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Estimulação Sensorial para Aprendizagem

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
 
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: 
BASE PARA A APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
Por: Carine Bompet de Campos 
 
 
 
Orientadora 
Prof. Dr. Mary Sue 
 
 
 
 
 
 
 
Niterói 
2010 
 
 2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: 
BASE PARA A APRENDIZAGEM 
 
 
 
Apresentação de monografia à Universidade Candido 
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de 
especialista em Neurociências Pedagógica. 
Por: Carine Bompet de Campos 
 
 
 3
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus e a minha família, que sempre estiveram presentes em minha vida me 
dando força e coragem. 
 4
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
...dedico a Deus pela presença constante em 
minha vida e a minha família que sempre 
esteve ao meu lado nos momentos de 
anseio e pelo exemplo de vida do meu pai, 
ao qual dedico a minha conquista com toda 
admiração. 
 
 
 5
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 – Localização dos corpúsculos sensitivos na pele.............................16 
Figura 2 – Cones e bastonetes..........................................................................19 
Figura 3 – Esquema de formação das vias auditivas eferentes........................32 
 
Figura 4 – Papilas gustativas na língua.............................................................38 
 
Figura 5 – Trajeto anatômico do nervo olfatório da cavidade nasal...................42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente estudo tem por objetivo analisar os Sistemas Sensoriais, a integração do 
Sistema Nervoso para possibilitar as sensações. Considerou-se ao longo deste 
trabalho a importância do conhecimento neurocientífico das vias sensoriais, 
contribuindo para a formação do profissional para que atue com estratégias 
diferenciadas de forma que a aprendizagem seja construtiva e inovada. No primeiro 
capítulo, foram abordadas as funções das informações sensoriais cuja integração 
está na base da evolução da motricidade e do cérebro dos vertebrados. No segundo 
capítulo, abordamos a operacionalização dos Sistemas Sensoriais e seus 
componentes estruturais que formam os circuitos neuronais. O terceiro e quarto 
capítulos abordam os sentidos e como o cérebro entra em contato com o ambiente 
através destes órgãos que respondem aos diversos estímulos. Logo, foi de suma 
importância abordar a Neurofisiologia do Sistema Sensorial para facilitação da 
execução das estratégias de intervenção. E, por fim, abordou-se o conceito de 
aprendizagem e as estratégias facilitadoras para estimular as sinapses neuronais. 
 
Palavras-chave: Pedagogo, Estimulação Sensorial, aprendizagem, codificação 
neural. 
 
 
 
 7
 
METODOLOGIA 
 
Trata-se de uma pesquisa realizada por um levantamento bibliográfico, onde 
se utilizou como ferramentas para coletas de dados informações de artigos 
científicos, revistas e dissertações e livros que abordaram as vias sensoriais e a 
integração dos sistemas ratificando a importância da estimulação sensorial para a 
aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO.....................................................................................................10
 
CAPÍTULO I 
 
PARA QUE SERVE A INFORMAÇÃO SENSORIAL?............................................12
 
CAPÍTULO II 
 
PLANO GERAL DOS SISTEMAS SENSORIAIS....................................................14 
2.1 Componentes estruturais: células e conexões..................................................14 
2.2 Princípios gerais de funcionamento dos Receptores.........................................15 
2.3 Transduçãox Codificação Neural........................................................................22 
 
CAPÍTULO III 
 
OS SENTIDOS E SUAS VIAS........................................................................... 24 
3.1 Visão............................................................................................................26 
3.2 Audição........................................................................................................30 
3.3 Paladar.........................................................................................................35 
3.4 Olfato............................................................................................................40 
3.5 Propriocepção..............................................................................................43 
 
CAPÍTULO IV 
 
INTEGRAÇÃO SENSORIAL..............................................................................45 
 
CAPÍTULO V 
 
ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO.................................................................50 
 9
CONCLUSÃO.......................................................................................................58
 
BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................61 
 
ÍNDICE..................................................................................................................62
 
FOLHA DE AVALIAÇÃO.......................................................................................63
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10
INTRODUÇÃO 
 
Tradicionalmente a função do pedagogo foi a de educador no contexto 
escolar e como ocorre em qualquer profissão, o pedagogo necessitou se expandir 
em termos de conhecimentos e aplicação destes, uma vez que a metodologia 
precisa estar adequada para evocar o processo de construção do conhecimento, 
cujas bases são as percepções conduzidas centripetamente ao cérebro. Pretendo 
discutir nesse estudo, as vias sensoriais e a sua contribuição para o processo de 
aprendizagem. 
Ontogeneticamente, a integração sensorial inicia - se no útero materno, 
como pré – requisito do desenvolvimento e da aprendizagem. Prolonga –se extra – 
uterinamente através das aquisições que transitam entre os gestos, a visão e as 
palavras (LURIA, 1966). 
O aluno para aprender necessita de três fatores básicos: bom funcionamento 
do SNC, visto que ele é o órgão onde a aprendizagem é processada, além das 
condições orgânicas. O segundo fator a ser considerado é a família, onde o 
indivíduo está inserido, contribuindo para um ambiente que estimule as 
potencialidades, além de interferir no bom estado emocional do sujeito. E a escola, 
entra como fator importante na aprendizagem formal com práticas pedagógicas que 
atendam as necessidades gerais e específicas do aluno. 
A Neurociência traz uma contribuição efetiva e muito importante para 
entendermos à complexidade da espécie humana. Por termos hoje acesso ao 
cérebro em funcionamento, temos uma dimensão nova de observação de estudo 
deste órgão que guarda a memória e organiza o comportamento humano. Para o 
ensino na escola, levar em consideração o desenvolvimento do cérebro não é uma 
opção teórica, mas sim uma necessidade, pois a aprendizagem de conhecimentos 
escolares ocorre em função do desenvolvimento e funcionamento do cérebro. 
Marinelli, os profissionais de Recursos Humanos necessitam ampliar as relações 
interpessoais através da inteligência emocional que utilizada e estimulada 
adequadamente permite uma maior habilidade no relacionamento com o ser humano 
como abordaremos melhor no último capítulo deste trabalho, pois a motivação 
 11
humana é o maior fator de inovação quando se tem a liberdade de expressão dos 
sentimentos. 
Portanto, com esse estudo representarei o pedagogo como um profissional 
cujo conhecimento específico se faz necessário na organização para atuar com 
eficácia nas propostas pedagógicas contextualizadase exploradas através dos 
órgãos sensoriais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12
 
 
CAPÍTULO I 
 
 PARA QUE SERVE A INFORMAÇÃO SENSORIAL? 
 
 
Não há som se não há ninguém que o ouça; não há gosto se 
ninguém o provar; não há cores sem que alguém as veja. As 
coisas do mundo existem independentemente uma das outras, 
é claro, e porque existem atributos físicos e químicos que lhe 
são próprios. (Jack deGroot, 1994:74) 
 
 
 
A percepção é uma das conseqüências da sensação, e nem sempre está 
disponível a nossa consciência, pois é filtrada pelos mecanismos de atenção, 
emoção, sono e outros. Portanto, a percepção apresenta um nível de complexidade 
mais alto do que a sensação, e por isso mesmo ultrapassa os limites estruturais dos 
sistemas sensoriais, envolvendo também outras partes do sistema nervoso, de 
funções não - sensoriais. Felizmente, a percepção é mais seletiva que os sentidos: o 
sistema nervoso tem mecanismos para bloquear as informações irrelevantes a cada 
momento da vida do indivíduo, permitindo que ele se concentre em apenas um 
pequeno número de informações mais importantes. 
A informação sensorial tem outras funções, além da percepção: (1) permite o 
controle da motricidade; (2) participa da regulação das funções orgânicas; e (3) 
contribui para a manutenção da vigília. No primeiro caso, para que nossos 
movimentos sejam corretos, isto é, atinjam os objetivos a que se propõem, é preciso 
que o Sistema Nervoso perscrute o ambiente para planejar corretamente os 
movimentos, e depois monitore com eles estão sendo executados. Esta tarefa é 
realizada pelos sistemas sensoriais. Durante a própria execução dos movimentos, o 
sistema motor recebe informações sensoriais vindas dos músculos, das articulações 
e da superfície cutânea do membro, que lhe permite verificar se a tarefa está sendo 
cumprida corretamente, corrigindo os erros de trajeto e execução que porventura 
estejam sendo cometidos. Nesse processo, não é necessário que as informações 
sensoriais se tornem conscientes, isto é, sejam percebidas, porque são inúteis para 
a compreensão do que está sendo lido. A segunda função da informação sensorial é 
 13
a regulação das funções das vísceras, dos órgãos em geral e dos vasos 
sanguíneos, o que é feito automaticamente sem atingir a consciência. Exemplo: 
quando faz calor suamos sem perceber, o que se dá pela ativação neural das 
células secretoras das glândulas sudoríparas e pela dilatação dos vasos sanguíneos 
que as irrigam, obtida também através de comandos neurais. Mas quem informa os 
neurônios que comandam as glândulas e os vasos sanguíneos que a temperatura 
subiu? Novamente, essa função é realizada pelos sistemas sensoriais, neste caso 
aqueles que monitoram as variações de temperatura da pele e do sangue. Lent 
(2001: 97) acrescenta ainda: 
 
[...] a informação sensorial que constantemente bombardeia o sistema 
nervoso contribui para que este se mantenha desperto, sem que nos demos 
conta disso. O sono vem mais facilmente quando estamos em ambiente 
silencioso e escuro, ou seja, em condições de mínima estimulação sensorial 
[...]. 
 
 
Para que isto aconteça é necessária à organização de um sistema sensorial, 
que representa os conjuntos de regiões do sistema nervoso, cuja função é 
possibilitar as sensações. 
 O sistema sensorial é composto por receptores sensoriais, estruturas 
responsáveis pela percepção de estímulos provenientes do ambiente 
(exterorreceptores) e do interior do corpo (interorreceptores). Essas terminações 
sensitivas do sistema nervoso periférico são encontradas nos órgãos dos sentidos: 
pele, ouvido, olhos, língua e fossas nasais. Estes têm a capacidade de transformar 
os estímulos em impulsos nervosos, os quais são transmitidos ao sistema nervoso 
central, que por sua vez, determina as diferentes reações do nosso organismo. 
 
 
 
 
 14
 CAPÍTULO II 
 PLANO GERAL DOS SISTEMAS SENSORIAIS 
 
2.1- COMPONENTES ESTRUTURAIS: CÉLULAS E CONEXÕES 
 Todo sistema sensorial, como qualquer parte do sistema nervoso, é 
composto de neurônios interligados formando circuitos neurais que processam a 
informação que chega do ambiente. O ambiente – externo ou interno em relação ao 
organismo – é, portanto, a origem dos estímulos sensoriais. Estes geralmente 
incidem sobre uma superfície onde se localizam células especialmente adaptadas 
para captar a energia incidente. São essas células os primeiros elementos dos 
sistemas sensoriais, os chamados receptores sensoriais. (LENT, 2001: 99). 
 Os receptores são também chamados de células primárias (ou de primeira 
ordem) dos sistemas sensoriais. Nem sempre são neurônios: os receptores visuais, 
por exemplo, bem como os auditivos, os gustativos e os receptores vestibulares 
(encarregados de avaliar a posição da cabeça) são células epiteliais modificadas. 
Neurônios ou não, todos se conectam através de sinapses com neurônios 
secundários ou se segunda ordem, estes com neurônios terciários ou de terceira 
ordem, e assim por diante. Esses circuitos em cadeia levam a informação traduzida 
do ambiente pelos receptores a níveis progressivamente mais complexos do sistema 
nervoso. 
Os receptores estão sempre situados em posições estratégicas no 
organismo, favoráveis a captação privilegiada dos estímulos para os quais são 
especializados. Enquanto os receptores estão posicionados em diferentes tecidos e 
órgãos, nervosos ou não, mas sempre os mais favoráveis à captação da energia que 
os vai estimular, os neurônios subseqüentes estão sempre localizados dentro do 
sistema nervoso, seja o SNP, seja o SNC. As fibras desses neurônios muitas vezes 
estão compactadas em nervos ou feixes que compõem as vias aferentes dos 
sistemas sensoriais, que levam as informações sensoriais até o córtex cerebral, 
onde serão realizadas as operações que resultarão na percepção. 
 15
 2.2 - PRINCÍPIOS GERAIS DE FUNCIONAMENTO DOS RECEPTORES: 
Receptores são células especializadas para detectar alterações específicas 
do ambiente, o receptor sensitivo é a única parte da membrana neuronal sensível à 
estimulação. A energia do estímulo é transformada em eventos neurais. 
 
 Os receptores sensitivos ou possuem uma cápsula especializada de tecido 
não neural envolvendo o axônio ou são terminações nervosas livres. Receptores 
com terminações nervosas livres são nocirreceptores os quais são sensíveis a 
estímulos nóxicos ou de destruição tecidual e transmitem dor, os termorreceptores 
os quais são sensíveis tanto ao frio como ao calor e transmitem sensações térmicas. 
Receptores encapsulados são mecanorreceptores os quais transmitem as 
modalidades de tato e sensibilidade proprioceptiva. A cápsula do mecanorreceptor 
não participa diretamente da transdução do estímulo e nem confere sensibilidade a 
modalidades particulares. 
Mais propriamente, ela age como um filtro para adaptar a resposta do 
receptor ao estímulo. 
 
 Há cinco tipos principais de receptores encapsulados, localizados na pele e 
tecidos profundos: corpúsculos de Meissner, corpúsculos Pacinianos, corpúsculos 
de Ruffini, receptores de Merkel e receptores do cabelo ou pêlo. Os corpúsculos de 
Meissner e Pacinianos são de adaptação rápida. Eles respondem a estímulos 
contínuos e duradouros, disparando uma salva de potenciais de ação que marcam o 
início e o fim do estímulo. Os corpúsculos de Ruffini e os receptores de Merkel são 
receptores de adaptação lenta, disparando potenciais de ação por toda a duração do 
estímulo. 
 
 A modalidade sensitiva de um receptor também determina o diâmetro de seu 
axônio e os padrões de conexões do Sistema Nervoso Central. Os 
mecanorreceptores possuem um axônio de grande diâmetro e coberto por uma 
grossa bainha de mielina. Os mecanorreceptores são os receptores sensitivos de 
mais rápida condução no Sistema NervosoSomático. 
 
 16
 O esquema com a localização das terminações nervosas sensitivas está ilustrado 
na figura 1: 
 
 
 
 
 
 
Fig. 1- a) Localização dos corpúsculos sensitivos na pele. b) Detalhe dos receptores 
que ocorrem na pele 
 
“Diferentes tipos de sensações táteis conduzem informações complexas e 
detalhadas sobre o mundo e atuam com sinal de alerta”. O tato é essencial para 
experimentar a textura e” sentir “ os objetos. Tem um papel vital na comunicação 
com os outros e a nossa pele é o maior órgão dos sentidos e nos permite interagir 
de forma plena com o que nos cerca.” (LOPES, 2006: 74). 
Ratificando essa afirmativa, Lent (2001: 176) ressalta que a variedade de 
receptores táteis origina uma vasta gama de sensações táteis que são 
transformadas em percepções no córtex cerebral somatossensorial. 
 
 17
Os quimiorreceptores estão relacionados principalmente com o paladar e o 
olfato. Os quimiorreceptores relacionados com o paladar situam-se na língua. São 
chamadas de papilas gustativas que nos permite distinguir quatro sabores 
importantes: doce, salgado, amargo e azedo. 
 
 A língua é o principal órgão sensorial para a detecção do paladar. É a parte 
muscular mais flexível do corpo, como revelado por sua atuação tanto na nutrição 
como na comunicação. Tem três músculos internos e outros três pares que a 
conectam a boca e a garganta. A superfície é dotada de estruturas minúsculas, 
semelhantes a espinhas, chamadas papilas. Outras partes da boca, como o palato, 
a faringe e a epiglote, também podem detectar o estímulo gustativo. As papilas 
gustativas são distribuídas pela língua e quatro tipos foram identificadas: 
circunvalada, filiforme, foliada e fungiforme. 
 Os quimiorreceptores relacionados com o olfato situam-se no teto epitélio 
olfatório. As substâncias químicas necessitam estar dissolvidas no ar que entra 
pelas cavidades nasais para que possam impressionar esses quimiorreceptores. 
Paladar e olfato são sentidos químicos – receptores no nariz e na boca ligam – se ás 
moléculas que entram, gerando impulsos elétricos que são enviados ao cérebro. Os 
dois grupos de sinais passam pelos nervos cranianos. Estímulos relacionados ao 
olfato movem – se do nariz ao bulbo olfatório, e seguem pelo nervo olfatório até o 
córtex olfatório no lobo temporal para processamento. A via dos dados relacionados 
ao paladar (gustativos) move - se a partir da boca pelas ramificações dos nervos 
trigêmeo e glossofaríngeo até o bulbo raquidiano, prossegue até o tálamo e então 
atinge as áreas gustativas primárias do córtex cerebral. 
 
O olfato tem uma tendência maior do que os outros sentidos a evocar 
emoções e memórias. As áreas olfatórias cerebrais se desenvolveram há 
muito tempo e estão conectadas ao cérebro primitivo, o que sugere que 
este sentido é vital para nossa sobrevivência e a dos animais, demonstrado 
por nossa ação imediata quando percebemos cheiro de gás ou fumaça, por 
exemplo. Ele também tem um papel relevante na relação sexual, nas 
respostas emocionais e na formação das preferências por alimentos e 
bebidas. Todos esses fatores provavelmente tiveram importância – chave 
na vida de nossos ancestrais. (MORAES, 2009: 104). 
 
http://www.brasilescola.com/biologia/sistema-sensorial.htm
 18
A temperatura ambiente é monitorada pelos termorreceptores periféricos, 
fibras aferentes cujos terminais situados na pele e em algumas vísceras têm a 
propriedade de gerar potenciais receptores proporcionais a certas variações de 
temperatura. Através da pele, as variações ambientais de temperatura podem atingir 
o sangue, cuja temperatura é monitorada pelos termorreceptores centrais. Sabe-se 
que a região pré-optica e o hipotálamo anterior alojam esses neurônios receptores, 
mas há muita certeza sobre sua localização precisa. 
A identidade do integrador do mecanismo de termorregulação foi atribuída ao 
hipotálamo. Os primeiros investigadores descobriram que os animais submetidos a 
lesões da região anterior do hipotálamo tornavam-se hipertérmicos crônicos: era 
como se eles não mais conseguissem perder calos. Por outro lado, quando as 
lesões eram localizadas no hipotálamo posterior ocorria o contrário: os animais 
tornavam-se incapazes de se aquecer, e a sua temperatura corporal tendia sempre 
a igualar-se à do ambiente. Conclui-se que os integrados hipotalâmico devia ser 
constituído de dois componentes: uma região sensível aos “sinais de erro para cima” 
correspondentes ao aumento da temperatura corporal (no hipotálamo anterior) e 
outra sensível aos sinais de queda da temperatura corporal (no hipotálamo 
posterior). O hipotálamo anterior ativaria os controladores sub-reguladores, isto é, 
aqueles capazes de diminuir o tônus vascular simpático periférico e de provocar a 
sudorese e o aumento da freqüência e amplitude respiratórias, garantindo a 
dissipação do calor corporal excessivo. O hipotálamo posterior, ao contrário, ativaria 
os controladores supra-reguladores, ou seja, aqueles capazes de provocar a 
estimulação da inervação simpática dos vasos cutâneos e os tremores involuntários, 
provocando a conservação e a geração de calor corporal. 
A informação que veiculam é utilizada pelo SNC para organizar reações 
orgânicas e comportamentais destinadas a conservar calor, segundo as 
necessidades do organismo. 
 
 
 
 
 19
Fotorreceptores ou fotoceptores são os receptores sensoriais responsáveis 
pela visão. São células que captam a luz que chega à retina e transmitem para o 
cérebro um impulso nervoso correspondente à qualidade dessa luz, permitindo 
assim que o cérebro reconheça imagens. 
 Existem dois tipos de fotorreceptores no olho humano, um deles é chamado 
de bastonete, que permite a visão em preto e branco, e o outro de cone, que permite 
a visão em cores. 
Os cones são encontrados principalmente na retina central, em um raio de 
10 graus a partir da fóvea. Os bastonetes, ausentes na fóvea, são encontrados 
principalmente na retina periférica, porém transmitem informação diretamente 
para as células ganglionares. 
 
No fundo do olho está o ponto cego, insensível a luz. No ponto cego não há 
cones nem bastonetes. Do ponto cego, emergem o nervo óptico e os vasos 
sangüíneos da retina. 
O esquema com a localização dos fotorreceptores está ilustrado na figura 2: 
 
 
Fig. 2 – Cones e bastonetes 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Receptor_sensorial
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vis%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luz
http://pt.wikipedia.org/wiki/Retina
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Impulso_nervoso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bastonete
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cone_%28c%C3%A9lula%29
 20
Nociceptor é um receptor sensorial que envia sinal que causa a percepção da 
dor em resposta a um estímulo que possui potencial de dano. Nociceptores são 
terminações nervosas responsáveis pela nocicepção. 
Os nociceptores são neurônios sensoriais que são encontrados em qualquer 
área do corpo humano que podem sentir dor tanto externamente quanto 
internamente. 
Tem-se como exemplos de dor externa aquelas produzidas em tecidos como 
a pele cujos estímulos são captados por nociceptores cutâneos. Presentes, também, 
na córnea e nas mucosas. 
A dor interna é captada por nociceptores internos em uma variedade de 
órgãos como os músculos, juntas ou articulações, bexiga, intestino e ao longo do 
trato digestivo. Os corpos celulares dos neurônios sensoriais nociceptivos estão 
localizados tanto na raiz ganglionar dorsal quanto na cadeia ganglionar trigeminal. A 
cadeia ganglionar trigeminal é composta por nervos especializados da face 
enquanto que a raiz ganglionar dorsal está associada com o resto do corpo humano. 
Os axônios estendem-se na direção do sistema nervoso periférico. Os dendritos, por 
sua vez, ligam-se às zonas sensoriais. 
Os nociceptoresdesenvolvem-se das células tronco da crista neural que é 
um componente transitório ectodérmico localizado entre o tubo neural e a epiderme 
do embrião na formação do tubo neural que é responsável por grande parte dos 
desenvolvimentos recentes na evolução dos vertebrados. Mais especificamente, é 
responsável pelo desenvolvimento neural. As células tronco da crista neural formam 
o tubo neural e os nociceptores crescem da parte dorsal desse tubo. Eles se formam 
mais tarde durante a neurogênese. Se eles fossem formados mais cedo, eles 
poderiam ser proprioceptores ou mecanoreceptores de baixo limiar os quais não são 
receptores capazes de captar dor. Então, o desenvolvimento dos nociceptores, mais 
tarde, na neurogênese, permite a eles capacidades sensoriais singulares. Todos os 
receptores embrionários expressam o fator de crescimento TrkA (NGF). No entanto, 
os fatores de transcrição que determinam o tipo do nociceptores permanece 
desconhecido para a ciência atual . 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Receptor
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sensorial
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dor
http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%ADmulo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crista_neural
 21
O terminal periférico dos nociceptores maduros está onde os estímulos 
nocivos são detectados e transformados em energia elétrica. Quando a energia 
elétrica alcança um valor limite, ou seja, o limiar, um potencial de ação é induzido e 
dirige-se em direção do Sistema Nervoso Central (SNC). Isso leva a uma sucessão 
de eventos que permitem a consciência da dor. A especificidade sensorial dos 
nociceptores é estabelecida pelo alto limiar alcançado somente por alguns estímulos 
particulares. 
Somente quanto altos limiares são alcançados por estímulos químicos, 
térmicos ou mecânicos do meio ambiente, os nociceptores são disparados. A 
maioria dos nociceptores são classificados pela modalidade do estímulo ambiental 
ao qual responde ou é sensível. Alguns nociceptores respondem a mais de um 
desses estímulos e são conseqüentemente designados como Nociceptores 
Polimodais. Outros nociceptores respondem a nenhuma dessas modalidades, 
embora eles possam responder a estímulos sob um estado inflamatório e 
receberam, por esse motivo, uma designação mais poética: Nociceptores 
Silenciosos ou Dormentes. 
 Fibras nociceptivas aferentes (aferente: da periferia para o centro, ou seja, 
que enviam informação para o cérebro) viajam para a medula espinhal onde formam 
sinapses na borda dorsal. Essas fibras nociceptivas localizadas na periferia são a 
primeira seqüência de neurônios. As células da borda dorsal da medula espinhal são 
divididas em camadas fisiológicas distintas chamadas de lâminas. Diferentes tipos 
de fibras formam sinapses em diferentes camadas. Fibras ADelta foram sinapses 
nas lâminas I e V enquanto as fibras axoniais C conectam-se aos neurônios na 
lâmina II; fibras ABeta conectam-se com a lâmina I, III e V. [2]. 
Depois de encontrarem a lâmina específica no interior da medula espinhal, a 
primeira seqüência nociceptiva projeta-se para a segunda seqüência de neurônios e 
cruza a linha média. A segunda seqüência de neurônios envia sua informação por 
dois caminhos para o Tálamo: a coluna dorsal, sistema medial-lemniscal e sistema 
ântero-lateral. O primeiro é reservado para dor moderada regular, enquanto o lateral 
é reservado para sensação de dor. Ao atingir o Tálamo, a informação é processada 
no núcleo ventral posterior e enviado para o córtex cerebral no cérebro. 
 22
 2.3 - TRANSDUÇÃO x CODIFICAÇÃO NEURAL 
 O mecanismo de tradução da “linguagem do mundo” (as formas de energia 
contida no ambiente) para a “ linguagem no cérebro” ( os potenciais bioelétricos 
produzidos pelos neurônios) é semelhante em seus princípios básicos para todos os 
receptores, e consiste em duas etapas fundamentais: transdução e codificação. A 
transdução consiste na absorção da energia do estímulo seguida da gênese de um 
potencial bioelétrico lento (o potencial receptor ou potencial gerador). A codificação 
consiste na transformação do potencial receptor em potenciais de ação. 
Os tipos de transdução acompanham os tipos de receptores. Assim, os 
mecanorreceptores realizam uma transdução mecanoneural ou mecanoelétrica 
(audioneural ou audioelétrica, no caso particular dos receptores auditivos), os 
fotorreceptores realizam uma transdução fotoneural ou fotoelétrica, e assim por 
diante: transdução quimioneural ou quimioelétrica. A característica importante da 
transdução é a proporcionalidade entre o estímulo e a resposta, o que significa que 
o potencial receptor realmente traduz as características principais do estímulo: sua 
intensidade e sua duração. Estímulos mais fortes (mais intensos) provocam 
potenciais receptores maiores, e estímulos mais duradouros igualmente provocam 
potenciais mais duradouros. O potencial receptor é um potencial lento, de tipo 
analógico, semelhante aos potenciais sinápticos: seus parâmetros de amplitude e 
duração variam proporcionalmente aos parâmetros equivalentes do estímulo. A 
transdução é uma conversão análogo – analógica, ou seja, envolve dois códigos 
analógicos. 
A codificação neural consiste na representação dos parâmetros do estímulo 
sensorial incidente por parâmetros de um código digital, como nos computadores. A 
codificação pode ocorrer na mesma célula receptora, em uma segunda célula 
conectada com o receptor através de uma sinapse química, ou mesmo em um 
terceiro ou quarto neurônio na cadeia sensorial. Os parâmetros do estímulo são 
representados pelos parâmetros do potencial receptor que resulta da transdução, 
após a codificação passam a sê – lo também pelo código de freqüências e pela 
duração da salva de potenciais de ação da fibra. 
 23
Geralmente os sistemas sensoriais são constituídos por conjuntos 
organizados de receptores, às vezes formando órgãos receptores, como o olho e o 
ouvido, outras vezes distribuídos por uma vasta superfície de captação dos 
estímulos, como a pele. Sendo assim, em condições naturais raramente um estímulo 
atinge um único receptor, mas vários de uma só vez. Quando pressionamos com um 
lápis a superfície da pele de um dedo da mão, por exemplo, os receptores situados 
bem sob a ponta do lápis são estimulados com maior intensidade, e esta vai 
diminuindo gradualmente para longe da ponta. Obviamente, os potenciais receptores 
gerados exatamente sob a ponta do lápis têm maior amplitude que os mais 
afastados, e correspondentemente a freqüência de potenciais de ação produzidos 
nas fibras que se originam sob a ponta do lápis é maior que nas regiões periféricas. 
O sistema nervoso central, então, recebe na verdade um ‘‘ mapa” codificado em 
potenciais de ação, que representa a topografia do estímulo. Isso se deve 
parcialmente a organização topográfica que é característica de muitos sistemas 
sensoriais, e que envolve o agrupamento de fibras nervosas e corpos neuronais lado 
a lado, de acordo com a posição espacial dos receptores. Na modalidade 
somestésica, essa organização se chama somatotopia. Na modalidade visual, 
chama – se visuotopia se considerarmos o campo visual, ou retinotopia se 
considerarmos a retina. É lógico concluir que a organização topográfica é mais 
precisa nos sentidos em que a localização espacial é uma propriedade relevante, 
como a visão e a somestesia. A audição apresenta uma organização topográfica 
particular, desvinculada do atributo de localização espacial. 
Nem todos os receptores são capazes de sustentar um potencial receptor 
durante períodos prolongados, embora os estímulos sensoriais muitas vezes sejam 
duradouros. Na verdade, quando o estímulo se inicia o potencial receptor atinge 
certa amplitude e logo decresce a um valor menor que depois se torna estável. Esse 
fenômeno se chama adaptação e constitui uma propriedade importante dos 
receptores, que muda bastante sua capacidade de representação do estímulo. São 
receptoresde adaptação lenta, aqueles cujo potencial receptor decresce pouco 
depois de atingir a amplitude proporcional ao estímulo, e os de adaptação rápida são 
aqueles cujo potencial receptor decresce muito e rapidamente, depois de atingir a 
amplitude proporcional ao estímulo, podendo chegar a zero. l 
 24
 
 
CAPÍTULO III 
 
OS SENTIDOS E SUAS VIAS 
 
 
Nas primeiras semanas, os cinco sentidos do bebé já estão a 
funcionar. Ele absorve as visões, os sons, os cheiros, os 
sabores e todos os contactos com este maravilhoso mundo 
novo. Como qualquer capacidade humana, o desenvolvimento 
dos sentidos faz-se ao longo de toda a vida, mas é no primeiro 
ano que tudo começa. (Jack deGroot, 1994:80) 
 
 
 
Os cinco sentidos fundamentais do corpo humano - tato, gustação ou paladar, 
olfato, audição e visão - constituem um conjunto de funções que propicia o seu 
relacionamento com o ambiente. A propriocepção é por vezes referida como o sexto 
sentido. Por meio dos sentidos, o nosso corpo pode perceber tudo o que nos rodeia; 
e, de acordo com as sensações, decide o que lhe assegura a sobrevivência e a 
integração com o ambiente. 
 
 Onde quer que estejamos o ambiente ao nosso redor está sempre se 
alterando. 
 Calor e frio, dia e noite, silêncio e ruídos, odores, sabores e mais uma 
infinidade de estímulos do meio ambiente são captados pelos nossos órgãos dos 
sentidos. Assim, tomamos conhecimento do que acontece à nossa volta: 
pelo tato - sentimos o frio, o calor, a pressão atmosférica, etc. 
pela gustação - identificamos os sabores; 
pelo olfato - sentimos o odor ou cheiro; 
pela audição - captamos os sons; 
pela visão - observamos as cores, as formas, os contornos, etc. 
 Portanto, em nosso corpo os órgãos dos sentidos estão encarregados de 
receber estímulos externos. Esses órgãos são: 
a pele - para o tato; 
 25
a língua - para a gustação; 
as fossas nasais - para o olfato; 
os ouvidos - para a audição; 
os olhos - para a visão. 
 
 Na verdade, todas as sensações são interpretadas no cérebro. Os órgãos 
dos sentidos recebem os estímulos (luz, som, gosto, cheiro, temperatura, dor, 
pressão, etc.) e os transmitem ao cérebro, através de nervos sensoriais. O cérebro, 
então, "entende" a mensagem. 
O corpo humano é a mais perfeita máquina já construída e é formado por 
diversas partes que se relacionam entre si, ou seja, os vários sistemas que formam 
nosso organismo dependem um do outro para realizarem suas atividades. Milhares 
de reações químicas acontecem a todo o momento e são responsáveis pela 
manutenção e o funcionamento perfeito do nosso corpo, que vem se transformando 
e evoluindo para se adaptar aos diversos ambientes que o homem foi conquistando 
com o passar do tempo. 
Os sentidos são a porta de ligação do nosso meio interno com o ambiente. Por meio 
dos sentidos, o organismo pode perceber as coisas que nos rodeiam e mandar as 
mensagens necessárias para nossa melhor adaptação, contribuindo assim, com a 
sobrevivência e a integração do ser humano com o ambiente no qual ele está 
inserido. 
 
 Os sentidos estão ligados a todos os sistemas 
A atuação estratégica está baseada na atuação do profissional que executa 
o treinamento, pois este deve possuir conhecimento sobre todo o sistema, e não 
apenas da sua área; deve liderar o processo de fazer a organização aprender a 
aprender, trazendo novas tecnologias de aprendizagem e fazer com que as pessoas 
possam contribuir para que os objetivos da organização sejam alcançados. 
Com isso, fica-se notório a necessidade das empresas deixarem de encarar 
o desenvolvimento de pessoal como algo pontual, treinando-os em habilidades 
específicas. 
 26
3.1 - VISÃO 
 
 
A luz visível faz parte do espectro da radiação eletromagnética e se encontra 
entre os 380 e760nm de comprimento. Esta porção do espectro foi essencial, não só 
para possibilitar o sentido da visão, mas primariamente para desencadear a vida em 
nosso planeta. Neste espectro estão a quantidade de energia compatível com os 
fenômenos biológicos que dependem da luz: as plantas realizam a fotossíntese e o 
crescimento fototrópico; a fotossensibilidade também está presente nos protozoários 
e animais multicelulares. A sensibilidade à luz ocorre em estruturas denominadas 
máculas, mas para se enxergar, isto é, para se ser capaz formar imagem é 
necessário adicionalmente um sistema de lentes. Esse órgão óptico é coletivamente 
denominado olho. 
A cor da luz percebida é determinada por três fatores: matiz (depende do 
comprimento da onda; o espectro da luz visível corresponde às matizes que o nosso 
olho enxerga), saturação (pureza relativa da luz, ou seja, se um objeto nos parece 
branco é porque reflete todas as matizes da luz) e brilho (intensidade da luz). 
O olho dos vertebrados é semelhante a uma câmara fotográfica, porém bem mais 
complexo. O olho possui um mecanismo de busca e de focalização automática do 
objeto de interesse, um sistema de lentes que refratam a luz (uma fixa e outra 
regulável), pupila de diâmetro regulável, filme de revelação rápida das imagens e um 
sistema de proteção e de manutenção da transparecia do aparelho ocular. As 
células sensíveis à luz estão na retina e através de um processo fotoquímico, os 
fotorreceptores transformam (“transduzem”) fótons em mudanças do potencial de 
membrana (potencial receptor). Antes dos sinais visuais se tornarem conscientes no 
cérebro, estes são pré-processadas na retina por uma camada de células nervosas. 
As informações aferentes chegam ao encéfalo através do nervo óptico (II par de 
nervos cranianos) e já foram previamente triadas sobre determinadas características 
da cena visual. O olho além de possibilitar a análise do ambiente à distância, permite 
discriminar os objetos quanto a suas formas, se estão perto ou longe, se estão em 
movimento e dependendo da espécie, se são coloridos. Além da construção visual 
sobre o ambiente onde se encontram as imagens são utilizadas como elementos de 
comunicação. 
 
 27
Anatomia do Olho Humano 
 
O olho, igualmente denominado globo ocular, é um órgão duplo e simétrico, já 
que o ser humano apresenta na sua constituição dois olhos, localizados em 
cavidades ósseas da parte anterior do crânio, denominadas órbitas. O globo ocular 
tem uma forma esférica, mas algo aplanada no sentido vertical, com um diâmetro 
que nos adultos pode chegar aos 24,5 mm. É formado por três camadas 
concêntricas e composto por uma série de estruturas que controlam a passagem 
dos raios luminosos provenientes do exterior, com vista à projetá-los sobre uma 
membrana sensível aos estímulos luminosos, onde são formadas as imagens 
posteriormente elaboradas pelo cérebro. 
A camada externa do olho é constituída por duas estruturas: a esclerótica e a 
córnea. A esclerótica é uma túnica resistente e opaca, formada por tecido conjuntivo, 
que constitui a maioria do revestimento externo do olho, embora apenas seja 
perceptível na parte anterior, onde é possível apreciar a sua típica cor branca - o 
popular "branco do olho". A esclerótica serve de base para uma série de pequenos 
músculos que proporcionam aos olhos a sua típica mobilidade, permitindo que se 
desvie nas diferentes direções de maneira coordenada com o outro globo ocular. Na 
parte anterior, como se fosse uma "janela" do olho encontra-se a córnea, um disco 
transparente com a forma de uma abóbada adjacente à esclerótica ao longo de toda 
a sua periferia (limbo esclerocorneano) como se fosse o vidro de um relógio, através 
das quais os raios luminosos podem penetrar no interior do globo ocular. 
A camada média do olho corresponde à úvea, a camada vascular do olho, 
responsável pela nutrição dos restantes componentes do globo ocular e formada por 
várias estruturas: íris, corpo ciliar e coróideo. A íris é um disco situado poucos 
milímetros atrás da córnea, majoritariamentecomposto por fibras musculares e 
constituído por uma quantidade variável de pigmentos, dos quais depende a cor 
evidenciada para o exterior, condicionada por fatores genéticos e variáveis de 
pessoa para pessoa. No centro da íris existe uma abertura circular, a pupila, 
perceptível desde o exterior como um ponto de cor negra, cujo grau de contração ou 
dilatação, alterado pela ação das fibras musculares do disco, regula a passagem dos 
raios luminosos até ao fundo do olho. À volta da íris, é possível encontrar o corpo 
 28
ciliar, uma estrutura igualmente constituída por abundantes fibras musculares que 
formam o músculo ciliar, ligada ao cristalino através de um ligamento, cuja contração 
altera a curvatura da lente, de modo a possibilitar a incidência dos raios luminosos 
sobre a retina. O corpo ciliar é igualmente constituído por formações vasculares 
encarregados da secreção do humor aquoso, o líquido que ocupa a parte anterior do 
olho. O coróideo é a porção mais extensa da úvea, já que se estende desde o corpo 
ciliar ao longo de toda a porção posterior do globo ocular, entre a esclerótica e a 
retina, sendo composto por abundantes vasos sanguíneos e tendo como principal 
função nutrir as estruturas sem irrigação própria, nomeadamente os elementos 
sensoriais da retina. 
A camada interna do olho corresponde à retina, a membrana sensível sobre a 
qual são projetados os raios luminosos, formada por várias camadas de células que 
originam duas unidades: a retina pigmentar ou sensorial, onde se encontram os 
fotorreceptores, e a retina neural, constituída por células de sustentação e por 
outras, cujos prolongamentos formam o nervo óptico. É possível distinguir dois tipos 
de fotorreceptores, as células responsáveis pela transformação dos estímulos 
luminosos em impulsos nervosos: os cones, que reagem em ambientes bem 
iluminados, sendo sensíveis às cores, e os bastonetes, que reagem em ambientes 
pouco iluminados, proporcionando uma visão a preto e branco. 
Por outro lado, é possível distinguir dois setores específicos sobre a superfície 
da retina. Um deles, situado exatamente no pólo posterior do globo ocular, é a 
mancha amarela ou mácula lútea, uma pequena zona de cor amarela, cuja parte 
central se encontra ligeiramente deprimida (favea centrais) e onde apenas existem 
cones, que corresponde à área de maior acuidade visual. O outro ligeiramente 
deslocado para a região interna, é a papila óptica, correspondendo ao ponto através 
do qual as fibras nervosas das células da retina que transportam os estímulos 
visuais saem do olho, atravessando o coróideo e a esclerótica, de forma a 
constituírem o nervo óptico. Como este sector não apresenta fotorreceptores, é 
designado "ponto cego". 
O conteúdo do olho apresenta vários elementos: o cristalino, o humor aquoso 
e o humor vítreo. O cristalino é uma estrutura fundamental para garantir uma visão 
correta, já que atua como uma lente que possibilita a incidência dos raios luminosos 
 29
sobre a retina. O cristalino é um disco transparente biconvexo, com elevado 
conteúdo aquoso situado por trás da íris, graças a um ligamento que o une ao 
músculo ciliar, cujo grau de contração altera a forma da lente e, consequentemente, 
a sua curvatura, adaptando a sua capacidade de incidência. À frente do cristalino, os 
espaços situados entre a lente e a íris (câmara posterior) e o localizado entre esta e 
a córnea (câmara anterior) são ocupados pelo humor aquoso, um líquido 
transparente produzido pelo corpo ciliar, que circula de um espaço para o outro, 
atravessando a pupila. 
Por trás do cristalino, entre a superfície posterior da lente e a retina, existe um 
espaço ocupado pelo humor vítreo, uma massa gelatinosa transparente que garante 
ao olho a sua forma globular, atravessado no seu centro por um fino canal 
designado canal hióideo. 
O sistema óptico humano é capaz de distinguir milhões de cores, mas na 
prática a quantidade que vemos depende de termos aprendido ou não a enxerga – 
lãs. 
As áreas visuais do encéfalo ficam na parte posterior; assim a informação 
proveniente dos olhos tem de percorrer toda a profundidade do cérebro antes de 
começar a ser processada e convertida em visão. A informação visual pode 
direcionar as ações dentro de um quinto de segundo, mas leva cerca de meio 
segundo para que vejamos conscientemente um objeto. 
O cérebro usa dois tipos pistas para produzir uma percepção tridimensional 
do mundo. A primeira é a imagem ligeiramente diferente registrada em cada olho( 
disparidade binocular) e a outra é a maneira como a forma percebida de um objeto 
se modifica enquanto ele se move. 
 
 
 
 
 
 
 30
 
3.2 - AUDIÇÃO 
 
A constituição do sistema auditivo não segue uma projeção linear de 
neurônios que ascendem da cóclea até o córtex cerebral, mas sim uma formação 
em rede que interage intensamente com outros sistemas neuronais, como o da 
linguagem (do qual ele faz parte) e o sistema límbico. Essa interação é feita através 
de sensores, núcleos nervosos presentes em diferentes alturas e de conexões 
aferentes e eferentes que seguem mais de um caminho e às vezes entram em 
contato entre si, formando circuitos de retroalimentação. 
 
 A descoberta desse novo conceito sobre o funcionamento em rede do sistema 
auditivo deu grande impulso no interesse sobre as relações anatômicas e funcionais 
das vias auditivas eferentes (VAE) e sobre o seu papel na audição dos seres 
humanos. 
 
 No entanto, esse interesse na verdadeira função das VAE não é recente, 
iniciando-se com Rasmussen, a partir de 1946, através de uma série de estudos 
anatômicos. Quirós, em 1973, esclareceu que a descoberta das fibras eferentes foi 
feita primeiramente pelo anatomista Cajal, que as considerou parte do nervo 
vestibular, cabendo a Rasmussen o mérito de identificá-las como descendentes da 
região dos núcleos Olivares até a cóclea. Quirós comenta ainda que Galambos, em 
1958, afirmou que havia eferências auditivas desde o córtex cerebral e que essas se 
relacionavam com o sistema límbico e com a substância reticular mesencefálica na 
modulação das mensagens auditivas. 
 
 Hoje sabe-se que o sistema eferente auditivo pode ser encontrado em todas as 
classes de vertebrados e em alguns invertebrados. Em humanos, esse sistema 
emerge do córtex até a cóclea e, nos níveis inferiores, as fibras partem 
preferencialmente do núcleo do complexo olivar superior e caminham em direção à 
orelha interna. 
 
 
 31
RELAÇÕES ANATÔMICAS DAS VIAS AUDITIVAS 
 
 Todas as fibras eferentes originadas dos mais diversos pontos do sistema 
nervoso central organizam-se no nível do complexo olivar superior (COS). A partir 
desse ponto, descem em direção à cóclea através de dois tratos distintos, o Trato 
Olivococlear Medial (TOM), que tem como destino final as células ciliadas externas 
(CCE) e o Trato Olivococlear Lateral (TOL), responsável pela inervação das células 
ciliadas internas (CCI). 
 
 Sabe-se que as CCE possuem uma capacidade de contração rápida que 
independe da presença de ATP, actina e miosina. Essa contração tem a finalidade 
de amplificar o estímulo sonoro através do contato entre as CCI e a membrana 
tectorial, com conseqüente despolarização das células e condução do estímulo 
pelas vias auditivas. Por essas características, as CCE são consideradas 
amplificadores mecânicos, enquanto as CCI são as verdadeiras receptoras e 
codificadoras dos estímulos sonoros. 
 
 Analisando-se a inervação aferente da cóclea, esse conceito é ainda mais 
reforçado. As CCI são inervadas por neurônios tipo I, grandes e mielinizados, 
compreendendo 90 a 95% da população total dos gânglios espirais e responsáveis 
por uma condução rápida e eficiente. Já as CCE possuem neurônios tipo II, 
pequenos, sem bainha de mielina e com poucas organelas citoplasmáticas, 
representando 5 a 10% das fibras aferentesdo nervo auditivo. 
 
 Já em relação ao sistema eferente, esse quadro se altera completamente. As 
CCE recebem inervação eferente de fibras largas e mielinizadas, 80% contralaterais, 
que compõem o TOM. As CCI, inervadas pelo TOL, recebem neurônios pequenos, 
desmielinizados, 90% ipslaterais e com uma velocidade de condução nervosa muito 
lenta. 
 
 As primeiras fibras auditivas descendentes têm origem cortical, mais 
precisamente no córtex auditivo primário. O córtex manda as suas projeções para o 
COS de forma indireta, através do tálamo e do colículo inferior. A partir desse ponto, 
as fibras caminham em direção ao COS juntamente com a eferência vestibular e 
 32
dividem-se em fibras que cruzam a linha média na altura do assoalho do IV 
ventrículo, e nas que descem ipisilateralmente, como pode ser visto na Figura 1. 
 
 As fibras auditivas eferentes saem do tronco como parte do nervo vestibular 
inferior e entram na cóclea entre o giro basal e o segundo giro, na margem externa 
do canal de Rosenthal, via anastomose vestibulococlear de Oort, no fundo do meato 
acústico interno e progridem em direção ao ápice coclear através do trato espiral 
intraganglionar. As fibras eferentes entram no órgão de Corti, através da habenula 
perforata, justapostas às fibras auditivas aferentes. 
 
 
Figura 3: Esquema de formação das vias auditivas eferentes. 
 
 
 
 
 33
 
 Várias substâncias estão envolvidas na transmissão de estímulos através do 
sistema auditivo eferente e conhecer sua ação é necessário para entender os 
processos que ocorrem na fenda sináptica desses nervos. 
 
 Vários estudos apontam a acetilcolina como o principal neurotransmissor do 
TOM e do TOL 8-10. Já o glutamato está preferencialmente envolvido com a 
transmissão nervosa dos neurônios do TOM 11, enquanto o GABA (ácido gama 
aminobutírico), a dopamina e os opióides endógenos são mais freqüentes nas 
fendas sinápticas do TOL. Aparentemente o GABA e a dopamina estão relacionados 
com a proteção das terminações nervosas em relação aos efeitos lesivos do ruído, 
já que ambos sofrem um aumento na fenda sináptica em situações de ruído intenso. 
Por outro lado, os opióides endógenos são liberados em momentos de forte estresse 
físico e emocional e, quando presentes na fenda sináptica, aumentam a descarga 
elétrica sobre as CCI e sobre os neurônios aferentes tipo I. 
 
FUNÇÕES DAS VIAS AUDITIVAS EFERENTES 
 
 Inúmeros trabalhos tentaram determinar a verdadeira ação das VAE sobre a 
audição humana. Entretanto, os reais mecanismos fisiológicos de interação dos 
sistemas auditivos aferente e eferente na modulação da resposta ao estímulo sonoro 
ainda não foram bem esclarecidos. Há muita discordância na literatura sobre as 
funções específicas do TOM e do TOL, principalmente por problemas técnicos na 
captação das respostas isoladas de cada trato, especialmente do TOL, pois a 
ausência de mielina dificulta a detecção das descargas elétricas. 
 
 O método mais direto de estimulação das VAE é a colocação de eletrodos no 
assoalho do IV ventrículo ou a infusão de neurotransmissores próximo às 
terminações nervosas. Apesar de muito usadas experimentalmente, as duas 
técnicas sempre foram clinicamente limitadas pela impossibilidade de estudo em 
humanos. Em 1978, a descoberta das Emissões Otoacústicas (EOA) por Kemp 
permitiu analisar fisiologicamente as VAE, já que as EOA são emitidas pelas CCE 
que, por sua vez, são diretamente moduladas pela ativação do sistema eferente 
medial. 
 34
 
 As VAE também podem ser estudadas através de estímulos acústicos 
apresentados ipsi ou contralateralmente à orelha estudada. Classicamente a 
amplitude das emissões transitórias e dos produtos de distorção sofre um 
decréscimo com o uso da estimulação acústica contralateral em comparação com a 
medida padrão. O mecanismo pelo qual isso acontece ainda não está bem 
estabelecido, mas acredita-se que o TOM possa produzir uma contração lenta nas 
CCE como forma de modular e inibir as suas contrações rápidas, proporcionando 
mais um mecanismo de proteção das estruturas da orelha interna diante da 
estimulação acústica. Chegou-se a aventar que essa supressão das emissões 
otoacústicas diante de um estímulo acústico contralateral poderia ser mediada pelos 
músculos da orelha média. Entretanto, algumas evidências confirmaram a hipótese 
do envolvimento neural nesse mecanismo, como o fato da supressão ocorrer 
especificamente para cada freqüência, de ser desencadeada por estímulos 
contralaterais baixos o suficiente para não proporcionar a contração dos músculos e 
de ocorrer mesmo em indivíduos com ausência do reflexo estapediano. 
 
 Várias são as funções creditadas às VAE, mas talvez o efeito mais 
conhecido seja a diminuição da amplitude do potencial de ação (N1) do nervo 
coclear, o que foi demonstrado várias vezes tanto pela estimulação elétrica exclusiva 
do TOM, como pela estimulação acústica. Como o potencial de ação é gerado pelas 
fibras aferentes que inervam as CCI, podemos concluir que de algum modo, o TOM 
(inervação eferente das CCE) influencia as aferências que partem das CCI. Essa 
ativação do TOM leva a uma mudança nos movimentos do órgão de Corti em função 
das contrações lentas produzidas nas CCE. Essa mudança nas contrações acarreta 
uma diminuição da amplitude dos movimentos da membrana tectorial alterando a 
estimulação das CCI e por sua vez, diminuindo o potencial de ação do nervo 
coclear. 
 
 
 
 35
3.3 - PALADAR 
As submodalidades gustativas são: doce, ácido, amargo e salgado. Os 
receptores gustativos são sensíveis a todos os estímulos, sendo mais sensível a 
uma submodalidade especifica. Os estímulos químicos que causam mais 
eficientemente cada uma das modalidades são: NaCl (salgado); sacarose (doce), 
quinino (amargo) e ácido (HCl). Por outro lado, alguns aminoácidos como sacarina e 
o aspartame que são utilizados nos adoçantes causam sensação de doce... Uma 
outra submodalidade denominada umami (delicioso em japonês) é estimulada pelo 
aminoácido glutamato especialmente uma sensação prazerosa. 
Realizando testes com várias substâncias químicas observou-se que os 
receptores gustativos respondem a todas elas, porém, com preferência a 
determinadas substâncias. No exemplo ao lado, um determinado receptor responde 
mais sensivelmente com PR despolarizante ao NaCl enquanto o outro, tanto ao 
NaCl como ao HCl. Repare que as fibras aferentes primárias aumentam a freqüência 
dos PA em sincronia aos PR despolarizantes e diminuem aos PR hiperpolarizantes. 
As substâncias químicas operam alterando o PA de maneira mais ou menos 
especifica para o grupo de substâncias químicas: 
1) passam diretamente pelos canais iônicos (NaCl e amargo) 
2) ligam-se aos canais iônicos bloqueando-os (amargo e quinino) 
3) ligam-se aos canais iônicos abrindo-os 
4) ligam-se a receptores moleculares que ativam 2o mensageiros que por sua vez, 
abrem ou fecham canais iônicos(doce e amargo) 
Repare que em todos os casos a via final comum é estimular a liberação de 
NT na sinapse que é um processo cálcio-dependente (como nas demais 
neurotransmissões). Ativações dos receptores gustativos dependem de “chaves” 
para cada “fechadura” especifica e que a resposta de cada botão gustativo (conjunto 
de células sensoriais) deverá ser o resultado do recrutamento de determinadas 
fibras aferentes. 
Outras modalidades sensoriais contribuem com a experiência gustativa 
consciente. 
 36
De que modo então os variados alimentos evocam sabores tão peculiares? 
Como discriminamos o sabor de um sorvete e de um churrasco? 
A percepção consciente dos alimentos que experimentamos depende da 
interpretação integrada com as informações aferentes não só gustativa como 
também olfativas que emanam do alimento. (o quê acontece quando você está 
resfriado e oepitélio olfativo está recoberto com muco?). Além disso, características 
como textura e temperatura também fazem parte das informações que contribuem 
com o sentido do paladar (aferentes somestésicos, mediados V par =trigêmeo). 
Alguns sabores são enfatizados quando associados à dor... Isso mesmo: os 
alimentos de sabor picante estimulam nociceptores químicos que para alguns 
enfatizam o sabor e aumenta a palatabilidade do alimento. Assim, alem da sensação 
de fome, a palatabilidade também aumenta (ou diminui) a nossa ingestão alimentar. 
A via gustativa: 
Os impulsos originados nos 2/3 anteriores da língua chegam ao SNC pelo VII 
par craniano. Já o IX par é responsável por 1/3 posterior e faringe e o X par, pela 
epiglote. As projeções centrais dos neurônios de primeira ordem ocorrem no bulbo, 
mais especificamente no núcleo do trato solitário. Dai, os neurônios de 2a.ordem 
projetam-se para o tálamo (Núcleos Ventrais Póstero Mediais ou VPM) do mesmo 
lado e do lado oposto. As fibras tálamo-corticais (3a.ordem) se projetam para o 
córtex cerebral, na área gustativa primária, situada na parte inferior do giro pós-
central, adjacente à parte somestésica da língua. 
Gustação ou Paladar 
Os sentidos gustativo e olfativos são chamados sentidos químicos, porque 
seus receptores são excitados por estimulantes químicos. 
Os receptores gustativos são excitados por substâncias químicas existentes 
nos alimentos, enquanto que os receptores olfativos são excitados por substâncias 
químicas do ar. Esses sentidos trabalham conjuntamente na percepção dos sabores. 
O centro do olfato e do gosto no cérebro combina a informação sensorial da 
língua e do nariz. 
 37
 
O receptor sensorial do paladar é a papila gustativa. É constituída por células 
epiteliais localizadas em torno de um poro central na membrana mucosa basal da 
língua. Na superfície de cada uma das células gustativas observam-se 
prolongamentos finos como pêlos, projetando-se em direção da cavidade bucal; são 
chamados microvilosidades. Essas estruturas fornecem a superfície receptora para 
o paladar. 
Observa-se entre as células gustativas de uma papila uma rede com duas ou 
três fibras nervosas gustativas, as quais são estimuladas pelas próprias células 
gustativas. Para que se possa sentir o gosto de uma substância, ela deve 
primeiramente ser dissolvida no líquido bucal e difundida através do poro gustativo 
em torno das microvilosidades. Portanto substâncias altamente solúveis e difusíveis, 
como sais ou outros compostos que têm moléculas pequenas, geralmente fornecem 
graus gustativos mais altos do que substâncias pouco solúveis difusíveis, como 
proteínas e outras que possuam moléculas maiores. 
A gustação é primariamente uma função da língua, embora regiões da 
faringe, palato e epiglote tenham alguma sensibilidade. Os aromas da comida 
passam pela faringe, onde podem ser detectados pelos receptores olfativos. 
As Quatro Sensações Gustativo-Primárias: 
Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células 
sensoriais percebem os quatro sabores primários, aos quais chamamos sensações 
gustativas primárias: amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). De 
sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro 
tipos de receptores gustativos, na superfície da língua, não é homogênea. 
 
 
 
 
 38
 
Figura 4 – Papilas gustativas na língua 
Até os últimos anos acreditava-se que existiam quatro tipos inteiramente 
diferentes de papila gustativa, cada qual detectando uma das sensações gustativas 
primárias particulares. Sabe-se agora que todas as papilas gustativas possuem 
alguns graus de sensibilidade para cada uma das sensações gustativas primárias. 
Entretanto, cada papila normalmente tem maior grau de sensibilidade para uma ou 
duas das sensações gustativas. 
O cérebro detecta o tipo de gosto pela relação (razão) de estimulação entre 
as diferentes papilas gustativas. Isto é, se uma papila que detecta principalmente 
salinidade é estimulada com maior intensidade que as papilas que respondem mais 
a outros gostos, o cérebro interpreta a sensação como de salinidade, embora outras 
papilas tenham sido estimuladas, em menor extensão, ao mesmo tempo. 
Cada comida ativa uma diferente combinação de sabores básicos, ajudando a 
torná-la única. Muitas comidas têm um sabor distinto como resultado da soma de 
seu gosto e cheiro, percebidos simultaneamente. Além disso, outras modalidades 
sensoriais também contribuem com a experiência gustativa, como a textura e a 
temperatura dos alimentos. A sensação de dor também é essencial para sentirmos o 
sabor picante e estimulante das comidas apimentadas. 
 
 
 39
REGULAÇÃO DA DIETA PELAS SENSAÇÕES GUSTATIVAS 
As sensações gustativas obviamente auxiliam na regulação da dieta. Por 
exemplo, o sabor doce é normalmente agradável, o que faz com que um animal 
procure preferentemente alimentos doces. Por outro lado, o gosto amargo é 
geralmente desagradável, fazendo com que os alimentos amargos, que geralmente 
são venenosos, sejam rejeitados. O gosto ácido é muitas vezes desagradável, o 
mesmo ocorrendo com o sabor salgado. O prazer sentido com os diferentes tipos de 
gosto é determinado normalmente pelo estado de nutrição momentâneo do 
organismo. Se uma pessoa está há muito sem ingerir sal, por motivos ainda não 
conhecidos, a sensação salgada torna-se extremamente agradável. 
Caso a pessoa tenha ingerido sal em excesso, o sabor salgado ser-lhe-á 
bastante desagradável. O mesmo acontece com o gosto ácido e, em menor 
extensão, com o sabor doce. Dessa forma, a qualidade da dieta é automaticamente 
modificada de acordo com as necessidades do organismo. Isto é, a carência de um 
determinado tipo de nutriente geralmente intensifica uma ou mais sensações 
gustativas e faz com que a pessoa procure alimentos que possuam o gosto 
característico do alimento de que carece. 
IMPORTÂNCIA DO OLFATO NO PALADAR 
Muito do que chamamos gosto é, na verdade, olfato, pois os alimentos, ao 
penetrarem na boca, liberam odores que se espalham pelo nariz. Normalmente, a 
pessoa que está resfriada afirma não sentir gosto, mas, ao testar suas quatro 
sensações gustativas primárias, verifica-se que estão normais. 
As sensações olfativas funcionam ao lado das sensações gustativas, 
auxiliando no controle do apetite e da quantidade de alimentos que são ingeridos. 
TRANSMISSÃO DE ESTÍMULOS AO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
As vias de transmissão dos estímulos gustativos ao tronco cerebral e daí ao 
córtex cerebral. Os estímulos passam das papilas gustativas na boca ao tracto 
solitário, localizado na medula oblonga (bulbo). Em seguida, os estímulos são 
transmitidos ao tálamo; do tálamo passam ao córtex gustativo primário e, 
 40
subseqüentemente, às áreas associativas gustativas circundantes e à região 
integrativa comum que é responsável pela integração de todas as sensações. 
REFLEXOS GUSTATIVOS 
Uma das funções do aparelho gustativo é fornecer reflexos às glândulas 
salivares da boca. Para tanto, estímulos são transmitidos do tracto solitário, no 
cérebro, aos núcleos vizinhos que controlam a secreção das glândulas salivares. 
Quando o alimento é ingerido, o tipo de sensação gustativa, atuando através desses 
reflexos, ajuda a determinar se a secreção salivar deverá ser grande ou pequena. 
 
3.4 - OLFATO 
 
 A olfação é tão importante quanto qualquer outro sistema do sentido. Ela nos 
permite a interação com o meio em que vivemos através da percepção dos seus 
odores e a sua alteração promove importante prejuízo e risco diário. É 
imprescindível ressaltar a sua relação com a gustação, pois sem o olfato não 
sentimos de forma adequada o sabor dos alimentos, perdendo assim o apetite e o 
prazer com a alimentação. 
 
 A qualidade de vida está intimamente relacionada com o olfato para cidadãos 
comuns e para aqueles que dependemdiretamente dela para melhor executar suas 
funções como cozinheiros, bombeiros, distribuidores de comidas e bebidas, 
degustadores, produtores de vinhos, empregados de indústria química, produtores 
de perfume e outros. 
 
 Desde o século passado, inúmeros testes foram realizados para avaliar o 
olfato, porém de forma muito subjetiva, tendo-se dificuldades em mensurar ou 
especificar a perda. Felizmente, grandes progressos foram obtidos nas últimas 
décadas com o desenvolvimento de métodos psicofísicos e eletrofisiológicos para 
testar a olfação. 
A qualidade e intensidade da percepção olfatória depende do estado anatômico e 
funcional do epitélio nasal e dos sistemas nervoso central e periférico. 
 
 41
Aspectos anatômicos 
 
 Através do processo evolutivo, três sistemas neurais relacionam-se ao 
olfato: o primeiro e o quinto pares cranianos (olfatório e trigêmeo, respectivamente) e 
o nervo terminal (zero). O nervo olfatório é responsável pela sensação do odor 
propriamente dito e o nervo trigêmeo, pelas sensações somatossensoriais como frio, 
ardor, irritação e toque. A região olfatória localiza-se no teto da cavidade nasal (na 
altura da lâmina crivosa do etmóide), concha nasal superior e terço superior do 
septo nasal, possuindo 1 a 2 mm de espessura e sua mucosa tem uma coloração 
amarelada. Os odores alcançam à área olfatória através de dois fluxos aéreos: nasal 
anterior e retrógrado da rinofaringe. 
 
 As primeiras células responsáveis pela olfação são neurônios 
especializados bipolares (atuam como receptor periférico e primeiro gânglio), que 
sofrem constante renovação (em média 30 dias). Emitem axônios através da 
membrana basal do epitélio olfatório, onde se tornam mielinizados e atravessam a 
placa cribiforme penetrando na fossa craniana anterior, para formar conexões com o 
bulbo olfatório denominadas glomérulos (3). Estes feixes de axônio são provenientes 
de sinapses de neurônios olfatórios com os neurônios de segunda ordem do bulbo 
olfatório, passando ipsilateralmente através da placa cribiforme, porém algumas 
fibras se cruzam entre os bulbos. A informação, que é proveniente do neurônio de 
segunda ordem, é processada centralmente no córtex piriforme anterior, núcleo 
amigdalóide e lobos frontal e temporal. Os estímulos são conduzidos ao bulbo a uma 
velocidade de 50 m/seg, porém antes de chegarem ao córtex olfatório passam pelo 
tálamo, integrando-se às fibras da gustação. 
 
 O córtex olfatório compreende o núcleo olfatório anterior, o tubérculo 
olfatório, o córtex pré-piriforme, o córtex entorhinal lateral, o córtex periamigdalóide e 
o núcleo cortical da amígdala. 
 42
 
 
Figura 5. Trajeto anatômico do nervo olfatório da cavidade nasal ao bulbo olfatório. 
 
 
 Ratificam - se as relações existentes entre gustação e olfato. 
Subjetivamente, as sensações olfatórias e gustatórias estão completamente 
integradas. Esse fato é facilmente constatado nos resfriados fortes, durante os 
quais o indivíduo tem um hiposmia temporária e os alimentos perdem o sabor 
característico. O paladar é responsável pelos quatro sabores essenciais 
(amargo, azedo, doce e salgado), as outras variações do gosto são 
essencialmente olfatórias. Numa comparação, o gosto traduziria as sete notas 
fundamentais do piano e o olfato representaria o mundo infinito dos harmônicos. 
Podemos afirmar que a córtex olfatória, localizada no lobo frontal e temporal, 
está unida indiretamente às múltiplas zonas corticais, subcorticais e ao 
rinencéfalo. Assim os impulsos olfatórios oriundos da área piriforme atingem o 
hipocampo e o giro denteado, de onde fibras eferentes os levam, via alveus, 
fimbria e fornix, aos núcleos mamilares e à formação reticular do tronco 
encefálico. Fibras do corpo mamilar se conectam com o núcleo talâmico anterior 
e com o giro singular. Via "stria terminalis", fibras nervosas chegam ao 
hipotálamo, núcleos septal e pré ótico vindos do complexo amigdalóide. 
 
 
 
 
 
 43
3.5. PROPRIOCEPÇÃO 
 
O "sexto" sentido e pouco conhecido é o da propriocepção. 
 Como o próprio nome diz: é o sentido que informa o cérebro das partes que 
compõem o nosso próprio corpo. 
 É este sentido que informa nosso cérebro que há algo estranho acontecendo 
em nosso abdômen e que nos faz diferenciar entre um mal estar e a vontade de 
evacuar. 
 Também é este sentido que informa nosso cérebro sobre as eventuais 
alterações no ritmo cardíaco quando forçamos demais no futebol ou no sexo. 
 E este sentido que informa o nosso cérebro quanto à posição no espaço que 
ocupa nosso pé, nossa perna, nossa coluna, enfim, cada pequeno músculo do 
nosso organismo. 
 Em total sintonia com os demais sentidos e, desenvolvendo junto a eles na 
primeira infância, que aprendemos a falar na hora certa, andar no momento 
adequado, etc. 
Hoje a propriocepção é descrita como a conciliação do senso de posição 
articular (habilidade do indivíduo identificar a posição do membro no espaço) e da 
cinestesia (movimento articular) (Dover et al., 2003); outros autores ainda 
consideram que o termo propriocepção tem um sentido mais amplo, que inclui nesta 
definição o controle neuromuscular (Laskowski et al., 1997). 
Esses mecanoceptores iniciam o laço aferente do feedback proprioceptivo ao 
SNC (Laskowski et al., 1997). Os axônios que transportam informações dos órgãos 
para a medula são chamados de aferentes e são denominados de acordo com seu 
tamanho, ou seja, I, II, e assim por diante, conforme o diâmetro e a velocidade de 
condução relativa. Transportam as informações dos órgãos do fuso (Ia) e dos órgãos 
de Golgi do tendão (Ib) (Cailliet, 2000). 
Muitos axônios que trazem a informação proprioceptiva entram no corno 
dorsal da medula e fazem sinapses com os interneurônios. A essência da integração 
aferente com a coluna espinhal é quando estes sinais se encontram com os 
interneurônios e estes se conectam com os altos níveis do SNC. A maioria dessas 
informações proprioceptivas propaga-se até os altos níveis do SNC através do trato 
 44
dorsal lateral ou trato espinocerebelar. Os dois tratos dorsais laterais estão 
localizados na região posterior do corno espinhal e finalmente carregam os sinais ao 
córtex somatosensorial. Embora a maioria das sensações que este trato é 
responsável seja toque, pressão e vibração, grande quantidade da compreensão 
consciente do senso de posição articular e cinestesia também é atribuída a este 
trato (Riemann & Lephart, 2002). 
 
A informação proprioceptiva ou é tornada consciente ou processada 
inconscientemente. Por exemplo, manter ou o equilíbrio em geral são atos 
inconscientes. A propriocepção consciente costuma envolver processamento 
cortical, resultando em tomada de decisão. Isso resulta no comando aos músculos 
para que executem um movimento. A enorme quantidade de input proprioceptivo 
indica que boa parte é processada de forma inconsciente. 
A propriocepção usa a via coluna dorsal – leminisco medial, que passa pelo 
tálamo e termina no córtex do lobo parietal. A propriocepção inconsciente envolve os 
tratos espinocerebelares e termina no cerebelo. 
 
 A informação sensorial é o input aferente que atinge o nível de alerta 
consciente, e o caminho percorrido por esta é conhecido como aferente sensorial. A 
informação sensorial possui duas categorias: 
(1) somática: sensações que atingem a superfície do corpo; 
(2) sentidos especiais: visão, audição, paladar e olfato e tacto. 
Percepção: é a interpretação do ambiente que nos rodeia, criada pelo nosso 
cérebro a partir de impulsos nervosos gerados nos receptores sensoriais. 
O mundo real não corresponde exatamente àquele que percepcionamos por 
diversas razões: - Os receptores humanos detectam apenas um número limitado de 
formas de energia. A nossa percepção é limitada mesmo para as formas de energia 
para as quais possuímos receptores.45
 
 
 
 
CAPÍTULO IV 
 
INTEGRAÇÃO SENSORIAL 
 
 
Sem integrar a informação sensorial no seu sistema vestibular 
com as que são oriundas das suas articulçaões e dos seus 
músculos, vai ser mais difícil saber onde se encontra no 
espaço e para onde se move ou navega nele, por isso, as 
disfunções posturais são mais susceptíveis de rpovocar 
desvios motivacionais e concentracionais.(Fonseca, 2006:45) 
 
 
 
 
A Integração Sensorial é o processo pela qual o cérebro organiza as 
informações, de modo a dar uma resposta adaptativa adequada, organizando assim, 
as sensações do próprio corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente 
do mesmo no ambiente. 
Os sistemas ligados à Integração Sensorial são: vestíbulo proprioceptivo, 
somatosensorial e praxia, que estão interligados/inter-relacionados para promoção 
de um bom desempenho motor e emocional no meio ambiente. 
Visa a quantidade e qualidade de estímulos proporcionados ao sujeito, para 
que busque um equilíbrio modulado, dando assim, uma resposta que esteja de 
acordo com suas capacidades e com o meio, melhorando o desempenho de uma 
criança (por exemplo), em seu processo de aprendizagem. 
A Teoria de Integração Sensorial descreve como o indivíduo desenvolve a 
capacidade de perceber, aprender e organizar sensações recebidas do seu corpo e 
do meio para executar atividades voluntárias e significativas. Um importante 
componente desta teoria é a explicação de Ayres sobre como a criança desenvolve 
 46
a capacidade de organizar inputs sensoriais. (Ayres, 1972, 1979). Ela coloca que, 
inicialmente, a criança recém nascida experimenta sensações, mas não é capaz de 
dar significado a elas. 
Durante o caminho da criança para ampliar a percepção de seu corpo do 
mundo, e durante suas continuadas experiências interativas, a criança começa a dar 
significado às sensações que ela percebe. Enquanto a criança continua a 
experimentar vários graus, tipos e combinações de informação sensorial no meio, 
ela responde produzindo respostas adaptativas: uma resposta com objetivo e 
intencional que provoca com sucesso uma mudança no meio. Cada vez que a 
criança responde de maneira adaptativa seu sistema nervoso armazena a 
percepção e o conhecimento adquirido a partir desta experiência, utilizando-o para 
guiar organizações futuras ou diferentes experiências sensoriais e demandas do 
meio. Quando a criança é capaz de enfrentar com sucesso os desafios de seu meio 
há um aumento na habilidade do cérebro em organizar sensações para produzir 
complexas respostas adaptativas. Este processo é chamado Integração Sensorial. 
Portanto a Integração Sensorial refere-se ao processo neural através do qual 
o cérebro recebe, registra e organiza o input sensorial para uso na generalização 
das respostas adaptativas do corpo ao meio circundante, começando durante o 
desenvolvimento pré-natal. 
Os inputs vestibular e somatosensoriais têm um papel vital na criação de 
modelos precisos do corpo para o controle postural necessário à orientação corporal 
em relação à gravidade e ao meio. O processo de feedback sensorial produzido pelo 
movimento permite adaptação de ações motoras às mudanças das demandas do 
meio e das tarefas e facilita a aprendizagem motora, assim como componentes de 
aprendizagem perceptual e cognitiva. 
Ayres propôs que uma adequada integração sensorial não é apenas a base 
da aprendizagem, mas também a base da aprendizagem e do desenvolvimento 
emocional. Ela coloca que esta emoção é uma função do sistema nervoso, e que 
processar e integrar sensações para produzir respostas é básico para o crescimento 
emocional. 
 47
Portanto, integração saudável e respostas aos inputs sensoriais foram também 
associadas ao desenvolvimento e organização da ligação entre pais e criança, 
desenvolvimento social, autoconceito e auto-regulação. 
Muito foi aprendido sobre os sinais precoces de problemas nos processos 
sensoriais entrevistando as famílias de crianças mais velhas com desordens de 
integração sensorial acerca do seu desenvolvimento. Muitas dessas famílias contam 
que eles observavam que estes problemas estavam presentes desde o nascimento. 
Por exemplo, seus recém-nascidos tinham dificuldades com as demandas motoras 
orais e experiências corporais básicas, tais como subir numa cadeira ou descer uma 
escada após tê-la subido de joelhos. Além disso, a criança pode não ser capaz de 
formular sinais corporais apropriados ou gesticular para comunicar desejos de 
carinho, comida ou brinquedo favorito. Aos dois ou três anos de idade a criança 
pode apresentar problemas de evacuação ou dificuldades em adquirir habilidades 
simples de cuidado diário, tais como se vestir peças de roupa, sapatos e casacos. 
Preensão inadequada de brinquedos ou outros objetos ou o uso contínuo e repetitivo 
de comportamentos imaturos de brincar podem ser observados. 
Em uma criança pouco ativa, o comportamento de "espectador da 
brincadeira" pode começar a aparecer, com a criança (que se aproxima da idade 
pré-escolar) evitando os jogos de manipulação de brinquedos ou jogos motores, 
preferindo atividades mais sedentárias, tais como ver televisão ou olhar livros. 
Crianças brilhantes podem esconder inadequações de planejamento motor através 
de jogos de faz-de-conta e ênfase na imaginação e interação social sobre jogos de 
manipulação de objetos e coordenação global. 
Um bebê ou criança pequena com disfunção integrativo-sensorial tem 
sintomas que se imaginam refletirem uma desordem no processo neural central de 
input sensorial. 
Assim como uma desordem pode conduzir a interações desorganizadas e não 
adaptativas com o meio do qual o feedback sensorial e os modelos de ação interna 
são produzidos, também pode perpetuar o problema. O quadro clínico, no entanto, 
pode variar muito de criança para criança. As diferenças podem ocorrer tanto pela 
severidade da desordem como pela configuração dos fatores que compõem o 
 48
quadro individual de cada criança. O processo sensorial disfuncional em algumas 
crianças pode, em última instância, resultar em dificuldades de aprendizagem, que 
podem conduzir ao fracasso escolar; em outras crianças, ele pode ser refletido em 
frustrantes movimentos globais desajeitados ou em constante dificuldade em adquirir 
habilidades ocupacionais que outras crianças adquirem com facilidade. 
Desordens funcionais na habilidade para modular as sensações recebidas 
são também observadas em muitos casos nos quais a criança parece ter 
hipersensibilidade às experiências sensoriais simples, tais como andar na grama ou 
descer por um escorregador. Do mesmo modo, a criança pode falhar em se orientar 
na presença de inputs sensoriais desconhecidos, tais como um golpe de ar atrás do 
pescoço, a presença de um novo e colorido brinquedo ou uma nova pessoa 
entrando na sala. 
No processo educacional, algumas crianças são hipersensíveis quanto à 
recepção de informações sensoriais. Observa-se que crianças relatam serem 
capazes de ouvir conversas ou o som de móveis sendo arrastados em outros 
prédios. Outras crianças são tão sensíveis ao estímulo tátil (toque) que não toleram 
a sensação da etiqueta em suas camisetas. Por outro lado, algumas crianças são 
hiposensíveis a estímulos sensoriais, ou seja, são pouco sensíveis e necessitam de 
uma maior intensidade de estímulo para que este seja percebido. Outras buscam a 
sensação de intensa pressão ao serem massageadas ou ao serem firmemente 
enroladas em pesados cobertores. Isso nos reporta à diversidade humana que 
encontramos em nossas escolas, pois varia de acordo com o ambiente, influências 
genéticas, histórico-culturais, estímulos e percepções experimentadas pela mesma. 
Muitas crianças no espectro autista aparentam ter complexos padrões de 
sensibilidade. Na verdade, toda e qualquer ação da criança resulta em informação 
sensorial para o cérebro, o que contribui para o processo de organização e 
integração.

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