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AN02FREV001/ REV 3.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL Aluno: AN02FREV001/ REV 3.0 2 EaD - Educação a Distância Portal Educação CURSO DE TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/ REV 3.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1. PSICOTERAPIA 1.1 Conceitos de Psicoterapia 1.2 Fatores comuns a toda psicoterapia 1.3 Equívocos sobre a terapia cognitiva e comportamental MÓDULO II 2 TERAPIA COMPORTAMENTAL 2.1 Histórico 2.2 Fundamentos Teóricos 2.3 Indicações e Contraindicações 2.4 Técnicas da Terapia Comportamental 2.5 Conceitos Básicos 3 TERAPIA COGNITIVA 3.1 Histórico 3.3 Fundamentos teóricos da terapia cognitiva 3.3 Indicações e Contraindicações 3.4 Técnicas da terapia cognitiva MÓDULO III 3.5 Conceitos Básicos da Terapia Cognitiva 3.6 Teoria Focada em Esquemas de Young 3.7 Diferença entre Cognitivismo e o Construtivismo MÓDULO IV 3.8 Princípios Fundamentais 3.9 Distorções Cognitivas AN02FREV001/ REV 3.0 4 3.10 Perfil Cognitivo dos Transtornos Psiquiátricos 3.11 Estruturação das sessões 3.12 Instrumentos Utilizados MÓDULO V 3.13 Relação Terapêutica 3.14 Componentes Relevantes para se chegar ao problema 3.15 A TCC e a família 3.16 Mitos Equivocados sobre Terapia Cognitiva 3.17 Recaídas 3.18 Algumas resoluções referentes a atendimento psicoterápico REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/ REV 3.0 5 MÓDULO I 1 PSICOTERAPIA 1.1 Conceitos de Psicoterapia Segundo Atkinson (2002) Psicoterapia pode ser conceituada como tratamento de transtornos mentais por métodos psicológicos, em vez de físicos e biológicos. Esse termo abrange uma variedade de técnicas, todas as quais destinadas a ajudar, pessoas emocionalmente perturbadas a modificarem seu comportamento, seus pensamentos e suas emoções, para que possam desenvolver melhores maneiras de lidar com o estresse e com as outras pessoas. Artur Scarpato, em seu artigo “Introdução sobre a Psicoterapia” cita vários conceitos sobre Psicoterapia. Vejamos alguns: “Recurso para lidar com as dificuldades da existência em todas as formas que o sofrimento humano pode assumir, como transtornos psicopatológicos, crises pessoais, conflitos conjugais e familiares, crises profissionais, distúrbios psicossomáticos, dificuldades nas transições da vida, etc”; É um espaço especial de atenção às dificuldades da vida e aos caminhos internos para solucioná-los, onde seus resultados demonstram uma grande potência de transformação de vidas, oferecendo uma oportunidade de compreender e mudar os padrões de vínculo e relação interpessoal. Outros autores a definem como terapia que usa diversas técnicas empregadas em Psicologia para o tratamento de transtornos e problemas psíquicos. Ou, processo de ajuda, autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. “Psicoterapia é um método de tratamento mediante o qual um profissional treinado, valendo-se de meios psicológicos, especialmente a comunicação verbal e a relação terapêutica, realiza, deliberadamente, uma variedade de intervenções, com o intuito de influenciar um cliente ou paciente, auxiliando-o a modificar AN02FREV001/ REV 3.0 6 problemas de natureza emocional, cognitiva e comportamental, já que ele procurou com essa finalidade”. (Strupp, 1978 citado por Cordioli, 2008). Em termos etimológicos, terapia está relacionada à cura, então quando nos referimos à psicoterapia, estamos falando da cura por intermédio da psique. Na psicoterapia a psique é trabalhada a favor do paciente buscando desenvolvimento de habilidades que o ajudem a enfrentar as adversidades no presente, ou seja, podemos conceituá-la também como um processo de mudança, de solução dos problemas causados pela falta de adaptação frente as dificuldades da vida, de aprendizado de como refletir, analisar e tentar viver melhor. Wampold (2001), diz que a psicoterapia é um tratamento primariamente interpessoal, baseado em princípios psicológicos, que envolve um profissional treinado e um paciente ou cliente portador de transtorno mental, problema ou queixa, o qual solicita ajuda, sendo o tratamento planejado pelo terapeuta com o objetivo de modificar o transtorno, problema ou queixa, e é adaptado a cada paciente ou cliente em particular. E de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Psicologia sobre esse tema, temos no: "Art. 1º - A Psicoterapia é prática do psicólogo por se constituir, técnica e conceitualmente, um processo científico de compreensão, análise e intervenção que se realiza por meio da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas psicológicas reconhecidos pela ciência, pela prática e pela ética profissional, promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos." (Resolução CFP N.º 010/00). Veja algumas resoluções sobre prestação de serviço por meio da psicoterapia no final deste módulo. Veremos adiante, que à psicoterapia se distingui de outras modalidades de tratamento por ser muita mais uma atividade colaborativa entre o paciente e o terapeuta do que uma ação predominantemente unilateral, exercida por alguém sobre outra pessoa, como ocorre com outros tratamentos médicos. Quando falamos de tempo de duração da psicoterapia, isso pode variar de semanas até anos, vai depender muito do tipo de psicoterapia, da abordagem usada e dos objetivos que se buscam. Por exemplo, a psicoterapia breve trabalha com AN02FREV001/ REV 3.0 7 objetivos mais específicos, então são bem mais rápidas que uma psicoterapia que vai trabalhar com uma psicopatologia mais severa, que envolverá conteúdos muito mais profundos. A psicoterapia pode ser aplicada para tratar diversos fins como: Resolução de conflitos pessoais, interpessoais, conjugais, familiares e profissionais; Amadurecimento pessoal, para um autoconhecimento melhor, reflexão e descoberta de novos modos de conduzir a própria vida; Crises existenciais; Transições difíceis como luto; Crises profissionais; Mudanças de fases de vida (puberdade, adolescência, vida adulta, menopausa, envelhecimento, etc.); Usada no tratamento de vários transtornos como depressão, anorexia, bulimia, pânico, fobias, frigidez, impotência, etc. Assim percebemos que a psicoterapia oferece meios e recursos importantes para uma compreensão mais ampla do processo de adoecimento assim como estratégias para lidar com as várias contingências as quais estamos vulneráveis. São vários os tipos de psicoterapia, podemos citar a Psicoterapia Individual para crianças, adolescentes, adultos e idosos, psicoterapia de família, de casal, de grupo, psicoterapia em situações de crise e emergência. A psicoterapia é importante, pois vai nos ajudar a perceber questões que estão obscuras, vai nos ajudar a rever nossa história de vida de um ângulo diferente, vai nos ensinar a reconhecer nossos padrões de comportamento e aprender formas de influenciar e lidar com esses padrões que são responsáveis por como nós agimos, nos relacionamos, pensamos e sentimos. Artur Scarpato cita alguns motivos importantes que explicam porque a psicoterapia funciona: Segundo este autor ao dividirmos um problema,o sujeito estará compartilhando, isso ajuda a aliviar a carga emocional e seu sofrimento; O vínculo estabelecido entre terapeuta e cliente tem poder curativo, pois é mais fácil superar muitas dores mediante uma relação autêntica de respeito mútuo do que sozinho; A AN02FREV001/ REV 3.0 8 psicoterapia faz o sujeito parar para refletir sobre a própria vida e quando fazemos isso permitimos muitas mudanças de orientação, sentido, rumo e aprofundamento de nossas experiências; O psicoterapeuta vai ajudar a perceber as coisas de um ângulo que você não tinha visto antes e nem suspeitava ser possível; O psicoterapeuta recebeu formação adequada e conhece teorias psicológicas que ajudam na compreensão do que ocorre com esse sujeito, auxiliam a identificar o que pode estar errado em sua vida, a direção que você está seguindo e as mudanças de rumo necessárias; Ele também tem prática com técnicas que tornam possível descobrir aspectos da personalidade que seriam inacessíveis a uma observação não treinada e está preparado para compreender você a partir do vínculo que você estabelece com ele, das respostas emocionais que você suscita nele; Essa presença autêntica no vínculo com o cliente permite que essa relação funcione como catalisador de processos de mudança como superação dos efeitos de traumas de relacionamentos anteriores. De acordo com Cordioli (2008) a psicoterapia originalmente chamada de cura pela fala, tem suas origens na medicina antiga, na religião, na cura pela fé e no hipnotismo. Entretanto ao final do século XIX que ela passou a ser utilizada no tratamento das doenças denominadas nervosas e mentais, tornando-se uma atividade médica inicialmente restrita aos psiquiatras, só no século XX outros profissionais passaram a exercê-la, como médicos clínicos, psicólogos, enfermeiros, assistente sociais, assim ultrapassando as fronteiras do modelo médico. Na atualidade existe um relativo consenso que as terapias são efetivas, além de uma concordância que uma boa parte dos seus efeitos deve-se a um conjunto de fatores que envolvem as técnicas efetivas utilizadas, em que cada abordagem possui as suas e também fatores específicos a todas as psicoterapias. Então podemos conceituar a psicoterapia como um tratamento primariamente interpessoal sendo realizada por um profissional treinado, utilizando meios psicológicos como forma de influenciar o paciente sendo a comunicação verbal o principal recurso, como já citamos. São vários os tipos de psicoterapia, mas todas possuem o mesmo objetivo, que é de reduzir ou remover um problema, queixa ou transtorno, trazido pelo paciente que busca ajuda. AN02FREV001/ REV 3.0 9 Cordioli (2008) cita alguns elementos comuns a toda psicoterapia: Ela deve ocorrer num contexto de uma relação de confiança emocionalmente carregada em relação ao terapeuta, pois se o paciente não sente essa confiança, ficará um pouco difícil haver uma colaboração e assim o paciente não expressará o que o levou ao setting; A psicoterapia ocorre em um contexto terapêutico, no qual o paciente acredita que o terapeuta irá ajudá-lo e confia que esse objetivo será alcançado, assim consegue-se estabelecer uma boa relação e levar a terapia à frente; De acordo com Frank (1973) citado por Cordioli (2008), existe uma racional, um esquema conceitual ou um mito que provê uma explicação plausível para o desconforto, no caso um sintoma/um problema, e um procedimento ou um ritual para ajudar o paciente a resolvê-lo, ou seja, existe um problema e este pode ser explicado por uma teoria que com suas técnicas buscará ajudar. São várias as abordagens que dão suporte aos psicoterapeutas, aqui nos restringiremos às terapias comportamentais e cognitivo-comportamentais, em que estas se concentram nas alterações dos padrões habituais de pensamento e comportamento. Apesar das diferenças nas técnicas, a maioria dos métodos de psicoterapia possui características básicas em comum, umas delas que envolvem uma relação de auxílio entre duas pessoas, o cliente e o terapeuta, o cliente é estimulado a discutir preocupações íntimas e emoções e experiência livremente sem medo de ser julgado pelo terapeuta ou ter suas confidências traídas. E o terapeuta deve oferecer empatia e compreensão, engendrando confiança e tentando ajudar o cliente a desenvolver modos mais eficazes de lidar com seus problemas. 1.2 Fatores comuns a toda psicoterapia De acordo com Cordioli (2008) existem muitos fatores comuns a todas as psicoterapias, citaremos alguns: A psicoterapia ocorre no contexto de uma relação de confiança emocionalmente carregada em relação ao terapeuta; AN02FREV001/ REV 3.0 10 A psicoterapia ocorre em um contexto terapêutico, no qual o paciente acredita que o terapeuta irá ajudá-lo e confia que esse objetivo será alcançado; Segundo Cordioli (2008) existe um racional, um esquema conceitual ou um mito que prevê uma explicação plausível para o desconforto/sintoma/problema e um procedimento ou um ritual para ajudar o paciente a resolvê-lo; A psicoterapia é uma relação profissional que ocorre no contexto de uma relação interpessoal, envolvendo outra pessoa ou um grupo de pessoas; Para a terapia ter sucesso é indispensável um contexto terapêutico favorável, caracterizado por um ambiente de confiança e apoio, no qual o paciente acredita que o terapeuta irá ajudá-lo e, que esse objetivo será atingido; A psicoterapia deve proporcionar uma oportunidade para o paciente expressar emoções, reviver e revisar experiências passadas, particularmente as que envolvem relacionamentos com figuras importantes do passado, percebendo as repetições no presente e encontrando novas formas de agir; Intervenções específicas são usadas pelo terapeuta, em que são coerentes com o modelo explicativo sobre a origem e a manutenção dos sintomas, como propósito de eliminá-los; A terapia deve criar um ambiente que proporcione o entendimento e a busca de alternativas para modos problemáticos de pensar, sentir e comportar-se; A terapia deve proporcionar a oportunidade para novas aprendizagens por meio da exposição da situação, ideias, sentimentos e comportamentos que provocam ansiedade, fazendo com que o paciente supere seus medos e evitações; AN02FREV001/ REV 3.0 11 Segundo o autor citado, é indispensável o reconhecimento, por parte do paciente, da necessidade de mudança e de um esforço pessoal para conseguir os resultados desejados. 1.3 Equívocos sobre a terapia cognitiva e comportamental Nota-se que a Terapia Cognitiva tem sido frequente, e equivocadamente, identificada como Terapia Comportamental, originando a ideia, comum entre terapeutas treinados na abordagem comportamental, de que estariam naturalmente habilitados a praticá-la. A abordagem cognitiva e comportamental tem concepções de ser humano e modelos de personalidade e de psicopatologia diferentes, mas isso não quer dizer que elas não possam ser trabalhadas juntas como explicaremos adiante, pois elas são trabalhadas juntas e muitas pesquisas demonstram sua eficácia. A mudança da terapia cognitiva e suas técnicas por comportamentais requerem uma adaptação da visão de ser humano e a adoção dos modelos cognitivos de personalidade e psicopatologia. Essa integração de elementos da terapia comportamental à Terapia Cognitiva pode ser feita sim, resultando na assim chamada Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC), sendo viável desde que as técnicas comportamentais sejam empregadas com a finalidade de mudar cognições, e não comportamentos, ou seja, usar-se-iam técnicas comportamentais que seriam destinadas a mudar cognições e não comportamentos, mas à mudança de cognições consequentemente mudariam comportamentos. Todavia, que fique claro que o objetivo primeiro e principal seria a mudança da cognição,e assim modificariam os comportamentos. Deste modo, a Terapia Cognitiva, a TCC adota a hipótese de primazia das cognições sobre emoções e comportamentos e conceituam as cognições como eventos mentais. FIM DO MÓDULO I
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