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Casamento Igualitário uma reflexão acerca da família homoafetiva à luz do Serviço Social

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no grupo: Serviço Social - Livros e Apostilas
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© 2016, by Carlos Alberto Pereira dos Santos 
TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS 
SANTOS 
Proibida a reprodução de trechos e outros tipos de edição, sem a expressa autoriza-
ção do autor. 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Curso de Serviço Social 
 
 
 
CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
CASAMENTO IGUALITÁRIO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA FAMÍLIA 
HOMOAFETIVA À LUZ DO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Dezembro/2016 
CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
CASAMENTO IGUALITÁRIO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA FAMÍLIA HOMOAFETIVA À 
LUZ DO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção de 
grau de Bacharel em Serviço Social. 
 
Orientador: Professora M.ª Tatiana Jesus da Silva. 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Dezembro/2016 
 
 
CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS 
 
 
CASAMENTO IGUALITÁRIO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA FAMÍLIA HOMOAFETIVA À 
LUZ DO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado como requisito parcial pa-
ra a obtenção do título de bacharel em Serviço Social pela pela Universidade Estácio 
de Sá, Faculdade de Serviço Social, campus João Uchôa. 
 
 
Monografia aprovada em 11/12/2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
Profª. M.ª Tatiana Jesus da Silva 
Orientadora 
Universidade Estácio de Sá 
 
Profª. M.ª Márcia Cristina da Silva Ribeiro 
Universidade Estácio de Sá 
 
Especialista Elisângela Freire dos Santos 
Universidade Estácio de Sá 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha querida mãe Damiana Pereira dos Santos, que deu-me tudo 
que eu precisava para ser um sujeito social protagonista de minha 
própria história. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus por ser o Pai, o Amigo, o Companheiro de caminhada, e o Confidente 
de todas as horas dessa minha jornada. Obrigado meu Deus por me ouvir com paci-
ência e atender as minhas preces com benevolência. 
À minha mãe, por sempre ter acreditado em mim, por ter me levado a compreender 
que amor e ética são tão importantes quanto o ar que se respira. 
A Bebeinho, meu amigo de quatro patas. 
À Nadir Bedin, por ter estado ao meu lado nas horas mais difíceis da minha vida. 
À Sonia Maria de Almeida Guaraciaba, minha comadre querida, que deu-me além de 
sua amizade, e de seu amor, o melhor dos presentes que ao ser humano pode ser 
ofertado: minha afilhada Mellina de Almeida Guaraciaba. 
A Nilson Ribeiro dos Santos, meu marido, que ao dar-me uma família, deu-me tudo 
que um homem precisa para ser feliz nessa vida: uma alma que possa chamar de lar. 
À minha sogra, Ana Maria Câmara Ribeiro dos Santos, por ter me recebido em sua 
casa, e em sua família, como quem recebe a um filho. 
À Universidade Estácio de Sá pela formação profissional a mim ofertada. 
À professora Leticia Silva de Oliveira Freitas por ser o ser humano que eu quero ser 
quando crescer. 
À professora Ilenilda Venãncio da Silva Justos pela excelência acadêmica. 
À professora Andrea Georgia de Souza Frossard: minha mestra, amiga desta e de ou-
tras vidas, e madrinha de casamento. 
À Leda Maria Cipriano Queiroz, minha amiga e madrinha de casamento: uma das mu-
lheres mais lindas e sábias, que deu-me a honra de conhecer, admirar e amar. 
Aos professores(as) do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, da Escola Municipal Gene-
ral do Exército Humberto de Souza Mello, e do Colégio Pedro II; instituições onde 
cursei o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. 
Aos professores da Faculdade de Serviço Social da UNESA, que ensinaram-me a ser 
um profissional generalista, gestor de pessoas, e voltado à proposição de programas 
e projetos sociais que desenvolvam e emancipem as pessoas, tornando-as atores so-
ciais de suas próprias vidas. 
Aos meus colegas de faculdade, em especial à Henriette Martins Fernandes, que ao 
ser a nossa representante de turma ao longo destes quatro anos de bacharelado, 
deu-nos todo o apoio que precisávamos para tornarmo-nos os profissionais que lo-
gramos ser. 
Ao Programa Universidade para Todos (Prouni) pela bolsa de estudo integral que 
possibilitou a minha inserção no universo acadêmico. 
À Tatiana Jesus da Silva, minha Orientadora de TCC, que ajudou-me a tecer esta Mo-
nografia. O que dizer a alguém que só nos fez o bem? Muito obrigado, muitíssimo 
obrigado. Deus abençoe. 
Às professoras M.ª Tatiana Jesus da Silva, M.ª Márcia Cristina da Silva Ribeiro, e à es-
pecialista Elisângela Freire dos Santos por aceitarem o convite para participar da 
Banca Examinadora. 
Aos casais homoafetivos, tais como meu marido e eu, que mesmo vivendo em uma 
sociedade profundamente preconceituoso, violenta, intolerante e desigual, fizemos 
da busca pela igualdade de direitos o leme de nossas vidas, dando ao mundo, e a nós 
mesmos, por analogia, a equidade como Norte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O seu juiz já falou 
Que o coração não tem lei 
Pode chegar 
Pra celebrar 
O casamento gay 
 
Joga arroz 
Joga arroz 
Joga arroz 
Em nós dois 
 
Quem vai pegar o buquê 
Quem vai pegar o buquê 
Maria com Antonieta 
Sansão com Bartolomeu 
Dalila com Julieta 
Alexandre com Romeu 
 
Joga arroz 
Joga arroz 
Joga arroz 
Em nós duas em nós todos 
Em nós dois 
 
(Joga Arroz / Tribalistas) 
RESUMO 
 
A homossexualidade é registrada na história da humanidade desde tempos imemoriais, 
visto que faz parte da diversidade humana. Entretanto quando a igreja passou a visar a 
procriação, o relacionamento homossexual virou alvo de preconceito pelas sociedades des-
de então. No Brasil os casais homoafetivos tornaram-se invisíveis juridicamente, tendo seus 
direitos fundamentais negados e violados. Direitos estes descritos na Constituição Federal 
de 1988, mas conferidos apenas aos casais heterossexuais. O reconhecimento da união es-
tável homoafetiva como entidade familiar pelo Supremo Tribunal Federal em 2011 é um 
marco histórico, pois tirou da invisibilidade centenas de milhares de famílias, que foram 
condenadas ao ostracismo, unicamente por serem formadas por pessoas do mesmo sexo. A 
laicização do Estado, a luta de grupos favoráveis ao casamento igualitário e a recognição 
dos direitos humanos possibilitaram mudanças jurídico-sociais extremamente importantes 
para as famílias formadas por sujeitos sociais homoafetivos. A definição de ‘famílias’ na 
contemporaneidade, fundamentada no Princípio da Dignidade Humana, que traz em si o 
conceito de poder familiar, apreende que independente da orientação e/ou identidade se-
xual do sujeito social, tanto as uniões heterossexuais quanto as uniões homossexuais se dão 
por intermédio do afeto; de relacionamento de dependência mútua emocional, afetiva e 
financeira; onde há convivência duradoura, pública e contínua. Logo, a união estável homo-
afetiva e o casamento igualitário são legítimos perante a Constituição Cidadã e o estado 
democrático de direito, fazendo parte da atuação profissional do Serviço Social brasileiro; 
que visa a conquista, a garantia e a manutenção de direitos sociais com vistas a promover a 
emancipação dos sujeitos, para que estes atuem como protagonistas de suas próprias his-
tórias. 
Palavras-chave: CASAMENTO HOMOAFETIVO. FAMÍLIA HOMOAFETIVA. ATUAÇÃO PRO-
FISSIONAL. SERVIÇO SOCIAL.ABSTRACT 
 
Homosexuality is recorded in the history of mankind since time immemorial, as part of 
human diversity. But when the church began to be aimed at procreation, homosexual rela-
tionships become prejudiced against the companies since. In Brazil, homosexual couples 
have become invisible legally, having their denied and violated fundamental rights. These 
rights described in the Constitution of 1988, but granted only to heterosexual couples. The 
recognition of stable homosexual union as a family entity by the Supreme Court in 2011 is a 
landmark as it took the invisibility hundreds of thousands of families who were ostracized, 
only because they are formed by people of the same sex. The secularization of the state, the 
struggle of groups favorable to equal marriage and the recognition of human rights enabled 
extremely important legal and social changes for families formed by homosexual social 
subjects. The definition of 'family' in the contemporary world, based on the principle of 
human dignity, which brings the concept of family power, apprehends that regardless of 
the orientation and / or gender identity of the social subject, both heterosexual unions as 
homosexual unions are given through the affection; relationship of emotional, emotional 
and financial interdependence; where there is permanent coexistence, public and continu-
ous. Thus, the stable homosexual and egalitarian marriage are legitimate before the Citizen 
Constitution and the democratic rule of law, part of the professional performance of the 
Brazilian Social Service; which aims to conquer the security and the maintenance of social 
rights in order to promote the emancipation of the subjects, so that they act as protagonists 
of their own stories. 
Keywords: SAME-SEX MARRIAGE. HOMOSEXUAL FAMILY. PROFESSIONAL EXPERTISE. 
SOCIAL WORK. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ACOTERJ – Associação dos Conselheiros dos Tribunais de Contas do Estado e dos Muníci-
pios do Estado do Rio de Janeiro 
ADI 4277 – Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277 
ADPF 132 – Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 132 
CCB – Central de Certidões de Cartório do Brasil 
CEP – Código de Endereçamento Postal 
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social 
CNJ – Conselho Nacional de Justiça 
CNS – Conferência Nacional de Saúde 
CPF – Cadastro de Pessoas Físicas 
CRESS – Conselho Regional de Serviço Social 
FETJ – Fundo Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 
FUNDPERJ – Fundo Epsecial da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro 
I.N.S.S – Instituto Nacional do Seguro Social 
LGBTI – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Trangêneros, Intersexuais 
LOAS – Lei Orgãnica da Assistência Social 
PL – Projeto de Lei 
PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida 
RG – Registro Geral de Identificação Civil 
STF – Supremo Tribunal Federal 
STJ – Superior Tribunal de Justiça 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO ** 
I – UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA: UMA CONQUISTA HISTÓRICA ** 
1.1 Esboço histórico ** 
1.2 Procedimentos para a realização da União Estável Homoafetiva e para o Casa-
mento Homoafetivo ** 
1.2.1 Comunhão Parcial de Bens ** 
1.2.2 Comunhão Universal ou Total de Bens ** 
1.2.3 Participação Final nos Aquestos ** 
1.2.4 Separação de Bens Convencional ou Absoluta ** 
1.3. Conceito de União Estável. ** 
1.4. Conceito de Casamento ** 
1.5. Principais diferenças entre casamento civil e união estável. ** 
1.5.1 Pensão por morte ** 
1.5.2 Direito real de habitação ** 
1.5.3 Direito à herança ** 
1.5.4 Comunhão parcial de bens ** 
1.5.5 Herança em concorrência com filhos comuns (de ambos) ** 
1.5.6 Herança em concorrência com netos comuns ** 
1.5.7 Herança em concorrência com pais e avós do falecido ** 
1.5.8 Herança em concorrência com irmãos, tios e demais parentes do falecido** 
1.5.9 Herança para herdeiro necessário ** 
1.6. A União Estável Homoafetiva e o Casamento Igualitário têm como conceito fun-
damental a equidade. ** 
1.7. O casamento igualitário é uma ação contra a homofobia e preconceitos correla-
tos ** 
1.8. Considerações acerca do primeiro capítulo ** 
II CASAMENTO HOMOAFETIVO E SERVIÇO SOCIAL ** 
2.1 Direitos dos casais homoafetivos casamento estabelecidos pelo Código Civil.** 
2.2. Adoção ** 
2.3. Direitos Previdenciários ** 
2.4. O capital como relação social ** 
2.5. Estatuto da Família versus Estatuto das Famílias ** 
2.6.Casamento homoafetivo e Serviço Social ** 
2.7.Considerações acerca do Segundo Capítulo ** 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ** 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) visa abordar a união estável homoafeti-
vo, e por conseguinte, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e/ou de mesma iden-
tidade de gênero. 
Este TCC pretende dissertar sobre a relação homoafetiva como entidade familiar a partir da 
legislação que possibilitou o casamento igualitário. O recorte histórico se dá entre os anos 
2011 e 2016. 
Considero o tema a ser pesquisado de relevância sociohistórica e cultural, porque entendo 
que as ações sociais são simbolicamente referidas, por meio de crenças, sensibilidades e 
visões de mundo que configuram a sociedade. Portanto, as representações sociais assumem 
formas diversas e são historicamente construídas e reconstruídas. 
No tocante à aceitação ou não-aceitação da família homoafetiva como entidade familiar por 
diferentes grupos sociais, a discussão adentra ao campo do poder. De acordo com o Pro-
grama de Pós-Graduação em História da UNIRIO, o poder, na perspectiva cultural, é consi-
derado através das construções identitárias, institucionais e sociais que marcam o conjunto 
das relações entre os grupos nos diversos níveis da sociedade. São valorizadas formas de 
negociação e conflitos entre o oficial/formal e o popular/informal; as possibilidades de re-
cepção, apropriação, troca, desvio, recriação pela sociedade dos discursos e saberes (esta-
tais, religiosos, filosóficos, jurídicos, científicos e outros) ao longo do tempo. 
A Monografia sobre a união estável homoafetiva incorpora-se ao estudo da História da Cul-
tura e da Sociedade no Mundo Contemporâneo, pois, a meu ver, vai de encontro aos avan-
ços sociohistóricos e culturais, visando a emancipação e a plena expansão dos sujeitos soci-
ais. 
A escolha do tema desta Monografia justifica-se pela relevância histórica que o reconheci-
mento da união estável homoafetiva como entidade familiar pelo Supremo Tribunal Fede-
ral (STF) trouxe para os casais homoafetivos, para a comunidade LGBTI, para o Serviço So-
cial, e para a sociedade brasileira em geral, já que é um convite para dialogarmos e refle-
tirmos sobre as novas formas de entendimento de família, que outrora era pensada sob a 
ótica da família nuclear, e hoje ganha nova configuração, baseada no afeto e no conceito 
ampliado de família. 
Minha inserção na Academia, ao longo destes quatros anos da graduação em Serviço Social, 
despertou-me a curiosidade em descobrir respostas para as seguinte questões: a) O reco-
nhecimento da união estável homoafetiva como entidade familiar pelo Supremo Tribunal 
Federal a partir do julgamento simultâneo da Ação Direta de Inconstitucionalidade 
4277/DF, moção da Procuradoria-Geral da República; e da Arguição de Descumprimento 
de Preceito Fundamental 132/RJ, expressa pelo Governo do estadodo Rio de Janeiro, é 
compatível com o princípio protetivo que permeia a Constituição Federal de 1988 no to-
cante ao conceito de universalidade, equidade e integralidade, visando a garantia de direi-
tos? b) O reconhecimento da união estável homoafetiva como entidade familiar vai de en-
contro à pauta do Projeto Ético-Político do Serviço Social brasileiro, constituída coletiva-
mente ao longo dos últimos anos pelo conjunto CFESS-CRESS, com vistas à seguridade soci-
al e aos direitos humanos? 
No tocante ao objeto da pesquisa, a delimitação do tema trata do reconhecimento da união 
estável homoafetiva como entidade familiar pelo Supremo Tribunal Federal a partir do jul-
gamento simultâneo da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277/DF, moção da Procura-
doria-Geral da República; e da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
132/RJ, expressa pelo Governo do estado do Rio de Janeiro, e seus desdobramentos entre 
os anos de 2011 e 2018: uma reflexão acerca da família homoafetiva à luz do Serviço Soci-
al. 
Ao fazer uma reflexão acerca da família homoafetiva à luz do Serviço Social, considerei o 
tema relação homoafetiva e entidade familiar relevante para a sociedade brasileira, porque 
propõe o diálogo sobre as novas formas de entendimento de família, que outrora era pen-
sada sob a ótica da família nuclear, e hoje ganha nova configuração, baseada no afeto e no 
conceito ampliado de família. 
O objetivo geral é analisar a união civil entre pessoas do mesmo sexo e seus desdobramen-
tos na sociedade brasileira. 
O(s) objetivo(s) específico(s) divide(m)-se em três eixos, a saber: a) identificar os avan-
ços jurídicos, no tocante à garantia de direitos civis para os segmentos sociais dos homoafe-
tivos, a partir do reconhecimento da união homoafetiva como entidade familiar pelo Su-
premo Tribunal Federal através do julgamento simultâneo da Ação Direta de Inconstituci-
onalidade 4277/DF, moção da Procuradoria-Geral da República; e da Arguição de Descum-
primento de Preceito Fundamental 132/RJ, expressa pelo Governo do estado do Rio de Ja-
neiro); b) especificar a união homoafetiva como entidade familiar; c) abordar a importância 
da garantia de direitos civis para os segmentos sociais dos homoafetivos. 
Provindo da hipótese de que ao reconhecer a união estável homoafetiva como entidade 
familiar, o Supremo Tribunal Federal (STF) demostrou clara irresignação quanto ao mo-
do juridicamente reducionista como são tratados os segmentos sociais dos homoafetivos, 
no tocante à violação dos preceitos fundamentais da igualdade, da segurança jurídica, da 
liberdade e da dignidade da pessoa humana, com vistas a fortalecer os princípios firmados 
no Código de Ética do Assistente Social, fiz do tema em questão meu material de pesquisa. 
Meu objetivo com esta Monografia é identificar os desafios enfrentados pelos casais homo-
afetivos no tocante ao direito de família e o papel do Serviço Social para garantir que estes 
direitos não sejam violados. 
Acredito que a pesquisa ora proposta irá contribuir para o debate sobre os direitos sociais 
dos casais homoafetivos. 
A pesquisa bibliográfica fomentou a obtenção de conhecimento do tema supradito. 
Por não haver tempo hábil, não realizarei Pesquisa de Campo, embora tenha elaborado um 
questionário que comporia as entrevistas, baseado um organograma de trabalho que não 
seria possível em dois meses. 
A Pesquisa de Campo será implementada em meu Mestrado. 
Entendo que esta pesquisa é de relevância cultural, porque provoca o diálogo sobre o sis-
tema de símbolos compartilhados pelos grupos sociais, traduzindo como vivências e repre-
sentações entendidas como códigos, valores, discussões e saberes que dão sentido às ações, 
apreendem e estruturam o mundo, sejam individual ou coletivamente construídos. 
Partindo do pressuposto de que a metodologia é um meio de expor detalhadamente o pas-
so a passo de minha pesquisa na prática, logo: 
 
A metodologia não só contempla a fase de exploração de campo (escolha do espaço da pesquisa, es-
colha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos critérios de amostragem e construção de estratégia 
para entrada em campo) como a definição de instrumentos e procedimentos para análise de dados 
(MINAYO, 2010, p.43). 
 
O método para realização da pesquisa em questão, orienta-se por embasamento do método 
dialético crítico, que se apoia na concepção dinâmica da realidade nas relações entre uni-
dade e totalidade; entre teoria e prática; observando os processos de transformação da so-
ciedade brasileira; direcionado para a realidade social e para as ações concretas com vistas 
à transformação social, manutenção, e expansão de direitos sociais conquistados pelos ho-
mossexuais e/ou casais homoafetivos. 
 
A dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, já que esta-
belece que os fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos 
de suas influências políticas, econômicas, culturais etc. Por outro lado, como a dialética privilegia as 
mudanças qualitativas, opõe-se naturalmente a qualquer modo de pensar em que a ordem quantita-
tiva se torne norma. Assim, as pesquisas fundamentadas no método dialético distinguem-se bastante 
das pesquisas desenvolvidas segundo a ótica positivista, que enfatiza os procedimentos quantitati-
vos (GIL, 2008, p. 14). 
 
Ao optar pela abordagem qualitativa, pretendo estudar a realidade dos casais homoafetivos 
na sociedade brasileira, a partir do reconhecimento da união homoafetiva como entidade 
familiar pelo Supremo Tribunal Federal em 2011; assim como a sua contribuição para a 
efetivação dos direitos desses usuários (casais homoafetivos e/ou famílias homoafetivas); 
questionando as dificuldades, desafios, conquistas, e o enfrentamento ao preconceito e à 
homofobia em seu cotidiano. Pois, de acordo com (MINAYO, 2008, pág. 21), a pesquisa qua-
litativa trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, 
dos valores e das atitudes. 
 
A pesquisa descritiva contempla a “descrição”, registro, análise e interpretação de fenômenos atuais, 
objetivando o seu funcionamento no presente, que no caso da referida pesquisa, tece reflexões e aná-
lises sobre a sociedade brasileira na contemporaneidade, os novos arranjos fasmiliares; neste caso, a 
família homoafetiva (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 20). 
 
Através das dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa, interessei-
me em aprofundar a reflexão sobre o tema proposto. 
Conforme Minayo (2008) a observação é de grande importância para auxiliar no processo 
da pesquisa, onde se coloca como observador de uma situação social, com finalidade de 
realizar uma investigação cientifica, tendo contato direto com profissional aprimorando o 
contexto da pesquisa. 
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizadas como fontes primárias as referências 
bibliográficas adquiridas ao longo do processo intelectivo. 
 
Fontes primárias: dados históricos, bibliográficos e estatísticos; informações, pesquisas e material 
cartografado; arquivos oficiais e particulares; registros em geral; documentação pessoal (diários, 
memórias, autobiografias); correspondência pública ou privada etc. (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 
26). 
 
Embasado no referencial teórico ora exposto, a Monografia destaca-se pela importância do 
tema em questão, onde a relevância do diálogo sobre a União Estável Homoafetiva, e con-
seguentemente, da interlocução sobre o Casamento Igualitário, merece destaque. 
Esta pesquisa é relevante para o Serviço Social brasileiro pelo fato de o Assistente Social 
ser um profissional radicalmente democrático, que visa garantir direitos e assistência para 
a população desamparada, através de políticas públicas que buscam a preservação, a defe-
sa, e a ampliação dos direitoshumanos e a justiça social. Pois entendo que do ponto de vista 
técnico, ser Assistente Social implica no compromisso com a competência, cuja base é o 
aprimoramento profissional; preocupação com a (auto) formação permanente e uma cons-
tante postura investigativa. Para tal, é necessário atentar-se à gestão de tempo nos espaços 
socioassistenciais. Visto que, para atender as demandas da Questão Social tão complexas de 
nossa sociedade, é preciso um profissional preparado para responder as atuais necessida-
des e conquistas da sociedade brasileira. Isto é, é necessário que seja um profissional gene-
ralista, gestor de pessoas, e voltado à proposição de programas e projetos sociais que de-
senvolvam e emancipem as pessoas, tornando-as atores sociais de suas próprias vidas. 
Após o período de coleta de informações, iniciei o processo de exploração, análise e inter-
pretação do material auferido. 
Os dados foram analisados com base nas informações apuradas; tendo como suporte o re-
ferencial teórico (pesquisa qualitativa) através da análise, interpretação, explicação e espe-
cificação, utilizando a bibliografia jurídica e do Serviço Social relativa ao tema supracitado: 
livros, jornais, revistas, teses, dissertações, material fonográfico, material videográfico etc. 
Para coleta de dados foram utilizados as técnicas de Pesquisa Documental e Bibliográfica. 
Por não haver tempo necessário para a aplicação de questionários, não fiz a utilização de 
dados primários. Foram utilizados dados secundários. 
Dados secundários são coletados através de livros, revistas, artigos, jornais, e outras fontes 
de dados que já sofreram outros estudos. 
Para investigar os desafios e possibilidades do tema em questão optei pela divisão do tra-
balho em dois capítulos. 
No primeiro capítulo abordo o conceito de família na contemporaneidade, o conceito de 
família homoafetiva; o Casamento Igualitário | conceito e historicidade a partir do reconhe-
cimento da união estável homoafetiva pelo Supremo Tribunal Federal. 
No segundo capítulo falo sobre os direitos matrimoniais (direitos sociais elencados à União 
Estável e ao Casamento Homoafetivo); a homoparentalidade; a adoção homoparental; os 
direitos previdenciários, matrimoniais e sociais dos casais homoafetivos. 
Também será abordado no segundo capítulo, a relação e posição do Serviço Social no to-
cante à garantia de direitos; direitos estes cujos quais as famílias homoafetivas estão inse-
ridas enquanto usuárias de serviços públicos e particulares. Falarei da atuação do assisten-
te social à luz do Código de Ética do/a Assistente Social e do Projeto Ético-Político do Servi-
ço Social. Abordarei as competências do Serviço Social na contemporaneidade: política, 
ética, investigativa e internventiva (competência ético-política, conpetência teórico-
metodológica, competência técnico-operativa). 
Em seguida, discorro sobre a relevância do tema supradito, e como feedback, finalizo a 
Monografia fazendo uma reflexão sobre este trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I – UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA: UMA CONQUISTA HISTÓRICA 
 
Nesta etapa do trabalho iremos tratar do contexto histórico do casamento igualitário a par-
tir do reconhecimento da união estável homoafetiva como entidade familiar pelo Supremo 
Tribunal em 2011. Abordaremos os procedimentos para realização da união estável e do 
casamento homoafetivo, os regimes de bens a serem escolhidos pelo casal, o conceito de 
união estável, o conceito de casamento, as principais diferenças entre casamento civil e 
união estável, a equidade como conceito fundamental da união estável e do casamento ho-
moafetivo, homofobia e preconceitos correlatos, e considerações acerca do primeiro capí-
tulo. 
 
1.1 ESBOÇO HISTÓRICO 
Segundo o Código Civil Brasileiro, casamento igualitário é o instrumento que garante aos 
casais homossexuais os mesmos direitos matrimoniais, previdenciários e sociais, assegura-
dos aos casais heterossexuais. Isto é, garante àqueles que vivem em união estável, arcando 
eles, outorgantes declarantes, em proporçõe iguais, com todos os custos para a manutenção 
da residência e bem estar dos mesmos, e que mantém relacionamento de dependência mú-
tua emocional, afetiva e financeira, tendo uma convivência duradoura, pública e contínua. 
O reconhecimento de casamento igualitário como entidade familiar no Brasil, por similitu-
de à união estável hetero e homoafetiva, foi aprovado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) 
em 5 de maio de 2011, no julgamento simultâneo da Ação Direta de Inconstitucionalida-
de 4277/DF, moção da Procuradoria-Geral da República; e da Arguição de Descumprimen-
to de Preceito Fundamental 132/RJ, expressa pelo Governo do estado do Rio de Janeiro. 
Ao reconhecer a união estável homoafetiva como entidade familiar, o STF demostrou clara 
irresignação quanto ao modo juridicamente reducionista como são tratados os segmentos 
sociais dos homoafetivos, no tocante à violação dos preceitos fundamentais da igualdade, 
da segurança jurídica, da liberdade e da dignidade da pessoa humana. 
Logo, partindo do pressuposto que cada um é cada um mais a sua história, entendo que o 
Estado Democrático de Direito tem por obrigação assegurar a dignidade do sujeito social. 
Portanto, garantir a homens e mulheres, a possibilidade de formarem uma família protegi-
da por direitos sociais com seus pares, sejam esses homens ou mulheres, é dever do Estado 
e direito de todos, conforme afirmam Marx e Engels, ao declararem: 
 
Tal como os indivíduos manifestam sua vida, assim são eles. O que eles são coincide, portanto, com 
sua produção: com o que produzem, com o modo como produzem. O que os indivíduos são depende, 
pois, das condições materiais de produção (MARX, ENGELS, 2014, p. 21). 
 
Em razão do julgamento da ADI 4277 e da ADPF 132, o casamento igualitário garante aos 
casais homoafetivos os mesmos direitos matrimoniais, previdenciários e sociais outorga-
dos aos casais heterossexuais que vivem em união estável ou que realizaram o casamento 
civil. 
Aprofundando o tema, em 25 de outubro de 2011, a quarta turma do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) reconheceu, por quatro votos a um, o casamento entre pessoas do mesmo se-
xo, em conformidade com o acórdão denominado Ação de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF-132) e com a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI-4277), em 
que os magistrados do STF atestaram que os homossexuais ficaram em situação de desi-
gualdade criada pelo artigo 226, § 3º da Constituição Federal de 1988. Artigo este, que ao 
mencionar a união estável formada entre um homem e uma mulher, reconheceu somente 
esta convivência como digna da proteção do Estado. 
A partir do julgamento no Supremo Tribunal Federal da ADI 4277 e da ADPF 132, os casais 
homoafetivos passaram a ter o reconhecimento de intituição familiar legítima, dando-lhes 
direitos e deveres similares ao casamento civil. 
Os casais homoafetivos passaram a ter direito a exercer a prerrogativa da adoção; a ter 
acesso à pensões, planos e benefícios de saúde; compra conjunta de imóveis; comprovação 
de renda conjunta; proteção social; solicitação de cidadania brasileira (autorização para 
estudo e trabalho, permanência no Brasil para estrangeiros); garantia de ser acompanhante 
da esposa ou do marido em internação hospitalar ou visitas no sistema penal; possibilidade 
de optar por inseminação artificia ou decidir por ‘Doação Temporária de Útero’ (Barriga de 
Aluguel); dentro outros direitos sociais imputados ao Poder Judiciário, às Varas de Família, 
ao Juízo Civil, ao Poder Executivo, à Previdência Social (I.N.S.S), aos Planos de Saúde, às Ins-
tituições Bancárias, e às Companhias de Seguros; em quaisquer de seus órgãos, departa-
mentos, seções ou divisões. 
Falarei sobre direitos matrimoniais,previdenciários e sociais dos casais homoafetivos e 
sobre a posição do Serviço Social no tocante à garantia de direitos no capítulo II. 
Em 14 de maio de 2013 foi aprovado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a resolução 
Nº 175, que impõe que os cartórios em nível nacional realizem a união estável e/ou casa-
mento de casais homoafetivos. 
Vale salientar, que de acordo a Lei 9.278, de 10 maio de 1996 (Lei da União Estável) do Có-
digo Civil Brasileiro, união estável é a relação de convivência duradoura e estabelecida en-
tre dois cidadãos com o objetivo de constituição familiar. Mesmo aqueles que não moram 
no mesmo domicílio, desde que haja vínculo permanente, este relacionamento é definido 
como união estável. 
Logo, a adoção dos fundamentos da ADI 4277 e da ADPF 132 teve finalidade interpretar 
conforme à Constituição ao art. 1723 do Código Civil, que proibe a discriminação das pes-
soas em razão de sexo, seja no plano da dicotomia homem/mulher (gênero), seja no plano 
da orientação sexual de cada qual deles. 
Os acórdãos expõem 4 (quatro) eixos importantes que justificam a relevância do estudo. 
O primeiro viés atesta que a proibição do preconceito como princípio do constitucionalis-
mo fraternal, faz homenagem ao pluralismo como valor sociopolítico e cultural. Isto é, li-
berdade para dispor da própria sexualidade, inserida na categoria dos direitos fundamen-
tais do indivíduo, expressão que é de autonomia da vontade, direito à intimidade e à vida 
privada. Ou seja, segundo o referido artigo, o sexo das pessoas; salvo disposição constituci-
onal expressa ou implícita em sentido contrário, não se presta como fator de desigualdade 
jurídica. 
O segundo viés declara que preconceito à luz do inciso IV do art. 3º da Constituição Federal 
é inaceitável por colidir frontalmente com o objetivo constitucional de promover o bem de 
todos. 
O terceiro viés esclarece que o silêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto 
uso do sexo dos indivíduos como saque da kelseniana “norma geral negativa”, segundo a 
qual “o que não estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido”. 
O quarto viés reconhece o direito à preferência sexual como direta emanação do princípio 
da “dignidade da pessoa humana”: direito à autoestima no mais elevado ponto da consciên-
cia do indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto normativo da proibição do preconceito 
para a proclamação do direito à liberdade sexual. O concreto uso da sexualidade faz parte 
da autonomia da vontade das pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos planos da 
intimidade e da privacidade constitucionalmente tuteladas. Autonomia da vontade. 
Segundo os ministros do Supremos Tribunal Federal, o que se buscou ao analisar a ADPF 
132, requisitada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro em 2011 (solicitação esta que ao 
chegar ao Supremo Tribunal Federal originou o acórdão proletado em julgamento da Ação 
Direta de Inconstitucionalidade 4.277), foi basear-se no art. 1º da Lei nº 5.034/2007, que 
concede direitos previdenciários aos servidores do Estado do Rio de Janeiro; sejam eles 
casais homoafetivos ou heteroafetivos. 
Ao estudar o tema união estável homoafetiva e casamento entre pessoas do mesmo 
sexo, compreendi que enquanto minorias em nível de acesso a direitos sociais, em uma 
sociedade como a nossa (capitalista, neoliberal, classista, materialista, oligárquica, desigual, 
reacionária, anticomunista, violenta, conservadora, fundamentalista, vertical, protofascista, 
corrupta, preconceituosa, racista, machista, sexista, homofóbica, tradicionalista, antiética; 
que opera com a ideologia do mando e da obediência, e que tem como conceito basilar o 
modelo burguês de produção e reprodução social, alicerçado na tradição, família e proprie-
dade; representada por uma classe média pequeno burguesa que se autodenomina “bela, 
recatada e do lar”; sociedade está com um pé na ditadura e outro na negação de direitos 
sociais: onde o trabalhador assalariado ao vender a sua força de trabalho, submete-se ao 
jugo do capital-opressor), os homossexuais encontram muitas pedras no meio do caminho. 
Pois, como bem sabemos; o preconceito, e no caso dos homossexuais, a homofobia, — é 
uma doutrina forjada na Cultura e na História. 
Conforme (Arendt, 2008) minorias são grupos marginalizados dentro de uma sociedade 
devido aos aspectos econômicos, sociais, culturais, físicos ou religiosos. Porém, o termo não 
deve ser associado a grupos em menor número em uma sociedade, mas, sim, ao controle de 
um grupo majoritário sobre os demais, independente da quantidade numérica. Estudadas 
por profissionais de diversas áreas do conhecimento, as novas minorias foram definidas 
nos séculos XX e XXI. Neste grupo, encontram-se os homossexuais, idosos, imigrantes e 
pessoas que não possuem domicílio fixo. No caso dos homossexuais, são publicamente 
apontados por sua diferenciação ainda hoje. Entre os principais direitos clamados por estas 
minorias estão o tratamento igualitário, autonomia e independência completa. 
Dias (2011) declara que não há como afirmar que o art. 226, § 3º da Constituição Federal, 
ao mencionar a união estável formada entre um homem e uma mulher, reconheceu somen-
te esta convivência como digna da proteção do Estado. O que existe é uma simples reco-
mendação em transformá-la em casamento. Em nenhum momento foi dito não existirem 
entidades familiares formadas por pessoas do mesmo sexo. Exigir a diferenciação de sexos 
no casal para haver a proteção do Estado é fazer distinção odiosa, postura nitidamente dis-
criminatória que contraria o princípio da igualdade, ignorando a existência da vedação de 
diferenciar pessoas em razão de seu sexo. 
 
A nenhuma espécie de vínculo que tenha por base o afeto se pode deixar de conferir status de família 
merecedora da proteção do Estado, pois a Constituição Federal consagra, em norma pétrea, o respei-
to à dignidade da pessoa humana. Essa é a regra maior, que serve de norte ao sistema jurídico. (SU-
ANNES, 1999, p.11). 
 
Dias (2011) esclarece que as normas constitucionais que consagram o direito à igualdade 
proíbem discriminar a conduta afetiva no que respeita à inclinação sexual. A discriminação 
de um ser humano em virtude de sua orientação sexual constitui, precisamente, uma hipó-
tese (constitucionalmente vedada) de discriminação sexual. Rejeitar a existência de uniões 
homossexuais é afastar diversos princípios insculpidos na Carta Magna, pois é dever do 
Estado promover o bem de todos, vedada qualquer discriminação, não importa de que or-
dem ou de que tipo. É de se relembrar a existência do princípio da afetividade e do princí-
pio da pluralidade familiar, que também oferecem respaldo às uniões homoafetivas. 
Rocha (2011) declara que a dignidade é o pressuposto da ideia de justiça humana, porque 
ela é que dita a condição superior do homem como ser de razão e sentimento. 
Barbosa (2011) observa que essa realidade social é incontestável, uma vez que as uniões 
homoafetivas sempre existiram e existirão. O que varia e tem variado é o olhar que cada 
sociedade lança sobre elas em cada momento da evolução civilizatória e em cada parte do 
mundo. 
De acordo com Miranda (2004) o Programa de Combate à Violência e à Discriminação con-
tra GLTB (Gays, Lésbicas, Transgêneros e Bissexuais) e de Promoção da Cidadania de Ho-
mossexuais “Brasil sem Homofobia”, é uma das bases fundamentais para ampliação e forta-
lecimento do exercício da cidadania no Brasil. Um verdadeiro marco histórico na luta pelo 
direito à dignidade e pelo respeito à diferença. É o reflexo da consolidação de avanços polí-
ticos, sociais e legais tão duramente conquistados. 
Rocha (2011) declara que a união entre pessoas do mesmo sexo haveria de ser respeitada e 
assegurada pelo Estado, com base na norma para a qual se pede a interpretação conforme à 
Constituição,ao argumento de que definir a união estável entre homem e mulher e excluir 
outras opções contrariaria preceitos constitucionais fundamentais, como os princípios da 
liberdade, da intimidade, da igualdade e da proibição de discriminação. 
Portanto, de acordo com a Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, pede-se seja obrigatório 
o reconhecimento, no Brasil, da legitimidade da união entre pessoas do mesmo sexo, como 
entidade familiar, desde que atendidos os requisitos exigidos para a constituição da união 
estável entre homem e mulher e que os mesmos direitos e deveres dos companheiros nas 
uniões estáveis estendam-se aos companheiros nas uniões entre pessoas do mesmo sexo. 
Segundo Rosário (2011) promover a igualdade resguardando o direito a diversidade é um 
desafio compartilhado pelos Estados Nacionais na contemporaneidade e só se faz possível 
através da garantia dos Direitos Humanos para todas e todos, indiscriminadamente. A 
afirmação dos Direitos Humanos, uma das mais fortes conquistas do século passado, impõe 
desafios a todas as nações, pois a realização desses direitos exige esforços cotidianos, espe-
cialmente, quando nos referimos a garanti-los para parcelas da população socialmente vul-
nerabilizadas. As vulnerabilidades são impostas por preconceitos e discriminações de toda 
sorte e atingem os cidadãos e cidadãs por suas características pessoais, sejam elas de gêne-
ro, raça/cor, orientação sexual, identidade de gênero ou tantos outros atributos que fazem 
de cada um, um ser único e digno de respeito aos seus direitos individuais. 
Conforme Santana (2011) o intuito de promover o entendimento sobre esta nova entidade 
familiar é assertivo, já que na qualidade de cidadãos com opção sexual distinta da comum 
que por tanto tempo se perpetuou como a mais correta, os homossexuais se vêem em situ-
ação de desigualdade criada pela norma constitucional, que se furtou ao reconhecimento da 
relação homoafetiva como entidade familiar, em tom meramente discriminatório e aniqui-
lador do direito de indivíduos que se encontram em situação de igualdade formal garanti-
da, em outras linhas, pela própria Constituição Federal de 1988, já que declara que “Todos 
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. 
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ao aprovar a resolução 175; resolução esta que proíbe 
a todos os cartórios brasileiros a se recusarem a converter a união estável homoafetiva em 
casamento civil, legalizou o casamento homoafetivo no Brasil. 
Ou seja, a Resolução 175 que completou três anos em maio de 2016, vem contribuindo para 
que casais homoafetivos realizem o casamento civil. Pois, segundo dados oficiais do Institu-
to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde a vigência da Resolução 175 até o final 
de 2014, oito mil, quinhentos e cinquenta e cinco (8.555) casamentos entre cônjuges ho-
moafetivos foram registrados em cartórios em todo o Brasil. Os dados referentes ao ano 
de 2015 sairão no final de 2016. 
Segundo dados oficiais do IBGE, entre os 4.854 casamentos homoafetivos registrados no 
ano de 2014 | 50,3% (2.440 matrimônios) foram entre cônjuges do sexo feminino e 49,7% 
(2.414 matrimônios) foram entre cônjuges do sexo masculino. 
A região Sudeste (60,7%) concentrou o maior percentual de uniões homoafetivas. A região 
Sul (15,4%); a região Nordeste (13,6%); o Centro-Oeste (6,9%); e o Norte (3,4%). 
Em comparação como o número de casamentos homoafetivos em nível nacional, o estado 
de São Paulo alcançou a porcentagem de 66,9% de casamentos homoafetivos entre homens 
e 71,9% entre mulheres. 
Desse modo, por sua importância na vida de milhares de sujeitos sociais homoafetivos, e 
por ser um ganho sociocultural para os brasileiros, a aprovação da união estável homoafe-
tiva como entidade familiar pelo Supremo Tribunal Federal, e posteriormente, a conversão 
da Escritura Declaratória de União Estável em casamento civil homoafetivo, é um marco 
histórico. 
 
1.2 PROCEDIMENTOS PARA REALIZAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA E PARA O 
CASAMENTO HOMOAFETIVO. 
Conforme consulta feita ao Oitavo Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato 
na Comarca da Capital – RJ, localizado na Rua Dr. Pereira dos Santos, 25 – Tijuca, Rio de 
Janeiro - RJ, 20520-170, para solitar a Escritura Declaratória de União Estável basta aos 
interessados comparecerem ao cartório munidos de Identidade (original) e CPF (original). 
A união estável é realizada na hora e os noivos recebem a Escritura Declaratória de União 
Estável imediatamente. 
Com relação a custos, para fazer a Escritura Declaratória de União Estável, é cobrado, inclu-
indo o translado, de acordo com as tabelas 07, 1, II, o valor de (R$ 90,72), 01,04, arquiva-
mento (R$ 9,44), 01,05 guia de comunicação (x2) (R$ 21,88), e, Certidão (R$ 18,08), acres-
cidas das Leis (3217/99) – 20% - FETJ – (R$ 28,02) – (4664/2005), 5% – FUNDPERJ 
(R$7,01), 5% FUNPERJ – (111/2006) (R$ 7,01), Lei 6281/12 - 4% (R$ 5,60), PMCMV – 2% 
(R$ 1,81), Mútua e Acoterj (R$13,54), ISS (R$ 7,14), mais tabela 04 – distribuição no valor 
de (R$ 25,54), que serrão recolhidos nos prazos e formas da Lei, autenticação do CPF (x2) 
(R$14,00), autenticação do RG (x2) (R$14,00), mais taxas adicionais, perfazendo o valor 
total de R$ 262,50. 
A Escritura Declaratória de União Estável é lavrada e carimbada por um(a) Escrevente No-
torial; assinada pelos outorgantes declarantes; e subscrita, assinada, carimbada e certifica-
da em mesma data, pelo Oficial do cartório. 
Para fazer a conversão da união estável em casamento, conforme informações coletadas no 
cartório suprastranscrito, além de apresentar os documentos já indicados como necessá-
rios à habilitação para o casamento, o casal deve declarar no pedido que já vive em união 
estável, informando a data de início da convivência e afirmando não haver impedimentos 
para o casamento, e também levar duas testemunhas ao cartório, que atestarão o tempo da 
união estável e a ausência de impedimentos para o matrimônio. Se o casal desejar uma ce-
rimônia formal, celebrada por Juiz de Paz, deve informar isso no requerimento inicial. Esse 
pedido, juntamente com a documentação apresentada, formará um processo de habilitação 
para a conversão de união estável em casamento, que será analisado por um Juiz. Tal pro-
cesso dependerá de sentença judicial, portanto, não se pode precisar o prazo para a sua 
conclusão. 
Para quem for solteiro(a), para realizar o casamento é necessário apresentar ao cartório 
Certidão de nascimento (original e cópia), Identidade (original e duas cópias), CPF (original 
e duas cópias), comprvante de residência (luz, gás, telefone, banco – original e cópia). 
Para os(as) que forem divorciados(as), é necessário apresentar Certidão do casamento an-
terior com divórcio averbado, e, ainda, com informação sobre os bens do casamento anteri-
or (original e cópia); Identidade (original e 2 cópias); CPF (original e 2 cópias); comprovan-
te de residência (luz, gás, telefone, banco – original e cópia). 
Para aqueles(as) que são viúvos(as), é necessário aparesentar Certidão do casamento ante-
rior (com o óbito anotado) e apresentar também a certidão de óbito do cônjuge anterior 
(originais e cópias); comprovar ter havido inventário dos bens do casal ou a sua desneces-
sidade (art. 1.523, I do CCB); 
Identidade (original e 2 cópias); CPF (original e 2 cópias); comprovante de residência (luz, 
gás, telefone, banco – original e cópia). 
Para estrangeiros(as), caso o noivo (a) não entenda o idioma nacional, será necessária a 
presença de um tradutor público juramentado tanto na habilitação como na celebração; 
Certidão de nascimento (solteiro) ou casamento (divorciado) traduzida por tradutor jura-
mentado e ambos os documentos (certidão e tradução) deverão ser registrados em cartório 
de títulos e documentos; ficha consular provando estado civil de solteiro; 
Passaportedentro do prazo de validade com visto válido, e traduzido por tradutor jura-
mentado e ambos os documentos (passaporte e tradução) deverão ser registrados em car-
tório de títulos e documentos. 
Para todos os casos, para dar entrada no processo de habilitação, deverão estar presen-
tes ambos os noivos e duas testemunhas (é permitido parentes) maiores de 18 anos, por-
tando RG e CPF originais (com duas cópia de cada). As duas testemunhas que devem estar 
presentes no momento da entrada do processo, não precisam ser as mesmas que estarão 
presentes no momento da celebração do casamento. 
Noivos menores de 18 anos devem estar acompanhados dos pais portando RG e CPF. 
Para casarem-se no Oitavo Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato na Comarca da 
Capital – RJ, pelo menos um dos noivos deve apresentar comprovante de residên-
cia provando que reside dentro da área de competência do cartório (Tijuca, Grajaú, Vila 
Isabel, Andaraí, Maracanã, Praça da Bandeira, Muda, Usina, Alto da Boa Vista e São Francis-
co Xavier). 
Os dias e horários de atendimento para os noivos darem entrada em processo de habilita-
ção para casamento no Oitavo Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato na Comar-
ca da Capital – RJ, é segunda, terça, quarta e sexta, de 9:00 às 17:00. Quinta-feira o atendi-
mento é de 11:30 às 17:00. 
O Prazo para conclusão do processo é de trinta a quarenta dias. 
Após a conclusão do processo, os noivos têm o prazo de noventa dias para casarem (no car-
tório, na igreja ou em local particular). 
No cartório supradito, os casamentos são celebrados todas as quintas-feiras pela manhã. 
Para a habilitação; ou seja, para dar entrada no processo de casamento, e/ou, para a cele-
bração do casamento, ou seja, o dia em que as partes comparecem perante o Juiz e afirmam 
o desejo de casar; a procuração deverá ser por instrumento público (feita em cartório no 
Brasil ou no exterior, ou, no Consulado do Brasil no exterior). Esta procuração tem validade 
máxima de 90 dias e deve conter poderes especiais para o ato, a qualificação do outro nu-
bente, o regime de bens a ser adotado, e, se for o caso, os novos nomes que pretendem ado-
tar. 
Quanto a custos relativos ao casamento, o cartório suprecitado aceita pagamento em di-
nheiro, cartão de debito ou cheque. 
Todos os pagamentos deverão ser feitos somente para o Cartório. É necesssário exigir reci-
bo. 
É importante ressaltar, que o cartório sobredito, não se responsabiliza por valores pagos 
para despachante ou para qualquer outro intermediário ou para terceiro. 
Quanto a preços, o casamento no cartório supremencionado custa R$ 768,88 (já incluída a 
taxa do juiz de paz). 
O casamento na Igreja custa R$ 712,69. 
Aos valores acima, serão ainda acrescidos os valores das autenticações, aberturas e reco-
nhecimentos de firmas efetuados no cartório. 
Para o casamento civil com celebração particular (em casa, clube, festa etc), a cerimônia 
tem taxa do cartório no valor de R$ 654,34. Além do valor pago de R$ 768,88 pelo processo 
de habilitação. 
No caso da realização do casamento fora do cartório, também é cobrada a taxa de locomo-
ção do Juiz de Paz, que deverá ser combinada diretamente com o mesmo. 
Se o local do casamento for em outro bairro não mencionado acima, é necessário pagar: 
taxa do Cartório no valor de R$ 725,90, além do valor pago e R$ 768,88 – pelo processo de 
habilitação, mais taxa de locomoção do Juiz de Paz, que deverá ser acordada com o próprio. 
Os valores cobrados pelo Oitavo Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato na Co-
marca da Capital – RJ, aqui mencionados, referem-se ao mês de dezembro de 2016. 
Com relação aos Regimes de Bens que podem ser adotados, o novo Código Civil consagra a 
liberdade de escolha do regime de bens entre os cônjuges, e não são obrigados a escolha de 
determinado regime (salvo nos casos expressamente previstos no Código Civil). 
Atualmente, pela nova legislação civil, são quatro os regimes de bens a serem livremente 
escolhidos pelo casal: 
 
1.2.1 Comunhão Parcial de Bens. 
Também conhecido como regime LEGAL. Neste regime, os bens que os noivos possuíam 
antes do casamento não se comunicam ao outro cônjuge, somente o que for adquirido após 
a celebração do casamento é que será considerado dos dois. Há uma separação quanto ao 
passado e comunhão quanto ao futuro. Não se comunicam após o casamento: Os bens par-
ticulares (os que cada um já possuía antes do casamento e os adquiridos a título gratuito, 
por doação ou sucessão/herança); bem como o valor pela alienação destes; nem mesmo os 
adquiridos com este valor; as obrigações anteriores ao casamento e as provenientes de atos 
ilícitos; os bens de uso pessoal e profissional; salários, pensões e soldos pessoais e ainda os 
bens que foram adquiridos por uma causa anterior ao casamento. 
Neste tipo de regime, não há necessidade de feitura de pacto antenupcial, bastando a decla-
ração de vontade dos nubentes na hora da habilitação, mediante a assinatura de um TER-
MO DE OPÇÃO (fornecido pelo cartório). 
 
1.2.2 Comunhão Universal ou Total de Bens. 
Neste regime, comunicam-se todos os bens dos nubentes, tantos os atuais, como os futuros. 
Assim, após o casamento, tudo o que era só de um, passa a ser dos dois. E também, o que 
for adquirido após a celebração do casamento, será dos dois. Só não se comunicarão os se-
guintes bens: doados ou herdados com cláusula de incomunicabilidade; os gravados de fi-
deicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensi-
va; dívidas anteriores ao casamento, salvo se provado que reverteram em proveito comum 
do casal e doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de in-
comunicabilidade; os bens de uso pessoal e profissional; proventos do trabalho pessoal de 
cada cônjuge e pensões, soldos, montepios e outras rendas semelhantes. Se o casal escolher 
este regime de bens, haverá a necessidade de feitura de pacto antenupcial, celebrado por 
escritura pública. 
 
1.2.3 Participação Final nos Aquestos. 
Por aquestos, entende-se o montante de patrimônio adquirido após o casamento. Este é um 
regime novo e misto, pois durante o casamento aplicam-se as regras da separação total e 
após a sua dissolução, as da comunhão parcial. Cada cônjuge tem o seu próprio patrimônio 
e em caso de dissolução da sociedade conjugal, lhe caberá a metade do que o casal adquiriu 
a título oneroso durante o casamento. Durante o casamento, depende de autorização do 
cônjuge para vender os bens imóveis, salvo disposição contrária em pacto antenupcial. Na 
apuração dos aqüestos, sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, excluem-se da soma 
dos patrimônios próprios os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar foram 
substituídos, os que sobrevierem a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade e as dívidas 
relativas a este bem. Aqui, também há necessidade de escritura de pacto antenupcial. 
 
1.2.4 Separação de Bens Convencional ou Absoluta. 
Neste regime, cada cônjuge conserva a plena propriedade dos seus bens, bem como sua 
integral administração e fruição, podendo aliená-los ou gravá-los de ônus real livremente, 
sejam móveis ou imóveis. Envolve todos os bens, presentes e futuros, frutos e rendimentos 
e confere autonomia na gestão do próprio patrimônio. Para que se configure nestes moldes 
é igualmente indispensável a feitura do pacto antenupcial também, como explicado acima. 
Pelo art. 1.641 do Código Civil, haverá Separação Obrigatória de Bens no casamento: I. das 
pessoas que contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casa-
mento; II. Da pessoa maior de 70 anos; III. De todos os que dependerem, para casar, de su-
primento judicial. Neste tipo de regime, não há necessidade de feitura de pacto antenupcial, 
trata-se de uma imposição legal. 
O Pacto Antenupcial só pode ser feito por escriturapública, em Tabelionato de Notas. Para 
valer contra terceiros, isto é, perante toda a sociedade, deverá ser registrado, após a cele-
bração do casamento no Cartório de Registro de Imóveis (Livro n.º 3) do primeiro domicí-
lio do casal. Se o casal, ou cada cônjuge individualmente possuir bens imóveis registrados, 
deverá tempestivamente também averbar o casamento com o pacto antenupcial no Livro 
n.º 2 do Cartório de Registro de Imóveis de cada bem imóvel. 
Qualquer que seja o regime de bens adotado, só passará a vigorar depois do casamento. 
Com relação ao exposto, tanto para casais heteroafetivos quanto para casais homoafetivos, 
o procedimento é o mesmo, graças à força da Lei que consagra a ambos o direito ao casa-
mento igualitário. 
 
1.3 CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL. 
De acordo com o Códico Civil Brasileiro, União Estável é a relação de convivência entre 
dois cidadãos que é duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição familiar. 
Não é necessário que morem juntos, isto é, podem até ter domicílios diversos, mas será 
considerada união estável, desde que existam elementos que o provem, como por exemplo, 
a existência de filhos. 
Na união estável prevalece o regime da comunhão parcial de bens, mas pode haver um con-
trato entre as partes sobre os bens dos companheiros com a mesma flexibilidade admitida 
no pacto ante-nupcial. 
Escritura Declaratória de União Estável é o documento que formaliza a união de um ca-
sal, que se une com o objetivo de constituir família. No caso da União Estável, a escritura é 
registrada em um cartório de notas e não altera o estado civil – ou seja, os dois continuam 
solteiros. Já o casamento, registrado no cartório de registros públicos, altera o estado civil 
e faz do cônjuge um “herdeiro necessário”, que não pode ficar sem ao menos parte da he-
rança. Assim como no casamento convencional, os noivos podem escolher o regime de bens 
(comunhão parcial, comunhão total ou separação total) e mudar o sobrenome. 
A Escritura Declaratória de União Estável também garante aos casais direitos antes es-
pecíficos do casamento, principalmente a inclusão em planos de saúde e seguros de vida, a 
citação em testamentos (apesar de que esta pode ser questionada legalmente pela família 
de um dos membros do casal em caso de morte), e, em caso de rompimento do contrato, a 
divisão dos bens acumulados pelo casal e a concessão de pensão alimentícia. 
 
1.4 CONCEITO DE CASAMENTO. 
Conforme o Código Civil Brasileiro, casamento é a união de pessoas reconhecida e regula-
mentada pelo Estado, decorrente da celebração que tem por objetivo a constituição 
de família e é baseada no vínculo de afeto. A diversidade de sexos não é mais requisito para 
o casamento no Brasil. 
 Segundo o Ministro Luis Felipe Salomão, do Supremo Tribunal Federal, que ao votar a fa-
vor do casamento homoafetivo declarou que o casamento civil é a forma pela qual o Estado 
melhor protege a família, e sendo múltiplos os "arranjos" familiares reconhecidos pela Car-
ta Magna, não há de ser negada essa via a nenhuma família que por ela optar, inde-
pendentemente de orientação sexual dos partícipes, uma vez que as famílias constitu-
ídas por pares homoafetivos possuem os mesmos núcleos axiológicos daquelas constituí-
das por casais heteroafetivos, quais sejam, a dignidade das pessoas de seus membros 
e o afeto. 
Ao autorizar o casamento homoafetivo, o Ministro Luis Felipe Salomão esclareceu que se-
gundo o § 7º do art. 226, da Constituição de 1988, a igualdade e o tratamento isonômico 
supõem o direito a ser diferente, o direito a autoafirmação e a um projeto de vida inde-
pendente de tradições e ortodoxias. Em uma palavra: o direito à igualdade somente se 
realiza com plenitude se é garantido o direito à diferença. Conclusão diversa também não 
se mostra consentânea com um ordenamento constitucional que prevê o princípio do livre 
planejamento familiar. 
O Ministro Luis Felipe Salomão disse ainda que nessa toada, enquanto o Congresso Nacio-
nal, no caso brasileiro, não assume, explicitamente, sua co-participação nesse processo 
constitucional de defesa e proteção dos socialmente vulneráveis, não pode o Poder Judiciá-
rio demitir-se desse mister, sob pena de aceitação tácita de um Estado que somen-
te é "democrático" formalmente, sem que tal predicativo resista a uma mínima inves-
tigação acerca da universalização dos direitos civis. Diante do exposto, dou provimento ao 
recurso especial para afastar o óbice relativo à diversidade de sexos e para determinar o 
prosseguimento do processo de habilitação de casamento, salvo se por outro motivo as re-
correntes estiverem impedidas de contrair matrimônio. 
Encerrando sua fala, o Ministro deixa claro que essa decisão é de suma importância para 
nosso ordenamento jurídico, para nossa sociedade, significa respeito ao ser humano, inde-
pendentemente de sua opção sexual. Reiterando as palavras do Ministro, “o direito à igual-
dade somente se realiza com plenitude se é garantido o direito à diferença. 
 
 
1.5 PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE CASAMENTO CIVIL E UNIÃO ESTÁVEL. 
 
1.5.1 Pensão por morte. 
No casamento civil, se o falecido era segurado da Previdência Social, basta que seu cônjuge 
vá até uma agência do INSS com a certidão de óbito e a de casamento (entre outros docu-
mentos) e faça o requerimento da pensão por morte. 
 No caso de união estável, o companheiro também terá direito à pensão por morte, porém 
será muito mais trabalhoso. Será necessário provar ao INSS esta união estável através de 
um procedimento administrativo. Em muitos casos o INSS não reconhece este relaciona-
mento como sendo união estável e nega a pensão, de forma que o companheiro precisará 
procurar o Judiciário. Isso pode demorar muito tempo, dependendo da cidade, e não é cer-
teza que o juiz vai reconhecer (isso vai depender muito das provas produzidas). É interes-
sante destacar que companheiro(a) homoafetivo(a) também tem direito à pensão por mor-
te. 
 
1.5.2 Direito real de habitação. 
Direito real de habitação é direito real temporário de ocupar gratuitamente casa alheia, 
para a moradia do titular e de sua família. É o que garante ao cônjuge sobrevivente (viúvos 
e viúvas) a permanência no imóvel de residência do casal, mesmo que outros herdeiros 
passem a ter a propriedade do imóvel em razão da herança. 
 No casamento, não existe limitação de tempo para o direito real de habitação. A lei 9.278 
de 1996 regulamentava a união estável antes do advento do Código Civil atual (que é de 
2002). 
Aquela lei afirmava que o companheiro sobrevivente teria direito de habitação enquanto 
não constituísse nova união estável ou casamento (art. 7º, parágrafo único), ou seja, caso o 
companheiro sobrevivente case ou passe a viver em união estável com outra pessoa, perde-
ria o direito real de habitação. Entretanto, alguns entendem que esta lei foi revogada pelo 
novo Código Civil. 
No casamento civil, o direito real de habitação é assegurado pelo Código Civil, independen-
temente do regime de bens, sem limitação de tempo. “Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, 
qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe 
caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residên-
cia da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. 
Na união estável, o direito real de habitação não é assegurado pelo Código Civil. Alguns en-
tendem que a lei 9.278/96 continuaria em vigor e outros não. Haverá limitação temporal: 
enquanto não se casar ou constituir nova união estável. “Art. 7º, Parágrafo único. Dissolvida 
a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habi-
tação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel 
destinado à residência da família.1.5.3 Direito à herança. 
Aquele que falece sem deixar testamento transmite a herança a determinadas pessoas. Os 
sucessores serão chamados através de uma sequência denominada ordem da vocação he-
reditária, que nada mais é do que uma relação preferencial determinada por lei, que indica-
rá pessoas à sucessão hereditária. 
O cônjuge ocupa terceiro lugar na ordem de vocação hereditária e participará da sucessão 
do falecido com relação à totalidade dos bens, quer sejam eles particulares (apenas do fale-
cido) ou comuns (de ambos os cônjuges). 
 O companheiro só participa da sucessão com relação aos bens adquiridos a título onero-
so na constância da união estável (art. 1.790 do Código Civil). Isso significa que, havendo 
outros herdeiros, o companheiro não herdará nada que o falecido tivesse antes da união 
estável, tampouco nada que tenha sido doado a ele, por exemplo. 
No casamento civil o cônjuge participará da sucessão do falecido com relação à totalidade 
dos bens, quer sejam eles particulares ou comuns. 
Na união estável o companheiro só participa da sucessão com relação aos bens adquiridos 
a título oneroso na constância da união estável. 
 
1.5.4 Comunhão parcial de bens. 
No regime da comunhão parcial de bens, o cônjuge não será herdeiro dos bens comuns (de 
ambos), mas apenas meeiro, se concorrer com os descendentes. (Giselda Hironaka). A posi-
ção não é pacífica, pois alguns entendem que será meeiro e também herdeiro em concor-
rência com os descendentes (Maria Helena Diniz). Isso vale para os bens comuns, já que o 
cônjuge será herdeiro dos bens particulares do falecido. 
O companheiro, além de meeiro, será herdeiro dos bens comuns se concorrer com descen-
dentes, ascendentes ou colaterais do falecido. Obs.: meeiro significa que a pessoa terá di-
reito à metade de determinado bem, mas porque aquele bem é propriedade sua, e não he-
rança. Por exemplo: em um casamento com comunhão total de bens, mesmo que a casa es-
teja só em nome do marido, a esposa é dona de 50%, ela é meeira. Dessa forma, se o marido 
falecer, ela ficará com metade e a outra metade será dos outros herdeiros (filhos, por 
exemplo). 
No casamento civil o cônjuge não será herdeiro dos bens comuns (de ambos), mas apenas 
meeiro, se concorrer com os descendentes. 
Na união estável o companheiro, além de meeiro, será herdeiro dos bens comuns se con-
correr com descendentes, ascendentes ou colaterais do falecido. 
 
1.5.5 Herança em concorrência com filhos comuns (de ambos). 
Se o casal tiver filhos comuns, com o falecimento de um dos cônjuges, o cônjuge sobrevi-
vente recebe valor igual ao dos descendentes, mas haverá a reserva de quinhão de ¼ se o 
cônjuge concorrer com filhos comuns (art. 1.832, Código Civil). Ou seja, o cônjuge recebe, 
no mínimo, ¼ da herança. Companheiro recebe quota igual a que receber cada um dos fi-
lhos comuns, não havendo reserva mínima de ¼ (art. 1.790, I, Código Civil). 
No casamento civil, o cônjuge recebe valor igual ao dos descendentes, mas haverá a reserva 
de quinhão de ¼ se o cônjuge concorrer com filhos comuns. 
Na união estável o companheiro recebe quota igual a que receber cada um dos filhos co-
muns, não havendo reserva mínima de ¼. 
 
1.5.6 Herança em concorrência com netos comuns. 
No caso dos filhos do casal terem falecido, o cônjuge terá direito a receber o quinhão igual 
ao de cada neto, e sua quota não poderá ser inferior a ¼ do total da herança (art. 1.832, 
Código Civil). O companheiro receberá 1/3 da herança e os netos dividirão os 2/3 restantes 
(art. 1.790, III, Código Civil). 
No casamento civil o cônjuge terá direito a receber o quinhão igual ao de cada neto, e sua 
quota não poderá ser inferior a ¼ do total da herança. 
Na união estável o companheiro receberá 1/3 da herança e os netos dividirão os 2/3 res-
tantes 
 
1.5.7 Herança em concorrência com pais e avós do falecido. 
Independentemente do regime de bens, o cônjuge dividirá a herança com os ascendentes 
do de cujus (art. 1.829, II, CC) e receberá 1/3 se concorrer com pai e mãe do falecido e ½, se 
concorrer apenas com um dos pais ou com qualquer outro ascendente (art. 1.837, CC). Se 
concorrer com ascendentes, o companheiro terá direto a 1/3 dos bens do falecido em qual-
quer caso (art. 1.790, III, CC). 
No casamento civil o cônjuge dividirá a herança com os ascendentes do de cujus e terá di-
reito a 1/3 da herança se concorrer com pai e mãe ou ½ em outros casos. 
Na união estável o companheiro dividirá a herança com os ascendentes do de cujus e terá 
direito a 1/3 da herança em qualquer caso. 
 
1.5.8 Herança em concorrência com irmãos, tios e demais parentes do falecido. 
Neste caso, o cônjuge herda a totalidade da herança (CC, arts. 1.829, III e 1.838). O compa-
nheiro receberá 1/3 da herança e os colaterais dividirão os 2/3 restantes (art. 1.790, III). 
No casamento civil o cônjuge herda a totalidade da herança. 
Na união estável o companheiro só receberá 1/3 da herança e os colaterais dividirão os 2/3 
restantes. 
 
1.5.9 Herança para herdeiro necessário. 
De acordo com o Código Civil Brasileiro, herdeiros necessários são aqueles herdeiros 
que não podem ser afastados da sucessão pela vontade do sucedido (falecido), salvo raras 
exceções. A “legítima”, também denominada “reserva”, é a porção dos bens deixados pe-
lo de cujus que a lei assegura aos herdeiros necessários. 
O patrimônio líquido deixado pelo falecido será dividido em duas metades: a legítima e a 
quota disponível. Ou seja, tendo herdeiros necessários, uma pessoa pode apenas testar com 
relação à metade de seus bens, sendo a outra metade destes herdeiros. O cônjuge é herdei-
ro necessário e terá direito à legítima (CC, art. 1.845 e 1.846). O companheiro não é herdei-
ro necessário podendo o falecido, por meio de testamento, dispor da totalidade de seus 
bens. 
No casamento civil o cônjuge é herdeiro necessário e terá direito à legítima. 
Na união estável o companheiro não é herdeiro necessário podendo o falecido, por meio de 
testamento, dispor da totalidade de seus bens. 
Com relação ao exposto, tanto para casais heteroafetivos quanto para casais homoafetivos, 
no tocante ao casamento civil ou à união estável, os direitos à herança são os mesmos, gra-
ças à força da Lei que consagra a ambos o direito igualitário. 
 
 
1.6 A UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA E O CASAMENTO IGUALITÁRIO TÊM COMO CON-
CEITO FUNDAMENTAL A EQUIDADE. 
Segundo os princípios e diretrizes da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), instituída 
em 1993, e do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), promulgado em 2005, equidade 
é a garantia a todas as pessoas, em igualdade de condições, ao acesso às ações e serviços 
dos diferentes níveis de complexidade do sistema. O objetivo da equidade, conforme a LO-
AS e o SUAS, é diminuir desigualdades. Mas isso não significa que a equidade seja sinônima 
de igualdade. Apesar de todos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e por 
isso têm necessidades diferentes, já que a Assistência Social é direito do cidadão e dever do 
Estado, sendo uma Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos 
sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da soci-
edade, para garantir o atendimento às necessidades básicas, e tem como um de seus objeti-
vos a proteção à família. 
Vale ressaltar, que a interpretação do Supremo Tribunal Federal sobre a união estável ho-
moafetiva, e por simetria, o casamento homoafetivo, atestou a existência de uma quarta 
família no Brasil. A Constituição Federal de 1988 abarca três tipos de família. A família 
constituída pelo casamento civil; a família concebida através da união estável heterossexu-
al; a família monoparental; e após o reconhecimento da união estável homoafetiva como 
entidade familiar pelo (STF); a família formada pela união homoafetiva. 
Ao corroborar a inportância do casamentohomoafetivo, (Rocha, 2011) declara que pode-se 
tocar a vida sem se entender; pode-se não adotar a mesma escolha do outro; só não se pode 
deixar de aceitar essa escolha, especialmente porque a vida é do outro e a forma escolhida 
para se viver não esbarra nos limites do Direito. Principalmente, porque o Direito existe 
para a vida, não a vida para o Direito. 
 
1.7 O CASAMENTO IGUALITÁRIO É UMA AÇÃO CONTRA A HOMOFOBIA E PRECONCEITOS 
CORRELATOS. 
De acordo com Rocha (2011) a palavra homofobia significa a repulsa ou o preconceito con-
tra a homossexualidade e/ou o homossexual. As pessoas acreditam que a homofobia só 
acontece quando ocorre uma agressão física ou morte de um homossexual, e não é. A ho-
mofobia é um sentimento irracional, uma condição de inferioridade e de anormalidade pro-
jetada à uma identidade sexual que não está baseada no domínio 
da lógica heteronormativa, ou seja, da heterossexualidade como padrão, como se esta últi-
ma orientação sexual fosse uma unanimidade e a verdade absoluta. 
Rocha (2011) declara que as verdades não são absolutas, felizmente, e com isso são, paula-
tinamente, desmistificadas e contestadas. O preconceito demonstrado através da intolerân-
cia cria um efeito contrário, uma resistência que persiste através da clarificação, que, de 
maneira consistente e com coerência, respaldam as transformações das mentalidades. 
Quanto maior o preconceito, maior a mobilização social que se opõe a ele. Quanto maior o 
ódio dos opressores, maior é a comoção afetiva dos oprimidos, que não se submetem mais 
ao sofrimento e agora buscam o enfrentamento. É assim que casais que têm uma relação 
homoafetiva rompem com a ideia deturpada de que não podem estabelecer vínculo famili-
ar. Não só constituem famílias como a relação afetiva é reconhecida como entidade familiar, 
com direitos e deveres. 
Segundo Rosostolato (2013) as famílias possuem novas configurações e não admitem o 
conservadorismo do passado, em que enaltecia o patrimônio, a figura do homem era cen-
tralizadora e, portanto, baseava-se num modelo de hierarquias e indissolúvel. O afeto passa 
a ser o principal vínculo entre as pessoas. O matrimônio civil homoafetivo é uma grande 
conquista da sociedade. A união entre homossexuais não é menos digna do que a de casais 
heterossexuais. No casamento, o propósito é ser e fazer o outro feliz através do amor, cari-
nho, confiança, afinidades, cumplicidades e do desejo. É com o reconhecimento do Estado 
sobre os direitos aos homossexuais que de fato nos aproximamos da igualdade e se derru-
bam as hipocrisias e falsos moralismos. 
Dias (2011) reconhece que a tendência de engessamento dos vínculos afetivos sempre exis-
tiu, variando segundo valores culturais e, principalmente, influências religiosas dominantes 
em cada época. No mundo ocidental, tanto o Estado como a Igreja sempre buscaram limitar 
o exercício da sexualidade ao casamento. A família, consagrada pela lei, tinha um modelo 
conservador: entidade matrimonial, patriarcal, patrimonial, indissolúvel, hierarquizada e 
heterossexual. O vínculo que nascia da livre vontade dos nubentes era mantido, indepen-
dente e até contra a vontade dos cônjuges. Ora identificado como uma instituição, ora no-
minado como contrato, o casamento ainda é considerado a base da sociedade. Daí a exces-
siva intervenção estatal para impedir sua dissolução. A sacralização do casamento, e a ten-
tativa de sua mantença como única estrutura de convívio lícita e digna de aceitação, fez 
com que os relacionamentos chamados de marginais ou ilegítimos, por fugirem do molde 
legal, não fossem reconhecidos, sujeitando seus atores a severas sanções. 
Conforme Dias (2011) o conceito de família mudou e os relacionamentos homossexuais – 
que passaram a ser chamados de uniões homoafetivas – foram, pouco a pouco, adquirindo 
visibilidade. O legislador intimida-se na hora de assegurar direitos às minorias alvo da ex-
clusão social. O fato de não haver previsão legal para específica situação não significa ine-
xistência de direito à tutela jurídica. Ausência de lei não quer dizer ausência de direito, nem 
impede que se extraiam efeitos jurídicos de determinada situação fática. O silêncio do legis-
lador deve ser suprido pela justiça, que precisa dar uma resposta para o caso que se apre-
senta a julgamento. 
Sobre o exposto Suannes (2011) assevera que a nenhuma espécie de vínculo que tenha por 
base o afeto se pode deixar de conferir status de família merecedora da proteção do Estado, 
pois a Constituição Federal consagra, em norma pétrea, o respeito à dignidade da pessoa 
humana. Essa é a regra maior, que serve de norte ao sistema jurídico. 
Pereira (2009) revela que em face do primado da liberdade, é assegurado o direito de cons-
tituir uma relação conjugal, uma união estável hetero ou homossexual. Há a liberdade de 
extinguir ou dissolver o casamento e a união estável, bem como o direito de recompor no-
vas estruturas de convívio. Como afirma Rodrigo da Cunha Pereira, a verdadeira liberdade 
e o ideal de Justiça estão naqueles ordenamentos jurídicos que asseguram um Direito de 
Família que compreenda a essência da vida: dar e receber amor. 
 
Considerando o quadro social contemporâneo, no qual se tem como dado da realidade uniões homo-
afetivas, a par do que se põe, no Brasil, reações graves de intolerância quanto a pessoas que, no exer-
cício da liberdade que lhes é constitucionalmente assegurada, fazem tais escolhas, parece-me perfei-
tamente razoável que se interprete a norma em pauta em consonância com o que dispõe a Constitui-
ção em seus princípios magnos (ROCHA, 2011, p. 91). 
 
Britto (2011) diz que é preciso lembrar que o substantivo “preconceito” foi grafado pela 
nossa Constituição com o sentido prosaico ou dicionarizado que ele porta; ou seja, precon-
ceito é um conceito prévio. Uma formulação conceitual antecipada ou engendrada pela 
mente humana fechada em si mesma e por isso carente de apoio na realidade. Logo, juízo 
de valor não autorizado pela realidade, mas imposto a ela. E imposto a ela, realidade, a fer-
ro e fogo de uma mente voluntarista, ou sectária, ou supersticiosa, ou obscurantista, ou in-
dustriada, quando não voluntarista, sectária, supersticiosa, obscurantista e industriada ao 
mesmo tempo. Espécie de trave no olho da razão e até do sentimento, mas coletivizada o 
bastante para se fazer de traço cultural de toda uma gente ou população geograficamente 
situada. O que a torna ainda mais perigosa para a harmonia social e a verdade objetiva das 
coisas. 
De acordo com Vannuchi (2011) o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos 
Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, reflete o esforço do Go-
verno e da Sociedade Civil na busca de políticas públicas que consigam responder às neces-
sidades, potencialidades e direitos da população envolvida, a partir de sua implementação, 
bem como do fortalecimento do Programa Brasil sem Homofobia, implantado desde 2004, 
o Brasil cresce e amadurece mais um pouco como exemplo de democracia participativa, 
que não teme enfrentar os gigantescos obstáculos ainda presentes para se garantir avanços 
definitivos na área dos Direitos Humanos. 
Vannuchi (2011) esclarece, que garantindo-se amplo acesso aos direitos civis da população 
LGBT, promovendo a conscientização dos gestores públicos e fortalecendo os exercícios de 
controle social, serão implementadas políticas públicas com maior equidade e mais condi-
zentes com o imperativo de eliminar discriminações, combater preconceitos e edificar uma 
consistente cultura de paz, buscando erradicar todos os tipos de violência. Consciente da 
relevância dessa tarefa, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública reafirma sua determinação de seguir vigilante e compromissada com a defesa dos 
Direitos Humanos de Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, segmento populacional

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