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1 Conceitos de Higiene e Segurança 1.1 Higiene ocupacional Você já ́ouviu falar em Higiene Ocupacional? Se você acha que significa limpeza, errou! Higiene Ocupacional é diferente de “higiene”, de limpeza. As Figuras 1.1 e 1.2 servem de dica para você diferenciar e compreender os termos anteriores. Nelas observamos, respectivamente, um aspirador de pó, que é usado para a limpeza de um deter- minado local, e um medidor de pressão sonora, que serve para a medição de ruídos em quaisquer ambientes. AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS As medições com o medidor de pressão sonora (popularmente conhecido como decibelímetro) são pontuais, e não expressam o nível de intensidade sonora a que o trabalhador está exposto. Portanto, para atender à legislação, principalmente para a elaboração do LTCAT (Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho), é feita a mensuração de ruído por um período de 8 h. Para mais informações, consulte a Norma da Fundacentro NHO 01 - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído (Disponível em: <www.fundacentro.gov.b 1.1.1 Parâmetro conceitual de Higiene Ocupacional PARA COMEÇAR Neste capítulo, veremos que o trabalhador transita por muitos espaços dentro da empresa; por isso, é preciso cautela para que exerça suas funções de modo saudável e seguro. Estudaremos, também, a diferença entre higiene ocupacional e medicina do trabalho; aspectos históricos e a evolução da medicina acerca de pesquisas que tratam das patologias ocupacionais e/ou profissionais. A referência de definição de “saúde” é dada pela Organização Mundial de Saúde (OMS): “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Saúde é muito mais do que estar em boas condições físicas; é o equilíbrio entre corpo, mente e ambiente, que proporciona qualidade de vida a todos nós. (http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro092.pdf/http://www.direitoshumanos.usp.br/ index.php/ OMS-Organiza%C3%A7%C3%A3o-Mundial-da-Sa%C3%BAde/constituicao-da- organizacao- mundial-da-saude-omswho.html) Segundo a definição da American Industrial Hygiene Association (AIHA), Higiene Ocupacional é: Ciência que trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente. Para a American Conference of Industrial Hygienists (ACGIH), é: Ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de fatores ou tensões ambientais originados do, ou no, local de trabalho e que podem causar doenças, prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e ineficiência significativos entre os trabalhadores ou entre os cidadãos comuns. (ACGIH, 2010) Em nossa legislação, temos as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, que regem as questões pertinentes à segurança e saúde no trabalho. Dentre as normas, podemos citar a NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que atende ao que foi exposto anteriormente. O subitem 9.3.1 dessa norma prevê: a) antecipação e reconhecimento dos riscos; b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle; c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; e) monitoramento da exposição aos riscos; f) registro e divulgação dos dados (MTE, 1994) Também, podemos referenciar a NR-7, que trata da saúde do trabalhador, contemplando em seu item 7.2.3 o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), o qual deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. Com base em todas essas informações, podemos notar que Higiene Ocupacional é uma área da medicina que não somente interfere nas responsabilidades empresariais de cuidado com o trabalhador, mas também implica o zelo pelas comunidades circunvizinhas à empresa e pelo meio ambiente como um todo. Na realidade, notamos que esse controle ainda é exíguo, é insuficiente, e não é comum na maioria das empresas. O profissional de Segurança do Trabalho deve ter em mente que a saúde do trabalhador só será resguardada se os parâmetros indicados nas recomendações de Higiene Ocupacional forem respeitados. Com ênfase nos ditames (regra, determinação) da NR-9, podemos concluir que, se as recomendações nela determinadas forem seguidas, os locais de trabalho serão salubres e a saúde do trabalhador será preservada, segundo os limites de tolerância preconizados pelo MTE. Portanto, a saúde do trabalhador depende das condições em que se encontram o local onde exerce sua profissão, bem como do cumprimento das Normas Regulamentares determinadas pelo órgão governamental responsável. 1.2 Segurança e medicina do trabalho Quando nos referimos a tratamento médico tradicional, não consideramos somente os cuidados de um profissional formado em medicina – o médico-, mas outros que fazem parte de uma equipe multiprofissional, de igual importância, por exemplo os enfermeiros. E em se tratando do lugar onde todos eles atuam, temos vários: hospital, ambulatório, consultório etc. Da mesma forma, a Medicina do Trabalho tem uma equipe multidisciplinar que atenta para os cuidados da saúde do trabalhador, são eles: Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico em Segurança do Trabalho, Médico, Auxiliar ou Técnico de Enfermagem do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Cipeiro e Recursos Humanos. A partir de agora, você também faz parte dessa equipe, e nosso lema é: CUIDAR da saúde do trabalhador; OTIMIZAR procedimentos para proteger o trabalhador; MINIMIZAR riscos em âmbito laboral; PRESERVAR a integridade mental, física e social do trabalhador; PROTEGER a saúde do trabalhador; PLANEJAR ações de conscientização do trabalhador sobre a importância destes cuidados; PROPORCIONAR ambientes favoráveis à execução das atividades laborais. A Medicina do Trabalho tem subdivisões, dependendo do objetivo que pretende alcançar: » Medicina preventiva: avaliação periódica do estado geral do indivíduo e orientação e correção de posturas e hábitos incorretos ou inadequados, objetivando o diagnóstico precoce de patologias. » Medicina curativa: trata patologias já instaladas por motivos diversos, como falta de orientação, maus hábitos, imprudência, negligência etc. 1.2.1 Aspectos históricos A palavra trabalho refere-se ao esforço humano, de caráter físico e cognitivo. Proveniente do termo em latim tripalium, definido como “tortura”. Antes, já em 1500, a execução de qualquer atividade laboral era mais difícil e desgastante, em virtude da escassez ou ausência de recursos, fossem eles de qualquer natureza. Preocupados com isso, pesquisadores cercaram-se de informações relacionadas às enfermidades mais comuns que assombravam as atividades laborais, e, em 1556, houve a publicação em latim do livro De Re Metallica, de Georgius Agrícola, contemplando os distúrbios que acometiam os trabalhadores que faziam a extração, na época, de prata e ouro, em destaque a “asma dos mineiros”, provocada pela inalação do pó desses minérios, que, segundo o autor, corrói o corpo humano, pois adere às paredes pulmonares, podendo ser fatal. A sumidade em Segurança e Saúde do Trabalhador é o italiano Bernardino Ramazzini (1633- 1714), quem foi nomeado “O pai da Medicina do Trabalho”, tendo publicado, em 1700, o livro De Morbis Artificum Diatriba (As Doenças dos Trabalhadores). A frase mais conhecida dele, “É melhor prevenir do que curar”, até́ hoje é mencionada a fim de demonstrar a importância da prevenção de problemas, tendo em vista a qualidade de vida do trabalhador no exercício de suas funções laborais.1.2.2 Definição de acidente de trabalho Em 1802, um movimento do Parlamento Britânico aprovou a primeira lei de proteção aos trabalhadores, a Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes. Já em 1886, os operários se rebelaram em prol de uma redução da jornada de trabalho, que era superior a 12 horas diárias, realizando uma assembleia na qual pleiteavam 8 horas diárias; caso não fossem atendidos, ameavam iniciar uma greve geral. Por não haver acordo, deu-se início à greve em 1o de maio, e o resultado dela foi o espancamento de grevistas pelos policiais, deixando centenas de feridos e muitos mortos. Ao final, dos 8 líderes envolvidos no movimento sindical, 5 foram enforcados e outros 3 foram para a prisão. Após quatro anos de muita luta e persistência, o Congresso norte-americano reconheceu os direitos dos trabalhadores e votou em prol das 8 horas de trabalho diárias. Essa publicação deu-se em 1o de maio, marcando universalmente a data como o Dia Internacional do Trabalho. No Brasil, a industrialização ocorreu por volta da década de 1950, em razão da injeção de capital estrangeiro nas empresas nacionais. Após a Revolução Industrial, o uso de técnicas mais aprimoradas nas indústrias tornou o trabalho mais humanizado e pouco menos desgastante, principal- mente para aqueles que desempenhavam atividades braçais e, portanto, de muito esforço físico. Movimentos sindicais passaram a exigir o direito a boas condições e segurança no trabalho, sob o ponto de vista técnico-científico, de modo a preservar a integridade física e mental do trabalhador no exercício de sua profissão. Em 1959, na 43a Conferência Internacional do Trabalho, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovou a Recomendação no 112, denominada Saúde e Segurança Ocupacional. O campo de atuação da Medicina do Trabalho é amplo, extrapolando o âmbito tradicional da prática médica. De modo simples e objetivo, pode-se dizer que o exercício dessa especialidade tem como campo preferencial: » Normalização e fiscalização das condições de saúde e segurança no trabalho, desenvolvidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e também por profissionais e empresas que estão engajadas no mesmo objetivo; » Rede pública de serviços de saúde, para que o trabalhador tenha melhores condições de atendimento, geral ou específico, às suas necessidades; » Assessoria sindical às organizações de trabalhadores e de empregadores, de modo que, juntos, planejem medidas que viabilizem a salubridade laboral; » Perícia da Previdêcia Social, que é Seguradora do Acidente do Trabalho (SAT), objetivando fiscalizar o correto seguimento dos dispositivos legais pertinentes ao tema; » Direito à assistência judiciária gratuita em casos de processos trabalhistas, ações cíveis, laudos periciais, quando o trabalhador quiser pleitear direitos trabalhistas na Justiça; Atividades relacionadas à saúde do trabalhador, promovendo ações de melhoria, adaptação ou alteração das condições existentes, desde que satisfaçam a legislação vigente. A seguir, resumo dos acontecimentos históricos expostos, para melhor fixação, pois são fatos relevantes que compõem a história da humanidade, tendo em vista os benefícios conquistados pela sociedade no respeito à saúde do trabalhador. A Tabela 1.1 mostra a trajetória histórica da especialidade médica tratada neste livro. O exercício de uma profissão pode provocar lesão corporal ou perturbação funcional que acometa perda ou diminuição, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho; ou, em casos mais graves, desencadear ou agravar uma enfermidade preexistente. VAMOS RECAPITULAR Neste capítulo, você aprendeu que Saúde e Segurança no Trabalho são imprescindíveis para que o trabalhador desenvolva suas atividades com qualidade de vida. Esse é o objetivo das equipes multiprofissionais, disciplinadas pela teoria e prática em Higiene Ocupacional, conforme os preceitos legais e técnicos regulamentados por órgão governamental responsável. Agora é com você (1) Em equipes de cinco integrantes, elabore um acróstico que contenha palavras-chave pertinentes ao tema deste capítulo. Veja o exemplo. Acróstico é a formação de uma palavra da qual outras são escritas, por exemplo: S ocorrer U nidade P ronto-socorro O uvir R esponder T ocar na vítima E stancar hemorragia (2) Como Bernardino Ramazzini relacionou as patologias por ele estudadas às atividades profissionais da época? (3) Estabeleça relações entre a NR-7 e a NR-9.
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