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ÉTICA EMPRESARIAL - UN 09

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PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Dra. Cláudia Herrero Martins Menegassi
• Apresentar os conceitos de ética e de moral e a concepção 
de ética no âmbito organizacional. 
• Apresentar os diversos princípios éticos aplicáveis às ati-
vidades organizacionais.
• Descrever ações que podem ser tomadas nas organiza-
ções a fim de institucionalizar padrões éticos de conduta.
Conceitos de ética aplicados 
ao âmbito organizacional
Princípios éticos nas atividades 
organizacionais
Gestão da ética nas 
organizações
Ética Empresarial
Conceitos de Ética 
Aplicados ao Âmbito 
Organizacional
Caro(a) aluno(a)!
Aqui estamos nós em nossa última unidade. E 
por que colocamos ética justamente aqui no final? 
Porque é menos importante? Não, justamente o 
contrário: para fechar com chave de ouro!
A ética, na realidade perpassa — ou deveria 
perpassar — tudo o que vimos até agora no nosso 
livro, ou seja, tudo aquilo que diz respeito à vida 
das pessoas em sociedade e, por conseguinte, tam-
bém nas organizações.
Primeiramente, é claro, precisamos do conceito 
de ética.
O dicionário de filosofia Abbagnano (2007) 
define ética da página 380 à página 387 (em le-
tras minúsculas de dicionário), então imagine 
você o quanto o conceito é complexo e repleto 
de concepções que ora concordam entre si, ora 
se complementam e ora distinguem-se. Bem, ge-
ralmente em dicionários a primeira definição é a 
mais amplamente aceita e nesse caso é a que diz 
que ética é: “em geral, ciência da conduta” (AB-
BAGNANO, 2007, p. 380).
275UNIDADE IX
Segundo o conceito de Vázquez (1999, p. 23), por-
tanto, “ética é a teoria ou ciência do comportamen-
to moral dos homens em sociedade”. 
Essa definição nos ajuda logo a compreender o 
que confunde muita gente: que ética e moral estão 
estreitamente relacionadas, mas não são a mesma 
coisa. Segundo o mesmo dicionário de filosofia, a 
moral é “objeto da ética, conduta dirigida ou disci-
plinada por normas” (ABBAGNANO, 2007, p. 682).
Nesse sentido, filosofando aqui um pouquinho 
com você, podemos pensar o seguinte: se a moral 
é a conduta dirigida ou disciplinada por normas, 
há uma infinidade de “morais” aí pelo mundo, cor-
reto? Afinal as normas que disciplinam a conduta 
aqui no Brasil, por exemplo, são muito diferentes 
daquelas dos países do Oriente Médio, para fazer-
mos uma comparação extrema. 
Sendo assim, “a ética não cria ou determina a 
moral. Esta pressupõe determinados princípios, 
determinadas normas ou regras de comporta-
mento, mas não é determinante, no sentido de 
que não impõe ou estabelece no âmbito de cada 
sociedade” (CHAVES, 2006, p. 21). De fato, 
 “
para Vázquez (1999), a ética enfrenta e até 
certo ponto se mescla com as experiências 
histórico-sociais no âmbito da moral. Isto é, 
a partir de uma série de práticas morais em 
vigor, busca determinar a essência, sua ori-
gem, as condições objetivas e subjetivas do 
ato moral, as fontes de avaliação a natureza 
dos juízos morais, os critérios de justificação 
de tais juízos e o princípio que rege a mudan-
ça e a sucessão dos sistemas morais distintos.
O termo ética vem do grego ethos que designa “modo de ser” ou “caráter”. Aristóteles a definia como 
“ciência do costume”, e pouco se tem acrescentado a esta definição. Vázquez (1999, p. 23) acrescenta 
que “ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade” e, em uma 
visão mais ampla, Cury (1997, p. 19) diz que “a ética pode ser entendida como um estudo ou uma 
reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, a respeito dos costumes ou ações 
humanas, com desdobramentos diretos sobre o indivíduo e a própria sociedade”.
Fonte: Chaves (2006, p. 20).
Moral, do latim mos ou mores, quer dizer hábitos e costumes. Ambos os termos, ética e moral, reme-
tem à ideia de costumes. Isso porque, originariamente, ethos e mos, caráter e costume, assentam-se 
num modo de comportamento que não corresponde a uma disposição natural, mas é adquirido ou 
conquistado por hábito. 
Mas Vázquez (1999) distingue os dois termos, afirmando que, ao passo que ética é a ciência, a moral 
é o objeto de estudo dessa ciência. Enquanto a primeira está relacionada com questões teóricas que 
fundamentam o comportamento humano, a segunda se volta para questões práticas.
Fonte: Chaves (2006, p. 20-21).
276 Ética empresarial
Veja você que interessante e paradoxal: quando a 
gente pensa em ética segundo o senso comum, nos 
vem em mente imediatamente algo bom, certo, 
justo. No entanto, aí vem essa questão: bom, certo 
e justo para quem? Para determinada sociedade 
somente, que tem tais práticas (atos morais) como 
boas, certas e justas. 
 “
Montaigne, filósofo moderno, questiona: 
“que bondade será essa, que da banda de 
lá do rio é delito? Os céticos defendem a 
ideia de que somente aqueles conceitos que 
são derivados da própria natureza podem 
ser elevados à categoria de universal: doce 
e amargo, quente e frio. Isso não acontece, 
por exemplo, com os conceitos de ética e 
justiça (CHAVES, 2006, p. 22).
Bem, a discussão aqui seria longa, muito longa! 
E é uma delícia parar para pensar em tudo isso, 
não é? Quando o fazemos? Praticamente nunca! 
Vivemos em uma sociedade onde a moral já foi 
institucionalizada e a seguimos — ou não — e 
pronto, sem muito questionamento. Seria muito 
produtivo se começássemos a pensar mais a fundo 
na ética, de fato, nos motivos da ações.
Podemos deduzir, então, “que a ética analisa 
as escolhas que os agentes fazem em situações 
concretas, verificando as opções de conformida-
de aos padrões sociais estabelecidos” (PINTO; 
FARIA, 2004, p. 2).
Vamos agora falar de ética no âmbito organi-
zacional. E vamos entender ética em seu sentido 
científico já explorado, mas também em seu sen-
tido de senso comum — de conduta adequada 
ao bem social.
Vamos, então, tentar uma definição de ética 
para organizações. Aguilar (1996, p. 26) traz um 
conceito bastante claro de empresa ética:
 “
A empresa ética é definida, pelos nossos 
padrões, como aquela que conquistou o 
respeito e a confiança de seus empregados, 
clientes, fornecedores, investidores e outros, 
estabelecendo um equilíbrio aceitável entre 
seus interesses econômicos e os interesses 
de todas as partes afetadas, quando toma 
decisões ou empreende ações.
Lembrando que quando o autor fala da “empre-
sa ética que conquistou” determinada coisa, está 
falando da conduta dos gestores por trás dessa 
empresa que ao longo dos anos estabeleceu uma 
cultura tão forte a ponto de se tornar cultura da 
empresa e patrimônio dela; a ponto de caracteri-
zá-la. Por isso se fala em empresa como “um ser 
que age”, nesse sentido.
E por que uma empresa deveria ser ética? O que 
ela ganha com isso? Lacombe (2009) lança esses ques-
tionamentos e traz alguns insights a respeito. Em pri-
meiro lugar, segundo o autor, não são só os recursos 
materiais que importam na vida e isso se aplica in-
clusive às empresas. Ele cita exemplos de outros valo-
res, como prestígio, respeito de todos os stakeholders, 
confiança, e poderíamos acrescentar muitos outros. 
Esses valores, no longo prazo, contribuem para os 
resultados financeiros da própria empresa.
Em segundo lugar, Lacombe (2009) mencio-
na que empresas éticas atraem e retém emprega-
dos, fornecedores e clientes éticos e responsáveis, 
sendo assim uma via de mão dupla em que essa 
relação virtuosa se estabelece.
Em terceiro lugar, o autor chama a atenção so-
bre o fato de que a empresa faz parte da sociedade 
como um todo e que, para que prospere, também 
essa sociedade precisa prosperar em termos éti-
cos. Sendo assim, essa escolha da empresa a faz 
contribuir com essa sociedade que será benéfica 
para ela mesma e para todos os que nela vivem.
277UNIDADE IX
E aí Lacombe (2009, p. 317) propõe um novo 
questionamento: “se, no longo prazo, a postura 
ética tende a beneficiar a empresa, por que essa 
postura nem sempre é seguida?” E traz algumas 
razões: primeiramente porque muitas vezes as 
empresas colocam como prioridadea sua sobre-
vivência e se o agir ético for algo custoso em deter-
minado momento crítico, pode ser que abra mão 
dele pelo menos temporariamente. Em segundo 
lugar, a visão de curto prazo em detrimento da 
de longo prazo. De fato, postura ética leva tempo 
para se tornar cultura e é uma construção diária; 
se não se está disposto a fazê-lo, a perspectiva 
nesse sentido será somente a de curto prazo, no 
qual nem sempre é possível entrever benefícios 
imediatos da conduta ética. Por fim, há os casos 
em que pequenas condutas de desvios éticos se 
tornam a porta para o caminho que distancia-se 
da cultura ética. Somados a todos esses motivos 
elencados pelo referido autor, poderíamos acres-
centar diversos outros. Um deles, por exemplo, são 
os valores do próprio dono, fundador ou da alta 
direção, que podem simplesmente não condizer 
com uma postura ética de gestão.
Em resumo, podemos dizer que a concepção de 
ética no âmbito organizacional se refere a esse agir 
empresarial voltado a relações pautadas em valores 
como respeito, honestidade, confiança e responsabi-
lidade. É evidente que isso implica em uma série de 
escolhas e ações cotidianas que formam ao longo do 
tempo uma cultura organizacional. Somente assim 
a organização poderá ser considerada ética: quan-
do ela já estiver caracterizada culturalmente como 
tal. Conforme já mencionei, trata-se de desafios e 
escolhas diárias, como tudo na vida, não é mesmo? 
Se queremos alcançar determinado objetivo, temos 
que começar pelas pequenas ações e isso também se 
aplica à ética no âmbito organizacional. 
278 Ética empresarial
Caro(a) aluno(a)!
Já vimos os conceitos de ética e moral e a con-
cepção de ética no âmbito organizacional. Agora 
neste tópico falaremos sobre os diversos princípios 
éticos aplicáveis às atividades organizacionais.
Bem, vamos nos lembrar primeiramente que 
a empresa é o resultado de uma rede de relações 
com diversos agentes e o próprio ambiente em que 
atua — são os stakeholders, lembra desse concei-
to? Então poderíamos elencar como stakeholders 
os acionistas, os funcionários, os concorrentes, os 
fornecedores, os distribuidores, as comunidades lo-
cais, os meios de comunicação, os sindicatos, o go-
verno, os clientes, as entidades de crédito… e a lista 
poderia ainda se estender, pois são muitos mesmos 
os agentes que de algum modo são afetados pelas 
atividades de uma empresa ou organização.
A ética nas organizações, para que exista de 
fato, é necessário que esteja presente em todas as 
relações com cada um de seus stakeholders. A em-
presa ética é um conjunto de ações pautadas em 
valores éticos que formam a cultura da empresa a 
ponto de caracterizá-la, então não haveria como 
ser ética com relação aos funcionários, mas sone-
gar impostos, por exemplo, ou então ser ética com 
os fornecedores e enganar seus clientes ou ainda 
ser ética com a comunidade local e desleal com 
Princípios Éticos nas 
Atividades Organizacionais
279UNIDADE IX
os concorrentes. Enfim, ética requer coerência, 
que se manifesta em cada relação com cada um 
desses stakeholders, sem exceções.
Vamos falar um pouco sobre a ética com relação 
a alguns dos stakeholders, primeiramente. E vamos 
começar com aquele que talvez seja o mais bom-
bardeado com ações não éticas: os concorrentes. 
É claro que a competição faz parte do mundo 
dos negócios e da economia como um todo. 
Todavia, a ética não precisa ser excluída desse 
mundo por causa disso. A postura ética nesse caso 
pressupõe a existência da competição mas que 
obedece determinadas regras, de modo que não 
seja algo destrutivo ou predatório para a concor-
rência (ALENCASTRO, 2016).
Por lei, no Brasil, defende-se a livre concorrên-
cia como um dos princípios econômicos. Por que 
essa preocupação regida por lei? Porque a livre 
concorrência é algo benéfico para a economia. 
Faz que as empresas busquem por qualidade, bons 
preços, tenham motivação para inovar e, ainda, 
permite que determinada atividade econômica 
não fique somente nas mãos de uma empresa 
(monopólio), duas (duopólio) ou pequeno grupo 
de empresas (oligopólio), que poderiam praticar 
preços abusivos ou se organizar para combinar 
preços ou condutas uniformes (cartel). Isso so-
mente para simplificar a questão, pois diversos 
outros fatores econômicos e sociais estão envol-
vidos nesse âmbito.
Então, a livre concorrência seria o cenário ideal 
desejado e, dentro dela, a concorrência leal. O que 
seria uma concorrência desleal? Mattar (2004, p. 
319) define concorrência desleal como os “atos 
praticados pela indústria ou pelo comércio para 
prejudicar os concorrentes”.
Ontem mesmo ouvi de um amigo uma história 
desse tipo. Ele me contou que estava feliz porque 
tinha mobiliado o quarto todo dos filhos dele por 
R$ 1.300,00. Contudo, ele me confessou que, se 
por um lado estava feliz com a oportunidade que 
apareceu de comprar todos os móveis por esse 
preço tão bom, por outro lado, ficou triste por 
saber a razão pela qual a loja estava fechando e 
por isso liquidando os estoques: uma outra loja 
muito maior na cidade impôs ao fornecedor que 
ele vendesse somente a ela e se caso fornecesse 
para alguma outra loja da cidade, eles não com-
prariam mais desse fornecedor. O fornecedor 
aceitou a proposta (ou ameaça!) e a outra loja fi-
cou sem fornecedor (pois era uma loja pequena e 
comprar de fornecedores mais distantes a pouca 
quantidade de que precisava se tornou inviável 
para o negócio). Resultado: a concorrente pre-
cisou fechar as portas. Nada ético por parte da 
empresa maior, não é mesmo? E nada leal esse 
tipo de concorrência.
Outras posturas antiéticas com relação à con-
corrência são “atitudes como o desvio de segredos 
industriais e comerciais (‘espionagem industrial’), 
a difamação do concorrente e o aliciamento de 
funcionários” (ALENCASTRO, 2016, p. 89). Mat-
tar (2004, p. 320) destaca ainda a “concorrência pa-
rasitária, na qual se imita, de forma contínua e sis-
temática, tudo o que o concorrente faz: produtos, 
embalagens, marcas e até mesmo a publicidade”.
Já falamos sobre a Economia de Comunhão 
(EdC) em outro capítulo do nosso livro. Um dos 
pontos tratados nessa abordagem de gestão é jus-
tamente o relacionamento da empresa com seus 
concorrentes. Segundo a proposta da EdC, 
 “
Os concorrentes deixam de ser encarados 
como inimigos potenciais e passam a re-
presentar operadores de um mesmo setor 
com os quais é possível estabelecer relacio-
namentos de colaboração tendo em vista 
interesses comuns. Procuram também 
apresentar a qualidade dos próprios pro-
dutos, privando-se de ressaltar os defeitos 
dos produtos e serviços dos outros (LIMA, 
1999 apud MENEGASSI, 2007, p. 51). 
280 Ética empresarial
A proposta da Economia de Comunhão exempli-
fica bem o que significa a ética com relação aos 
concorrentes. Passamos agora a outro stakeholder: 
o consumidor.
A ética na relação com o consumidor e os 
clientes. Aqui nós poderíamos conversar uma 
semana inteira sobre as experiências que cada 
um de nós já passou na vida com relação à ética 
ou à falta dela como consumidores.
Muitos são os exemplos de posturas antiéti-
cas na relação entre empresa e consumidor. Uma 
delas é a propaganda enganosa ou que induz à 
interpretação equivocada. Tive uma experiência 
há poucos minutos exatamente nesse sentido: ao 
comprar livros pela internet me deparei com uma 
proposta muito bacana, que era fazer o cadas-
tro do site e ganhar R$ 30,00 na minha próxima 
compra. Bacana, não? Achei ótima a proposta e 
fui preencher o cadastro. Aí lá pelas tantas eles 
pediram os dados do cartão de crédito. Achei 
estranho porque afinal eu estaria ganhando um 
desconto na próxima compra e não aderindo a 
nada. Mas não: olhei os passos seguintes e pedia a 
autorização de debitar cerca de R$ 20,00 por mês 
no meu cartão e isso geraria um desconto de R$ 
30,00 na próxima compra. Ou seja, esse “desconto” 
estava atrelado à adesão a um plano mensal em 
que eu deveria gastar pelo menos R$ 20,00 em 
produtos naquele site.Não continuei o cadastro, 
obviamente, e a sensação como cliente foi que a 
empresa usou de má fé, induzindo por meio de 
sua propaganda a uma interpretação equivocada 
do que estavam oferecendo. A empresa certamen-
te perdeu muitos pontos comigo em termos de 
credibilidade e confiança.
Outro aspecto é o atendimento ao consumidor. 
Quantos canais nos vencem pela canseira? Digite 
2, depois digite 5, 7, 9, 6, 4… 40 minutos depois 
está você lá, ainda digitando números, ouvindo 
musiquinhas de espera e isso quando a ligação 
não cai no meio dessa novela de números ou o 
atendente te transfere para outro setor em que a 
contagem recomeça. Confesso que já deixei pra lá 
muitas vezes meus direitos por não ter tempo de 
encarar essa longa trajetória cheia de obstáculos 
que certas empresas colocam para o atendimento 
ao consumidor. Será ético dificultar os canais de 
atendimento ao cliente?
Há diversos princípios que se seguidos con-
duzem à ética na relação entre empresa e con-
sumidor. Dentre eles, Nash (2001) destaca: atuar 
sempre no âmbito da lei; manter a qualidade do 
produto; evitar produtos que oferecem perigo à 
saúde ou à segurança das pessoas ou danos ao 
meio ambiente; oferecer atendimento cortês e so-
lícito e respeitar a liberdade de escolha do cliente. 
Poderíamos acrescentar tantos outros, como for-
necer informações verdadeiras e completas sobre 
os produtos ou serviços oferecidos e seguir à risca 
o que prevê o Código de Defesa do Consumidor, 
que foi criado certamente porque a ética não é 
algo praticado por todas as empresas.
Vamos falar agora sobre a ética no relaciona-
mento com empregados. Aqui poderíamos pensar 
em três momentos: a contratação, a permanência 
e o desligamento.
O processo de seleção para contratação de pes-
soas em algumas empresas ou organizações se-
guem padrões isonômicos, ou seja, os candidatos 
possuem condições de equidade para concorrer a 
uma determinada vaga de emprego. Nesses casos, 
a postura ética é seguir à risca os padrões deter-
minados para todos, sem exceções ou privilégios. 
Nos casos de empresas que não possuem es-
ses padrões pré-determinados, a escolha do novo 
funcionário pode ocorrer de diferentes maneiras, 
como indicações, competência técnica ou rela-
cional específica, por entrevistas, provas, enfim, 
as formas são as mais variadas. Quando não há 
padrões definidos, a atenção com a ética deve ser 
ainda maior, pois podem acontecer deslizes em 
diversos pontos do processo. Arruda, Whitaker 
281UNIDADE IX
e Ramos (2005) trazem alguns exemplos: deixar 
de contratar intencionalmente uma pessoa ideal 
ao cargo ou contratar alguém sabidamente não 
habilitado para se obter algum tipo de vantagem 
em troca; ou omitir informações importantes do 
candidato quanto à missão, visão, cultura e estra-
tégias da organização ou sobre o cargo que almeja.
Bem, além das questões éticas da empresa re-
lacionadas ao processo de contratação, também 
há o outro lado: a preocupação dela em contratar 
alguém que seja uma pessoa ética.
De fato, se a intenção é que a organização seja 
ética, a base disso é que as pessoas que ali traba-
lham sejam éticas e o processo de seleção e contra-
tação certamente é a primeira “peneira” para colo-
car para dentro somente aqueles que tendem a ser 
assim. Porque eu disse “tendem”? Porque por mais 
entrevistas que se faça ou testes psicológicos ou 
outras técnicas, é praticamente impossível ter toda 
a certeza sobre a conduta que a pessoa terá depois 
de contratada, ao longo do tempo. No entanto, 
certamente esse esforço já diminuirá bastante as 
chances de surpresas desagradáveis nesse sentido.
Sobre a ética na permanência dos empregados 
há inúmeras questões a serem apontadas. Vamos 
falar sobre algumas delas. Aqui entrariam aspectos 
que são vias de mão dupla como a transparência e 
honestidade na comunicação, a confidencialidade, 
o cumprimento de acordos e contratos, o respeito 
mútuo… Os critérios de avaliação e remuneração 
devem ser claros, cumpridos e respeitados e ainda 
questões relacionadas a assédio sexual e moral preci-
sam ser constantemente averiguadas para que nunca 
ocorram dentro de um ambiente organizacional. 
São tantos outros aspectos ainda que pode-
ríamos falar, como até mesmo o uso do celular 
para questões pessoais em horário de trabalho 
— o acesso a e-mails pessoais ou redes sociais ou 
ainda aplicativos de conversas que já se tornou até 
mesmo vício para algumas pessoas é um exemplo 
do uso do tempo de trabalho, pelo qual a pessoa 
é remunerada e deveria estar trabalhando em ati-
vidades em prol da organização, para uso pessoal 
— isso também é comportamento antiético.
O Código de Defesa do Consumidor traz em seu Capítulo III — Dos Direitos Básicos do Consumidor 
— dentre outros, os seguintes itens:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento 
de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a 
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação cor-
reta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como 
sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, 
bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua 
revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.
Fonte: Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990).
282 Ética empresarial
A permanência dos empregados em uma or-
ganização trará sem dúvidas dilemas constantes 
relacionados à posturas éticas, tanto deles com 
relação à empresa quanto da empresa com relação 
a eles. Cabe a cada um buscar ter o melhor dis-
cernimento possível a fim de que a contribuição 
singular do indivíduo contribua para a formação e 
manutenção de uma cultura organizacional ética.
Por fim, a ética no desligamento de empre-
gados. Arruda, Whitaker e Ramos (2005) desta-
cam que a saída não desejada de um funcionário 
requer muita compreensão e respeito e ressalta 
que “quando os processos não são claros, com 
frequência surgem atitudes pouco éticas por 
parte do empregado que não deseja sair: pressão, 
ameaça, trabalho mal feito, boicote” (ARRUDA; 
WHITAKER; RAMOS, 2005, p. 122). Se a parceria 
foi ética durante todo o tempo do empregado na 
empresa, é de se esperar que também depois do 
seu desligamento essa relação continue. Aqui en-
tram questões como guardar segredos industriais, 
não difamar a empresa e tantos outros. Por parte 
da empresa, recomendar a pessoa para outras em-
presas e talvez também manter as portas abertas 
para um possível futuro retorno.
Sabe com quem também se deve agir com 
ética? Com os estagiários! Por vezes parece que 
todos se sentem chefes do estagiário. Essas pessoas 
procuram aprendizado, experiência e inserção 
no mercado de trabalho e muitas vezes suas atri-
buições não são respeitadas e o que ele aprende 
é transportar papéis de uma sala para outra para 
pessoas que têm preguiça de se levantar de suas 
cadeiras. Os estagiários estão nas empresas para 
tarefas específicas e não cabe a ninguém desviá-
-los de suas atribuições. Devem ser respeitados 
por todos.
A ética perpassa, evidentemente, todos os de-
mais stakeholders. O pagamento de impostos, por 
exemplo, em vez da sonegação é uma postura ética 
da empresa com relação ao governo e à socieda-
de; a redução de qualquer impacto negativo às 
comunidades locais e meio ambiente também é 
uma postura ética; a precisão contábil e transpa-
rência financeira para com os acionistas também 
é uma postura ética e assim com relação a todos 
os outros stakeholders.
Tenha sua dose extra de 
conhecimento assistindo ao 
vídeo. Para acessar,use seu 
leitor de QR Code.
Sendo assim, em relação à ética empresarial, os 
princípios éticos devem ser aplicados em cada 
uma de suas atividades, departamentos e funções 
administrativas a fim de que essas ações reflitam 
no relacionamento com cada um de seus stakehol-
ders. Toda organização ou empresa é um “peda-
ço de sociedade” e agir com ética nesse espaço é 
ajudar a tornar a sociedade mais ética, ou seja, a 
sociedade em que todos sonhamos em viver.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/668
283UNIDADE IX
Caro(a) aluno(a)!
Estamos aqui no último tópico da última 
unidade do nosso livro! Já falamos sobre mui-
tos assuntos do mundo organizacional e agora 
fechamos com um objetivo que não poderia ser 
mais apropriado: descrever ações que podem ser 
tomadas nas organizações a fim de instituciona-
lizar padrões éticos de conduta.
Falamos já no tópico anterior que a organiza-
ção ou a empresa é um pedacinho de sociedade e, 
se ela é ética, está contribuindo para que a socieda-
de também o seja. Falamos também nessa unidade 
que isso só se consegue por meio de cultura, cul-
tura ética, estabelecimento ou institucionalização 
de cultura ética.
Sendo assim, neste último tópico falaremos 
justamente sobre as ações que podem levar à ins-
titucionalização da ética nas organizações, o que 
levará à formação de cultura que, por sua vez, ca-
racterizará uma organização como ética de fato.
Marinho (2016) descreve alguns elementos 
da cultura da empresa que pretende trilhar o ca-
minho da ética: com relação ao público interno, 
externo e à comunidade. Com relação ao público 
interno, a autora salienta as relações de compro-
misso e confiança com os funcionários, bem como 
Gestão da Ética 
nas Organizações
284 Ética empresarial
saúde, segurança e qualidade no ambiente de tra-
balho. Com relação ao público externo, entraria a 
qualidade dos produtos ou serviços ofertados pela 
organização, o relacionamento honesto com os 
clientes e parceiros, a proteção ao meio ambiente 
e o cumprimento de todas as responsabilidades 
legais, fiscais e sociais que dizem respeito à orga-
nização. Por fim, com relação à comunidade, a 
autora traz dois grandes caminhos: exercer a ci-
dadania e contribuir para uma sociedade melhor 
para todos. Perceba que em ambos está implícito 
o exemplo que a própria organização deve dar e 
isso geralmente parte dos líderes ou gestores e que 
pode — e deve — ser difundido na empresa de di-
versas formas — pelo próprio exemplo dos líderes, 
por palestras de conscientização, por códigos de 
conduta ou de ética e muitos outros.
E como é possível disseminar valores dentro 
das organizações de modo que se tornem cultura 
e caracterizem a empresa como ética? Bem, vamos 
lembrar primeiramente que “a empresa é uma or-
ganização em que as pessoas influenciam umas 
às outras na definição e na aceitação de valores e 
práticas” (ANDREWS, 2005, p. 67). Sendo assim, 
o cotidiano de cada organização poderia inspirar 
dezenas de respostas diferentes a essa questão, 
com base nos diferentes contextos específicos 
existentes, mas vamos trazer aqui a visão de alguns 
autores a respeito de práticas que talvez possam 
ser adequadas para a maioria das organizações.
Moreira (1999), por exemplo, sugere alguns 
passos para a implantação de um programa de 
ética nas organizações: o primeiro seria a criação 
de um código de ética, mas que essa criação fosse 
realizada com a participação de pessoas de todos 
os níveis da organização (vimos isso também em 
nosso livro, se lembra? São os níveis estratégico, 
tático e operacional). O segundo passo seria o 
treinamento para a aceitação dos valores deste 
código — nesse aspecto o autor sugere que seja 
feito pela chefia direta do funcionário para que 
seja efetivo. Por fim, o autor salienta a importância 
do compromisso com o código de ética que deve 
ser de todos na organização.
Weaver (1993) define código de ética como docu-
mento formal distinto, que especifica obrigações 
éticas conscientes para a conduta organizacional, 
só existindo se for formulado com o propósito 
único de ser guiado por padrões morais para 
condutas éticas.
Fonte: Cherman e Tomei (2005, p. 101).
As pessoas muitas vezes têm entendimentos dife-
rentes sobre os fatos da vida, acho que isso não é 
nenhuma novidade, não é mesmo? Bem, é essa di-
ferença de entendimento e percepção que faz que 
seja tão necessários nas organizações os códigos de 
ética — que podemos também chamar de códigos 
de conduta ou códigos morais (MOREIRA, 1999).
O objetivo de um código de ética é “padroni-
zar e formalizar o entendimento da organização 
empresarial em seus diversos relacionamentos e 
operações” (MOREIRA, 1999, p. 33). 
E qual o teor desses códigos? O que é contem-
plado neles exatamente? Bem, não há uma norma 
ou um padrão rigoroso a ser seguido, mas um 
levantamento realizado por Srour (2013) apontou 
temas recorrentes nos códigos de conduta moral, 
tais como:
285UNIDADE IX
• Relacionamento com cada um dos sta-
keholders.
• Conflitos de interesse entre os vários pú-
blicos.
• Regulamentação sobre troca de presentes, 
gratificações, brindes, favores, cortesias de 
fornecedores ou clientes.
• Observância das leis e normas vigentes.
• Segurança e confiabilidade das informa-
ções não públicas e/ou privilegiadas.
• Teor dos balanços, demonstrações finan-
ceiras e relatórios da diretoria endereçados 
a acionistas.
• Propriedade intelectual de marcas ou pa-
tentes.
• Formação de cartéis e participação em as-
sociações empresariais.
• Prestação de serviços profissionais por 
parte dos colaboradores a fornecedores, 
prestadores de serviços, clientes ou con-
correntes.
• Uso do tempo de trabalho para assuntos 
pessoais.
• Discriminação de pessoas por quaisquer 
razões ou atributos pessoais.
• Assédio moral e sexual.
• Uso de drogas ilícitas, ingestão de bebidas 
alcoólicas.
• Relações de apadrinhamento.
• Privacidade dos colaboradores.
• Difusão interna de fofocas.
• Proibição da comercialização interna de 
produtos ou serviços por colaboradores.
• Utilização dos equipamentos e das instala-
ções da empresa para uso pessoal.
E a lista aqui seria infindável, até porque ela deve 
se adequar também ao tipo de organização. Srour 
(2013, p. 207) exemplifica o caso das instituições 
financeiras, por exemplo, que “costumam agregar 
preocupações que lhes são particularmente rele-
vantes porque administram recursos de terceiros 
e proveem serviços financeiros, de modo que a 
relação fiduciária constitui a razão de ser do ne-
gócio”. E a mesma lógica se aplica com todos os 
tipos de organizações. Aquelas do Terceiro Setor, 
por exemplo, poderia inserir em seu código de 
ética a transparência dos recursos utilizados junto 
a seus benfeitores e assim por diante.
Embora os códigos de éticas sejam fundamen-
tais para orientar a conduta dentro de uma organi-
zação, ele por si só não garante o comprometimento 
das pessoas em agir em conformidade a eles. A esse 
respeito, Andrews (2005, p. 73) chama a atenção:
 “
Não obstante a importância dos códigos de 
ética, das normas morais referentes a vulne-
rabilidades específicas e da execução disci-
plinada das políticas vigentes, esses requi-
sitos não contém em si o poder emocional 
definitivo do comprometimento pessoal. 
O engajamento com os objetivos de quali-
dade - entre eles o cumprimento da lei e a 
observância de altos padrões morais - é uma 
conquista da organização. 
Matos (2011, p. 149) corrobora essa visão afirman-
do que “certamente não se estabelece ética corpora-
tiva por meio de códigos, mas da conscientização 
de valores, corporificados em diretrizes éticas que 
traduzem cultura, estilos de liderança e estratégias”. 
286 Ética empresarial
O mesmo autor propõe algumas diretrizes para o estabelecimento de um modelo de gestão da ética, 
tais como: definir a filosofia da empresa, definir as diretrizes éticas, criar os instrumentos institucionais 
para a gestão da ética e desenvolver continuamente a consciência ética por meio da educação.O 
Quadro 1 traz essas diretrizes e suas descrições:
Diretrizes Descrição
Definir a filosofia da 
empresa
É imprescindível que todos na empresa tenham plena consciência dos 
valores fundamentais que orientam os comportamentos. Significa tornar 
palpáveis os traços fundamentais da cultura corporativa.
Definir as diretrizes 
éticas
Explicitar os padrões de comportamento esperados, consoantes aos 
valores da cultura corporativa.
Criar os instrumentos 
institucionais para a 
gestão da ética
A viabilização do comportamento ético depende fortemente da instituição 
de meios adequados. Sem os espaços à reflexão e ao exercício partici-
pativo da decisão, a gestão torna-se centralizadora e autocrática. Nesses 
casos, a cultura corporativa fechada inibe a gestão da ética.
Desenvolver continua-
mente a consciência 
ética por meio da edu-
cação
Exercícios permanentes de percepção e competência criativas por in-
termédio de técnicas e metodologias dinâmicas de aprendizagem que 
reforcem os valores e a práxis da ética no trabalho, contribuindo para a 
consolidação de uma cultura corporativa aberta.
Quadro 1 - Recomendações essenciais para um modelo de gestão da ética
Fonte: adaptado de Matos (2011, p. 153).
O ideal para que tudo isso se institucionalize é que haja na empresa um comitê estratégico de ética 
corporativa, que procura constantemente refletir, discutir, avaliar, promover e acompanhar as con-
dutas e ações na empresa de modo a serem éticas. Cabe a um comitê como esse realizar eventos de 
conscientização e reforço acerca da ética, tais como seminários, convenções, debates… enfim, o que 
for apropriado para os objetivos propostos. A grande importância de um comitê de ética corporativa 
é seu caráter pragmático e sistêmico, o que garante a continuidade e perenidade da cultura ética e não 
somente ações isoladas ou esporádicas (MATOS, 2011).
Outra ação conjunta para a institucionalização de padrões éticos de conduta é a observação, refle-
xão e ações relacionadas a algumas dimensões essenciais para se chegar a essa finalidade, tais como 
as apresentadas no Quadro 2:
287UNIDADE IX
Dimensão Descrição Proposta
1. Ser ético Comportamento ético como úni-
ca forma de ser bem-sucedido na 
vida e no trabalho.
Definir coletivamente o perfil do 
ser ético.
2. Consciência ética Valores como a base da conduta 
ética.
Desenvolver meios para efetivar 
a ética nas relações de trabalho.
3. Comportamento ético Em todos os âmbitos, desde as 
pequenas atitudes cotidianas às 
grandes decisões.
Estabelecer diretrizes para o 
comportamento ético.
4. Competência ética Líderes éticos desenvolvem com-
petências e formam uma comuni-
dade ética.
Desenvolver líderes e liderados 
para trabalharem em equipe de 
forma ética.
5. Cultura ética Um meio cultural saudável é con-
dição fundamental para a conti-
nuidade da conduta ética.
Conscientização e aceitação es-
pontânea de valores que con-
dicionam atitudes positivas de 
solidariedade grupal.
6. Responsabilidade social 
ética
Ter uma efetiva atitude pública 
coerente e não apenas a preten-
são de passar uma imagem ética.
Buscar formas de promover 
ações solidárias.
7. Humanismo ético Valorização humana como condi-
ção da dignidade pessoal e para a 
realização social no trabalho.
Valorizar as pessoas, favorecen-
do oportunidades de realização 
humana e profissional.
Quadro 2 - Ideário para gestão da ética
Fonte: baseado em Matos (2011, p. 154-156).
Em suma a ideia é que sejam elaboradas estratégias de interatividade que promovam e motivem a 
participação criativa e que se busque a conscientização coletiva dos valores éticos, determinantes na 
formação de uma cultura ética madura na organização (MATOS, 2011).
Matos (2011) propõe, por fim, algumas etapas para a formulação de um modelo de ética corpora-
tiva que envolve lideranças em todos os níveis. A sequência de ações que compõem esse modelo está 
descrita no Quadro 3:
288 Ética empresarial
Etapas Descrição
1. Diagnose da situação empresarial Entrevistas qualitativas, individuais e coletivas com amostras dos públicos internos.
2. Avaliação situacional preliminar Reunião de análise com a presidência e diretoria.
3. Rodada de reflexão estratégica
Encontro com a direção sobre a visão diagnóstica e a visão 
estratégica em busca de consenso sobre linhas para a con-
solidação da ética corporativa.
4. Auditoria de cultura e clima 
organizacional / ética na empresa
Pesquisa realizada com todo o público interno com ênfase 
nos aspectos relacionados à cultura corporativa e à ética.
5. Fórum de reflexão estratégica
Encontros periódicos reunindo todos os executivos para 
palestras e debates sobre cultura corporativa, liderança e 
estratégia voltada à ética corporativa. 
Resultados das entrevistas e da pesquisa sobre cultura e 
clima organizacional e linhas estratégicas de ação recomen-
dadas.
6. Comitê estratégico de ética 
corporativa
É um espaço de reflexão e de busca pela institucionalização 
da ética corporativa.
7. Oficina de liderança Oficinas com textos e exercícios práticos sobre liderança ética e para a ética.
Quadro 3 - Etapas para a formulação de um modelo de ética corporativa
Fonte: baseado em Matos (2011, p. 157-158).
289UNIDADE IX
Você pode perceber que o papel da liderança é fundamental em todo 
o processo de um modelo de ética corporativa. O envolvimento dos 
líderes e, sobretudo, o exemplo deles é a base para que uma cultura 
ética possa se estabelecer. 
Sendo assim, podemos nos perguntar: e quanto aos líderes e suas 
decisões? É fácil tomar decisões éticas? Andrews (2005) afirma que 
tomar decisões éticas pode ser até fácil quando os fatos são claros, 
mas que a coisa se complica quando 
 “
a situação está encoberta pela ambiguidade, pela falta de infor-
mações, pela diversidade de pontos de vista e pelo conflito de 
atribuições. Nessas situações — com que os gerentes convivem 
o tempo todo — as decisões éticas dependem tanto do processo 
decisório em si quanto da experiência, da inteligência e da inte-
gridade do decididor (ANDREWS, 2005, p. 64).
Andrews (2005, p. 74) complementa essa ideia dizendo que “em último 
caso, os executivos resolvem questões conflitantes com base em seus 
próprios ditames emocionais e racionais”. A partir disso podemos 
concluir que a escolha das pessoas que ocuparão os cargos estratégicos 
de decisão é um dos aspectos mais importantes quando se quer fazer 
da organização um espaço ético.
Nash (2001) elenca quatro traços essenciais de caráter que juntos 
representam um caminho para o atingimento de padrões éticos em 
uma organização: 1) habilidade para reconhecer e articular a ética 
de um problema; 2) coragem pessoal para não racionalizar a má 
ética; 3) respeito inato pelos outros; e 4) o valor pessoal derivado do 
comportamento ético.
Haveria diversas outras características a serem somadas a essas, 
entretanto, talvez essas englobem grande parte daquilo que leva um 
líder a agir em conformidade com padrões éticos e promover em sua 
organização essa cultura.
Em suma, a institucionalização da ética corporativa depende de 
uma cultura voltada à ética que, por sua vez, se faz por meio de valores 
incorporados e difundidos na organização, por exemplos de líderes, 
por condições e ambiente favorável à ética, por explicitação daquilo 
que se espera por meio de códigos de ética e, por fim, por meio da 
adesão convicta de cada membro da organização a ser um indivíduo 
ético em seu dia a dia, em suas ações cotidianas a fim de construir 
todos juntos a ética corporativa. 
Conforme já dissemos, toda organização é um “pedaço de socie-
dade” e, trabalhando para que esse “pedaço” seja um ambiente onde 
a ética é vivenciada, se está cer-
tamente contribuindo para uma 
sociedade melhor para todos nós 
e para as gerações futuras. E tudo 
começa pelas pequenas coisas, 
pelas pequenas atitudes na nossa 
vida que é composta por diver-
sas facetas — nossa vida familiar, 
profissional, social… Em cada 
uma delas, sejamos essa pessoa 
que age pensando também nooutro, conforme a chamada “re-
gra de ouro” que é “fazer aos ou-
tros o que gostaria que fosse feito 
a mim e não fazer aos outros o 
que não gostaria que fosse feito a 
mim”. Certamente as muitas “pe-
quenas coisas” somadas é o que 
constrói a sociedade mais ética, 
justa e solidária.
Vamos lá! Vamos fazer de 
cada uma de nossas ações um 
tijolinho a mais na construção 
dessa sociedade em que todos 
nós sonhamos viver. 
Modelo de ética corporativa
290
1. A empresa ética é definida, pelos nossos padrões, como aquela que conquistou o 
respeito e a confiança de seus empregados, clientes, fornecedores, investidores e 
outros, estabelecendo um equilíbrio aceitável entre seus interesses econômicos e 
os interesses de todas as partes afetadas, quando toma decisões ou empreende 
ações. Sobre a ética no âmbito organizacional, leia as afirmações abaixo:
I) A ética é algo que não influencia a vida organizacional ou a reputação da 
empresa frente aos seus stakeholders. É somente uma escolha pessoal dos 
gestores.
II) Valores comuns a uma empresa ética no longo prazo contribuem também 
para os resultados financeiros da própria empresa.
III) O fato de uma empresa se propor a ser um espaço onde se vivencia a ética é 
uma forma de contribuição também para a sociedade prosperar em termos 
éticos.
IV) Empresas éticas atraem e retém empregados, fornecedores e clientes éticos 
e responsáveis, sendo assim uma via de mão dupla em que essa relação se 
estabelece.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
2. Pode-se dizer que a concepção de ética no âmbito organizacional se refere a 
esse agir empresarial voltado a relações pautadas em valores como respeito, 
honestidade, confiança e responsabilidade.
Assinale Verdadeiro (V) para as afirmações que representam atitudes éticas nas 
organizações e Falso (F) para aquelas que não representam:
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
291
 )( Atuar sempre no âmbito da lei; manter a qualidade do produto; evitar produtos 
que oferecem perigo à saúde ou à segurança das pessoas ou danos ao meio 
ambiente; oferecer atendimento cortês e solícito e respeitar a liberdade de 
escolha do cliente.
 )( Seguir o que prevê o Código de Defesa do Consumidor.
 )( Pagar corretamente os impostos.
Assinale a alternativa correta:
a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-F.
d) F-V-V.
e) V-F-V.
3. Sobre as ações que podem levar à institucionalização da ética nas organizações, 
leia as afirmações abaixo e em seguida assinale a alternativa que contenha 
aquelas que expressam essas ações:
I) As relações de compromisso e confiança com os funcionários, bem como 
saúde, segurança e qualidade no ambiente de trabalho.
II) A qualidade dos produtos ou serviços ofertados pela organização, o relacio-
namento honesto com os clientes e parceiros, a proteção ao meio ambiente 
e o cumprimento de todas as responsabilidades legais, fiscais e sociais que 
dizem respeito à organização.
III) Exercer a cidadania e contribuir para uma sociedade melhor para todos.
IV) Difundir uma cultura ética pelo próprio exemplo dos líderes, por palestras de 
conscientização, por códigos de conduta ou de ética entre outros.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e IV estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Todas estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
292
Wall Street: Poder e Cobiça
Sinopse: um jovem e ambicioso corretor é atraído pelo mundo ilegal e altamente 
lucrativo da espionagem empresarial ao ser seduzido pelo poder, status e magia 
financeira da lenda de Wall Street.
Comentário: é um clássico. Traz muitos elementos interessantes por mostrar 
o “lado B” de várias situações do mundo corporativo que envolvem a escolha 
entre a atitude ética e antiética. 
FILME
Ética para Engenheiros
Autor: Armenio Rego e Jorge Braga
Editora: Lidel
Sinopse: complementada com dezenas de casos concretos, envolvendo dilemas 
éticos para os engenheiros, esta edição inclui também códigos de ética profis-
sional de diversas organizações e países.
LIVRO
293
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
AGUILAR, F. J. A ética nas empresas: maximizando resultados através de uma conduta ética nos negócios. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996.
ALENCASTRO, M. S. C. Ética empresarial na prática: liderança, gestão e responsabilidade corporativa. 2. ed. 
Curitiba: Intersaberes, 2016.
ANDREWS, K. R. Ética na prática. In: RODRIGUEZ, M. V. R. Ética e Responsabilidade Social nas Empresas. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, p. 61-75.
ARRUDA, M. C. C.; WHITAKER, M. C.; RAMOS, J. M. R. Fundamentos de ética empresarial e econômica. 
3. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
BRASIL. LEI nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras 
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 01 dez. 2017.
CHAVES, P. S. V. Clima ético e Economia de Comunhão: estudo de caso. 129 f. Dissertação (mestrado em 
Administração de Empresas) Universidade de Fortaleza – UNIFOR, 2006.
CHERMAN, A.; TOMEI, P. A. Códigos de ética corporativa e a tomada de decisão ética: instrumentos de gestão 
e orientação de valores organizacionais? Revista de Administração Contemporânea, v. 9, n. 3, p. 99-120, 2005.
LACOMBE, F. J. M. Teoria geral da administração. São Paulo: Saraiva, 2009.
LIMA, M. A. B. Economia de Comunhão x custos de transação: uma visão das organizações imbuídas da cultura 
da partilha. REAd – Revista Eletrônica de Administração. v. 5, n. 4, nov./dez. 1999.
MARINHO, S. A importância da ética dentro das organizações. Disponível em: <http://www.administra-
dores.com.br/mobile/noticias/negocios/a-importancia-da-etica-dentro-das-organizacoes/114098/>. Acesso 
em: 06 nov. 2017.
MATOS, F. G. Ética na gestão empresarial. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
MATTAR, J. Filosofia e ética na administração. São Paulo: Saraiva, 2004.
MENEGASSI, C. H. M. As dimensões do modelo burocrático nas organizações: um estudo das empresas 
do Polo Empresarial Spartaco orientadas pela abordagem da economia de comunhão. 109 f. Dissertação (Mes-
trado) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2007.
MOREIRA, J. M. A ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1999.
NASH, L. Ética nas empresas. São Paulo: Makron Books, 2001.
294
PINTO, R. S.; FARIA, J. H. de. O Discurso e a Prática da Ética nas Relações de Trabalho: os Paradoxos da Práxis 
de uma Organização Bancária. In: XXVII Encontro Nacional da ANPAD, 2004, Curitiba. Anais do XXVII 
EnANPAD. Rio de Janeiro: ANPAD, 2004.
SROUR, R. H. Ética empresarial. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
VÁZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
WEAVER, G. R. Corporate Codes of Ethics: Purpose, Process and Content Issues. Business and Society. CA, 
v. 32, n. 1, p. 44-58, Spring 1993.
295
1. D.
2. A.
3. D.
296
297
298
299
300
301
302
303
CONCLUSÃO
Caro(a) aluno(a)!
E chegamos ao final desta nossa jornada! Será? 
Se por um lado concluímos este estudo, por outro lado ele nos abriu as por-
tas para uma nova visão de mundo e você percebe que agora não enxerga 
mais as organizações, as pessoas, as relações entre elas e a sociedade como 
antes. E quer mais, muito mais! Que bom!!! Atingi assim todos os objetivos 
que tinha ao escrever para você este livro!
Como o próprio título do livro diz, aqui temos “conceitos de administração 
e ética empresarial” e para cada um deles necessitaria outro livro inteiro 
para tratar com mais profundidade — quando não até mesmo outro curso. 
Todavia, você dispôs aqui de um compêndio sobre o mundo organizacional 
elaborado com todo o cuidado para que você tivesse acesso àquilo de que 
necessitará de imediato em sua vidaprofissional — e com pitadas para sua 
vida pessoal e estudantil também.
Organizações existem por todos os lados em todos os âmbitos da nossa 
vida. São elas que compõem a sociedade e por isso tratamos muito mais 
delas de modo abrangente do que somente empresas — um tipo específico, 
mas não único, de organização. 
Desse modo, nosso livro abordou as organizações como um todo, seus 
diversos tipos, os conceitos de administração e de organizações, as funções 
da administração, suas áreas funcionais e suas teorias; deu destaque ao fator 
humano nas organizações, abordou também elementos fundamentais de 
gestão estratégica, gestão de projetos e de tendências no campo da admi-
nistração. Por fim, trouxe uma discussão específica sobre ética empresarial, 
tão relevante para nossa sociedade e nosso país.
Espero que essa jornada tenha sido de fato somente o começo para você. 
Sua escolha por este curso já demonstra o quanto você, caro(a) aluno(a), é 
ávido por conhecimento e uma vez tendo “as portas da mente” abertas, elas 
nunca mais serão como antes. Obrigada por termos caminhado juntos até 
aqui e muito sucesso para a continuação de seu caminho!
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