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INSTITUTO EDUCACIONAL ÁGUIA GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA FUNDAMENTOS E LIMITES DO DIREITO PENAL Resenha crítica devidamente pesquisada e escrita do capítulo II de Direito Penal Brasileiro para obtenção parcial de nota no Instituto Educacional Águia. HEBERT SILVA SANTOS hebert.asp@gmail.com Brasília – Distrito Federal Junho de 2020 mailto:hebert.asp@gmail.com FUNDAMENTOS E LIMITES DO DIREITO PENAL Sem dúvida, a história ocidental é erigida, construída através de três importantes pilares, que são: a Filosofia grega, a Ética e a Moral judaico-cristã e o Direito romano. Através desses alicerces, a sociedade pode desenvolver os mais importantes órgãos públicos de manutenção da lei e da ordem social, aplicação da justiça e, acima de tudo, garantir ao cidadão os seus direitos. Segundo BRITO et. al., (2017): O Direito Penal estrutura-se em torno de um conjunto de normas que associam as consequências jurídicas previstas pela lei a um comportamento humano. O que diferencia o Direito Penal é que ele trata de “qualquer” comportamento humano nem de “ qualquer” consequência jurídica. O comportamento é um delito, isto é, uma das condutas que a sociedade rechaça com maior firmeza porque vai de encontro aos seus interesses mais essenciais. A consequência jurídica não é outra que não a pena [...] sanção mais grave que pode ser imposta a quem realiza uma conduta considerada intolerável pelo resto da comunidade (BRITO et.al., 2017, p.73). Por isso, o Direito Penal é um ramo do Direito que tem como prerrogativa o ato de proteger subsidiariamente os bens jurídicos, aplicando as devidas punições e/ou sanções aos indivíduos que não cumprem os parâmetros legais. Immanuel Kant1 já dizia que o Direito é composto pelas Leis e pelas Máximas; quando a segunda não é respeitada, as Leis devem dispor de força coercitiva para que a justiça seja aplicada. Quando não há o cumprimento das Máximas, ou seja, quando não há cumprimento da moral, onde há infração e, consequentemente o delito, Hegel dizia que o Estado deve agir com o máximo rigor com o intuito de auferir a lei e a ordem social, para que não ecloda num estado de calamidade. É exatamente neste momento que o Estado necessita de utilizar do poder de polícia. De acordo com BRITO et.al., (2017), a essência do Direito Penal é a regulação da convivência humana. O seu âmago tem como prerrogativa garantir que a ética-social assegure a proteção a vida humana, a preservação do patrimônio público e prevalência do uso da liberdade social e aplicabilidade da justiça. A questão do Direito Penal é garantir o direito liberdade ao cidadão, ou seja, é assegurar a segurança a todo o indivíduo que custeia com os impostos a manutenção da lei e da 1 Immanuel Kant foi um filósofo prussiano que nasceu em 1724 e faleceu em 1804 na cidade de Königsberg. É considerado como um dos principais pensadores a respeito das leis e criação da estrutura estatal, dentro da TGE. Seu pensamento foi a base para diversos outros pensadores, como o alemão Hegel, que tentou explicar a estrutura estatal através da manutenção da lei e da ordem por meio da força, onde o Estado deve ser a ferramenta essencial para garantir a liberdade ao cidadão. É com Kant que surgi a Teoria do Delito, quando as Máximas não são cumpridas ou respeitadas, o que faz com que a Ética do dever seja desmantelada e, consequentemente faz com que se torne num estado caótico ou entrópico, onde não há ordem suficiente para manter a civilidade. Fonte: Direito Penal Brasileiro, 2017, p. 32. ordem. Tutelar bens jurídicos é a função elementar do Direito Penal, além de motivar o cidadão para que abstenha de cometer fatos delituosos. Mas se formos analisar à risca a História do Brasil, atos punitivos serem foram tratados ao léu da sorte, principalmente quando quem comete são pessoas poderosas. Isso deu margem para que diversas facções criminosas surgissem no país em meados da década de 80, como o Comando Vermelho no estado do Rio de Janeiro. De acordo com BRITO et.al., (2017): Em um estado social de Direito, atribuir ao próprio Estado a titularidade do jus puniendi não supõe uma decisão arbitrária, já que se entende que a instância pública é a única capaz de resolver o conflito de forma pacífica, ou seja, a que pode dar uma solução que garanta a paz social, traga segurança jurídica e respeite as garantias individuais (BRITO et.al., 2017, p.74). Conforme BRITO et.al., (2017), todos esses problemas nos levam ao Direito Penal da sociedade de risco, ou seja, é um sistema punitivo cada vez mais “omnicompreensivo”, que gera permanentemente novas condutas, são crimes com perigo abstrato, considerados de puro risco. Isso permeia também pelo princípio de segurança pelo fato de não haver segurança real ou presumida para os bens jurídicos mais importantes da sociedade. Uma das grandes contribuições para o desenvolvimento e aprimoramento da ciência penal está na especificidade de analisar a particularidade da lei penal. O sujeito cumpre as previsões legais quando mata, defrauda, lesiona, ou causa qualquer embaraço. Por isso, a normal primária é dirigida ao cidadão em que deixa claro que é proibido matar, lesionar ou defraudar sob pena da lei. Entretanto, a norma secundária é dirigida ao Estado, que deve fazer cumprir a norma primária em defesa do cidadão de bem, em especial à figura do juiz, que deve aplicar a lei. É através dessa segunda norma secundária que deriva a aplicação da pena, através da advertência que a norma opera ex post, uma vez que o indivíduo violou a primeira ex ante. O Direito Penal também é visto como um instrumento de controle social em que deve estar necessariamente formalizado e submetido aos limites legais fixados. Essa prerrogativa tem como pressuposto restringir o poder do Estado para que este não um órgão autoritário, que não cumpra os diversos princípios valorados, tais como: legalidade, culpabilidade, proporcionalidade, regras de natureza processual, entre outros. Essa restrição ao poder de coerção punitiva do Estado teve sua gênese com a eclosão da Revolução Francesa, em 1789. Foi somente com a promulgação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que ficou claro que a atuação punitiva do Estado deveria seguir o direito do homem. Isso deu margem para a formulação dos Direitos Humanos em todo o mundo. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que deu margem a outros documentos internacionais importantes, de garantia da vida humana por parte do Estado, ou seja, garantir a ordem e estabelecer a segurança como um direito elementar. E, mais adiante, que inspirou outros convênios que são efetivamente vinculantes, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos da ONU, de 1966, o qual o Brasil é signatário, desde 92. O Brasil também faz parte da Convenção contra a Tortura, desde 1989, também da Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de San José, desde 1969. O Direito Penal brasileiro tem como princípios elementares: a legalidade penal, o qual compreende os princípios da legalidade, determinação, certeza ou taxatividade e o princípio da irretroatividade. O segundo corpo de princípios ocupa-se da proporcionalidade, que compõe os princípios da ofensividade, intervenção mínima, ne bis in idem e da humanidade e proporcionalidade das consequências jurídicas. O terceiro se ocupa do princípio da culpabilidade e o quarto da integração social. O quinto se refere aos princípios processuais, tendo como outros princípios subordinados do juízo prévio, juiz natural, estado de inocência, igualdade de armas, da oportunidade e, por fim, da não autoacusação. Um ponto crucial é que a questão dos Direitos Humanos foi realmente vilipendiada em sua essência.Presenciamos, não somente no Brasil o escárnio com relação à preservação da vida humano e o direito de defesa. Vemos governos autoritários que não respeitaram diferenças ideológicas, posições religiosas e divergências sexuais, violaram o direito à liberdade e, consequentemente à vida. Ao invés do Estado ser o mantenedor, foi o próprio executor. E vemos que muitos movimentos ativistas de hoje no Brasil reclamam da ausência do Estado, mas não percebem que o país é laico e que as diferenças aqui são respeitadas. Tudo porque o Direito Penal garante que haja harmonia social e respeito a integridade da pessoa física. Infelizmente no Brasil, um dos grandes problemas é a burocracia que a justiça possui, fato este que a torna lenta e onerosa. Isso faz com que diversos crimes fiquem sem solução; não pelo fato do direito ser falho, mas sim a conivência do Estado em diversos parâmetros. O caso mais famoso foi do serial killer de Goiânia – Tiago da Rocha – responsável pelo assassinato de diversas pessoas, a grande maioria mulheres. Com o acúmulo de pena nos diversos processos que responde, são mais de duzentos anos de cadeia. Mas ainda sim existem diversos crimes como tráfico de drogas e de armas no Brasil, em que grandes facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho não são desmanteladas, e se tornam estados paralelos. Figura 1: Serial Killer de Goiânia, Tiago da Rocha. Acusado e condenado em diversos assassinatos. Na esfera criminal os acúmulos das penas somam a mais de 200 anos de cadeia. Fonte: https://www.metropoles.com/brasil/serial-killer-de- goiania-prepara-livro-contando-sua-historia?amp https://www.metropoles.com/brasil/serial-killer-de-goiania-prepara-livro-contando-sua-historia?amp https://www.metropoles.com/brasil/serial-killer-de-goiania-prepara-livro-contando-sua-historia?amp REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BRITO, Alexis Couto; OLIVEIRA, Willian Terra de; PAZ, Miguel Ángel Nuñez; OLIVÉ, Juan Carlos Ferré. Direito Penal Brasileiro: princípios fundamentais e sistema. 2ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2017.