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Educação do Brasil: do governo civil-militar até a redemocratização
DEFINIÇÃO
Série de mudanças que ocorreram no âmbito da Educação brasileira, dos anos 1960 até a Redemocratização, incluindo as transformações econômicas, sociais e políticas que influenciaram reformas, leis e decretos criados para embasar os projetos de governo.
PROPÓSITO
Compreender as diversas mudanças e os discursos que pautaram as diferentes reformas, decretos e leis para a Educação brasileira no processo de redemocratização, com a identificação das iniciativas que permanecem em nossas práticas pedagógicas e estruturas de ensino.
OBJETIVOS
· MÓDULO I
Identificar as reformas ocorridas na organização da Educação brasileira durante o Regime Militar
· MÓDULO II
Reconhecer a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases como promotoras de avanços na Educação brasileira
APRESENTAÇÃO
Vamos nos ambientar ao tema assistindo ao vídeo a seguir?
Introdução: A educação dos anos 1960 até a constituição de 1988.
EDUCAÇÃO NA DÉCADA DE 1960
Vamos entender o momento brasileiro na segunda metade da década de 1960.
A segunda metade da década de 1960 foi marcada por importantes transformações políticas, econômicas e sociais.
O clima político no Brasil encontrava-se absolutamente conturbado. No dia 13 de dezembro de 1968, o general Arthur da Costa e Silva baixou aquele que ficou conhecido como AI-5 ou Ato Institucional nº 5.
Estudantes, professores, trabalhadores urbanos e rurais: naquele momento, centenas de pessoas encontravam-se na clandestinidade, exilados, mortos ou presos.
Jornal Última Hora. Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Ao mesmo tempo, o regime fazia questão de imprimir certa aparência de normalidade ao cotidiano das pessoas, lançando mão de recursos midiáticos de forma doutrinária, como veremos no vídeo a seguir.
Propagandas ufanistas eram utilizadas como forma de educação e difusão ideológica.
No vídeo anterior, vimos o quanto as propagandas visavam a doutrinação ideológica pelo seu teor nacionalista. Quando falamos desse momento para a Educação, é importante lembrarmos que o objetivo da criação das disciplinas Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira era incutir na mentalidade dos estudantes valores como civismo e patriotismo.
Durante a Semana da Pátria (7 de setembro), era obrigatório cantar o Hino Nacional e hastear a bandeira brasileira. Em muitas escolas – públicas ou particulares –, essa prática foi incorporada sem muito questionamento. É muito comum nos depararmos, ainda hoje, com escolas que repetem esses rituais durante a Semana da Pátria ou mesmo semanalmente.
Reflita...
Na sua escola isso acontecia? Você consegue se recordar de outros elementos punitivos, durante sua trajetória escolar, que possam ser herança de uma cultura autoritária? Você ainda entende isso como algo importante?
1964: A TAL PÁGINA INFELIZ DA NOSSA HISTÓRIA
O período compreendido entre 1964 e 1985 ficou conhecido em função da interrupção do processo democrático brasileiro e pela instauração de uma ditadura que duraria longos 21 anos. Uma ditadura é geralmente caracterizada pela imposição de uma visão de mundo, muitas vezes na base da força. Por isso mesmo, aqueles anos foram marcados pela extinção dos partidos políticos, cassação de direitos, censura, perseguição de opositores políticos, mortes e desaparecimentos.
Você pode estar se perguntando: como a Educação foi afetada durante a Ditadura Militar? O ambiente escolar mudou? E os educadores progressistas, eles também foram alvos de perseguições e forçados a interromper suas atividades?
Repressão militar na Praça da Sé. Foto: Evandro Teixeira
Após o golpe de 1964, muitos educadores foram mortos, perseguidos e exilados em função de suas ideias ou posturas políticas.
Uma das bandeiras levantadas pelos defensores dessa escola nova era o potencial da Educação como instrumento de emancipação dos indivíduos. Isso significa que o governo civil-militar conhecia o poder transformador da Educação e, para atender o lema de recuperar a ordem e a estabilização de seu projeto, a Educação passou a ser pauta do dia durante esse período.
Professores (da esquerda para direita): Ana Rosa Kucinski, Tito Arcoverde Cavalcanti, Anísio Teixeira, Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, Heleneide Nazaré, Haity Moussatché, Maria Yedda Linhares, Erney Camargo, Eulália Lobo, Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Rubim Aquino, Victor Nunes Leal, Walter Oswaldo Cruz, José Grabois e Paulo Freire.
Você sabia?
No mesmo dia em que os militares deram um golpe de Estado instaurando a Ditadura Militar (1° de abril de 1964), eles invadiram e incendiaram a sede da maior representação estudantil, União Nacional dos Estudantes (UNE). Muitos líderes estudantis foram presos naquela ocasião.
Durante todo o regime militar, a UNE, mesmo atuando na ilegalidade, atuou combativamente contra o projeto de educação implementado pelos militares.
O ambiente escolar tornou-se cada vez mais hostil para qualquer pessoa que contestasse a ordem vigente, seja aluno, funcionário ou professor. Naquela época, era prática comum que a direção das escolas públicas fosse indicada pelos políticos locais. Para isso, tinham por base:
MÉRITO
Ampliação efetivo do número de vagas e formalização de que era função do Estado garantir a Educação.
PROBLEMA
Promover um clima de vigilância contra algum conteúdo ou ideias consideradas subversivas para os alunos.
Você consegue lembrar como a Ditadura Militar era trabalhada nos livros didáticos que utilizou durante sua formação escolar?
Se você tem mais de quarenta anos, provavelmente estudou com livros que citam a “Revolução de 1964” ou “movimento de março de 1964”.
Quem iniciou a formação escolar nos anos 1990 e 2000, provavelmente presenciou uma mudança de abordagem. Os livros didáticos, acompanhando, em parte, as renovações na historiografia sobre o período da Ditadura são quase unânimes em classificar o período entre 1964-1985 como uma época de interrupção da democracia, ou seja, um golpe de Estado protagonizado pelas Forças Armadas.
Tente fazer esse exercício e busque em sua memória como eram os livros didáticos que você já utilizou. Busque por algum livro didático em sua casa ou na biblioteca mais próxima de você. Observe a divisão dos assuntos, veja quais temas são abordados e, sobretudo, verifique o ano de produção desse livro. Esse exercício é importante, pois nos ajuda a contextualizar essa obra, lembrando que todo livro didático é reflexo do seu tempo.
Durante todo o período da Ditadura Militar, tivemos diversas intervenções que atingiram diretamente o setor educacional. Veja algumas intervenções promovidas pela Constituição de 1967:
A União e os estados estavam desobrigados a investirem um percentual mínimo na Educação, contrariando o que estava disposto na LDB de 1961.
Além disso, outra alteração promovida por essa carta constitucional foi a transferência de recursos públicos para instituições privadas de ensino.
Confira o que Dermeval Saviani argumenta no artigo O legado educacional do regime militar.
“(...) a Constituição de 24 de janeiro de 1967, baixada pelo regime militar, eliminou a vinculação orçamentária constante das Constituições de 1934 e de 1946, que obrigava a União, os estados e os municípios a destinar um percentual mínimo de recursos para a educação. A Constituição de 1934 havia fixado 10% para a União e 20% para estados e municípios; a Constituição de 1946 manteve os 20% para estados e municípios e elevou o percentual da União para 12%. A Emenda Constitucional nº1, baixada pela Junta Militar em 1969, também conhecida como Constituição de 1969 porque redefiniu todo o texto da Carta de 1967, restabeleceu a vinculação de 20%, mas apenas para os municípios (artigo 15, § 3º, alínea f)”.
1968: MOVIMENTO BRASILEIRO DE ALFABETIZAÇÃO (MOBRAL)
Propaganda veiculada na Revista Veja, em setembro de 1973. Fonte da imagem: Revista Veja, São Paulo: Editora Abril, nº 261, 05/09/1973.
QUAL ERA O OBJETIVO DOS MILITARES COM A CRIAÇÃO DO MOBRAL?
Esse programa tinha como objetivoerradicar o analfabetismo no Brasil.
QUAL FOI A METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA?
 Para isso, os militares extinguiram o projeto de alfabetização De pé no chão também se aprende a ler, inspirado na pedagogia freiriana, e colocaram no seu lugar o MOBRAL.
QUAL FOI O FUNDAMENTO TEÓRICO QUE INSPIROU O MOBRAL?
 O programa se fundamentava na metodologia de alfabetização de Paulo Freire no sentido técnico do termo, mas se distanciava na dimensão da formação da consciência crítica e cidadã. Ao julgar a realidade, é preciso usar uma lente que possa compreender, em seu tempo histórico, cada situação.
Professores e alunos, educandos e educadores, devem interagir com o conhecimento e aprender juntos. Nesse sentido, o diálogo ganha força como proposta de interação e recriação, respondendo à lógica da determinação com o poder transformador. Para Freire, o diálogo é uma exigência existencial, pois é o encontro dos que se solidarizam para refletir sobre o seu próprio agir, seus desejos de deliberações e construções de novas determinações. Por isso, o diálogo é um ato de criação.
COMO O MOBRAL FUNCIONAVA?
Para que isto pudesse ser efetivo, o governo militar criou um sistema de treinamento para professores leigos (sem diploma), que recebiam rudimentos de leitura e escrita preparados para constituir aulas em suas cidades e rincões do Brasil. Essas aulas utilizavam cartilhas distribuídas nacionalmente. Infelizmente, o projeto tornou-se marca de pessoas falsamente formadas ou “malformadas”, chegando a virar xingamento.
RESULTADOS
 O Mobral tem como ponto positivo ter alcançado rincões inimagináveis do Brasil. No entanto, a falta de controle, o número de formações absolutamente indevidas pela ausência de profissionais capacitados, levaram o programa ao colapso. De grande projeto de educação virou uma piada, em que alguém de baixa capacidade intelectual passou a ser chamado de “Mobral”.
1969: INCLUSÃO DAS DISCIPLINAS EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA BRASILEIRA
Em 1969, os militares determinaram a retirada do ensino de Filosofia e Sociologia das escolas. Sob o Decreto-lei nº 869, passou a ser obrigatória a disciplina Educação Moral e Cívica (EMC) nas escolas brasileiras.
A implantação dessa disciplina fazia parte de um contexto em que a moral e o civismo estavam em alta. O ano de 1970, por exemplo, foi o ano da Campanha do Civismo Brasileiro. Nesse período, além da Educação Moral e Cívica, ganhou destaque também a instituição, no Segundo Grau, da disciplina Organização Social e Política Brasileira (OSPB), responsável por difundir o nacionalismo e o patriotismo nos alunos.
Conteúdos moralizantes
Os conteúdos tinham cunho moralizante, pautados em preceitos considerados fundamentais à sociedade. A Educação era empreendida também em meios não formais. Com base nos mesmos conteúdos, foram constituídos, por exemplo, personagens como o Sujismundo para que, no cotidiano, as pessoas pudessem trazer para si o sentimento de civilidade, cuja falta era entendida como um dos males brasileiros.
Ensino Superior: tendência pedagógica tecnicista e neopositivista
Veja, no vídeo a seguir, qual foi o tratamento dado às universidades brasileiras pelo governo da época, no contexto em que ganharam destaque as tendências pedagógicas pautadas no ensino tecnicista, neopositivista e no modelo behaviorista de Psicologia.
Agora a professora Flávia Miguel fala a Reforma Universitária durante o Governo Civil-militar.
1971: A REFORMA DE 1° E 2° GRAUS
A Lei no 5692/71, chamada de Lei de Diretrizes e Bases de forma errônea.
O que há de errado com a Lei no 5692/71?
A lei se refere exclusivamente a dois segmentos da Educação, que correspondem ao que, atualmente, chamamos de Educação Básica.
Essa lei não tratava também dos objetivos gerais e finalidades da Educação para o país, apenas era específica para dois segmentos do ensino. Como vimos, a reforma universitária de 1968 voltou suas atenções para o ensino superior.
Objetivo da Lei no 5692/71
A Lei no 5692/71 foi criada por um grupo de trabalho instituído pelo presidente Médici, que tinha por objetivo adequar o ensino ao momento político instaurado pelo Golpe de 1964 e às necessidades sociais e econômicas que o governo militar se empenhava em garantir.
O país precisava de trabalhadores, mas, mais do que isso, precisava de mão de obra especializada. Em linhas gerais, ela criou a estrutura de ensino que se organizava em 1º e 2º graus.
Vamos entender melhor as principais alterações na Educação Básica em decorrência da reforma de 1971?
1 - Primeiro grau passou a abranger os antigos primário e ginásio, atendendo às crianças dos 7 aos 14 anos.
2 - Ampliação da obrigatoriedade escolar de 4 para 8 anos.
3 - Transformação do antigo curso secundário em ensino de segundo grau.
4 - Segundo grau passou a ser obrigatoriamente profissionalizante.
Com a promulgação da lei, o segundo grau passou a combinar uma dupla característica:
Garantia a terminalidade para aqueles que pretendiam a formação em nível técnico.
Garantia a continuidade para os que desejavam prestar o vestibular.
Como o ensino profissionalizante contribuiu para a elitização do ensino superior?
É importante observar que a necessidade de formar mão de obra levou o governo a alterar radicalmente o ensino básico. Apesar dessa lei valer para o ensino público e para o ensino privado, o que se verificou, na prática, foi a concentração da adoção do ensino profissionalizante no ensino público. De modo que, os filhos da elite continuaram a ser preparados para o ingresso nas carreiras universitárias.
Veja algumas consequências dessa reforma:
· Além da instituição do ensino profissionalizante, um deslocamento cada vez maior de recursos públicos para o setor privado.
· A Lei n° 5692/71 também foi a primeira legislação educacional que criou um capítulo para tratar do ensino supletivo.
· Além disso, a Lei n°5692/71 introduziu algumas propostas que contribuíram para o debate pedagógico, pois previa a integração vertical e a integração horizontal.
· A valorização do magistério é outra questão presente na lei. Foi citada especialmente buscando a crescente profissionalização dos professores, o aperfeiçoamento daqueles já formados, e adequando os vencimentos salariais segundo os critérios do nível de formação, ao contrário do nível que ministrava.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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FIM DO REGIME MILITAR, PROMULGAÇÃO DA LEI DE ANISTIA E NOVA CONSTITUIÇÃO
Apresentação
Professor Guilherme Stribel – Doutor em Educação explica a transição política do Brasil em sua Redemocratização.
Chamada de “Constituição Cidadã” pelo deputado Ulysses Guimarães, o novo texto que regeria a vida de milhares de brasileiros tinha como desafio imediato restituir direitos fundamentais negados durante muito tempo à sociedade. Além disso, tinha como tarefa olhar para o futuro.
Ulysses Guimarães segurando uma cópia da Constituição de 1988. Fonte:Wikipedia.
Politicamente, a abertura lenta e gradual foi ampliando a participação popular nas votações, primeiro para prefeitos, depois governadores até a querela sobre quando seriam as primeiras eleições diretas.
Apesar do Movimento das Diretas Já, a emenda que pretendia antecipar as eleições foi derrotada. Em uma articulação política, foi eleito Tancredo Neves pelo colegiado dos deputados, tendo como vice-presidente José Sarney. O presidente da câmara era o deputado Ulysses Guimarães.
EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA TRANSIÇÃO DE REGIME
Neste contexto a Educação brasileira seguia os moldes de 1971. As mudanças, no entanto, não acontecem neste campo de forma uniforme até o fim da década. Foram tomadas ações peculiares em capitais e estados. Dois exemplos importantes vêm do Distrito Federal e do Rio de Janeiro.
Brasília
Foi proposto um modelo de educação integral que aproximasse a universidade – principalmente de Brasília – das escolas de Educação Básica. O principal nome deste projeto foi Cristovam Buarque.
Rio de Janeiro
A controversa eleição de Leonel Brizola, ferrenho crítico do governo anterior e mesmo de seus antagonistas– membros do partido MDB – propõe uma intensa ruptura na educação. Darcy Ribeiro foi chamado para liderar este projeto. A ideia era de que, para proteger o trabalhador e as crianças, era necessário que elas fossem acolhidas, educadas, ficando longe dos ambientes de conflito e criminalidade, que já eram notórios na cidade.
Os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP) trabalhavam com a compreensão de que não se forma o sujeito em conteúdos, pois o sujeito deve ser preparado para ser cidadão e lutar pela cidadania e pelo coletivo. O projeto, moderno em termos pedagógicos, foi bastante atacado em virtude da sua operacionalização e uso político. Foi descaracterizado a partir da eleição de outros grupos que se opunham às políticas brizolistas.
SIGNIFICADO DAS REFORMAS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA REDEMOCRATIZAÇÃO
Para que seja possível entender este longo processo, é importante que possamos conhecer e entender um pouco mais sobre o que significam as reformas da Educação brasileira na sua redemocratização, conhecendo alguns dos seus direcionamentos.
Constituição
Atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Com a promulgação da Constituição de 1988 , a LDB anterior (4024/61) foi considerada obsoleta, mas, apenas em 1996, o debate sobre a nova lei foi concluído. A atual LDB, 9394/96, foi sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo ministro da Educação, Paulo Renato, em 20 de dezembro de 1996.
Baseada no princípio do direito universal à Educação para todos, a LDB de 1996 trouxe diversas mudanças em relação às leis anteriores, tais como:
Gestão democrática do ensino público e progressiva autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares (art. 3 e 15);
Carga horária mínima de oitocentas horas distribuídas em cento e oitenta dias letivos na educação básica (art. 24);
Orientação para a União gastar, no mínimo, 18% e os estados e municípios, no mínimo, 25% de seus orçamentos para a manutenção e desenvolvimento do ensino público (art. 69);
Criação do Plano Nacional de Educação (art. 87).
Essa LDB aponta em seu artigo 22 para uma formação do indivíduo que atenda a três dimensões da condição humana: cidadania, estudo e trabalho. A ideia é que os currículos escolares e os saberes compartilhados no ambiente escolar estejam atentos às distintas realidades sociais, além de funcionarem como instrumentos em que os alunos consigam praticar o exercício da cidadania na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.
A LDB pressupõe uma série de ações que foram, desde então, desenvolvidas e que passamos a enunciar.
Fundo para Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB
Como surgiu o FUNDEB?
Quando, durante o governo FHC, houve a intensa discussão de que precisávamos ampliar o número de vagas, garantir o acesso às escolas e, o mais crítico, trabalhar contra a evasão escolar, o ministro Paulo Renato tomou isso como meta e modelo, "ameaçando" os estados e municípios de que deveriam atingir essas metas ou não receberiam dinheiro.
Com a criação do FUNDEB, prevista na própria LDB , muitas prefeituras e governos criaram programas, deixando de lado a qualidade em prol da continuidade – aprovações automáticas, criação de projetos em que separavam potenciais alunos repetentes, entre outros.
Quais as vantagens e as desvantagens do FUNDEB?
 Esse modelo tem como mérito a ampliação do número de pessoas com alguma formação. A maior parte do Brasil passa pela escola.
 O demérito, por sua vez, é a perda de qualidade mensurável.
Problemas dos modelos anteriores
Gráfico de reprovações. Fonte: Nova escola.
Com as reprovações, as escolas dos modelos anteriores atingiam números grandes de evasão e distorção idade/série. A imagem de que elas eram “melhores” é uma ilusão provocada pela reprovação, uma vez que poucos conseguiam obter a formação.
Esses programas, apesar de importantes, jogaram a Educação Básica em uma situação complexa, ainda que inequivocamente mais democrática, pois exigiram mais investimento, diversificação, o que é custoso e, sem o foco específico, faz com que os números se arrastem quando comparados a índices internacionais.
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram organizados também no processo de redemocratização nacional, impulsionados pela nova LDB/96. Esses parâmetros curriculares podem ser caracterizados como orientações explicitamente práticas da legislação, ou seja, funcionam como um importante referencial para aquilo que oficialmente se espera da Educação, do professor e do aluno – muito embora essa função não corresponda à necessária clareza conceitual do documento.
Assim como os PCN, os PCNEM (Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio) responderam pela intenção de estabelecer uma base curricular nacional comum e introduziram o que passou a ser designado de ensino por competências.
Considerando exatamente o termo parâmetros, os PCNEM têm como princípio servir de referência básica e geral à comunidade escolar (professores, coordenadores pedagógicos, alunos etc.) na organização e implementação do projeto educativo das escolas, no intuito de garantir uma base nacional comum ao currículo da Educação Básica.
As disciplinas no PCNEM foram distribuídas de forma que as variadas áreas do conhecimento fossem contempladas. O próprio termo tecnologias caracteriza as contribuições de cada uma das áreas para a proposta curricular.
Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e as perspectivas para a Educação
Depois dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a grande novidade para a Educação foi a homologação, no ano de 2018, da Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Trata-se de um documento normativo para a Educação Básica (Educação Infantil, Ensinos Fundamental e Médio). A BNCC, ao ser elaborada, teve os PCN e as DCNEB (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica) como pano de fundo.
Você pode estar se perguntando: qual é a novidade e a importância da BNCC?
Levando em consideração a LDB/96, os PCN e as DCNEB, a inovação trazida pela BNCC é a clareza dos objetivos de aprendizagem de cada ano escolar. Ou seja, ela estabelece os conteúdos norteadores que serão ensinados.
A BNCC tornou-se obrigatória nos currículos de todas as redes do país, públicas e particulares. Dessa forma, os documentos anteriores devem continuar sendo consultados, mas apenas como documentos orientadores, sem caráter obrigatório.
Diferentemente da BNCC, os PCN foram orientações e não legislação. Eles não geraram uma Base Comum, mas apontaram sugestões para um currículo escolar diversificado e significativo, levando em conta o respeito às diversidades regionais, culturais e políticas.
A BNCC, prevista no artigo 10 da Constituição de 1988, instituída pela LDB n°9.394/1996 e fundamentada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.
Os currículos de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio do Brasil serão norteados por ela. A BNCC operacionalizará os fundamentos das Diretrizes, indicando os conteúdos de cada ano de escolaridade da parte comum do currículo, ou seja, o que deve ser ensinado em todo território nacional e o que se espera alcançar em cada etapa da Educação Básica.
Pelo menos dois aspectos são fundamentais para compreendermos melhor a importância da BNCC:
Ela foi pensada na esteira da LDB/96, dos PCN e das DCNEB. Dessa forma, faz sentido pensar em todos esses documentos conjuntamente, como se um auxiliasse e completasse o outro.
A BNCC é mais do que um documento que estabelece como, quando e por que determinados conteúdos serão ensinados, ou seja, o que importa é construir um projeto educacional que contemple todas as dimensões do desenvolvimento humano, como os aspectos cognitivo e socioemocional, o desenvolvimento físico, cultural etc. A ideia é que o aluno consiga aplicar o conhecimento aprendido na escola no seu cotidiano. O objetivo é formar o indivíduo para avida cidadã, através da transmissão de valores que permitam a boa convivência social.
Veja dois aspectos importantes sobre a BNCC:
POLÍTICA DE ESTADO
A BNCC não é uma medida vinculada a um determinado governo ou partido. Ela é uma política de Estado, prevista no Plano Nacional de Educação, na LDB/96 e na Constituição de 1988.
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS
 
A palavra-chave da Base Nacional Curricular Comum é competências. Ela propõe o desenvolvimento de competências distribuídas nas disciplinas curriculares, que devem, por meio do desenvolvimento das diversas habilidades, serem respondidas pelas atitudes concretas do aluno em todos os locais de sua convivência.
Veja, no vídeo a seguir, uma retomada reflexiva sobre os rumos da educação nos trilhos da redemocratização.
Professor Guilherme Stribel – Doutor em educação falará sobre o modo como a Educação foi alterada com a nova Constituição, em 1988.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O contexto educacional dos anos 1960 deveria ser, ao menos, inspirador. Afinal, em 1961, foi publicada nossa primeira LDB (Lei 4.024), ainda que tenha demorado trinta anos desde a criação do Ministério da Educação e Saúde, em 1930. Com o Regime Militar instaurado em 1964, não somente a política e as relações sociais sofreram abalo, mas também a Educação
Com a visão de uma educação estritamente tecnicista, sob a justificativa de desenvolvimento industrial do país, tornou-se necessária a publicação de novas leis de cunho educacional. A mais importante delas, a Lei 5.692, de 1971, chamada por alguns de Segunda LDB, tinha um caráter estritamente reformador: a definição clara dos segmentos da Educação: 1º e 2º Graus (atual Educação Básica: Ensino Fundamental e Médio). Ela definia, por exemplo, que todo estudante deveria sair do 2º Grau tendo uma formação técnica. Outra mudança foi a substituição do projeto “De pé no chão também se aprende a ler”, fundamentado nas ideias de Paulo Freire, pelo MOBRAL, em 1967. Embora ambos tivessem o objetivo de erradicar o analfabetismo do país, o projeto militar esvaziava-se do caráter de “educação crítica” do anterior.
Com o fim do Regime Militar, em 1984, e a definição da chamada Nova República, ainda que com muitos aspectos de transição do antigo modelo político-econômico, a necessidade de uma nova constituição e de uma reforma educacional foi imediatamente percebida. Assim, em 1988, com a promulgação da Constituição Cidadã (como ficou conhecida), já era possível perceber mudanças significativas da Educação, como, por exemplo, a redefinição dos Sistemas de Educação, responsabilizando federação, estados e municípios e trazendo o famoso artigo 205: “A Educação é direito de todos e dever do Estado e da Família”.
A partir daí, vários educadores (destaca-se a figura de Darcy Ribeiro) começam a pensar e estruturar uma nova LDB, que, no entanto, somente será publicada em 1996 (Lei 9.394). Apesar de ela já ter sido bastante alterada, através de leis complementares, trouxe propostas que, embora não correspondessem às expectativas de todos os educadores envolvidos, trazia pontos relevantes para a Educação no país: a proposta de uma “gestão democrática” para as unidades escolares, valorizando muito mais o papel das equipes pedagógicas, o aumento da carga horária mínima para o ano letivo (800h/180 dias, na Educação Básica) e a criação do Plano Nacional de Educação.
CONQUISTAS ADQUIRIDAS
Reunimos as suas conquistas. Olha o que conseguiu fazer:
· Identificou as reformas ocorridas na organização da Educação brasileira durante o Regime Militar.
· Reconheceu a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases como promotoras de avanços na Educação brasileira. 
Pâmela de Almeida Resende - Currículo Lattes
Referências Bibliográficas
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Textos
Educação e desenvolvimento: o debate nos anos 1950.
O legado educacional do regime militar.
A educação moral e cívica – doutrina, disciplina e prática educativa.
O legado da ditadura para a educação brasileira.
Vídeos
A educação na ditadura – a marca da repressão.
https://www.youtube.com/watch?v=YqDgaGNDads
Assista o vídeo: A educação era melhor na época da ditadura?
https://www.youtube.com/watch?v=hl35uu5O8xI
 
Educação do Brasil: do governo civil
-
militar até a redemocratização
 
DEFINIÇÃO
 
Série de mudanças que ocorreram no âmbito da Educação brasileira, dos anos 
1960 até a Redemocratização, incluindo as transformações econômicas, 
sociais e políticas que 
influenciaram reformas, leis e decretos criados para 
embasar os projetos de governo.
 
PROPÓSITO
 
Compreender as diversas mudanças e os discursos que pautaram as 
diferentes reformas, decretos e leis para a Educação brasileira no processo de 
redemocratização, 
com a identificação das iniciativas que permanecem em 
nossas práticas pedagógicas e estruturas de ensino.
 
OBJETIVOS
 
·
 
MÓDULO I
 
Identificar as reformas ocorridas na organização da Educação brasileira 
durante oRegime Militar
 
·
 
MÓDULO II
 
Reconhecer a Constituiçã
o Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases como 
promotoras de avanços na Educação brasileira
 
APRESENTAÇÃO
 
Vamos nos ambientar ao tema assistindo ao vídeo a seguir?
 
Introdução: A educação dos anos 1960 até a constituição de 1988.
 
EDUCAÇÃO NA DÉCADA DE 
1960
 
Vamos entender o momento brasileiro na segunda metade da década de 
1960.
 
A segunda metade da década de 1960 foi marcada por importantes 
transformações políticas, econômicas e sociais.
 
O clima político no Brasil encontrava
-
se absolutamente 
conturbado. No dia 13 
de dezembro de 1968, o general
 
Arthur da Costa e Silva
 
baixou aquele que 
ficou conhecido como
 
AI
-
5
 
ou
 
Ato Institucional nº 5
.
 
Estudantes, professores, trabalhadores urbanos e rurais: naquele momento, 
centenas de pessoas encontravam
-
se na clandestinidade, exilados, mortos ou 
presos.
 
 
Jornal Última Hora. Fonte:
 
Arquivo Público do Estado de São Paulo.
 
Educação do Brasil: do governo civil-militar até a redemocratização 
DEFINIÇÃO 
Série de mudanças que ocorreram no âmbito da Educação brasileira, dos anos 
1960 até a Redemocratização, incluindo as transformações econômicas, 
sociais e políticas que influenciaram reformas, leis e decretos criados para 
embasar os projetos de governo. 
PROPÓSITO 
Compreender as diversas mudanças e os discursos que pautaram as 
diferentes reformas, decretos e leis para a Educação brasileira no processo de 
redemocratização, com a identificação das iniciativas que permanecem em 
nossas práticas pedagógicas e estruturas de ensino. 
OBJETIVOS 
 MÓDULO I 
Identificar as reformas ocorridas na organização da Educação brasileira 
durante o Regime Militar 
 MÓDULO II 
Reconhecer a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases como 
promotoras de avanços na Educação brasileira 
APRESENTAÇÃO 
Vamos nos ambientar ao tema assistindo ao vídeo a seguir? 
Introdução: A educação dos anos 1960 até a constituição de 1988. 
EDUCAÇÃO NA DÉCADA DE 1960 
Vamos entender o momento brasileiro na segunda metade da década de 
1960. 
A segunda metade da década de 1960 foi marcada por importantes 
transformações políticas, econômicas e sociais. 
O clima político no Brasil encontrava-se absolutamente conturbado. No dia 13 
de dezembro de 1968, o general Arthur da Costa e Silva baixou aquele que 
ficou conhecido como AI-5 ou Ato Institucional nº 5. 
Estudantes, professores, trabalhadores urbanos e rurais: naquele momento, 
centenas de pessoas encontravam-se na clandestinidade, exilados, mortos ou 
presos. 
 
Jornal Última Hora. Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo.

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