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Análise da situação de saúde • Na análise da situação de saúde de um país, estado, município, distrito ou bairro, é muito comum a referência de problemas e necessidades de saúde; ✓ Isso aparece em documentos, como planos e programas de saúde, mas também na opinião de moradores da comunidade, profissionais da saúde e na mídia. • Uma situação de saúde abrange problemas e necessidades relacionados com o estado de saúde da população, além dos problemas do sistema de saúde. • Além disso, a análise da situação de saúde comporta a explicação desses problemas, a partir dos seus determinantes e a identificação de oportunidades. ✓ Em política de planejamento de saúde, o que é problema para alguns, pode ser oportunidade para outros. Um exemplo disso é a sala de espera que pode ser um espaço de educação e comunicação em saúde. PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DE SAÚDE Conceitos • Problemas: Representam discrepâncias entre a realidade observada e a norma socialmente construída; podem ser: ✓ Problemas do estado de saúde da população (danos e riscos); ✓ Problemas do sistema de serviços de saúde ligados a infraestrutura, gestão, organização, financiamento e modelo de atenção. • Necessidades: São representadas pelas condições que possibilitam gozar saúde, um dado modo de andar a vida; podem ser: ✓ Necessidades de saúde: doenças, carência, riscos, vulnerabilidades e projetos ou “ideais de saúde” passíveis de serem supridos por setores como alimentação, saneamento, habitação, lazer, educação, comunicação, arte etc.); ✓ Necessidades de serviços de saúde: atendidas via consumo de serviços no sistema de saúde. • Determinantes: Podem ser identificados por meio de estudos epidemiológicos e sociais que visem explicar a determinação social do processo saúde-doença na população. A análise de situação de saúde não se limita à identificação e à descrição dos problemas e necessidades, exigindo a explicação de que porque esses fenômenos acontecem Ferramentas utilizadas na análise • Árvore de problemas: Situa um problema central no caule, suas consequências nas folhas e frutos, procurando localizar nas raízes suas causas. • Fluxograma situacional: Desenha-se um modelo explicativo que procura relacionar um conjunto de determinantes e condicionantes de um problema de saúde; ✓ Uso de indicadores como VDP (valor de definição do problema); • Oficinas de territorialização: consiste numa forma complemntar de proceder a análise de situação de saúde mais proxima da realidade da populaçao e dos que trabalham em saúde; ✓ Trata-se de criar espaços de diálogo entre a gestão,trabalhadores e comunidade, fortalecendo o controle social; ✓ Nessas oficinas é questionado aos participantes quais os problemas da população do bairro, sintetizando-os posteriormente, em um quadro; ✓ É vantajosa, pois levanta problemas que nem sempre são registrados nas fontes de dados convencionais. NECESSIDADES Conceito geral • Corresponde a fenômenos biológicos (ou naturais) como a faltas, carências do organismo, do ambiente ou do grupo; • Fome, sede, frio, isolamento e escuridão são exemplos de ausência de condições necessárias para o ser humano sobreviver; • As necessidades de saúde poderiam ser definidas como carências relacionadas com a manutenção das condições de sobrevivência e desenvolvimento das capacidades dos indivíduos e grupos de uma determinada população. • Necessidade como demanda: Podem ser expressas individualmente ou coletivamente; ✓ Podem ser conhecidas como problemas. Assim, todo problema expressa uma necessidade e se define por incorporar em sua formulação a possibilidade de uma solução; ✓ As soluções conhecidas para os problemas compõem a tecnologia, compreendendo o uso de informação socialmente produzida para o preenchimento da necessidade que determinou a demanda. Necessidades de saúde • Podem ser uma alteração física, orgânica, que o impede de seguir vivendo em sua rotina de vida, ou um sofrimento ainda não identificado fisicamente, algo que carece, como por exemplo, a falta de informação; • Necessidade de cuidados de agravos ou eventos específicos; Cuidado! Não confunda necessidades de saúde com necessidades de serviços de saúde! • A confusão entre essas duas expressões, traz implícita a compreensão de que as necessidades de saúde são supridas, necessariamente pelos serviços de saúde, o que tende a reforçar um fenômeno conhecido como medicalização da sociedade. • O uso dessas expressões como sinônimas, reforçam a ideia de que para se ter saúde são necessários serviços de saúde, reduzindo o conceito de saúde somente ao inverso de doença; • Portanto, reconhecendo a complexidade do conceito, alguns autores classificam a necessidade de saúde em quatro conjuntos: 1) Boas condições de vida, ou seja, a maneira como se vive traduz-se em diferentes necessidades de saúde; 2) Necessidade de acesso para consumir toda tecnologia capaz de melhorar e prolongar a vida; 3) Criação de vínculos entre cada usuário e profissional ou equipe de saúde; 4) Necessidade de cada pessoa ter graus crescentes de autonomia em seu modo de levar a vida, incluindo “a luta pela satisfação de suas necessidades, da forma mais ampla possível. Sendo assim, essas necessidades poderiam ser identificadas, escutadas e traduzidas pela equipe na perspectiva de atende-las da melhor forma possível e garantir a integralidade. Necessidades de serviços de saúde • São determinadas pela deterioração dos meios de vida (sofrer) e pela incorporação de informações e conhecimentos (saber) acerca dos processos de reposição do consumo nos serviços de saúde; • Reduzem as necessidades à consulta médica e ao consumo de procedimentos de saúde, negligenciando os determinantes que as causam; • Na maioria das produções científicas, essa necessidade está voltada à atenção hospital e numa menor proporção à atenção básica; • As necessidades estão relacionadas com as práticas de saúde. Se constituem como processos de trabalho que lançam mão de meios de trabalho e tecnologias para dar conta de necessidades de saúde; • O conceito de tecnologia dentro das necessidades de serviços de saúde, envolvem instrumentos de trabalho, seja um estetoscópio, uma ressonância magnética ou uma vacina, que acabam servindo para intermedir a ação humana sobre os objetos; ✓ Ainda há a tecnologia não material como o “saber”. • Os sistemas de saúde enfrentam o desafio entre os custos crescentes e buscam certa racionalização e mudança dos modelos de atenção à saúde no sentido de produzir equilíbrio entre a demanda e os custos. Pois, é um sistema de saúde universal, no qual a saúde é concebida como um direito e não como uma mercadoria com valor de troca; • As necessidades de saúde não se reduzem a doenças, carências, riscos e sofrimentos, nem nas necessidades médicas, nas necessidades de serviços de saúde; portanto, a clínica e a epidemiologia, enquanto saberes, não são suficientes para definir e identificar necessidades de saúde; • As ciências humanas, a filosofia e a arte fornecem elementos para uma teoria de necessidades de saúde, além de estimular o pensamento sobre “ideais” de saúde voltados para a qualidade de vida. Necessidades “necessárias” e necessidades “radicais” • Necessidades necessárias: constituem o conjunto de necessidades de toda ordem que devem estar presentes para a reprodução do homem em um certo período e em uma certa sociedade; ✓ Estão presentes em função do desenvolvimento do capitalismo, mas não podem ser inteiramente satisfeitas nessa ordem social. • Necessidades radicais: são também inerentes ao capitalismo, sem as quais a estrutura capitalista não poderia funcionar;✓ Apresentam uma condição de alienação das necessidades, fruto do capitalismo, ou seja, o fim da produção de mercadorias não é a satisfação de necessidades, mas a valorização do capital. IDEAIS DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA • Atualmente, projetos que expressem ideais de saúde incluem a defesa de saúde, do ambiente, da vida no planeta e de sua qualidade, bem como o gozo estético, o produzir para viver, o lazer e a arte; • Postulam a cultura, o descanso, o relacionamento interpessoal afetivo e sexual, a educação, a saúde, a arte e o prazer; • Nessa perspectiva, as necessidades de saúde já não expressam apenas carências ou problemas de saúde (doenças, agravos e riscos); • Se as necessidades de saúde forem pensadas para além dos problemas, danos ou riscos, comtemplando projetos de saúde e modos de vida distintos, lidaremos com desafios como a qualidade de vida; • Nas políticas públicas, o uso da noção de qualidade de vida representa uma oportunidade de discutir os modos de viver na sociedade e o papel do Estado nesse contexto. Dessa forma, adquirem grande relevância as políticas públicas saudáveis e a ação intersetorial que tomam a qualidade de vida a partir de uma definição mais precisa, como referente central para a formulação de políticas econômicas e sociais. PROBLEMAS DE SAÚDE • No ambiente técnico, problemas de saúde são os danos (prejuízos), como mortes, doenças, agravos, sequelas, riscos, vulnerabilidades, expressando-se por meio de taxas e desigualdades; • Os danos são confundidos com doenças na medicina, na maioria das vezes, que devem ser diagnosticadas, tratadas ou prevenidas; • Ainda existem os problemas dos serviços como acesso, cobertura, oferta e financiamento, os quais devem integrar a análise de situação de saúde; • No entanto, um problema é sempre relativo, ou seja, o que é um problema em um lugar pode não ser em outro, ou o que era problema no passado, pode não ser no presente; • Assim, define-se problema de saúde como a representação social de necessidades de saúde, derivadas de condições de vida e formuladas por um determinado ator social a partir da percepção da discrepância entre a realidade vivida e a realidade desejada. RISCOS • Chance ou probabilidade de ocorrência de um evento. Ao conhecer a probabilidade de ocorrências de um fenômeno, pode-se pensar em intervenções para a proteção de saúde ou prevenção da doença ou danos na população. • Pode ser definido como um indicador de problema ou medida de uma dada necessidade de saúde. VULNERABILIDADE • Síntese conceitual e prática das dimensões sociais, político-institucionais e comportamentais associadas às diferentes suscetibilidades de indivíduos e grupos populacionais a determinado risco; • Portanto, o risco se situa no regime das necessidades, enquanto a vulnerabilidade situa-se em um regime de das demandas. Ambos os conceitos exigem um certo grau de externalidade para sua expressão como gerador de problemas, orientados para a construção social de soluções.
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