e econômicas existentes, especial- mente nos países periféricos. Os direitos humanos, num plano universalista e aberto a todos, não mo- dificam as estruturas desiguais, mas ratificam a or- denação normativa para comandar uma sociedade. (Adriano São João e João Henrique da Silva. “A historicidade dos direitos humanos”. Filosofia, ciência e vida, dezembro de 2014. Adaptado.) De acordo com o texto, os direitos humanos são passíveis de crítica, porque a) desempenham um papel meramente formal de proteção da vida. b) inexistem padrões universalistas aplicáveis à to- talidade da humanidade. c) são incompatíveis com os valores culturais de na- ções não ocidentais. d) sua estrutura normativa carece de racionalidade e de cientificidade. e) são destituídos de uma visão religiosa e espiritu-alista de mundo. CURSO DE FILOSOFIA 11 29. (FUNCAB) – Boaventura de Souza Santos, com base no paradigma todo conhecimento é local e total, resgata o papel do senso comum na ciência moderna. Sobre essa questão: a) A ciência pós-moderna, ao sensocomunizar-se, foca o conhecimento em autoconhecimento, em sabedoria de vida, na valorização da diversidade, e não apenas na produção tecnológica. b) O global se apropria do discurso do senso co- mum, em benefício próprio em prol da transdisci- plinaridade. c) O poder local apropria-se do discurso global mu- dando as relações em prol da pluralidade e be- neficiando interesses particulares no contexto plural. d) A ciência apropria-se do saber local, para uso de novas tecnologias, sendo esta relação visível na relação tecnologia e meio ambiente. e) Local e global se mesclam num contexto plural, transformando o senso comum em benefício de uma ciência transdisciplinar cujo objetivo é o amplo avanço nas tecnologias no interior, abran- gendo, inclusive, as terras indígenas. G. Bioética: A bioética é uma ética aplicada que trata de conflitos e controvérsias morais no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde, envolvendo valores e práticas. Suas reflexões abordam temas que atingem a vida de forma irreversível. Entre os temas associados, podemos destacar: – aborto e clonagem. – eutanásia e uso de órgão de animais em seres humanos. – fertilização artificial e conservação do corpo humano após a morte. – produção de transgênicos e engenharia genética humana. Alguns testes: 30. (UFSM) – O biólogo Edward Wilson sustenta que a teoria da evolução explica não apenas a evolução das características físicas predominantes em uma espécie, mas também a evolução de traços sociais (como a divisão social do trabalho, a evolução da linguagem e da moralidade). Se isso é verdade, então aquilo que hoje tendemos a considerar moralmente correto pode ser um produto de nosso passado evolutivo. Se nosso passado evolutivo tivesse sido diferente, é possível que nossa sensibilidade moral hoje também fosse diferente. Observe as afirmações a seguir, considerando as que são compatíveis com o enunciado da questão. I. O fato de hoje tendermos a valorizar atos de bondade e compaixão e a desvalorizar atos de crueldade é um traço biológico de nossa espécie que deve ter trazido vantagens adaptativas aos nossos antepassados. II. Há um conjunto de normas morais que não mu- dam e que sempre foram adotadas universal- mente. III. A evolução moral está correlacionada com a ca- pacidade adaptativa dos indivíduos e grupos ao ambiente em que vivem. Está(ão) correta(s) a) apenas I. b) apenas II. c) apenas I e III. d) apenas II e III. e) I, II e III. 31. (ENEM) – Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem humana – transferiu embriões para o útero de mulheres, que os gerariam. Esse procedi- mento é crime em inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fa- zia seus experimentos. “Não tenho nenhuma dúvida de que uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar um bebê clonado saudável ao mundo.” CONNOR,S.Disponível em:www.independent.co.uk. Acessoem:14ago.2012(adaptado). A clonagem humana é um importante assunto de reflexão do campo da bioética que, entre outras questões, dedica-se a: a) refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem. b) legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais espécies animais no planeta. c) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e mal. d) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os processos de reprodução humana e animal. e) fundamentar técnica e economicamente as pes- quisas sobre células-tronco para uso em seres humanos. CURSO DE FILOSOFIA 12 32. (UNESP) – A condenação à violência pode ser estendida à ação dos militantes em prol dos direitos animais que depredaram os laboratórios do Instituto Royal, em São Roque. A nota emocional é difícil de contornar: 178 cães da raça beagle, usados em testes de medicamentos, foram retirados do local. De um lado, por mais que seja mi- nimizado e controlado, há o sofrimento dos bichos. Do outro lado, está nosso bem maior: nas atuais condições, não há como dispensar testes com animais para o desenvolvimento de drogas e medicamentos que salvarão vidas humanas. (Direitos animais. Veja, 25.10.2013.) Sob o ponto de vista filosófico, os valores éticos envolvidos no fato relatado envolvem problemas essencialmente relacionados a) à legitimidade do domínio da natureza pelo homem. b) a diferentes concepções de natureza religiosa. c) a disputas políticas de natureza partidária. d) à instituição liberal da propriedade privada. e) aos interesses econômicos da indústria farmacêutica. 01. a 02. b 03. a 04. c 05. a 06. c 07. a 08. a 09. 17 (01, 16) 10. 17 (01, 16) 11. 12 (04, 08) 12. 03 (01, 02) 13. 22 (02, 04, 16) 14. e 15. e 16. a 17. a 18. b 19. d 20. e 21. d 22. c 23. 09 (01, 08) 24. c 25. b 26. d 27. 11 (01, 02, 08) 28. a 29. a 30. c 31. a 32. a Gabarito CURSO DE SOCIOLOGIA Aula nº 05 TRABALHO E SOCIEDADE Trabalho é toda a atividade humana intencional que produz objetos ou presta serviços com valor de uso e/ou troca. É a atividade desenvolvida pelo homem para produzir riquezas. O vocábulo vem da palavra latina tripalium, que era um instrumento usado para castigar escravos. Segundo Karl Marx, trabalho “é a atividade consciente e planejada na qual o ser humano, ao mesmo tempo em que extrai da natureza bens capazes de satisfazer suas necessidades materiais; cria as bases de sua realidade sociocultural.” Em outras palavras, na visão de Marx, o trabalho não representa apenas uma atividade que objetiva atender às necessidades do ser humano, que com ele cria bens de valor para a troca e dele retira sua subsistência, mas com o trabalho o homem também constrói a si mesmo e constrói a sociedade em que vive. Portanto, pode- -se afirmar que o modo como foi exercido o trabalho tem relação direta com o modo como se organizaram diversas formas de sociedade através dos tempos. A história do trabalho acompanhou a história da humanidade: nas formações primitivas o trabalho coletivo era necessário para a sobrevivência dos grupos, e também fortalecia os laços de solidariedade e comunhão. A domesticação de plantas alterou substancialmente as relações de trabalho; como decorrência, surgiu a agricultura e com ela a sedentarização. Nas comunidades tribais a terra é propriedade comum e a agricultura a principal atividade econômica, juntamente com a criação de animais, a caça, a pesca e a coleta. https://jornalismocultural.uniritter.edu.br/?p=37 Com o domínio e sofisticação de ferramentas criadas pelo homem, e posteriormente a utilização de máquinas, os modos de produção e o trabalho foram gradualmente se modificando, até chegarmos à noção de trabalho que conhecemos hoje, que é culturalmente específica: o trabalho vendido, assalariado. Entre o modelo das sociedades comunais e o modo de produção capitalista, passamos por sociedades escravagistas, pelo modo de produção tributário e pelo modo de produção feudal. Em cada uma delas, há diferentes concepções no modo como o trabalho é visto e organizado. Compreender a forma como o trabalho é organizado ajuda a entender o caráter de uma civilização. É importante lembrar que embora a noção de trabalho que tenhamos hoje nos remeta ao trabalho urbano, em todos os tempos e independentemente do modo de produção, da região ou época estudada, o trabalho no campo (quer seja na agricultura ou na pecuária, quer seja para suprir necessidadesde consumo imediato ou com fins comerciais) foi e continua sendo essencial para a sobrevivência do ser humano. O trabalho nas sociedades comunais O primeiro modo de produção da história é o que teve início com os primeiros grupos humanos organizados que deixaram de ser nômades para se dedicarem ao plantio de terras coletivas, à caça e à coleta de alimentos produzidos pela natureza. São características das sociedades comunais: a propriedade coletiva (ausência de propriedade privada) dos meios de produção e o cooperativismo e, ainda, o proveito coletivo do produto do trabalho comum. Esse era o modo de produção característico das sociedades do período Paleolítico até a Idade dos Metais, e dos habitantes primitivos dos países das Américas, incluindo o Brasil, antes da chegada dos europeus. O trabalho nas primeiras civilizações – o modo de produção tributário (asiático) Surgido em um dos berços da civilização ocidental, a Mesopotâmia, o chamado modo de produção asiático representa a transição das sociedades primitivas, comunais, para as formas de organização social CURSO DE SOCIOLOGIA 2 baseadas em classes sociais e econômicas. Predominou em diversas regiões que existiram na Europa Meridional no final da Antiguidade, na China e Índia antigas, e na América, no Egito, e na América entre as civilizações dos maias, astecas e incas. Tinha por base a servidão coletiva de grupos de trabalhadores agrícolas (camponeses) que eram submetidos a um regime compulsório de trabalho nas terras de propriedade de um Rei, Imperador ou Faraó, a quem cabia a produção (que era então distribuída entre a nobreza). Além de trabalharem na lavoura, de pagarem tributos para trabalhar nas terras e de contribuírem com enormes “excedentes” da produção para o sustento das demais classes, os camponeses eram, em períodos de entressafra, utilizados na construção de obras públicas, como foi o caso das Pirâmides do Egito. Na China Antiga, como nas demais civilizações antigas, o camponês sustentava a economia: além de dar ao Estado grande parte da colheita, pagava taxas e impostos ao Estado e aos proprietários rurais e ainda lutava nas guerras. O trabalho escravo A escravidão esteve presente em praticamente todas as sociedades: das civilizações Grega e Romana às Américas, principalmente durante o período colonial, em que os indígenas e africanos capturados foram tratados e comercializados como uma mercadoria. Foi a mão de obra escrava que permitiu a construção dos monumentos romanos, dos engenhos de açúcar no Brasil e que sustentou as economias da América colonial. Características da escravidão tradicional: • Negação da cidadania: as pessoas submetidas à escravidão não possuíam direitos individuais ou de propriedade, por serem elas próprios considerados propriedade; • Como qualquer propriedade, os escravos podiam ser usados e comercializados; • A jornada de trabalho do escravo, que não é sujeito de direitos, e as tarefas que lhe caberiam executar, eram definidas pelo seu proprietário; Embora a escravidão tradicional tenha sido abolida e seja proibida por lei em quase todos os países do mundo, a “escravidão moderna” está presente em todos os cantos da Terra, inclusive no Brasil. O trabalho em condições “análogas às de escravo” está presente na prostituição forçada, nos trabalhos forçados de homens, mulheres e crianças na construção, em fábricas e na agricultura, nos casamentos de crianças forçadas a se casar com homens mais velhos. Embora formalmente livres e amparados pela lei, os “novos escravos” são, de fato, impossibilitados de exercerem sua liberdade e têm suas vidas controladas por seus exploradores. olma.org.br Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (disponíveis em:: http://www.ilo.org/global/ topics/forced-labour/lang--en/index.htm ), em 2016: • 40,3 milhões de pessoas viviam em escravidão moderna, incluindo 24,9 em trabalhos forçados e 15,4 milhões no casamento forçado; isso significa que há 5.4 vítimas da escravidão moderna para cada 1.000 pessoas no mundo. • 10 milhões, ou 1 em cada 4 vítimas da escravidão moderna, são crianças; • Dos 24,9 milhões de pessoas presas no trabalho forçado, 16 milhões de pessoas são exploradas no setor privado, como trabalho doméstico, construção ou agricultura; 4,8 milhões de pessoas em exploração sexual forçada e 4 milhões de pessoas em trabalho forçado imposto pelas autoridades estatais; • Mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas pelo trabalho forçado, representando 99% das vítimas na indústria do sexo e 58% em outros setores. Já o site da Global Slavery Index (Ìndice Global da Escravidão, disponível em: https://www. globalslaveryindex.org/index/) informa que em 2016 o Brasil tinha um número estimado de 161.100 pessoas vivendo em situação análogas às de escravo, sendo que somente em 2015 foram resgatados 936 trabalhadores. Essas pessoas são principalmente jovens com idades entre 15 e 39 anos, de baixa escolaridade. A incidência desse crime é maior nas áreas rurais no país, mas ocorre também nas cidades, na construção civil, na indústria têxtil e no contexto doméstico. As notícias abaixo, veiculadas pelos Jornais R7 e O Globo, ambas de 2017, demonstram que o trabalho escravo ainda é utilizado: Famílias ricas de São Paulo mantém estrangeiros como empregados domésticos em condições de trabalho escravo. Os estrangeiros eram enganados por CURSO DE SOCIOLOGIA 3 agências que prometiam um salário bom para trabalhar como empregadas domésticas em casas da grande São Paulo. Mas na verdade, elas acabaram vítimas de tráfico de pessoas e trabalho escravo. (leia notícia na íntegra em: https://noticias.r7.com/sao-paulo/familias- ricas-mantem-estrangeiros-em-condicoes-de-trabalho- escravo-01082017) RIO - A Justiça decidiu que a Zara Brasil é a responsável pelo caso de trabalho análogo à escravidão registrado na cadeia produtiva da marca em 2011. A determinação da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo foi divulgada nesta terça- -feira. A decisão pode levar a empresa à “lista suja” do Ministério do Trabalho. Desde a época da autuação, a Zara, parte da multinacional Inditex, alega que a responsabilidade pelos trabalhadores flagrados em situação irregular é do fornecedor, a confecção AHA. Em nota enviada nesta terça, a companhia reforçou esse posicionamento e informou que recorrerá da decisão junto ao Tribunal Superior do Trabalho. (Leia mais: https://oglobo.globo.com/economia/ justica-decide-que-zara-responsavel-por-trabalho- escravo-flagrado-em-2011-22070129#ixzz5I3EeqiDQ stest Leia a notícia na integra em: https://oglobo.globo. com/economia/justica-decide-que-zara-responsavel- por-trabalho-escravo-flagrado-em-2011-22070129. Aproveite e consulte, no Site do Ministério do Trabalho, a “lista negra do trabalho escravo” – ela traz a última atualização do cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas às de escravo: http://trabalho.gov.br/noticias/4428- ministerio-publica-cadastro-de-empregadores-que- tenham-submetido-trabalhadores-a-condicoes- analogas-as-de-escravo. O trabalho dos servos nos feudos da Idade Média O trabalho dos servos (camponeses) nas grandes propriedades rurais, os feudos, predominou na Idade Média. No modo de produção feudal, a posse de terra definia não somente o status social, mas também as formas de trabalho e de relacionamento. O servo não era tratado como mercadoria e podia inclusive ser um homem livre, se assim o permitisse o senhor feudal, mas teria que pagar tributos sempre que morasse no feudo. Além de terem que trabalhar nas porções de terra exclusivas dos senhorio (cultivar a terra do senhor feudal alguns dias da semana; obrigação a que se dava o nome de corveia), também deviam pagar pelo uso da terra que cultivavam. O trabalhador livre e assalariado Embora os escravos constituíssem boa parte da força de trabalho nassociedades da Idade Antiga e os servos a base do sistema de produção feudal, também durante esses períodos houve a utilização, em diferentes escalas, de trabalhadores livres. Na Fenícia, homens livres dedicavam-se a fabricar embarcações, a produzir joias artesanais e tecidos para o comércio. Na Europa medieval, os artesãos – pessoas que se dedicavam a produção de inúmeros artefatos de acordo com sua especialidade e necessidade dos feudos – assim como os comerciantes, eram homens livres. Com o avanço do sistema capitalista e a abolição da escravidão, os donos dos meios de produção passam a empregar trabalhadores livres para a produção em massa. A troca da força de trabalho por salário caracteriza o trabalho assalariado. As condições do trabalhador assalariado imediatamente trazidas com a Revolução Industrial eram terríveis: devido à grande oferta de mão de obra, os empregadores estabelececiam salários baixíssimos e longas horas de trabalho sem pausas para descanso em condições insalubres. Como a lógica do sistema visava apenas ao lucro, muitos empregavam mulheres e crianças pra trabalharem em iguais condicões por salários ainda menores. Estas condições levaram à formação de sindicatos, através dos quais os trabalhadores começaram a exigir melhores salários, tratamento mais justo e condições mais humanas de trabalho. Os sindicatos começaram a organizar greves e manifestações . A primeira “lei trabalhista, o Moral and Health Act, promulgado na Inglaterra em 1802, fixou a jornada de trabalho infantil em 12 horas e proibiu o trabalho noturno, o que eram avanços para a época. Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto Comunista, que foi o primeiro documento histórico a discutir os direitos do trabalhador. O temor à adesão dos trabalhadores aos ideais socialistas foi um dos motivos pelos quais, progressiva e lentamente, se criassem legislações voltadas para a proteção do trabalhador e para a criação da responsabilidade social dos Estados, que passou a ser implementada ao longo do século XX. CURSO DE SOCIOLOGIA 4 A jornada de trabalho no capitalismo “Que é uma jornada de trabalho? ” De quanto é o tempo durante o qual o capital pode consumir a força de trabalho, cujo valor diário ele paga? Por quanto tempo pode ser prolongada a jornada de trabalho além do tempo de trabalho necessário à reprodução dessa mesma força de trabalho? A essas perguntas, viu-se que o capital responde: a jornada de trabalho compreende diariamente as 24 horas completas, depois de descontar as poucas horas de descanso, sem as quais a força de trabalho fica totalmente impossibilitada de realizar novamente sua tarefa. Entende-se por si, desde logo, que o trabalhador, durante toda a sua existência, nada mais é que força de trabalho e que, por isso, todo o seu tempo disponível é por natureza e por direito tempo de trabalho, portanto, pertencente à autovalorização do capital. Tempo para a educação humana, para o desenvolvimento intelectual, para o preenchimento de funções sociais, para o convívio social, para o jogo livre das forças vitais físicas e espirituais, mesmo o tempo livre de domingo — e mesmo no país do sábado santificado — pura futilidade! [...] Em vez da conservação normal da força de trabalho determinar aqui o limite da jornada de trabalho é, ao contrário, o maior dispêndio possível diário da força de trabalho que determina, por mais penoso e doentiamente violento, o limite do tempo de descanso do trabalhador. O capital não se importa com a duração de vida da força de trabalho. O que interessa a ele, pura e simplesmente, é um maximum de força de trabalho que em uma jornada de trabalho poderá ser feito fluir. [...] A produção capitalista, que é essencialmente produção de mais-valia, absorção de mais-trabalho, produz, portanto, com o prolongamento da jornada de trabalho não apenas a atrofia da força de trabalho, a qual é roubada de suas condições normais, morais e físicas, de desenvolvimento e atividade. Ela produz a exaustão prematura e o aniquilamento da própria força de trabalho. Ela prolonga o tempo de produção do trabalhador num prazo determinado mediante o encurtamento de seu tempo de vida. MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983. v. 1. p. 211-2. A Constituição do México de 1917 foi a primeira da História a limitar a jornada de trabalho para oito horas, regulamentar o trabalho da mulher e do menor e a garantir férias remuneradas e proteção do direito da maternidade. Logo depois, a partir da Constituição de Weimar (República de Weimar, Alemanha, 1919- 1933), as Constituições europeias passaram também a garantir os mesmos direitos. No Brasil, o trabalho livre e assalariado tomou o lugar do trabalho escravo após a abolição da escravidão, em 1888. A vinda de imigrantes europeus aumentou o contingente de homens livres para o trabalho, gerando um enorme contingente de mão de obra barata. Também por aqui as más condições e salários impulsionaram os primeiros sindicatos brasileiros. As primeiras normas trabalhistas surgiram a partir do final do século XIX, com o Decreto nº 1.313/1891, que regulamentou o trabalho dos menores de 12 a 18 anos. Após a Revolução de 30, durante o governo de Getúlio Vargas, é criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. A Constituição de 1934 viria a ser a primeira a tratar de Direito Trabalhista no Brasil, garantindo direitos como salário mínimo, jornada de oito horas, repouso semanal, férias anuais remuneradas, proteção do trabalho feminino e infantil, isonomia salarial e liberdade sindical. A “Justiça do Trabalho”, também surgida com a Constituição de 1934, foi instalada de fato em 1941. As normas trabalhistas foram reunidas em um único código em 1943, dando origem à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 consagrou os Direitos Sociais em diversos artigos, inclusive o artigo 7º, que elenca os Direitos dos Trabalhadores, e é considerada uma Constituição avançada sob vários aspectos, inclusive por conter proteções antidiscriminatórias nas relações de emprego, como por exemplo: • as que protegem a mulher: o artigo 5º, I enfatiza que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações e o 7º, XX, dá proteção, mediante incentivos, ao mercado de trabalho da mulher; • as que protegem o trabalhador de discriminação por idade – o art. 7º, XXX proíbe diferenças decorrentes da idade e o art. 227, § 3º, II e III preveem garantias previdenciárias e trabalhistas e acesso à escola ao trabalhador adolescente; • a que protegem os imigrantes – o art. 5º, caput, dá aos residentes no País a garantia de inviolabilidade de direitos fundamentais, entre os quais o trabalho, que é direito social fundamental (art. 6º); • que protegem os deficientes – o artigo 7º, XXXI, traz expressamente a proibição de discriminações com vistas a salário e admissão. Além disso, o artigo 7º, XXXII determina expressamente que não é permitida a distinção entre trabalhos manual, técnico e intelectual, além dos respectivos profissionais. A CF/88 também trouxe a redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais; a instituição do abono de férias para os trabalhadores (um terço do salário); a ampliação da licença maternidade para 120 dias; a licença paternidade de cinco dias; o seguro-desemprego e o 13º salário para aposentados. CURSO DE SOCIOLOGIA 5 ASSIMILAÇÃO 01. (ENEM) – Uma mesma empresa pode ter sua sede administrativa onde os impostos são menores, as unidades de produção onde os salários são os mais baixos, os capitais onde os juros são os mais altos e seus executivos vivendo onde a qualidade de vida é mais elevada. SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado). No texto estão apresentadas estratégias empresa- riais no contexto da globalização. Uma consequênciasocial derivada dessas estratégias tem sido a) o crescimento da carga tributária. b) o aumento da mobilidade ocupacional. c) a redução da competitividade entre as empresas. d) o direcionamento das vendas para os mercados regionais. e) a ampliação do poder de planejamento dos Esta- dos nacionais. 02. Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de pro- dução. A totalidade dessas relações constitui a es- trutura econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas for- mas de consciência social. MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In. MARX, K. ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado). Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material. c) a consolidação das forças produtivas seja compa- tível com o progresso humano. d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico. e) a burguesia revolucione o processo social de for- mação da consciência de classe. TESTES 03. (ENEM) – No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às fun- ções comercial e industrial – digamos modestamen- te artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um ho- mem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de prefe- rência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de pro- fessor e erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades. LE GOFF, J. Os intelectuais da Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a) a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho. c) importância organizacional das corporações de ofício. d) progressiva expansão da educação escolar. e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. 04. (ENEM) – Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto uma certa liberação dos ritmos cíclicos da natureza, com a passagem das estações e as alternâncias de dia e noite. Com a iluminação noturna, a escuridão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a se pautar pela marcação do relógio. Se a luz invade a noite, per- de sentido a separação tradicional entre trabalho e descanso – todas as partes do dia podem ser apro- veitadas produtivamente. SILVA FILHO. A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará: Secult-CE. 2001 (adaptado). Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como consequência a a) melhoria da qualidade da produção industrial. b) redução da oferta de emprego nas zonas rurais. c) permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários. d) diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas. e) ampliação do período disponível para a jornada de trabalho. CURSO DE SOCIOLOGIA 6 APERFEIÇOAMENTO 05. (UEL – PR) – Sobre a exploração do trabalho no capita- lismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é correto afirmar: a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos meios de produção se apropriam das horas não pagas ao trabalhador, obtendo maior exce- dente no processo de produção das mercadorias. b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas após o horário contratado, que não são pagas ao trabalhador pelos proprietários dos meios de produção. c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios de produção extrai e se apropria do exce- dente produzido pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das horas trabalhadas. d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalha- dor receberá o valor real do que produziu durante a jornada de trabalho. e) As horas extras trabalhadas após o expediente constituem-se na essência do processo de produ- ção de excedentes e da apropriação das merca- dorias pelo proprietário dos meios de produção. 06. (ENEM) – Estamos testemunhando o reverso da tendência histórica da assalariação do trabalho e socialização da produção, que foi característica predominante na era industrial. A nova organização social e econômica baseada nas tecnologias da informação visa à administração descentralizadora, ao trabalho individualizante e aos mercados perso- nalizados. As novas tecnologias da informação pos- sibilitam, ao mesmo tempo, a descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa de comunicação em tempo real, seja entre continen- tes, seja entre os andares de um mesmo edifício. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006 (adaptado). No contexto descrito, as sociedades vivenciam mudanças constantes nas ferramentas de comunicação que afetam os processos produtivos nas empresas. Na esfera do trabalho, tais mudanças têm provocado: a) o aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de montagem sob influência dos modelos orientais de gestão. b) o aumento das formas de teletrabalho como solu- ção de larga escala para o problema do desem- prego crônico. c) o avanço do trabalho flexível e da terceirização como respostas às demandas por inovação e com vistas à mobilidade dos investimentos. d) a autonomização crescente das máquinas e com- putadores em substituição ao trabalho dos espe- cialistas técnicos e gestores. e) o fortalecimento do diálogo entre operários, ge- rentes, executivos e clientes com a garantia de harmonização das relações de trabalho. 07. (ENEM) – No final do século XX e em razão dos avanços da ciência, produziu-se um sistema presi- dido pelas técnicas da informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo- -as e assegurando ao novo sistema uma presença planetária. Um mercado que utiliza esse sistema de técnicas avançadas resulta nessa globalização per- versa. SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2008 (adaptado). Uma consequência para o setor produtivo e outra para o mundo do trabalho advindas das transformações citadas no texto estão presentes, respectivamente, em: a) Eliminação das vantagens locacionais e amplia- ção da legislação laboral. b) Limitação dos fluxos logísticos e fortalecimento de associações sindicais. c) Diminuição dos investimentos industriais e desva- lorização dos postos qualificados. d) Concentração das áreas manufatureiras e redu- ção da jornada semanal. e) Automatização dos processos fabris e aumento dos níveis de desemprego. 08. (ENEM) – Uma dimensão da flexibilização do tempo de trabalho é a sutileza cada vez maior das frontei- ras que separam o espaço de trabalho e o do lar, o tempo de trabalho e o de não trabalho. Os mecanis- mos modernos de comunicação permitem que, no horário de descanso, os trabalhadores permaneçam ligados à empresa. Mesmo não exercendo direta- mente suas atividades profissionais, o trabalhador fica à disposição da empresa ou leva problemas para refletir em casa. É muito comum o trabalha- dor estar de plantão, para o caso de a empresa ligar para o seu celular ou pager. A remuneração para esse estado de alerta é irrisória ou inexistente. KREIN, J. D. Mudanças e tendências recentes na regulação do trabalho. n: DEDECCA, C. S.; PRONI, M. W. (Org.). Políticas públicas e trabalho: textos para estudo dirigido. Campinas: IE/Unicamp; Brasília: MTE, 2006 (adaptado). A relação entre mudanças tecnológicas e tempo de trabalho apresentada pelo texto implica a) O prolongamento da jornada de trabalho coma intensificação da exploração. b) O aumento da fragmentação da produção com a racionalização do trabalho. c) O privilégio de funcionários familiarizados com equipamentos eletrônicos. d) O crescimento da contratação de mão de obra pouco qualificada. e) declínio dos salários pagos aos empregados mais idosos. CURSO DE SOCIOLOGIA 7 09. (ENEM) – Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema não é como as pessoas vão consumir essas unidades adicionais de tempo de lazer, mas que capacidade para a experiência terão as pessoas com esse tempo livre. Mas se a notação útil do emprego do tempo se torna menos compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes de viver que foram perdidas na Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia com relações sociais e pessoais; como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida. THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado). A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário à transformação promovida pela Revolução Industrial na relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a): a) intensificação da busca do lucro econômico. b) flexibilização dos períodos de férias trabalhistas. c) esquecimento das formas de sociabilidade tradi- cionais. d) aumento das oportunidades de confraternização familiar. e) multiplicação das possibilidades de entreteni- mento virtual. 10. (ENEM) – Procuramos demonstrar que o desenvolvimento pode der visto como um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam. O enfoque nas liberdades humanas contrasta com visões mais restritas de desenvolvimento, com as que identificam desenvolvimento com crescimento do Produto Nacional Bruto, ou industrialização. O crescimento do PNB pode ser muito importante como um meio de expandir as liberdades. Mas as liberdades dependem também de outros determinantes, como os serviços de educação e saúde e os direitos civis. SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. A concepção de desenvolvimento proposto no texto fundamenta-se no vínculo entre a) incremento da indústria e atuação no mercado fi- nanceiro. b) criação de programas assistencialistas e controle de preços. c) elevação da renda média e arrecadação de impostos. d) garantia da cidadania e ascensão econômica. e) ajuste de políticas econômicas e incentivos fis- cais. 11. (ENEM) – TEXTO I Cidadão Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me vem um cidadão E me diz desconfiado “Tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar?” Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer. BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro: Sony Music, 1999 (fragmento). TEXTO II O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força independente do produtor. MARX, K. (Primeiro manuscrito). São Paulo: Boitempo Editorial, 2004 (adaptado). Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é a) baseada na desvalorização do trabalho especiali- zado e no aumento da demanda social por novos postos de emprego. b) fundada no crescimento proporcional entre o nú- mero de trabalhadores e o aumento da produção de bens e serviços. c) estruturada na distribuição equânime de renda e no declínio do capitalismo industrial e tecnocrata. d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e da criação da economia solidária. e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da exploração do trabalhador. CURSO DE SOCIOLOGIA 8 APROFUNDAMENTO 12. (UEL – PR) – Leia os textos que seguem. O primeiro é de autoria do pensador alemão Karl Marx (1818- 1883) e foi publicado pela primeira vez em 1867. O segundo integra um caderno especial sobre traba- lho infantil, do jornal Folha de S. Paulo, publicado em 1997. “(...) Tornando supérflua a força muscular, a maquinaria permite o emprego de trabalhadores sem força muscular ou com desenvolvimento físico incompleto, mas com membros mais flexíveis. Por isso, a primeira preocupação do capitalista, ao empregar a maquinaria, foi a de utilizar o trabalho das mulheres e das crianças. (...) [Entretanto,] a queda surpreendente e vertical no número de meninos [empregados nas fábricas] com menos de 13 anos [de idade], que frequentemente aparece nas estatísticas inglesas dos últimos 20 anos, foi, em grande parte, segundo o depoimento dos inspetores de fábrica, resultante de atestados médicos que aumentavam a idade das crianças para satisfazer a ânsia de exploração do capitalista e a necessidade de traficância dos pais.” (MARX, K. O Capital: crítica da economia política. 19. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. Livro I, v. 1, p. 451 e 454). “A Constituição brasileira de 1988 proíbe qualquer tipo de trabalho para menores de 14 anos. (...) Apesar da proibição constitucional, não existe até hoje uma punição criminal para quem desobedece à legislação. O empregador que contrata menores de 14 anos está sujeito apenas a multas. ‘As multas são, na maioria das vezes, irrisórias, permanecendo na casa dos R$ 500’, afirmou o Procurador do Trabalho Lélio Bentes Corrêa. Além de não sofrer sanção penal, os empregadores muitas vezes se livram das multas trabalhistas devido a uma brecha da própria Constituição. O artigo 7º, inciso XXXIII, proíbe ‘qualquer trabalho’ a menores de 14 anos, mas abre uma exceção – ‘salvo na condição de aprendiz’.” (Folha de S. Paulo, 1 maio 1997. Caderno Especial Infância Roubada – Trabalho Infantil.) Com base nos textos, é correto afirmar: a) Graças às críticas e aos embates questionando o trabalho infantil durante o século XIX, na Inglater- ra, o Brasil pôde, no final do século XX, comemo- rar a erradicação do trabalho infantil. b) Em decorrência do desenvolvimento da maquinaria, foi possível diminuir a quantidade de trabalho humano, dificultando o emprego do trabalho infantil nas indústrias desde o século XIX, na Inglaterra, e nos dias atuais, no Brasil. c) A legislação proibindo o trabalho infantil na Ingla- terra do século XIX e a legislação atual brasilei- ra são instrumentos suficientes para proteger as crianças contra a ambição de lucro do capitalista. d) O trabalho infantil foi erradicado na Inglaterra, no século XIX, através das ações de fiscalização dos inspetores nas fábricas, exemplo que foi se- guido no Brasil do século XX. e) O desenvolvimento da maquinaria na produção capitalista potencializou, no século XIX, o empre- go do trabalho infantil. Naquele contexto, a legis- lação de proteção à criança pôde ser burlada, o que ainda se verifica, de certa maneira, no Brasil do final do século XX. 13. (UEM – PR) – Sobre o conceito de trabalho, assina- le o que for correto. 01) Em todos os tempos históricos, o trabalho serviu para atender às necessidades sociais, econô- micas, políticas e culturais dos agrupamentos humanos. 02) A escravidão esteve ausente das sociedades ocidentais em eras históricas antigas e somen- te foi incorporada na produção econômica de tais sociedades com o desenvolvimento da agricultura na Idade Média. 04) Para Durkheim, o trabalho é a única forma social na qual as relações de coerção estão ausentes. 08) Para Marx, a divisão da sociedade em classes no capitalismo é definida pela posição ocupada pelos indivíduos no processo produtivo. 16) Weber argumenta que a mudança nos valores surgidos com o protestantismo
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