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Apostila de Ciências Ambientais Engenharia Ambiental Universidade Nilton Lins 59 pag. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Unidades deste Módulo: Unidade I Considerações Gerais sobre a Problemática Ambiental Unidade II Ecologia Básica Unidade III Problemas e Potencialidades Ambientais Globais, Regionais, Estaduais e Locais CONCEITOS E PRINCÍPIOS BÁSICOS. 1. MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A humanidade em trajetória estabeleceu a ocupação e o uso espacial da terra, utilizando os recursos naturais renováveis e não-renováveis, basicamente interessado na sua própria sobrevivência. Ao longo dos tempos, passou a adotar um comportamento predatório em relação à natureza, legando-nos o mundo em que vivemos hoje: caótico, desarmônico, desequilibrado e ambientalmente doente. O que está ocorrendo é que estamos vivendo em meio a uma série crescente de problemas ambientais, gerados por um modelo hegemônico de desenvolvimento. Na verdade, a história da humanidade mostra que a degradação ambiental já acontecia há muito tempo atrás. Só que, nessa época, não representava grande impacto na natureza. O costume predatório da humanidade não é novo. O novo é a dimensão e extensão dos mecanismos de depredação, onde inclui-se, desde o surgimento das grandes cidades e dos imensos monocultivos, até as armas nucleares (Viola, 1987). Considera-se, que os Problemas Ambientais começaram a se agravar a partir destes acontecimentos: 1. A Revolução Industrial, nos meados do século XVIII, quando o artesanato substituiu a fábrica; 2. A construção de grandes cidades sem nenhum planejamento e ordenamento para abrigar o exercito de desempregados pela revolução agrícola. Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 1 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Então os Problemas Ambientais de hoje decorrem dos fatos citados anteriormente e que, a seguir, relacionamos: Desequilíbrio na relação entre população rural e urbana, provocada por falta de políticas públicas rurais adequadas para manutenção da população rural e que ocasionaram o chamado êxodo rural, provocando o inchaço urbano. Adensamento populacional próximo as regiões industriais, com crítica qualidade ambiental produzida pela poluição. Isso se deve ao fato de que as pessoas pertencentes as camadas mais pobres muitas vezes são obrigadas a viverem nestes pólos industriais por motivo de sustentação econômica, condição imprescindível para a sua sobrevivência (Martine, 1993). Assim, elas ficam expostas à intensa poluição, que causa os mais variados problemas de doenças respiratórias, cardiovasculares, parasitárias, doenças mentais, fadiga, estresse, câncer, doenças ligadas ao olfato, à visão e à pele, lesão cerebral, além do aumento da taxa de mortalidade, principalmente em crianças e idosos (Barbosa, 1992; Hogan, 1992); Ocupação urbana desordenada e sem nenhum planejamento, construindo em áreas de preservação permanente, em áreas de risco, como encostas e margens de rios e em outras áreas proibidas pela legislação. Essa situação, gerada pelo desrespeito ao meio ambiente, aliado à negligência do poder público, promove uma deterioração ambiental dos ecossistemas locais, fazendo com que se tornem cada vez mais frágeis e vulneráveis aos desastres naturais. Nas cidades, as pessoas sofrem com os problemas das enchentes e dos deslizamentos de terras, enfrentando danos sociais, econômicos e ecológicos, inclusive com perdas de vidas humanas; Crescente acúmulo de lixo urbano, industrial, atômico e até espacial (o espaço cósmico, hoje, tem mais de 10.000 objetos circulando, tais como pedaços de foguetes e satélites abandonados, e mais de 100.000 fragmentos com até 10 centímetros); Poluição do ar, do solo, da água e dos mananciais, com todos os danos ambientais a ela associados; Assoreamento de rios e lagoas; Grande desperdício de matéria-prima em geral, de água e de energia, que nos leva a viver, hoje, sob a ameaça grave da escassez energética e da água; Desertificação, perda da fertilidade e erosão dos solos cultiváveis devido à política econômica voltada para a exportação, ao nosso modelo agressivo de produção, que utiliza práticas agro- silvi-pastoris ecologicamente predatórias e aos desmatamentos indiscriminados; Uso de agrotóxicos na agricultura (herbicidas, fungicidas, praguicidas e inseticidas), com riscos sérios de saúde tanto para os trabalhadores mal treinados que lidam com esses insumos como para a população que consome os alimentos assim produzidos; Aceleração do processo de industrialização, com predominância de tecnologias poluidoras e de baixa eficiência energética; Práticas de mineração e de exploração de carvão vegetal altamente predatórias, sob primitivas condições de trabalho subumanas; Buraco na camada de ozônio; Ampliação do efeito estufa, provocando o aquecimento global: a queima de carvão e derivados do petróleo, a prática das queimadas, as altas concentrações de gases lançados na atrnosfera, pelos pólos industriais e pêlos escapamentos dos carros, como o metano e o dióxido de carbono, produzem o efeito estufa, ou seja, o aquecimento da terra (Pearce, 1989); Formação da chuva ácida. A fumaça liberada pelas chaminés das fábricas e a queima de carvão vegetal produzem gases venenosos, tais como o óxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre, que se misturam às águas das chuvas e criam o fenômeno de chuva ácida (Pearce, 1989); Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 2 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Perda da biodiversidade, da diversidade genética e da diversidade dos ecossistemas presentes na biosfera, tanto nos solos, como nos rios, mares e ar, com perdas irreparáveis para a medicina e para atividades produtivas agrícolas, florestais e pesqueiras; Uso da biotecnologia e da engenharia genética, muitas vezes sem nenhuma regulamentação pertinente e sem proceder, paralelamente, à análise dos riscos que podem representar para o meio ambiente e para a saúde animal e humana, face à pressão da globalização econômica; isso nos expõem a possíveis acidentes biotecnológicos, como por exemplo, o uso de alimentos transgênicos; Ampliação da rede de usinas nucleares, aumentando, assim, a ameaça de contaminação radiativa tóxica (existem 443 reatores nucleares operando no mundo, e muitos outros em processo de instalação); Proliferam no mundo fome, desnutrição, altas taxas de analfabetismo, concentração fundiária, guerras, violência, corrupção, armas químicas e biológicas, narcotráfico, doenças psicológicas depressivas e esquizofrênicas, suicídios e criminalidade; Adesão à política de limpeza étnica, exploração do trabalho infantil, exploração do trabalho escravo, ausência da ética em todas as áreas do comportamento humano, falta de solidariedade. Além de tudo, criamos um fosso entre ricos e pobres, devido a concentração de renda e de riqueza, agora fomentada por uma crescente e acelerada globalização econômica, e ampliamos as desigualdades sociais, ocasionando um crescente aumento de favelas totalente insalubres, como as existentes nas grandes capitais brasileiras. Milhõesde pessoas miseráveis nascem e morrem literalmente nas ruas, perpetuando-se sem nenhuma expectativa e sem a mínima condição decente de vida. Que tipo de progresso é este? Na verdade, os grupos de poder adotaram determinados estilos de desenvolvimento assimilados e aceitos pelas sociedades dominantes, que fizeram com que se estabelecesse uma relação de exploração do homem pelo homem e da natureza pelo homem. Infelizmente, a forma como as sociedades predominantes promoveram o desenvolvimento, fizeram ciência e desenvolveram tecnologias gerou o "mau desenvolvimento que, na prática tem se mostrado predatório, penoso e injusto. O progresso, entendido apenas como avanço técnico, material e crescimento econômico, está sendo obtido dentro de um padrão de produção e consumo, de acumulação e de vida insustentável' (Leff, 1999), por meio de um domínio sobre a natureza, feito à custa de riscos ambientais locais e globais. Essa situação revela que assimilamos e fomos dominados pelo pensamento econômico, que leva em consideração a eficiência das atividades humanas e da maximização de lucros. Nosso modelo de desenvolvimento mostra a predominância da razão tecnológica e da racionalidade econômica, fundamentada no cálculo econômico (Leff, 1998). Nosso eixo norteador é o utilitarismo, a competição e a produção. Assim, construímos uma sociedade deformada, desintegrada e desintegradora do meio ambiente como um todo, pautada predominantemente por uma administração que apenas reage às questões ambientais. Sobretudo, construímos o nosso conhecimento por meio de uma percepção estreita da realidade, baseado no pensamento racional, que se caracteriza pela linearidade. Fragmentamos o saber, trabalhando os problemas ambientais isoladamente, de forma não-relacional (Capra, 1982). Em última análise optamos por uma "utopia-desenvolvimentista" antropocêntrica - no dizer de Buarque(1993), marcada pela falta de solidariedade entre os homens e desvinculada da natureza, que não teve nenhuma preocupação em estabelecer uma "viabilidade a longo prazo dos ecossistemas e dos estilos de vida que eles suportam" (Vieira & Weber, 1996). Esse processo civilizatório, pautado por modelos de sociedade incompatíveis com a sustentabilidade biológica, social, cultural e econômica, desencadeou, com o correr dos anos, tudo isto a que chamamos de "crise ambiental" . Na verdade, esta crise, manifestada através da degradação ambiental, é, em sua essência, Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 3 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark um sintoma de uma crise civilizatória. Essa, por sua vez, está ligada a uma crise existencial, fundamentada na perda de valores. Hoje, a crise ambiental é seriíssima e grave, considerada não só um problema nacional mas, também, um problema global. Está vinculada, inclusive, às questões de segurança, diretamente relacionada à nossa sobrevivência, à das futuras gerações e à do planeta que nos abriga. Haverá saída e solução para a crise ambiental? Para tentarmos modificar o presente estado das coisas, buscando uma saída para a crise ambiental, é preciso começar um "processo de desconstrução e reconstrução do pensamento" (Leff, 1999), que nos levará a uma mudança de paradigma escencialmente econômico para um paradigma ambiental, mais humanizador. Essa mudança implicará uma alternância de valores, construída sob uma nova ética. Nesse processo, temos que abandonar nossa conceituação histórica de separação entre o homem e o meio ambiente e buscar entender as relações sociedade-natureza que nele se processam. Produzindo um pouco de esperança As mudanças começam quando nos propomos a fazer alguma coisa. Podemos atuar no processo educacional, onde deverão ser revistas as teorias e os propósitos da educação, promovendo uma "Educação para a sustentabilidadé. Temos condições de dar uma guinada na nossa maneira de estimular o progresso, por meio de um "outro estilo de desenvolvimento", ou seja, o " desenvolvimento sustentável'. Adotar outros padrões de comportamento, atitudes, posturas e hábitos que estejam em harmonia com a natureza. Fazer uma administração ambiental antecipativa-preventiva, e não apenas reativa, tomando outras e novas decisões políticas e construindo um meio ambiente saudável, que melhore a nossa qualidade de vida e fortaleça o sincronismo entre as gerações, presentes e futuras.(Unger, 1991). .2. HISTÓ́RICO DA QUESTÃO AMBIENTAL . O surgimento do pensamento ambiental está diretamente relacionado ao desenvolvimento da humanidade, assim como as degradações e alterações ambientais processadas em nosso planeta ao longo deste tempo. Surgiram em países diferentes, em épocas diferentes. Foram se formando e sendo construídos, à medida que as várias civilizações foram se afirmando com o conseqüente aparecimento de problemas ambientais. Ao longo da história encontramos diversos exemplos de situações demonstrando que, mesmo de uma forma isolada e reduzida, as preocupações com o meio ambiente e a ocorrência da degradação ambiental são antigas. Há registros históricos do mau gerenciamento dos recursos naturais desde o século I, como por exemplo, os relatos de que, em Roma, já nessa época, começaram a ocorrer as quebras de safras de culturas e erosão do solo (McCormick, 1992). Em 1750, com o avanço da Ciência aliado à técnica, iniciou-se a Revolução Industrial, com todas os resultados negativos em relação às formas de exploração dos recursos naturais e humanos, cujas conseqüências de longo prazo são hoje visíveis nos problemas ambientais contemporâneos. O início do século XX foi marcado pela concepção que o mundo não pode ser analisado a partir de elementos isolados e independentes. Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 4 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark A partir da primeira metade do século XX, começou a ser desenvolvido mais intensamente o pensamento sistêmico, pelo biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy, que começou a formular uma nova teoria sobre sistemas abertos. Na década de 40, Bertalanffy combinou os vários conceitos do pensamento sistêmico e da biologia conhecida como " Teoria Geral dos Sistemas" . A teoria sistémica influenciou grandemente o meio científico a partir daí, dando origem a novas metodologias em várias áreas como engenharia dos sistemas, análise de sistemas, dinâmicas dos sistemas, entre outras (Capra, 1996). Convém ressaltar que, embora Bertalanffy seja reconhecido como o autor da primeira formulação dos sistemas vivos, entre 20 e 30 anos antes Alexander Bogdanov, pesquisador médico, filósofo e economista russo, desenvolveu uma teoria sistêmica de mesmo alcance, denominada por ele de "tectologia" , significando "ciência das estruturas; infelizmente, essa teoria é praticamente desconhecida fora da Rússia (Capra, 1996). A questão ambiental internacional no Pós-guerra Em 1945, no final da 2° Guerra Mundial, Skinner publicou o livro: ''Uma sociedade para o futuro", onde propôs uma sociedade organizada sob os fundamentos de uma engenharia comportamental. Segundo o autor, era importante pensar em um novo modo de organizar a sociedade, de dar-lhe novos valores. Esse livro só se tornaria popular a partir da década de 60, quando o mundo começou a enfrentar o esgotamento de recursos naturais, a poluição ambiental, a idéia de superpopulaçãoe a possibilidade do holocausto nuclear. Outro fato importante foi a realização, em abril de 1968, de uma reunião na "Accademia dei Lincei", em Roma, estimulada pelo empresário industrial e economista italiano, Dr. Aurélio Peccei, envolvendo, nessa época, 30 pessoas de dez países, entre cientistas, educadores, economistas, humanistas, industriais e funcionários públicos. O objetivo era discutir e refletir sobre a crise e dilemas atuais e futuros da humanidade, expondo como preocupação mundial a pobreza e a abundância, deterioração do meio ambiente, crescimento urbano acelerado, entre outros. Surgiu, então, o Clube de Roma (Meadows et ai., 1972), que mais tarde, em 1972, publicaria o livro "Limites do Crescimento". Nessa década, ocorreram em várias partes do mundo manifestações libertárias. Pela primeira vez houve uma manifestação oficial em defesa de uma atuação conjunta global para o enfrentamento dos problemas ambientais, feita pela delegação da Suécia, na ONU (Dias, 1992). Iniciou-se uma verdadeira revolução da sociedade, que passou a criticar, não só o modelo de produção mas, principalmente, o modo de vida dele decorrente. Começaram a eclodir os movimentos das mulheres, dos jovens, dos estudantes, dos hippies, das minorias étnicas. Pessoas de diferentes países e raças aglutinaram-se em torno de novas frentes de lutas tais como as lutas sobre a extinção das espécies, a corrida armamentista, a poluição, a situação dramática da Antártida, com o brutal enfraquecimento de 40% na camada de ozônio da região, o desmatamento, agrotóxicos, crescimento populacional, complexo industrial nuclear, racismo, entre outros (Viola, 1987; Gonçalves, 1990). Em 1970, a publicação do manual "Um lugar para viver", para professores e alunos, enfocando a busca da qualidade de vida e, em 1971, o lançamento do livro "Ecologia Básica", de Eugene P. Odum, passaram a ser uma referência nas discussões sobre o meio ambiente, influenciando a evolução do pensamento dos movimentos ambientalistas em nível mundial. O pensamento ambientalista também foi muito influenciado pela publicação, em 1972, do livro "Limites do Crescimento", como resultado do estudo feito pelo Clube de Roma. Foi mostrado que o consumo Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 5 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark crescente da sociedade, a qualquer custo, imposto pelo crescimento humano exponencial, levaria a humanidade a um colapso (Meadows et ai., 1972). A Internacionalização da Problemática Ambiental – A tomada de conciência O acontecimento que mais influenciou os movimentos ambientalistas internacionais neste período foi a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972, com a participação de 113 paises. Nessa conferência foram formulados a Declaração sobre o Ambiente Humano (McCormick, 1992), recomendando que deveria ser desenvolvido um programa internacional de educação para o meio ambiente (Dias, 1992), enfatizando a educação como componente fundamental para combater a crise ambientai planetária. Considerando o movimento ambientalista, três resultados importantes foram obtidos a partir desta conferência (McCormick, 1992): o primeiro, o pensamento ambientalista evoluiu, dos objetivos somente protecionistas da natureza e conservacionistas dos recursos naturais, para um entendimento da má gestão da biosfera pelos homens; o segundo, as prioridades e necessidades ambientais, antes determinadas só pelos países desenvolvidos, foram estendidas para os países em desenvolvimento, tornando-se um fator preponderante na determinação das políticas ambientais internacionais; e o terceiro, foi criado o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA). Na Conferência de Estocolmo emergiu, pela primeira vez, o termo "ecodesenvolvimento", face à necessidade de se optar por um outro tipo de desenvolvimento menos agressivo à natureza (Vieira, 1995; Maimon, 1992). Em 1973, Ignacy Sachs amadureceu e ampliou esse conceito, tendo como base três critérios, quais sejam: justiça social, prudência ecológica e eficiência económica (Sachs, 1993). Posteriormente, esse conceito foi sendo aprimorado e renomeado como "Desenvolvimento Sustentável" (Vieira, 1992). Duas correntes polarizadas do movimento ambientalista se destacaram após a Conferência de Estocolmo: 1. uma minoria catastrófica, que defendia a paralisação imediata do crescimento econômico e populacional, segundo o que está proposto no relatório "Os Limites do Crescimento", produzido pelo Clube de Roma. Defendia que, caso se quisesse ter um mundo ambientalmente sadio, todo e qualquer tipo de crescimento e desenvolvimento teria que ser impedido. 2. outra, majoritária, que apregoava ser necessário estabelecer instrumentos de proteção ambiental para atuar sobre os problemas causados pelo desenvolvimento econômico vigente, assim como atingir uma estabilização populacional, em médio prazo (Viola & Leis, 1992). Esta postura defendia que o desenvolvimento é uma administração ambiental prudente não são excludentes, mas, sim, mutuamente dependentes (McCormick, 1992). Vários acontecimentos relevantes ocorreram a partir da década de 70, influenciando a construção do pensamento ambientalista. Destacamos aqui alguns deles: o Em 1973, o filósofo e ecologista norueguês Arne Naess criou a expressão "ecologia profunda" (deep ecology), que vai além da proteção ambiental, em oposição ao Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 6 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark entendimento da ecologia apenas como ciência de senso estrito, que gerou o ambientalismo restrito, desenvolvido dentro de uma visão antropocêntrica. A ecologia profunda é caracterizada como um sistema de valores centrado em todos os seres vivos da terra e não só no homem. A cosmovisão resultante é mais ecocêntríca do que antropocêntrica. Na ecologia profunda, a natureza possui valor em si mesma, independentemente da sua utilidade econômica para o homem. Ela reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos, inclusive o homem, onde todos estão integrados em um universo. Enfoca uma visão sistêmica de vida, em contrapartida às correntes do pensamento ambientalista restrito, que aceita o paradigma mecanicista dominante (Unger, 1991). Substituiu a ideologia da preservação estrita pela conservação e preservação. do crescimento econômico pela idéia de sustentabilidade (Callenbach et al, 1993). Essa nova concepção de ecologia influenciou vários adeptos do movimento ambientalista que começaram a propor uma mudança na dimensão do pensar e do agir, reforçando a concepção qualitativa da vida, desenvolvendo valores e atitudes sustentáveis na substituição de velhas formas de viver e pensar, de respeito à vida (Unger, 1991). o Ainda em 1973 ano, as economias mundiais sofreram profundas modificacões, em virtude do "primeiro choque do petróleo", que ocorreu devido ao grande aumento no preço desse produto, com a criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Novas alternativas para a produção de energia começaram a ser pesquisadas. Iniciou, então uma implantação maciça de usinas nucleares pelos países desenvolvidos. Isso provocou transformações econômicas, políticase sociais, aguçando ainda mais a consciência ambiental das pessoas (Zucca, 1991), fazendo com que os problemas resultantes de uma exploração inadequada dos recursos naturais começassem a ser analisados dentro de um enfoque global (Viola, 1987). Dois anos depois, o órgão americano de pesquisa em energia, "Energy Research and Development Administration - ERDA ", considerava a energia solar como a mais promissora fonte alternativa fazendo com que o uso e o tipo de energia passassem a ser considerados pelos americanos como uma questão de política pública. Salientamos que, seis anos depois (em 1979), a crise energética seria ainda mais agravada pelo 2° choque do petróleo. Nesse mesmo ano de 73, o economista Schumacher publicou o livro "O negócio é ser pequeno", que passou a ser uma referência mundial para o desenvolvimento de pequenas unidades de trabalho (Tofller, 1980). Foi exatamente nesse cenário da década de 70 que os movimentos ambientalistas realmente proliferaram e se expandiram (Viola, 1987). Houve um crescente aumento de novas organizações governamentais e não- governamentais, organizações urbano-populares-comunitárias e associações civis, que procuravam espaços de participação e se engajaram no movimento ambientalista. Também com eles surgiram: um novo perfil de administradores e gerentes públicos e privados que estão optando por outros modelos de gestão de processos produtivos, com ênfase na sustentabilidade, envolvendo tanto aqueles que apresentam um melhor aproveitamento energético e o uso mais eficiente dos materiais; Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 7 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark bem como aqueles menos poluidores, por meio de uma contínua e crescente substituição de tecnologias predatórias pelas tecnologias limpas; grupos e instituições de pesquisa científica, que estão buscando a solução dos problemas ambientais por meio de modelos sistêmicos; consumidores de produtos ecológicos tais como produtos agrícolas orgânicos, produtos biodegradáveis, papel reciclado, recipientes reutilizáveis, enfim, opção por produtos ambientalmente corretos, em que todo o processo seja sustentável e ecologicamente corretos – os chamados produtos verdes. Desde a obtenção das matérias-primas, passando pelo produto final, até a destinação dos resíduos – o chamado ciclo de vida de um produto; novos partidos políticos, com ênfase ambiental - os Partidos Verdes. Além disso, o movimento ambientalista influenciou as agências internacionais para atuarem, de forma mais decisiva, na elaboração e a implementação de acordos, tratados e programas internacionais, responsáveis pelo equacionamento dos problemas ambientais transfronteiriços. Sobretudo, o movimento ambientalista também se caracterizou por defender não só o equilíbrio sócio- ecológico mas, também, valores e interesses universais, como a paz, a não-violência, a justiça social e a solidariedade com as gerações futuras (Viola, 1987). Ao preconizar uma nova relação homem-sociedade-natureza, baseada em novos valores, o movimento questiona a racionalidade do sistema social, propondo uma alteração dos modelos dominantes de estilo de vida e de produção, abrindo caminho para o desenvolvimento de um "processo de descentralização econôica e de autogestão comunitária dos recursos" nunca antes tão sentido neste planeta. (Leff, 1998). Esse conjunto de transformações está construindo uma nova ordem social, cultural, econômica, filosófica e política, em âmbito local, regional, nacional e mundial. Novas estratégias, acordos, perspectivas, negociações e relações estão sendo propostas e construídas, envolvendo os vários setores da sociedade. Por refletir uma nova visão de mundo, contrária à vigente até então, o movimento ambientalista provoca uma "ruptura na história do pensamento e do senso comum do Ocidente, constituindo-se em um novo paradigma" (Viola 1987). A questão ambiental mundial no final do Século XX. Em 1980, Ignacy Sachs publicou "Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir", que influenciou grandemente o meio científico de alguns países (inclusive o Brasil). O livro aborda aspectos ambientais como a prudência ecológica na gestão dos recursos; o desenvolvimento endógeno; a harmonia dos interesses sócio culturais, econômicos e ecológicos. As reflexões e instrumentalizações das décadas anteriores geraram a necessidade de estabelecimento de estratégias para o enfrentamento das questões de meio ambiente. Assim, em 1983, face aos problemas ambientais mundiais, a Assembléia Geral das Nações Unidas deliberou pela criação de uma Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que deveria elaborar uma "agenda global para mudança", sendo designada a senhora Gro Harlem Brundtland, na época, líder do Partido Trabalhista Norueguês, como presidenta dessa comissão (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1988). Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 8 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Um fato importante em 1984 é que começa a publicação anual, pelo Worldwatch Institute dos Estados Unidos, do: "State of the World" ou "Estado do Mundo: Informe do Worldwatch Institute sobre o Progresso para uma Sociedade Sustentável, com edições em inglês, português, alemão, árabe, chinês, espanhol, francês, japonês e russo. Essa publicação constitui-se em um alerta ambiental, chamando a atenção da comunidade internacional para a necessidade de se desenvolver uma ação política cooperativa contra a degradação do meio ambiente. Torna-se, desde então uma fonte de consulta obrigatória sobre a problemática ambiental (Guimarães, 1991; Viola & Leis, 1991). Em 1985, devido às preocupações com os problemas ambientais e de saúde humana que poderiam advir das possíveis modificações na camada de ozônio, foi realizada a Convenção de Viena, que resultou no comprometimento de alguns governos internacionais para intervir nesse problema. No final da década de 80 se consolida, em amplos setores da sociedade, a necessidade de se adotar um novo estilo de desenvolvimento, que trouxesse a responsabilidade sócio-ambiental. Assim, difundiu-se o conceito de desenvolvimento sustentável, principalmente depois da divulgação, no meio internacional, do relatório: Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente em 1987, conhecido também como Relatório Brundtland (Viola & Leis, 1992). Nele é proposto um pacto mundial pelo: desenvolvimento econômico; equidade social; e equilíbrio ecológico. Propõe uma "responsabilidade comum" com o Meio Ambiente. É adotado o conceito de "desenvolvimento sustentável",que é uma evolução e aprimoramento do conceito de ecodesenvolvimento originado em Estocolmo, como "aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras" No final da década de 80, surgiu a Economia Ecológica, como um novo campo transdisciplinar que estabelece relações entre os ecossistemas e o sistema econômico (Constanza & Daly, 1991). Ela se opõe à economia clássica, que se mostra insuficiente para explicar e resolver os problemas ambientais de caráter global (Maimon, 1992). A partir daí muitos economistas estão trabalhando para definir os custos dos recursos ambientais e vários danos ambientais, bem como métodos de mensuração do crescimentoeconômico e do custo ambiental para isto. Em 1992, no Rio de Janeiro, aconteceu a segunda "Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento", com a participação de 170 países. Ambientalismo e Ecologismo Em todo movimento ambientalista, como em qualquer movimento social, sua organização e sua própria história de luta geram uma tomada de consciência, abrindo condições para a realização de seus propósitos. Um movimento ambientalista por uma classe média de uma população, pode, assim, incorporar demandas populares e estabelecer alianças diferentemente de um movimento rural ou de um movimento indígena (Leff, 1998). Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 9 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Apesar da dificuldade para se estabelecer uma tipologia dos diversos movimentos ambientalistas, entretanto, é possível fazer distinção entre os movimentos ambientalistas denominados de ecologistas, do Norte, e os movimentos ambientalistas do Sul, segundo Leff (1998). O ecologismo dos países altamente industrializados(norte) tem surgido como: uma ética e estética da natureza; como uma busca de novos valores que emergem das condições de posmodernidade; produzindo uma sociedade de abundância satisfeita nas suas necessidades básicas e de sobrevivência; não questiona o modelo econômico dominante (Leff, 1998). Já os movimentos ambientalistas dos países pobres, e/ou em desenvolvimento (sul), emergem em resposta à destruição da natureza e à falta de condições mínimas de vida e de seus meios de produção. São movimentos: o deflagrados por conflitos sobre o acesso e o controle dos recursos; o pela reapropriação da natureza por movimentos ligados a democratização, à defesa de suas terras, de suas identidades étnicas, de sua autonomia política e de sua capacidade de fazer autogestão de seus estilos de desenvolvimento e suas formas de vida; o são movimentos que definem as condições materiais de produção e os valores culturais das comunidades locais (Lef, 1998). Contudo, na prática, parece que esta distinção não é feita. Muitas vezes, os documentos confundem as diferentes características do movimento ambientalista com as do movimento ecológico, esse último assumindo a posturas reducionistas e preservacionistas. Ou seja, ora aparece a expressão " movimento ambientalista"', ora aparece ";movimento Ecológico", indistintamente. A mudança de postura em relação ao Meio Ambiente Podemos dizer que o movimento ambientalista, de uma forma global, está gerando as seguintes modificações nos valores da sociedade vigente: Consolidação do fato inegável de que a humanidade é dependente de um meio natural saudável, noção esta que estava se perdendo em função do conceito hegemônico de progresso e de crescimento econômico (McCormick, 1992). Novas formas dos homens se relacionarem entre si, com os outro seres vivos e com a natureza, onde essas relações começam a serem vistas de maneira sistêmica. Desafios aos modelos tradicionais de crescimento e desenvolvimento, tanto capitalista como socialista, buscando construir um novo modelo baseado na sustentabilidade (McCormick, 1992; Viola, 1987) e orientado pela racionalidade ambiental. Substituição das tecnologias poluidoras, produzidas pela revolução agrícola e industrial, por novas tecnologias não poluentes e não degradadoras do meio ambiente (McCormick, 1992). Novo perfil de produtores e consumidores. Partidos políticos que assumem causas ambientais. Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 10 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Participação intensiva das ONGs e dos movimentos sociais no de gestão e políticas públicas. Redirecionamento do modelo educacional, em que a educação é orientada para a sustentabilidade. CONCEITUAÇÃO DE MEIO AMBIENTE BIOSFERA O ORGANISMO O FLUXO DE ENERGIA E OS CICLOS DA MATÉRIA NOS ECOSSISTEMAS ORGANISMOS AUTOTRÓFICOS ORGANISMOS HETERÓTROFOS A IMPORTÂNCIA DOS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS NA MANUTENÇÃO DE UM ORGANISMO TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA E CIRCULAÇÃO DOS ELEMENTOS TEORIA DOS SISTEMAS ESPÉCIE POPULAÇÃO CONCEITO DE NICHO CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉSCIES EM FUNÇÃO DO TAMANHO DO NICHO SUCESSÃO ECOLÓGICA HOMEOSTASE E RESILIÊNCIA COMUNIDADES E BIODIVERSDADE . INTERAÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES NUM ECOSSISTEMA Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 11 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark CONCEITUAÇÃO DE MEIO AMBIENTE A expressão "ambiente" tem sua origem no latim "ambiens", significando "que rodeia". Já a expressão "meio ambiente" é definida de várias maneiras: as circunvizinhanças de um organismo, incluindo as plantas, os animais e os microorganismos com os quais ele interage (Ricklefs, 1993); o mundo biótico e abiótico (Morán, 1990); o meio físico, químico e biológico de qualquer organismo vivo (Pope, 1999); o conjunto de todas as condições e influências externas que afetam a vida e o desenvolvimento de um organismo (Batalha, 1987). Como se pode observar, estas definições de meio ambiente são essencialmente biológicas, não citando explicitamente o homem como parte desse meio. No Brasil, o documento que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente define o termo meio ambiente como: "o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas". Esta definição é ampla, visto que abrange tudo o que tem vida e a permite; mas, como as demais, o homem não é citado explicitamente. A conceituação restrita de meio ambiente o coloca como sendo "só sinônimo de natureza". E o que é natureza? Natureza é "um termo genérico que designa os organismos e o ambiente onde eles vivem" (Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais, 1998). Portanto, o meio ambiente, entendido como sinônimo da natureza, também não tem o componente humano, como se o homem fosse deslocado do mesmo. Dentro deste enfoque, fazem parte do meio ambiente somente as florestas, matas, animais, rios, solos e o ar. Mas, será que nós, seres humanos, estamos fora do meio ambiente? Será que trabalhamos e interferimos nele, mas não fazemos parte dele? Assim, influenciado pelo conceito cartesiano mecanicista, tendo por base o pensamento racional positivista, o meio ambiente foi trabalhado como se fosse somente um objeto científico, divorciado da ação humana, com limites definidos e áreas Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 12 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark estanques. Este pensamento racional positivista predominante nas ciências desde o séculoXVII, linear, fragmentado e analítico, dificultou a compreensão clara do funciona mento dos sub-sistemas que o compõem, gerando ações comportamentais destruidoras dos recursos naturais e da natureza como um todo. Todas as complexas inter-relações existentes no trinômio homem-sociedade-natureza presentes no meio-ambiente foram desconsideradas. Como conseqüência, o meio ambiente tem sido alvo das mais variadas ações humanas, de uma forma catastrófica, provocando uma degradação dos recursos naturais e dos ecossistemas. Paralelamente a isto, temos adotado uma gestão ambiental reativa, que se l imita a reagir aos problemas ambientais já instalados, frutos da destruição e poluição da natureza e dos seus recursos naturais. Ressalte-se ainda que esta concepção de meio ambiente e de suas relações contribuiu para o desenvolvimento de uma filosofia que estimula e legítima a exploração e o efeito destrutivo de nossa ação antrópica sobre a natureza e o próprio homem. Diante da crise ambiental, e da necessidade de reverter o quadro de deterioração ambiental provocado pelas sociedades, partindo de uma visão sistêmica, um outro conceito de meio ambiente é proposto. Inicialmente, vamos reforçar o fato de que o meio ambiente constitui " O resultado de processos de origem natural, não-humana, e de ações antrópicas (ou seja humanas); essas ultimas adquirem uma importância considerável, pelo fato de interagirem com os processos naturais a ponto de conseguirem alterar suas tendências profundas" (Jollivet & Pavé, 1996), Exemplo disso é o efeito estufa, resultante das alterações de origem antrópica na composição da atmosfera. Portanto se uma conceituação sistêmica de meio ambiente, em que se trabalham "as relações existentes entre o comportamento dos elementos da natureza (físicos, químicos & biológicos) com o homem (como núcleo familiar) e sociedade (estrutura polít ica, social e econômica)". Assim, os sub-sistemas físico-químicos e biológicos da natureza se articulam entre si e com o sub-sistema social- humano, e vice-versa. Todos eles são interdependentes, formando o meio ambiente. Portanto, o meio ambiente deve ser visto como um conjunto de relações integradas entre estes sub-sistemas. Desde a Conferência de Tbilisi , 1977 já se propõe um conceito ampliado de ambiente, onde não só os então chamados constituintes da natureza fazem parte, mas inclui também a humanidade e toda a gama de relações dela provenientes. Portanto, dentro de uma visão integral, e de forma mais detalhada, o meio ambiente pode ser conceituado como o resultado da combinação dinâmica dos sub-sistemas biológico, físico-químico e social-humano que, em determinado porção do espaço, tempo e mo mento social, formam um conjunto único e indissociável (adaptado de Hardt & Lopes, 1990). A herança sócio-cultural da sociedade que compõe, junto com a natureza, um Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 13 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark determinado meio ambiente, deve ser considerada no conjunto destas relações. Ressaltamos o fato de que a natureza tem que ser percebida de outra forma que não só util itarista. Não se deve atribuir a ela apenas um valor de uso ou um valor instrumental. A natureza tem valor real em si mesma, pelo fato de existir - é o valor de existência, traduzido como benefício sem consumo (Unger, 1991). Portanto, atualmente se entende a palavra meio ambiente "como o resultado das complexas inter-relações de intercâmbio entre a Sociedade e a Natureza, em um espaço e tempo concretos. O ambiente se gera e se constrói ao longo do processo histórico de ocupação e transformação do espaço por parte de uma sociedade. Surge como a síntese histórica das relações de intercâmbio entre Sociedade e Natureza" (Mininni-Medina, 1994). Modernamente se trata o meio ambiente de forma sistêmica, não existindo mais uma separação entre sociedade e natureza (Bifani, 1997). Ressalta-se aqui que só recentemente, com a discussão da vertente ambiental no meio das organizações empresariais, é que a ISO 14001 (normas internacionais para gerenciamento ambiental) definiu meio ambiente, explicitando claramente o homem na sua conceituação, como se segue: meio ambiente significa "os arredores no qual uma organização opera, incluindo ar, água, terra, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter- relações" (Reis, 1996). Duas características são peculiares destes sub-sistemas que compõe o meio ambiente (Capra, 1982): Sua natureza intrinsecamente dinâmica; as relações não são estáticas, rígidas, mas flexíveis e em permanente transformação. Relações simbióticas, ou seja, mutuamente vantajosas para os parceiros associados, em que animais e plantas desenvolvem-se numa relação de competição e mútua dependência. Se o sistema sofrer perturbações, podem começar a aparecer sinais de descontrole. Biosfera A biosfera (esfera de vida), compreende todos os ambientes e organismos da superfície da Terra, ou seja, é o conjunto de regiões do planeta que possibilitam a existência permanente dos seres vivos. A biosfera pode ser subdividida em três regiões distintas: a li tosfera, a hidrosfera; e a atmosfera. A litosfera é a camada superficial sólida da Terra, constituída de rochas e solo, acima do nível das águas. O solo é mais do que a parte superficial que Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 14 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark se desagregou das rochas. É o produto da transformação e da mistura de minerais, matéria orgânica morta, ar, água e organismos vivos. A hidrosfera é representada pelo ambiente líquido: os rios, lagos e oceanos. Estes últimos cobrem cerca de 71% da superfície da Terra. O volume total de água na biosfera é de cerca de 1,5 bilhões de Km 3 . Essa água está distribuída de modo muito desigual pela superfície da Terra, cuja superfície total é de 512 milhões de Km 2 . A maior parte da água está no mar (97%). Os 3% restantes são constituídos por água doce (a maior parte em geleiras). O depósito de águas subterrâneas é muito maior do que o de águas superficiais. Rios e lagos contribuem muito pouco para o total de água doce existentes. A atmosfera é a camada gasosa que circunda a superfície da Terra, envolvendo os dois ambientes acima citados. O contínuo movimento do ar assegura-lhe uma composição constante- 79% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 0,03%de dióxido de carbono, vapor d'água e gases nobres. O organismo Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 15 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermarkA célula é basicamente a unidade da vida. Todas as células estão envolvidas externamente por uma membrana ou parede e contém o material genético e outras estruturas necessárias para realização das funções vitais. Os organismos podem consistir de uma única célula, ou podem conter bilhões de células. As células podem se diferenciar e formar grupos com formas e funções semelhantes, chamados tecidos. Grupos de tecidos que juntos desempenham uma determinada função formam órgãos. Grupos de órgãos formam sistemas ou aparelhos. O conjunto de sistemas e aparelhos constitui o organismo. Qualquer forma de vida é um organismo. Conceito de Ecossistema (ou Sistema Ecológico) Os organismos vivos (bióticos) e o seu ambiente não-vivo (abiótico) estão inseparavelmente relacionados e interagem entre si. Chamamos de sistema ecológico ou ecossistema, qualquer unidade que abranja todos os organismos que funcionam em conjunto numa área específica, interagindo com o seu ambiente físico. Portanto, o ecossistema é uma unidade de natureza ativa que combina comunidades bióticas (componentes vivos como plantas, animais e microorganismos) e componentes abióticos (formados de componentes não vivos químicos e físicos como água, ar, nutrientes, luz solar, temperatura, precipitação, etc) com os quais interagem. Existe uma diversidade de tipos de ecossistemas, como um lago, um campo, um rio, uma floresta, etc. O Fluxo de energia e os ciclos da matéria nos ecossistemas O fluxo de energia refere-se à transferência de energia de uma parte de um sistema para outra, particularmente de um nível trófico para outro numa cadeia ou rede alimentar. A fonte primária de energia é o sol, que permite a existência dos ecossistemas. A transmissão da energia dentro do ecossistema segue os princípios da termodinâmica. O primeiro princípio da termodinâmica é o da conservação da energia. Afirma que a energia pode ser transformada de um tipo em outro, mas não pode ser criada nem destruída. Assim, uma lâmpada transforma energia elétrica em energia luminosa e uma planta transforma energia solar em energia química. O segundo princípio é o da entropia, que afirma que nenhuma transformação é 100% eficiente, pois sempre alguma energia dispersa-se em energia térmica não disponível. Assim, uma lâmpada não transforma a energia elétrica apenas em energia luminosa, mas também em energia térmica, isto é, calor. Da mesma forma, as plantas não conseguem transformar toda a energia solar em energia química, nem os animais conseguem utilizar toda a energia química contida nos alimentos. Sempre alguma energia dissipa-se na forma de calor. Por isto quanto mais perto o organismo estiver dos produtores primários, mais energia concentrará por unidade de peso.Em um ecossistema os organismos (componentes bióticos) podem ser: produtores (organismos autotróficos); e consumidores ou decompositores (organismos heterotróficos). Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 16 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Organismos autotróficos Os organismos que sintetizam o alimento a partir dos materiais inorgânicos e energia solar são chamados de produtores ou autotróficos (auto-alimentados). No ambiente terrestre as plantas são os principais organismos produtores. Nos ecossistemas aquáticos os fitoplânctons, e as algas são os maiores produtores. A produtividade dos seres autotróficos é denominada produção primária, isto é, é feita pelas plantas, no fenômeno chamado fotossíntese, A fotossíntese é o processo responsável pela produção de matéria orgânica na Terra partindo da energia e de matérias-primas existentes no ambiente que os vegetais absorvem | tilizam. A energia utilizada é a energia luminosa (luz), fornecida pelo sol, e as matérias primas são água e gás carbônico (um dos componentes do ar). As plantas transformam substâncias em duas, que são: um açúcar, que é armazenado na planta, e um gás, o oxigênio, que é liberado para o ambiente. Apesar das plantas poderem adquirir grande porte e apresentar superfícies enormes, é o fitoplâncton o maior responsável pela biomassa e pelo oxigênio produzido na Terra, devido ao fato de ocuparem uma enorme superfície, os mares, oceanos e á j interiores (lagos, rios, etc.). O processo inverso ao da fotossíntese é a respiração. A respiração é um processo no qual um organismo ou célula viva utiliza oxigênio para converter os compostos orgânicos em energia, liberando dióxido de carbono e água. A fotossíntese produz matéria orgânica e oxigênio; a respiração consome material orgânica e oxigênio. A energia que a fotossíntese consome é proveniente da luz solar. \\ energia que a respiração consome é proveniente da quebra das ligações de carbono matéria orgânica. Organismos Heterótrofos Os animais e a maioria dos microorganismos, que obtêm a sua energia e nutrientes através de plantas ou animais, ou ainda restos mortais destes, são chamados de consumidores ou heterotróficos (alimentado por outro). Os animais e microorganismos que consomem detritos, como serrapilheira, fezes, carcaças, etc., são denominados detritívoros ou saprófagos e estão ligados a todos os níveis tróficos. Entre os detritívoros, os decompositores ou redutores (na maioria fungos e bactérias) são os responsáveis pela liberação dos nutrientes da matéria orgânica morta ao solo. Permitem, assim, que estes sejam reciclados pela reutilização pêlos organismos vivos. Os papéis duais das formas de vida como produtores de alimento e como consumidores de alimento dão ao sistema uma estrutura trófica, determinada pelas relações de alimentação, através da qual a energia flui e os nutrientes circulam. A transferência de alimento dos produtores para os demais organismos da comunidade ocorre continuamente. Essa transferência resulta numa seqüência de organismos, com a repetição dos fenômenos de Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 17 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark comer e ser comido, que recebe o nome de cadeia alimentar. Portanto, cadeia alimentar é uma seqüência de organismos relacionados através do alimento. Dentro dessa estrutura trófïca ou cadeia alimentar podemos classificar os seres vivos de acordo com a posição que ocupam nessa cadeia. Cada posição constitui um nível trófico (a palavra grega "trofos” significa alimento). O primeiro nível trófico é o dos produtores (organismos que realizam fotossíntese), seguidos pelos consumidores primários ou consumidores de primeira ordem (herbívoros), consumidores secundários ou de segunda ordem (carnívoros), consumidores terciários ou de terceira ordem, e assim por diante. Porém, excepcionalmente consumidores e decompositores se especializam rigorosamente em uma única fonte alimentar. Geralmente os herbívoros se alimentam de diversas espécies vegetais e os carnívoros, de diferentes tipos de animais. Por outro lado, dada espécie vegetal serve de alimento a diversos consumidores, valendo mesmo para os animais e microorganismos. Além disso, muitas espécies, como por exwmplo o homem, são onívoras - alimentam-se de plantas e vegetais. A diversidade de espécies existentes na natureza possibilita o uso destas diversas fontes de alimento, de modo que as cadeias de predadores de uma comunidade ligam-seumas às outras formando uma alimentar ou teia alimentar. A estrutura trófïca de um ecossistema também pode ser descrita na forma de pirâmides de energia, onde a base é formada pelos produtores, seguida dos demais níveis tráficos, tamanho dos níveis decresce da base para o ápice, formando uma pirâmide. DA IMPORTÂNCIA DOS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS NA MANUTENÇÃO DE UM ORGANISMO Como vimos anteriormente, existe uma via de entrada de energia na cadeia alimentar; agora vamos entender o que são ciclos biogeoquímicos, também chamados de ciclos da matéria ou dos nutrientes. Opostamente ao fluxo de energia, que é unidirecional, exigindo uma fonte de energia externa ao ecossistema, a matéria percorre caminhos cíclicos, sendo constantemente reaproveitada pêlos seres produtores. O oxigênio produzido pela fotossíntese pode ser reutilizado por outros seres vivos. Os sais minerais que os organismos absorvem e usam também acabam voltando para o ambiente, podendo ser novamente reabsorvidos. Portanto, todas estas substâncias descrevem ciclos. As plantas verdes transformam as substâncias inorgânicas (como por exemplo, carbono, nitrogênio, fósforo e potássio) em compostos orgânicos, que são transferidos ao longo da cadeia alimentar. Estes são devolvidos ao solo, à água e à atmosfera em sua forma inorgânica, por ação dos seres decompositores, ficando novamente disponíveis aos seres produtores. Assim, os elementos químicos que constituem os organismos estão sendo constantemente reciclados na natureza, através do meio físico e biológico, o que é de grande importância para a manutenção dos ecossistemas. Portanto, ciclo biogeoquímico é este ciclo dos elementos químicos entre o meio biótico (organismos) e o meio abiótico (geofísico). A geoquímica está relacionada à composição química da terra e com a troca Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 18 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark de elementos entre os diversos pontos da crosta terrestre e dos oceanos, rios e outras massas de água. "Bio" refere-se a organismos vivos e "Geo" às rochas, ao ar e a água de nosso planeta. Ao contrário da energia, os nutrientes permanecem dentro do ecossistema, onde circulam entre os organismos e o meio físico continuamente. A maior parte desses nutrientes origina-se nas rochas da crosta ou na atmosfera terrestre, e dentro do ecossistema são reutilizados várias vezes pelas plantas e animais antes que se dispersem nos sedimentos, águas correntes, lençóis de água ou atmosfera. Qualquer mudança nos ciclos pode causar um profundo desequilíbrio nos ecossistemas. Cada elemento possui uma trajetória específica, determinada por suas transformações bioquímicas particulares, no seu ciclo através do ecossistema. Sistemas vivos transformam elementos nos seus compostos para fornecer nutrientes que vão formar as estruturas e transportar a energia por todos os processos vitais. Os ciclos elementais às vezes tornam-se desequilibrados, e os elementos acumulam-se ou são removidos do sistema. Por exemplo: durante os períodos de renovacão do carvão e turfa, a matéria orgânica morta acumula-se em sedimentos de lagos pântanos e mares rasos onde as condições anaeróbicas desaceleram sua decomposição pêlos microrganismos. . Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 19 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Transformação de energia e circulação dos elementos As transformações que produzem formas orgânicas de um elemento específico são denominadas "processos assimilativos". Um exemplo de uma transformação assimilativa de um elemento é a fotossíntese, pela qual o carbono inorgânico (dióxido de carbono) é transformado em carbono orgânico (carboidratos). Outras, que envolvem o nitrogênio e o enxofre, por exemplo, são também importantes no ecossistema. Há também os "processos desassimilativos", que envolvem a oxidação do carbono orgânico e a liberação de energia,com a volta do carbono à sua forma inorgânica disponível. No ecossistema, nem todas as transformações de elementos são biológicas, nem envolvem assimilação líquida ou liberação de quantidades úteis de energia. Muitas reaçòes químicas têm lugar no ar, no solo e na água. Algumas delas, tais como o intemperismo da rocha matriz, liberam determinados elementos para o ecossistema, como por exemplo, potássio, fósforo e silício, por exemplo. Vamos ver, agora, os ciclos dos elementos essenciais, como a água, o carbono, oxigénio, o nitrogénio, o fósforo, o enxofre e o mercúrio. Ciclo da Água (H2O) A água, presente nos corpos hídricos como mares, rios e lagos, e na superfície dos solos, é encontrada na biosfera nos estados sólido, líquido e gasoso. Considerando estes três estados físicos da água, o seu volume é estimado em 1,5 bilhão de Km3, aproximadamente, sendo que 97% da água encontram-se nos oceanos e pouco mais de 2% nas geleiras. Assim sendo, em termos aproximados, só 1% da água encontrada na biosfera participa ativamente dos processos de metabolismo dos seres vivos. Considerando o peso de um homem, a água equivale aproximadamente a 65% do seu peso; em alguns organismos, como por exemplo a água-viva, chega a 98% de seu peso. A energia luminosa absorvida pela água executa o trabalho da evaporação. Ou seja, água sofre um processo de evaporação pela ação da radiação solar, passando à atmosfera sob a forma de vapor. O vapor de água atmosférico, ao sofrer um resfriamento, se condensa em forma de nuvens. A condensação do vapor, ao formar nuvens, libera a energia potencial da água em forma de calor. A água é devolvida à superfície da terra sob a forma de chuvas, neblina, granizo ou neve. Além de abastecer o lençol freático, a água pode infiltrar-se no solo, ficando disponível para as plantas. Sobre a superfície do solo, uma parte da água precipitada pode escoar e abastecer os corpos hídricos, e outra parte pode evaporar. A evaporação, e não a precipitação, determina o fluxo de água através do ecossistema. A absorção de energia radiante pela água líquida incorpora uma fonte de energia ao ciclo hidrológico. Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 20 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark A evaporação e a precipitações são intimamente ligadas porque a atmosfera tem uma capacidade limitada para reter vapor de água; qualquer aumento na evaporação para a atmosfera cria um excesso de vapor e causa um igual aumento na precipitação. Pelas raízes das plantas a água absorvida e os seres consumidores podem ingeri-las diretamente ou através do consumo de plantas e de outros animais em seus processos de nutrição. Através da respiração e transpiração, os organismos vivos eliminam a água para o meio ambiente; os seres consumidores, utilizando o seu sistema urinário, também a eliminam. Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 21 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermarkCiclo do Carbono (C) O componente básico de todos os organismos vivos é o carbono, constituinte fundamental de todos os organismos vivos. Três classes de processos causam a reciclagem do carbono nos sistemas aquáticos e terrestres. A primeira classe de processo inclui as reações assimilativas e desassimilativas de carbono na fotossíntese e na respiração. São elas as maiores reações de transformação de energia da vida. A fotossíntese é um processo durante o qual o carbono (C) do dióxido de carbono (CO2) é utilizado, após várias reações químicas, para formar uma molécula de açúcar, liberando oxigênio e água. 6 (CO,) + 6(H2O) + energia luminosa = C6H12O6 (açúcar) A segunda classe inclui a troca física de dióxido de carbono entre a atmosfera e os oceanos, lagos e águas correntes. O dióxido de carbono dissolve-se rapidamente na água. A terceira classe que dirige o ciclo do carbono consiste na dissolução e precipitação de compostos de carbono como sedimentos, particularmente o calcário e a dolomita. De uma maneira simplificada, podemos dizer que os seres autótrofos captam o gás carbônico do ar atmosférico, usando-o na produção de matéria orgânica. Esta é consumida e incorporada aos tecidos dos seres heterótrofos ao longo da cadeia alimentar. Por meio dos processos respiratórios dos seres vivos, a oxidação de matéria orgânica libera parte do carbono assimilado na forma de gás carbônico. O carbono retorna para o meio sob a forma de gás carbônico, através da matéria orgânica das plantas e animais mortos, utilizada como alimento pêlos microorganismos decompositores. O ciclo do carbono é um dos mais influenciados pelas atividades antrópicas. As principais formas dessa interferência ocorrem pela queima de matéria orgânica (combustíveis fósseis) e pela queima de florestas, que liberam grandes quantidades de CO2 no ar. Um exemplo da influência deste ciclo é o efeito estufa. Ciclo do oxigênio O oxigênio entra praticamente em todos os ciclos já tratados, sendo um importante elemento nos processos energéticos do metabolismo dos seres vivos. Cerca de 1/5 da atmosfera terrestre é formada de oxigênio. O oxigênio é encontrado na forma gasosa (O,), na atmosfera ou dissolvido na água, associado ao carbono, formando o gás carbônico, ou ainda associado ao hidrogênio na forma de água. É incorporado pelas plantas autótrofas como matéria orgânica por fotossíntese ou por quimiossíntese e delas passam às outras plantas e animais heterotróficos. Plantas e animais devolvem o oxigênio ao meio, em forma de CO2, pela respiração e processos fermentativos, enquanto vivos. Ao morrerem, cadáveres de animais, plantas e microorganismos liberam o oxigênio ao se decomporem. Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 22 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Em resumo, o oxigênio é retirado do meio através da respiração de animais e plantas, consistindo no óxido-redução de matéria orgânica, liberando gás carbônico, água e energia. É novamente devolvido pelo processo da fotossíntese das plantas terrestres e do fitoplâncton. Respiração 6CO, + 6Hp + energia Ciclo do Nitrogênio (N) Para a continuidade da vida o nitrogênio é indispensável, fazendo parte da composição das moléculas de proteínas e bases nitrogenadas dos ácidos nucléicos. Uma das últimas fontes de energia para o ecossistema é o nitrogênio molecular (N2) ele constitui cerca de 78% da composição do ar atmosférico. Sua assimilação é difícil para a maioria dos seres vivos, ainda que exista em grandes quantidades. É um ciclo tipicamente gasoso. O depósito abiótico encontra-se sob a forma de nitrogênio gasoso (N). A forma usual de incorporação do nitrogênio pelas plantas é sob a forma de nitrato ou de amônia. Na biomassa, o nitrogênio desempenha um papel fundamental como elemento estrutural de praticamente todas as classes de compostos bioquímicos (ácidos nucléicos, proteínas, lipídeos, etc.). O nitrogênio volta ao meio abiótico via excreção de uréia, amônia ou ácido úrico ou, então, por decomposição bacteriana e fúngica de tecidos mortos. A fixação biológica do nitrogênio atmosférico é muito importante sob o ponto de vista ecológico e ocorre graças à ação de certas bactérias simbióticas, como as do gênero rhizobium, que vivem em nódulos das raízes de plantas leguminosas (como amendoim, feijão, soja); por bactérias de vida livre no solo (gênero azotobacter, clostridium e rhodospirilum); e algas cianofíceas dos gêneros anabaena e nostoc, em meio anaeróbico, na água ou em solos encharcados. Ciclo do Fósforo (P) O papel do fósforo no ecossistema é de suma importância porque os organismos requerem fósforo em um nível relativamente alto como um dos constituintes dos ácidos nucléicos, membranas celulares, sistemas de transferência de energia, ossos e dentes. As diversas rochas que contém fosfatos (rochas fosfatadas) originadas em remotas eras geológicas constituem-se nas reservas de fósforo, que liberam estes fosfatos pouco a pouco nos ambientes terrestre e aquático, que são utilizados pêlos seres produtores, ficando disponíveis para os seres consumidores ao longo da cadeia alimentar. Os seres decompositores degradam a matéria orgânica proveniente das plantas e animais mortos, e liberam o fósforo na forma de fosfato assimilável pêlos seres autótrofos. O fósforo vai entrar na composição de substâncias orgânicas, primeiro nos vegetais, e depois de animais. A decomposição dos tecidos mortos faz retornar ao ambiente os fosfatos. Parte fica no solo, parte se escoa para os rios e mares, sendo utilizado pelos fitoplânctons, primeiro e entrando depois nas cadeias alimentares. Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 23 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Na maioria dos ecossistemas, a quantidade de fósforo disponível, seja no solo e na água, é muito baixa e esse é um elemento limitante da produção biológica. A entrada de fósforo nos rios e lagoas na forma de esgoto e de escoamento superficial em terras fertilizadas artificialmente para o cultivo estimula um aumento desequilibrado da produção primaria, alterando toda a estrutura do sistema. Esse fenômeno de enriquecimento das águas por nutrientes requeridos para o crescimento vegetal é denominado eutroficação. A acidez do ambiente afeta grandemente a disponibilidade de fósforo e, conse qüentemente, a sua entrada e assimilação pelas plantas. Em condições ácidas, o fósforo liga-se fortemente às partículas de argila do solo e forma compostos relativamente insolúveis como o ferro e o alumínio. Em condições de pH alto, forma outros compostos insolúveis como o cálcio. O excesso de fósforo nos corpos hídricos ocasiona o aumento da quantidade de algas o que é muito indesejável, pois em sua decomposição retira o oxigênio da água. Ciclo do enxofre (S) O enxofre existente no solo é proveniente da decomposição de rochas que contém sulfetos e sulfatos, dos sedimentos e, em menor quantidade, da atmosfera. Do solo ele passa para os reservatórios líquidos. Os microorganismos oxidam o enxofre, fazendo-o ficar disponível para os organismos autótrofos. São sulfatos, principalmente, que as plantas autotróficas reduzem, incorporando enxofre às proteínas, Estas passam das plantas aos animais. Quandomorrem, plantas e animais são decompostos por microorganismos que liberam gás sulfídrico. Bactérias especializadas reconvertem este gás em sulfatos. Outras bactérias, quimiossintetizantes, oxidam o sulfato até S, que pode ser novamente aproveitado pelas plantas. Devido às atividades vulcânicas, grandes quantidades de enxofre são introduzidas na biosfera. Está ocorrendo um aumento de dióxido de enxofre (SO2), que é um componente transitório do ciclo altamente tóxico, devido à queima de combustíveis fósseis. Ele destrói os tecidos vegetais, o que prejudica o processo de fotossíntese. Ciclo do Mercúrio (Hg) O mercúrio está presente em todas as partes da biosfera, sendo incorporado nos seres vivos por via respiratória, cutânea e por ingestão direta. É absorvido muito facilmente, podendo ser transformado em metil e dimetil mercúrio pela ação de bactérias. Esse elemento é muito perigoso e prejudicial aos seres vivos, visto que pode causar doenças patogênicas. É transmitido ao longo da cadeia alimentar e devolvido ao meio pela morte do ser vivo. Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 24 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark TEORIA DOS SISTEMAS Espécie Os organismos podem ser classificados em espécies - grupos de organismos que assemelham-se na genética, na química, na morfologia e no comportamento, e que são inter-reprodutivos, produzindo descendentes férteis. O número total de espécies existentes na Terra ainda é desconhecido. As estimativas variam entre 5 e 100 milhões - a maioria insetos e microrganismos. Até agora os biólogos identificaram e classificaram 1,75 milhões de espécies. Cada espécie, conhecida ou desconhecida, é o resultado de uma longa história evolutiva, envolvendo o armazenamento de uma imensa quantidade de informações genéticas únicas e insubstituíveis sobre como sobreviver em condições ambientais específicas. População O termo população, é usado para denominar grupos de organismos de uma mesma espécie que ocupam ao mesmo tempo uma determinada área. O lugar onde um indivíduo ou uma população vive é conhecido como habitat. Populações são dinâmicas; elas variam de tamanho, densidade, distribuição, dispersão e estrutura etária, em resposta às mudança das condições ambientais. Essas variações são chamadas de dinâmica populacional. Essas características podem ser usadas para descrever uma população e para prever como ela provavelmente crescerá no futuro. O tamanho de uma população é o número de indivíduos em um determinado período de tempo. Populações muito pequenas podem tornar- se extintas mais facilmente, pois são mais vulneráveis às doenças, à predação ou às catástrofes naturais. Outro problema é o, aumento da probabilidade de cruzamentos entre indivíduos geneticamente aparentados (consangüíneos), aumentando assim a freqüência de doenças hereditárias e diminuindo a diversidade (variabilidade) genética, necessária para a adaptação às mudanças ambientais. Por outro lado, populações podem crescer muito e vários indivíduos passarem fome ou morrerem em função de doenças ou predação. Denomina-se densidade o número de Indivíduos por unidade de área - por exemplo , cem jararacas (cobras) por hectare ou cinco mil diatomáceas (pequena alga unicelular) por litro de água. A densidade pode variar devido a características sociais, comportamento, acasalamento, estação do ano e outros fatores. O estudo da densidade de uma população em uma pequena área permite estimar o tamanho de uma Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 25 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark população distribuída sobre uma grande área e também a capacidade de suporte do meio ambiente (capacidade que um ambiente tem de sustentar indefinidamente um determinado número de indivíduos – 2 cabeças por hectare por ex.). A distribuição espacial de uma população descreve a sua abrangência geográfica e ecológica, determinada primordialmente pela presença ou ausência de habitat adequado. Na distribuição de uma população, a dispersão caracteriza o espaçamento dos indivíduos entre si, formando padrões que variam entre agrupada, aleatória e homogênea. Uma das razões para a dispersão agrupada de indivíduos é que, freqüentemente os recursos não estão distr ibuídos de forma uniforme. Populações de animais, cardumes de peixes, rebanhos de búfalos, bando de aves, podem agrupar-se por diversos motivos - proteger-se de predadores, antes ou durante uma migração, durante a estação de acasalamento, hábitos sociais, etc. A dispersão uniforme é rara na natureza. Ela ocorre geralmente quando indivíduos de uma dada espécie competem por recursos que são escassos ou quando os recursos são distribuídos de forma regular e uniforme. Por exemplo, em suas colônias abarrotadas, as aves marinhas colocam seus ninhos exatamente onde termina os do vizinho. As plantas situadas muito próximas a vizinhos maiores sofrem com os efeitos do sombreamento e competição das raízes, surgindo um espaçamento uniforme pela necessidade de manter uma distância mínima entre os indivíduos. A dispersão aleatória, na qual os indivíduos estão distribuídos ao acaso em toda área, ocorre quando não há repulsão ou atração e os indivíduos podem distribuir-se aleatoriamente, a despeito da localização dos outros espécimes (indivíduos). As populações possuem capacidade de crescimento variável. Geralmente, os de uma população que possui alto potencial reprodutivo: reproduzem-se precocemente (possuem um curto período pré- reprodutivo); possuem curto período de tempo entre as sucessivas gerações; podem reproduzir-se multas vezes (possuem uma longa vida reprodutiva), produzem muitos descendentes cada vez que se reproduzem. O potencial reprodutivo de muitas espécies depende de um determinado tamanho mínimo da população. Se a população decresce até ultrapassar um tamanho crítico necessário para que a população consiga continuar acasalando-se e crescendo normalmente, a população provavelmente entrará em extinção, a menos que o homem intervenha para ajudá-la. Anotações de Aula de Ciências Ambientais Prof. Mauro R. A. Jansen, MSc. ; maurojansen@gmail.com; 9199-93.28 26 UNINILTONLINS ENGENHARIA AMBIENTAL Document shared on www.docsity.com Downloaded by: rute-lopes-alves (rutehlopes@hotmail.com) mailto:maurojansen@gmail.com https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Nenhuma população pode crescer exponencialmente indefinidamente. Na natureza uma população de rápido crescimento alcança um tamanho limite, imposto pela falta de um ou mais fatores limitantes, como luz, água, espaço ou nutrientes. Por isso que o planeta não é coberto de caranguejos, pinheiros, coelhos, pessoas ou qualquer outra espécie. Sempre há limites para o crescimento da população na natureza. Os fatores limitantes do crescimento populacional determinam a capacidade de suporte, ou seja, o número de espécies
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