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– ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Introdução: O papel da endodontia após o traumatismo dental: • As lesões traumáticas causam dano a estruturas e irão necessitar de tratamento e de consequências multidisciplinares. Epidemiologia dos traumatismos dentários: • Uma em cada duas crianças sofrem traumatismo dentário; • Motivo: queda e acidentes na escola ou em casa.; • Maior frequência: 07 a 12 anos; • Maior incidência: sexo masculino; Tipos mais comuns de traumatismos: Fraturas corornárias Fraturas corono-radiculares Fraturas radiculares Luxação e avulsão Avulsão: o dente sai totalmente do alvéolo, rompendo o feixe vásculo-nervoso que entra no dente (a polpa irá sofrer necrose). Os tecidos periodontais também são rompidos com essa avulsão. • Os elementos dentários mais acometidos são os incisivos centrais e laterais superiores (os dentes anteriores superiores). Muitas vezes, o êxito vai está relacionado com a execução de tratamento adequado e rápido. Após o trauma, é muito importante realizar o controle, que deve ser feito inicialmente em 3, 6 e 12 meses, para verificar se houve alteração ou se há indícios do começo de uma reabsorção. Muito importante para constatar indícios do começo de uma reabsorção. • Casos de reabsorção – some a luz do canal com o passar do tempo. Diagnóstico inicial e classificação dos traumatismos: O Tratamento de urgência das lesões traumáticas exige: • Discernimento; • Experiência; • Habilidade; • Paciência; • Acuidade; • Precisão. Passos importantes que devem ser seguidos nesse processo: • Anamnese; • Exame clínico; • Exames complementares; • Queixa principal; • Exame neurológico básico: deve ser realizado antes de qualquer procedimento local; Exemplos: visão dupla; náuseas ou vômitos; períodos de inconsciência, cefaléia e tonturas. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • História médica do paciente: tem alergia? Quais os medicamentos de rotina? Problemas sistêmicos? Já recebeu imunização ao tétano? • História do trauma: como, onde e quando? • Saúde geral; • Condições locais dos dentes afetados; • Indentificar o estágio do desenvolvimento dental. Dor: É importante identificar se o paciente está com dor, se há sinais de lacerações, sangramentos e edema, para poder determinar a extensão da lesão. Exame extra-oral: Observar e identificar: • Laceração facial; • Edemas; • Lesões da mucosa ou gengiva • Fragmentos de objetos; • Disformia facial – alterações devido fraturas de osso na face. Exame intra-oral: Avalia os tecidos moles por meio da inspeção e palpação. Deve-se identificar: • A presença de fraturas alveolares e/ou ósseas; • Presença de objetos “incluídos”; • Procurar lacerações nos lábios, língua, mucosa julgal, palato e assoalho bucal; • Se houver dúvidas (se tem algum objeto incluído): realizar o exame radiográfico. Também é necessário avaliar os tecidos duros e de sustentação: • Exame deve ser realizado cuidadosamente; • Preservando estruturas dentárias e suporte remanescente; • Analisar a inserção do dente no alvéolo; • Avaliar a mobilidade dental. Pode-se realizar os testes de sensibilidade: após o trauma e no controle. • A transiluminação é importante (fotopolimerizador no dente, permite identificar a presença de trincas); • Testes térmicos: estímulo ao frio – ajuda a identificar a vitalidade da polpa. Também pode ser realizado o exame radiográfico: • Ele ajuda a identificar a área do trauma; • Verificar se tem outras áreas comprometidas; • Deve ser realizado na primeira sessão. Lesões das estruturas duras do dente: • Fratura coronária; ▪ Esmalte ou esmalte e dentina; ▪ Esmalte e dentina com exposição pulpar; • Fratura corono-radicular; • Fratura radicular. Fraturas de esmalte e dentina sem exposição: • Deve-se considerar a extensão da fratura; • Verificar se há exposição pulpar; • Realizar teste de sensibilidade pulpar (quando houver dúvida) Fratura coronária: • Trinca de esmalte sem perda estrutural; • Pouco risco de causar necrose pulpar. • Aspectos semelhantes a um dente vital; • É fisiológico. • Envolve o esmalte e a dentina e não tem exposição pulpar; • Pouco risco de causar necrose; • Tratamento: A importância da proteção pulpar; • Normalmente não realiza-se nenhuma intervenção. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Muitas vezes, há situações em que é necessário fazer a colagem do fragmento ou restauração em resina composta (com a proteção pulpar). Realiza-se a restauração quando não há condições de reimplantar o fragmento. • Envolve esmalte, dentina e a polpa; • Se não tratada, resultará na necrose; • Tudo irá depender do modo e da intensidade da exposição. • Tratamento: vão desde a terapia pulpar conservadora ou não (de casos de proteção do CDP até casos de pulpotomia). Terapia da polpa vital: • Polpa sem presença de inflamação; • Selamento antibacteriano; • Proteção pulpar – consiste em criar uma barreira para evitar que os microrganismos progridam em profundidade e para dar condições para que o organismo repare o dano tecidual. . Métodos de tratamento: Capeamento significa recobrir a polpa (uma polpa que ficou exposta por algum motivo). Sequência clínica: • Anestesia; • Isolamento absoluto; • Limpeza com clorexidina 2% (para o lençol de borracha) - Hipoclorito de sódio 1% (dentro do dente); • Secar com bolinha de algodão estéril; • Colocar Otosporin com bolinha de algodão estéril por 3/5 minutos; • Secar novamente com bolinha de algodão; • Aplicar o Hidróxido de cálcio pó e pasta ou pasta MTA; • Fazer o forramento com CIV; • Restaurar. Exposição pulpar. Hidróxido de Cálcio. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto . CIV – Cimento de Ionômero de Vidro. Pode ser feita a colagem do fragmento pulpar após o capeamento pulpar direto. É feito o condicionamento ácido no dente e no fragmento e aplica- se o sistema adesivo também nos dois. Depois, realiza-se o processo de fotopolimerização e restaura com resina composta na linha da trinca. • Consiste na remoção parcial da polpa; • Chamada de pulpotomia de Cvek nos livros (primeiro autor a estabelecer esse protocolo); • Normalmente é feita em pacientes jovens, e por isso o dente muitas vezes ainda não está completamente formado; A pulpotomia consiste basicamente em remover a polpa coronária e criar uma barreira de dentina artificial (realizada por meio do uso do hidróxido de cálcio ou MTA), que irá dar condições para que o organismo conclua o processo de formação da raiz. Se o tratamento não der muito certo, após a finalização do processo de formação da raiz, deve-se remover esta barreira e executar o tratamento endodôntico. Após colocar o hidróxido de cálcio ou MTA, aplica-se o ionômero de vidro e por fim realiza a restauração em resina (deve-se fazer a proteção do CDP – aplicar sistema adesivo). Fraturas de esmalte e dentina com exposição pulpar: Para isso, é necessário: • Considerar: extensão da fratura;; • Constatar: exposição pulpar; • Verificar: tempo que ocorreu o trauma e a exposição; OBS: O meio mais adequado para transportar o fragmento dental para levar até o consultório e colar, é a própria saliva. Deve-se lavar com soro fisiológico e tentar deixá-lo em contato com a saliva. • O álcool pode desidratar as fibras colágenas do dente; • O hipoclorito pode causar alterações no dente; • No passado, utilizava-se o leite, mas não é o ideal. Ficando em contatocom a saliva, evitará a desidratação das fibras colágenas e irá mantê-lo em temperatura e pH similar ao da cavidade oral. Muitas vezes se controla o sangramento com o uso do hipoclorito de sódio, até que fique em uma coloração de vermelho vivo, mas que não sangre. Deve-se utilizar um material biocompatível. Não existe nenhum que seja 100% biocompatível, mas geralmente utiliza-se o hidróxido de cálcio ou MTA. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Analisar: o tamanho da câmara e estágio de desenvolvimento radicular. • Consiste em tratamento como a apicigênese (casos de polpa viva); • São procedimentos que normalmente não usa limas – por que as paredes do canal radicular ainda estão frágeis; 1. Capeamento pulpar indireto – quando não há exposição; 2. Capeamento pulpar direto – avaliar se o paciente está com dor ou não, isso irá determinar qual procedimento será realizado e se a polpa será mantida dentro do dente ou não; 3. Curetagem; 4. Pulpotomia. Para realizar esses tratamentos, utiliza-se normalmente o cimento de hidróxido de cálcio e o cimento de ionômero de vidro para realizar a restauração. A conduta e as opções de tratamento serão estabelecidas em decorrência do tamanho da exposição pulpar. A linha tênue para determinar o tipo de tratamento que será realizado e a condição da polpa: • Se a polpa estiver viva – realiza-se apicigênese ou apicogênese (processo para induzir a formação do ápice); • Se a polpa estiver morta – realiza-se apicificação (criação de barreira mineral para que o organismo possa induzir o restante do processo de rizogênese). Assim, irá criar condições técnicas para a obturação quando se consegue a formação do batente apical. LOPES E SIQUEIRA, 2010;COHEN et al., 2017) Quando a polpa está viva, deve-se tentar fazer os tratamentos conservadores da dentística, se não houver resposta, será necessário fazer a extirpação da polpa viva (biopulpectomia), e então fazer o tratamento endodôntico. Apicigênese/Apicogênese: • Objetivo: manutenção da rizogênese: ▪ E irá depender da espessura das paredes, para que se consiga manter o comprimento radicular e que ocorra o fechamento apical e assim realizar a confecção do batente apical – limite CDC (limite dentina-cemento dentro do canal radicular). (LOPES E SIQUEIRA, 2010;COHEN et al., 2017) • O objetivo principal é preservar o tecido pulpar apical, com a finalidade de completar a formação do ápice. (COHEN et al., 2017) Apicificação: • Indicação: dentes com necrose pulpar, ápices abertos e paredes finas; • Importante: a desinfecção do canal; • Objetivos: induzir a formação de barreira apical. A ideia central é limpar o dente para dar condições ao organismo de realizar o processo de reparo. • É criada um barreira de tecido duro apical (método tradicional): A confecção do batente apical é importante para que haja o travamento do cone de guta-percha (se ele ficar no osso, pode gerar resposta inflamatória, deve ser mantido dentro apenas do dente). O hidróxido de cálcio é rapidamente absorvido pelo corpo. Então a duração desse hidróxido de cálcio irá depender do veículo utilizado: ▪ Veículo aquoso (15 dias): soro, anestésico, ultracal; ▪ Veículo viscoso (30 dias): propilenoglicol, pasta calen; ▪ Veículo oleoso (60 dias): paramonoclorofenol. Possuem a mesma finalidade, o que muda é o intervalo de tempo que essa medicação irá poder ficar dentro do dente. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Depois de induzir a completa formação do ápice, realiza-se a confecção do cone rolado (utilizado em situações de canais muito amplos). Depois, haverá a formação de barreira de dentina nas laterais do dente e depois haverá a formação completa do ápice. • Para confecção da barreira de tecido duro apical (MTA), é manipulado com soro fisiológico ou a solução salina que vem na sua composição, ficando na textura de um cimento. Esse material é levado com um cone de papel absorvente até o comprimento aparente do dente. A confecção da barreira é imediata (essa é a grande vantagem frente as sucessivas trocas de medicação com hidróxido de cálcio) – 3 a 4 mm na região apical. • Tem que realizar o debridamento do canal – consiste em eliminar a maior parte dos microrganismos que estão presentes; • Para que depois seja possível realizar o selamento do dente; • O ápice deve ficar completamente formado dentro dos limites das lâminas corticais. Pode-se também estimular a regeneração, uma reparação do tecido pulpar (colocando medicações dentro do dente e o dente vai induzir o processo de formação). Esse processo de formação não vai acontecer se a quantidade de microrganismos for maior que a capacidade de reparo do organismo. Se for possível, criar um ambiente favorável dentro do dente avulsionado com o uso das pastas antibióticas, haverá bons resultados com a regeneração da polpa. Após o dente ficar maduro, realiza-se o tratamento endodôntico convencional, mantendo o dente em posição por mais tempo. Fraturas corono-radiculares: • Normalmente envolve esmalte, dentina, cemento com ou sem exposição pulpar; • É um desafio periodontal e não endodôntico; • Pode envolver a ortodontia ou cirurgia. Técnica do cone rolado – utilizada para evitar que o cone ultrapasse o ápice (quando ele está muito aberto). • Necessita de duas placas de vidro, dois cones do tamanho 80, lamparina. Utiliza duas placas de vidro e o cone de maior diâmetro que houver, é necessário juntar os cones, aquecer e rolar os cones com o auxílio das placas de vidro, formando um cone único e compatível com o diâmetro desse canal amplo. • Isso é feito para criar uma barreira apical, impedindo que o cone ultrapasse, ficando estabilizado. • Técnica muito utilizada em dentes com rizogênese incompleta. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Nesses casos, muitas vezes é necessário realizar contenções com fio de nylon, fio de aço de pequeno diâmetro e a esplintagem (colocação de resina para segurar esse fio), com o intuito de manter esse dente estável em posição. O tratamento para esse tipo de fratura é multidisciplinar: • OPÇÃO 1: Remoção do fragmento e restauração; • OPÇÃO 2: Remoção do fragmento e exposição cirúrgica (quando o dente fica intruído); • OPÇÃO 3: Remoção do fragmento e extrusão ortodôntica; • OPÇÃO 4: Remoção do fragmento e extrusão do fragmento; • OPÇÂO 5: Extração do fragmento. Fraturas radiculares: • Comprometem o cemento, dentina e polpa; • É relativamente incomum; • O exame radiográfico é muito importante; • Tratamento: contenção. Os casos de fratura radicular cervical, necessitam de contenção rígida (o dente precisa ficar fixo em posição), precisa de fio de aço de maior diâmetro. Na fratura radicular média e apical, realiza a fratura rígida e mantém o controle de 3, 6 e 12 meses. Uma possível complicação é a necrose e obliteração do canal. Lesões de luxação das estruturas de suporte (sustentação): Acometem: • Tecidos de suporte; • Ligamento periodontal; • Cemento; • Pode afetar o suprimento neurovascular. Tipos de lesão: • Concussão; • Subluxação; • Luxação lateral; • Luxação extrusiva; • Luxação intrusiva; • Extrusão; • Intrusão; • Avulsão. Ocorre uma força intensa e súbita sobre as estruturas dentárias alveolares, mas não o suficiente para fraturar o dente ou o osso do processo alveolar. A força se concentra em uma região muito pequena, lesando-a focalmente. → Quando não há deslocamento; → Mobilidade normal; → Sensibilidade a percussão; → A importância da radiografia e do ajuste oclusal; → Acompanhamento: 3 semanas, 3 meses,6 meses, 12 meses e anualmente. Injúrias por luxações: • São as mais comuns de todas as injúrias; A luxação consiste na movimentação do dente no alvéolo. Podem resultar em necrose, quando ocorre o rompimento do feixe vásculo-nervoso do dente. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Resultam em necrose pulpar; • Resultam em danos ao aparato de inserção; • Realizar o tratamento de emergência; • Tratamento endodôntico; • Reabsorção radicular inflamatória externa; • Reabsorção radicular externa ou interna; Ocorre o rompimento das fibras do ligamento periodontal, acontece aumento nas áreas de hemorragia e causa edema, pois estimula resposta inflamatória. → Similar à concussão; → Sensibilidade à percussão; → Mobilidade aumentada; → Não há deslocamento; → Nenhum tratamento emergencial é necessário. O dente se movimenta pelo alvéolo. → Apresenta deslocamento para uma das faces (vestibular, lingual, distal ou incisal); → Sensível à percussão (pois gera resposta inflamatória); → Devem ser reposicionados assim que possível; → Imobilização fisiológica; → Acompanhamento. Ocorre rompimento dos feixes vásculo-nervosos. → O dente se desloca em direção coronária (sai parcialmente do alvéolo); → Devem ser reposicionados assim que possível. → 1ª forma de tratamento: colocar o dente em posição. → O dente se desloca no sentido apical-para dentro do álveolo; → Avaliação radiográfica; → Dentes imaturos: reerupcionam espontaneamente, conforme ocorre o desenvolvimento radicular; → Dentes maturos: reposicionamento imediato. → Avulsão é quando o dente sai totalmente do alvéolo (ocorre rompimento do feixe vásculo-nervoso); → Reimplante: consiste no procedimento de colocar o dente em posição dentro do alvéolo, e para colocar o dente em posição no alvéolo é importante lavar levemente com água ou soro fisiológico. → Implica no deslocamento total do dente do alvéolo; → Tempo: requer uma intervenção emergencial rápida (reimplante); → Consequência: necrose pulpar (nos casos em que não é feito o reimplante). Em todos esses casos, é importante realizar: • Acompanhamento clínico; • Cuidados; • Verificar a duração da contenção; • Realizar acompanhamento clínico e radiográfico. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Os tratamentos terão sucesso, quando: • Se realizar o tratamento adequado; • E evitar sempre a necrose pulpar. Terapia endodôntica para dentes traumatizados: • Dentes que sofreram necrose pulpar: tratamento imediato; • Intrusão + rizogênese incompleta: acompanhar o dente de 2-3 semanas após o trauma; • Avulsão: acompanhamento 7 a 10 dias após o reimplante; • Dentes traumatizados com rizogênese incompleta: apicificação; • Fratura radicular horizontal: realizar o tratamento endodôntico até a linha da fratura; • Intrusão e avulsão: medicação intra-canal por 30 dias. Considerações finais: Em situações de traumatismo dental, é importante realizar o diagnóstico correto, desenvolver um tratamento adequado de urgência, evitando a perda do elemento dental. Referências: Aula teórica de Clínica de Endodontia. Faculdade Maurício de Nassau, Professor Reinaldo Dias da Silva Neto, Odontologia, 2021.
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