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1 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS COM ÁLCOOL SUMÁRIO Critérios para avaliação de risco para dependência alcólica ....................................................................................... 2 Mecanismo de ação do etanol ...................................................................................................................................... 2 Escala da intoxicação aguda pelo uso de etanol ...................................................................................................... 3 Toxicidade crônica do uso do álcool ............................................................................................................................ 3 Álcool e recompensa – dependência ........................................................................................................................... 3 Sintomas da abstinência do álcool ............................................................................................................................... 4 Tratamento emergencial ........................................................................................................................................... 4 Metabolismo do etanol .................................................................................................................................................. 5 Interação do álcool e paracetamol ........................................................................................................................ 6 Barbitúricos e benzodizepínicos ................................................................................................................................... 7 opióides ......................................................................................................................................................................... 7 Aspirina e AINES .......................................................................................................................................................... 7 ANTICOLINÉRGICOS .................................................................................................................................................. 8 ATENOLOL E OUTROS BETA BLOQUEADORES ..................................................................................................... 8 bupropiona .................................................................................................................................................................... 8 Carbamazepina, cannabis, atidepressivos ................................................................................................................... 8 Duloxetina ..................................................................................................................................................................... 8 INSULINA ..................................................................................................................................................................... 8 Naltrexona ..................................................................................................................................................................... 8 Outras interações ......................................................................................................................................................... 8 2 CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE RISCO PARA DEPENDÊNCIA ALCÓLICA − É difícil estabelecer valores para o risco de dependência alcoólica − Os homens tem, geneticamente, maior quantidade de enzimas álcool desidrogenase, aumentando sua tolerância ao álcool − Contudo, com o fenômeno da tolerância farmacocinética, os genes do álcool desidrogenase podem ser mais induzidas a se expressarem, devido ao maior consumo do álcool − Há o DSM que é o Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais, que tem vários critérios estabelecidos para ajudar na identificação de pacientes com suposto vicio em álcool − Alcoolismo também pode ser definida como a perda da liberdade sobre o ato de beber MECANISMO DE AÇÃO DO ETANOL O etanol potencializa a ação do GABA e inibe a liberação do glutamato (excitatório) − Assim, ele reforça a inibição e inibe a excitação − O álcool também interage com outros sistemas • O etanol atua na liberação de analgésicos endógenos, que são as endorfinas • Isso pode contribuir com sua ação sedativa e viciante 3 ESCALA DA INTOXICAÇÃO AGUDA PELO USO DE ETANOL TOXICIDADE CRÔNICA DO USO DO ÁLCOOL − Sistema hematológico o Deficiência de ácido fólico → o álcool dificulta absorção e metabolismo dele → podem resultar em anemia, plaquetopenia e leucopenia − TGI o Pode causar úlceras, pancreatite, câncer (boca, esôfago, estomago), insuficiência hepática o No fígado, pode-se ter esteatose (deixa o fígado com cor amarelada) e nódulos (indicativos de fibrose) − Sistema nervoso o Pode levar à neuropatia periférica, alterações cognitivas (memória, atenção, concentração) o Síndrome de Wernicke-Korsakoff: confusão mental, ataxia e demência o Degeneração cerebelar: incoordenação motora o Psicoses − Sistema cardiovascular o Miocardiopatia, hipertensão, hipercolesterolemia − Sistema endócrino-reprodutor o Diminuição de libido, impotência sexual o Esterilidade, abortos espontâneos − Síndrome alcoólica fetal o Leva a malformações fetais, como microcefalia, olhos pequenos e afastados, lábio superior fino, nariz pequeno e arrebitado, queixo retraído, pálpebras caídas, entre outros ÁLCOOL E RECOMPENSA – DEPENDÊNCIA − Efeitos sobre grande variedade de sistemas neurotransmissores o Estimulo das sinapses GABAérgicas inibitórias o Redução da neurotransmissão glutamatérgica o Efeitos que explicam amnésia e ataxia − Dependência é mediana não apenas pela via de ação do GAB e do glutamato, mas também por ação direta ou indireta em receptores opioides e canabinóides o A ativação de receptores mí (opioides) e liberação de endorfinas pode levar a dependência ▪ Aumento de DA no núcleo accumbens o Antagonistas canabinóides e opioides podem auxiliar o tratamento da dependência 4 − Assim, o álcool é uma substância muito versátil que atua em muitos locais do organismo SINTOMAS DA ABSTINÊNCIA DO ÁLCOOL − Leve o Tremores grosseiros nas mãos o Ansiedade, irritabilidade e disforia o Náuseas e vômitos o Insônia o Aumento de PA, FC, FR, T°C − Grave o Intensificação dos sintomas anteriores o Alucinações visuais, táteis ou auditivas o Convulsão tônico-clônica - − Os sintomas surgem, em média, 5-10 horas da última dose, com pico entre 48-72 horas e desaparecem em 5-14 dias TRATAMENTO EMERGENCIAL − Suporte clínico (hidratação, correção de eletrólitos, etc) − Prevenção da síndrome de wernicke-karsakoff (administração de tiamina – Vit B1) − Controle dos sintomas de abstinência e redução de convulsões e delírios → usa Diazepam ou lorazepam 5 METABOLISMO DO ETANOL O álcool é uma substância que sofre biotransformação pela álcool-desidrogenase e pela CYP2E1. Ambos os processos levam à formação de acetaldeído, o qual, por ser tóxico, é convertido acido acético, o qual é hidrossolúvel e mais facilmente eliminado. O metabolismo do paracetamol envolve 3 caminhos diferentes: • 40-67% segue pela via do ácido glicurônio – gera metabolito atóxico • 20-46% segue pela via da sulfatação – gera metabolito atóxico • 5-15% segue pela via da oxidação. Essa via é metabolizada pelas CYPs hepáticas, principalmente pela CYP2E1, a mesma que metaboliza o álcool. o Essa via leva a formação do N-acetil-p-benzoquinonaimina (NAPQI) – é o metabólito responsável pelos efeitos tóxicos ao fígado A pequena quantidade de NAPQI formada em uma ingestão usual de paracetamol é conjugado com glutationa e eliminado, não causando danos aoorganismo. Quando há altas doses ingeridas de paracetamol (acima de 10g), há muito NAPQI formado, saturando a via de biotransformação do ácido glicurônio e sulfatação, as quais levam a produção de produtos atóxicos. Assim, há desvio de grandes quantidades de paracetamol para a via do CYP2E1, levando ao acúmulo de NAPQI, pois também há saturação da via de conjugação do NAPQI com a glutationa. O NAPQI não conjugado se liga covalentemente a proteínas celulares dos hepatócitos, levando a morte celular, causando danos no tecido hepático. Tal evento desencadeia estresse oxidativo, disfunção mitocondrial, disfunção microcirculatória e necrose hepática centrolobular. • As células de Kupffer no fígado, quando entram em contato com o NAPQI, liberam muitos mediadores inflamatórios que contribuem para a lesão dos hepatócitos. Além disso, com a formação de NAPQI através 6 do citocromo P450, seria produzido ânion superóxido, o qual levaria à formação de peróxido de hidrogênio, levando à dano oxidativo. Isso leva a estresse mitocondrial e degradação do núcleo celular, levando a apoptose. • INTERAÇÃO DO ÁLCOOL E PARACETAMOL Casos de consumo agudo de álcool • Em casos de uso agudo de álcool, o álcool compete com o paracetamol pela enzima CYP2E1. Assim, como há competição, teoricamente deveria haver menor formação de NAPQI, já que parte das CYP2E1 estão sendo desviadas para metabolizar o álcool. Assim, o álcool pode funcionar como uma substância protetora contra o dano hepático. O perigo da ingestão aguda aparece quando os níveis plasmáticos do álcool vão caindo e esse efeito protetor diminui, deixando o organismo mais suscetível à toxicidade do paracetamol Casos de consumo crônico de álcool • Cronicamente, o uso de álcool leva a: o Indução da enzima CYP2E1, levando a maior conversão de paracetamol em NAPQI o Depleção da glutationa hepática, impedindo a formação de compostos atóxicos derivados da biotransformação do paracetamol, mesmo que ele seja tomado em uma dose considerada segura Referências • MEZAROBBA, G.; BITENCOURT, R. M. DE. Toxicidade do paracetamol: o álcool como um fator de risco. Unoesc & Ciência - ACBS, v. 9, n. 1, p. 105-112, 28 jun. 2018. • DA SILVA JÚNIOR, José Guedes et al. HEPATOTOXICIDADE INDUZIDA PELO PARACETAMOL E A UTILIZAÇÃO DO NOMOGRAMA DE RUMACK-MATTHEW PARA AVALIAR A TERAPÊUTICA COM N- ACETILCISTEÍNA. REVISTA UNINGÁ, [S.l.], v. 56, n. 4, p. 65-84, nov. 2019. ISSN 2318-0579. Disponível em: <http://revista.uninga.br/index.php/uninga/article/view/2087>. Acesso em: 25 ago. 2020. http://revista.uninga.br/index.php/uninga/article/view/2087 7 • Bryan Hedgpeth, Roy Missall, Anna Bambaci, Matthew Smolen, Sevgi Yavuz, Jessica Cottrell, Tinchun Chu, Sulie L. Chang. (2019) A Review of Bioinformatics Tools to Understand Acetaminophen-Alcohol Interaction. Medicines 6:3, pages 79. • Um dos fármacos usados para tratamento da dependência de álcool é o DISULFIRAM o O DISSULFIRAM inibe a aldeído desidrogenase, levando a toxicidade do organismo com baixas doses do álcool o Os sintomas adversos levam a experiencia do uso de álcool aversiva, diminuindo o consumo o • Outros fármacos usados na dependência de etanol são: o Naltrexona – antagonista mí o Acamprosato: ▪ Derivado do aminoácido taurina → inibe o sistema glutamatérgico e estimula o GABAérgico ▪ Simula a ação central do álcool no organismo, mas de forma controlada ▪ É como uma terapia de substituição quando se tem retirada do álcool o Outros fármacos em estudo ▪ Topiramato – anticonvulsivante → pode diminuir a fissura pelo álcool ▪ Ondansetrona – antagonista 5HT3 ▪ Romonabanto – antagonista de receptores CB1 ▪ Antipsicóticos atípicos – redução da fissura e consumo • Alterações adaptativas do organismo quando se tem retirada do álcool o Superexcitação glutamatérfica (excitotoxicidade) o Deficiência de GABA Acamprosato → álcool artificial INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS COM O ÁLCOOL BARBITÚRICOS E BENZODIZEPÍNICOS − Tem efeito depressor sinérgico no SNC OPIÓIDES − Tem efeito depressor sinérgico no SNC, podendo levar à parada respiratória ASPIRINA E AINES − O álcool é toxico para o TGI, favorecendo lesões − Aspirina e aines favorecem redução da produção de muco protetor − Assim, pode haver favorecimento do aparecimento de ulceras e gastrites 8 ANTICOLINÉRGICOS − Esses fármacos inibem receptores muscarínicos do SNC. Eles podem deprimir o SNC − Assim há sinergismo entre anticolinérgicos e álcool, deprimindo o SNC ATENOLOL E OUTROS BETA BLOQUEADORES − O álcool pode promover vasodilatação no uso agudo − Pode favorecer hipotensão BUPROPIONA − A interação da bupropiona com álcool leva a maiores chances de convulsão na abstinência do alcool − O mecanismo disso é ainda incerto CARBAMAZEPINA, CANNABIS, ATIDEPRESSIVOS − Há interações aditivas centrais − Clorpromazina e antipsicóticos típicos principalmente e os antidepressivos tricíclicos podem levar a inibição de receptores muscarínicos, histamínicos e isso pode reforçar a depressão do SNC DULOXETINA − Risco de lesão hepática INSULINA − O álcool, se ingerido de forma aguda pode provocar hipo − Se for ingerido de forma crônica, favorece a hiperglicemia NALTREXONA − Risco de lesão hepática OUTRAS INTERAÇÕES 9 10 11
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