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PEÇA 1- PENAL

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CASO PARA RESOLUÇÃO
Jorcileide Soraya, 29 anos, brasileira, casada, inscrita no CPF 005111888-09, manicure no salão “Silvana Cabelereiros”, reside na QI 10, conjunto 23, casa 102, no Guará-DF, com seus dois filhos e seu marido.
No dia 28 de abril de 2018, Jorcileide encontrava-se em sua residência, quando bateram na porta e a manicure foi atender. Neste instante, Jorcileide recebeu, por uma vizinha, a notícia de que sua honra estava abalada na vizinhança, pois estavam afirmando que Rosicleide era uma “mulher que mesmo casada corria atrás dos maridos das outras, sendo de dia manicure, mas que a noite era ‘mulher da vida’, sendo que os filhos que possuía sequer eram do marido, pois eram frutos de relações extraconjugais” e “que explorava os homens cobrando preços altos pelos programas que fazia na vizinhança”.
Revoltada, Jorcileide foi se informar acerca da veracidade e autoria dos fatos, concluindo que quem estava a difundir as histórias odiosas a seu respeito era Maricreuza Ozózino, brasileira, 32 anos, solteira, merendeira, vizinha de Jorcileide que residia na casa 104. Tal informação foi descoberta no dia 19 de maio de 2018, oportunidade em que Jorcileide foi tirar satisfações com Macricreuza que lhe proferiu os seguintes dizeres: “Sua gorda estúpida! Você é uma vaca e não me arrependo de nada do que disse na rua e falo agora na sua cara, sai imunda!”.
Por esta razão, Jorcileide lhe procurou em 10 de junho de 2018 para, na qualidade de advogado, apresentar a medida processual privativa cabível, bem como para as teses a serem utilizadas e último dia de prazo para a propositura da medida.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO... JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DO GUARÁ-DF. 
Jorcileide Soraya, brasileira, casada, manicure, portador do RG n° e CPF 005111888-09, com endereço de e-mail..., residente e domiciliada na QI 10, conjunto 23, casa 102, no Guara-DF, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, conforme instrumento de mandato em anexo em conformidade com o artigo 44 do Código de Processo Penal, vem perante Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 30 e 41 e ss. Do Código de Processo Penal em combinação com os artigos 100 §2° e 145, caput, ambos do Código Penal, oferecer 
QUEIXA CRIME
Em face de Maricreuza Ozózino, brasileira, 32 anos, solteira, merendeira, portador do RG n°, e do CPF n°..., com endereço de e-mail..., residente e domiciliada em QI 10, conjunto 23, casa 104, no Guará-DF, por ter tido sua conduta subsumida nas penas do art. 139 e 140 caput c/c 141, III, ambos do Código Penal, todos em concurso material, e pelos motivos de fato e de direito abaixo alinhados. 
Preliminarmente, cabe mencionar que a presente ação penal de iniciativa privada é tempestiva visto que a Querelante teve ciência dos fatos de Difamação somente no dia 28 de abril de 2018, mas a descoberta da autoria do fato de Difamação e de Injúria só foi em 19 de novembro de 2018. 
Dessarte, o art. 103 do CP consagra o prazo para oferecimento da queixa crime no prazo de 06 (seis) meses a contar do dia em que se descobre a autoria do crime. Sendo assim, o prazo final para oferecimento da queixa é no dia 18 de novembro de 2018, portanto vê-se que a pretensão punitiva fora apresentada dentro do interregno legal.
1. FATOS
No dia 28 de abril de 2018, Jorcileide encontrava-se em sua residência, quando bateram na porta e a manicure foi atender. Neste instante, Jorcileide recebeu, por uma vizinha, a notícia de que sua honra estava abalada na vizinhança, muitos dos quais constam no rol de testemunhas abaixo indicado, o querelado imputou ao querelante a pratica do crime descrito no art. 139 e 140, do Código Penal. Afirmou que era uma “mulher da vida” que, mesmo casada, corria atrás dos maridos das outras. Falando ainda que a querelante, de dia era manicure e de noite explorava os homens cobrando preços altos pelos programas. 
A história idealizada pela querelada teve o fim de prejudicar a querelante, notadamente quanto a sua reputação diante de terceiros. 
Como é sabido, no ordenamento jurídico pátrio, Difamação é imputar falsamente ou não, fato ofensivo a reputação, e a Injuria é a ofensa à dignidade, decoro ou qualidade de outrem. Manifestação de desrespeito e desprezo. 
O querelado sendo procurado pelo querelante, no dia 28 de abril de 2018, não só confirmou, como também lhe proferiu os seguintes dizeres: “Sua gorda estúpida! Você é uma vaca e não me arrependo de nada do que disse na rua e falo agora na sua cara, sai imunda!”. 
Portanto, maliciosamente, o querelado, não só alega que falou como ainda desfere novas ofensas ao querelante, com o fim de prejudicar de forma leviana o querelante. 
Torna-se nítida a pratica do delito de Difamação e Injuria por parte do querelando, sem perder de vista que foi o fato divulgado na presença de várias outras pessoas, como o fato dirigido para o querelado. O fato evidentemente é considerado crime sob a ótica da teoria tripartida. É fato típico, eis que está definido na lei penal como crime contra a honra. É culpável, visto que o agente do crime não se encontra amparado por nenhuma das causas que possam eximi-lo da responsabilidade de responder pelos seus atos perante o judiciário. 
Diante do exposto, por ter a querelada infringido os ditames do art. 139 e 140 c/c 141, III e IV, ambos do Código Penal, em concurso material, pugna o querelante para que seja designada audiência preliminar para eventual composição e transação, ou então se infrutífera, que seja recebida a presente queixa crime em face do querelado com a consequente citação e designação de audiência de instrução, debates e julgamentos, na forma dos arts. 77 e 83 da Lei 9.099/95, com vistas ao Ministério Público para que o mesmo oficie como custus legais, até final da sentença condenatória. 
2. COMPETÊNCIA
Verifica-se que as colocações fáticas feitas pelo Querelante atribuem ao Querelado a concorrência para o crime de Difamação art. 139 do CP e o crime de Injúria art. 140 do CP. As penas máximas cominadas a esses delitos correspondem, respectivamente, a 01 (um) ano e (06) meses. 
Se as penas fossem somadas, o Querelado poderia ser condenado em até 01 ano e 06 meses de detenção. Isso, por si só, por conta do concurso de crimes que consta no art. 69 do CP, já incluiria no rol das chamadas “infrações de menor potencial ofensivo”, acarretando, assim, na competência dos Juizados Especiais. 
Segunda a lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminas (Lei 9.099/95): 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Sendo assim entende-se neste sentido: 
EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL E JUSTIÇA COMUM. QUEIXA-CRIME. DELITOS TIPIFICADOS NOS ARTS. 139, 140 E 141, III DO CP. AFERIÇÃO DA PENA MÁXIMA EM ABSTRATO. ART. 61 DA LEI 9.099/95. SOMATÓRIA QUE NÃO EXCEDE O PRAZO DE 2 ANOS. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL. CONFLITO JULGADO PROCEDENTE. DECLARADA A COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. 1. Trata de queixa-crime ofertada por Claudinei Rocha Barbosa em face de Jane Pinto Pereira, com fundamento nos artigos 139, 140 e 141, III do Código Penal. 2. Para se aferir a competência do Juizado Especial nos casos de crimes, necessário verificar a pena máxima em abstrato cominada pela lei, nos termos do art. 61 da lei 9.099/95 3. No caso, a pena máxima cominada aos delitos capitulados na queixa-crime não ultrapassa o limite de dois anos, ainda que considerada a causa de aumento de pena de 1/3 do art. 141, III do Código Penal e o concurso de crimes. 4. Conflito de Competência julgado procedente, reconhecendo a competência do Juízo Suscitado.
(TJ-ES - CJ: 00285507920188080000, Relator: ELISABETH LORDES, Data de Julgamento: 05/12/2018, PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 14/12/2018)
3. DOS CRIMES
3.1. Difamação 
Dentre os ataques proferidos podemos destacar a seguinte expressão: 
‘mulher da vida’, sendo que os filhosque possuía sequer eram do marido, pois eram frutos de relações extraconjugais” e “que explorava os homens cobrando preços altos pelos programas que fazia na vizinhança”.
Nesse passo, aquela ofendeu à honra da Querelante enquanto mulher, mãe e esposa, quando aludiu fato ofensivos e, além disso, imputando a essa como sendo “mulher da vida”. Na verdade, a Querelante é mulher de bem, honesta e esta ofensas foram proferidas com o intuito de abalar a sua reputação na vizinhança. 
Diante disso, é inescusável que a Querelada incorreu no crime de difamação. 
Segundo legisla o Código Penal em seu art. 139: Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo a sua reputação. 
Validas a respeito dos fatos narrados as colocações de Cleber Rogerio Masson, quando, no tocante ao crime de difamação, leciona: 
“Constitui-se a difamação em crime que ofende a honra objetiva e, da mesma forma que a calúnia, depende da imputação de algum fato a alguém. Esse fato, todavia, não precisa ser criminoso. Basta que tenha a capacidade de macular a reputação da vítima, isto é, o bom conceito que ela desfruta na coletividade, pouco importando se verdadeiro ou falso...”
Sendo o mesmo entendimento jurisprudencial, consoante se verifica da emenda abaixo transcrita, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: 
CALÚNIA, INJÚRIA E DIFAMAÇÀO. CONFIGURA OFENSA À HONRA OBJETIVA E SUBJETIVA DO QUERELANTE. EXORBITÂNCIA AO ANIMUS INFORMAM. VEICULAÇÃO DE ATOS OFENSIVOS POR MEIO DE BLOG NA INTERNET. INJÚRIA. INEXISTÊNCIA DE RETORSÃO IMEDIATA FALTA DA IMEDIATIVIDADE. CAUSA DE AUMENTO (ART. 141. III. DO CP, INTERNET. MEIO QUE FACILITOU A PROPAGAÇÃO DAS OFENSAS PENAS. ELEVAÇÃO & PENA-BASE COM FUNDAMENTO NA FOLHA DE ANTECEDENTES DO ACUSADO. INADMISSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N. 444 DO STJ. PENAS REDUZIDAS. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. (PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 16. CÁMARA CRIMINAL APELAÇÃO CRIMINAL Nº 0054890-552008.8.26.0050 COMARCA: SÃO PAULO APELANTE: PAULO CEZAR DE ANDRADE PRADO APELADO: ARTUR EUGÊNIO MATHIAS VOTO V949T)
3.2. Injúria 
Em outro momento, assim que descobriu o que estava sendo dito ao seu respeito Jorcileide foi se informar sobre a veracidade e autoria dos fatos, concluindo ser Maricreuza quem difundia as histórias odiosas ao seu respeito. 
Jorcileide foi retirar satisfações com Maricreuza que lhe proferiu as seguintes ofensas: “Sua gorda estúpida! Você é uma vaca e não me arrependo de nada do que disse na rua e falo agora na sua cara, sai imunda!”.
Nesta feita se concretizou o crime de injúria. Cometera esse delito quando, assacando sua fúria contra a Querelante, chamo-a de “gorda estupida” ,“vaca” e “imunda”; há, configurada, uma qualidade negativa proferida contra a Querelante. Assim, sem dúvidas, ofendendo sua dignidade e decoro e sua honra objetiva. 
Há previsão legal no Código Penal no art. 140- injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade e o decoro. 
Acerca do crime de injúria, aborda Luiz Regis Prado que: 
“A nota característica da injúria é a exteriorização do desprezo e desrespeito, ou seja, consiste em um juízo de valor negativo, apto a ofender o sentimento e dignidade da vítima. Pode fazer referências às condições pessoais do ofendido (v. g., corpo, bagagem cultural, moral) ou à sua qualificação social ou capacidade profissional. Distingue-se a injúria da calúnia e da difamação por não significar a imputação de fato determinado – criminoso ou desonroso --, mas sim a atribuição de vícios ou defeitos morais, intelectuais ou físicos...”
Sendo o entendimento jurisprudencial, consoante se verifica da emenda abaixo transcrita, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios: 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. PRELIMINAR DE NULIDADE - REJEIÇÃO. AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES FINAIS. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. RESPONSABILIDADE CIVIL INDEPENDENTE DA CRIMINAL. ILÍCITO CIVIL DEVIDAMENTE DEMONSTRADO. REPARAÇÃO DEVIDA. APELO IMPROVIDO. Sinopse fática: "Cinge-se a controvérsia à verificação de ocorrência, ou não, de injúria praticada pelo réu em detrimento do autor, causando-lhe dano moral passível de reparação". 1. Apelação interposta contra sentença que julgou procedentes os pedidos de ação de indenização por danos morais. 1.1. Pretensão do réu de cassação ou reforma da sentença. Alega preliminar de nulidade em virtude da não apresentação de alegações finais pelo autor. No mérito, sustenta que o crime de injúria não ficou caracterizado. 2. Da preliminar de nulidade - rejeição. 2.1. A ausência de apresentação de alegações finais não enseja nulidade, desde devidamente oportunizada às partes. 2.2. Conforme art. 282, §1º, CPC, não se declara nulidade de ato processual, ainda que praticado de modo diverso, se alcançada sua finalidade ou se ausente o efetivo prejuízo à parte. 2.3. Se prejuízo houvesse, caberia apenas àquele que foi efetivamente prejudicado alegar a ocorrência da nulidade, o que não é o caso dos autos. 3. Em consonância com o art. 935 do Código Civil, a responsabilidade civil é independente da criminal. 3.1. Não se discute nos autos o suposto cometimento de crime de injúria, mas sim a ocorrência de ato ilícito praticado pelo réu, passível de indenização moral em favor do autor da demanda. 4. Estando comprovado nos autos, mormente pela prova testemunhal, que o requerido proferiu palavras desrespeitosas em relação ao autor, chamando-o de “assassino” e imputando-lhe crime o qual sabia ter sido absolvido, correta a sentença que reconheceu o ilícito civil praticado e o condenou à reparação patrimonial. 5. Apelo improvido.
Do Concurso Material 
Conforme relatado a querelada cometeu dois crimes distintos mediante condutas diversas, configurando assim o concurso material de crimes, tipificado no art. 69 do CP, o qual determina a soma das penas impostas, conforme redação abaixo transcrita: 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
4. DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, por ter a querelada infringido os ditames do art. 139 em concurso com o crime do art. 140, ambos do Código Penal pugna a querelante para que seja designada audiência preliminar para eventual composição e transação, nos termos dos artigos 70 a 76 da Lei 9099. Se infrutíferas, que seja recebida a presente queixa crime em face da querelada com a consequente citação e designação de audiência de instrução, debates e julgamento, na forma dos artigos são 77 a 81 da Lei 9099/95, com vistas ao Ministério Público para que o mesmo oficie como custus legis, até final sentença de condenação nas penas dos crimes de (inserir o tipo penal e os dispositivos legais pertinentes). Requer, ainda, a condenação da querelada nas custas, honorários advocatícios e a fixação de um valor mínimo a título de reparação pelos danos efetivamente causados, conforme expresso no art. 387, IV, do CPP. Requer, ao final, sejam inquiridas as testemunhas ora arroladas nesta petição, e colhidas suas declarações, a fim de corroborar os fatos articulados pelo querelante em sua peça processual.
ROL DE TESTEMUNHAS 
1) Qualificado: 
2) Qualificado: 
3) Qualificado: 
Dar-se-á valor a causa de R$...
 
Nestes termos, pede deferimento 
Brasília, 10 de julho de 2018. 
ADV. 
OAB
II - DO DIREITO 
Conforme exposto no Art. 5º, inciso X, de nossa Constituição Federal, o ordenamento pátrio tutela a honra como bem inviolável, assegurando, inclusive, o direito à indenização no caso de dano. No mesmo sentido, o Código Penal tipifica, nos Arts. 139 e 140, respectivamente, a difamação, consistente em “imputar a alguém fato ofensivo à sua reputação”, e a injúria, o ato de “ofender a dignidade ou decoro” de outra pessoa. 
Considerando ainda a teoria tripartida, amplamente utilizada para definir o conceito analítico de crime na doutrina, crime é fato típico, ilícito e culpável. Nesse sentido, se faz necessáriomencionar o entendimento do ilustre GUILHERME DE SOUZA NUCCI, (Curso de Direito Penal - Parte Geral - Vol.1, 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 425), in verbis:
 "Em primeiro lugar, sob a nossa ótica, adotando o finalismo, tem-se o crime como uma conduta típica, ilícita e culpável, vale dizer, uma ação ou omissão ajustada a um modelo legal de conduta proibida (tipicidade, onde estão contidos os elementos subjetivos dolo e culpa), contrária ao direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo de reprovação social incidente sobre o fato e seu autor, desde que existam imputabilidade, consciência potencial de ilicitude e exigibilidade e possibilidade de agir conforme o direito (culpabilidade). A denominada corrente tripartida do delito é amplamente majoritária na doutrina e na jurisprudência. (Grifo nosso)."
Trazendo o entendimento para o caso em questão, com base nos fatos já narrados, é clara a presença de todos os componentes de uma conduta criminosa, bem como de seus respectivos elementos, nas ações da querelada, haja visto que essa agiu de livre e espontânea vontade, com o claro ânimo de ofender a reputação da querelante, praticou um ato vedado nos mencionados Arts. 139 e 140 do CP, bem como, além de ser pessoa imputável, possuía a potencial consciência da ilicitude de suas ações.
 Conforme a informação recebida por intermédio de uma vizinha, teriam sidos atribuídos à querelante fatos danosos à sua reputação, visto que os boatos diziam entre a vizinhança que essa era “mulher da vida” e até que “explorava os homens cobrando preços altos pelos programas que fazia na vizinhança”. Nesse sentido, fica caracterizado ainda o dolo específico da DIFAMAÇÃO, o animus diffamandi, que se diferencia da simples brincadeira (animus jocandi) e tem a clara intenção de lesar a honra da vítima perante a coletividade.
Acerca do animus diffamandi, o STJ também entende como sendo fator essencial para a caracterização do crime de difamação, tal como no trecho:
Como se sabe, nos crimes contra a honra, exige-se demonstração do intento positivo e deliberado de lesar a honra alheia. Trata-se do animus injuriandi vel diffamandi. [...] (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – AÇÃO PENAL Nº 724 - DF (2013/0327885-8) Relator: Min. OG Fernandes – Publicação: 20/04/2014) 
Cabe ressaltar, ainda, a atitude da querelada em dizer que não se arrependia de nada do que havia dito “na rua”, e que agora falava diretamente para a querelante, chamando-a ainda de “imunda”, “gorda estúpida” e “vaca”. Conforme denota o nobre CLEBER MASSON, (Direito Penal - Parte Geral. Arts. 1º a 120. Vol. 1, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 336), é nesse momento, em especial, que a querelada comete o crime de INJÚRIA, atentando contra a honra subjetiva da querelante e potencialmente afetando sua percepção sobre si. In verbis:
 Na injúria (CP, art. 140), a pessoa contra quem foi dirigida a ofensa pode considerar-se menosprezada. Não se exige, contudo, que isso ocorra. Basta que as palavras proferidas tenham potencialidade para violar a honra subjetiva, isto é, a dignidade e o decoro que a pessoa tem no tocante a si própria. 
Considerando todos esses fatores, torna-se inegável que a conduta da querelada compreende os crimes vedados nos Arts. 139 e 140 do CP, bem como é claro que tais ações são de sua autoria, visto que a própria afirmou não se arrepender do que “disse na rua” – se referindo aos boatos difamatórios que propalou contra a querelante, além de ofender, frente à querelante, sua dignidade, chamando-a pelas palavras de baixíssimo calão já mencionadas.

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