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Percutaneous Lumbar Laser Disc Decompression 
 
Resumo 
 
Palavras chave: PLDD; Laser; Herniation Decompression; Percutaneous Laser Surgery; 
 
 
Introdução 
 
 A ideia de se utilizar a tecnologia Laser no tratamento de hérnia de disco lombar 
surgiu no começo dos anos 80. Após um longo período de estudo antes de efetivamente 
colocar esta ideia em prática, Choy e sua equipe, em fevereiro de 1986, realizaram a primeira 
PLDD (Percutaneous Laser Disk Decompression) ou Descompressão Percutânea de Disco a 
Laser em um paciente humano. Provada então a efetividade deste método o USFood and 
Drug Administration aprovou o PLDD em 1991 e em 2002 aproximadamente 35.000 PLDDs 
foram executados no mundo (SCHENK et al, 2006) . 
O PLDD consiste em um tratamento percutâneo para hérnia de disco lombar 
classificado como “minimamente invasivo”, portanto, postula-se que o período de morbidade 
e convalescença seja menor do que na cirurgia convencional. Deste modo, o paciente 
submetido a este procedimento tem um processo de recuperação muito mais rápido, o que 
implica em um menor tempo de repouso e uma rápida retomada da sua rotina (SCHENK; 
BROUWER; VAN BUCHEM, 2006) . No entanto, ainda existem muitos céticos em relação a 
esta tecnologia que consideram o PLDD como um tratamento experimental com eficácia não 
comprovada. Este ceticismo é derivado da escassez de literatura sobre o assunto sem ensaios 
clínicos randomizados (ECR) (SINGH et al., 2009). Schenk et al, em revisão da literatura 
sobre descompressão percutânea de disco a laser lombar, concluíram que apesar do PLDD 
existir há quase 20 anos, ainda são poucas as provas científicas de sua eficácia. No entanto, 
os potenciais benefícios médicos e econômicos do PLDD são altos demais para justificar 
considerá-lo como experimental ou ineficaz, exclusivamente pelo fato das provas científicas 
serem insuficientes. 
O presente trabalho tem o intuito de realizar uma revisão da literatura referente ao 
tema PLDD com base em artigos e revistas científicas com o intuito de compreender melhor 
este tipo de tratamento, a fim de que se possa avaliar em qual estágio de desenvolvimento 
esta tecnologia se encontra, qual o papel do laser neste tipo de tratamento, quais as evidências 
que comprovam a sua eficácia e quais as suas vantagens e desvantagens. 
 
Fundamentos do PLDD 
 
O princípio deste tratamento, descrito por Choy et al. (1992), baseia-se no conceito 
de disco vertebral como um sistema hidráulico fechado. Este sistema consiste no núcleo 
pulposo, contendo uma grande quantidade de água, cercada pelo anel inelástico fibroso, 
conforme mostrado na Figura 1 (SCHENK; BROUWER; VAN BUCHEM, 2006) . 
 
Figura 1 - Hérnia de disco antes do PLDD. Adaptado de (SCHENK et al, 2006) . 
 
A dor radicular característica da hérnia de disco lombar advém da compressão da raiz 
nervosa pela porção herniada do núcleo pulposo. Ao aumentar-se o teor de água deste núcleo 
ocorre um aumento desproporcional da pressão intradiscal (SCHENK; BROUWER; VAN 
BUCHEM, 2006) . Por outro lado, uma diminuição do volume intradiscal causa uma 
diminuição desproporcionalmente grande na pressão intradiscal. Deste modo, ao reduzir-se a 
pressão intradiscal, o material do disco herniado retrocede em direção ao seu centro, o que 
leva à uma redução da compressão da raiz nervosa e, portanto, o alívio da dor radicular. No 
PLDD, aplica-se então a energia do laser com o intuito de evaporar a água no núcleo pulposo, 
a fim de que ocorra uma redução na pressão intradiscal. (SCHENK et al, 2006) . 
 
Técnica do PLDD 
 
Neste tipo de procedimento, a energia do laser é fornecida por uma fibra de laser (0,4 
mm) através de uma agulha oca inserida, sob anestesia local, no centro núcleo pulposo, 
conforme mostrado na Figura 2. Ao posicionar-se a agulha no local desejado, sua posição é 
verificada usando fluoroscopia biplanar (método mais comum), muitas vezes combinada com 
a tomografia computadorizada. A energia do laser é então liberada no núcleo pulposo para 
vaporizar seu conteúdo e reduzir a pressão intradiscal, conforme ilustrado na Figura 3. 
(SCHENK et al, 2006) . 
 
 
Figura 2 - Aplicação da energia laser no núcleo pulposo. Adaptado de (SCHENK et 
al, 2006) . 
 
Figura 3 - Hérnia de disco depois do PLDD. Adaptado de (SCHENK et al, 2006) . 
 
Além do laser causar a evaporação desta água, devido ao aumento de temperatura que 
ocorre no processo é provocada também a desnaturação e subsequente renaturação da 
proteína do próprio material do disco. Isso causa uma alteração estrutural do núcleo pulposo, 
limitando sua capacidade de atrair água e, portanto, levando a uma redução permanente da 
pressão intradiscal em 57% (SCHENK et al, 2006) . Este fenômeno que o laser promove é 
importante devido à tendência natural do núcleo pulposo de atrair água, que levaria a um 
aumento gradual do volume intradiscal (e, portanto, da pressão) em direção ao seu valor 
original caso não houvesse essa renaturação da proteína no próprio material do disco. Deste 
modo, essas mudanças estruturais limitam a capacidade futura do disco de atrair água e são 
consideradas responsáveis pelos efeitos a longo prazo do tratamento PLDD (SCHENK; 
BROUWER; VAN BUCHEM, 2006) . 
 
Tipos de laser e parâmetros utilizados no PLDD 
 
Este procedimento pode ser realizado utilizando-se diferentes tipos de laser e, 
portanto, diferentes parâmetros, conforme elencado por Schenk et al (2006) na Tabela 1. 
 
 
Tabela 1 - Tipos de laser e parâmetros. Adaptado de (SCHENK et al, 2006) . 
 
Efetividade do método 
 
Ren et al. (2013) realizaram um estudo em que acompanharam por mais de 3 anos 42 
pacientes, incluindo 25 homens e 17 mulheres com idade média de 45,2 anos (variação de 19 
a 71 anos) com hérnia de disco, submetidos a PLDD. Os pacientes foram divididos em dois 
grupos de acordo com a idade, 19 casos no grupo com idade menor ou igual a 45 anos e 23 
casos no grupo com mais de 45 anos de idade. O posicionamento da agulha foi realizado por 
fluoroscopia e através da agulha uma fibra óptica de 0,4 mm conectada a um laser Nd:YAG 
(1064 nm) foi inserida. A potência do laser foi ajustada em 13,5 W com pulsosde 1 segundo 
e pausas de 1 segundo, e a quantidade total de energia do laser fornecida foi de 500 a 800 J 
para cada disco tratado. Os resultados do acompanhamento foram classificados como 
excelentes, bons, justos e ruins, de acordo com uma metodologia descrita pelos autores para 
avaliar a taxa de melhora. 
Ao analisarem os resultados Ren et al. (2013) observaram que não houve diferença 
significativa na eficácia do PLDD nos dois grupos de diferentes idades e que a melhora 
excelente ou boa dos 42 pacientes em 1, 3, 6, 12, 24 e 36 meses de acompanhamento foi, 
respectivamente, 45,24%, 66,67%, 71,43%, 76,19%, 80,95% e 76,19%. Deste modo, 
percebeu-se que os resultados favoráveis (excelentes ou bons) melhoraram significativamente 
de 45,24% no acompanhamento de 1 mês para 66,67% no acompanhamento de 3 meses e não 
houve diferença significativa no resultado para o restante dos meses de acompanhamento. 
Esta elevada melhora dos pacientes em pouco tempo após o tratamento foi relacionada a dois 
fatores principais: vaporização instantânea, causada pelo laser, do material do núcleo pulposo 
que leva a uma redução imediata da pressão intradiscal e redução de fatores inflamatórios 
devido a geração de calor por irradiação laser. 
Os autores concluíram então que resultado clínico com PLDD melhorou 
significativamente dentro de 3 meses e se manteve em um nível alto ao longo de 3 anos e que 
a eficácia do tratamento é bastante boa tanto para os pacientes jovens quanto para os idosos. 
 
Resultados 
 
Bosacco et al. (1996) buscaram avaliar a descompressão de disco utilizando o laser 
KTP 532, em conjunto com a técnica percutânea para hérnia de disco lombar de tamanhos 
pequenos até moderados. Sessenta e três pacientes que possuíam hérnia com núcleo pulposo e 
que sofreram a cirurgia PLDD foram avaliados. Sessenta e um foram selecionados para 
acompanhamento. O acesso ao disco foi obtido com uma sonda calibre 18, a potência foi 
ajustada para 10 W, e pulsos de laser foram emitidos com 0,2 segundos de duração e 0,5 
segundos de intervalo. Um total de 1250 J de energia foi entregue ao disco. 
A média de acompanhamento foi de aproximadamente 32 meses, no geral 44 
pacientes obtiveram alívio de dor na raiz nervosa espinhal e 33 pacientes obtiveram alívio de 
dor na região lombar. Trinta e seis pacientes dos sessenta e um pacientes retornaram aos seus 
trabalhos após quatro semanas de pós operatório. Quatorze pacientes não obtiveram 
mudanças após o tratamento e os sintomas persistiram. 
Neste estudo, o grupo que obteve os melhores resultados foram os indivíduos com os 
sintomas diagnosticados em até um ano. Com base nos resultados, 85% dos pacientes que 
realizaram a cirurgia de discectomia aberta obtiveram bons e excelentes resultados para o 
alívio de dor, enquanto 66% dos pacientes que realizaram a cirurgia PLDD obtiveram bons e 
excelentes resultados para o alívio de dor. 
 
Choy et al.(1998) conduziu um estudo controlado em pacientes com sintomas de 
hérnia de disco intervertebral em um período de 12 anos usando PLDD como único método 
de tratamento. O autor possui uma série de 752 discos intervertebral em 518 pacientes um um 
período de doze anos. A taxa de sucesso total variou de 75% a 89% com uma taxa de 
complicação menor de 1%. 
Os autores concluíram que o PLDD provou-se ser seguro e efetivo, é um tratamento 
minimamente invasivo que não requer anestesia geral, reduz o tempo de reabilitação e não 
produz cicatrizes ou instabilidade espinhal. 
 
Zhao et al. (2005) avaliaram 173 pacientes com hérnia de disco lombar utilizando 
PLDD. 173 pacientes dos quais 101 homens e 72 mulheres com idade de 18 a 75 anos 
receberam o tratamento PLDD e foram acompanhados durante um ano. 
O grupo de 173 pacientes foi dividido em dois grupos: 
Grupo A composto por 139 pacientes é o grupo com boa indicação para o PLDD e o 
Grupo B composto por 34 pacientes é o grupo com baixa indicação para realizar o PLDD. 
 
O Grupo B foi dividido em três grupos: 
Grupo B1 composto por 8 pacientes que apresentavam problema de extrusão no disco, 
Grupo B2 composto por 15 pacientes que apresentavam estenose no canal lombar e o Grupo 
B3 composto por 11 pacientes que apresentavam outros tipos de problemas. 
Os resultados para o alívio de dor foram: 
No Grupo A, em 63 casos os resultados foram excelentes, bons em 51 casos, razoável 
em 20 casos e baixo em 5 casos, com 82% sendo excelentes e bons. No Grupo B, a taxa de 
excelentes e bons foi de 55,9% dos casos. 
Os autores concluíram que PLDD é um método seguro e confiável para o tratamento 
de hérnia de disco lombar devido às altas taxas de sucesso e poucas complicações, e uma 
seleção apropriada para o procedimento aumenta a chance de cura. 
 
Grönemeyer et al.(2003) buscaram descrever o efeito a longo prazo em 200 pacientes 
tratados com PLDD assistido por imagem guiada para casos de hérnia de disco lombar. O 
período de observação foi de 4 anos com variação de +/- 1,3 anos. Os tratamentos foram 
realizados com tomografia computadorizada (fluoroscopia) guida com anestesia local. Foi 
utilizado um laser Nd:YAG com comprimento de onda de 1064nm. No acompanhamento, 
dores nas costas foram eliminadas ou reduzidas em 73% dos casos. Na maioria dos pacientes, 
o consumo de medicamentos para alívio de dores foi reduzido. 
Os autores concluíram que o procedimento PLDD assistido por imagem guiada é um 
método efetivo e seguro para o tratamento de hérnia de disco lombar. 
 
Indicações 
 
A seleção de pacientes é crucial, pois a efetividade do tratamento depende 
diretamente da seleção apropriada dos pacientes. As indicações para PLDD e Perfis de 
pacientes são: 
 
Critérios de inclusão: 
 
Hérnia de disco contida em tomografia computadorizada ou ressonância magnética; 
Dano neurológico referente a uma única raíz nervosa; 
Dores nas pernas de maior intensidade do que dores nas costas; 
Teste de levantamento de perna positivo; 
Diminuição de sensibilidade, resposta motora e reflexos dos tendões; 
Nenhuma melhora após semanas de terapia; 
 
 
 
 
 
 
Critérios de exclusão: 
 
Diástese hemorragica;Espondilolistese; 
Estenose espinhal; 
Cirurgia prévia no local indicado; 
Estreitamento significativo do espaço do disco; 
Gravidez; 
Síndrome de Cauda equina; 
 
Conclusão 
 
PLDD é uma opção de tratamento para pacientes com hérnia de disco lombar que 
oferece vários benefícios para o paciente. Por ser um procedimento minimamente invasivo, 
inclui um tempo de recuperação menor, não forma cicatriz, oferece menor dano ao tecido 
adjacente, tempo de execução curto (aproximadamente 10 minutos uma vez que os 
instrumentos já estão montados no lugar) e anestesia local. O procedimento não impede uma 
cirurgia futura se for necessário. 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
SCHENK, B. et al. Percutaneous Laser Disk Decompression: A Review of the Literature. 
American Journal Of Neuroradiology , v. 27, n. 1, p.232-235, 01 jan. 2006. Disponível em: 
<http://www.ajnr.org/content/27/1/232>. Acesso em: 21 nov. 2019. 
 
SCHENK, Barry; BROUWER, Patrick A.; VAN BUCHEM, Mark A.. Experimental basis of 
percutaneous laser disc decompression (PLDD): a review of literature. Lasers In Medical 
Science , [s.l.], v. 21, n. 4, p.245-249, 26 ago. 2006. Springer Science and Business Media 
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SINGH, Vijay et al. Percutaneous Lumbar Laser Disc Decompression:: A Systematic Review 
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http://dx.doi.org/10.1007/s10103-006-0393-y
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REN, Longxi et al. Efficacy Evaluation of Percutaneous Laser Disc Decompression in the 
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