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1 GESTÃO SOCIOAMBIENTAL CLÉLIO RODRIGO PAIVA RAFAEL EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA 1 GESTÃO SOCIOAMBIENTAL CLÉLIO RODRIGO PAIVA RAFAEL 1 Clélio Rodrigo Paiva Rafael Pós-Graduando em Building Information Model (BIM). Bacharel em Ciências e Tecnologia (2017) e Engenharia Civil (2019) pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pós Júnior atuante do Movimento Empresa Júnior (MEJ) (2017-2019), exercendo cargo de assessor a membro da diretoria executiva. 2 GESTÃO SOCIOAMBIENTAL 1° edição Ipatinga, MG Faculdade Única 2021 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Aline de Paiva Alves Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras Taisser Gustavo Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br 4 LEGENDA DE Ícones Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 5 SUMÁRIO UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 1.1 Introdução ao Meio Ambiente ............................................................................................................................................8 1.2 Ecologia e Ecossistemas ........................................................................................................................................................11 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................20 2.1 Ciclos Bioquímicos ...................................................................................................................................................................24 2.2 Recursos Renováveis ..............................................................................................................................................................31 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................34 3.1 Impacto das atividades humanas no ambiente ................................................................................................38 3.2 Degradação Ambiental e os problemas sociais .................................................................................................39 3.3 Características evolutivas dos ecossistemas humanos ................................................................................42 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................45 MEIO AMBIENTE CICLOS E RECURSOS NATURAIS NATUREZA E RELAÇÕES SOCIAIS UNIDADE 4 4.1 Introdução aos Recursos Energéticos .......................................................................................................................50 4.2 Recursos Energéticos Renováveis ...............................................................................................................................58 4.3 Recursos Energéticos Não Renováveis ....................................................................................................................62 FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................65 RECURSOS ENERGÉTICOS UNIDADE 5 IMPORTANTES CONCEITOS DA CIÊNCIA AMBIENTAL 5.1 Desenvolvimento Sustentável .........................................................................................................................................69 5.2 Gestão Ambiental ....................................................................................................................................................................72 FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................77 UNIDADE 6 SAÚDE PREVENTIVA E LEGISLAÇÃO 6.1 Saúde Preventiva ......................................................................................................................................................................82 6.2 Política Ambiental ..................................................................................................................................................................86 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................89 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................................................93 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................................94 6 UNIDADE 1 Nesta unidade você irá aprender os conceitos e processos a res-peito dos aspectos básicos que regem a vida em nosso planeta. Serão abordados desde meio ambiente e fundamentos ecológicos até estruturas e funcionamento dos ecossistemas. UNIDADE 2 Recursos provenientes da natureza. Esta será a temática aborda¬da neste capítulo. Será mostrado como funciona a reciclagem de elementos naturais no meio ambiente e como são classificados os recursos ofertados pela natureza, bem como suas características. UNIDADE 3 Nesta unidade introduziremos o homem como autor principal das alterações do meio ambiente natural. Discutiremos os impactos das atividades humanas e as relações socioambientais.UNIDADE 4 Os recursos energéticos naturais são fontes renováveis e não renováveis de energia. Discutiremos nesta unidade quais os principais usos destes recursos e quais seus impactos no meio ambiente. UNIDADE 5 Este capítulo trata do desenvolvimento humano e sustentável, da gestão ambiental e das importâncias destes conceitos para a redução dos impactos ambientais. UNIDADE 6 Saúde e meio ambiente estão totalmente interligados. Nossa última unidade trará uma discussão de como o meio ambiente influencia na saúde de uma população e quais os meios legais são utilizados para proteger o meio ambiente. C O N FI R A N O L IV R O 7 MEIO AMBIENTE UNIDADE 01 8 1.1 INTRODUÇÃO AO MEIO AMBIENTE Por quantas vezes você já deve ter ouvido falar sobre meio ambiente? Por quantas vezes você viu na televisão, na internet ou em outros locais alguma coisa referente a esse tema? Mas de fato, o que será que é meio ambiente? Muito se fala que é a natureza, outros dizem ser tudo que está no nosso planeta ou o local onde vivemos. O Art. 3°, paragráfo I da Lei no. 6.938 (1981), descreve que “[...] meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Definir meio ambiente não é tão difícil, porém, existem fatores que se quer observamos ou percebemos e que devem ser relacionados. Ao olharmos para a Figura 1, rapidamente, conseguimos associar a paisagem ao meio ambiente, onde vemos a natureza, os animais, as plantas e o ar puro. Figura 1: Meio ambiente natural Fonte: Disponível em: https://bit.ly/2SMtIxm. Acesso: 05 mar. 2021. É comum dizermos que essa imagem (Figura 1) se trata de uma definição do que é meio ambiente, porém, para os profissionais que escolhem a carreira na área ambiental é preciso conhecer muitos mais do que o que se vê no primeiro momento. É necessário enxergar além do que está visível na imagem, na paisagem, na natureza. Existem outros fatores de grande importância para a composição am-biental como a luminosidade, o clima, o habitat, a água, sem falar nas relações ecológicas que existem entre os organismos e as interações artificiais criadas pelo homem. Quando vemos uma abelha, muitas vezes não conseguimos enxergar os fatores que influenciam a sua sobrevivência e, assim, os serviços ambientais prestados por um organismo tão pequeno (Figura 2). Figura 2: Abelha promovendo a polinização Fonte: Disponível em https://bit.ly/3vDeuJQ. Acesso em: 05 mar. 2021. https://bit.ly/2SMtIxm https://bit.ly/3vDeuJQ 9 O meio ambiente não é formado exclusivamente de elementos bióticos naturais como a fau- na e a flora, por exemplo. Mas abrange também fatores artificiais, não vivos, oriundos da necessidade do homem, como a água que bebemos e o ar que respiramos e expressões po- pulacionais tais como os mais diversos tipos de construções. FIQUE ATENTO Nesse caso, as abelhas são parte de um meio ambiente e que precisa de muitos fatores e interações para realizar seus serviços ambientais. As abelhas necessitam do néctar das plantas para produzir o seu alimento, enquanto muitas plantas são polinizadas quando as abelhas visitam outras flores, deixando o pólen. Acabamos de ver dois belos exemplos de meio ambiente, e suas interações concordam? Mas se agora olharmos para a Figura 3, você consegue associar a imagem à ideia de meio ambiente? Figura 3: Meio ambiente urbano Fonte: Disponível em https://bit.ly/2TwlDxt. Acesso em: 05 mar. 2021. Essa imagem (Figura 3) evidencia prédios e ruas e se trata de mais um exemplo de meio ambiente, resultante da manifestação humana e suas necessidades, bem como suas expressões culturais e de trabalho. Você consegue agora perceber que o conceito geral de meio ambiente vai além dos elementos naturais e daquilo que nós podemos ver? Que existem outros fatores significativos para caracterizar e classificar o meio ambiente, seja de forma natural, artificial ou cultural? Uma vez compreendida a amplitude do conceito geral de meio ambiente, finalizaremos esse tópico trazendo definições sucintas quanto a essas classificações de acordo com aspectos físicos, metafísicos e populacionais. Stein et al., (2018) classifica o meio ambiente natural de uma determinada região como o conjunto formado por componentes físicos, sendo eles o ar, a água e o solo e integrantes populacionais constituídos pela fauna e flora. No Brasil a tutela do ambiente natural se dá a partir da Constituição Federal que em seu artigo 225, parágrafo 1°, cita que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente https://bit.ly/2TwlDxt 10 equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qua-lidade de vida, impondo- se ao poder público e à coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). A parcela formada pela parte não viva de origem antropogênica do meio ambiente, denominada de meio ambiente artificial, são espaços urbanos construídos, seja na cidade ou campo, em que podem constituir-se de espaços urbanos fechados, formados por conjuntos de edificações, bem como espaços urbanos abertos formados por equipamentos públicos, como ruas e praças (FIORILLO, 2013). O meio ambiente artificial recebe tratamento não apenas no artigo 225 da Constituição Federal, que aborda especificamente o Meio Ambiente, mas também nos artigos 21, inciso XX e no artigo 182 ao iniciar o capítulo relacionado à Política Urbana (BRASIL, 1988). Já sabemos que o meio ambiente não se restringe aos ambientes físico e biológico. Nessa percepção introduziremos o conceito de meio ambiente a parcela referente a manifestações do homem como civilização, em que chamaremos de meio ambiente cultural. Segundo Robrahn-González (2013) o meio ambiente cultural é o resultado da somatória do ambiente físico e expressões culturais, ou seja, a composição do ambiente geológico, geomorfológico, hidrológico, fauna e flora a paisagens construídas por diferentes povos que se desenvolveram numa região ao longo do tempo. Para o autor o resultado desse somatório representa bases para uma estruturação socioeconômica e ritual ao ambiente físico. Logo, cultura e ambiente compõem processos socionaturais formados pelo conjunto de manifestações físicas e culturais de uma paisagem sendo, dessa maneira, indissociáveis. No Brasil, a proteção do meio ambiente cultural está resguardada, especificamente, pelo artigo 216 da Constituição Federal (1988) ao citar que: [...] constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Por fim, definiremos o meio ambiente do trabalho, que nada mais é do que o ambiente em que as pessoas exercem suas atividades como trabalhador, sejam elas remuneradas ou não, “cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição que ostentem” (FIORILLO, 2013, p. 53). O meio ambiente do trabalho também está cuidado pela Constituição Federal nos artigos 225 e 200. No dia 05 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A criação dessa data foi inspirada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Huma- no, que aconteceu em 1972 na Suécia, na cidade de Estocolmo. Veja mais a respeito da conferência de Estocolmo em: https://bit.ly/3fX6DA9. Acesso em: 05 mar. 2021. FIQUE ATENTO https://bit.ly/3fX6DA9 11 1.2 ECOLOGIA E ECOSSISTEMAS Pensamentos ecológicos estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Mas não é de hoje que o homem estuda as relações dos seres vivos e meio ambiente. Essa prática vem sendo aperfeiçoada desde os primórdios quando civilizações utilizavam métodos ecológicos para combater as pragas que atacavam suas lavouras. Um dos pontos mais importantesdo estudo da ecologia está em revelar as teias de relações que existem entre os seres vivos e o ambiente em que estão inseridos. O saber das ideias ecológicas é imprescindível não só aos profissionais ambientais, mas àqueles que têm ciência da importância desses conceitos ecológicos para o futuro do planeta (STEIN, 2018). De acordo com Lago e Pádua (2017) o número de pessoas interessadas nas ideologias ecológicas é cada vez maior. Está mais perceptível o impacto da ecologia na cultura humana, nas diversas áreas das ciências, nas discussões políticas e no comportamento dos diferentes tipos de grupos sociais. As pessoas es-tão questionando suas visões de mundo e como realizam suas atividades, seja no trabalho, ou em busca de lazer, consumo ou saúde. Mas, o que é ecologia afinal? Citando uma definição contida num dicionário, vemos que o termo ecologia é originário do grego oikos ao qual significa casa, e logos que significa estudo (MERRIAM-WEBSTER’S COLLEGIATE DICTIONARY, 1996). Portanto, podemos dizer que ecologia significa estudo da casa. Essa casa nada mais é do que a natureza, e os habitantes da casa somos nós e todos os organismos vivos. Assim, a ecologia pode ser definida como o estudo dos seres vivos, do meio ambiente e das relações entre os seres vivos e entre os seres vivos e o ambiente em que estão inseridos, sejam esses ambientes orgânicos ou inorgânicos. Compreendemos o conceito de ecologia, agora passaremos a estudar a respeito dos sistemas ecológicos, ou melhor dizendo, ecossistemas, que se trata dos conjuntos de interações entre organismos bióticos e abióticos. Para Odum e Barrett (2020) o ecossistema é a primeira unidade completa, na hierarquia ecológica, pois possui todos os componentes necessários à sua sobrevivência, sendo esses componentes biológicos e físicos. Esses componentes são conhecidos como biótopo e comunidade. De maneira geral, os biótopos são regiões que apresentam condições harmônicas ambientais à sobrevivência de determinadas comunidades. Já as comunidades, ou biocenose de um ecossistema se trata dos seres vivos que habitam um determinado biótopo. É notório que o biótopo e a biocenose se destacam dentro de um ecossistema, mas o que de fato caracteriza-o são as relações que ocorrem entre as partes componentes do ecossistema, tais como: • Relações entre os seres vivos; • Relações entre os fatores ambientais; • Relações dos seres vivos sobre as condições ambientais; • Relações dos aspectos abióticos sobre os seres vivos. Agora que já sabemos o que é um ecossistema, falaremos um pouco sobre os tipos de ecossistemas encontrados em nossa biosfera. Os ecossistemas podem ser identificados ou classificados de duas formas: ecossistemas terrestres e ecossistemas aquáticos. Eles são 12 bastante parecidos em seus componentes, tendo a principal diferença a presença ou não de água. Os ecossistemas terrestres são aqueles compostos por seres vivos e fatores bióticos e abióticos, encontrados em uma porção de terra. As diferenças encontradas em ecossistemas terrestres são relacionadas aos biomas (abordaremos o conceito de biosfera e bioma mais adiante). A facilidade ou dificuldade de incidência de raios solares em determinadas regiões promovem o clima que, por sua vez, define o tipo de fauna e flora daquela região. Os principais ecossistemas terrestres de nosso planeta são: montanhas, florestas, pradarias, estepe, desertos, tundras e savanas. Já os ecossistemas aquáticos, como o próprio nome sugere, são aqueles encontrados em ambientes aquáticos e subdividem-se de duas maneiras: ecossistemas marinhos que englobam todos os seres vivos que habitam em águas salgadas (mares e oceanos) e ecossistemas de água doce que envolvem os seres vivos que vivem em águas doces como lagos e rios. Possuindo uma vasta extensão territorial, o Brasil apresenta uma boa variedade de biomas, que são conjuntos de ecossistemas (vegetal e animal) com aspectos próprios como solo, cli- ma, fauna e flora. Consequentemente, em nosso país é possível encontrar uma diversificada gama de biomas, sendo os principais: Amazônia, caatinga, cerrado, mata atlântica, panta- nal, mata dos cocais, mata de araucárias, pampa e mangue. FIQUE ATENTO Veja mais a respeito dos ecossistemas aquáticos e terrestres de forma simples e descontraída no curso Organização dos Seres Vivos: Dos átomos aos ecossistemas, disponibilizado no canal Mais Ciências - Profa Rafaela Lima, através do link: http:// gg.gg/orgseresvivos. (ep16 e 17). Acesso: 20 fev. 2021. BUSQUE POR MAIS Apesar dos ecossistemas serem observados com um certo destaque, como citado por Odum e Barrett (2020), é importante que entendamos como funciona todos os níveis de hierarquização contidos na estrutura da organização biológica, desde o átomo até o bioma, como ilustrado na Figura 4. http://gg.gg/orgseresvivos http://gg.gg/orgseresvivos 13 Figura 4: Estrutura de hierarquia dos níveis biológicos Fonte: Acervo pessoal (Arte de Pedro Fonseca, 2021). Nessa imagem (Figura 4) podemos ver a estrutura dos níveis de organização biológica, dispostos de forma hierárquica, iniciando do nível mais simples que é o átomo, até o nível mais composto, a biosfera. Adiante explicaremos cada um desses níveis. O átomo, representante do primeiro nível da estrutura (Figura 4), pode ser definido como unidade básica que dá origem à matéria, composto por um núcleo central e órbitas. A molécula é uma estrutura formada por dois ou mais átomos, podendo ser iguais ou diferentes. Já a organela se trata da estrutura conhecida como pequenos órgãos e que desenvolve atividades vitais para as células. Entrando, no campo da vida definimos célula como unidade básica estrutural e funcional da vida. Se trata da menor unidade classificada como ser vivo nos níveis de organização biológica. Classificam seres vivos como unicelulares, quando são formados por apenas uma célula que tem como exemplos fungos e bactérias e seres multicelulares, que • Organismos Bióticos: Conjunto de seres produtores (autótrofos) e consumidores (heteró- trofos). • Organismos Abióticos: Fatores físico, químico, ou geológico do ambiente, como água, ar e solo. • Níveis de organização biológica: Sistema de níveis hierárquico das estruturas biológicas, em que o grau de complexidade aumenta a cada nível, devido ao nível subsequente acu- mular as unidades dos níveis anteriores GLOSSÁRIO 14 são formados por conjuntos de células, como o homem, os animais e as plantas (NICOLAU, 2017). A união de células especializadas dá origem aos tecidos, que estão presentes em apenas alguns organismos multicelulares, como os animais e as plantas, por exemplo. Por sua vez, os tecidos quando organizados e unidos dão origem aos órgãos que são constituídos de vários tipos de tecidos. A união de vários órgãos forma os sistemas, que têm a função de trabalhar em conjunto para uma dada função corporal (STEIN, 2018). O organismo, segundo Nicolau (2017) é caracterizado por possuir um arranjo único de informação genética. Trata-se do sistema básico da vida correspondente a cada um dos seres vivos tomados individualmente. Para o autor, um grupo de organismos da mesma espécie pode ser denominado de população, sendo esses indivíduos semelhantes que se relacionam e dão origem a uma descendência fértil. Como já falado neste capítulo, a comunidade, também conhecida como biocenose ou biota, é composta por diversas populações que habitam um mesmo ambiente e que os indivíduos interagem uns com os outros. Dispensando a definição de ecossistema, uma vez que também está disposto neste capítulo, abordaremos agora, para finalizar as explanações referentes aos níveis biológicos (Figura 4), os conceitos de bioma e biosfera. Para Maarel (2005), de forma direta, um bioma se trata de uma formação vegetal que não inclui apenas plantas, mas também os demais organismos que podem ser identificados em nível regional. A biosfera, por sua vez, é definida como o conjunto de todos os ecossistemasde nosso planeta, sendo o maior ecossistema da terra. Dentro de um ecossistema, com exceção de espécies vegetais, todas as outras são conhecidas como espécies consumidoras, sendo o consumo a principal relação existente entre diferentes populações de um ecossistema. A exploração dos recursos (consumo) se dá de maneira diferenciada e, com isso, queremos dizer que organismos diferentes não podem possuir as mesmas necessidades e limitações, ou melhor, ter o mesmo nicho ecológico num ecossistema. É isso que promove a seleção ou a mutação de uma determinada espécie. Acabamos de falar que dois organismos diferentes não podem ter o mesmo nicho ecológico, isso quer dizer que dois organismos diferentes não podem viver no mesmo habitat? A respos- ta é: depende. O caso de habitarem no mesmo local não significa que possuam as mesmas necessidades (nicho ecológico). O fato é que dois organismos diferentes, com o mesmo nicho ecológico não conseguem povoar o mesmo local. Um dos organismos vencerá a competição e fará com que o outro seja extinto ou migre para outro local. Em situações de organismos diferentes viverem no mesmo local, isto é, coexistirem, significa dizer que eles não apresentam o mesmo nicho ecológico, ou seja, não existe uma competição entre eles. VAMOS PENSAR? 15 Nicho Ecológico ≠ Habitat : Enquanto esse se relaciona com o papel de uma espécie no ecos- sistema, aquele se trata do local (ambiente físico) que uma determinada espécie habita. FIQUE ATENTO Para Cain (2018) nicho ecológico trata-se das condições bióticas e abióticas necessárias para um organismo crescer, sobreviver e se reproduzir. Em outras pal-vras, a grosso modo, podemos definir nicho ecológico como a profissão das espécies na natureza. Finalizando a aprendizagem deste tópico, referente à ecologia e aos ecossistemas, estudaremos um pouco a respeito das relações alimentares, abordando como ocorrem os níveis tróficos, as teias e as cadeias alimentares nos ecossistemas. As relações alimentares encontradas entre as espécies das comunidades biológicas refletem o fluxo de energia unidirecional que ocorre ao longo dos produtores, passando pelos consumidores até os decompositores. Os seres vivos que utilizam matéria inorgânica para produzir matéria orgânica são chamados de seres produtores. Esses organismos são autotróficos fotossintetizantes ou quimiossintetizantes e são capazes de transformar substâncias como a água, os sais minerais do solo e o gás carbônico do ar em substâncias orgânicas, como açúcares e proteínas. Esse é o primeiro nível trófico e é composto pelos organismos encarregados por sustentar todo o alimento do ecossistema, como os vegetais, as algas e alguns tipos de bactérias O segundo nível trófico é ocupado por seres consumidores. Nesse nível estão os seres heterótrofos, ou seja, os que utilizam a matéria orgânica fabricada por outros seres e a transformam em sua própria matéria, já que não são capazes de produzir seu próprio alimento. Dentro desse nível encontramos três categorias: Consumidores primários: são os organismos que se alimentam diretamente dos produtores. Nesse nível encontram-se os herbívoros, ou seja, os animais que se alimentam de plantas. A importância desses seres está, principalmente, em levar a energia contida nas plantas para a próxima categoria, dos consumidores secundários. Outro fato é que esses seres, como os insetos, controlam o nível de população de alguns tipos de plantas, seja para o aumento ou diminuição de sua taxa populacional. Consumidores secundários: de forma subsequente são os que se alimentam dos consumidores primários. São conhecidos como carnívoros de primeira ordem. Nesse nível temos como exemplo o sapo que se alimenta de insetos (consumidor primário). Consumidores terciários: são os carnívoros de segunda ordem, que se alimen-tam dos consumidores secundários, como a cobra que se alimenta do sapo, por exemplo. De forma análoga ao que ocorre com os consumidores secundários e terciários, podemos ter outros tipos de consumidores de formas sucessivas? A resposta é sim, mas devemos nos aten- tar que não existem cadeias com muitos níveis tróficos, uma vez que a energia e a matéria se perdem ao longo da cadeia. Um exemplo de um próximo nível sequente ao terciário seria no caso da águia se alimentando da cobra, sendo nesse caso, o consumidor quaternário. VAMOS PENSAR? 16 Por fim, nas relações alimentares temos os decompositores. São organismos heterótrofos, em geral, bactérias e fungos encarregados de decompor a matéria orgânica, isto significa que os animais e as plantas mortas (Figura 5), bem como os restos deixados pelos seres do ecossistema. Dessa maneira, quando mortos, tanto os produtores, como os consumidores servem de alimentos para os decompositores. Sua função não se trata de limpeza. Os decompositores devolvem ao solo o material que foi retirado pelos produtores para fazer a síntese da matéria orgânica. Apesar de se tratarem de seres pequenos (microscópicos) sua importância é grande e vital para o planeta, uma vez que permitem a reciclagem da matéria. Figura 5: Processo de decomposição Fonte: Soeiro (2018, online) Dessa forma, podemos notar que é possível diferenciar uma série de níveis tróficos contidos na comunidade de um ecossistema. Os níveis são agrupados pelas espécies que possuem a mesma alimentação, ao qual os alimentos tratam-se dos seres do nível trófico, imediatamente, anterior. Assim, o fluxo de matéria e de energia ocorre de um nível trófico ao seguinte. Como já sabemos, cada nível trófico representa um elo da cadeia alimentar, mas devido à grande perda nas transferências de energia entre um nível e outro (cerca de 90% de perdas), o número de elos possíveis numa determinada cadeia é limitado chegando, geralmente, a no máximo cinco elos. Ilustraremos agora por meio do esquema abaixo (Figura 6) cada nível trófico que vimos, anteriormente, onde os seres vivos são classificados em categorias com base na maneira de produção, obtenção ou transformação dos nutrientes: Figura 6: Esquema dos níveis tróficos Fonte: Autor (2021) 17 Mas, o que são cadeias alimentares afinal? De acordo com Oliveira et al. (2003) uma cadeia alimentar (Figura 7) consiste em uma representação conceitual esquemática de uma situação real, em que existe um curso de seres vivos relacionados de forma unidirecional através de fluxo de energia. Figura 7: Cadeia alimentar Fonte: Acervo pessoal (Arte de Pedro Fonseca, 2021) Existem dois tipos de cadeias que se diferenciam a partir do primeiro nível trófico, como explanado a seguir: • As cadeias de herbívoros ou de pastejo são aquelas em que o primeiro nível, primordialmente, será constituído por seres produtores, ou seja, a energia que sustenta a cadeia é dada por plantas, algas etc. Desses se alimentam os herbívoros que em sequência servem de alimento para outros organismos. • Já a outra categoria é denominada de cadeia de detritívoros ou de detritos. Nesse tipo a base da cadeia é a matéria orgânica não viva, quais sejam, restos de qualquer organismo, como animais mortos, folhas caídas no solo ou fezes, por exemplo. Esses restos servem de alimentos e são processados por microrganismos decompositores como fungos e bactérias que liberam alimento como forma de nutrientes para as plantas ou como detritos para organismos detritívoros, que em sequência será o alimento de carnívoros. Geralmente, essas duas categorias de cadeias são encontradas de forma interligada na natureza, como mostrado na Figura 8. Figura 8: Tipos de cadeia alimentar Fonte: Autor (2021) 18 Assim como já dito, em um ecossistema cada espécie pode servir de alimento para uma variedade de organismos, bem como se alimentar de uma diversidade de alimentos. Por esse motivo as relações lineares que vimos, anteriormente, (cadeia alimentar) podem facilmente ser convertidas em um emaranhado de caminhos, que dão origem a uma teia alimentar formada por diversas cadeias correlacionadas(Figura 9). Figura 9: Teia alimentar Fonte: Acervo pessoal (Arte de Pedro Fonseca, 2021) Essas inter-relações de cadeias alimentares (teias) como mostradas na Figura 9 descrevem a realidade das relações alimentares de maneira mais adequada, em relação às cadeias isoladas e, por isso, podem se tornar bastante complexas. As setas partem dos organismos que servem de consumo e apontam para os que são consumidores. Para uma aprendizagem mais aprofundada sobre as relações alimentares, veja a respeito das pirâmides ecológicas no capítulo Estrutura e Funcionamento de Ecos- sistemas (página 111), contido na unidade 2 do livro “Ecologia Geral” (STEIN, 2018). Disponível na em: https://bit.ly/2R6oj3Q. Acesso em: 05 mar. 2021. BUSQUE POR MAIS As cadeias alimentares também podem ser classificadas como terrestres (Figura 7), aquá- ticas (Figura 10) ou mistas (Figura 9). FIQUE ATENTO https://bit.ly/2R6oj3Q 19 Figura 10: Cadeia alimentar aquática Fonte: Acervo pessoal (Arte de Pedro Fonseca, 2021) 20 1. “Muito se fala que é a natureza, outros dizem ser tudo que está no nosso planeta, ou o local onde vivemos”. Trata-se de um trecho recortado deste capítulo e fala a respeito de uma definição imprecisa do termo “Meio Ambiente”. Dentre as alternativas abaixo, assinale a que melhor explica o conceito geral de Meio Ambiente. a) Se trata do conjunto de todos os seres bióticos existentes no planeta, tais como os animais e a vegetação. b) É o local em que a vida é desenvolvida no planeta terra, ou seja, o habitat para todos os seres vivos, desde microrganismos, animais e humanos. c) Se trata do conjunto de todos os seres abióticos existentes no planeta, tais como água, luz e calor. d) É o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, envolvendo aspectos bióticos e abióticos que regem a vida na Terra. e) É o conjunto das relações entre os seres vivos do planeta. 2. Apesar de estar envolto em um contexto amplo, envolvendo vários fatores, o meio ambiente pode ser classificado com base em aspectos físicos, metafísicos e populacionais, em meio ambiente: natural, artificial, cultural e de trabalho. A partir disso, qual das alternativas contém a definição correta a respeito destas classificações? a) O meio ambiente artificial é formado pela parcela abiótica do meio ambiente, como construções urbanas e rurais. b) O meio ambiente natural é definido apenas por componentes físicos, sendo eles o ar, a água e o solo. c) A composição do ambiente geológico, geomorfológico, hidrológico, fauna e flora a paisagens construídas por diferentes povos é chamado de meio ambiente artificial. d) O meio ambiente natural é o definido apenas por componentes populacionais, sendo eles a fauna e a flora. e) O meio ambiente de trabalho é a classificação dada à parcela natural existente em ambientes que o homem exerce funções trabalhistas, como jardins criados em prédios corporativos. 3. O meio ambiente é formado de elementos _____ como a _____ e a _____, por fa-tores artificiais, _____, que são vitais para o homem, como a água que bebemos e o ar que respiramos e por expressões _____ como os mais diversos tipos de construções. Marque a alternativa que preenche as lacunas de maneira correta. a) Bióticos, Fauna, Flora, Abióticos, Naturais. b) Bióticos, Fauna, Flora, Abióticos, Populacionais. c) Abióticos, Fauna, Flora, Bióticos, Naturais. d) Abióticos, Fauna, Flora, Não vivos, Populacionais. FIXANDO O CONTEÚDO 21 e) Abióticos, Fauna, Flora, Não vivos, Naturais. 4. Para Odum e Barrett (2020) o ecossistema é a primeira unidade completa, na hierarquia ecológica, pois possui todos os componentes necessários à sua sobrevivência, sendo esses componentes biológicos e físicos. Sobre estes componentes que integram os ecossistemas é possível dizer que são: a) Fauna e Flora. b) Flora e Homem. c) Biótopo e Biocenose. d) Fauna e Homem. e) Biótopo e Flora. 5. Organismos diferentes que possuam uma relação de competição não conseguem povoar o mesmo local, fazendo com que uma espécie cause a extinção ou expulsão da outra. Isto ocorre devido às espécies terem o mesmo ou a mesma: a) Capacidade de adaptação. b) Cardápio. c) Capacidade de reprodução. d) Habitat. e) Nicho ecológico. 6. As relações alimentares encontradas entre as espécies das comunidades bioló-gicas refletem o fluxo de energia unidirecional que ocorre ao longo dos produtores, passando pelos consumidores até os decompositores. A respeito dos consumidores, assinale a alternativa correta. a) São organismos autotróficos fotossintetizantes ou quimiossintetizantes e são capazes de transformar substâncias como a água, os sais minerais do solo e o gás carbônico do ar em substâncias orgânicas, como açúcares e proteínas. b) Consumidores primários são organismos que recebem este nome por serem os primeiros seres a se alimentarem de outros consumidores. c) São de organismos heterótrofos, em geral, bactérias e fungos encarregados de decompor a matéria orgânica, isto significa, os animais e as plantas mortas, bem como os restos deixados pelos seres do ecossistema. d) São seres heterótrofos, ou seja, os que utilizam a matéria orgânica fabricada por outros seres e a transformam em sua própria matéria, já que não são capazes de produzir seu próprio alimento. e) O tamanho da cadeia alimentar varia de acordo com a quantidade de consumidores contidos nela, assim, existem cadeias com níveis tróficos ilimitados em que a energia e a matéria são repassadas de forma total ao longo da cadeia. 7. Consiste em uma representação conceitual esquemática de uma situação real, em que existe um curso de seres vivos relacionados de forma unidirecional através de fluxo de energia (DE OLIVEIRA et al., 2003). O trecho citado faz menção a definição de 22 a) cadeia alimentar. b) teia alimentar. c) nicho ecológico. d) nível trófico. e) ecossistema. 8. A imagem (Figura 11) ilustra uma cadeia alimentar em que é possível notar a pre-sença de produtor(s), consumidor(s) e decompositor(s). Analisando os organismos presentes nesta cadeia, julgue as afirmativas a seguir: I. A cadeia é iniciada com as plantas, que são organismos autotróficos fotossintetizantes. II. Os fungos e bactérias tratam-se dos consumidores finais da cadeia. III. O grilo, o sapo, a cobra e a águia são os consumidores da cadeia sendo, respectivamente, consumidor primário, secundário, terciário e consumidor final, ou quaternário. IV. A cadeia se inicia com os produtores sendo representados pelas plantas e pelo grilo. V. Os fungos e bactérias são o último nível trófico desta cadeia, sendo chamados de decompositores. Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas: a)Somente I, III e IV estão corretas. b)Somente II e IV estão corretas. c)Somente II, III e V estão corretas. d)Somente I, III e V estão corretas. e)Somente III e V estão corretas. 23 CICLOS DE RECURSOS UNIDADE 02 24 2.1 CICLOS BIOGEOQUÍMMICOS Certamente, você já se deparou em meio à natureza e a observou e admirou à sua volta. Talvez até tenha se perguntado quando e como tudo aquilo foi formado e como se mantém até hoje. Há grandes chances dessas respostas, ou parte delas estarem contidas nos ciclos naturais. Você sabia que são eles os responsáveis por manter a água que bebemos e o oxigênio que respiramos? Pois bem, são esses ciclos que possibilitam a interação entre os elementos (químicos), o meio ambiente e os seres vivos. São os ciclos naturais os responsáveis pela reciclagem dos elementos químicos, através de processos naturais. Esses ciclos, também chamados de biogeoquímicos, asseguram que os elementos interajam com componentes vivos e não vivos, bem como circulem pela atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera. Os ciclos biogeoquímicos mais comuns na natureza são o da água, do oxigênio, do nitrogênio, do carbono e do fósforo. De acordo com os seus reservatórios, os ciclos biogeoquímicos podem ser agrupados em duas categorias. Emuma categoria estão os ciclos no qual a atmosfera é o seu principal reservatório, já a outra categoria pertence aos ciclos que têm como principal reservatório a crosta terrestre. São denominados de ciclos gasosos e ciclos sedimentares, respectivamente. Os elementos indispensáveis à vida: água (H2O), fósforo (P), carbono (C), nitrogênio (N) e oxigênio (O) compõem os principais ciclos biogeoquímicos e estão agrupados da seguinte maneira: • Ciclos sedimentares: ciclo da água e ciclo do fósforo. • Ciclos gasosos: ciclo do carbono, ciclo do nitrogênio e ciclo do oxigênio. Ao falar em elementos indispensáveis à vida, rapidamente, vem à nossa mente: água. Esse será o nosso ponto de partida em nossa discussão a respeito dos ciclos biogeoquímicos de forma individualizada. Da totalidade de água existente no planeta (Figura 11), a parcela de água doce é de cerca de 2,5% e a maior parte desta água é encontrada em geleiras ou depósitos subterrâneos, enquanto apenas 0,4% da água doce é encontrada em rios, lagos ou na atmosfera, em que é de fácil acesso ao consumo humano. O outro restante (97,5%) trata-se de água salgada e é encontrada em mares e oceanos (GURGEL, 2014). Figura 11: Distribuição de água no planeta Fonte: Gurgel (2014) 25 O ciclo hidrológico pode ser definido como o fenômeno que promove a circulação da água entre a superfície do planeta e a atmosfera. O movimento ocorre, basicamente, pela influência da energia advinda do sol e da gravidade. Este conceito está ilustrado na Figura 12 e explicado nos pontos logo abaixo. Figura 12: Ciclo Hidrológico Fonte: Acervo pessoal (Arte de Pedro Fonseca, 2021) • Precipitação: A água presente na atmosfera dá origem a nuvens (condensação do vapor d’água) que com uma elevada massa de ar úmida provocam a precipitação, seja na forma de chuva, granizo, orvalho ou neve. Os ventos atuam na distribuição dessas precipitações, carregando as nuvens pelos continentes. A precipitação é o fenômeno responsável por devolver a parcela mais significativa de água doce ao planeta. • Infiltração e percolação: A água ao entrar em contato com a superfície natural, seja ela solo ou rocha, infiltra, tendo potencial de formar aquíferos e, posteriormente, ressurgirem nas superfícies na forma de nascentes, bem como alimentarem rios e lagos. A percolação trata-se da passagem, de maneira lenta, por entre um meio. • Escoamento: Em solos naturais, quando o nível da precipitação é mais elevado que o nível de absorção do solo, provoca a saturação desse solo e, consequentemente, diminuindo sua capacidade de absorção, a água tende a um fluxo de movimentação sob a superfície do terreno, de acordo com a topografia. Esse fenômeno de deslocamento das águas sob a superfície pode ser aumentado devido à impermeabilização do solo. • Evapotranspiração: A incidência dos raios solares faz com que parte da água contida na terra de forma superficial como em rios, lagos e mares evapore e retorne à atmosfera. A evaporação também pode ocorrer quando águas ficam retidas nas folhagens das árvores, após a precipitação (principalmente aquelas com possuem grandes folhas). Somado a evaporação o retorno da água para atmosfera também é causado pela absorção da água pelas plantas e liberação desta através da transpiração. A união da evaporação com a transpiração é chamada de evapotranspiração. 26 Existem ainda outras situações em que podemos encontrar a água de forma natural, como em geleiras e depósitos subterrâneos. Para alguns autores essas situações não fazem parte do ciclo hidrológico, pois a água se encontra armazenada, fugindo do conceito de ciclo (movimento). Existe um movimento das águas subterrâneas que se deslocam por percolação, de acordo com a morfologia do terreno em direção aos rios, lagos e oceanos, mas por esse fluxo ser, demasiadamente, lento acaba-se considerando o ciclo hidrológico fechado. Dando seguimento ao estudo dos ciclos naturais iremos iniciar nossa conversa a respeito dos ciclos gasosos, tendo como assunto o ciclo do carbono. Esse elemento (carbono) tem como símbolo a letra C e se trata do quarto elemento químico mais abundante no universo. São comumente encontrados de duas maneiras, em organismos vivos ou mortos, na forma orgânica ou ainda na forma inorgânica presentes nas rochas. São vários motivos importantes que nos levam a estudar o ciclo do carbono. Primeiramente, o carbono trata-se do principal bloco de construção de toda a vida conhecida e, ainda, é o segundo elemento mais importante nos organismos em termos de massa (ficando atrás do oxigênio). Além do mais, o carbono é capaz de formar uma matriz diversificada de compostos orgânicos e inorgânicos, se tornando um elemento quimicamente versátil. Na atmosfera, o dióxido de carbono e metano (compostos de carbono) são potentes gases do efeito estufa, os quais estão em incremento devido à atividade humana. Ainda, em várias perspectivas, o estudo das mudanças climáticas trata- se do estudo do ciclo do carbono (global) (WEATHERS et al., 2015). Apesar de estarem interligados, o processo de reciclagem do carbono pode ser analisado de duas maneiras, com velocidades distintas, e as identificamos como ciclo geológico do carbono e ciclo biológico do carbono. O ciclo geológico do carbono ocorre de maneira lenta e tem o papel de regular a movimentação do carbono pela atmosfera, hidrosfera e litosfera. Já no processo do ciclo biológico o carbono pode ser devolvido ao meio praticamente de maneira instantânea, com a mesma velocidade em que é sintetizado pelos organismos autótrofos. Mais adiante iremos abordar a respeito desses dois processos de forma individual. Iniciaremos com a forma mais rápida, o ciclo biológico do carbono. Neste método Continue o estudo dos ciclos sedimentares através do capítulo 8 – Ciclo do Fósforo (página 163) escrito por Bennett e Schipanski (2015), do livro “Fundamentos de Ci- ências dos Ecossistemas”. Disponível em: https://bit.ly/3p3KILS. Acesso em: 10 mar. 2021. BUSQUE POR MAIS O ciclo hidrológico tem sofrido alterações, como o aumento do escoamento superficial e a redução da infiltração da água no solo. As alterações ocorrem em virtude do processo de urbanização que propicia a redução das áreas verdes e o acréscimo da taxa de solo impermeabilizado. FIQUE ATENTO https://bit.ly/3p3KILS 27 o carbono existente na atmosfera e os compostos como carbonatos dissolvidos na água são absorvidos por seres autótrofos fotossintetizantes, nos quais utilizam a fotossíntese para transformar esses elementos em matéria orgânica que, posteriormente, por meio da cadeia alimentar é passado a outros organismos (STEIN, 2018). Na cadeia alimentar a matéria orgânica é absorvida na ingestão de vegetais pelos organismos herbívoros e pela digestão dos animais herbívoros que ocorrem nos animais carnívoros. A produção de compostos orgânicos também acontece por organismos quimiossintetizantes que têm como principal composto orgânico a produção dos carboidratos por meio da quimiossíntese. Uma vez assimilado pelos seres vivos, o carbono retorna ao ambiente por diversas formas, tal qual o processo de respiração e decomposição. Na respiração o carbono é liberado na forma de CO2, que é um dos produtos finais do processo. Na decomposição ocorre de maneira semelhante, liberação de gás carbônico e água (MARTINS; LOPES; ANDRADE, 2003) No processo geológico do carbono a movimentação é realizada através de uma troca contínua do gás carbônico (CO2) existente na atmosfera e hidrosfera, através do processo de difusão, que acontece até que a quantidade de CO2 contida na atmosfera acima da água e a do meio aquático entrem em equilíbrio. Isso ocorre devido à capacidade da água em dissolver o CO2 presente na atmosfera. Além disso, o fluxo pode ocorrer pela dissolução do gás carbônico na água da chuva, o que acaba por produzir uma solução ácida (H2CO3), que contribui para a erosão de rochas silicatadas (TONIOLO; CARNEIRO, 2015) O processo de desintegraçãodas rochas (intemperismo) faz com que ocorra a liberação de íons Ca2+ e HCO3. Esses íons ficam sujeitos a serem levados aos oceanos que, nesse caso, passam a ser utilizados na formação de conchas por organismos marinhos. Essas conchas, posteriormente, são acumuladas e passam a fazer parte do sedimento do fundo dos oceanos, quando os animais morrem. Futuramente, esses sedimentos podem deslocar-se para regiões que existam altas pressões e temperaturas, fazendo com que os carbonatos se fundam, parcialmente, podendo chegar a formar rochas calcárias. O gás carbônico pode ser liberado novamente para a atmosfera através de atividade (TONIOLO; CARNEIRO, 2015). De forma geral e resumida, o ciclo do carbono (Figura 13) se inicia pela absorção do gás carbônico (CO2) da atmosfera pelos organismos autótrofos como plantas e bactérias, que utilizam o gás em seus processos de fotossíntese e quimiossíntese. Esses seres sintetizam os compostos orgânicos como os carboidratos, por exemplo, que fazem parte da formação de seus tecidos. A última etapa, a mais rápida, é o uso dos carboidratos pelos animais que devolvem o CO2 à atmosfera através da respiração. Figura 13: Ciclo do carbono Fonte: Acervo pessoal (Arte de Pedro Fonseca, 2021). 28 É importante frisar que atividades antropogênicas têm influenciado no ciclo global do car- bono, especialmente, nos últimos anos. Estas atividades, como o desmatamento e a utili- zação de combustíveis fósseis, propiciam a elevação dos níveis de gás carbônico presentes na atmosfera e, consequentemente, geram um agravamento do efeito estufa. Isso ocorre devido às atividades humanas retirarem o carbono disposto em depósitos fósseis em uma velocidade maior que a absorção do carbono pelo ciclo, que ainda é comprometida pelo des- matamento, ou seja, ao mesmo tempo que a emissão de carbono aumenta, a capacidade de absorção é diminuída. FIQUE ATENTO O nitrogênio (N), por sua vez, se trata do gás com maior abundância presente no ar. Geralmente, é um nutriente limitante de plantas e integra o grupo dos aminoácidos, ácidos nucleicos e proteínas, tornando-se, portanto, essencial à sobrevivência dos seres vivos. A atmosfera é o mais notável depósito de nitrogênio, em que em sua composição possui 80% do gás de nitrogênio (N2). Os demais reservatórios pertencem aos solos, sedimentos de lagos, rios e oceanos; o nitrogênio dissolvido em água superficial; e a biomassa dos organismos vivos (REECE et al., 2015). É importante notar que o ciclo do nitrogênio (Figura 14) também retrata um curso de matérias e energia que são constantes na natureza e fundamental ao equilíbrio dos ecossistemas, análogo aos demais ciclos biogeoquímicos. O ciclo do nitrogênio é constituído de etapas, sendo elas: fixação, amonização, nitrificação e desnitrificação. Figura 14: Ciclo do nitrogênio Fonte: Acervo pessoal (Arte de Pedro Fonseca, 2021) 29 A primeira etapa é a fixação, onde acontece a fixação do nitrogênio atmosférico. A quantidade de nitrogênio nos ecossistemas pode ser decorrente das altas temperaturas dos relâmpagos. Dos fertilizantes com nitrogênio, precipitações e poeiras que contribuem com quantidade significativas de amônia, nitritos e nitratos. Das bactérias presentes no solo que convertem o N2 atmosférico em formas que podem ser aproveitadas para sintetizar compostos orgânicos de nitrogênio como: amônia (NH4+), nitritos (NO2-), e nitratos (NO3- ). Já o processo de amonificação promove a fixação do nitrogênio inorgânico no solo em amônia (NH4+). Na nitrificação ocorre a conversão da amônia em nitritos (NO2-) e nitratos (NO3-). Por fim, a desnitrificação reinicia o ciclo convertendo nitratos de volta a nitrogênio inorgânico (STEIN, 2018). As bactérias são essenciais no ciclo do nitrogênio. As principais são as Rhizobium que convi- vem com as plantas leguminosas e colaboram com a fixação do nitrogênio. Na amonização, as bactérias decompositoras são as autoras que agem sobre a matéria orgânica, liberando amônia ao ambiente. Na nitrificação são as bactérias que convertem amônia em nitrito e nitrito em nitrato. Já no final do ciclo, no processo de desnitrificação existem bactérias que garantem a liberação de nitrogênio para a atmosfera. FIQUE ATENTO O oxigênio é o elemento químico mais abundante da superfície terrestre. Se trata do elemento que forma gases vitais à sobrevivência dos seres humanos e diversos outros organismos vivos, como o gás oxigênio (O2) e o ozônio (O3). Estudaremos aqui, finalizando o conteúdo dos ciclos biogeoquímicos, como funciona a reciclagem do oxigênio em nosso planeta. A atmosfera é o principal depósito de oxigênio para os seres vivos. Esse elemento químico (O) pode ser encontrado em várias formas, sendo o oxigênio molecular (O2) a principal delas, já que é usado no processo de respiração. São exemplos de outros gases o gás carbônico (CO2), ozônio (O3) e o dióxido de nitrogênio (NO2). No ciclo do oxigênio (Figura 15), plantas e animais utilizam o oxigênio em suas respirações aeróbias, em que átomos de oxigênio são combinados a átomos de hidrogênio e dão origem a moléculas de água (H2O). Essas moléculas podem ser utilizadas na síntese de outras substâncias, dessa forma, fazendo com que essas substâncias incorporem átomos de oxigênio provenientes, originalmente, do gás atmosférico. As plantas através da fotossíntese utilizam o gás carbônico em que os átomos de oxigênio passam a fazer parte da matéria orgânica das plantas. O oxigênio é restituído à atmosfera na forma de moléculas de água e de gás carbônico, pela respiração celular (AMABIS; MARTHO, 2006). 30 Figura 15: Ciclo do oxigênio Fonte: Acervo pessoal (Arte de Pedro Fonseca, 2021) Neste ciclo (Figura 15) o principal autor pela criação de oxigênio são as plantas que absorvem gás carbônico (CO2) e luz solar (fotossíntese) e liberam gás oxigênio (O2). O oxigênio também é transmitido pelas plantas através da cadeia alimentar, com o consumo da matéria orgânica. Organismos aeróbios, por meio da respiração celular, absorvem o gás oxigênio e liberam gás carbônico no final do processo, fazendo com que o ciclo do oxigênio e carbono estejam interligados. Atividades humanas afetam diretamente o ciclo do oxigênio. Indústrias mediante a proces- sos de combustão utilizam O2 atmosférico e liberam CO2. A prática do desmatamento tam- bém é outro fator antropogênico que interfere significativamente neste ciclo, comprometen- do nossa camada de ozônio que é o filtro protetor de nosso planeta FIQUE ATENTO Os gases lançados pelo homem na atmosfera potencializam o efeito estufa. Dian- te disto, é de suma importância o processo de sequestro de carbono, que se trata da remoção do gás carbônico e lançamento de oxigênio na atmosfera. Continue o estudo a respeito do sequestro de carbono através da dissertação disponível em: https://bit.ly/3uxUkiV. Acesso em: 15 mar. 2021. BUSQUE POR MAIS https://bit.ly/3uxUkiV 31 2.2 RECURSOS RENOVÉVEIS E NÃO RENOVÁVEIS Falamos no tópico anterior sobre fundamentos naturais, essenciais à manutenção da vida sob o ponto de vista de elementos químicos. Continuaremos nessa temática, mas em uma perspectiva diferente, no panorama que tange aos recursos naturais finitos e não finitos, usufruídos pelo homem na construção e desenvolvimento de sociedades. Recursos disponibilizados pela natureza, quais sejam, matéria ou energia, explorados pelo homem com fim de suprir seus desejos e necessidades, podendo ser classificados em grupos distintos chamados de renováveis e não renováveis, esta é a definição do conteúdo abordado neste tópico: recursos naturais renováveis e não renováveis. Além disto, os recursos naturais também possuem a função de possibilitar condições adequadas à sobrevivência de todos os seres vivos que compreendem as populações biológicas e dos ecossistemas, tendo papel fundamental no equilíbrio ecológico. Para a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), instituída a partir da Lei 6.938/81, recursos naturais sãoos inúmeros componentes ecológicos da natureza, como as reservas hídricas superficiais e subterrâneas, as florestas, os minérios etc. Ou seja, nossa diversidade biológica (BRASIL, 1981). A taxa de consumo dos recursos naturais pelo homem caminha de forma crescente. Nos primórdios as civilizações utilizaram os recursos encontrados na natureza como forma de subsistência, mantendo uma relação de equilíbrio com a natureza. Ao passar do tempo foram sendo criadas técnicas que possibilitaram o acúmulo dos materiais provenientes da natureza, possibilitando ao homem cada vez mais transformações no ambiente e, consequentemente, desbalanceando a relação harmônica existente com a natureza. Podemos definir os recursos naturais renováveis como aqueles cuja capacidade de ser regenerado na natureza é superior ou, pelo menos, igual à taxa que a humanidade consome este recurso. Englobam os recursos inesgotáveis, os que conseguem ser renovados pela natureza ou aqueles possuem a regeneração dada por ações antrópicas, tendo como exemplo, respectivamente, a água e vegetais advindos da agricultura. Recursos renováveis são sinônimos de recursos sustentáveis? Embora intuitivamente ache- mos que sim, existe um detalhe substancial que pode nos levar a diferenciá-los. Embora o re- curso renovável seja dito como infinito, se o seu uso for realizado de forma desordenada sem respeitar o tempo de restauração pela natureza ou que seja reabastecido pelo homem, este recurso virá a faltar e podemos citar como exemplo a madeira. Já os recursos sustentáveis são aqueles em que podemos, de fato, utilizar sem nos preocupar com o seu esgotamento devido ao uso, que é o caso do calor do sol e o vento que empregamos na geração de energia solar e eólica, respectivamente. VAMOS PENSAR? Fazendo uma analogia inversa aos recursos renováveis, os não renováveis como carvão mineral, por exemplo, são aqueles limitados na natureza. Estes recursos não possuem a habilidade de restauração ou seu nível de renovação é inferior ao de consumo pelo homem. Assim, o uso não consciente destes recursos pode levar rapidamente ao seu perecimento. A grande razão pela qual os recursos não renováveis podem chegar a sua extinção se deve ao motivo do homem não conseguir sintetizar, isto é, desenvolver ou acelerar alguns processos que de formas naturais são lentos. Uma boa amostra deste contexto é o uso de combustíveis fósseis. O homem faz uso deste recurso de maneira consideravelmente alta, enquanto a natureza o recria, mediante processos de calor e pressão, de forma lenta. De forma geral, os recursos naturais renováveis são encontrados dos mais diversos 32 tipos na natureza, sejam eles biológicos, minerais, energéticos e hídricos. Os recursos naturais não renováveis, por sua vez, comumente, são encontrados os tipos minerais e energéticos. Confira no Quadro 1 abaixo alguns exemplos de recursos naturais com sua classificação e tipo, as formas em que são encontrados na natureza, como podem ser utilizados pelo homem e quais seus impactos no meio ambiente. RECURSOS NATURAIS CLASSIFICAÇÃO RECURSO TIPO USO IMPACTO Renovável Animais Biológico Alimentação e Comércio Extinção de Espécies Renovável Areia Mineral Construção Civil Descaracterização de Relevo Renovável Luz Solar Energético Energia Solar Alteração da Fauna e Flora Renovável Rios Hídrico Transposições Perda de Biodiversidade Não Renovável Ouro Mineral Mineração para Comécio Aumento na Turbidez de águas Não Renovável Carvão Mineral Energético Combustível Fóssil Poluição Atmosférica Quadro 1: Recursos Naturais Fonte: Autor (2021) Em todo o mundo os animais são grandes fontes de alimento e renda para o homem. Em boa parte dos casos os impactos estão relacionados ao uso de animais de maneira econômica, tendo como exemplo o ramo de vestuários, em que podemos citar a utilização de couros para confecção de casacos de pele. Esta prática tem como consequência alterações no equilíbrio ecológico de uma região e, em caso mais extremos, a extinção de espécies. A utilização da areia na construção civil quando realizada em terra pode resultar em descaracterização do relevo na destruição da vegetação local e quando realizada em rios pode aumentar o percentual de partículas em suspensão e contribuir para o assoreamento do rio. Apesar da energia solar ser considerada uma fonte limpa de energia, a mesma está ligada a impactos ao ambiente devido à necessidade da utilização de grandes áreas para a disposição de placas, fazendo com que a vegetação e os animais sejam retirados. Obras de transposição são muito utilizadas pelo homem de forma a redistribuir suas reservas hídricas, levando água a locais que este recurso é escasso. No entanto, transposições de rios estão intimamente ligadas a impactos como o desmatamento, a desertificação e a diminuição da biodiversidade. Isso acontece devido às obras de transposição necessitarem de grandes hectares de terra em seus projetos, destruindo a fauna e a flora e aumentando processos de extinções de espécies. O ofício da mineração para extração de metais de reservas geológicas tem como causa principal de impacto ambiental a utilização do mercúrio que facilmente se torna uma substância tóxica contaminando o solo e quando há presença de escoamento de rios, além do aumento da turbidez. A utilização de combustíveis fósseis como o carvão mineral e o petróleo estão relacionados, principalmente, à geração de efluentes altamente tóxicos, resultantes da queima destes combustíveis e com a poluição atmosférica causada pela emissão de CO2, o que agrava problemas como o aquecimento global e a chuva ácida. 33 • Até mesmo recursos renováveis estão sujeitos a escassez em caso do uso errôneo do recur- so. Como é a situação de florestas, com o desmatamento exacerbado; solos improdutivos por falta de preservação; ou até mesmo falta de água para consumo humano, causado sobretudo, pelo mau uso e poluição. • Além de renováveis e não renováveis, os recursos naturais possuem outras nomenclatu- ras, sendo chamados de biológicos quando se tratam de animais vegetais; hídricos refe- rente a todas a reservas de água (subterrânea e superficial); minerais quando voltado aos recursos geológicos e energéticos em ocasiões de recursos que proporcionam energia FIQUE ATENTO 34 1. Fenômenos naturais são responsáveis pela reciclagem dos elementos químicos, através de processos naturais. Estes processos asseguram que os elementos interajam com componentes vivos e não vivos, bem como circulem pela atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera. Este conceito relaciona-se com: a) ciclos biogeoquímico. b) fenômenos naturais. c) revitalização. d) ciclos da matéria. e) ciclos do elemento. 2. Os elementos indispensáveis à vida como a água, o fósforo, o carbono, o nitrogênio e o oxigênio compõem os principais ciclos naturais de nosso planeta. A respeito da classificação destes ciclos, marque a alternativa correta. a) Podem ser chamados de ciclos sedimentares e rudimentares, sendo a água e o carbono, respectivamente, exemplos destes ciclos. b) Os ciclos possuem classificações de acordo com o grau de importância para o homem, sendo o da água e do oxigênio chamados de essenciais. c) Os ciclos da água e do fósforo são chamados de sedimentares e os do carbono, nitrogênio e oxigênio de gasosos. d) Os ciclos gasosos compreendem os elementos chamados não essenciais e são compostos pelo carbono e nitrogênio. e) Os ciclos da água e do fósforo são chamados de gasosos e os do carbono, nitrogênio e oxigênio de sedimentares. 3. O ciclo hidrológico pode ser definido como o fenômeno que promove a circulação da água entre a superfície do planeta e a atmosfera. O movimento ocorre, basicamente, pela influência da energia advinda do sol e da gravidade. De acordo com ciclo da água, assinale a opção correta. a) Da totalidade de água existente no planeta, a maior parcela se trata de água salgada, encontrada nos mares e oceanos. Já a menor parcela, aágua doce, a maior parte encontra- se em rios e lagos, e a menor parte desta água em reservas subterrâneas e geleiras. b) A incidência dos raios solares faz com que parte da água contida na terra de forma superficial como em rios, lagos e mares evapore e retorne à atmosfera, sendo esta a única forma de retorno da água para atmosfera. c) O ciclo hidrológico sofre alterações em virtude do processo de urbanização que propicia a redução das áreas verdes e o acréscimo da taxa de solo impermeabilizado. d) O fenômeno de deslocamento das águas sob a superfície pode ser aumentado devido à impermeabilização do solo e é chamado percolação. e) A água ao entrar em contato com a superfície natural, seja ela solo ou rocha, infiltra e forma aquíferos sendo impossível retornar à superfície de forma natural. FIXANDO O CONTEÚDO 35 4. A importância de todos os ciclos biogeoquímicos para o nosso planeta está na capacidade de reciclagem dos elementos químicos de forma natural, sem necessitar da ajuda do homem. Marque a alternativa correta relacionada aos ciclos naturais. a) O ciclo geológico do carbono ocorre de maneira rápida e tem o papel de regular a movimentação do carbono pela atmosfera, hidrosfera e litosfera. b) No ciclo do nitrogênio, a primeira etapa é a fixação e promove a fixação do nitrogênio inorgânico no solo em amônia (NH4+). c) Apesar da prática do desmatamento diminuir a população de árvores, esta atividade não interfere, significativamente, no ciclo do oxigênio. d) Apesar de ser possível, o homem não interfere e nem influencia os ciclos biogeoquímicos de nenhuma forma. e) No ciclo do oxigênio o principal autor pela criação de oxigênio são as plantas que absorvem gás carbônico (CO2) e luz solar (fotossíntese) e liberam gás oxigênio (O2). 5. Desde de o início de sua existência o homem retira da natureza todos os recursos necessários à sua subsistência e o suficiente para a construção e desenvolvimento de sociedades. Dentre as alternativas abaixo, assinale a correta a respeito dos recursos naturais. a) Recursos renováveis são disponibilizados pela natureza, quais sejam, matéria ou energia, são os únicos recursos explorados pelo homem com fim de suprir seus desejos e necessidades. b) Ao passar do tempo foram criadas técnicas voltadas ao acúmulo dos materiais provenientes da natureza, possibilitando ao homem cada vez mais transformações no ambiente e, consequentemente, desbalanceando a relação harmônica existente com a natureza. c) Os recursos encontrados na natureza podem ser classificados como naturais e artificiais. d) A única função dos recursos naturais é possibilitar condições adequadas à sobrevivência de todos os seres vivos que compreendem as populações biológicas e dos ecossistemas. e) Atualmente, o homem utiliza os recursos encontrados no meio ambiente como forma de subsistência, mantendo uma relação de equilíbrio com a natureza. 6. Podemos definir os recursos naturais renováveis como aqueles cuja capacidade de ser regenerado na natureza é superior ou, pelo menos, igual à taxa que a humanidade consome este recurso. Sabendo do que se trata os recursos renováveis, marque a opção correta. a) Se recursos renováveis forem utilizados de maneira desordenada, sem respeitar o tempo de restauração pela natureza, ou que seja reabastecido pelo homem, este recurso pode faltar no meio ambiente. b) Os recursos que possuem a regeneração dada por ações antrópicas não podem ser classificados como renováveis. c) Recursos renováveis são sinônimos de recursos sustentáveis. d) Devido ao recurso renovável ser produzido rapidamente na natureza, sendo considerado infinito, este nunca deixará de existir no planeta. e) O petróleo é um dos combustíveis fósseis mais utilizados pelo homem e se enquadra nos recursos renováveis. 36 7. De maneira inversa aos recursos renováveis, os não renováveis são aqueles limitados na natureza. Estes recursos não possuem a habilidade de restauração ou seu nível de renovação é inferior ao de consumo pelo homem. Assinale a alternativa que contenha somente exemplos de recursos não renováveis. a) Luz solar e Água. b) Carvão mineral e Petróleo. c) Combustível fóssil e Vento. d) Gás natural e Vegetais. e) Petróleo e Madeira. 8. Os recursos naturais são elementos vitais para que o homem e toda a vida no planeta possam existir. Podem ser classificados em renováveis e não renováveis, mas também podem ser divididos em outros grupos. Marque a opção que contenha classificações para os recursos naturais e respectivos exemplos: a) Terrestres e Aquáticos: Plantas e Petróleo. b) Biológicos e Hídricos: Rochas e Oceanos. c) Hídricos e Minerais: Argila e Rios. d) Minerais e Energéticos: Rochas e Vento. e) Minerais e Biológicos: Luz solar e Animais. 37 NATUREZA E RELAÇÕES SOCIAIS UNIDADE 03 38 3.1 IMPACTO DAS ATIVIDADES HUMANAS NO AMBIENTE Qualquer atividade que venhamos a desenvolver no meio ambiente irá causar um impacto ambiental, podendo ser de ordem positiva ou negativa, sobre o segundo tipo, infelizmente, é o que sobressai e acaba prejudicando o ambiente. Os impactos positivos são caracterizados por modificações que buscam a preservação ou recuperação do ambiente como obras de revitalização, reflorestamento e criação de espaços verdes em meio a centros urbanos, por exemplo. No Brasil, para prevenir o excesso de impactos negativos no ambiente, a legislação ambiental determina medidas a serem tomadas de forma a diminuir os danos causados ao meio ambiente. No entanto, a preocupação a respeito da mitigação dos impactos ambientais negativos não cabe somente a nossos governantes, é necessário que seja uma preocupação que se estenda a toda população. Muitas das atividades que realizamos em nosso dia a dia resultam em impactos ambientais negativos, como o descarte inadequado de nossos resíduos e o uso não consciente da energia elétrica. O esquema abaixo (Figura 16) retrata alguns outros exemplos de atividades presentes no cotidiano das pessoas, que causam impactos negativos ao ambiente. Figura 16: Atividades que causam impactos negativos Fonte: Autor (2021) Por outro lado, atitudes positivas (preventivas) podem nos auxiliar na balança dos impactos ambientais e, na maioria das vezes, são simples de serem realizadas, como o uso racional da água e energia elétrica, separação de resíduos orgânicos e não orgânicos, revezamento do uso de automóveis de maneira individual com transportes coletivos ou que não emitam poluições, não jogar lixo nas ruas, não utilizar atitudes consumistas e optar por doação de materiais que já não lhe servem mais ao invés do descarte. Poluição e impacto ambiental tem o mesmo significado? Embora possam parecer, estes termos não possuem igualdade. São significados diferentes que possuem um certo nível de relação entre si. A poluição se trata da emissão de matéria e energia além da capacidade do meio ambiente em absorver, já o impacto engloba um conceito mais amplo com outras componentes além da poluição. Desta forma, temos que toda poluição resulta em impacto ambiental, mas nem todo impacto ambiental é resultante de poluição. VAMOS PENSAR? 39 O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) na Resolução 001 (1986) fala que impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de energia ou matéria resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente afetam: • A saúde, a segurança e o bem-estar da população; • As atividades sociais e econômicas; • A biota (conjunto de plantas e animais de uma determinada área); • As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; • A qualidade dos recursos ambientais. Visto o potencial do homem em provocar efeitos negativos no meio ambiente foi necessária a criação de uma série de procedimento legais, institucionais e técnico- científicos, objetivando evitar, reduzir ou compensar estes efeitos na natureza. Estas medidas fazem parte da Avaliação de Impacto Ambiental(AIA) e são oficializadas por meio da Lei nº 6.938/1981 (BRASIL, 1981). O uso da AIA é imprescindível para toda a atividade que possua capacidade de poluir ou degradar o meio ambiente e estudaremos mais a respeito deste instrumento no tópico introdução à gestão ambiental, contido na UNIDADE 5 deste livro. 3.2 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E OS PROBLEMAS SOCIAIS Extinções, esgotamento de água e solo e destruição de ecossistemas e habitats são exemplos recorrentes de impactos ambientais de origem antrópicas e que podem ser chamados de degradação ambiental. “Degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente” (BRASIL, 1981, Art. 3º, parágrafo II). Esta é a menção referente ao conceito de degradação ambiental contido na Política Nacional do Meio Ambiente. Meneguzzo e Chaicouski (2010) comentam que a lei não indica o agente causador da degradação, ou seja, se a degradação foi decorrente do ser humano ou de um fenômeno natural, como queimadas geradas por raios atmosféricos, por exemplo. O que esse conceito contido na lei quer dizer é que degradação ambiental trata- se de algo negativo (SÁNCHEZ, 2013). Assim, podemos definir degradação ambiental como alterações, geralmente, de causas humanas, das características físicas, químicas e biológicas de cunho prejudicial ao ambiente e/ou de forma socioeconômica. Degradação ambiental ≠ impacto ambiental: Comumente se vê pessoas utilizando esses dois termos para definir uma mesma situação. Embora sejam parecidos, são conceitos dife- rentes e possuem definições distintas em forma de lei. A principal diferença é que a degra- dação ambiental faz alusão a fenômenos negativos, enquanto no impacto ambiental pode haver aspectos positivos, além dos negativos. FIQUE ATENTO 40 As alterações dos aspectos ambientais naturais oriundas de ações humanas são inúmeras, dos mais variados tipos, em que podemos destacar: poluição, desmatamento, queimadas, salinização e efeito estufa. Pequenas definições a respeito destes tipos de degradações ambientais estão descritas, respectivamente, no Quadro 2 abaixo. TIPO DESCRIÇÃO CONSEQUÊNCIA Poluição Contaminação do meio ambiente por meio de elementos ou energia, de efeito negativo, causado pelo homem de forma direta ou indireta. Contaminação do solo e de reser- vatórios de águas superficiais e subterrâneas. Desmatamento Desflorestamento de grandes áreas. Reti- rada total ou parcial da vegetação de um determinado local. Empobrecimento do solo e des- truição de habitats. Queimada Prática da queima de biomassa vegetal, geralmente utilizada pela agricultura para limpeza de terrenos Poluição do ar e aumento da ero- são no solo. Salinização Efeito, comumente ligado à agricultura, causado pelo acúmulo de sais no solo. Infertilidade do solo e morte de culturas. Efeito Estufa Processo físico natural que controla a tem- peratura do planeta. Ondas de calor e ocorrência de fe- nômenos naturais como furacões e tsunamis. Quadro 2: Tipos de degradação ambiental de origem antropogênica Fonte: Autor (2021) A degradação ambiental está ligada somente a ações antrópicas? Apesar do homem ser autor principal das alterações ambientais, existem também efeitos negativos causados de forma natural, embora sejam agravados por atividades humanas, como é o caso de terre- motos, tsunamis e chuvas ácidas, por exemplo. VAMOS PENSAR? A depender do grau de alteração do ambiente é possível que ele se recupere de forma espontânea, no entanto, existem certos níveis de degradação que a recuperação espontânea pode não ser possível ou ser dependente de um longo prazo com a fonte de perturbação retirada ou reduzida, havendo na maioria das vezes, a necessidade de uma ação corretiva (SÁNCHEZ, 2013). As atividades de forte potencial destrutivo ao meio ambiente, desenvolvidas pelo homem na busca incessável de suprir suas vontades levaram as nações a repensar se os acordos ambientais idealizados na conferência de Estocolmo em 1972 estavam de fato sendo cumpridos. Esta análise resultou na conclusão, 10 anos depois, na Conferência de Nairóbi no Quênia em 1982, que os ideais combinados em Estocolmo de fato não estavam sendo praticados. O desfecho da Conferência de Nairóbi, em virtude do resultado negativo dos últimos anos, foi a priorização da criação de unidades voltadas à conservação e recuperação de áreas degradadas. Em nosso país a legislação assegura a recuperação dos impactos negativos causados ao meio ambiente por intermédio do segundo parágrafo do art. 225 da Constituição Federal de 1988 ao citar: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 41 sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (BRASIL,1988, Art. 225, § 3º). No que diz respeito à reparação dos danos, é possível ser realizada com o reestabelecimento do equilíbrio ambiental mediante a criação de um projeto ambiental que englobe premissas ambientais, estéticas e sociais, a depender da função dada à área em questão. Já sabemos como acontecem as degradações ambientais e quais suas consequ- ências. Aprofunde o estudo desta temática lendo sobre restauração das áreas de- gradadas, contido na unidade 2 (página 106), do livro “Responsabilidade Socioam- biental” (MIRANDA, 2017). Disponível em: https://bit.ly/3fCh0dA. Acesso em: 20 mar. 2021. BUSQUE POR MAIS Apesar de associarmos, frequentemente, o termo degradação ambiental a assuntos de fato ambientais, este conceito está ainda intimamente ligado a questões sociais como consta na Agenda 21, documento derivado da ECO-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento) que fora assinado por 179 países: A pobreza e a degradação do meio ambiente estão es- treitamente relacionadas. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambien- tal, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países in- dustrializados (CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1992, p. 21). O que este trecho da Agenda 21 ressalta é que a degradação ambiental é resultante de ações das diferentes classes sociais, no entanto, é importante destacar que populações que ocupam os níveis mais baixos não têm capacidade de causar degradação ambiental como as pessoas de poder aquisitivo mais elevado, uma vez que os níveis mais altos das classes sociais possuem maior facilidade em produzir e consumir bens materiais gerando, por exemplo, mais resíduos (MENEGUZZO, 2006). Rodrigues e Silva (2020) corroboram este pensamento ao contrariarem o dizer do Ministro da Economia Paulo Guedes, de que a degradação é causada pela pobreza, ao falarem que a degradação, na verdade, é uma das mais perversas consequências da pobreza. A degradação decorrente da pobreza é uma parcela muito pequena, como por exemplo, quando a mata de zonas de risco é retirada para ocupação trata-se de um componente mínimo se comparado à destruição ambiental que o país testemunha há séculos, em que se pode citar o caso da Amazônia, que embora sejam pessoas pobres que executam o serviço de desma-tamento, são pessoas de alto nível social os responsáveis, uma vez que são os financiadores (RODRIGUES; DIAS, 2020)). Assim, podemos dizer que o que realmente acontece é pobreza oriunda de degradação ambiental. Tomemos como exemplo comunidades de mesmo poder aquisitivo vivendo https://bit.ly/3fCh0dA 42 em condições ambientais distintas. Uma está inserida num contexto de preservação do meio ambiente, a outra na circunstância da degradação ambiental. Podemos dizer que ambas populações possuem exatamente o mesmo nível social? Há quem diga que sim, já que possuem a mesma renda. Mas vamos analisar através de outro ângulo, considerando os recursos ofertados pelo meio ambiente preservado. A comunidade que vive em um ambiente
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