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ENTOMOLOGIA FLORESTAL BRASILEIRA Prof. Norivaldo dos Anjos I – INTRODUÇÃO Entomologia Florestal é o ramo da Biologia que trata do estudo dos insetos associados às florestas, às árvores e seus produtos visando diminuir as perdas no rendimento e na qualidade do fim a que se destinam, com o mínimo de efeitos indesejáveis no ambiente. Entomologia Florestal é, portanto, um campo de estudo comum entre a Zoologia, a Silvicultura e a Ecologia uma vez que nele se busca a compreensão das relações entre causas e efeitos governantes de um ecossistema florestal em que comunidades de insetos e de essências florestais são manipuladas em função do bem estar da humanidade. A importância da Entomologia Florestal está relacionada, também, com a condição de estar produzindo conhecimentos e fornecendo subsídios para o trabalho a ser realizado em outras áreas da profissão de Engenheiro Florestal, portanto apresenta relações, também, com outros campos da Engenharia Florestal, tais como: -Sementes Florestais: Pela influência que os insetos têm limitando a produção e a qualidade das sementes bem como alterando a capacidade de disseminação das árvores. -Melhoramento Florestal: Diz respeito à influência dos insetos no melhoramento de plantas visando a resistência às pragas. -Inventário Florestal: Porque os insetos são capazes de alterar as previsões de produção florestal -Patologia Florestal: Porque permite distinguir injúrias de insetos daquelas causadas por doenças. Estuda, também, as doenças causadas nos insetos por agentes patogênicos. -Política e Administração Florestal: Porque os insetos podem alterar metas e objetivos a serem alcançados no processo administrativo de políticas florestais. -Preservação da Madeira: Porque permite definir as técnicas necessárias á extinção de insetos xilófagos bem como aquelas necessárias à imunização das madeiras contra tais pragas. -Construções de Madeira: Porque trabalha com os insetos cujo ataque altera a resistência de peças nas estruturas edificadas em madeira. -Manejo Florestal: Porque os insetos influenciam no gerenciamento de todas as atividades florestais, incluindo a seleção de espécies de árvores, produção das sementes e das mudas, definição das técnicas de plantio, da manutenção de culturas florestais e daquelas apropriadas à colheita, armazenamento e utilização das árvores ou de seus produtos. O Engenheiro Florestal pode, ainda, enfocar a importância deste estudo sob os seguintes aspectos: a)- Geográfico: A Entomologia Florestal permite conhecer a distribuição territorial dos insetos de interesse florestal, nos diversos locais onde se desenvolvem as atividades ou se armazenam os produtos das árvores. Desta maneira, o profissional pode ter domínio sobre as possibilidades de infestação ou de introdução de pragas importantes na sua região de trabalho. Várias pragas florestais importantes foram trazidas de outros países e infestam os reflorestamentos ou os produtos florestais no Brasil. b)-Ecológico: Ao trabalhar com insetos, o Eng.º Florestal deve atuar de forma a contribuir para a preservação do equilíbrio ambiental entre o solo, água, ar, florestas e os outros elementos da natureza, incluindo o homem. Acrescente-se a isso, o papel que os insetos podem ter na reciclagem dos nutrientes dentro do ecossistema florestal. c)-Econômico: Neste caso, a importância se deve à preocupação em defender as árvores e seus produtos minimizando o nível e o risco dos prejuízos causados pelas pragas. Assim, o Eng.º Florestal necessita estabelecer regras de convivência com os insetos, conhecer e monitorar a ocorrência das pragas, determinar a viabilidade, a eficiência e os custos de cada técnica de combate, avaliar o nível de perdas econômicas causadas pela ocorrência de pragas e, finalmente, tomar decisões em função de custos e benefícios decorrentes dos casos em que o patrimônio florestal se torna ameaçado pelos insetos. d)-Paisagístico: O ataque de pragas a espécies arbóreas de logradouros públicos prejudica seu aspecto físico ou compromete a sua sobrevivência acarretando perdas no aspecto visual ou na conservação de exemplares nobres. Merece atenção os casos em que se trata de espécies florestais utilizadas em arborização de jardins, praças e avenidas ou de coleções dendrológicas em museus e áreas de conservação genética. 1 – A ENTOMOLOGIA FLORESTAL NO MUNDO O estudo dos insetos, seus danos e benefícios no que diz respeito às florestas, árvores e seus produtos, é antigo mas só com o surgimento da Silvicultura é que ele pode ser chamado de Entomologia Florestal. A Silvicultura se desenvolveu a partir do Século XVII na Europa Central, mas os primeiros trabalhos sobre Entomologia Florestal só apareceram no século XVIII, quando o declínio na produção de madeira ameaçou racionar o uso dessa matéria prima em diversos países e colocou em evidência a magnitude dos prejuízos causados pelos insetos. As primeiras publicações sobre insetos florestais devem ter surgidas na Alemanha onde se considera como marco inicial, o livro RELATO SOBRE UMA LAGARTA QUE CAUSOU GRANDE DANO EM ALGUNS LUGARES DA SAXÔNIA HÀ ALGUNS ANOS, escrito em 1752 por J. C. SCHAFFER. Como sói acontecer nos primórdios de qualquer ciência, este autor era um líder religioso que, embora trabalhando noutro campo, se interessou por um grande surtos de lagartas defolhadoras de árvores, fenômeno este que perturbava a população do local em vivia. Este pastor identificou a espécie daquela praga florestal como sendo Lymanthria dispar (Lepidoptera: Lymanthriidae); descreveu correta e detalhadamente sua metamorfose e demonstrou a sua espantosa capacidade de aumentar rapidamente, em função da alta fertilidade das mariposas, proporção sexual favorável às fêmeas e da pequena taxa de mortalidade natural. Assim as explicações de SCHAFFER sobre as causas daquele surto de lagartas podem ser consideradas como atuais uma vez que ele mencionou condições climáticas favoráveis, falta de inimigos naturais e, especialmente, grande disponibilidade de alimento para os insetos. Entretanto, o que realmente deu grande impulso a Entomologia Florestal no mundo foi a ocorrência de uma mortalidade catastrófica nas florestas de abeto da Alemanha em função do ataque severo de uma espécie de besouro broqueador-de-casca conhecida cientificamente como Ipis typographus (Coleoptera: Scolytidae), ocorrido a partir de 1770. A situação tornou-se tão grave que os cientistas do ramo foram convocados pelo governo para encontrarem uma solução, o que resultou, provavelmente, na primeira vez que autoridades públicas se interessaram por um assunto de Entomologia Florestal. Os recursos advindos desta sensibilização das autoridades governamentais permitiram a construção de laboratórios e o desenvolvimento de inúmeras pesquisas entomológicas. Este relevante evento encerrou o chamado Período Primitivo da Entomologia Florestal, a nível mundial. A fase clássica da Entomologia Florestal aconteceu, também, na Alemanha quando, em 1830, JULIUS THEODOR CHRISTIAN RATZEBURG, médico e dedicado professor de Ciências na recém- criada Escola de Florestas de Eberswald, começou a se interessar pelos insetos associados às essências florestais. Em 1837, RATZEBURG começou a publicar Os insetos florestais ou ilustrações e descrições daqueles insetos que se tornaram conhecidos como daninhos ou benéficos nas florestas da Prússia e dos Estados vizinhos, uma obra que lhe deu fama mundial por ter decidido a questão sobre quais insetos eram, realmente, de importância econômica nas florestas de toda a Europa. RATZEBURG morreu em 187l, mas seu trabalho e sua dedicação foram tão marcantes que o habilitaram a ser considerado, unanimemente, como o Pai da Entomologia Florestal no mundo. Com a morte de Ratzeburg, novos entomologistas florestais surgiram, na Alemanha, França, Inglaterra e chegou atéos Estados Unidos, mas tais entomologistas se destacaram apenas no trabalho de preencher as lacunas ou de fazer pequenos acréscimos ao trabalho deste professor. Na primeira metade do Século XX, a pesquisa florestal entomológica cresceu muito em todo o mundo. Numerosos laboratórios e escolas com cursos em Entomologia Florestal foram criados na Europa e na América do Norte. Esta fase constitui o que se denominou de Período do Inventário da Pesquisa em Entomologia Florestal no mundo, incluindo o Brasil. 2 – A ENTOMOLOGIA FLORESTAL NO BRASIL Aqui a história entomológica das florestas, tem como marco inicial as observações do Padre JOSÉ DE ANCHIETA que, em 1560, disse em uma de suas cartas a Portugal: "... das formigas, porém, só parecem dignas de menção as que estragam as árvores; ... têm a cor arruivada, ... cheiram a limão e abrem grandes buracos no chão." Este parece ser o primeiro registro documental sobre a ocorrência de pragas associadas às árvores no Brasil. A Silvicultura brasileira, entretanto, nasceu por volta de 1870, através da iniciativa imperial em implantar e resguardar a Floresta Nacional da Tijuca. O final deste Século XIX foi marcado pelo interesse de A. FOREL em estudar as formigas e isto resultou na publicação de A fauna de formigas do Brasil, em 1893. O período de 1896-1898 foi marcado pelas publicações dos primeiros trabalhos sobre o combate a formigas cortadeiras, realizados por F.W. DAFERT. O Século XX começou com ADOLFO HEMPEL publicando Novo método de combate a saúva (Atta sexdens Fabr.) e outras formigas nocivas às plantas, em 1904 e logo depois, surgiram os verdadeiros trabalhos entomológico-florestais, os quais dizem respeito aos serradores, à ocorrência e biologia da mosca-da-madeira e ao ataque de cochonilhas em árvores do paisagismo urbano. Antes, ainda, da I Guerra Mundial, e no calor das campanhas de reposição das matas, iniciadas no Estado de São Paulo, EDMUNDO NAVARRO DE ANDRADE publicou, em 1909, Os insetos nocivos ao Eucalyptus, fruto da sua experiência na introdução, em 1904, de 95 espécies destas plantas provenientes da Austrália. A segunda década foi marcada pela presença de ÂNGELO MOREIRA DA COSTA LIMA, considerado o Príncipe dos Entomologistas Brasileiros com o trabalho Sobre alguns curculionídeos que vivem nos bambus e pelo novo trabalho de EDMUNDO NAVARRO DE ANDRADE intitulado de Os Insetos Nocivos (1918), no seu livro “Os Eucalyptos”. As décadas seguintes foram marcadas por grande preocupação com os aspectos biológicos e os métodos de combate da saúva e por farto levantamento de insetos associados às essências florestais como às do eucalipto por NAVARRO DE ANDRADE (1927-1928) e ERNESTO RONNA (1929), seringueira por ALFREDO A. DA MATTA (1917-1929) e palmáceas por GREGORIO BONDAR (1913-1959). O período anterior à II Guerra Mundial é, ainda, marcado por trabalhos de CARLOS A. MARELLI (1931), PIO BUCK (1937) e outros mas é finalizado maravilhosamente bem em 1941, com a obra "Entomologia Florestal: Contribuição ao estudo das Coleobrocas" por ARISTOTELES G. A. SILVA e DJALMA G. DE ALMEIDA, onde pela primeira vez a expressão Entomologia Florestal é consagrada no título de um trabalho especificamente ligado ao campo. O período posterior à II Guerra Mundial começou com grandes novidades no levantamento de novos insetos daninhos, mas foi marcado pela descoberta dos inseticidas químicos modernos. Assim é que em 1949 o primeiro surto da lagarta-parda-do-eucalipto (Thyrinteina arnobia) foi combatido com DDT, no Estado de São Paulo. Foi com base nesta experiência que M. FONSECA recomendou, pela primeira vez no Brasil, o uso da aviação agrícola no combate de pragas florestais. No período de 1950/60, mais de uma centena de títulos ligados aos insetos florestais foram publicados. A ênfase foi, ainda, dada aos estudos com saúva em que pesaram os trabalhos de biologia por MÁRIO AUTUORI (1950-1955) e FRANCISCO M. A. MARICONI (1960-6l); os de taxonomia e distribuição geográfica por CINCINATO R. GONÇALVES (1951-1955) e os de combate químico por FREDERICO VANETTI (1957-196l) e de B. SANT'ANA (1951-1952) com Brometo de metila e inseticidas clorados. Neste período, cerca de 20% dos trabalhos foram desenvolvidos diretamente com eucalipto onde foram relacionadas informações com cupins, bicho-cesto, lagartas desfolhadoras, besouros desfolhadores, saúvas, besouros-de-ambrósia e sobre o primeiro inimigo natural de lagartas desfolhadoras. Sobressaíram, nessa essência florestal, os trabalhos de FREDERICO A. M. MARICONI (1953-1954), JAIME V. PINHEIRO (1951 e 1963) e de GUILHERME M.P. ALBUQUERQUE (1962-1963) e o capítulo "Parasitologia do Eucalipto" de ARMANDO N. SAMPAIO no livro O Eucalipto de EDMUNDO NAVARRO DE ANDRADE, em 1961. Na área de palmáceas, cerca de 1/5 dos trabalhos foram realizados por GREGÓRIO BONDAR (1953-1955) incluindo insetos daninhos aos coqueiros-da-bahia, carnaúba, babaçu e dendezeiro. Em acácia negra destacou-se OSWALDO BAUCKE (1958) com os serradores; em erva-mate, destacou-se EMIL KOBER (1956-1961) com biologia e combate da lagarta da erva-mate; em ficus (Ficus benjamina) destacaram-se os trabalhos de CHARLES F. ROBBS (1962) com o trips na arborização do Rio de Janeiro. C.H. REINIGER noticiou, em 1953, uma lagarta nociva às mudas de Araucaria angustifolia; K. E. SCHEDL (1951-1953) ofereceu grande contribuição ao estudo da taxonomia e morfologia de Scolytoidea em cedro (Meliaceae) e açoita-cavalo (Luehea sp.). Com relação a madeiras, muitos trabalhos foram realizados abrangendo os cupins, anobiídeos e lictídeos. J. OITICICA (1951) demostrou a importância da fotografia nas pesquisas entomológicas. Em 1962 foi realizado o I SIMPÓSIO SOBRE CONTROLE BIOLÓGICO NO BRASIL passando a Entomologia Florestal a dar certa ênfase aos inimigos naturais, estimulada pelos problemas de intoxicações causadas por inseticidas clorados e fosforados cujos testes foram realizados durante o período. Nos anais de tal encontro, ARISTÓTELES G. D'ARAUJO E SILVA publicou uma excelente contribuição ao pregar a associação entre o combate químico e o biológico de pragas florestais. Na década de 60, a Entomologia Florestal brasileira foi marcada por uma profunda transformação porque esta foi a época em que se estabeleceu toda a legislação da nova política florestal brasileira, concebida para atender à ênfase industrial preconizada pelo governo federal, em especial, após a revolução de 1964. Com a criação da primeira Escola Nacional de Florestas do país, em 1960 na cidade de Viçosa (MG), a Entomologia Florestal deixou de ser um desagregado esforço da Agronomia para ser inventariada, questionada e transformada em ensinamentos destinados à formação de uma nova qualificação profissional, a de Engenheiro Florestal. Coube ao professor FREDERICO VANETTI, da atual Universidade Federal de Viçosa, a missão de ser o primeiro a lecionar Entomologia Florestal, como disciplina de formação universitária no Brasil. O inventário de sua experiência e de seus ensinamentos no período de 1962/1963 foi coligido, em 1963, no trabalho Pragas de Essências Florestais abrangendo a diversos insetos referidos como daninhos a 35 essências florestais. A Lei 5.106 que instituiu o incentivo fiscal para o reflorestamento, a criação de mais duas escolas de Engenharia Florestal no país e a criação do IBDF (Instituto de Desenvolvimento Florestal, ataul IBAMA) e oficialização da carreira de Engenheiro Florestal, pelo Decreto-Lei 289, permitiram chegar ao final da década com centenas de empresas florestais, milhares de projetos de reflorestamento em execução e grande quantidade de trabalhos publicados sobre a nova experiência florestal em todo o Brasil. A nova profissão e os recursos canalizados para a área permitiram a expansão de três para 12, na quantidade de escolas de florestas durante a década de 1970. Com a necessidade de rever, pesquisare gerar informações para o ensino de Engenharia Florestal nas escolas e dar soluções aos problemas de pragas florestais nas empresas, começaram aparecer os primeiros estudiosos exclusivos e a pós- graduação especializada no assunto, do Brasil. São pioneiras as teses do Prof. EVONEO BERTI FILHO intituladas Observações sobre a biologia de Hypsipyla grandella (Lep.: Phycitidae) e Biologia de Thyrinteina arnobia (Lep.: Geometridae) e observações sobre a ocorrência de inimigos naturais, em 1973 e 1974, respectivamente. De sua orientação surgiram os trabalhos Estudo das principais pragas das ordens Lepidoptera e Coleoptera dos eucaliptais do Estado de São Paulo e Efeito do controle químico e microbiológico sobre três pragas de eucaliptos e outros insetos, em 1975/76. Outros trabalhos produzidos nas décadas de 60/70 foram: Prejuízos causados pela formiga saúva em plantações de Eucalyptus e Pinus no Estado de São Paulo por ELPÍDIO AMANTE em 1967; Ocorrências de insetos na Companhia Siderúrgica Belgo Mineira e combate experimental por diversos meios por LAÉRCIO OSSE e ANDRÉ BRIQUELOT, em 1968 e Nota sobre Eupseudosoma involuta (Lep.: Arctiidae) praga do Eucalyptus spp por F.F. BALUT e ELPÍDIO AMANTE em 1971. Muitos outros foram divulgados, principalmente nos congressos realizados pela Sociedade Entomológica do Brasil, a partir de 1973 os quais permitiram FRANCISCO A. M. MARICONI incluir em seu livro Inseticidas e seu emprego no Combate às Pragas, em 1976, e a DOMIMGOS GALLO e co-autores em seu Manual de Entomologia Agrícola, em 1978, um capítulo sobre pragas de essências florestais caracterizadas pelo resumo da descrição do inseto, danos causados e métodos específicos de combate. Através de trabalhos importantes como as notícias de ocorrências de surtos de pragas florestais em todo o país, as teses sobre a biologia dos insetos caracterizados como pragas, as instalações de projetos de pesquisas, financiadas pelo IBAMA, EMBRAPA, Universidades e outras Instituições, foi possível uma mobilização dos entomologistas florestais brasileiros no sentido de se organizarem e concentrarem esforços no desenvolvimento do campo de trabalho. Neste sentido uma reunião convocada durante a realização do VII CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, realizada em Fortaleza (CE) em 1981, buscou a união e o entrosamento dos pesquisadores da área, em encontros temporários para troca de experiências na pesquisa e no ensino de Entomologia Florestal. O primeiro encontro deste grupo, foi realizado em fevereiro de 1982 em Curitiba (PR) e reuniu 51 interessados de todo o país; o resultado das avaliações e orientações preconizadas foi publicado nos ANAIS DO VI SEMINÁRIO SOBRE ATUALIDADES E PERSPECTIVAS FLORESTAIS-SITUAÇÃO DA ENTOMOLOGIA E DA PATOLOGIA FLORESTAL NO BRASIL. A partir deste ponto, painéis, mesas redondas e sessões especialmente destinadas à Entomologia Florestal passaram a ocupar os congressos, simpósios, seminários, cursos e diversos outros eventos concebidos e executados em todo o país. Atualmente, a pesquisa florestal entomológica no Brasil busca revelar a influência ambiental e as propriedades das populações de pragas importantes, através da investigação dos efeitos de certos fatores do ambiente, como vegetação, clima e inimigos naturais, e da relação destes fatores com a flutuação populacional a fim de identificar aqueles que são determinantes na explosão populacional de insetos daninhos. O objetivo desta técnica analítica é o de fornecer um quadro das causas e efeitos associados aos surtos de insetos florestais, formando uma base útil e necessária ao estabelecimento de uma tecnologia de manejo integrado daquelas espécies de insetos que, efetivamente, possam ser consideradas como pragas florestais. Neste sentido os Entomologistas Florestais brasileiros vem desenvolvendo diversas estratégias visando conter a ação devassaladora dos insetos. Dentre elas, citam-se: a)-Conscientização: Nesta questão, vem sendo feito um trabalhado de convencimento, junto às empresas e ao governo, sobre os níveis de danos causados às essências florestais e seus produtos. Além disso, estão sendo mantidas intervenções em diferenciadas áreas das empresas, mantendo discussões conjuntas para a descoberta de melhores soluções para seus problemas. b)-Pesquisa: Um grande avanço no combate às pragas florestais está sendo dado com a contratação de serviços entomológicos, por firmas especializadas no manejo de populações de insetos daninhos, com a finalidade de estudar, monitorar e combater surtos, testar novos produtos e novas dosagens visando maior eficiência e menores impactos ambientais. Este trabalho vem sendo feito, quer seja por meio de pesquisas que desenvolvem medidas curativas quer por medidas que permitem implantar combates preventivos de uma boa quantidade de pragas. Além do combate biológico, estão sendo feitas pesquisas sobre manejo integrado de pragas, por meio de levantamentos dos principais insetos da região, colhendo-os e identificando-os. Em determinadas situações esses insetos são enviados a universidades para serem identificados e posteriormente, combatidos. Vale a pena ressaltar que estão sendo feitos estudos sobre a dinâmica populacional dos insetos, para que se possa fazer o seu combate, de maneira mais eficiente. Um bom exemplo disso é o monitoramento da ocorrência de formigas cortadeiras e de seus efeitos visando a tomada de decisão sobre a necessidade de seu combate. Como grande desafio para o profissional da área de Entomologia Florestal pode-se citar a necessidade de aumento substancial no incentivo às pesquisas da área. Estas pesquisas deveriam ser direcionadas para o desenvolvimento de técnicas de combate mais eficientes, menos dispendiosas, mais práticas e menos poluidoras. Permeando estas questões deveria estar sendo implementado um processo de educação florestal e ambiental, com orientações sobre o uso de agrotóxicos e adoção do Receituário Agronômico. Paralelamente, deveria ser aumentado o convívio de estudantes e de professores da área com silvicultores e outros segmentos da sociedade, visando desenvolver atividades práticas conjuntas. II - MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS FLORESTAIS 1 - CONCEITOS GERAIS Os insetos concorrem com o homem porque utilizam as culturas florestais e seus produtos, para proverem-se de alimento e abrigo ou para se reproduzirem. Outros insetos, entretanto, não são concorrentes e utilizam tais culturas e produtos para produzirem bens de grande utilidade ao homem. Este é o caso, por exemplo, dos insetos polinizadores, dos insetos predadores, parasitóides e competidores e dos insetos produtores de mel, cera, própolis e geléia real. Neste contexto, deve-se considerar como Inseto florestal a qualquer espécie de inseto que esteja associado às florestas, às árvores e aos seus produtos. Como Praga Florestal, diz-se qualquer espécie de inseto florestal que já tenha manifestado sua capacidade de causar perdas expressivamente significativas à qualidade ou ao rendimento do fim a que se destinam às florestas, árvores ou seus produtos. Note-se que uma simples injúria causada por tais insetos não implica necessariamente na ocorrência de perdas (prejuízos, danos). O termo Prejuízo, ou os equivalentes Perdas e Dano, tem uma conotação tipicamente econômica, mas pode significar também, perdas de ordem ecológica, paisagística, social, política, administrativa, sanitária e outras que não podem ser medidas financeiramente. Dessa maneira, a decisão de se gastar com o combate de qualquer praga pode ser facilmente tomada se for conhecido um valor ou um limite nos prejuízos que a referida praga pode causar ou já esta causando e mais o custo do combate. Este valor, ou este limite, é conhecido como Nível de Dano Econômico, ou simplesmente NDE. Entende- se como NDE à quantidade de insetos de uma dada praga, em condições de provocaremprejuízos cujo valor é equivalente ao valor das despesas que serão gastas para o seu combate (Fig 01). Por Combate entende-se a aplicação direta de qualquer técnica que sirva para eliminar a presença da praga na floresta, nas árvores ou em seus produtos. Já o termo Controle refere-se ao uso de várias técnicas de combate no sentido de eliminar parte da população do inseto-praga. O “controle” dá ênfase apenas em eliminar os insetos sem levar em consideração as consequências ou efeitos colaterais do uso das técnicas de combate. Atualmente, o conceito de controle é filosoficamente muito mais adequado porque enfatiza a necessidade de conviver harmoniosamente com a praga até o ponto em que os estragos causados por ela se tornam expressivamente significativos. Este novo conceito, já adotado desde a década de 80, chama-se Manejo Integrado de Pragas (=MIP) e significa o uso racional de todas as possíveis técnicas de combate, visando reduzir os prejuízos causados pelas pragas apenas até níveis de danos que podem ser aceitos tecnicamente (NDE), sem causar quaisquer efeitos colaterais significativamente deletérios ao ambiente. 2 –TÉCNICAS DE COMBATE USADAS NO MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS FLORESTAIS Antes do advento dos inseticidas químicos, as técnicas de combate aos insetos eram simples e práticas. Diversas destas técnicas, muitas vezes empíricas mas funcionalmente comprovadas pela experiência do povo, são eficientes e úteis para resolver problemas de pragas florestais. A sabedoria popular e a experiência do dia-a-dia vivida pelo homem do campo são virtudes que precisam ser consideradas pelo Engenheiro Florestal na sua prática entomológica. Tais técnicas comuns de combate direto aos insetos podem ser agrupadas em Técnicas de Catação, Técnicas do Uso de Barreiras, Técnicas do Uso de Fogo, Técnicas de Manipulação do Calor e Técnicas de Manipulação da Umidade, Elas são altamente promissoras quando aplicadas em pequena escala, de maneira artesanal, como em árvores isoladas, móveis ou peças de madeira, pequenos parques ou jardins, pequenas serrarias, depósitos ou pequenos armazenamentos e outras situações mais simples. Em certos casos o uso destas técnicas em larga escala é possível, mas pode requerer muita mão-de-obra e resultar em altos custos. Outras técnicas são as de Manipulação da Luz, as de Manipulação da Energia Radioativa, as de Manipulação de Inimigos Naturais, as de Resistência ao Ataque dos Insetos Florestais, as do Uso de Agrotóxicos e as Técnica de Uso de Leis. 2.1 – TÉCNICAS DE CATAÇÃO A catação, como técnica de combate a pragas, consiste em localizar, recolher manualmente e destruir os insetos que estão causando os prejuízos. Esta técnica pode ser usada em focos pequenos, ou onde houver poucos insetos, ou onde a mão- de-obra for de baixo valor, ou onde houver riscos evidentes no uso de produtos químicos, ou onde os insetos forem grandes ou, ainda, onde se apresentarem em colônias de fácil coleta. A catação manual de lagartas em canteiros de mudas, de ovos e larvas nas copas das plantas, de besouros desfolhadores em mudas e o esmagamento de larvas broqueadoras ou de colônias de pulgões nas folhas são práticas que encontram aplicação em locais onde os insetos são de fácil acesso. O uso rotineiro da catação manual de lagartas-rosca e grilos em canteiros de mudas resulta em combate tão satisfatório para estas pragas de viveiro quanto o uso de inseticidas químicos modernos. A catação manual é a única técnica viável para resolver o problema de besouros “Cai-cai” em reflorestamentos de eucalipto no Brasil. A catação de mariposas fêmeas que se abrigam nos troncos das árvores durante o dia e de suas posturas já foi experimentada com sucesso no combate à praga conhecida como “Lagarta-parda-do-eucalipto”. Nestes casos, os insetos recolhidos em recipientes, onde são mortos e depois enterrados; o rendimento desta operação varia entre um a dois hectares/homem/dia. A mesma técnica pode ser usada na coleta de massas de ovos e pupas de insetos que se localizam predominantemente nas partes baixas das árvores. A destruição direta dos ninhos de formiga “Quemquém” e de tanajuras instalada em ninhos novos, quando em pequena escala, é altamente eficiente e adequada para uso em pequenas propriedades. 2.2 – TÉCNICAS DO USO DE BARREIRAS O uso de barreiras consiste em colocar um obstáculo entre o inseto e as árvores ou os seus produtos. Ela tem encontrado grande aplicação em árvores isoladas, pequenos viveiros, canteiros, áreas experimentais e em áreas urbanas. O uso de bacia anelar feita de cimento, cerâmica ou de pneu, bandagem e cone com adesivo ou com repelente e outros obstáculos podem ser adotados quando se deseja impedir o acesso de insetos á copa das árvores, como no caso de formigas cortadeiras e lagartas desfolhadoras que se abrigam no solo. O uso de telados, ou de vidraças, pode ser adotado em canteiros, viveiros e casas-de-vegetação com grande eficiência para prevenir a ocorrência de pragas porque promove o completo isolamento das árvores lá cultivadas. A simples manutenção de uma faixa limpa no terreno ao redor do viveiro inibe o acesso de lagartas-roscas e de grilos, os quais só se refugiam em locais sujos. Por outro lado o subbosque presente na floresta evita o pouso de tanajuras e, assim, diminui e reinfestação de formigas cortadeiras. Nos caso em que se transporta madeiras através de cursos d'água, manter as peças submersas na água é uma forma de proteção contra o ataque de insetos broqueadores. A pintura de peças de madeira com tintas plásticas protege contra a incidência de carunchos e de cupins porque os primeiros só ovipositam em poros abertos da madeira e os cupins só se instalam em furos e reentrâncias desobstruidos. Em armazenamento, a proteção contra gorgulhos em sementes pode ser totalmente conseguida se tais sementes forem acondicionadas em embalagens que impedem o acesso destes insetos. 2.3 – TÉCNICAS DO USO DE FOGO O fogo controlado é medida obrigatória no combate a insetos que se desenvolvem em materiais descartáveis, como peças de madeiras carunchadas, galhos cortados por besouros serradores e resíduos imprestáveis nas serrarias. Tais materiais funcionam como focos de multiplicação e de disseminação de insetos daninhos. Na preparação do terreno em áreas infestadas por formigas cortadeiras, onde a vegetação natural dificulta a localização das colônias, o uso do fogo controlado evidencia a presença dos ninhos ativos o que permite aumentar a eficiência do combate químico. 2.4 – TÉCNICAS DE MANIPULAÇÃO DO CALOR A manipulação do calor como fator físico ambiental permite combater insetos através das possibilidades da elevação e abaixamento da temperatura visando atingir níveis fatais (acima de 52 C ou abaixo de –20 C) ou períodos de exposição térmica que induzem á morte ou paralisação do desenvolvimento do inseto. Para que haja morte é necessário levar em conta a intensidade e o tempo de exposição do calor usado porque níveis aparentemente não deletérios podem ser fatais se aplicados por tempo suficientemente longo. O uso do calor solar para secagem de frutificações mata os ovos e as larvas de gorgulhos das sementes. O uso de estufas secadoras (45-60 o C) de madeiras em fábricas de móveis é suficiente para eliminar insetos em qualquer fase, no interior das peças, pela ação prolongada da temperatura elevada combinada com a desidratação da madeira. A retirada do calor ambiental como se faz nas câmaras-frias, mata ou retarda o desenvolvimento dos insetos destruidores de sementes. Temperaturas que retardam a multiplicação de pragas já representam um grande benefício na diminuição da quantidade de insetos ao longo do armazenamento. Associando-se a isto o uso de embalagens que funcionem como barreira, a infestação pode ser totalmente evitada. 2.5 - TÉCNICA DEMANIPULAÇÃO DA UMIDADE A manutenção de alta umidade nos produtos florestais, normalmente, favorece a ocorrência de fungos os quais promovem a degradação do material lenhoso cuja fermentação produz odores que atraem besouros broqueadores e cupins subterrâneos. Por outro lado, madeiras muito secas mas não tratadas preventivamente, favorecem a ocorrência dos cupins-de-madeira-seca e de carunchos. A secagem rápida deve ser usada para impedir a ocorrência de besouros-de-ambrósia, os quais são broqueadores em toras de madeiras empilhadas e armazenadas em serrarias. A secagem ao sol é a melhor e mais prática técnica para matar os carunchos e outras brocas que se desenvolvem nas sementes florestais. 2.6 – TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO DA LUZ Consiste em utilizar faixas de radiações luminosas (300 a 770 nm) que apresentam alta atratividade para os insetos, especialmente os noturnos, dispostas em armadilhas capazes de capturá- los imediatamente. Para que funcionem é necessário colocar uma substância mortífera no interior do dispositivo de armazenamento das coletas. As melhores lâmpadas são as fluorescentes de luz ultravioleta (300-450nm), utilizadas em armadilhas luminosas. As armadilhas luminosas só podem ser usadas no combate a insetos adultos e que voam à noite, limitadamente em áreas pequenas como viveiros de produção de mudas, jardim clonal ou pequenos reflorestamentos. Para formas jovens, como lagartas por exemplo, e em áreas extensas ou sem fontes de energia elétrica, a sua utilização fica inviabilizada. A existência de armadilhas luminosas que utilizam baterias de veículos ou painéis fotovoltaicos como fonte de energia pode ser uma solução viável para aplicação em locais onde energia elétrica convencional não está disponível. Há registros de uso de lampiões a gás de cozinha, com adequada eficiência na coleta de lepidópteros, em surtos populacionais ocorrentes em reflorestamentos. 2.7 – TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO DA ENERGIA RADIOATIVA Esta já é uma técnica sofisticada para o combate comum de pragas florestais por que envolve o uso de equipamentos especiais só utilizáveis em programas muito restritos. A radiação ionizante pode ser empregada na esterilização de produtos florestais infestados por insetos, especialmente quando os mesmos estão no interior de peças de madeira. Neste caso, aplica-se uma carga de radiação suficiente para matar os insetos. Esta técnica não deixa resíduos mas, por consequência, não impedirá a reinfestação do produto tratado. Outra maneira de usar a energia radioativa é conhecida como Técnica do Macho Estéril - TME e consiste em aplicar uma adequada dosagem de radiação em machos da praga, visando a sua esterilização reprodutiva. Tais machos devem ser liberados, em grandes quantidades, na população natural onde passam a competir sexualmente com machos normais. A conseqüência é que a expressiva presença destes machos resulta na redução imediata de novas gerações por causa dos acasalamentos estéreis. Não há precedentes importantes que sirvam para ilustrar sua aplicação no manejo de pragas florestais no Brasil. Uma recente maneira de usar a energia radioativa está sendo desenvolvida no sentido de induzir, por mutação, a presença de genes deletérios em insetos criados nos laboratórios. Tais mutantes são liberados no campo visando transmitir estes genes aos insetos da população natural e, assim, causar a morte dos descendentes e a conseqüente redução populacional. 2.8 –TÉCNICA DA MANIPULAÇÃO DE INIMIGOS NATURAIS (=Combate Biológico = Controle Biológico) Florestais naturais são aquelas que se desenvolveram sem que o homem as plantassem e podem ser completamente virgens ou já alteradas pela ação antrópica. Tanto nas florestas naturais como nas culturas florestais, ocorre uma complexa relação entre o potencial de reprodução dos organismos vivos e a resistência que os fatores ambientais oferecem à sobrevivência de seus descendentes. Tal inter- relacionamento resulta na estabilização da quantidade de organismos vivos locais, ao longo do tempo e constitui a razão pela qual não é muito comum ocorrerem superpopulações de insetos em florestas naturais. A este fenômeno da natureza se convencionou chamar de EQUILÍBRIO BIOLÓGICO NATURAL e foi descrito, pioneiramente, por CHARLES DARWIN (1809-1882). O mais importante fator de resistência ambiental à sobrevivência dos insetos é constituído pelos organismos vivos que são os seus inimigos naturais. Assim, o combate biológico consiste em usar técnicas de manipulação dos inimigos naturais dos insetos no sentido de manter as pragas florestais em densidades populacionais toleráveis, ou seja, abaixo do nível de dano econômico (NDE). Essa técnica de manejo das pragas tem como objetivo o de recuperar mecanismos naturais de equilíbrio biológico natural, perdidos ao se provocar alterações no ambiente pela implantação das culturas florestais. O uso de inimigos naturais para o combate aos insetos-pragas é vantajoso porque eles não causam alterações indesejáveis no ambiente, quando usados adequadamente. Cada espécie de praga está relacionada com um grupo de inimigos naturais próprios e o uso de qualquer um deles não apresenta maiores riscos de ação deletéria sobre quaisquer outras espécies de seres vivos. Por outro lado, as técnicas de combate biológico apresentam limitações uma vez que os seus efeitos são muito lentos no ambiente o que as tornam completamente ineficientes nos casos de surtos populacionais repentinos onde a ação imediata é necessária para evitar o aumento nos estragos causados pela praga. Apresenta, também, um custo inicial altíssimo devido à dificuldade para gerar a tecnologia de uso de cada inimigo natural. Muitas vezes, isto requer o estudo da biologia da praga e, ainda, a de um hospedeiro alternativo, bem como das condições ambientais que afetam a sobrevivência do inimigo natural. O uso de inimigos naturais funciona melhor somente em ecossistemas perenes ou onde os tratos silviculturais não comprometem a estabilidade populacional dos agentes de combate biológico aplicados. 2.8.1-AGENTES DE COMBATE BIOLÓGICO Os seguintes organismos vivos constituem os agentes que podem promover o combate biológico de pragas florestais. a)-PREDADORES Predadores são aqueles organismos que necessitam de comer vários indivíduos da espécie praga para, assim, poderem sobreviver. Eles podem ser específicos como a joaninha que só se alimenta de pulgões, ou inespecíficos como as aves que se alimentam de quase todo tipo de insetos. As aranhas, predadoras inespecíficas, constituem inimigos naturais de grande relevância pela capacidade em colonizar os novos ecossistemas, onde prestam importantíssimo serviço de combate biológico. Muitas espécies de ácaros são de grande importância na predação de insetos daninhos, merecendo atenção os das famílias Phytosseidae, Trombididae e Hemisarcoptidae. Entre os vertebrados, os predadores são constituídos pelos pássaros, tamanduás, morcegos, ratos, marsupiais, répteis, anfíbios e outros organismos superiores que usam os insetos em suas dietas durante pelos menos uma fase de suas vidas. Este tipo de agente de combate biológico é, geralmente, inespecífico, entretanto, é bem conhecida a ação de tatus sobre cupins e formigas, a de tamanduás sobre os cupins e a de morcegos sobre lepidópteros noturnos. As aves se constituem no mais importante grupo de vertebrados predadores de insetos devido a sua abundância e permanente ação nos ecossistemas. As andorinhas, por exemplo, se alimentam diariamente apenas de insetos capturados em vôo. b)-PARASITOS: Parasitos são insetos que, para o seu completo desenvolvimento e reprodução, necessitam alimentar-se em apenas um indivíduo da espécie de inseto-praga. Os parasitos em que pelo menos uma fase do ciclo biológico é de vida livre são chamados de parasitóides e, estes, têm sidosos parasitos mais estudados e utilizados no combate biológico de pragas florestais no Brasil. Entre os himenópteros, os parasitóides do gênero Trichogramma atacam os ovos, os do gênero Apanteles atacam as lagartas e os do gênero Tetrastichus atacam as pupas de pragas florestais brasileiras. c)-PATÓGENOS: Patógenos são organismos capazes de causarem doenças nos insetos. Eles podem ser constituídos por fungos, vírus, bactérias, protozoários e nematóides. O uso de fungos entomopatogênicos tem oferecido melhores resultados no combate de cochonilhas e cigarrinhas em diversas culturas brasileiras. No campo florestal, a pesquisa para o uso de Beauveria bassiana para o combate a cupins que atacam as árvores e as edificações de madeira, tem oferecido resultados promissores. Por outro lado, é muito comum encontrar insetos florestais, principalmente quando em surtos populacionais, contaminados por este fungo e por outra espécie de fungo patogênico chamada Metarrhizium anisopliae. Tais fungos são fáceis de serem reproduzidos em laboratório, mas apresentam exigências especiais de umidade e temperatura para serem eficientes em aplicações a nível de campo. As bactérias que produzem esporos têm sido as mais estudadas por permitirem fabricar formulações inseticidas estáveis em armazenamento. Entre estas, Bacillus thuringienses é a espécie de bactéria mais usada e sua formulação comercial constitui a maneira mais fácil de introduzir inimigos naturais no combate a pragas florestais no Brasil. Esta bactéria apresenta ação específica sobre a fase de lagartas e não tem nenhum efeito sobre outros animais. Diversas espécies de lagartas desfolhadoras de essências florestais no Brasil podem ser combatidas pelo uso desta bactéria que é aplicada na forma de um pó produzido e vendido comercialmente. Os vírus são agentes freqüentemente responsáveis pelo desaparecimento repentino de grandes surtos de insetos devido à facilidade com que se propagam entre os indivíduos em superpopulação. São conhecidas mais de 300 espécies de vírus patogênicos aos insetos e estes são contaminados por ingestão de materiais infectados. As lagartas quando portadoras de virose, param de comer, de movimentar e ao final de alguns dias penduram-se pelas pernas abdominais, morrem, ficam bronzeadas ou leitosas e apodrecem rapidamente. A ocorrência de virose é facilmente reconhecível pela presença de lagartas penduradas nos galhos, ora secas, ora se liqüefazendo. Os vírus de maior interesse são as poliedroses, as granuloses e os vírus de partículas livres. O uso de vírus no combate a insetos pode ser feito através da maceração de lagartas mortas que são misturadas em água e pulverizadas sobre a área com nova infestação, mas isto requer estudos científicos que comprovem sua inocuidade ao homem e outros animais. Diversas espécies de nematóides vivem obrigatoriamente no interior do corpo de insetos conhecidamente pragas. O uso de nematóides apresenta fortes restrições devido às exigências de condições muito específicas de temperatura e de oxigenação para que possam atuar eficientemente, mas eles apresentam as vantagens de não serem afetados, facilmente, por inseticidas comuns, de serem facilmente criados em laboratórios e de não serem patogênicos a outros animais. No Brasil, o nematóide Deladenus siricidicola é o único exemplo que está sendo usado intensivamente no combate da "vespa-da-madeira" (Sirex noctilio), introduzida nas plantações de Pinus da Região Sul. Este nematóide esteriliza as fêmeas das vespas em níveis de até 70% dos insetos encontrados no campo. d)-COMPETIDORES: Os competidores são aqueles organismos que competem pelo uso de algum fator de sobrevivência, importante para a espécie de inseto praga. Os próprios insetos constituem o grupo mais importante de agentes competidores das pragas. Esse grupo de inimigos naturais tem recebido pouca atenção por parte dos pesquisadores na área de Entomologia Florestal do Brasil. Entretanto, é interessante salientar que entre as espécies de formigas consideradas predadoras, muitas desempenham um papel predominantemente competidor e não propriamente predador de pragas florestais. Existem fortes evidências de que há uma grande competição entre as formigas cortadeiras dos gêneros Atta (Saúvas) e Acromyrmex (Quenquém), no que diz respeito à utilização de vegetais. A ocorrência de brigas entre colônias de saúvas é relativamente comum nos locais muito infestados por saúvas, onde a presença de centenas de formigas mortas é o sinal mais evidente da ocorrência do fenômeno. O uso apropriado de certas espécies de formigas, como as do gênero Azteca e as do gênero Dolichoderus, é uma opção que precisa de maiores estudos no manejo integrado de pragas florestais. 2.8.2-PRÁTICA DO COMBATE BIOLÓGICO Os inimigos naturais podem ser utilizados no manejo integrado de pragas florestais a partir da conservação e melhoria do ambiente em que vivem, ou através de sua multiplicação em condições controladas ou, ainda, a partir da sua introdução, proveniente de outras regiões ou países. a)-CONSERVAÇÃO E MELHORIA DO AMBIENTE: A manutenção das condições ambientais adequadas à reprodução, alimentação e refúgio dos inimigos naturais nativos constitui a forma mais simples e mais prática de usar o combate biológico contra as pragas florestais. Essa adequação ambiental deve começar com o preparo do terreno, deixando-se ilhas ou faixas de vegetação natural com o propósito específico de manter condições originais de sobrevivência das espécies de inimigos naturais úteis à cultura florestal a ser implantada no local. A escolha das essências florestais deve ser feita com base num critério diversificador onde várias espécies de árvores devem ser eleitas no lugar de uma monocultura florestal. A possibilidade de consorciar as essências florestais com um subbosque não-competitivo, certamente, irá favorecer o desenvolvimento de maior diversidade específica entre os herbívoros e, por consequência, dos seus inimigos naturais. A restrição às práticas agressivas ao ecossistema é uma técnica que visa preservar o ambiente favorecendo a sobrevivência e multiplicação natural de agentes que promovem o combate biológico. O uso do fogo é uma prática extremamente agressiva aos inimigos naturais que vivem no subbosque da floresta e só pode ser tolerado em situações especiais e sob condições muito bem controladas. O uso de agrotóxicos (herbicidas, fungicidas, inseticidas, etc.), em especial os de largo espectro de ação, só pode ser autorizado em ocasiões tecnicamente excepcionais e através do Receituário Agronômico. A prática de não caçar os animais, especialmente de aves, incentivada através de educação escolar, placas de advertência, campanhas especiais e da vigilância permanente, complementam o conjunto de técnicas necessárias à manutenção de condições adequadas ao desenvolvimento natural dos inimigos naturais das pragas florestais. b)-PRODUÇÃO MASSAL DE INIMIGOS NATURAIS NATIVOS Quando as populações de inimigos naturais não se desenvolvem suficientemente até o ponto de promoverem o combate biológico dos insetos daninhos ou, quando se esgotam as possibilidades de melhorar as condições para tal finalidade, então deve-se selecionar certos inimigos naturais nativos no ambiente para serem multiplicados em laboratório e posteriormente liberados, de forma inundativa, nos locais onde forem necessários. Para tal, é necessário um amplo programa de seleção dos possíveis inimigos, completo estudo de sua biologia e de suas relações com a praga, desenvolvimento de satisfatória técnica de multiplicação e de acompanhamento de sua ação após liberados nas condições de campo. Diversos parasitóides (Trichogramma spp., por exemplo), predadores (Podisus spp., p. ex.) patógenos (fungo Beauveria bassiana, p. ex.) têm sido objetos de intensa pesquisa com esta finalidade.c)-INTRODUÇÃO DE INIMIGOS NATURAIS EXÓTICOS Quando os agentes nativos não oferecem nenhuma possibilidade concreta de uso, deve-se importar inimigos naturais de outras regiões (outras florestas, ou de outros municípios, estados, países ou até de outros continentes). Nesse sentido, a coleta e o transporte de insetos já parasitados, de um local onde o parasitismo é alto, para focos onde o parasitismo é pequeno ou a transferência direta de predadores de um local para outro, são práticas de introdução de inimigos naturais frequentemente em uso. A bactéria Bacillus thuringiensis, cuja formulação é importada e facilmente encontrada no comércio do Brasil, é muito usada no combate de lagartas em culturas florestais brasileiras. Quando a praga a ser combatida biologicamente foi introduzida a partir de outro país, ou de outro continente, a melhor opção é introduzir, também, algum inimigo natural selecionado no local de origem da praga . A esta maneira se denomina de “Controle Biológico Clássico”. É justamente o que está sendo usado no combate à Vespa-da-madeira (Sirex noctillio) nos reflorestamentos de pinus, no sul do Brasil. Como tal vespa proveio do mediterrâneo, o uso do nematóide Deladenus siricidicola, importado de lá e já em uso na Austrália, constitui uma realidade em termos práticos de combate biológico clássico no manejo integrado de pragas florestais no Brasil. 2.9 – TÉCNICA DA RESISTÊNCIA AO ATAQUE DOS INSETOS FLORESTAIS É uma técnica de manejo integrado a pragas que consiste em utilizar espécies, procedências, variedades ou clones de essências florestais cujas árvores, ou de seus produtos, possuem mecanismos genéticos capazes de diminuírem os estragos causados pelos insetos, em relação a outras essências florestais nas mesmas condições ambientais. Por consequência, essência florestal susceptível é aquela cuja finalidade é muito mais prejudicada pelos insetos, nas mesmas condições. As essências florestais podem, ainda, serem classificadas em altamente resistentes, moderadamente resistentes e altamente susceptíveis dependendo da diferença em relação à média geral dos prejuízos observados. Existem essências florestais cujas árvores não são atacadas e portanto, não apresentam qualquer injúria relacionada ao inseto sendo, neste caso, consideradas como imunes. O uso de árvores que apresentam alguma resistência ao ataque de insetos é a alternativa de combate mais promissora que existe para o manejo integrado dos insetos florestais. Esta técnica dispensa qualquer conhecimento por parte do usuário, não acarreta qualquer ônus na aplicação direta, permite conviver com as pragas, não interfere em outras práticas silviculturais, não há nenhuma restrição de uso e dispensa qualquer outro tipo de interferência adicional no ecossistema. Entretanto, a manifestação da resistência ao ataque de insetos depende das condições ambientais que regulam a expressão das características fenotípicas das árvores. Por causa disso, qualquer essência florestal pode ser resistente a uma dada espécie de praga e não o ser a outra, ser numa determinada idade, numa certa época do ano, num tipo de solo, numa dada temperatura, numa região, ou numa condição qualquer e não o ser em outra. Os lavradores do Estado de São Paulo, por exemplo, acreditam que os eucaliptos depois de dois ou três anos de idade ficam resistentes às saúvas e que se ocorre algum prejuízo ele é tão baixo que não justifica qualquer despesa com combates. A resistência de diversas espécies de Eucalyptus ao ataque de saúvas já foi pesquisada e como altamente resistente a elas encontrou-se as espécies Eucalyptus nesophila e E. cloeziana (Procedência 9785). Tal descoberta já é suficiente para evidenciar a possibilidade de se utilizarem espécies-procedências de Eucalyptus resistentes no manejo integrado deste grupo de pragas. A resistência do eucalipto a lagartas desfolhadoras, também, já foi estudada e constatou-se que E. camaldulensis é altamente resistente ao desfolhamento pela lagarta Thyrinteina arnobia o que desencadeou o seu uso em larga escala nos reflorestamentos do Brasil. Existem espécies de eucaliptos que são mais atacadas e outras menos pelo besouro desfolhador Costalimaita ferruginea, sendo a maior preferência por Corymbia citriodora, mas entre outras espécies de árvores, as goiabeiras são as mais prejudicadas por este besouro. Com base nos diferentes mecanismos que as essências florestais apresentam para evitarem o ataque dos insetos, pode-se classificar a resistência em vários tipos, como a seguir. 2.9.1-ANTIXENOSE Nesse tipo de resistência, também referido como "Não-preferência", as essências florestais, ou seus produtos, são menos estragados pelos insetos por que elas não apresentam condições mais ruins para a alimentação, refúgio e/ou reprodução do inseto, do que outras espécies florestais à disposição. Dessa maneira, é necessário que o inseto tenha chance de escolha, entre as diversas árvores ou seus produtos, para que as mesmas possam expressar sua resistência por não-preferência. Há certas características na essência florestal que funcionam como estímulos orientadores do comportamento do inseto durante o processo de procura, teste e uso definitivo da árvore hospedeira. Essas características podem funcionar à distância como acontece com as cores, os odores e a conformação morfológica. Neste caso, tais características podem ser classificadas com atraentes ou com características repelentes, se agirem positivamente ou negativamente em relação aos insetos. Algumas espécies de mariposas noturnas são capazes de encontrarem hospedeiros adequados, através das diferentes faixas de luz infravermelha emitida pelo vegetal, durante á noite. Os insetos diurnos, como borboletas, utilizam diferentes espectros da cor verde para o mesmo propósito, mas outros utilizam faixas do amarelo, como é o caso das cigarrinhas e trips. Odores que beneficiam os insetos atraindo-os para as árvores são ditos "Cariomônios", já os odores repelentes e que só beneficiam as árvores que os emitem são ditas "Alomônios". A presença exclusiva de certo alomônio orienta o inseto para longe da essência florestal e o contrário ocorre com o cariomônio; a situação mais comum é a presença dos dois tipos de odores e a atração ou repelência ocorre em função da dominância de um sobre o outro. Árvores em processo de morte ou madeiras em secagem exalam diversos tipos de odores alcoólicos capazes de atraírem, á distância, os besouros broqueadores. Árvores que produzem mais álcoois atraem mais broqueadores do que aquelas que não os produzem. A atração exercida sobre os insetos é um mecanismo que age à distância e uma árvore que se comportar como atraente tem de ser, num segundo momento, testada pelo inseto através do comportamento conhecido como Picada de prova, visando alimentar-se, refugiar-se ou encontrar nela condições apropriadas para a reprodução. Os estímulos que afetam o inseto no momento da "picada de prova" são conhecidos como Incitantes ou Supressores. Os primeiros são constituídos po características da árvore que induzem o inseto a insistir no teste da árvore hospedeira; o estímulo supressor inibe tal comportamento. Características supressoras podem ser constituídas pela presença de abundante pilosidade, excessiva rigidez dos tecidos, superfícies muito lisas, dimensões inadequadas ao inseto, exposição excessiva á luz solar, presença de ceras, látex, resinas e outras capazes de desestimularem a tentativa do inseto em adotar o hospedeiro como o mais adequado. As árvores de seringueiras são muito atraentes às saúvas que consomem as suas folhas velhas, mas o ataque às brotações não é significativo porque as formigas cortadeiras ficam logo coladas no látex que exsuda imediatamente após a picada de prova nas novas folhas. Dessa maneira, seringueiras podem ser resistentes na maior parte do ano, mas podenão o ser na época em que todas as folhas estão maduras e sem látex. Estimulantes e Deterrentes são características que agem como estímulos terciários no sentido de permitirem ou não a conquista definitiva da essência florestal como hospedeira do inseto. Qualquer inseto pode ser eficientemente atraído por um hospedeiro e incitado a atacá-lo, mas terminar atacando outro completamente diferente porque o mesmo se revelou inadequado nutricionalmente, por exemplo. A presença de altas concentrações de aminoácidos nas folhas de árvores dominadas favorecem a sobrevivência de lagartas desfolhadoras; tais árvores são as primeiras a serem desfolhadas dentro de um povoamento de eucalipto. Altos teores de açúcares na seiva são características altamente estimulantes para a imediata colonização de partes tenras das árvores por pulgões sugadores. 2.9.2-ANTIBIOSE É um tipo de resistência caracterizado pela ação deletéria que certas características da essência florestal, ou de seus produtos, produzem sobre a biologia do inseto. Tal ação adversa pode estar relacionada com a sobrevivência, fertilidade e fecundidade, tamanho e peso, proporção sexual, duração do ciclo de vida e outros parâmetros biológicos importantes para o aumento populacional do inseto. As causas que determinam a antibiose podem estar relacionadas com a presença de substâncias tóxicas, ou de inibidores de crescimento ou com a deficiência em nutrientes do vegetal hospedeiro. Em meliáceas dos gêneros Cedrella, Swietenia e Carapa as novas brotações atraem, incitam e estimulam as fêmeas de Hypsipyla grandella (Lep.: Phycitidae) a depositarem seus ovos. O mesmo acontece com as árvores do Cedro-australiano (Toona ciliata; Meliaceae), mas as lagartas recém-eclodidas morrem ao se alimentarem porque este hospedeiro produz substâncias tóxicas a elas. Igual situação ocorre com lagartas de Thyrinteina arnobia (Lep.: Geometridae), quando se alimentam em folhas de Eucalyptus camaldulensis, tornando-o resistente a tal praga dos eucaliptos. 2.9.3-TOLERÂNCIA É um tipo de resistência em que a essência florestal, ou seus produtos, apresenta mecanismos capazes de permitirem a recuperação dos estragos causados pelos insetos, sem afetar a quantidade ou qualidade do fim a que se destina e sem exercer qualquer efeito adverso sobre a biologia de tal inseto. Esse tipo de resistência é de difícil detecção porque alta infestação de insetos não significa, necessariamente, que vai ocorrer expressivos prejuízos na produção. A expressão da tolerância está muito relacionada com o vigor do vegetal ou com a qualidade do produto florestal. Uma floresta bem conduzida e nutricionalmente equilibrada é perfeitamente capaz de recuperar-se do ataque de desfolhadores, por exemplo, produzindo maior quantidade de folhas novas ou retendo, temporariamente, folhas velhas para continuar o processo de fotossíntese. Na fase de implantação florestal no campo, o ataque de cupim é altamente prejudicial à sobrevivência das mudas porque o volume de raízes é demasiadamente pequeno para alimentar uma colônia destes insetos, mas após certa idade as novas árvores possuem tantas raízes que podem conviver perfeitamente com as populações de cupins. Na fase de manutenção florestal o volume de folhas que as árvores possuem é tão grande em relação à necessidade de uma colônia de formiga quenquém que o seu combate torna-se desnecessário, mesmo quando se encontra alta densidade de quenquenzeiros na floresta. Essências florestais tolerantes ao ataque de insetos constituem a situação ideal para o Manejo Integrado de Pragas Florestais porque permite a convivência com os mesmos, não exerce pressão no sentido de transformar o inseto em praga, como na antibiose, e favorece o desenvolvimento dos inimigos naturais. 2.9.4-PSEUDO-RESISTÊNCIA Há casos em que a essência florestal, ou seus produtos, é menos danificada do que outras em igualdade de condições, mas essa qualidade não é transmitida hereditariamente porque trata-se de uma condição temporária decorrente do uso de alguma técnica silvicultural apropriada ou decorrente de mera casualidade. O uso de técnicas adequadas para induzir condições temporárias de resistência aos insetos variam em função da finalidade das árvores, mas podem ser agrupadas, como a seguir: a)-ESCOLHA DAS ESPÉCIES FLORESTAIS: A adoção de espécies ecologicamente adaptadas diminui a vulnerabilidade e aumenta a capacidade de recuperação das árvores. Tem-se observado, paradoxalmente, que o plantio de espécies vegetais nativas apresentam problemas de pragas muito mais sérios do que a cultura de essências florestais exóticas. É sabido que a estabilidade do ecossistema de uma floresta depende, fundamentalmente, da diversidade de espécies vegetais e animais que nele vivem. Nesse sentido, o plantio heterogêneo deve exercer grande influência no manejo das pragas florestais e o estabelecimento de blocos de espécies florestais diferentes apresenta a vantagem de confinar a ocorrência de surtos, facilitar seu combate e diminuir as perdas decorrentes. A manutenção de um sub-bosque exuberante e não competitivo para as árvores pode resultar na diminuição populacional de uma praga porque a ação de inimigos naturais impede a sua sobrevivência. Por outro lado, a manutenção de ilhas de vegetação nativa pode, paradoxalmente, funcionar como foco de inoculação de pragas nos plantios. Determinadas plantas funcionam como hospedeiros alternativos e, nesse caso, devem ser eliminadas quando a sua presença favorece a incidência de pragas. É o caso, por exemplo da ocorrência de cipós que se enrolam nos troncos dos eucaliptos e favorecem a ocorrência da Broca-gigante conhecida como Phassus giganteus (Lep.: Hepialidae). Os principais insetos daninhos aos eucaliptais são espécies que se desenvolvem, naturalmente, em mirtáceas árvores nativas das famílias Leguminosae e Myrtaceae. Em certos casos, árvores decadentes, frutificações velhas, cepas não brotadas, galhos broqueados e outros focos de insetos daninhos devem ser recolhidos e eliminados para diminuir a multiplicação de pragas. A existência de tocos em plantios de eucalipto pode favorecer, por exemplo, a ocorrência de surto de besouros desfolhadores do gênero Psiloptera, durante o primeiro ano de desenvolvimento de uma nova floresta. b)-ÉPOCA DE PLANTIO OU DE COLHEITA Em certas regiões é possível fazer o plantio durante todo o ano. Quando isto é possível, plantar as mudas em períodos que não coincidem com os picos de ocorrência de pragas representa uma alternativa de sucessos no manejo de certas pragas. Os picos populacionais de Costalimaita ferruginea, por exemplo, ocorrem tipicamente em novembro e dezembro quando os plantios novos podem ser dizimados por essa praga. Plantios realizados de janeiro em diante nada sofrem. A produção de mudas em viveiros tradicionais durante o inicio da estação chuvosa apresenta o inconveniente da ocorrência generalizada de lagartas-rosca; isto pode ser evitado pela antecipação da semeadura, sem afetar o programa de plantio. Os insetos são os grandes responsáveis pela baixa disponibilidade de sementes de essências florestais nativas no Brasil. O atraso na colheita das sementes é a principal causa do baixo rendimento e do conseqüente aumento nos custos de produção. A colheita precoce impede o aumento da infestação de gorgulhos e a imediata preparação das sementes, certamente, resulta na diminuição de seus danos. De acordo com a sabedoria popular, os bambus e as madeiras colhidas na época de Lua minguante não dão carunchos e, dessa maneira, ficam preservadas sem o uso de produtos químicos. A colheita de tais produtos florestais em épocas que não apresentam luminosidade noturna que estimule o vôo dos carunchos traduz-se numa técnica que induz a pseudo-resistência nos bambus e madeiras ao ataque dos carunchos. c)-ADUBAÇÃO O vigorda árvore depende de seu estado nutricional e, dessa maneira, plantios que receberam adubação adequada se colocam em vantagem quando comparados a outros mal conduzidos nutricionalmente. O uso de pesada adubação em fósforo, por exemplo, foi considerado como o responsável pela redução de até 35% no desfolhamento causado em eucaliptos atacados por saúva-limão (Atta sexdens rubropilosa). 2.10 – TÉCNICA DO USO DE AGROTÓXICOS (=Método Químico=Combate Químico=Controle Químico) Consiste no uso de substâncias químicas que aplicadas direta ou indiretamente sobre os insetos provocam a sua morte. Por isso elas são chamadas de inseticidas e fazem parte das substâncias conhecidas como Pesticidas (=aquilo que mata pestes=doenças), Praguicidas (=que mata pragas=insetos, ervas daninhas, etc), Defensivos Agrícolas (=aquilo que defende as culturas) ou Agrotóxicos (=tóxicos usados nos agroecossistemas), que são usadas no tratamento das culturas agrícolas e florestais ou na conservação dos produtos oriundos delas. A maneira mais rápida e menos onerosa para combater uma praga sempre foi o uso de um bom inseticida químico. Para ser considerado como um inseticida ideal, o agrotóxico precisa ser bastante tóxico para a praga a que se destina e completamente inócuo para os demais insetos e outros organismos do ambiente, incluindo o homem. Portanto, os inseticidas devem ser, única e exclusivamente, utilizados para eliminar os insetos-praga. Embora a maioria dos inseticidas existentes sejam de largo espectro de ação sobre o ambiente, foi o uso incorreto e abusivo destas substâncias que suscitou o movimento mundial de luta contra os agrotóxicos, desencorajou o desenvolvimento de novas moléculas e estagnou o progresso industrial vivenciado por este setor a partir da descoberta das propriedades inseticidas do DDT, em 1939. O uso do combate químico apresenta as seguintes vantagens: a)-Existem formulações comerciais prontas e desenvolvidas com o propósito de resolver a maioria dos problemas comuns de ocorrências de pragas. b-Rapidez na operação de um combate de pragas, porque os produtos são de fácil aquisição no comércio e de fácil preparação e uso. c-Eficiência imediata porque os inseticidas apresentam , geralmente, grande efeito de choque, ou de morte imediata dos insetos. Isso encoraja o seu uso nos casos de surtos de pragas em que não se pode esperar pelo lento efeito de técnicas alternativas. d-Compatibilidade com tratos silviculturais porque a operação com os inseticidas é rápida e não impede o desenvolvimento de outras atividades na floresta tratada. e-Custo inicial baixo porque não exige investimentos prévios uma vez que a formulação comercial já foi, cientificamente, testada em condições semelhantes àquelas para as quais é recomendada. Apesar das vantagens, todo inseticida químico apresenta algum inconveniente de uso quando avaliado sobre o ponto de vista ideal. Entre as inconveniências pode-se citar: a-Não é específico porque não se consegue substâncias químicas que afetem apenas uma espécie de inseto. Dessa maneira pode-se esvaziar certos nichos ecológicos ocupáveis por espécies que se transformam em novas pragas. Entretanto, deve-se lembrar que existem inseticidas que são seletivos quanto ao grupo de insetos, dependendo do tipo do princípio ativo, formulação e modo de uso. b-Custo alto a longo prazo porque o uso intensivo de inseticidas pressiona seletivamente a população dos insetos e favorece a multiplicação de raças cada vez mais resistentes ao inseticida. Isto resulta na exigência de quantidades, cada vez maiores, de inseticidas e de recursos a fim de se obter o mesmo benefício. c-Deixa resíduos porque a quase totalidade das substâncias inseticidas são estranhas ao ambiente e seu uso persistente quase sempre resulta em transtornos ecológicos que vão dos efeitos sobre insetos benéficos até a contaminação de organismos do solo, rios, mares e do próprio homem. O preço dos danos causados no ambiente em decorrências do uso particular e indiscriminado de inseticidas tem sido pago por toda a sociedade na forma de gastos públicos específicos para descontaminações, salários de insalubridades e pela redução na qualidade da vida humana. 2.10.1-FORMULAÇÕES INSETICIDAS: Para ser comercializado, o inseticida puro (principio ativo) necessita ser diluído ou misturado com inertes (argilas, farinhas, polpas, água, etc.) e aditivos que permitem seu uso no combate às pragas. A esta mistura final chama-se Formulação ou Produto Comercial. As formulações comerciais podem ser classificadas da seguinte maneira: a)-QUANTO À FINALIDADE: Embora apresentem efeitos sobre mais de um grupo de insetos, algumas formulações são registradas para certos usos muito específicos como o de combater apenas formigas (formicidas), ou só saúvas (sauvicidas), lagartas (lagarticidas), cupins (cupinicidas), pulgões (aficidas) e, assim, por diante. b)-QUANTO AO MODO DE AÇÃO: Para matar o inseto, a formulação inseticida tem de entrar em contato com o corpo do mesmo. Inseticidas que necessitam ser ingeridos são chamados de "Inseticidas de ação estomacal". Eles devem ser aplicados diretamente sobre o alimento do inseto, ou nas árvores para serem absorvidos e translocados pela seiva até as partes consumidas pelo inseto (=inseticida sistêmico) ou, ainda, misturado a substâncias que funcionam como atraentes alimentares. Aquelas formulações que agem através da parede do corpo do inseto são chamadas de "Inseticidas de contato" e só funcionam se aplicados diretamente sobre o corpo dos insetos, seus abrigos ou nos caminhos por onde eles se movimentam para que possam entrar em contato com o corpo dos mesmos. Existem formulações que matam os insetos através do sistema traqueal incorporando-se à respiração; estes inseticidas são chamados de "Fumigantes". Eles são gasosos e só podem ser usados em ambientes hermeticamente fechados. A quase totalidade dos inseticidas modernos, entretanto, apresentam mais de uma via de ação sobre os insetos sendo mais comuns a estomacal e a de contato. c)-QUANTO À ORIGEM: Depois que se descobriu a ação inseticida de certas substâncias químicas, a indústria desenvolveu inúmeras formulações para o combate aos insetos. Tantos os princípios ativos quanto as suas formulações são efêmeros no comércio e rapidamente são substituídos por novos compostos e novas formulações. O Engenheiro Florestal necessita atualizar-se permanentemente para não correr o risco de receitar formulações que não mais estão disponíveis ao produtor florestal. Dado que as marcas comerciais mudam constantemente, serão mencionados a seguir, alguns nomes de ingredientes ativos mais comuns, de acordo com a sua origem, embora muitos já tenham sido retirados do mercado e outros novos possam ainda surgirem. c.1)-INORGÂNICO: Fosfina, ácido bórico, arsênico. c.2)-ORGÂNICOS NATURAIS: Vegetais (Nicotina, piretrina, rotenona, azeite). Animal (Sabão, gordura). Petrolífero (óleo mineral, querosene). c.3)-ORGÂNICOS SINTÉTICOS: Clorados: São ingredientes ativos que apresentam em sua estrutura molecular, uma cadeia variável de carbonos interligados por íons de cloro e hidrogênio. As seguintes substâncias inseticidas são consideradas como cloradas: DDT, BHC, aldrin, lindane, endossulfan, dodecacloro, endrin, canfeno clorado, pentaclorofenol, metoxicloro, heptacloro, etc. Fosforados: São ingredientes ativos derivados do ácido fosfórico, alguns dos quais podem agir de maneira sistêmica nos vegetais. São exemplos: Diazinon etion, fenitrotion, fention, malation, paration, pirimifós, azinfós, afidam, amifós, acefato, dicrotofós, dimetoato, forato, vamidotiom, monocrotofós, ometoato, etc. Carbamatos: Derivados do ácido carbâmico que possuem compostos extremamente tóxicos como o carbofuram, ou pouco tóxicos como o carbaryl. Eles agem nos insetos por contato e ingestão. Sãoexemplos: Carbaryl, metomil, propoxur, dimetilam, isolam, isoprocarbe, mobam, carbofuram, zectram, metomil, aldicarbe, carbosulfam, etc. Clorofosforados: São inseticidas que contém átomos de cloro e de fósforo na sua molécula. As formulações destes compostos agem por contato, ingestão, fumigação e podem ser sistêmicas. São exemplos: EPBC, carbofenotiom, clorpirifós, diclorvos, triclorfom, etc. Piretróides: É um grupo de inseticidas desenvolvidos com base no conhecimento do ácido crisantêmico que forma a base da piretrina vegetal. Estes produtos apresentam grande efeito de choque e são usados em pequenas concentrações do i.a., mas apresentam toxicidade mediana para o homem e animais domésticos. São exemplos: Deltametrina, fenvarelato, permetrina, cipermetrina, etc. Outros grupos: Fenipirazol (Fipronil), Sulfonamida (Sulfluramida), etc. d)-QUANTO À FORMULAÇÃO d.1)-Pó seco (P): Ou simplesmente pó é o tipo de formulação em que o inseticida puro é misturado a um pó inerte numa porcentagem máxima de 10% do ingrediente ativo (i.a.). Ela serve para ser usada no ambiente em que o inseto vive e deve entrar em contato. Este é o caso do polvilhamento das árvores ou de madeiras ou de mistura com sementes com o propósito de combater insetos daninhos. Este tipo de formulação oferece grande risco de contaminação ao operador e de outras partes do ambiente em virtude da facilidade com que podem ser carreados pelo vento ou pelas enxurradas. d-2)-Pó molhável (PM ou M): Neste caso, a formulação é também seca, mas recebe a adição de um agente molhante (substância de alto poder higroscópico) a fim de permitir a mistura com água de forma a constituir uma suspensão mais ou menos estável durante a aplicação. d.3)-Pó solúvel (PS ou S): Aqui o principio ativo inseticida é um sal e, portanto, forma uma mistura perfeita com a água para ser usada em pulverização. A formulação já é feita com inertes, também, de alta solubilidade. d.4)-Granulado (G): O inseticida é misturado a inertes ou a atraentes e o produto final é transformado em grânulos. Este tipo de formulação deve ser distribuída nos locais de freqüência dos insetos para serem carregados, nas partes das árvores onde devem veicular o i.a., sistêmicamente, ou no ambiente onde deve produzir gases tóxicos. O uso de “Isca Granulada” para o combate de formigas-cortadeiras é o exemplo mais comum deste tipo de formulação com propósitos florestais. A formulação granulada é considerada como a mais segura para o operador e uma das mais fáceis de serem utilizadas. Entretanto, algumas formulações comerciais apresentam o inconveniente de atraírem insetos para os quais o inseticida não se destina, ou afetarem aves, bovinos e outros animais que os ingerem quando inadequadamente usados. d.5)-Concentrado emulsionável (CE ou E): É o tipo de formulação mais comum no comércio onde o i.a. é formulado em concentrações mais altas para diminuir os custos de embalagem e transporte. Para ser usada a formulação deve ser diluída em água quando forma uma emulsão leitosa pronta para o uso em pulverização. d.6)-Solução concentrada (SC): Neste tipo de formulação, o i.a. vem em alta concentração e se destina, principalmente, ao uso em Ultra-baixo-volume (UBV), ou seja, usando menos de oito litros de calda inseticida por hectare. Isto significa que o produto comercial já vem pronto e deve ser usado sem diluição e em pequenas quantidades por unidade de área quando comparadas às formulações líquidas usadas em Médio-volume (±20 L./ha) ou Alto-volume (>100 L./ha). A formulação para UBV, normalmente, é oleosa e exige equipamentos especiais para a aplicação; embora a operação seja mais econômica, pode tornar-se extremamente perigosa o que torna o tipo de formulação possível somente em poucos casos. d.7)-Solução termonebulígena (TN): O inerte é um veículo oleoso que se transforma em fumaça e carrega o i.a. na forma de gotículas com aspecto de fumaça densa. Esta mistura é introduzida no ambiente para matar os insetos por contato ou fumigação ou, aderir ao alimento e agir por ingestão. É o caso dos produtos formulados comercialmente para serem usados na termonebulização de colônias de formigas cortadeiras em reflorestamentos. d.8)-Gás liqüefeito: Esta é uma formulação feita com inseticidas gasosos, após serem liqüefeitos e acondicionados sob pressão. Elas podem conter substâncias denunciadoras de sua presença no ar porque são extremamente perigosas e só podem ser usadas em condições muito especiais. O Brometo de Metila é um exemplo clássico na área florestal. Este produto já vem misturado com 2% de cloropicrina que provoca lacrimejamento e espirros, quando presente no ar. d.9)-Outras formulações: Pastilha, Aerosol, etc e)-QUANTO À TOXICIDADE Antes de serem comercializadas, as formulações necessitam ser testadas em organismos vivos e nas condições ambientais onde vai ser usado. O efeito letal de cada formulação, ou produto comercial, é expresso em quantidade da formulação por unidade de peso vivo (mg do produto/kg de peso vivo). A quantidade necessária para matar 50% de uma população de animais (Ex. ratos, cachorro, insetos, etc) num teste de toxicidade é chamada de “Dose Letal 50” (DL50). A DL50 é uma referência do grau de perigo que uma formulação inseticida pode apresentar para o homem e ambiente. Quanto a este efeito letal, as formulações inseticidas podem ser classificadas em: -EXTREMAMENTE TÓXICAS = DL50 menor do que 5mg/kg de peso vivo -ALTAMENTE TÓXICAS = DL50 de 5 a 50 mg/Kg -REGULARMENTE TÓXICAS = DL50 de 50-500mg/kg -POUCO TÓXICAS = DL50 de 500-5000mg/kg -PRATICAMENTE ATÓXICAS = DL50 maior do que 5000mg/kg. O Ministério da Agricultura e o da Saúde, visando facilitar a visualização do grau de toxicidade, determinou a padronização dos rótulos de embalagens de agrotóxicos onde alem das instruções e limites de uso, precauções, advertências e primeiros socorros, há uma tarja larga cuja cor indica o nível de toxicidade: -Vermelho vivo = ALTAMENTE TÓXICO = Classe I -Amarelo intenso = MEDIANAMENTE TÓXICO = Classe II -Azul intenso = TÓXICO = Classe III -Verde intenso = PRATICAMENTE TÓXICO = Classe IV Há outras classificações como a “Dose Diária Aceitável de Ingestão” (IDA) e a do Efeito Residual no Ambiente. No primeiro caso, é levado em consideração a quantidade de i.a. que o homem pode consumir diariamente sem causar-lhe qualquer transtorno. No segundo caso, é considerado o tempo necessário para que 95% do i.a. seja degradado pelo ambiente. Para serem usados, os inseticidas necessitam ser misturados com substâncias especiais chamadas "Espalhantes Adesivos" com a finalidade de quebrar a tensão superficial das gotas da calda inseticida e fazer com que fiquem aderidas às superfícies tratadas. Há espalhantes adesivos especiais para cada tipo de formulação. A formulação Pó Molhável de inseticidas biológicos necessitam de espalhantes adesivos do tipo não-iônico, enquanto as demais podem ser misturadas a qualquer espalhante. Para aplicar os inseticidas é necessário usar equipamentos, simples como uma colher ou, complexos como aviões equipados com micronair. Tais equipamentos são desenvolvidos com o propó- sito de aumentar a rapidez e eficiência na aplicação dos agrotóxicos e diminuir os riscos indesejáveis de contaminações. Eles podem ser chamados de: -Polvilhadeiras: Servem para aplicador formulações em pó. -Granuladeiras: Servem para aplicador formulações em grânulos. -Pulverizadores: Servem para aplicar formulações líquidas na forma de gotículas. Podem ser Manuais, Costais, Tratorizados e Aéreos. -Termonebulizadores: Transformam em fumaça (=nebulização) certas formulações oleosas, através de uma câmara metálica aquecida. -Câmaras de expurgo: Servem para a aplicação de formulações gasosas. 2.10.2-SEGURANÇA NO TRABALHO COM AGROTÓXICOS: As informações contidas no rótulo constituem o resultado de anos de
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