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Do senso comum ao senso crítico

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Do senso comum ao senso crítico
Leia atentamente o texto a seguir. 
TEXTO
O Senso Comum e o Senso Crítico
Todas as questões que nos rodeiam possuem duas etapas: a primeira delas é a aparência, ou a etapa imediata com a qual nos deparamos com elas, enquanto a essência é a etapa mais profunda, que só alcançamos após indagarmos bastante acerca do tema. Mas como podemos conhecer a essência das coisas? Em primeiro lugar, precisamos descobrir qual é a forma pela qual encaramos o mundo ao nosso redor – se nos deixamos levar pelo Senso Comum ou se nos permitimos ir além, refletindo através do Senso Crítico. Ao desenvolver alguma atividade, negar nossos preconceitos e questionar sobre as noções com as quais estamos lidando nos leva a uma atitude filosófica, a partir da qual podemos refletir sobre o senso de julgamento que tivemos quando realizamos estes movimentos no passado. Assim, podemos ligar o conceito de “senso” à noção de “direção”, visto que ele está ligado aos rumos pelos quais organizamos nossas decisões.
O Senso Comum é aquele regido pelos cinco sentidos, dando origem a verdades absolutas e a opiniões pouco fundadas. O Senso Comum não está preocupado em buscar por maiores informações sobre os assuntos que decide julgar, mas sim em proferir sentenças definitivas, conclusivas e que ele acredita que são irrefutáveis. A partir de uma postura platônica, o senso comum representa a direção em que nossas decisões são baseadas em nossos cinco sentidos – a visão, a audição, o olfato, o tato e o paladar. É comum encontrarmos indivíduos que respondem muito rápido ao verem ou ouvirem determinado estímulo, sem mesmo deixar seu interlocutor terminar sua frase. Estas mesmas pessoas costumam tirar conclusões precipitadas sobre os mais diversos temas, desde decisões políticas que vão influenciar no futuro até questões mais banais, como programas de entretenimento. Quando um indivíduo baseia suas decisões direcionado pelo Senso Comum, ele não se preocupa em investigar o que os vereadores de sua cidade fazem diariamente – eles preferem afirmar que “todos os políticos são corruptos” ou que “não gosta de política”. Mesmo nos tempos atuais, as pautas de discussão dos políticos são colocadas todos os dias na internet e as contas dos parlamentares são facilmente acessadas nas redes sociais, mas a falta de interesse daquele indivíduo que é direcionado pelo senso comum é tão evidente que ele prefere generalizar que “todos são bandidos” para não buscar por maiores informações.
O Senso Crítico: ultrapassa a barreira das aparências, atingindo a essência das coisas através da reflexão. Quando o indivíduo não procura saber que a política é o local por excelência da capacidade de diálogo e negociação, ele passa a crer que temas mais comuns e cotidianos possam ser decididos com base na violência e na truculência. De forma geral, são os indivíduos movidos pelo Senso Comum que dominam as mesas de bar para reclamar de coisas que não querem resolver, com argumentos como “ninguém faz nada!”. Quando temos um problema em nossa cidade, como a falta de medicamentos nos postos de saúde ou muitos buracos nas ruas, a quem atribuímos a responsabilidade? O Senso Comum diria apenas que ninguém faz nada para resolver o problema – e, assim, os postos continuam sem medicamentos e as ruas, esburacadas. Ninguém toma para si a responsabilidade de ter eleito o governante, votado nos vereadores que deveriam fiscalizar o prefeito ou mesmo de estar atento para o trabalho de seus candidatos.
Este tipo de pensamento leva à resignação e ao conformismo, que não incita à mudança. De acordo com Platão, em seu Mito da Caverna, os homens estão presos ao universo do Senso Comum, que reside no mundo sensível – no mundo dos sentidos, daquilo que todo mundo fala e faz. É, segundo o autor, um universo até certo ponto ingênuo, cheio de ideias prontas, com um pensamento sempre confiante e certo de que está oferecendo uma resposta definitiva para todas as coisas, pois possui “a grande verdade”. Assim, o Senso Comum é responsável por unir as crenças e as opiniões dos indivíduos. Dessa forma, ele guarda os preconceitos, a passividade, as ideologias e a atuação ligada aos instintos, dando origem a ideias prontas que não aceitam discussão. 
Existe, no entanto, uma outra forma de olhar para o universo. O Senso Crítico ultrapassa o mundo dos sentidos e parte do princípio do uso da razão, da epistemologia (do estudo de como conhecer as coisas) e da capacidade de avaliação, julgamento e discernimento equilibrado, com o pensamento voltado para o futuro – da mesma forma que o primeiro indivíduo que é liberto da Caverna de Platão o faz. Enquanto o Senso Comum está preocupado com “grandes verdades”, o Senso Crítico se acredita que não existem “grandes verdades” entre os homens. Para comprovar esta hipótese, imagine que quatro pessoas estão próximas a você enquanto você realiza esta leitura. A pessoa à sua frente afirma que você está diante de um computador; quem está à sua direita, diz que você está estudando filosofia; aquele que está atrás de você, diz que você está se entretendo com a leitura; já o que está à sua esquerda, afirma que você está sentado e que está prestando atenção em algo. Qual deles fala a verdade?
De acordo com o Senso Crítico, todos podem estar falando a verdade, visto que ela não é única e depende do ponto de vista de cada observador. Cada uma das pessoas de nosso experimento apenas relatou o que eles estão vendo, o que corresponde à verdade de cada um sobre você. Dessa forma, a verdade absoluta – tão buscada pelo Senso Comum – caberia apenas a uma entidade onipresente, onisciente e onipotente – e não aos homens comuns. Também conhecido como Senso Científico, o Senso Crítico é uma atitude de dúvida, pois busca desconfiar das certezas humanas, da falta de curiosidade e da adesão imediata a qualquer coisa. Para o Senso Crítico, é necessário explicar a aparência das coisas, solucionando os problemas e obstáculos que aparecerem, enxergando além do momento imediato com muita imaginação. Dessa forma, cabe ao Senso Crítico o desenvolvimento do pensamento racional, da reflexão e da atitude filosófica.
Atividades
01. A partir da leitura do texto acima (O Senso Comum e o Senso Crítico) estabeleça a diferença entre senso comum e senso crítico. 
02. Cite exemplos de conhecimentos advindos do senso comum e explique se você acha necessário esse tipo de conhecimento. 
03. Cite exemplos onde o senso crítico atua na experiência do pensar filosófico e explique sua importância para a solução de problemas.

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