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Análises de Processos Químicos Industriais Índice Tratamento dos Dados Analíticos ....................................................................................6 Erros e Tratamentos dos Dados Analíticos .................................................................6 Técnicas de Amostragem ..............................................................................................24 Construindo uma Amostra Representativa................................................................30 Análise Quantitativa .......................................................................................................32 Análise Qualitativa .........................................................................................................35 Análise Instrumental ......................................................................................................37 Aplicação de Técnicas de Amostragem.........................................................................39 Manipulação e Condições de Movimentação de Materiais e Amostras.........................45 Cuidados na Preservação das Amostras ..................................................................47 Volumetria de Precipitação ............................................................................................50 Água de Refrigeração e Processos ...............................................................................53 Sistema Aberto..........................................................................................................54 Sistema Semi-Aberto de Recirculação......................................................................54 Sistema Fechado ......................................................................................................55 Prevenção da Corrosão ............................................................................................56 Formação de Depósitos em Sistemas de Refrigeração............................................59 Prolemas Microbiológicos .........................................................................................63 Deterioração da Madeira da Torre de Resfriamento .................................................68 4 Análises de Processos Químicos Industriais Potenciometria .............................................................................................................. 72 Eletrodos....................................................................................................................... 76 Eletrodo de Calomelano........................................................................................... 76 Condutimetria................................................................................................................ 80 Colorimetria................................................................................................................... 86 Absorção de radiação ................................................................................................... 92 Espectrometria ............................................................................................................ 101 Métodos Ópticos .................................................................................................... 102 Emissão e Absorção de Energia ............................................................................ 106 Escolhendo um Sistema de Qualidade....................................................................... 109 Elaboração de Procedimentos e/ou de Análise ...........................................................117 Referências Bibliográficas........................................................................................... 120 SENAI 5 Análises de Processos Químicos Industriais Tratamento dos Dados Analíticos ERROS E TRATAMENTOS DOS DADOS ANALÍTICOS Todas as medidas físicas possuem um certo grau de incerteza. Quando se faz uma medida precisa-se manter esta incerteza em níveis baixos e toleráveis, de modo que o resultado possua uma confiabilidade aceitável, sem a qual a informação obtida não terá valor. A aceitação ou não dos resultados de uma medida dependera de um tratamento estatístico. Algarismos Significativos A importância dos algarismos significativos aparece quando é necessário expressar o valor de uma dada grandeza determinada experimentalmente. Esse valor pode ser obtido diretamente (por exemplo, a determinação da massa de uma substancia por pesagem ou a determinação do volume de uma solução com uma pipeta ou uma bureta) ou indiretamente, a partir dos valores de outras grandezas medidas (por exemplo, o calculo da concentração de uma solução a partir da massa do soluto e do volume da solução). Quando se fala em algarismos significativos de um numero refere-se aos dígitos que representam um resultado experimental, de modo que apenas o ultimo algarismo seja duvidoso. O número de algarismos significativos expressa a precisão de uma medida. Considere-se que um mesmo corpo, de 11,1213 g, é pesado com uma balança cuja incerteza é de 0,1 g e com uma outra cuja incerteza é de ± ± 0,0001 g (balança 6 Análises de Processos Químicos Industriais analítica). No primeiro caso, a massa deve ser expressa com três algarismos significativos, 11,1 g, onde o algarismo da primeira casa decimal é duvidoso. Não seria correto expressar este peso como 11 g, porque isso daria a falsa idéia de que o algarismo que representa as unidades de gramas é duvidoso. Por outro lado, também não seria correto escrever 11,12 g, uma vez que o algarismo da primeira casa decimal já é duvidoso. Nesse caso, diz-se que o algarismo da segunda casa decimal não é significativo, isto é, não tem sentido físico. A massa desse corpo determinada com a balança analítica deve ser representada como 11,1213 g, uma vez que a incerteza da medida é de ±0,0001 g. Não é correto expressar essa massa como 11 g, 11,1 g, 11,12 g, ou 11,121 g, pelas mesmas razoes já demonstradas. Considerações a Respeito do Uso de Algarismos Significativos O numero de algarismos significativos não depende do numero de casas decimais. Assim, quando se quer expressar a massa de 15,1321 g em unidades de miligramas, deve-se representá-la por 15132,1 mg. No primeiro caso, tem-se quatro casas decimais e no segundo apenas uma. Entretanto, nos dois casos tem-se seis algarismos significativos. Assim também os números 1516, 151,6, 15,16, 1,516 e 0,1516 contêm quatro algarismos significativos, independentemente da posição da vírgula. OBS: O número zero colocado à esquerda e / ou à direita de outros dígitos, somente é significativo se forem resultados de uma grandeza. Não são significativos se apenas indicarem a ordem de grandeza de um número. Ex: O peso de uma amostra é de 2,0 g ±0,1g Então expressa-lo como 2 ou 2,0 ? A maneira correta é 2,0g Algarismos Significativos do Resultado de um Cálculo Quando o resultado de uma analise é calculado, vários números, que representam os valores das grandezas determinadas experimentalmente (ex: massa de substância, volume de solução e também números retirados de tabelas) são envolvidos. A manipulação destes dados experimentais, que geralmente possuem diferentes números de algarismos significativos, gera o problema de se determinar o numero de algarismos significativos a ser expresso no resultado do calculo. Por isso algumas regras a este respeito, envolvendo operações de adição, subtração, multiplicação e divisão, serão em seguida discutidas. SENAI 7 Análises de Processos Químicos Industriais Adição e subtração: Quando duas ou mais quantidades são adicionadas e/ou subtraídas, a soma ou a diferença devera conter tantas casas decimais quantas existirem no componente com o menor numero delas. Considerem-se os exemplos: a) Um corpo pesou 2,2 g numa balança cuja sensibilidadeé 0,1 g e outro 0,1145 g ao ser pesado em uma balança analítica. Calcular o peso total dos dois corpos. ± 2,2 0,1145 2,3145 O resultado a ser tomado deve ser 2,3 g1. O número 2,2 é o que apresenta a maior incerteza absoluta, a qual está na primeira casa decimal. Por esta razão, a incerteza do resultado deve ser localizada também na primeira casa decimal. b) Um pedaço de polietileno pesou 6,8 g numa balança cuja incerteza é ± 0,1 g. Um pedaço deste corpo foi retirado e pesado em uma balança analítica cuja massa medida foi de 2,6367 g. calcular a massa do pedaço de polietileno restante. c) 6,8 2,6367 4,1633 A massa do polietileno restante é 4,2 g. d) Na soma de O resultado de 1 Quando for necess algarismo significativo Caso este dígito seja 8 1000,0 10,05 + 1,066 1011,116 ve ser expresso por 1011,1. ário arredondar números, a seguinte regra deve ser seguida: se o digito que segue for o ultimo é igual ou maior que 5, então o ultimo algarismo significativo é aumentado em uma unidade. menor que 5, o último algarismo significativo é mantido. Análises de Processos Químicos Industriais Multiplicação e Divisão: Nestes casos, o resultado deverá conter tantos algarismos significativos quantos estiverem expressos no componente com menor número de significativos. Exemplos: Calcular o numero de mols existentes nos seguintes volumes de solução 0,1000 M de HCl. M = nº mols / V , então teremos: n° mols = M X V a) 25,00 ml, então, nº de mols= 25,00 x 0,1000 x 10-3 = 2,500 x 10-3 mols/L b) 25,0 ml, então, nº de mols = 25,0 x 0,1000 x 10-3 = 2,50 x 10-3 mols/L c) 25 ml, então, nº de mols = 25 x 0,1000 x 10-3 = 2,5 x 10-3 mols/L EXERCÍCIOS 1) Na titulação de 24,98 ml de uma solução de HCl foram gastos 25,11 ml de solução de NaOH 0,1041 M. Calcular a molaridade do HCl e expresse o resultado em algarismos significativos. 2) Na titulação de 25,3 ml de uma solução de KOH foram gastos 25,01 ml de solução de HNO3 0,1096 M. Calcular a molaridade do KOH e expresse o resultado em algarismos significativos. 3) Na titulação de 24,65 ml de HCl foram gastos 25,70 ml de solução de NaOH 0,0999 M. Calcular a molaridade da solução de HCl em algarismos significativos. 4) Após a pesagem de três amostras de sal, obtiveram-se os seguintes valores em massa; 5,71g, 2,213g e 1,3254g. Determine a somatória das massas e a expresse em algarismos significtivos. SENAI 9 Análises de Processos Químicos Industriais Quando são feitas varias operações sucessivas é conveniente manter os números que serão usados nos cálculos subseqüentes com pelo menos um dígito além do último algarismo incerto. Como nos exemplos já vistos deixa-se para fazer o arredondamento apenas após a conclusão do cálculo final, ainda mais que, freqüentemente, tais cálculos são realizados com calculadoras eletrônicas. A regra aqui apresentada para o caso de multiplicação e divisão é apenas uma regra prática, que resulta do fato de que, nestas operações algébricas, a incerteza relativa do resultado não pode ser menor que a incerteza do número que possui a menor incerteza relativa. Por isto, nem sempre ela é válida. Exemplo: Na titulação de 24,98 ml de HCl foram gastos 25,50 ml de solução de NaOH 0,0990 M. Calcular a molaridade da solução de HCl. 0,1011M 0,10106088 24,98 0,0990x25,50 M = == K De acordo com a regra apresentada, o valor a ser tomado seria 0,101, pois o número 0,0990 é o que apresenta o menor numero de algarismos significativos. Neste caso é necessário considerar a incerteza relativa2, antes de se apresentar o resultado final. O número 0,0990 apresenta uma incerteza absoluta na quarta casa decimal. Admitindo-se, hipoteticamente, que esta incerteza é de ± 0,0001, então a incerteza relativa seria de uma parte por mil e, conseqüentemente, o resultado deve ser tomado como 0,1011 M, pois a incerteza deve estar na quarta casa decimal. Se o resultado fosse tomado como 0,101 M, a incerteza absoluta estaria localizada na terceira casa decimal, o que corresponderia a uma incerteza relativa de uma parte por cem. Pode-se verificar também que, em alguns casos, o número de significativos de um resultado pode ser menor que o mencionado pela regra pratica apresentada no texto, por causa da influência da incerteza relativa. 2 A incerteza relativa é calculada dividindo-se a incerteza absoluta pelo valor da grandeza e multiplicando-se este valor por cem ou por mil. Assim: milporparte1100x 0,0990 0,0001 ±= ± 10 Análises de Processos Químicos Industriais Exemplo: K0,0996007 25,05 0,1000x24,95 X == O resultado deveria ser apresentado, segundo a regra prática, por 0,09960x = Mas, como a incerteza deve estar na quarta casa 0,0996x = Erro de uma Medida O erro absoluto de uma análise é geralmente expresso em termos relativos, sendo calculado através da relação: E = X - Xv E = erro absoluto X = valor medido Xv = valor verdadeiro O erro relativo de uma análise é geralmente expresso em termos relativos, sendo calculado através da relação: (O Er pode ser expresso em % ) v r X EE = x 100% O erro relativo é adimensional e comumente expresso em partes por cem (E / Xv) x 100, ou em partes por mil (E / Xv) x 1000, como pode ser verificado através dos exemplos que citaremos a seguir: a) O teor verdadeiro de cloro num dado material é 33,30%, mas o resultado encontrado por um analista foi de 32,90%. Calcular o erro absoluto e o erro relativo do resultado. Erro absoluto = 32,90 – 33,30 = - 0,40% (absoluto) Acrescenta-se à palavra absoluto neste caso para não se confundir com o erro relativo, que também é expresso em porcentagem. SENAI 11 Análises de Processos Químicos Industriais Erro relativo = 30,33 40,0− x 100 = - 1,2% (relativo) ou – 12 partes por mil. b) O valor verdadeiro da concentração de uma solução é 0,1005 M e o valor encontrado é 0,1010 M. Calcular o erro absoluto e o erro relativo do resultado Erro absoluto = 0,1010 – 0,1005 = + 0,0005 M O erro absoluto neste caso é expresso em molaridade. Erro relativo = 1005,0 0005,0 x 100 = + 0,5% ou + 5 partes por mil Desvio Se x1, x2, x3, ..., xn forem os valores encontrados para uma serie finita de N medidas de uma mesma grandeza, define-se a média (ou valor médio) desta serie de medidas por: ∑ = = = ++++ = Ni 1 i i N321 X N 1 N XXXX X K O desvio (também chamado de erro aparente) de uma medida, di, é definido pela diferença entre o seu valor (medido), Xi, e a média, X XXd Ii −= EXERCÍCIOS a) O valor real da densidade de uma amostra é de 1,0105 g/L e o valor encontrado por um analista é de 1,0125 g/L. Determine o E e Er para o caso. 12 Análises de Processos Químicos Industriais b) O valor nominal de uma amostra de minério de prata pré-tratado é de 28,50%. Após algumas análises químicas, um técnico em processos químicos apresentou os seguintes valores analíticos; 28,11%, 28,05%, 28,37% e 28,41%. Determine o desvio para o resultado final da análise da análise. c) Considerando-se o valor nominal de uma medida igual a (1,13). Determine o desvio para essa sistemática analítica levando em conta outros valores mensurados; 1,10, 1,14 e 1,11. d) O teor verdadeiro de Níquel encontrado em uma amostra de efluente industrial é de 2,00 ppm, mas o resultado determinado por um analista químico é de 2,18 ppm. Cálcule o E e Er para a análise. Limite de Confiança da Média Geralmente, em um trabalho analítico, somente um pequeno numero de determinações é feito (duplicatas, triplicatas, etc), tornando-se necessário examinar como estes dados podem ser interpretadosde uma maneira lógica. Nestes casos, os valores conhecidos são X e s, que são estimativas de µ e σ . É de interesse saber qual o intervalo em que deve estar a media da população, µ , conhecendo-se a media das determinações, X . Quando σ é conhecido, esse intervalo é dado pela equação: SENAI 13 Análises de Processos Químicos Industriais N σzX µ ±= Em que N é o número de determinações a partir das quais foi obtida a media X . O valor de z é tirado da Tabela 2. Mostra-se então que: N σzX µ ±= , com probabilidade de 68% N σ 2zX µ ±= , com probabilidade de 95% ... etc Entretanto, geralmente não se dispõe do desvio padrão, σ . Conhece-se apenas a sua estimativa, s. Neste caso não é correto usar os valores de z listados na Tabela 2, e o problema é resolvido substituindo-se pelos chamados valores t3 (tabela 1) Tabela 1: Valores para o parâmetro t de Student, em função do número de determinações, para 95% e 99% de probabilidade (*). Número de Resultados (N) 95% de Probabilidade 99% de Probabilidade 2 12,71 63,66 3 4,30 9,93 4 3,18 5,84 5 2,78 4,60 6 2,57 4,03 7 2,45 3,71 8 2,37 3,50 ∞ 3 O valor de t depende do número de observações. Quando N tende para infinito, os valores de t coincidem com os de z. Este parâmetro é conhecido como t de Student. 14 Análises de Processos Químicos Industriais Tabela 2: Probabilidade de ocorrência de desvios em termos de desvios (Xi - µ )/ σ , baseada na freqüência da distribuição normal. Z = (Xi - µ )/ σ Probabilidade de um desvio numericamente ( ± ) maior que z 0,00 1,00 0,10 0,92 0,20 0,84 0,30 0,76 0,40 0,69 0,50 0,62 0,60 0,55 0,70 0,48 0,80 0,42 0,90 0,37 1,0 0,32 1,5 0,13 2,0 0,046 2,5 0,012 3,0 0,0027 4,0 0,00006 5,0 0,0000006 Tem-se então uma nova equação matemática, análoga à equação N σzX µ ±= : N stX µ ±= A qual foi desenvolvida por W.S. Gosset em 1908 (que assinava seus trabalhos pelo pseudônimo de Student) para compensar a diferença existente entre µ e X alem de levar em conta que s é simplesmente uma aproximação de σ . O problema consiste então na determinação do intervalo em que µ deve estar, com certa probabilidade, conhecendo-se X , s e N, geralmente para N pequeno. SENAI 15 Análises de Processos Químicos Industriais O intervalo N/stX ± é chamado de intervalo de confiança da média, onde N/stX − e N/stX + são os limites de confiança da media.A probabilidade corresponde ao valor t da tabela é chamada de grau de confiança da média. Exemplo: Um indivíduo fez quatro determinações de ferro em uma certa amostra e encontrou um valor médio de 31,40% e uma estimativa do desvio padrão, s, de 0,11%. Qual o intervalo em que deve estar a media da população, com um grau de confiança de 95%? O valor corresponde a quatro determinações e um grau de confiança de 95%, e igual a 3,18 (tabela 1). Aplicando-se a equação de Student: N stX µ ±= 4 0,113,1831,40 µ ±= %)17,040,31( ±= µ Determina-se assim que a média da população, µ , deve estar entre os valores 31,23% e 31,57%, com um grau de confiança de 95%. Propagação de Erros O resultado de uma análise é calculado a partir dos valores de outras grandezas medidas. Considere-se, por exemplo, o caso de uma determinação, de cloreto em ima substancia. Uma certa massa do material é pesado e dissolvido de maneira adequada e, a seguir, o Cl- é precipitado com íons Ag+ e pesado na forma de AgCl. O teor de cloreto na amostra é calculado pela equação: 100x M(AgCl) )M(Clx m m Cl% amostra AgCl − = No cálculo do teor de Cl- estão envolvidas duas quantidades medidas, quais sejam, a massa de AgCl e a massa da amostra. O problema é saber como os erros envolvidos 16 Análises de Processos Químicos Industriais nas pesagens da amostra e do precipitado AgCl, afetam o resultado final, isto é, deseja-se saber como os erros das grandezas envolvidas afetariam o resultado da análise. Exemplos: a) Na análise de ferro contido em uma solução, usou-se nos cálculos um valor do volume da pipeta afetado por um erro de mais ou menos 1%. Nesta análise o elemento é determinado gravimetricamente na forma de Fe2O3. entretanto, antes de ser pesado, o precipitado foi calcinado em uma temperatura na qual óxido retém 2% de umidade. Calcular o erro resultante na concentração de ferro. 32 3- OFe Fe OFe Mol Fe Mol 2x 10 x (ml)V m (g/l)C 32= Onde V (ml) = Volume da pipeta em mililitros. Os erros das quantidades aqui são erros determinados e a concentração de ferro é calculada a partir de um quociente. Pela tabela 3 tem-se que neste caso: B E A E R E BAR −= Em que EA/A representa o erro determinado relativo na massa de Fe3O3 e EB/B o erro determinado relativo no volume da pipeta. No problema, como estes erros foram dados em partes por cento: A EA x 100 = + 2% B EB x 100 = + 1% R ER x 100 = + 2 – (+ 1) = + 1% O erro relativo na concentração de Fe3+ será de 1% ou + 10 partes por mil. SENAI 17 Análises de Processos Químicos Industriais OBS: Não é objetivo nosso nesse curso discutir conceitos, deduções de equações e / ou fórmulas estatísticas de maneira aprofundada. Apenas usaremos as expressões como ferramentas de trabalho. Rejeição de resultados Quando são feitas varias medidas de uma mesma grandeza, um resultado pode diferir consideravelmente dos demais. A questão é saber se este resultado deve ser rejeitado ou não, pois ele afetará a média. Quando o erro pode ser atribuído a algum acidente ocorrido durante a análise o resultado deve ser rejeitado, mas quando o resultado discrepante não pode ser atribuído a nenhuma causa definida de erro, a sua rejeição deve ser decidida por critérios estatísticos. Em analises químicas rotineiras, o numero de medidas é geralmente pequeno. Dentre os vários testes estatísticos existe um, chamado teste Q, que é utilizado somente quando o numero de resultados é inferior a 10 , fato que o torna muito útil em química analítica. O teste Q rejeita valores críticos com um nível de 90% de confiança, baseados nos valores críticos do quociente de rejeição, listados na tabela 2. Sua aplicação é feita da seguinte maneira: a) Colocar os valores obtidos em ordem crescente. b) Determinar a diferença existente entre o maior e o menor valor da serie (faixa). c) Determinar a diferença entre o menor valor da serie e o resultado mais próximo (em modulo). d) Dividir esta diferença (em módulo) pela faixa, obtendo um valor Q. e) Se Q >Q90% (obtido através da tabela 2), o menos valor é rejeitado. f) Se o menor valor é rejeitado, determinar a faixa para os valores restantes e testar o maior valor da serie. 18 Análises de Processos Químicos Industriais g) Repetir o processo até que o menor e o maior valor sejam aceitos. h) Se o menor valor é aceito, então o maior valor é testado e o processo é repetido até que o maior e o menor valor sejam aceitos. i) Quando a serie de medidas é constituída por três valores, aparentemente um valor será duvidoso, de modo que somente um teste precisa ser feito. Tabela 2: Valores críticos do quociente de rejeição Q, com 90% de confiança. Número de Resultados (N) Q 90% 2 - 3 0,94 4 0,76 5 0,64 6 0,56 7 0,51 8 0,47 9 0,44 10 0,41 Exemplo: Uma análise de cobre, envolvendo dez determinações, resultou nos seguintes valores percentuais: % Cu: 15,42; 15,51; 15,52; 15,53; 15,68; 15,52; 15,56; 15,53; 15,54; 15,56. Determinar quais resultados requerem rejeição. Ordenando-se os resultados em ordem crescente: % Cu: 15,42; 15,51; 15,52; 15,52; 15,53; 15,53; 15,54; 15,56; 15,56; 15,68. Menor valor = 15,42 n = 10 SENAI 19 Análises de Processos Químicos Industriais Faixa = 15,68 – 15,42 Q90% = 0,41 0,35 0,26 0,09 15,4215,6815,5115,42 == − − =Q Como Q < Q90% , o valor 15,42 é aceito. Maior valor = 15,68 n = 10 Faixa = 15,68 – 15,42 Q90% = 0,41 0,46 0,26 0,12 15,4215,68 15,5615,68 == − − =Q Como Q > Q90%, o valor 15,68 é rejeitado. Com os valores restantes, o menor valor é testado novamente: Menor valor = 15,42 n = 9 Faixa = 15,56 – 15,42 Q90% = 0,44 0,64 0,14 0,09 15,4215,56 15,5115,42 == − − =Q Como Q < Q90% , o valor 15,42 é então rejeitado. Testa-se então o maior valor, que agora é 15,56%. Como o seu valor mais próximo é 15,56, verifica-se que ele é aceito, porquanto Q = 0. O menor valor da série (agora 15,51%) é então novamente testado. Menor valor = 15,51 n = 8 Faixa = 15,56 – 15,51 Q90%, = 0,47 0,2 0,05 0,01 15,5115,56 15,5215,51 == − − =Q Como Q < Q90% , o valor 15,51% também é aceito. 20 Análises de Processos Químicos Industriais Maior valor = 15,56 n = 8 0,47 = 0,40. ( Então 0 valor 15,56, é aceito na série de n = 8 ) maior e o menor valor foram aceitos pelo teste Q , indicando que a serie de medidas al serie de resultados, segundo o teste Q, deverá conter somente os valores: % Cu: 15,51; 15,52; 15,52; 15,53; 15,53; 15,54; 15,56; 15,56. validade da aceitação ou rejeição dos resultados é uma função do número de ste teste (como qualquer outro) deve ser usado criteriosamente, para evitar X: 30,30; 30,30; 30,28. simples aplicação do teste Q levaria a rejeição do valor 30,28, que na realidade deve ara a determinação do valor de uma mediana deve-se, inicialmente, ordenar os x: 4,78; 4,81; 4,89; 4,95; 4,99 – Mediana = 4,89. Faixa = 15,56 – 15,56 Q90% = Q O não deve conter os valores críticos 15,42% e 15,68%, com 90% de confiabilidade. T A medidas da serie examinada. Por exemplo, o teste Q tem uma alta tolerância com respeito a aceitação de valores, quando o número de medidas é pequeno, permitindo a aceitação de resultados que diferem significativamente entre si. Para um número maior de medidas (N > 5), a tolerância é menor e os resultados aceitos mostram menores diferenças significativas, com relação aos valores associados na série. E conclusões errôneas. Por exemplo, considere-se a seguinte serie de resultados: A ser retido na serie. As vezes é aconselhável (quando se tem de 3 a 5 dados e há somente um valor duvidoso) usar a mediana dos valores em vez do valor médio, pois a mediana não é influenciada pelo valor discrepante. P valores numéricos do conjunto de medidas em ordem crescente (ou decrescente) e, em seguida, verificar se o numero de medidas é par ou impar. Se for ímpar, a mediana é tomada como sendo o valor central, de modo a se ter o mesmo numero de valores acima e a baixo deste valor. E SENAI 21 Análises de Processos Químicos Industriais Se o número de valores é par, então a mediana é tomada como sendo a media entre os dois valores centrais da população. Ex: 35,44; 35,78; 35,81; 36,04; 36,10; 36,19; 36,38; 36,68. Mediana = 07,35 2 10,3604,36 = + EXERCÍCIOS 1) Refazer o exemplo da pagina 16, considerando o grau de confiança de 99% 2) Um químico realizou três determinações de chumbo em uma amostra de solo e encontrou um valor médio de 17,38% e uma estimativa do desvio padrão, s = 0,08%. Determine o intervalo em que deve estar a media da população, com um grau de confiança de 95% . Recalcule aplicando grau de confiança de 99%. 3) Um químico realizou cinco determinações de bário em uma amostra de efluente industrial e encontrou os seguintes valores em ppm: (1,52 , 1,71 , 1,67 , 1,58 , 1,59 , 1,65 e 1,63). Considerando um desvio padrão de 0,12 , determine a média com um grau de 95%. 22 Análises de Processos Químicos Industriais 4) Aplique o teste de rejeição de resultados Q, com 90 % de confiança, para os resultados obtidos após uma seqüência analítica para o óxido de férrico, (21,46 , 21,44 , 21,61 , 21,45 , 21,32 , 21,41 , 21,47 , 21,42 , 21,43 %) 5) Considerando a série de dados (7,68 , 7,71 , 7,79 , 7,85 e 7,89). Determine : a) A média e a mediana para a série acima. b) O desvio ou erro aparente para a série apresentada, considerando o valor nominal de 7,75%. c) Considerando um desvio s ou σ = 0,09 para a série acima, calcule a média dos resultados com um grau de confiança estatístico de 95% e 99%. d) O que você entende por rejeição de resultados aplicando critérios estatísticos. SENAI 23 Análises de Processos Químicos Industriais Técnicas de Amostragem AMOSTRAGENS O ideal seria tomar toda a quantidade de produto como amostra, mas é impraticável, então, extrai-se de uma quantidade considerável uma pequena porção que passará a representar o todo. Há um risco grande de errar. Esta é a ciência da amostragem. Como opinião pessoal, a Amostragem para a análise está a 50% do resultado final, porque não dizer 100%, pois se a amostra estiver errada, o resultado não tem validade, portanto se não tivermos uma amostra representativa, podemos ter os melhores equipamentos e os melhores analistas, o resultado não será coerente. A Amostragem deve ser encarada como o complemento analítico e a sua dificuldade encarada com seriedade e estudo, para que haja Confiabilidade Analítica. Abaixo, várias formas teóricas são apresentadas para se obter uma amostragem, mas no “campo”, onde se faz a amostragem, várias serão as situações onde a criatividade deverá ser maior que a simples aplicação da teoria. a) Um tipo de amostragem é denominada Probabilística, cuja realização só será possível se a população for finita e totalmente acessível. A utilização de uma amostragem probabilística é a melhor recomendação para garantir a representatividade da amostra. 24 Análises de Processos Químicos Industriais Amostragem casual simples Pode ser chamada, também, de: simples ao acaso, aleatória, casual, simples, elementar, randômica etc.; é equivalente a um sorteio lotérico. Neste tipo de amostragem, todas as amostras têm igual chance de serem escolhidas, ou igual probabilidade de pertencer à amostra. Sendo N a quantidade de produto e n o número de amostrado, cada elemento do produto tem a probabilidade de n/N de pertencer à amostra. Amostragem sistemática Neste caso as amostras do produto se apresentam ordenadas e a retirada dos elementos da amostra é feita periodicamente. Por exemplo, se imaginarmos uma linha de produção, de onde tiraremos uma amostra a cada dez produtos que circularem, esta que foi retirada comporá o conjunto de amostra diária. O risco está em ocorrer um ciclo de variação das variáveis de interesse. Amostragem por meio de conglomerados Método empregado para quando há uma subdivisão em pequenos grupos. Como exemplo, frascos de detergente em caixas de meia dúzia, em que o sorteio para obtenção da amostra passa a ser a caixa, não a embalagem individual. Adotado por ordem prática. Amostragem múltipla Neste caso a amostra é retirada em diversas etapas sucessivas. Adotado mais para reduzir o número de amostras. SENAI 25 Análises de Processos Químicos Industriais Amostragem seqüencial Neste caso a amostra é acrescida constantemente, até se chegar a uma conclusão de aceitar. Adotado mais para reduzir o número de amostras. b) Um outro tipo de amostragem é denominada Não Probabilística, cuja realização se dá por meio de técnicas estatísticas, devido à impossibilidade de se obter amostras probabilísticas, como seria desejável. Como exemplo, um processo contínuo, no qual ficamos diante da inacessibilidade ao todo do produto, onde parte do produto não tem existência real, ou seja, é hipotética, ou seja, ainda, onde o produto é aquele que está sendo produzido o dia todo, ora estando o processo funcionando normalmente, existe uma parte doproduto que ainda não foi produzida. Amostragem a esmo É a amostragem em que o amostrador, para simplificar o processo, procura ser aleatório sem realizar um sorteio, apenas aleatório. Neste caso se a população for homogênea, sra igual a uma amostragem probabilística. Amostragem em material contínuo Neste caso é impossível realizar a na amostragem probabilística. Se a população for líquida ou gasosa, o que se costuma fazer, como resultado satisfatório, é homogeneizá-la e retirar a amostra a esmo. No caso de sólidos, quando a homogeneização não é praticável, é a enquartação ou quarteamento, que consiste em dividir o produto em diversas partes ( a origem do nome pressupõe a divisão em quatro partes). Amostragem intencional Neste caso escolhem-se deliberadamente certos produtos para pertencer à amostra, por julgamento de que são representativos do produto. O perigo desse tipo de amostragem é o equivoco ou pré-julgamento. 26 Análises de Processos Químicos Industriais Quando se fala em “amostrar” entende-se: retirar uma determinada quantidade de produto, embalado ou não. Dentro da Amostragem Probabilística ou Não Probabilística, há sempre o fator de custo a ser considerado sobre a quantidade de produto amostrado, por quê? Imagine que um produto cuja embalagem envasada, unitária de 100 mL, tenha um custo de fabricação de US$ 10,00 e para uma boa amostragem sejam necessária 5embalagens a cada 8 horas num processo contínuo ou 5 embalagens num processo descontínuo (vamos considerar 250 dias/ano de produção). Imagine ainda que esse produto é envasado em condições especiais e que após aberto não possa ser retornado à produção. Para ambos os casos teríamos US$ 50,00 por dia ou US$ 12.500,00 por ano. Sabemos que os custos e o numero de amostras podem ser maiores ou menores e que normalmente são repassados para o consumidor que, por sua vez, procurará, também, um melhor preço, então. “Qual o denominador comum entre o custo e a qualidade?”. O número de amostras, a serem retiradas, pode ser equacionado pelas ferramentas da estatística onde buscar-se-á um valor amostral que represente o total de produto, porém fórmulas mais simples, como: número de amostras = xn + (onde n = total de produto e ao qual normalmente aplica-se o valor igual a 1) ou tabelas prontas, como outra proposta para determinar o número de amostras, levando-se em consideração que o produto não deve retornar, é a de amostragem, extraída e adaptada, do controle de inspeção segundo o Militar Standart (não estão colocados na tabela “Códigos de Amostragem” os critérios para aceitação e rejeição), são muito utilizadas pelas industrias. SENAI 27 Análises de Processos Químicos Industriais Tabela 1: Códigos de amostragem Nível geral Tamanho do lote I II III 2 a 8 A A B 9 a 15 A B C 16 a 25 B C D 26 a 50 C D E 51 a 90 C E F 91 a 150 D F G 151 a 280 E G H 281 a 500 F H J 501 a 1 200 G J K 1 201 a 3 200 H K L 3 201 a 10 000 J L M 10 001 a 35 000 K M N 35 001 a 150 000 L N P 150 001 a 500 000 M P Q acima de 500 001 N Q R 28 Análises de Processos Químicos Industriais Tabela 2: Número de amostras Código de amostra Número de amostras A 2 B 3 C 5 D 8 E 13 F 20 G 32 H 50 J 80 K 125 L 200 M 315 N 500 P 800 Q 1250 R 2000 Podemos observar que a tabela possui níveis crescentes de exigências, como exemplo um lote de 36.000 frascos seria L no nível I ou P no nível III, onde amostraríamos 200 ou 800 frascos. Mais uma vez, coloca-se a importância do grupo de confiabilidade, onde a discussão deve ser feita, e os valores definidos não devem interferir no controle da qualidade do produto final. SENAI 29 Análises de Processos Químicos Industriais Construindo uma Amostra Representativa Em um material aleatoriamente heterogêneo, as diferenças em composição ocorrem randomicamente e em pequena escala. Quando coletamos uma porção de material para análise, devemos ter certeza de que a amostra contenha as diversas composições. Para construir uma amostra representativa a partir de um material heterogêneo, devemos, inicialmente, dividir visualmente o material em segmentos. Uma amostra aleatória é coletada tirando-se porções de um número desejado de segmentos escolhidos ao acaso. Se quisermos medir o conteúdo de magnésio de um gramado no campo de 10 metros x 20 metros da figura 1, devemos dividir o campo em 20.000 pedaços pequenos com 10 cm de lado. Após numerar cada pedaço, devemos usar um programa de computador para escolher aleatoriamente 100 números, entre 1 e 20.000. Depois, colhemos e combinamos a grama de cada um dos 100 pedaços para construir uma amostra bruta representativa para análise. Para um material heterogêneo segregado (onde regiões diferentes possuem composições diferentes), uma amostra complexa representativa deve ser construída. Por exemplo, o campo na figura 2 possui três tipos diferentes de grama segregada nas regiões A,B e C. Podemos desenhar um mapa do campo em papel milimetrado e medir a área de cada região. 30 Análises de Processos Químicos Industriais Nesse caso, 66% da área ficarão na região A, 14% ficarão na região B e 20% ficarão na região C. Para construir uma amostra bruta representativa desse material segregado, pegamos 66 pedaços pequenos da região A, 14 da região B e 20 da região C. Podemos fazer isso retirando números aleatórios entre 1 e 20.000 para selecionar os pedaços, até que tenhamos o número desejado para cada região. Pedaços de 10 cm x 10 cm, escolhidos aleatoriamente 20 metros 10 m et ro s Figura 1: Material aleatoriamente heterogêneo B14% B20% A66% 20 metros Figura 2: Material heterogêneo segregado 10 m et ro s SENAI 31 Análises de Processos Químicos Industriais Análise Quantitativa As principais técnicas usadas em análise quantitativa baseiam-se (a) na reprodutibilidade de reações químicas adequadas, seja na medida das quantidades de reagentes necessárias para completar a reação, seja na determinação da quantidade de produto obtido na reação; (b) em medidas elétricas apropriadas (por exemplo, potenciometria); (c) na medida de certas propriedades espectroscópicas (por exemplo, espectros de absorção); (d) no deslocamento característico, sob condições controladas, de uma substância em um meio definido. Algumas vezes, dois ou mais desses princípios podem ser usados em combinação de modo a se obter a identificação e a quantificação (a cromatografia com fase gasosa, por exemplo, pode ser ligada à espectrometria de massas). O acompanhamento quantitativo das reações químicas é a base dos métodos tradicionais ou “clássicos” da análise química: gravimetria, titrimetria e volumetria. Na análise gravimétrica, a substância a ser determinada é convertida em um precipitado insolúvel que é isolado e pesado. No caso especial da eletrogravimetria, faz-se a eletrólise e pesa-se o material depositado em um dos eletrodos. Pesagens e trocas de energia são também importantes em métodos térmicos de análise, nos quais estas variáveis são registradas em função da temperatura. É possível, por exemplo, estabelecer condições nas quais secar com segurança um precipitado de uma determinação gravimétrica. Algumas técnicas comuns registram um parâmetro em função da temperatura ou do tempo de análise. A termogravimetria (TG) registra a mudança de peso. 32 Análises de Processos Químicos Industriais A análise térmica diferencial (DTA) registra a diferença de temperatura entre a substância que está sendo testada e um material inerte de referência. A calorimetria diferencial de varredura (DSC) registra a energia necessária para igualar as temperaturas de uma substância sob teste e um material de referência. Na análise titrimétrica (às vezeschamada de análise volumétrica) trata-se a substância a ser determinada com um reagente adequado, adicionado na forma de uma solução padronizada, e determina-se o volume de solução necessário para completar areação. As reações titrimétricas comuns são a neutralização (reações ácido-base), a complexação, a precipitação e as reações de oxidação-redução. Na volumetria mede- se o volume de gás desprendido ou absorvido em uma reação química. Os métodos elétricos de análise (que não a eletrogravimetria) compreendem a medida da variação corrente, da voltagem ou da resistência em função da concentração de certas espécies em solução. As técnicas elétricas incluem a voltametria (medida da corrente que atinge um microeletrodo sob uma voltagem específica), a colometria (medida da corrente e do tempo necessário para completar uma reação eletroquímica ou para gerar material suficiente para reagir completamente com um reagente específico) e a potenciometria (medida do potencial de um eletrodo em equilíbrio com um íon a ser determinado). Os métodos espectrométricos de análise dependem da medida da quantidade de energia radiante com um determinado comprimento de onda que é absorvida ou emitida pela amostra. Os métodos de absorção são usualmente classificados de acordo com o comprimento de onda da luz envolvida como espectrometria no visível, no ultravioleta ou no infravermelho. A espectrometria no visível é, às vezes, chamada de colorimetria. Além dessas técnicas cabe mencionar o uso crescente da espectroscopia de ressonância magnética nuclear na análise quantitativa de compostos orgânicos. A espectroscopia de absorção atômica envolve a atomização da amostra, com freqüência borrifando uma solução contendo a amostra, em uma chama e estudando a absorção de radiação proveniente de uma lâmpada elétrica que produz o espectro do elemento a ser determinado. Os métodos turbidimétricos e nefelométricos medem quantidade de luz retida ou espalhada por uma suspensão. Esses métodos não são estritamente métodos de absorção, mas merecem ser aqui mencionados. SENAI 33 Análises de Processos Químicos Industriais Os métodos de emissão submetem a amostra a um tratamento térmico ou elétrico que leva os átomos a estados excitados, que emitem energia. A intensidade da energia emitida é, então, medida. Algumas das técnicas de excitação mais comuns são a espectroscopia de emissão, em que se submete a amostra a um plasma acoplado por indução e examina-se a luz emitida, que pode chegar ao ultravioleta; a fotometria de chama, em que se usa uma solução da amostra injetada em uma chama; e a fluorimetria, em que se excita uma substância adequada em solução (comumente um reagente metálico fluorescente) usando radiação ultravioleta ou visível. Os métodos cromatográficos e eletroforéticos são métodos de separação de misturas de substâncias que podem ser adaptados para a identificação dos componentes das misturas. Os detectores modernos permitem o uso das cromatografias e da eletroforese para determinações quantitativas. Na espectrometria de massas, o material a ser analisado é vaporizado sob alto vácuo e o vapor é submetido a um feixe de elétrons de alta energia. Muitas moléculas do vapor se fragmentam com produção de íons de tamanho e carga variados. Esses íons são identificados por aceleração em um campo elétrico e deflexão em um campo magnético, de acordo com sua razão massa / carga (m/ze), detectados e registrados. Cada tipo de íon dá um sinal no espectro de massas. Materiais inorgânicos não- voláteis podem ser examinados por vaporização com uma descarga elétrica de alta voltagem. A espectrometria de massas pode ser utilizada para a análise de gases, de produtos de petróleo e de impurezas de semicondutores. Ela é especialmente útil quando se deseja determinar a estrutura de compostos orgânicos. 34 Análises de Processos Químicos Industriais Análise Qualitativa A Análise Qualitativa é a parte da Química Analítica que se preocupa com a identificação dos constituintes de uma amostra, que pode ser de uma amostra, que pode ser de natureza mineral, vegetal ou animal. De modo geral, o procedimento para a identificação de uma espécie química consiste em provocar, na mesma, uma variação em suas propriedades, que possa ser facilmente observada e que corresponda com a constituição da dita substância. O agente de tal variação chama-se reagente, porque, geralmente, reage quimicamente com o produto que se deseja reconhecer. Embora, em sentido geral, o reagente possa ser um agente físico, Como o calor, a luz ou a eletricidade, comumente entende-se por Reagente um produto químico que, no estado sólido (ensaios por via seca), ou, mais freqüentemente, em dissoluções adequadas (ensaios por via úmida), é empregado para reagir quimicamente com a substância em análise. A separação analítica visando a identificação de iontes comuns e menos freqüentes é levada a efeito utilizando-se técnicas que se baseiam nos mesmos princípios químicos gerais, mas que diferem entre si quanto à quantidade dos reagentes e aparelhagem empregadas. As principais técnicas ou escalas de trabalho usadas na análise qualitativa são o macro, a semimicro e a micro-análise. Na macro-análise emprega-se, em geral, aparelhagem comum de laboratório e amostras na ordem de 0,5 a 1 g de sólido ou 50 a 100 mℓ de solução. SENAI 35 Análises de Processos Químicos Industriais Na micro-análise, muitas vezes, uma gota ou diminuta porção de um sólido é suficiente para a realização de um ensaio. O fato de empregar microscópio a torna mais precisa que a macro-análise, mas também delicada e de difícil utilização. Na semimicro análise, as amostras são da ordem de 1 mℓ quando em solução ou de 10 a 100 mg no estado sólido. Evidentemente, não se pode traçar uma linha divisória definitiva entre cada uma das técnicas, porém, em geral, a semimicro se aproxima da micro-análise quanto à manipulação, distinguindo-se da mesma por utilizar soluções de concentração mais elevada e não utilizar microscópio. O princípio geral dos esquemas de análise qualitativa consiste em: a) Separar os iontes em grupos formados por elementos que tenham propriedades em comum; b) Subdividir cada grupo em subgrupos com a finalidade de facilitar a separação e a identificação de cada ionte; c) Separar e identificar cada ionte na amostra usando-se reagentes gerais e específicos. Em geral, os iontes são reunidos em grupos analíticos, em função de sua posição na classificação periódica dos elementos, e suas separações baseiam-se nos diferentes graus de solubilidade de seus sais e hidróxidos. Como a maioria dos esquemas de análise qualitativa é levada a efeito por via úmida, convém destacar a necessidade de se dissolver, adequadamente e com segurança, a amostra quando a mesma se encontre no estado sólido. A observação cuidadosa das várias etapas do processo de dissolução com água, ácidos, bases ou desagregantes em altas temperaturas pode contribuir para orientar o procedimento a ser adotado na análise. Existem inúmeros métodos para separar e identificar espécies minerais. Eles são idealizados conforme a necessidade do trabalho, preferência na utilização de determinados reagentes e, principalmente, da disponibilidade material para sua realização. 36 Análises de Processos Químicos Industriais Análise Instrumental Muitos dos métodos listados anteriormente, como os que medem uma propriedade elétrica, absorção de radiação ou intensidade de emissão, requer o uso de um instrumento apropriado, um polarógrafo, um espectrômetro, etc., e são conhecidos como métodos instrumentais. Os métodos instrumentais são em geral mais rápidos do que os métodos puramente químicos, sendo normalmente aplicáveis em concentrações muito pequenas para serem determinadas pelos métodos clássicos, tendo, por isso, muita aplicaçãonas indústrias. Na maior parte dos casos, um microcomputador pode ser utilizado de modo a registrar automaticamente curvas de absorção, polarogramas, curvas de titulação, etc. Com a ajuda de servomecanismos apropriados, o processo analítico como um todo pode, às vezes, ser completamente automatizado. Apesar das muitas vantagens que oferecem os métodos instrumentais, seu uso disseminado não tornou obsoletos os métodos puramente químicos ou métodos clássicos. Quatro fatores principais devem ser levados em conta: 1) O equipamento utilizado nos procedimentos clássicos é barato e fácil de obter, enquanto muitos instrumentos são muito caros e seu uso só se justifica se o número de análises a ser feito é grande ou se as substâncias a serem determinadas estão presentes em quantidades muito pequenas (traços, subtraços ou ultratraços). 2) Quando se usa um método instrumental, é necessário calibrar o aparelho usando uma amostra de material de composição conhecida como referência. SENAI 37 Análises de Processos Químicos Industriais 3) Embora os métodos instrumentais sejam ideais para a determinação, em rotina, de muitas amostras, as análises que não são de rotina são, com freqüência, de execução mais simples por métodos clássicos. A calibração de um instrumento toma, às vezes, muito tempo. 4) Para obter resultados acurados com métodos instrumentais, os reagentes devem ser cuidadosamente pesados e medidos, e soluções padrões devem ser preparadas devem ser preparadas. A análise clássica fornece o necessário treinamento e experiência. O bom químico de análise deve sempre apreciar a importância de desenvolver suas habilidades através da prática dos métodos clássicos para melhorar a qualidade dos procedimentos instrumentais. 38 Análises de Processos Químicos Industriais Aplicação de Técnicas de Amostragem Seja qual for o objetivo de uma análise, é necessário coletar amostras. Uma amostra, por definição, representa a síntese do comportamento do universo estudado e, assim, a sua coleta exige profundo conhecimento científico – o que, por sua vez, significa contar com recursos humanos de alta qualidade. As definições dos usos propostos para o sistema, o conhecimento dos riscos à saúde da população, os danos aos ecossistemas, a toxicidade das substâncias químicas, os processos industriais e as medidas de vazão somam algumas das informações básicas necessárias para se definir a metodologia de coleta, a escolha dos pontos de amostragem e a seleção de parâmetros. Sem isso, qualquer programa para avaliar a qualidade ambiental pode gerar dados distorcidos. Objetivo da Amostragem O objetivo da amostragem não é a obtenção de informações mais detalhadas, que possam implicar aumento do número de parâmetros avaliados, número de amostras, freqüência de amostragem, ou utilização de tecnologia mais avançada, o tempo e os custos envolvidos se eleva sensivelmente. Para evitar que o custo da caracterização da água ultrapasse os benefícios que dela advêm, devem-se planejar cuidadosamente todas as etapas, conforme o fluxograma da Figura 1. SENAI 39 Análises de Processos Químicos Industriais Seleção dos parâmetros e locais de amostragem Seleção do número de amostras e tempo de amostragem Seleção dos métodos analíticos Seleção dos métodos de coleta e preservação de amostras Reavaliação da metodologia e interpretação de dados Figura 1 Definição clara dos objetivos Na escolha do adequado local de monitoramento é importante considerar que a qualidade de um corpo de água varia conforme o local e o decorrer do tempo. Para garantir a homogeneidade e representatividade do local de coleta proposto, deve-se realizar testes que consistem na seguinte seqüência de ações conforme fluxograma da Figura 2. 40 Análises de Processos Químicos Industriais Levantar os dados existentes na área a ser estudada e proceder a um reconhecimento da mesma Seleção prévia dos locais de amostragem examinando a homogeneidade espacial e temporal Local homogêneo Iniciar amostragem Local não-homogêneo Selecionar locais alternativos Se não, recolher várias amostras em diferentes pontos do mesmo local Iniciar a amostragem e as análises Rever a técnica de amostragem e os resultados periodicamente Conhecer os objetivos específicos da amostragem Figura 2 A caracterização de um sistema deve ser dirigida especificadamente para seu uso preponderante, como por exemplo: O uso do corpo de água para consumo humano, com eventual tratamento convencional ou avançado; a preservação da vida aquática; a irrigação e dessedentação de animais; o abastecimento industrial ou os estudos de tratabilidade de águas residuárias, depuração e avaliação dos níveis de poluição. As águas podem ser brutas, tratadas ou residuárias, superficiais (rios e lagos), subterrâneas, estuarinas, costeiras e marinhas. Associada à natureza do corpo de água, pode-se caracterizar também a biota aquática e a influência dos sedimentos de fundo. SENAI 41 Análises de Processos Químicos Industriais Atualmente dispõe-se de centenas de variáveis que podem ser empregadas para caracterizar um sistema envolvendo parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e radiológicos. Esses parâmetros devem ser utilizados com o conhecimento adequado do seu significado, abrangência, limitações, confiabilidade, referências para comparações e custos para sua obtenção. É importante conhecer a variabilidade ou homogeneidade espacial e temporal do corpo de água. De maneira geral, os corpos de água superficiais apresentam variações quanto às concentrações dos seus constituintes nos diferentes pontos de seção transversal, bem como ao longo do eixo longitudinal de deslocamento. Variações podem ainda ocorrer, ao longo do tempo, num mesmo ponto, de forma aleatória ou cíclica, em função das características. O mesmo ocorre em zonas estuarinas, onde a influência das marés provoca profundas alterações nas características dessas águas. Logicamente, quanto maior o número de amostras, dois aspectos estão envolvidos: o local dentro do sistema e a posição exata no local escolhido. Pontos de Amostragem Na seleção dos pontos para a retirada das amostras, dois aspectos estão envolvidos: o local dentro do sistema e a posição exata no local escolhido. Local de Amostragem Muitas vezes os objetivos definem os locais de amostragem, por exemplo, o afluente e o efluente de uma unidade de estação de tratamento cuja eficiência se quer conhecer, ou um rio ou reservatório no local de capitação para abastecimento de água potável. Entretanto, quando os objetivos estabelecidos apontam apenas para uma indicação geral, como no caso do efeito de um efluente na qualidade da água de um rio, ou da avaliação da qualidade da água potável fornecida a uma comunidade, é necessário selecionar cuidadosamente os locais apropriados. A qualidade de águas varia temporal e especialmente. Portanto, seja qual for o local de amostragem este não é representativo de todo o sistema em estudo. Por esse motivo devem ser selecionados locais adequados. 42 Análises de Processos Químicos Industriais Fatores Relevantes Há duas causas principais responsáveis pela distribuição heterogênea da qualidade nos sistemas hídricos: 1) Sistema formado por duas ou mais águas de diferentes composições que estão sem se misturar (estratificação térmica vertical de lagos e reservatórios) ou estão em processo de mistura (rio logo a jusante da descarga de um efluente); 2) Distribuição não-homogênea de determinadas substâncias em um sistema hídrico homogêneo. Novamente, há dois casos a considerar: 3) Materiais não-dissolvidos que tendem a ficar heterogeneamente distribuídos, se houver diferença entre a densidade deles e a da água. Assim,o óleo tende a flutuar na superfície da água, enquanto os sólidos em suspensão tendem a se depositar, e 4) Reações químicas, ou biológicas que ocorrem em diferentes extensões, em diferentes partes do sistema, como por exemplo, o crescimento de algas nas camadas superiores dos corpos de água com as conseqüentes mudanças em determinados parâmetros químicos, como o pH e o oxigênio dissolvido. Quando não se conhece detalhadamente um determinado sistema, é recomendável realizar uma investigação preliminar, a fim de avaliar o seu grau de heterogeneidade. Tais investigações deverão podem reconhecimento cuidadoso do sistema. Após as investigações deverão ser analisadas as amostras dos diferentes locais. Testes rápidos de campo podem ser mais úteis para parâmetros como condutividade elétrica, temperatura e oxigênio dissolvido. Geralmente, locais de amostragem próximos a fronteiras de sistemas hídricos devem ser evitados, exceto quando essas regiões são de interesse direto. A coleta de amostras que pode parecer uma tarefa relativamente simples, porém, mais do que mergulhar uma garrafa na água para retirar uma amostra, torna-se necessário obter uma amostra representativa e estabilizada do sistema amostrado e das condições locais que podem interferir, tanto na interpretação dos dados quanto nas próprias determinações laboratoriais. SENAI 43 Análises de Processos Químicos Industriais Assim, para assegurar a representatividade e confiabilidade das amostras e subsidiar a elaboração de relatórios, observar e anotar quaisquer fatos ou anormalidades que possam interferir nas características da amostra (cor, odor ou aspecto estranho, presença de algas, óleos, corantes, material sobrenadante, peixes ou outros animais aquáticos mortos) estabelecer pontos de amostragem alternativos e outros parâmetros complementares para a caracterização das águas. 44 Análises de Processos Químicos Industriais Manipulação e Condições de Movimentação de Materiais e Amostras A técnica a ser adotada para a coleta e amostras depende da matriz a ser amostrada (água superficial, subterrânea, encanadas, residuárias, sedimento de fundo, biota aquática), do tipo de amostragem, da natureza do exame a ser solicitado (análises físico-químicas, microbiológicas, biológicas ou radiológicas). Independente dessas características, porém, há os seguintes cuidados a serem tomados: 1) As amostras não devem incluir partículas grandes, detritos, folhas, ou outro tipo de material acidental, salvo quando se tratar de amostra de sedimento; 2) Para minimizar a contaminação da amostra convém recolhê-la com a boca do frasco de coleta em contra a corrente; 3) Coletar volume suficiente da amostra para eventual necessidade de se repetir algumas análises no laboratório; 4) Fazer todas as determinações de campo em alíquotas da amostra, separadas das que serão enviada ao laboratório, evitando-se assim o risco de contaminação; 5) Empregar somente os frascos e as preservações recomendadas para cada tipo de determinação, verificando se todos os reativos para preservação estão SENAI 45 Análises de Processos Químicos Industriais adequados para uso; em caso de dúvida, substituídos. Verificar também a limpeza dos frascos e demais materiais. 6) A parte interna dos frascos e do material de coleta não podem ser trocados com a mão ou ficar expostos ao pó, fumaça e outras impurezas (gasolina, óleo e fumaça de exaustão de veículos podem ser grandes fontes de contaminação de amostras). Cinzas e fumaça de cigarro podem contaminar fortemente as amostras com metais pesados e fosfatos, entre outras substâncias. Recomenda-se, portanto, que os coletores mantenham as mãos limpas e usem luvas plásticas, tipo cirúrgica ou não coloridas, e não fumem durante a coleta das amostras; 7) Imediatamente após a coleta e preservação das amostras, colocá-las ao abrigo da luz solar; 8) Amostras para exames microbiológicos jamais poderão ser compostas (toxicidade diferente). 9) As amostras que exigem refrigeração para sua preservação devem ser acondicionadas em caixas de isopor com gelo (observar que as amostras para análise de Oxigênio Dissolvido (OD) não devem ser mantidas sob refrigeração); 10) Manter registro de todas as informações de campo, preenchendo uma ficha de coleta por amostra, ou conjunto de amostras da mesma característica, contendo os seguintes dados: Número de identificação da amostra; Identificação do ponto de amostragem e sua localização (profundidade); Data e hora da coleta; Tipo de amostra (efluente industrial, água potável, de rio, de mar, etc); Medida de campo (temperatura do ar e da água, pH, condutividade, etc); em alíquotas separadas para evitar contaminações. Eventuais observações de campo; 46 Análises de Processos Químicos Industriais Condições meteorológicas nas últimas 24 horas e que possam interferir com a qualidade da água (chuvas); Indicação dos parâmetros a serem analisados no laboratório; Nome do responsável pela coleta; Nome do programa e do coordenador, com telefone para contato; Equipamento utilizado (nome, tamanho, malha, capacidade, volume filtrado). Cuidados na Preservação das Amostras As águas naturais são misturas de diversas substâncias químicas, podendo eventualmente conter espécies biológicas em equilíbrio dinâmico. O simples ato da amostragem, na qual uma alíquota é colocada em contato com as paredes dos recipientes e sujeita a mudanças físicas de temperatura e pressão, é suficiente para romper esse equilíbrio. Devido ao intervalo que geralmente existe entre a coleta das amostras e a realização das análises, é preciso adotar métodos específicos para preservação e armazenamento de amostras, com a finalidade de evitar contaminação e/ou perda dos constituintes a serem examinados. Isto é especialmente importante quando se deseja conhecer a concentração de substância que se encontram ao nível de traços, uma vez que pode ocorrer transformação em diversas formas químicas. Este procedimento também deve ser observado quando se trata do estudo de comunidades biológicas. A coleta de amostras é, passo mais importante para a caracterização de microconstituintes nas águas. Portanto, é essencial que a amostragem seja realizada com preocupações para evitar todas as fontes possíveis de contaminação e perdas. A completa e inequívoca preservação de amostras são impraticáveis. Independente da natureza da amostra, a estabilidade completa para cada constituinte nunca pode ser obtida. No melhor dos casos, as técnicas de preservação e a seleção adequada dos frascos de armazenamento apenas retardam as alterações químicas e biológicas que, inevitavelmente, acontecerão após separar-se as amostras, das suas condições originais. SENAI 47 Análises de Processos Químicos Industriais As alterações químicas que podem ocorrer na estrutura dos constituintes acontecem em função das condições físico-químicas da amostra. Assim, metais podem precipitar- se como hidróxidos, ou formar complexados com outros constituintes; os cátions e ânions podem mudar o estado de oxidação, outros constituintes podem dissolver-se ou volatilizar-se com o tempo; há possibilidade de adsorção de íons pela superfície do frasco de coleta. As ações biológicas podem conduzir à alteração da valência de elementos ou radicais; é possível aos constituintes solúveis converter-se em matérias orgânicas ligadas à estrutura celular e a ruptura de célula libertar constituintes na solução. Os métodos de preservação têm por objetivo retardar a ação biológica e hidrólise dos compostos químicos e complexos reduzir a volatilidade dos constituintes e os efeitos de adsorção; preservar organismo, evitando ou minimizando alterações morfológicas e fisiológicas. As técnicas de preservação de amostras mais empregadas são as seguintes: Adição Química O método de preservaçãomais conveniente é o químico, através do qual o preservante é adicionado prévia ou imediatamente após a tomada da amostra, provocando a estabilização dos constituintes de interesse, por períodos mais longos de tempo. Contudo, devido à natureza biológica de alguns testes (especificamente DBO) e também ao fato de que a composição química da amostra pode ser afetada pela preservação (exemplo: adicionar ácido nítrico quando o objetivo é analisar nitrato), tal procedimento não é viável para preservar amostras destinadas a todos os tipos de análise. Congelamento Trata-se de um método estudado como agente preservante, ou seja, serve para aumentar o intervalo entre a coleta e a análise da amostra, sem comprometer esta última. Contudo, os componentes dos resíduos sólidos (filtráveis e não-filtráveis) da amostra alteram-se com o congelamento e posterior retorno à temperatura ambiente. É uma técnica aceitável para algumas análises, mas não como técnica de preservação 48 Análises de Processos Químicos Industriais geral. Para algumas determinações biológicas e microbiológicas essa prática é inadequada. Refrigeração Utilizada para preservação de vários parâmetros, constitui uma técnica comum em trabalhos de campo. Embora a refrigeração não mantenha completa integridade para todos os parâmetros, interfere de modo insignificante na maioria das determinações laboratoriais. A refrigeração é sempre utilizada na preservação de amostras microbiológicas e algumas determinações químicas e biológicas. Frascos Recomendados para o Armazenamento de Amostra Material Condições Operacionais Borossilicato Polietileno Interferência com a amostra Inerte a todos os constituintes exceto a alcalinidade Inerte a todos os constituintes exceto pesticidas, óleos e graxas Peso Pesado Leve Resistência à ruptura Muito frágil Durável Limpeza Fácil Algumas dificuldades na remoção de componentes adsorvíveis Esterilizável Sim Apenas por técnicas de uso pouco comum no Brasil, como óxido de etileno e radiações gama. Alguns tipos são autoclaváveis Frascos Descartáveis São utilizados quando o custo de limpeza é levado. São de polietileno, formato cúbico e lados flexíveis sendo quase impossível uma limpeza completa, devendo, portanto, ser utilizados uma única vez. SENAI 49 Análises de Processos Químicos Industriais Volumetria de Precipitação Dentre os métodos volumétricos de precipitação, os mais importantes são os que empregam solução padrão de nitrato de prata. São chamados de métodos argentimétricos e são amplamente usados na determinação de haletos e de alguns íons metálicos. Nesta discussão apenas os métodos de titulação de cloretos serão considerados. Baseados nos diferentes tipos de indicadores disponíveis existem três métodos distintos para a determinação volumétrica de cloreto com íons de prata: Formação de um sólido colorido, como no método de Mohr. Formação de um complexo solúvel, como no método de Volhard. Mudança de cor associada com a adsorção de um indicador sobre a superfície de um sólido, como no método de Fajans. Método de Mohr Segundo o método de Mohr para a determinação de cloretos, o haleto é titulado com uma solução-padrão de nitrato de prata usando-se cromato de potássio como indicador. No ponto final, quando a precipitação do cloreto for completa, o primeiro excesso de íons Ag+ reagirá como indicador ocasionando a precipitação do cromato de prata, vermelho. 2 Ag+ + CrO ⇆ 24 − (s) 50 Análises de Processos Químicos Industriais Como esta titulação usa as diferenças nos valores dos produtos de solubilidade de AgCl e do Ag2CrO4 , é muito importante a concentração do indicador. Teoricamente o Ag2CrO4 deveria começar precipitar no ponto de equivalência. Neste ponto da titulação foi adicionada uma quantidade de prata igual à quantidade de cloreto em solução, e conseqüentemente, trata-se de uma solução saturada de cloreto de prata. Considerando-se que as concentrações dos íons Ag+ e Cl- em solução (em equilíbrio com o sólido AgCl) são iguais, é fácil calculá-las a partir do valor do produto de solubilidade: Ag+ e Cl- ⇆ AgCl(s) [Ag+] [Cl-] = [Ag+]2 = 1,56 x 10-10 [Ag+] = [Cl-] = 1,25 x 10-5 M Então a concentração de íons prata no ponto de equivalência é 1,25 x 10-5 M. Assim a precipitação do Ag2CrO4 deve ocorrer quando [Ag+] = 1,25 x 10-5 M. Substituindo este valor na expressão do produto de solubilidade do Ag2CrO4: [Ag+] e [CrO ] = 1,3 x 10−24 -12 (1,25 x 10-5)2 x [CrO ]= 1,3 x 10−24 -12 portanto [CrO ]= 0,8 x 10−24 -2 M Analisando-se este valor, nota-se que: Se [CrO ] > 0,8 x 10−24 -2 M, então o Ag2CrO4 começará a precipitar quando a concentração de Ag+ for menor que 1,25 x 10-5 M, ou seja, antes do ponto de equivalência. Se [CrO ] < 0,8 x 10−24 -2 M, então o Ag2CrO4 só começará a precipitar quando a concentração de Ag+ for maior que 1,25 x 10-5 M, ou seja, além do ponto de equivalência. Na pratica, o ponto final ocorre um pouco além do ponto de equivalência, devido á necessidade de se adicionar um excesso de Ag+ para precipitar o Ag2CrO4 em SENAI 51 Análises de Processos Químicos Industriais quantidade suficiente para ser notado visualmente na solução amarela, que já contém a suspensão de AgCl. Este método requer que uma titulação em branco seja feita, para que se possa corrigir o erro cometido na detecção do ponto final. O valor da prova em branco obtido deve ser subtraído do valor da titulação propriamente dita. A solução a ser titulada deve ser neutra ou levemente básica, pois o cromato reage com íons hidrogênio em soluções acidas formando íons HCrO , reduzindo a concentração do CrO . − 4 −2 4 CrO + H−24 + ⇆ HCrO −4 Por outro lado, em pH muito alto a presença da alta concentração de íons OH- ocasiona a formação do hidróxido de prata. 2 Ag+ + 2 OH- ⇆ 2 AgOH ⇆ Ag2O + H2O Como conseqüência, o método de Mohr é um bom processo para se determinar 52 Análises de Processos Químicos Industriais Água de Refrigeração e Processos Introdução Em muitos processos industriais é necessário, algumas vezes, remover-se o calor indesejável na operação. Geralmente, a água é usada como um meio eficaz de absorver e afastar esse calor. Um ou mais dos seguintes sistemas é usado na utilização da água como meio refrigerante: Sistema aberto Sistema semi-aberto Sistema fechado A escolha de um deles ou a combinação dos três depende de vários fatores: Quantidade de água disponível Qualidade da água Temperatura da água Tipo de operação Tamanho do equipamento Limitação na qualidade do efluente industrial, etc. SENAI 53 Análises de Processos Químicos Industriais Sistema Aberto Um sistema aberto é empregado quando existe uma suficiente disponibilidade de água, de qualidade satisfatória, e uma temperatura baixa. Neste sistema, a água é bombeada de sua fonte através do equipamento de troca térmica indo, a seguir, novamente à sua fonte original para outros usos. A maior desvantagem para a utilização desses sistemas é a impraticabilidade do tratamento químico da água para a prevenção de problemas, devido ao custo excessivo do tratamento. A poluição térmica, resultante da descarga de grandes volumes de água aquecida, está se tornando um problema em áreas distritais. A longo prazo, não deve ser considerada a instalação deste sistema quando a disponibilidade de água é incerta. Outros usos Veio d’água Trocador de Calor Figura 1: Sistema aberto de circulação de água Sistema Semi-Aberto de Recirculação Este tipo de sistema é usado onde há necessidade de uma vazão de água bastante grande e somente uma pequena disponibilidade de água existe. Após passar pelos equipamentos de troca térmica, a água de refrigeração circula através de uma torre de refrigeração ou “spray-pond” para reduzira sua temperatura, tornando-a adequada ao reuso. O sistema semi-aberto de recirculação, apesar de solucionar uma eventual falta de água, é dispendioso, necessitando de investimentos iniciais elevados. Por outro lado, a sua conceituação hidráulica permite realizar-se um tratamento de água de forma adequada. 54 Análises de Processos Químicos Industriais E Vent. A A Reposição Tratamento Químico Perdas por Descarga Água Fria de Recirculação Trocadores de Calor Água Quente de Recirculação Torre de Tiragem Induzida A A Figura 2: Sistema Semi-aberto de circulação de água Sistema Fechado O sistema fechado encontra a sua melhor aplicação em operações onde água deve ser mantida a temperaturas menores ou maiores do que as conseguidas pelos sistemas semi-abertos. A água aquecida é refrigerada num trocador de calor secundário onde o meio refrigerante não entra em contato com a água. O sistema fechado é empregado para refrigerar compressores, turbinas de gás, motores diesel e sistemas de ar condicionado. Problemas Encontrados Três são os tipos de problemas normalmente encontrados em sistemas de água de refrigeração: Corrosão Incrustação ou depósitos Crescimento microbiano SENAI 55 Análises de Processos Químicos Industriais Estes três problemas ocorrem sempre em conjunto. Tal fato nos permite formar o seguinte quadro figurativo: CORROSÃO INCRUSTAÇÃO MICROBIOLOGIA Os casos abaixo demonstram essa interligação: Se houver inicio de um processo corrosivo, os íons de ferro (Fe2+) formados irão depositar-se sob a forma de Fe2O3 . x H2O, iniciando um processo de formação de incrustação ou depósitos. Se a água de circulação de um sistema semi-aberto de refrigeração concentrar-se o suficiente para formar uma solução saturada de carbonato de cálcio (CaCO3) este carbonato ira depositar-se iniciando, imediatamente, um processo de corrosão por formação de uma pilha de aeração diferencial. Os depósitos, formados de uma ou outra maneira, irão propiciar à vida microbiana condições ideais de desenvolvimento. Por outro lado, quando o desenvolvimento microbiológico atinge um nível suficientemente grande, forma depósitos que iniciarão processos corrosivos. Prevenção da Corrosão A corrosão de metais em meio aquoso ocorre pela combinação das reações anódicas e catódicas. A velocidade dessas reações pode ser retardada pela adição de certos produtos químicos conhecidos como inibidores de corrosão. Pode-se classificar os inibidores de corrosão de acordo com o tipo de polarização que eles produzem: ação catódica ou ação anódica. 56 Análises de Processos Químicos Industriais É recomendável ter-se em conta que não existe um inibidor de corrosão universal. Cada tipo de sistema, equipamento, operação e água requer um produto especialmente escolhido para ele para que se tenha uma melhor proteção. Um inibidor que proporciona ótimos resultados em um sistema pode falhar em outro. Inibidores Inorgânicos Os produtos químicos típicos pertencentes a esta classe são sais de cromo VI (cromato e dicromatos), polifosfatos, silicatos, nitritos, ferrocianetos e molibdatos. Os cromatos são os mais empregados devido à sua alta eficiência e relativo baixo custo. Cromato Este é, provavelmente, o mais eficiente inibidor de corrosão para sistema de refrigeração. A proteção é oferecida pela formação sobre o metal de um filme de óxido férrico e óxido de cromo. Este filme se desenvolve como segue: a) O ferro é corroído formando íons ferrosos; b) O íon ferroso é oxidado para férrico pelo oxigênio presente na água e pelos íons cromatos; c) O íon férrico e o íon cromo III formam óxidos na superfície metálica. Existem outras explicações que podem ser consideradas para esta inibição, porém, a anteriormente descrita é a mais aceita. As desvantagens para o uso de cromato são: a) O filme formado é muito sensível a cloretos, sendo rompido, provocando formação de corrosão puntiforme; b) Como os cromatos são inibidores anódicos, a utilização de níveis do mesmo podem deixar o sistema com micro-áreas anódicas desprotegidas, formando uma corrosão localizada; SENAI 57 Análises de Processos Químicos Industriais c) Os cromatos são tóxicos e o seu nível máximo permissível num efluente industrial é de 0,05 ppm; d) Contaminantes de água, tais como: óleo e sulfeto de hidrogênio, reduzem os cromatos provocando íons de cromo indesejáveis: Polifosfato Os polifosf agem com fundamenta Todavia, es que os polif Os polifos temperatura reagir com severo. Sais de Zin Os sais de inibidores c zinco: Inibidores Um grande utilizados c desses com ligno-sulfon 58 8 CrO4 + 3 H2S + 14 H2O 8 Cr3+ + 3 + 34 OH−2SO - 4 s atos condensados são usados como inibidores de incrustação e também o inibidores de corrosão. O mecanismo de ação dos polifosfatos se na formação de um filme protetor no anodo, de ortofosfato de ferro. ta proteção é bastante limitada devido a uma série de reações colaterais osfatos provocam. fatos revertem quimicamente formando ortofosfatos, dependendo da da água, do pH e dos níveis de dureza de cálcio. Este ortofosfato pode o cálcio e o magnésio, precipitando e provocando um processo incrustante co zinco são relativamente fracos como inibidores de corrosão. São ditos atódicos pela formação, no catodo, de um filme insolúvel de hidróxido de 2 Zn(OH)OH2Zn →+ −+ Orgânico numero omo inib postos s atos, tam 2 s de inibidores orgânicos contendo grupamentos polares forma idores de corrosão em sistemas de água de refrigeração. Alguns ão: aminas, amidas, piridinas, ésteres carboxílicos, mercaptanas, inos, fosfonatos, etc. Análises de Processos Químicos Industriais Estes compostos, quando usados em conjunto com cromatos e polifosfatos, causam uma melhora sensível na inibição de corrosão. Combinação de Inibidores Apesar de os inibidores individuais oferecerem uma proteção metálica razoável, trabalhos de pesquisa mostraram que a combinação de tais materiais ultrapassa os resultados esperados. Os espectros positivos de cada inibidor atuam acumulativamente e os pontos negativos diminuem. Essas combinações oferecem performance máxima e custos mais econômicos. FORMAÇÃO DE DEPÓSITOS EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO Existem cinco tipos de depósitos que se formam em sistemas de água de refrigeração: 1) Incrustação inorgânica formada por uma supersaturação de um sal relativamente insolúvel; 2) Produtos de corrosão 3) Sólidos suspensos ou óleo 4) Contaminação microbiológica 5) Produtos insolúveis formados por reação química na água. Esses depósitos podem ser formados separadamente ou combinados, dependendo das condições operacionais do sistema. Carbonato de Cálcio Devido à dissolução do CaCO3 pela água contendo CO2, CaCO3 + CO2 + H2O Ca(HCO3)2 SENAI 59 Análises de Processos Químicos Industriais Diversas águas de “make-up” contém altas concentrações de bicarbonato de cálcio. Quando a água, contendo bicarbonato de cálcio, é aquecida, precipita-se a carbonato de cálcio: Ca(HCO3)2 CaCO3 + CO2 + H2O A solubilidade do CaCO3 é aproximadamente 13 ppm. Para eliminar a possibilidade de precipitação, o pH da água precisa ser limitado num baixo valor. Sulfato de Cálcio A solubilidade do sulfato de cálcio é maior do que 1.300 ppm à temperatura ambiente. Sua solubilidade aumenta até 43 °C, mas decresce rapidamente à temperaturas mais altas. O precipitado proporciona uma incrustação dura no metal. Ca++ + + 2 H2O CaSO42H2O −−4SO Limitando os ciclos de concentração, a precipitação do sulfato de cálcio pode ser controlada. Sílica A sílica pode reagir com magnésio ou cálcio para formar depósitos insolúveis. Mg2+ + SiO2 + H2O MgSiO3 + 2 H+ Ca2+ + SiO2 + H2O
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