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14/05/2018 1 Prof Fernando Martorelli INTRODUÇÃO À TRAUMATOLOGIA “No Brasil, a cada ano, cerca de 130 mil pessoas morrem vítimas de traumatismos e outras 450 mil ficam com sequelas” Revide Saúde POLITRAUMA O termo politraumatismo é definido como lesões concomitantes que atingem mais de uma região do corpo, podendo ter caráter intencional ou acidental, e que causam danos morfológicos, fisiológicos e/ou bioquímicos Fisiopatologia do trauma Posição proeminente Facilita a ação de forças traumáticas traumas diversos : simples ou complexos traumatismo se estabelece quando há ruptura da integridade tecidual anatômica lesões de tecidos moles e/ou duros 14/05/2018 2 ETIOLOGIA Acidentes de trânsito Quedas de própria altura Agressões físicas Acidentes esportivos Acidentes de trabalho Fatores Sócio-econômicos Centros de baixa renda > incidência por agressão por soco ou armas Centros de renda elevada > incidência por acidentes de transporte ou desportivos. Dingman & Natvig, (1983) Prevenção das Fraturas Faciais Responsabilidade do Governo, indústrias, escolas, profissão médica, etc; Campanhas educativas na população; Cumprimento do código de trânsito; Melhoria dos equipamentos de segurança nos meios de transporte Cintos de segurança, air-bags, etc. 14/05/2018 3 Álcool Fator presente na grande maioria dos casos de traumas faciais O efeito do impacto As fraturas faciais variam de acordo com a natureza da força injuriante; Socos na região zigomática Disjunção das linhas de sutura do zigoma; Trauma na região da sínfise mandibular Fratura Bi-condileana. Rigault & Voreaux (1971) Terços da Face Terço superior naso-ethmoido-frontal Tem relação íntima com o endocrâneo As lesões desse estágio são freqüentemente associadas a fissura osteo-meningéa que necessitará tratamento adequado); 14/05/2018 4 Terços da Face Terço Médio Interessam a maxila e os OPNs ao centro; e o zigoma , lateralemente; É fragilizado pelas zonas naturais de fragilidade anatômica e cavidades aéreas Que por outro lado amortecem a onda de choque Papel da face como amortecimento telescopagem do trauma facial Terços da Face Terço Inferior Compreende a mandíbula; É dotado de mobilidade pelas articulações têmporo-mandibulares,; É suspensa por músculos potentes: temporal, masseter, e os músculos pterigoïdes) Pilares de Resistências Composto por dois sistemas: O sistema vertical; O sistema horizontal Pilares de Resistências O sistema vertical compreende: Dois pilares anteriores naso-etmoido-frontal Dois pilares laterais malar e zigomático Dois pilares posteriores pteriogóides 14/05/2018 5 Pilares de Resistências O sistema horizontal compreende: uma secção superior frontal ; uma secção sub-orbitário e malar; uma secção inferior maxilar. Pilares de Resistências Sob o ponto de vista prático: Quase a totalidade dos choques vão ser recebidos pelas zonas mais expostas: Mento, pirâmide nasal, glabela, ângulos mandibulares, zigomas. Estes são os verdadeiros parachoques da face. Freqüência dos traumas faciais São cada vez mais freqüentes; Em associação a um politraumatismo Em 25 % dos casos devido a gravidade dos acidentes da via pública (AVP) 14/05/2018 6 Freqüência dos traumas faciais Fraturas mandibulaires: 70 % Fraturas do Maciço facial : 20 % Fraturas multiplas : 10 % Freqüência dos traumas faciais Idade : • Adulto jovem: 20 – 30 anos • Criança : rara ocorrência Na criança o osso é mais elástico e resistente 14/05/2018 7 Freqüência dos traumas faciais Gênero gênero ratio H/M 8 à 2 tratamento inicial atenção está voltada às lesões graves, buscando seu rápido diagnóstico e tratamento imediato conhecimento multidisciplinar cirurgião mais experiente deve assumir a liderança Examinado de forma sistêmica, atendendo às necessidades que ameacem a vida Ele também deve ser encarado como portador de lesão de coluna cervical Avaliação dos Sinais vitais avaliação inicial e periódica dos sinais vitais ajuda na orientação diagnóstica e a condução do caso Gráfico dos principais sinais vitais, com intervalos de aproximadamente 10 minutos freqüência cardíaca, a pressão arterial, a freqüência respiratória e a temperatura corpórea 14/05/2018 8 Freqüência cardíaca pulso radial ou carotídeo Normalidade: 60 e 80 batimentos por minuto (bpm) ansiedade hipovolemia Pressão arterial avaliada por compressão da artéria braquial normalidade 120x 80 mmHg, podendo-se considerar normal até 140 x 90 mmHg ansiedade processo patológico vol. Circulatório deficiencia circulatória Freqüência respiratória aferida por inspeção da expansão torácica normalidade 16 a 20 respirações/minuto ansiedade ou hipovolemia depressão respiratória Temperatura corpórea termômetro de mercúrio colocado na axila ou reto temperatura normal varia de 36,5°C a 37,2°C infecção tensão arterial hipovolemia 14/05/2018 9 HISTÓRICO Como aconteceu o acidente? Quando aconteceu o acidente? Quais as características específicas da lesão, incluindo o tipo de objet o causador, a direção de onde veio o impacto e considerações logísticas similares? Houve perda de consciência? Que sintomas o paciente apresenta no momento? Exame Clínico Geral Avalia o estado das feridas e/ou fraturas por meio da inspeção e palpação Inspeção: Globos oculares assimetria facial Ouvidos oclusão Palpação: contorno esquelético facial tecidos moles e glândulas salivares Telecanto traumático Avaliação neurológica visa à avaliação rápida e objetiva de parâmetros que possibilitem estabelecer prioridades e optar por condutas Escala de Coma de Glasgow (ECG) 14/05/2018 10 Exames Radiográficos As incidências eleitas estão na dependência das suspeitas das lesões faciais PA de face fronto-násioe násio-mento, axial de Hirtz, perfil dos OPN (raios moles), PA de mandíbula, lateral oblíqua, Towne ou AP de crânio, perfil e póstero-anterior de face Tomadas radiográficas mais usuais Panorâmica dos maxilares; Seios da face (mnp); PA p/ mandíbula com boca aberta (fnp); Posição de Hirtz; Posição de Towne (p/ côndilos mandibulares); Oclusais e periapicais; Laterais da face; Tomografias lineares e computadorizadas laterais e em PA, etc. 14/05/2018 11 Exames Complementares hematócrito, plaquetometria e leucograma Se a fratura for fechada pode-se aguardar tratamento definitivo posterior. Já as feridas devem ser suturadas ETAPAS DE CONDUTA Liberação das vias aéreas superiores Estabilização da coluna cervical Controle de hemorragias Sedação do paciente Alívio da dor Higienização do paciente Tratamento local das lesões teciduais Profilaxia antibiótica e antitetânica FERIDAS EM FACE FERIDAS São soluções de continuidade aparente da pele e/ou mucosa De acordo com sua anatomopatologia, classificam-se em: Abrasão Contusões Laceração Avulções 14/05/2018 12 Abrasão esfoliações da epiderme ou das mucosas, não atingido as partes profundas na maior parte É produzida pelo atrito da pele em uma superfície áspera por força por cisalhamento sangramento geralmente é mínimo Nariz, lábios, bochechas e mento Abrasão TRATAMENTO: Devem ser totalmente limpas Degermante antisséptico e irrigação copiosa com solução salina pode ser feita sob anestesia prévia* aplicação tópica de uma pomada antibiótica Contusão lesões teciduais sem que haja solução de continuidade aparente, resultando em hemorragia subcutânea ou submucosa Objeto rombo ou traumatismos dento-alveolares e a fraturas dos ossos faciais geralmente não requer tratamento cirúrgico 14/05/2018 13 Contusão Equimose - rotura de pequenos vasos e conseqüente hemorragia intersticial.Coloração é violácea, modificando de cor à medida que vai desaparecendo. Hematoma - rotura de vasos maiores, e o sangue se acumula entre os espaços anatômicos. Necrose - quando há desintegração tissular com comprometimento celular irreversível. O esmagamento - caracteriza-se pela trituração tecidual com desintegração de elementos anatômicos Contusão Tratamento: gelo sobre a região acometida nas primeiras 24 horas após 48 horas do trauma, pode-se aplicar calor ou infra-vermelho 14/05/2018 14 Lacerações solução de continuidade nos tecidos epiteliais e subepiteliais tipo mais frequente de lesão de tecido mole comumente por um objeto cortante profundidade da laceração pode variar Pode ter margens bem definidas, irregulares, contusas ou laceradas Lacerações Tratamento: limpeza da ferida: é realizada com sabão anti-séptico neutro e cremoso, e com soro fisiológico para impedir a permanência de corpos estranhos, podendo ser feita sob anestesia prévia anestesia: pode ser local ou geral, dependendo do caso em questão, conforme discutido previamente remoção de corpos estranhos: deve ser feita com uma pinça de preensão sem deixar nenhum corpo estranho no interior da ferida. Pode-se colocar soro fisiológico dentro da ferida Lacerações debridamento: remoção de tecidos cianóticos ou isquêmicos para facilitar a cicatrização hemostasia: é feita através de compreensão ou ligaduras, com o fim de eliminar o sangramento, devendo ser executada de modo cuidadoso para não lesionar estruturas nobres; sutura: consiste no ajuste das bordas das feridas, sendo primordial para a recuperação funcional dos tecidos lesados e para a estética cicatricial curativos: Os curativos, na maioria dos casos, permanecem por sete dias. No entanto, quando houver relatos de febre inexplicável, secreção, dor local excessiva ou edema eles devem ser removidos. O curativo pode ser só a gaze ou ser associado à medicação 14/05/2018 15 Avulções Perda de segmento de tecido mole Pode ser cicatrizado por 1º ou 2ª intenção Pode ser realizado enxerto de pele 14/05/2018 16 ODONTOSSÍNTESE, BLOQUEIO MM E BANDAGEM Classificação das fraturas Quanto à forma e ao número de traços: Simples, compostas, cominutivas e em “talo verde” Quanto ao tipo de solução de continuidade: Aberta e fechada Quanto ao tempo de atendimento Imediata ou tardia Dingman & Natvig, (1983) Tipos de fratura CLASSIFICAÇÃO QUANTO A EXTENSÃO DA INJÚRIA E COM A ÁREA EM QUE ESTÁ SITUADA. a) “galho verde; b) simples; c) cominutiva; d) composta. 14/05/2018 17 FRATURAS FACIAIS Fraturas Panfaciais; Por região específica Fraturas do terço inferior da face (mandibulares); Fraturas do terço médio da face (Maxila, zigoma ou O.P.N.); Fraturas do terço superior da face Não é permitido por nossa legislação ao C.D. intervir no terço superior da face Fraturas Panfaciais Raspall, 1997 Dingman & Natvig, 1983 Aparelho de Dujandon para tratamento de uma triplice fratura de mandibula. Funda de Bouisson para contenção de fratura mandibular Benoist, 1978 14/05/2018 18 Dingman & Natvig, 1983 Dingman & Natvig, 1983 Bandagem de Burton Graziani, 1982 A - Aparelho de Kingsley; B – capacete de couro para tracionar a maxila para cima Aparelho de Graefe para suspensão dos fragmentos na maxila (1823) Fixações com fios de Kirschner ou de Steinman Zaydon & Brown, 1969 14/05/2018 19 Aparelhos de fixação externa Graziani, 1982 TRATAMENTO ATUAL Tratamento das Fraturas Faciais Devem objetivar: Redução Manobra através da qual os segmentos fraturados são colocados em sua posição original Podem ser direta (cirurgicamente) ou indiretas (ortopedicamente) Fixação Manobra através da qual os segmentos fraturados reduzidos são mantidos em posição Podem ser direta (cirurgicamente: FIS-R OU FIR) ou indiretas (ortopedicamente) Contenção Meio através do qual a fixação é mantida Através de métodos ortopédicos. TRATAMENTO Adequação do tratamento Quanto mais cedo, melhor; Depende do tipo de fratura, do estado do paciente, da presença ou não de edema, etc. Pré-operatório Deve incluir se possível “Bilan” laboratorial completo, parecer cardiológico, etc. Bertrand, (1981) 14/05/2018 20 Tratamento Cuidados pré-operatórios Jejum; Equilíbrio sistêmico; Prever hemo-transfusão; Prever U.T.I.; Dispositivos de contenção (arcos, mod. próteses, etc.) Bertrand, (1981) Escolha do tratamento Depende: Do tipo de fratura; Do estado geral do paciente; Das lesões associadas. TRATAMENTO Abstenção terapêutica Fraturas incompletas, lesões sistêmicas graves impossibilitantes. Tratamento ortopédico; Tratamento cirúrgico; Normalmente o tratamento cirúrgico é, na verdade misto. Demanda de um BMM mesmo temporário TRATAMENTO Abstenção terapêutica Fraturas incompletas, lesões sistêmicas graves impossibilitantes. 14/05/2018 21 Tratamento ortopédico Método incruento (não invasivo) Fraturas fechadas Métodos Arcos vestibulares ou aparelhos ortodônticos, bloqueio maxilo-mandibular, suspensões esqueléticas, reduções fechadas a gancho, fios de Kischner, etc. Tratamento cirúrgico Redução cirúrgica associada a: Fixação semi-rígida (fios de aço); Fixação interna rígida Placas e parafusos aço inox, titânio. bloqueio odontossíntese São métodos que tem como objetivo conter dentes e/ou fragmentos e promover imobilização maxilomandibular Técnica simples e pouco invasiva Tratar ou auxiliar 14/05/2018 22 Fixação Odontossíntese é a manobra pela qual imobiliza os elementos dentários e estruturas adjacentes estabelecimento de uma relação oclusal adequada por meio da fixação dos dentes com fio de aço denomina-se fixação maxilomandibular (FMM) ou fixação intermaxilar (FIM) Amarrias intermaxilares ou verticais Utiliza barra ou aneis Amarrias de Gilmer Amarrias dentes individualmente Amarrias de Ivy Também chamada de fixação com presilha É um recurso ao se avaliar a mandíbula durante a consolidação Pode utilizar fios de aço ou elástico 14/05/2018 23 Amarrias de Risdon Também chamado de arco vestibular de risdon Amarria horizontal Redução e Estabilização de fraturas Utilizada em bloqueio MM também Amarrias tipo escada Barra de Erich Atualmente é o método mais utilizado nas fraturas mandibulares de sínfise, corpo e ângulo Numero suficiente de dentes Comprometimento da gengiva marginal e da papila Inconvenientes estéticos Danos periodontais 14/05/2018 24 Aparelhos ortodônticos Pode ser usado como tratamento único ou estar associado com a osteossíntese Mais estético Preserva periodonto Requer tempo 14/05/2018 25 Pode ser utulizado como terapia provisória ou definitiva Pode ser associado a barra ou outras amarrias 4 ou 6 parafusos Parafusos para bloqueio intermaxilares (IMF)
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