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– AULA PRÁTICA 03: PADRONIZANDO SOLUÇÕES 3.1 – OBJETIVOS Esta aula prática tem como objetivo desenvolver, no aluno, competências e habilidades relacionadas à técnica de padronização de soluções. Ao final desta aula, deseja-se que o aluno tenha desenvolvido as seguintes aptidões: - reconhecer as bases da análise volumétrica; - realizar a padronização de uma solução por titulometria; - efetuar os cálculos da concentração real de uma solução e de seu fator de correção com base nos dados obtidos durante a padronização. 3.2 – ABORDAGEM TEÓRICA 3.2.1 – A padronização de soluções Em química o termo padronização refere-se à determinação exata da concentração de um reagente em solução. A padronização é necessária quando preparamos soluções de reagentes padrão-secundário. Geralmente, utiliza-se na padronização uma técnica de análise química que permita determinar a concentração da solução em estudo. A técnica analítica mais utilizada na padronização de soluções é a análise volumétrica (ou titulometria). 3.2.2 – A análise volumétrica Na análise volumétrica mede-se certo volume da solução de concentração desconhecida e adiciona-se a essa solução, por incrementos de volume (gota a gota), com o auxílio de uma bureta, uma solução de concentração conhecida de um reagente que reaja com a substância que se deseja analisar. A solução de concentração desconhecida recebe o nome de titulado e a solução padrão (solução de concentração conhecida) é chamada de titulante. Quando a quantidade de reagente presente no titulante adicionado for estequiometricamente equivalente à quantidade de substância analisada presente no titulado, atingiu-se o chamado ponto de equivalência da titulação (P.E.). Idealmente, deve-se parar a adição de titulante, fechando a torneira da bureta, quando o P.E. é atingido. Como o P.E. é de difícil percepção, frequentemente, adiciona-se uma substância que mude de coloração quando da proximidade do P.E., essa substância é chamada de indicador. O ponto da titulação no qual paramos de adicionar o titulante devido à mudança de coloração do indicador é chamado de ponto final de titulação. A diferença entre o ponto final de titulação e o ponto de equivalência é chamada de erro de titulação. 3.2.3 – Reações químicas e titulometria Para que uma análise titulométrica seja possível é necessário que exista uma reação química entre o analito e o reagente cuja solução será usada como titulante. Porém, para que uma reação seja usada em titulometria, ela deve obedecer a certos critérios: - A reação dever ser rápida (praticamente instantânea), ou caso contrário que possa ser acelerada pela ação de um catalisador ou por aquecimento; - Os reagentes (titulado e titulante) devem reagir estequiometricamente entre si; - Não estar sujeita à ocorrência de reações paralelas; - O ponto final deve ser facilmente perceptível através de uma mudança nas propriedades físico-químicas da solução ou da mudança de coloração de um indicador nas proximidades do ponto de equivalência. Dependendo do tipo de reação empregada na titulometria, nós podemos classificá-la em quatro tipos: a) Titulometria de neutralização: neste tipo de titulometria utiliza-se uma reação entre um ácido e uma base, ou seja, uma reação de neutralização. b) Titulometria de precipitação: titulometria que envolve reações de formação de compostos pouco solúveis. c) Titulometria de complexação: envolve reações de formação de complexos entre o titulante e o titulado. d) Titulometria de oxi-redução: utiliza reações de oxidação e redução entre o titulante e o titulado. 3.2.4 – Montagem experimental para uma análise titulométrica A figura ao lado mostra uma montagem típica usada em titulometria. Inicialmente, preenche-se uma bureta com a solução o titulante até a marca do zero. A solução do titulado é colocada em um erlenmeyer ao qual é adicionado o titulante, gota a gota, com o auxílio de uma bureta. A agitação da solução titulada pode ser feita manualmente, ou com auxílio de um agitador magnético. Usa-se um suporte universal e garras castelloy para a fixação da bureta. 3.2.5 – Cálculo da concentração do titulado Durante uma titulação ocorre uma reação de estequiometria conhecida entre o titulante e o titulado. Consideremos uma reação química genérica entre uma espécie A (titulado) e uma espécie B (titulante): x A + y B produtos Através da estequiometria da reação podemos escrever que: y x nA = x x nB onde : nA = número de moles da espécie A (titulado); nB = número de moles da espécie B (titulante); x e y = coeficientes estequiométricos para a reação entre A e B. Lembrando que : n = M x V(L) Barra de agitação magnética Erlenmeyer Bureta Agitador magnético Solução do titulado titulante Suporte universal Temos: y x MA x VA = x x MB x VB Onde : MA = molaridade da solução do titulado; MB = molaridade da solução titulante; VA = volume da solução de titulado usada na titulação; VB = volume da solução de titulante gasto na titulação; Exemplo: Calcule a molaridade de uma solução de ácido clorídrico, sabendo que 20 mL desta solução ácida necessitaram de 10,5 mL de uma solução padrão de carbonato de sódio 0,1 mol/L para sua completa neutralização. Reação: 2 HCl + Na2CO3 2 NaCl + CO2 + H2O Dados: A = HCl B = Na2CO3 x = 2 y = 1 MA = ? MB = 0,1 mol/L VA = 20 mL VB = 10,5 mL Calculo da concentração do titulado : 1 . MA . 20 (mL) = 2 . 0,1 (mol/L) . 10,5 (mL) MA = 0,105 mol/L (concentração da solução de HCl titulada !) 3.2.6 – Cálculo do fator de correção para uma solução padrão Quando preparamos uma solução padrão secundário, o valor verdadeiro da concentração desta solução é obtido por padronização. Para relacionarmos o valor da concentração que inicialmente tínhamos desejado preparar (concentração desejada ou nominal) com o valor da concentração que realmente obtivemos para nossa solução (concentração real), podemos estabelecer um fator de correção f: f = concentração real/concentração desejada Quando queremos encontrar o valor da concentração verdadeira de uma solução padronizada, basta multiplicarmos o valor do fator de correção pela concentração nominal da solução. Exemplo: Se uma solução de HCl 0,5 mol/L possui um fator de correção, f = 0,988, sua molaridade real será: Mreal = Mnominal . f = 0,5 (mol/L) x 0,988 = 0,494 mol/L 3.3 – PROCEDIMENTOS PRÁTICOS 3.3.1 – Padronização da solução de HCl 0,5 mol/L a) Preparar uma solução padrão de carbonato de sódio 0,25 mol/L. Coloque cerca de 30 g de carbonato de sódio PA para secar na estufa a 110 °C até obter massa constante. Guarde em dessecador até atingir a temperatura ambiente. Pese, em um becker, exatamente, 26,5 g (verifique o cálculo!) do carbonato de sódio seco e dissolva em água destilada, transfira para um balão volumétrico de 1,0 L e complete o volume até a marca. b) Preencha a bureta com a solução padrão de carbonato de sódio, elimine eventuais bolhas de ar e zere a bureta. c) Usando uma pipeta volumétrica transfira 20 mL da solução de HCl a ser titulada para um erlenmeyer. Adicione cerca de 50 mL de água destilada ao erlenmeyer, usando uma proveta. c) Adicione 3 (três) gotas de indicador misto (vermelho de metila + verde de bromocresol) ao conteúdo do erlenmeyer e agite com movimentos circulares. d) Adicione a solução do titulante (carbonato de sódio), gota a gota, à solução do titulado, agitando continuamente o erlenmeyer. Pare de adicionar o titulante imediatamente, ao observar que a solução do titulado adquiriu uma coloração esverdeada. Anote o volume de titulante gasto na titulação.e) Calcule a molaridade real e o fator de correção para a solução de HCl titulada. 3.3.2 – Padronização da solução de HCl 0,05 mol/L Repita os itens de b a e usados na titulação da solução de HCl 0,5 mol/L. 3.4 – PÓS-LABORATÓRIO a) Faça uma pesquisa sobre os diversos tipos de buretas existentes no comércio. b) Por que quando fizemos a transferência da amostra de solução de HCl a ser titulada utilizamos a pipeta volumétrica e quando adicionamos água destilada ao erlenmeyer utilizamos uma proveta ? c) Qual seria o volume de solução de carbonato de sódio que gastaríamos em nossa titulação da solução de HCl 0,5 mol/L caso adicionássemos 100 mL de água destilada ao invés de 50 mL ? d) Com base no assunto desenvolvido nas aulas teóricas sobre sensibilidade, calcule a sensibilidade deste método de padronização por titulação. 3.5 – EXERCÍCIOS 1) 20 mL de uma solução de hidróxido de sódio foram neutralizados completamente por 10 mL de uma solução 0,5 mol/L de HCl, calcule a concentração da solução de NaOH. (R: 0,25 mol/L) 2) Sabendo que 10 mL de uma solução de ácido sulfúrico de concentração desconhecida necessitou de 25 mL de uma solução padrão de NaOH 0,25 mol/L (f = 0,980), calcule a concentração da solução de ácido sulfúrico. (R: 0,306 mol/L) 3) Uma solução de HCl foi titulada por uma solução 0,5 M de NaOH, gastando-se 18,5 mL desta solução para 20 mL do ácido. Quantos mL da solução ácida precisam ser utilizados para preparar um litro de solução 0,1 M ? (R: 216,2 mL) 4) 10 mL de H2SO4 concentrado foram diluídos a 500 mL com água destilada, 50 mL desta solução necessitou de 48 mL de solução 1 M de NaOH, f = 0,750 para completa neutralização do H2SO4. Calcular a concentração do ácido em g/L na solução concentrada. (R: 1764 g/L) 5) 15 mL de uma solução de carbonato de sódio 0,25 mol/L foram gastos para titular 25 mL de uma solução de ácido sulfúrico que se desejava padronizar. Calcule a concentração da solução de ácido sulfúrico. (R: 0,15 mol/L) 3.6 – MATERIAIS E REAGENTES MATERIAIS REAGENTES Balança analítica Água destilada Balão volumétrico – 1 L Solução alcoólica de fenolftaleína 1% Bastão de vidro Ácido clorídrico 0,5 mol/L Bureta Ácido clorídrico 0,05 mol/L Erlenmeyer (02) Carbonato de sódio 0,25 mol/L Espátula Funil Pêra Pipeta volumétrica 20 mL (02) Pisseta Proveta – 50 mL 3.7 – BIBLIOGRAFIA HARRIS, Daniel C. Análise química quantitativa. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. 862 p. SKOOG, D.H. et al. Fundamentos de Química Analítica. 8. ed. São Paulo: Thomson, 2006. 999 p. BACCAN, Nivaldo et al. Química analítica quantitativa e elementar. 2. ed. rev. ampl. São Paulo: Edgard Blücher; Campinas
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