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Parecer Jurídico

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Parecer Jurídico
Interessada: Maria 
Assunto: Condenação por suposta prática de crime de descaminho.
Ementa: CRIME DE DESCAMINHO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE IMPOSTOS. CONDENAÇÃO DA RÉ NOS TERMOS DE DENÚNCIA DO MP. NÃO CONCESSÃO DE SURSIS. INTIMAÇÃO DE RÉU PRESO. RECURSO DE APELAÇÃO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU BAGATELA.
Relatório
Trata-se de parecer jurídico referente a suposta prática de crime de descaminho cometido por Maria. Insta destacar que, a mesma, foi denunciada pela prática do crime após a Administraçao 
ter sido constatado o lançamento definitivo do tributo realizado pela Administração Pública ausência de recolhimento de impostos que totalizam R$500,00 (quinhentos reais), oriundos da exportação de mercadorias. 
Estudada a matéria, passo a opinar.
FUNDAMENTAÇÃO
Primeiramente, cumpre destacar que, não cabe anulação do feito do Ministério Público quanto ao não oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo, pois não se trata de um direito subjetivo do acusado, mas sim de um poder/dever do Parquet como titular da ação penal. Desse modo, agiu corretamente o MP, tendo em vista que o réu já fora condenado por outro crime e inclusive encontra-se cumprindo pena, sendo assim, não preenche os requisitos necessários à concessão do benefício da suspensão condicional do processo previsto no art. 89 da lei 9099/95. Conforme entendimento do STJ:
“’Não se exige que os fatos trazidos no novo processo sejam anteriores ao benefício, porquanto o benefício possui índole processual e não penal. De fato, ainda que os fatos trazidos na nova denúncia sejam anteriores à concessão do benefício da suspensão condicional do processo, tem-se que, acaso a denúncia tivesse sido oferecida anteriormente, nem ao menos teria sido feita a proposta de suspensão condicional do processo. Com efeito, ‘conforme a literalidade do art. 89 da Lei n. 9.099/1995, a existência de ações penais em curso contra o denunciado impede a concessão do sursis processual, traduzindo-se em condição objetiva para a concessão do benefício’ (RHC 60.936/RO, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 13/12/2016, DJe 19/12/2016)’ (RHC 95.804/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 19/04/2018, DJe 30/04/2018).” (AgRg no AgRg no AREsp 1.374.826/SC, j. 28/05/2019)
 
No que tange a sentença prolatada, entendo como recurso a ser interposto a Apelação, conforme art. 593, I do CPP. Ademais, conforme o caput do referido artigo é de 5 dias o prazo para interposição deste recurso, e após assinatura do termo de apelação a acusada terá prazo de 8 dias para oferecer as razões da apelação conforme disposto no art. 600 do CPP. 
Não obstante, a intimação da sentença de Maria é nula, haja vista, o entendimento disposto no art. 392, I CPP que determina que a intimação da sentença ao réu preso deve ser feita de maneira pessoal. Mister destacar súmula 351 STF:
“É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”. 
Pontua-se, em relação ao objeto da análise, que deve ser solicitado a absolvição da ré conforme previsão do art.20 da lei 10.522/02 com as devidas atualizações efetivadas pelas portarias 75 e 130 do ministério da fazenda, na qual rege a aplicação do princípio da insignificância no crime de descaminho com a fixação de valor máximo de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), bem como entendimento do STJ firmado nos recursos repetitivos (REsp 1.688.878 e REsp 1.709.029).
Eis o parecer
CONCLUSÃO
Portanto, diante do exposto, entendo ser cabível apelação da sentença condenatória com base fundamentada no princípio da insignificância ou bagatela, tendo em vista que a ré deixou de recolher a quantia de R$ 500,00 reais (quinhentos reais) em impostos, valor este, ínfimo, diante do limite estipulado em lei e entendimentos jurisprudenciais. Mister destacar que, determinado entendimento afasta a tipicidade material da conduta da ré, tornando o fato atípico, ou seja, deixando de constituir crime a conduta praticada pela agente Maria. 
Campos dos Goytacazes, 02 de julho de 2020 
Igor C. Balieiro

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