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Sara Vitória Cirurgia de dentes inclusos ou impactados - Aula 1 Um dente incluso ou impactado é todo aquele que passado seu período de erupção, permanece alojado no osso, recoberto por tecido ósseo ou mucoso. Os principais motivos que impedem o irrompimento podem ser por causa de dentes adjacentes, osso de recobrimento denso, tecido mole excessivo ou por alguma anormalidade genética; ademais, os dentes, na maioria das vezes, se tornam impactados devido ao comprimento do arco dentário inadequado e a falta de espaço onde irromper; isto é, o comprimento total do arco alveolar ósseo é menor que o comprimento total do arco dentário. Os dentes mais comumente inclusos são os terceiros molares maxilares e mandibulares, visto que são os últimos a irromper; assim, são mais propensos a ter espaço inadequado para erupção, seguidos pelos caninos maxilares, e pré-molares mandibulares, devido ao apinhamento de outros dentes. Etiologia Fatores locais - Condensação óssea - Anquilose dos elementos decíduos (agenesia) - Fibromucosa espessa - Mau posicionamento dos germos dentários Sara Vitória - Deficiência do comprimento do arco dentário - Dentes supranumerários - Tumores odontogênicos Fatores sistêmicos - Doenças infecto contagiosas - Alterações metabólicas - Disfunções endócrinas Fatores embriológicos - Fenda palatina - Miscigenação - Displasia cleidocraniana Sara Vitória Fatores traumáticos - Trauma no parto - Trauma na infância - pode gerar uma possível má formação dentária ou anquilose-. Indicações Prevenção da doença periodontal e cicatrização periodontal otimizada Os dentes irrompidos/erupcionado adjacentes aos dentes impactados estão vulneráveis à doença periodontal. A mera presença como por exemplo de um terceiro molar mandibular impactado diminui a quantidade de osso na face distal do segundo molar adjacente; Como a face mais difícil de limpar é a distal do último dente do arco, os pacientes geralmente apresentam inflamação gengival com migração apical do ligamento periodontal na face distal do segundo molar. Ademais, pacientes com 3º molares mandib. Inclusos geralmente possuem bolsas periodontais profundas na face distal. Sara Vitória Prevenção de cáries dentárias Quando um terceiro molar está impactado ou parcialmente impactado, a bactéria que causa cárie dentária pode ser exposta à face distal do segundo molar assim como ao terceiro molar impactado Prevenção de pericoronarite A Pericoronarite é uma infecção do tecido mole ao redor da coroa de um dente parcialmente impactado e é normalmente causada pela flora oral normal, como também, pode surgir após um pequeno trauma do terceiro molar maxilar, visto que o tecido mole que cobre a superfície oclusal do terceiro molar mandibular parcialmente irrompido (opérculo). Ademais, outra causa comum para pericoronarite é o aprisionamento de comida embaixo do opérculo. LOGO, entende-se que a pericoronarite pode surgir quando um dente é parcialmente impactado com uma grande quantidade de tecido mole sobre as superfícies axial e oclusal e sua prevenção SÓ pode ser obtida com a remoção dos terceiros molares impactados antes que eles penetrem na mucosa oral e estejam visíveis. Sara Vitória Você sabia? A pericoronarite pode se apresentar como uma infecção leve ou severa. Assim, como a severidade da infecção varia, o tratamento e o manejo deste problema também variam de leve a agressivo. Para pacientes com infecção leve - caracterizada por um inchaço localizado nos tecidos e dor- a irrigação e curetagem pelo CD e irrigações em casa pelo paciente geralmente são suficientes. ENTRETANTO, para pacientes SEVEROS - que além do inchaço local e dor, também apresentam inchaço facial leve, trismo leve resultante de inflamação se estendendo até os músculos da mastigação, ou uma febre baixa - o tratamento consiste na remoção da causa somente APÓS UMA ANTIBIOTCOTERAPIA, pois há chances de evolução para espaços os profundos, como o mediastino... Prevenção de reabsorção radicular Ocasionalmente, um dente impactado causa pressão suficiente na raiz de um dente adjacente para causar reabsorção radicular. Apesar de o processo pelo qual a reabsorção radicular acontece não ser bem entendido, parece ser similar ao processo de O antibiótico de escolha para o combate à pericoronarite é a penicilina ou, em caso de alergia a penicilina, clindamicina, por via intravenosa Sara Vitória reabsorção pelo qual os dentes decíduos passam durante o processo eruptivo dos dentes sucessores. A remoção dos dentes impactados pode resultar na salvação dos dentes adjacentes por reparação cementaria; como também a terapia endodôntica pode ser necessária para salvar estes dentes. Dentes impactados sob uma prótese dentária Após a extração dos dentes, o processo alveolar passa por uma lenta reabsorção. Logo, quando a prótese é mucossuportada, os dentes impactados tornam-se mais próximos à superfície do osso, dando a impressão de estarem irrompendo. Sara Vitória Prevenção de cistos odontogênicos e tumores Quando dentes impactados são completamente retidos dentro do processo alveolar, o saco folicular associado, frequentemente, também é retido. Apesar de o folículo dental manter seu tamanho original na maioria dos pacientes, ele pode passar por degeneração cística e se transformar em cisto dentígero ou em ceratocisto Tratamento de dor de origem desconhecida (idiopática) Acomete comumente pacientes com problemas nas articulações. Se condições como a síndrome da disfunção e dor miofascial ou outros problemas de dor facial são excluídas e se o paciente tem algum dente não irrompido, a remoção do dente pode resultar na solução da dor. Prevenção de fraturas de mandíbula Um terceiro molar impactado na mandíbula ocupa o espaço normalmente preenchido por osso. Desta forma, isso pode acabar por enfraquecer a mandíbula e a deixar mais susceptível à fratura no lado do dente impactado Sara Vitória Facilitação do tratamento ortodôntico Contra Indicações Extremos de idade Quando o paciente envelhece, o osso começa a ficar calcificado, e assim, menos flexível e com menor probabilidade de ceder as forças de extração dentária, visto que há presença de grandes reabsorções da tábua óssea. Desta forma, conforme o paciente envelhece, ele responde menos favoravelmente e com mais sequelas pós-operatórias, por isso tratamentos invasivos como extrações devem ser evitados. Outrossim, a remoção muito precoce dos terceiros molares deve também ser evitada até um diagnóstico correto de que a impactação possa acontecer. Condição médica comprometida - Diabéticos não compensados - Hipertensos não compensados Sara Vitória - Com comprometimento do sistema imunológico - Com coagulopatias não controladas Possibilidade de danos as estruturas nobres Se o dente impactado está em uma área onde a remoção será seriamente prejudicial aos nervos adjacentes, dentes, ou pontes previamente construídas, deve ser prudente deixar o elemento dentário no local. Sistema de Classificação Tem por função prever a facilidade ou dificuldade do caso, visto que permite a facilidade na comunicação e otimização do planejamento cirúrgico. Existem duas classificações: Por angulação e classificação de Pell e Gregory. Angulação Usaa determinação da angulação do longo eixo do terceiro molar impactado com relação ao longo eixo do segundo molar adjacente. Dentes com alguma inclinação têm vias de saída prontas para a sua remoção, enquanto vias de saída para dentes com outras inclinações precisam da remoção de quantidades substanciais de osso; sendo assim este sistema de classificação gera uma avaliação inicial útil da Nervo alveolar inferior Sara Vitória dificuldade de extração, mas não é suficiente por si só para definir completamente a dificuldade da remoção do molar. Divide-se em: - Impactação mesioangular - Impactação horizontal - Impactação vertical - Impactação distoangular Quando a coroa do dente impactado mesioangularmente é inclinada na direção do segundo molar em direção mesial. É aceita como a de menor dificuldade para remoção. Quando o longo eixo do terceiro molar é perpendicular ao segundo molar, o dente impactado é considerado horizontal. É normalmente considerada mais difícil de se remover quando comparada com a impactação mesioangular O longo eixo do dente impactado corre paralelo ao longo eixo do segundo molar. O longo eixo do terceiro molar está angulado posterior ou distalmente ao segundo molar. Esta impactação é a mais difícil de remover porque o dente tem um afastamento do caminho de extração que vai na direção do ramo mandibular, e sua remoção requer intervenção cirúrgica significativa Sara Vitória Além da relação entre a angulação do longo eixo do segundo e terceiro molares, os dentes também podem ser angulados nas direções vestibular, lingual/palatina ou invertidos. Pell e Gregory Divide-se em: relação com a borda anterior do ramo e relação com o plano oclusal Relação com a borda anterior do ramo É baseada na quantidade do dente impactado que está coberto com o osso do ramo mandibular. É necessário examinar cuidadosamente a relação entre o dente e a parte anterior do ramo. - Classe I Quando o diâmetro mesiodistal da coroa estiver completamente anterior à borda do ramo da mandíbula. Sara Vitória - Classe II - Classe III Relação com o plano oclusal Consiste na profundidade do dente impactado comparado com a altura do segundo molar adjacente, a fim de determinar a dificuldade de remoção da impactação. Logo, o grau de dificuldade é medido pela espessura do osso de recobrimento; isto é, o grau de dificuldade aumenta à medida em que a profundidade do dente impactado aumenta. - Classe A Quando o dente estiver posicionado posteriormente de forma que aproximadamente metade de sua coroa esteja coberta pelo ramo esteja coberta pelo ramo Quando o dente é localizado completamente dentro do ramo mandibular Quando a superfície oclusal do dente impactado é no nível ou próximo ao nível do plano oclusal do segundo molar. Sara Vitória - Classe B - Classe C Quando a superfície oclusal do dente impactado está entre o plano oclusal e a linha cervical do segundo molar. Quando a superfície oclusal do dente impactado está abaixo da linha cervical do segundo molar. Classificação SOMENTE em relação ao plano oclusal do dente impactado se comparado com o adjacente. Sara Vitória Você sabia? Morfologia radicular Assim como a morfologia radicular dos dentes irrompidos têm a maior influência no grau de dificuldade de extrações fechadas, ela também possui um grande papel na determinação do grau de dificuldade da remoção dos dentes impactados. Alguns fatores devem ser considerados quando se avaliado a estrutura morfológica do dente: - Raízes longas O ideal é quando a raiz do dente está com um ou dois terços formados, pois após o comprimento total da raiz a possibilidade de morfologia radicular anormal e fratura das pontas durante a extração aumenta. Raízes longas necessitam de odontosecção. Sara Vitória - Raízes fusionadas - Raízes divergentes e com dilaceração - Tamanho do saco folicular - Densidade do osso circundante Raízes cônicas (fusionadas) são mais fáceis de serem removidas que as amplamente separadas. Raízes dilaceradas são mais difíceis de remover que as retas ou levemente curvas. Em alguns casos necessitam de odontosecção pois apresentam grandes riscos de fratura. Se o saco folicular for grande (quase tamanho de cisto), muito menos osso deve ser removido, o que torna o dente mais fácil de extrair. Entretanto, se o espaço folicular ao redor da coroa do dente for estreito ou inexistente, o cirurgião deve criar espaço ao redor da coroa, aumentando a dificuldade do procedimento e, normalmente, o tempo necessário para remover o dente A densidade óssea é melhor determinada pela idade do paciente. Pacientes com 18 anos de idade ou mais novos têm densidades ósseas favoráveis para a remoção dentária. Pacientes que tem mais de 35 anos têm osso muito mais denso com redução na flexibilidade e na habilidade de expansão. Sara Vitória - Contato com o segundo molar mandibular - Relação com o nervo alveolar inferior - Natureza do tecido de recobrimento Se existe espaço entre o segundo molar e o terceiro molar impactado, a extração será mais fácil, porque o prejuízo do segundo molar é menos provável. Entretanto, se o dente tem uma impactação distoangular ou horizontal, ele está frequentemente em contato direto com o segundo molar adjacente Terceiros molares impactados frequentemente têm raízes superpostas ao canal do nervo alveolar inferior nas radiografias. Apesar do canal normalmente ser na face vestibular do dente, ainda fica próximo às raízes. Assim, uma das potenciais sequelas da remoção dos terceiros molares impactados é o dano do nervo alveolar inferior. Tecido mole, óssea parcial e óssea completa Sara Vitória Procedimento cirúrgico Midazolan: medicamento mais utilizado para controle de ansiedade/ sedação consciente. Possui uma meia vida rápida que os outros medicamentos: em cerca de 5 horas já foi degradado pelo organismo Em casos de pacientes extremamente ansiosos recomenda-se que o paciente tome na noite anterior ao procedimento a mesma dose do medicamento que será tomado no dia seguinte (ex: Midazolan) Corticoides (agem diretamente na fosfolipase A2) Com a aplicação dos corticoides NÃO se faz uso dois AINES Sara Vitória Profilaxia antibiótica Consiste na atitude de evitar infecção por meio do uso de antibiótico antes ou após o procedimento. Necessita de profilaxia antibiótica PRÉ OPERATÓRIA Todo AIE é seletivo COX2 Só se recomenda o uso de antibióticos pós operatórios em casos de quebra de cadeia séptica ou em casos de longas exposições cirúrgicas Sara Vitória Importante Em pacientes alérgicos a penicilina NÃO SE USA MAIS A CLINDAMICINA por via oral, visto que é muito agressiva. Atualmente, UTILIZA-SE AZITROMICINA DE 500 MG. Técnica cirúrgica Cinco passos básicos formam a técnica: 1º- rebatimento de retalho adequado A incisão preferida para a remoção de um terceiro molar mandibular impactado é a incisão tipo envelope (realizada a 2 dentes adjacentes) que se estende da papila mesial do primeiro molar mandibular, ao redor dos colos dos dentesaté a face distobucal do segundo molar, e depois posteriormente e lateralmente para cima na borda anterior do ramo mandibular Sugestão para alérgicos a penicilinas Sara Vitória NÃO SE FAZ RELAXANTE NO PALATO., somente envelope., pois há chances de se lesionar a artéria palatina e o nervo palatino maior, podendo causar necrose com o corte do fluxo sanguíneo. Incisão PARAPAPILAR e divergente e NECESSITA ABRANGER AO MENOS 1 DENTE ADJACENTE Sara Vitória 2º - Remoção de osso de recobrimento Avaliar a necessidade de remoção óssea; se sim, remover uma quantidade suficiente de osso na face oclusal, vestibular e distal, até a linha cervical do dente impactado. A quantidade de osso que deve ser removida varia com a profundidade da impactação, a morfologia das raízes, e a angulação do dente. Outrossim, nenhum osso deve ser removido da face lingual da mandíbula porque há probabilidade de prejudicar o nervo lingual além de ser desnecessário. Ademais, para dentes maxilares, a remoção de osso é normalmente desnecessária, mas quando é necessária, osso é removido principalmente na face vestibular do dente, até a linha cervical para expor a coroa clínica inteira. Normalmente, a remoção óssea pode ser conseguida com um descolador periosteal, em vez de uma broca. Sara Vitória 3º – Seccionamento do dente Se necessário, dividir o dente com uma broca para permitir que ele seja extraído sem a remoção desnecessária de grandes quantidades de osso. O seccionamento permite que porções do dente sejam removidas separadamente com alavancas através da abertura gerada pela remoção óssea Sara Vitória 4º- Remoção do dente seccionado coma alavanca Uma vez que osso adequado tenha sido removido para expor a raiz e o dente tenha sido seccionado de forma apropriada, o dente é removido do processo alveolar com alavancas dentais. Na mandíbula, as alavancas usadas mais frequentemente são as retas, e as bandeirinhas. Sara Vitória 5º - Preparos e Sutura O osso nas áreas de elevação é alisado com uma lima para osso; a ferida é irrigada abundantemente com solução fisiológica estéril; e o retalho é reaproximado com suturas Importante Isto é, NÃO se deve curetar o alvéolo -em casos de ausência de lesões periapicais- uma vez que os remanescentes do ligamento periodontal e o das paredes ósseas sangrantes estão presentes nele e ajudam nas melhores condições para gerar uma cura mais rápida Sara Vitória
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