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MARCELO AUGUSTO DA SILVA 3444518 RENATA PEREIRA TAVARES 1366029 Transmídia e Convergência: o impacto no mercado musical pelas multiplataformas Trabalho apresentado às Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Especialista em Comunicação e Mídias Digitais. Orientador: Adriano César Brainer Nota: Data da nota: Assinatura do orientador: SÃO PAULO 2020 2 INTRODUÇÃO A música percorreu basicamente dois processos: em um primeiro momento desde as salas de concertos aos gramofones e vitrolas e, posteriormente, passando por gravadoras até chegar nas rádios entremeados pela música de cinema. Assim, constatamos que no decorrer deste processo tivemos uma primeira etapa que nos proporcionou um caminho a uma música universal caracterizada pelo rompimento devido à gravação sonora e à transmissão radiofônica. (LÉVY, 2009). Em um segundo momento passamos dos discos de vinil, fitas K7, CDs, MP3 até chegar nos serviços de streaming , percorrendo diversos processos com o objetivo de 1 expressar e divulgar essa forma de arte e seus artistas “...o consumo era tratado como algo muito direcionado ao momento, ao tátil, mais do que isso, possuía uma lógica pautada nas grandes gravadoras, que produziam, lançavam e acompanhavam boa parte da carreira dos artistas do mainstream.”(BRAINER, 2018 p.06). A tecnologia se modificou e assim transformou o comportamento de consumo, fazendo com que rádios, cinemas e televisores se adaptassem tecnologicamente. Neste processo a indústria dos games foi uma das que melhor se adaptaram as inovações no campo do entretenimento. Enquanto o pessoal da indústria de games acreditava, maliciosamente estar no controle do futuro, as figuras da indústria fonográfica suavam em bicas; estavam com os dias contados, a menos que descobrissem um modo de contornar as tendências atuais (público minguando, vendas caindo e pirataria aumentando)... Talvez o dinheiro esteja no cruzamento entre os vários meios de comunicação, com novos artistas sendo promovidos em videoclipes, pagos por anunciantes que queiram usar os sons e imagens em suas marcas; com novos artistas sendo rastreados numa rede que permita ao público registrar suas preferências em horas, em vez de semanas. (JENKINS, 2009, p. 36) Com a música ganhando destaque em diversas plataformas, artistas, gravadoras e produtoras estão se adaptando ao mercado gerando múltiplos meios de divulgar o seu trabalho. “A dinâmica da música popular mundial é uma ilustração do universal sem totalidade. Universal pela difusão de uma música e de uma audição planetárias; sem 1Streaming, transmissão de conteúdos pela internet, sem a necessidade do usuário fazer download para ter acesso ao filme, música ou livro 3 totalidade, já que os estilos mundiais são múltiplos, em via de transformação e de renovação constantes.”( LÉVY, 2009, p. 139) Dentro desta perspectiva, este trabalho visa entender estes processos de mudança na música como forma de consumo por meio do estudo da narrativa transmídia e da cultura de convergência tomando por base os meios de divulgação utilizados por artistas brasileiros que vem do gênero musical conhecido como funk . 2 OBJETIVO O presente artigo tem por objetivo analisar a narrativa transmídia voltada para o mercado musical, mais especificamente voltado para o gênero Funk, uma cultura de periferia que aos poucos conquistou espaços até então inalcançáveis devido ao pouco impacto na cultura de massa, e que hoje ganha destaque nas mídias digitais com seus videoclipes e produções, principalmente através da cantora Anitta e a produtora Kondzilla que, até a conclusão deste artigo, já soma mais de 29 bilhões de visualizações em seu canal no Youtube 3 . Com o avanço tecnológico e a nova ideia sobre a importância do receptor para o sucesso de um produto do mundo musical, foi criado um formato de storytelling , o que 4 modificou a forma de buscar conteúdo e de interação entre a marca e o público, criando assim uma participação mais efetiva e assertiva. O funk recriou-se no mercado, de modo que contar uma história, inserindo novos personagens em diferentes plataformas. Será que o modelo de Transmídia e convergência proposta por Jenkins, tem efeito para esse tipo de consumidor ou para esse tipo de produtor de conteúdo no caso do Funk? Será que esses artistas estão criando alternativas para abordar o seu consumidor fazendo com que ele se interesse por mais de um canal para se comunicar? MÉTODO O método trata-se de um estudo realizado com os textos envolvendo as metodologias e ferramentas que servirão como base para este projeto. Para síntese e análise do material foram 2 O funk é um estilo musical que surgiu através da música negra norte-americana no final da década de 1960. Na verdade, o funk se originou a partir da soul music, tendo uma batida mais pronunciada e algumas influências do R&B, rock e da música psicodélica. De fato, as características desse estilo musical são: ritmo sincopado, a densa linha de baixo, uma seção de metais forte e rítmica, além de uma percussão (batida) marcante e dançante. 3 Plataforma popular de compartilhamentos de vídeo 4 Meio de contar histórias de maneira relevante 4 realizados os seguintes procedimentos: revisão bibliográfica; leitura exploratória, que constitui na leitura do material para saber do que se tratavam os artigos; leitura seletiva, que se preocupou com a descrição e seleção do material quanto a sua relevância para o estudo; leitura crítica e reflexiva que buscou por meio dos dados a construção dos resultados encontrados e estudo de caso abordando um grupo específico. Foram definidos capítulos com os principais assuntos do projeto de pesquisa, para facilitar a pesquisa e os pontos importantes a serem procurados nos estudos bibliográficos. 1. TRANSMÍDIA E CONVERGÊNCIA Desde o início dos tempos, contar uma história é uma forma eficaz de apreender a atenção das pessoas. Ao longo dos anos, os métodos e modelos do storytelling vêm se adaptando às novas mídias e maneiras de consumir informação. Esses novos meios são modelos de disseminar conteúdos e fazer a abertura de novos leques de opções na hora de veicular à mensagem, que nos dias atuais é consumida com um dinamismo extraordinário, então se tudo é disseminação de conteúdo, mais formas de mostrar esse material proporcionará um melhor alcance. O termo transmídia, que por muitas vezes é confundido com multimídia, significa contar uma história em diversas plataformas, para enfatizar e embasar o artigo. Uma história transmídia desenrola-se através de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo. Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor (JENKINS, 2017. p. 141). Lembrando que a transmídia não é uma tarefa fácil, primeiro por ser uma ferramenta que requer uma base de conhecimentos de diferentes áreas, desde marketing, design e cinema,pois estas áreas têm ligação direta e indireta. A questão a ser preservada é a forma como as mídias vão transparecer a suas características próprias, ligando de forma específica o enredo. O planejamento é essencial e requer um trabalho envolvendo algumas pesquisas, que refere-se ao conteúdo que precisa cair nos meios de comunicação e qual mídia faz o melhor sentido para o público-alvo, já que ao contrário do que muitos pensam, o “transmídia” não é uma tática exclusiva do ambiente digital. Vale frisar, que utilizar mídias de diferentes segmentos requer criatividade e pioneirismo, afinal, um aplicativo para uma série ou um game para determinado personagem 5 já não é mais uma grande novidade. O ponto chave é saber aproveitar as oportunidades e levar sua mensagem da melhor maneira ao seu público, oferecendo uma experiência única e rica de conteúdo em diferentes formas, abrindo espaço para que a pessoa consuma e faça parte da história de maneira colaborativa. Outro aspecto é a cultura de convergência, que tem como fundamento o conceito das formas de comunicação que convergem em um único meio. Um autor que pode destacar isso é Henry Jenkins (2009), que explica o fato de que as principais mídias tendem a ser influenciadas atualmente pela internet, criando assim uma forma de adaptação às transformações culturais, mercadológicas e sociais, e que transforma os novos meios de comunicação. Ela acontece em mão dupla, ou seja, as grandes corporações mudam as estratégias para o público ou grupos de consumidores, criando-as para que estas possam mantê-los a partir de suas opiniões. Hoje em dia essa lógica é muito simples para ser entendida, pois é a própria natureza de fragmentação do cotidiano dos consumidores. Essa é a melhor forma de se comunicar e aproximar as pessoas e marcas, tornando-se assim uma das maneiras mais eficazes de planejar uma divulgação ou até mesmo uma campanha, não importa qual público se direciona, afinal, quem é que não para pra ouvir uma história quando ela é realmente boa? Estender o conteúdo para outra mídia, mas de uma forma complementar, é uma opção viável e inteligente para manter o público ativo naquele nicho sem estender de forma desnecessária o conteúdo original, principalmente quando direcionado ao funk e os diferentes produtos oferecidos pelas marcas. Alguns dos melhores exemplos são o site Kondzilla, que explorou o universo do streaming, na produção da série Sintonia e a cantora de funk Anitta, que além de suas músicas se reinventou no mercado digital com o lançamento do desenho animado Clube da Anitinha e 5 a série Vai Anitta no serviço streaming da Netflix, além de produtos com o seu nome e 6 aparições em telenovelas. 2. MARKETING 4.0 5 O projeto voltado ao público infantil que tem como fundamento contar a história da artista com canções inéditas a cada episódio, vai ao ar no canal Gloob e no YouTube. 6 Série documental biográfica de 2018 sobre a cantora brasileira Anitta. 6 O marketing faz parte do cotidiano de todos, seja formal ou informalmente. No ramo empresarial, Kotler e Keller (2012) defendem que o marketing tem como base tornar necessidades em oportunidades de negócios. O marketing pode ser encarado como uma filosofia da empresa, que conecta os consumidores nas necessidades diante das características dos produtos e serviços oferecidos, de acordo com a demanda identificada. Ressaltando o fato de que o mais importante não são apenas as vendas, mas sim proporcionar emoções e experiências para o consumidor, a fim de fidelizá-los. Diante do crescimento constante do mercado profissional e o aumento da entrada de novos concorrentes, é extremamente importante que as marcas estejam reposicionando suas imagens para acompanhar as novas tendências exigidas pelo mercado. Assim, o estudo das estratégias de marketing aplicadas no processo de engajamento e táticas para que determinados produtos se mantenham no mercado, contribuem para a compreensão do valor ou imagem atribuídos a marca. Para embasar esse entendimento, segundo Philip Kotler: Nesse contexto, as marcas não deveriam mais ver os consumidores como meros alvos. No passado, era comum as empresas transmitirem sua mensagem por diferentes mídias publicitárias. Algumas até inventaram uma diferenciação pouco autêntica para poder se destacar da multidão e dar respaldo à imagem de sua marca. Com isso, a marca costuma ser tratada como uma embalagem externa, permitindo uma representação falsa de seu verdadeiro valor. Essa abordagem não será mais eficaz, porque, com a ajuda de suas comunidades, os consumidores se defendem das marcas ruins das quais são alvos (KOTLER, 2017. p.16) No mundo do funk, vários artistas lançam uma música que pode ou não ser sucesso na internet, porém apenas alguns chegam a televisão. Em muitos casos são incapazes de reproduzir determinado êxito em diferentes plataformas digitais. Isso, geralmente está relacionado ao marketing, pois é essencial ter um plano estratégico para se manter no mercado. Empresários de artistas como Anitta e Kevinho estão cuidando da lapidação 7 comportamental, visual e até emocional de seus clientes, interessados principalmente em fazê-los atingir camadas mais diversificadas de público, aderente a isso Philip Kotler aborda: As marcas podem usar a análise de big data para entender o comportamento e a preferência de um cliente individual. Assim, elas podem fornecer aos clientes o que eles desejam, quando desejam e onde desejam (KOTLER, 2017. p. 123). 7 Kevin Kawan de Azevedo, mais conhecido pelo seu nome artístico Kevinho, é um cantor e compositor brasileiro, artista do canal Kondzilla, também conhecido pelo videoclipe “Olha a Explosão”, que já ultrapassou a marca de 1 bilhão de visualizações pelo Youtube. 7 Deste modo, Kevinho e Anitta se destacaram no mercado musical, com o apoio dos profissionais especializados. Uma das estratégias utilizadas para o alcance da identificação com novos públicos é o reposicionamento de imagem, que está diretamente ligada à gestão de marcas ou branding. Assim, esses profissionais utilizaram estratégias de marketing, transformaram os Mc’s e criaram um cenário para o mercado do funk. Segundo Kotler (2017), a comunidade de consumidores tornou-se mais poderosa compartilhando suas experiências de consumo sendo elas boas ou ruins. O que torna o consumidor uma peça fundamental para impulsionar uma marca ou produto ou causar seu declínio. O atual mercado do funk brasileiro se encontra em alta no meio musical e tal realidade pode ser percebida por meio da grande repercussão e ampla aprovação desse estilo musical dentre os usuários das maiores redes sociais do país, como Facebook, Instagram e YouTube. É nítido o quanto o marketing foi imprescindível nessa construção. Para a cantora Anitta, por exemplo, a colocação no mercado mostra quanto o comportamento e aparições públicas fez com que ela ocupasse um bom espaço na mídia. O novo modelo do ritmo fez com que a visibilidade nacional ganhasse novasproporções, criando um mercado altamente competitivo. Com isso, MC’s que continuavam cantando o então chamado “funk de raiz” precisaram se reformular, mudando o estilo de suas músicas e até mesmo suas posturas pessoais, adotando também as estratégias de marketing para a mudança de imagem. A internet, em especial as mídias sociais, colaboraram para estas mudanças ao disponibilizarem as plataformas e ferramentas (KOTLER, 2017). Ao longo dos tempos a evolução do marketing passou por transformações, a princípio a preocupação envolvia somente o produto (marketing 1.0); posteriormente, voltou-se para o consumidor e a concorrência (marketing 2.0); depois, procurou se voltar ao ser humano, segmentando o seu público (marketing 3.0) e agora, tem um marketing preocupado com a opinião de seus consumidores, o chamado marketing 4.0, um desdobramento natural de seu antecessor adaptando os caminhos do consumidor na economia digital. Sendo mais assertivo com a ideia: Dada a conectividade em que vivemos atualmente, o peso da conformidade social está aumentando de forma generalizada. Os consumidores se importam cada vez mais com as opiniões dos outros. Eles também compartilham suas opiniões e compilam enormes acervos de avaliações. Juntos, pintam o próprio quadro de empresas e marcas, que muitas vezes é bem diferente da imagem que as empresas 8 e marcas pretendem projetar. A internet, sobretudo a mídia social, facilitou essa grande mudança fornecendo as plataformas e as ferramentas. (KOTLER, 2017, p. 27) Apesar da rotina, as pessoas estão sempre atrás de novidades e as mídias digitais, sejam elas redes sociais, sites, blogs e afins são um grande meio de estabelecer segmentos de marcas e produtos, mas, mesmo com todas as novidades tecnológicas o marketing 4.0 não é uma solução final, pois nem todos tem acesso ao mundo digital. E além disso, Lévy (1999, p. 88) afirma que “o virtual não ‘substitui’ o ‘real’, ele multiplica as oportunidades para atualizá-lo”. 3. BRANDING Branding para Tybout (2018) é o posicionamento de uma marca. Para Martins (2006) é a construção e a gestão de toda a carga de sensações e informações em relação à marca. Estes sentimentos que os clientes têm em relação às marcas podem ser introduzidos através de técnicas de publicidade, elementos visuais, táteis, sensoriais e elementos experienciais que se configuram na forma do atendimento, na qualidade, durabilidade e credibilidade do produto ou serviço. O Branding é essencial como base no crescimento do mercado, e pensando nisso, a estratégia de marketing faz parte essencial desse mecanismo. José Roberto Martins ressalta: O mundo está mudando de forma muito rápida, mas todas essas transformações só vêm reforçar a importância e o destaque que as marcas têm e terão no futuro. A forma muda, mas a relação do consumidor com o produto e o serviço segue um caminho já traçado, ela é aperfeiçoada e é ele, o consumidor, quem decide se aceita ou não as novas formas. Ele é o juiz, e todos os esforços de branding devem focá-lo. (MARTINS, 2006, p.9) Assim, o autor diz que é necessário o consumidor estar próximo da marca. Essa prática consiste em desenvolver ações especificamente para fortalecer uma marca no mercado junto ao seu cliente e quando abordado no mundo online surge o digital branding e branding pessoal. Esse é um grande resultado do branding e marketing que trabalham na consolidação de marcas que se adaptam ao ambiente digital que está crescente. Com os dispositivos móveis, é fácil espalhar conteúdos da marca em diferentes plataformas, seja em redes sociais ou em serviços de streaming como o Youtube, que vem estimulando parcerias com anúncios. Segundo Nonaka (2008), o branding deve reunir trabalhos desenvolvidos na especificação do público-alvo, no posicionamento da marca e na 9 sua construção para colocação no mercado. Além disso, trabalha nas práticas usando as plataformas digitais como meio para divulgar produtos, serviços e até mesmo soluções, que são bases fundamentais para a criação de elos com o cliente. Para sintetizarmos o branding, entendemos que este necessita de “recursos e esforços intensos de marketing e comunicação para ser adequadamente implementado. Não apenas em uma determinada ocasião da vida das marcas, mas durante toda sua existência” (MARTINS, 2006. P. 44). O mundo digital tem seguido novos patamares aos consumidores de diferentes ramos, nas redes sociais, esse consumidor ganhou um rosto, um perfil único, e agora é chamado pelo nome, isso eleva também na customização do produto que segue o hábito particular de consumo. A capacidade de gerir ativamente a carreira permite ao indivíduo tomar as rédeas do seu futuro profissional e idealizar uma marca pessoal diferenciada, a isto chamamos de Personal Branding. A fase de Desenvolvimento do Posicionamento da Marca está relacionada com a promoção do indivíduo. Assim, os pontos positivos serão valiosos para a sua audiência alvo, diferenciando-o da sua concorrência no mercado de trabalho. É nesta segunda fase do processo que são desenvolvidas as estratégias que dão a marca pessoal ao universo empregador. Por último, dá-se a Avaliação da Imagem da Marca, onde o indivíduo avalia se alcançou os objetivos desta, assim como as suas metas pessoais. Segundo o autor Philip Kotler, para um posicionamento assertivo no mercado, os fundamentos importantes para a eficácia da imagem da marca ou produto da empresa, tem como ponto central ocupar uma posição distinta na escolha do público-alvo. Uma definição sobre a marca pessoal tem como base o plano de estratégia, que visa o desenvolvimento e sucesso ligados a concretização de objetivos de carreira. Para obter tal definição, são usados mecanismos que abordam a distinção dos consumidores no ambiente de marketing, na qual o Branding faz parte. Para alcançar este objetivo é necessário a análise de posicionamento. Na prática o autor está abordando o posicionamento que deve ser obtido a partir da fórmula: Segmentação + Diferenciação = Posicionamento. Logo, a análise do posicionamento é indispensável para avaliar o destaque da imagem da empresa. 10 4. O MERCADO DO FUNK O funk teve muitas transformações até chegar ao formato atual. A sua origem é proveniente da soul music, um gênero musical inspirado no rhythm and blues e no gospel 8 norte-americano entre o final da década de 50 ao início dos anos 60. Segundo Lucas Reginato (2019), a ascensão do ritmo tem a ver ainda com a mensagem, a sonoridade e a simplicidade de concepção. O funk é popular porque a linguagem é acessível, e o ritmo é contagiante. O funk é música eletrônica, feita no computador, ninguém precisa aprender a tocar um instrumento e alugar um estúdio de gravação. Por isso, é mais barato de se produzir também. (REGINATO, 2019) A chegada ao Brasil aconteceu no final dos anos 70. Os primeiros bailes aconteciam na Zona Sul do Rio de Janeiro, em bairros nobres da cidade, além de apresentaçõesno Canecão . Posteriormente, notou-se um movimento que acontecia na periferia, local em que 9 ocorriam festas chamadas de pesadas/proibidões . Adiante, a imprensa descobriu o funk e por 10 meio dela o gênero se espalhou pelo país, com a ideia de que se trata de algo produzido na periferia e para a periferia. Entre os elementos que competem na formação do gosto e da memória cultural nas periferias brasileiras cumprem papéis decisivos aqueles expressivos de cenários, situações, características e vivências primordialmente urbanas. Os jovens consumidores dessas estéticas, ao contrário de outras gerações, tiveram menos contato com símbolos e produções culturais tradicionalmente associados ao mundo rural e, em grande parte, nasceram e viveram sob condições urbano-periféricas de moradia em contato próximo com gerações de adultos e jovens adultos, que em sua maioria também cresceram em contextos urbanos. Um ponto essencial é o fator de potencialização de toda uma série de produção e divulgação do funk nas plataformas digitais e que está ligada exatamente no fato de que, enquanto algumas empresas de música insistiam em modelos de negócios flagrantemente em desacordos com os usos e costume da época, empreendendo mal sucedidas guerras contra a 8 Gênero de música popular de origem norte-americana, surgido por volta da década de 1940, de ritmo acentuado e estrutura harmônica elementar, com elementos incorporados do blues e do folclore negro norte-americano. 9 Local onde os bailes aconteciam 10 O proibidão acontece nas noites do fim de semana em bailes apinhados e suados, também conhecidos como fluxos, a muitos e muitos degraus morro acima no coração das favelas. 11 pirataria, enquanto os produtores culturais do funk já ocupavam importantes espaços nas nascentes plataformas digitais. A presença do funk nas plataformas digitais brasileiras é uma observação nítida de que esse não é um único mecanismo de mensuração da popularidade do gênero que cresce de forma avassaladora no mercado. Diante dessas dinâmicas, torna-se caro o pressuposto sociológico de que “[...] do entrelaçamento de ações e intenções dos indivíduos emerge uma ordem não planejada que, enquanto tipo, é diversa da que denominamos ‘natureza’” (ELIAS, 1998, p. 251) permitindo a compreensão de que, esse novo ritmo está ocupando um espaço nunca imaginado. O posicionamento das estéticas do funk brasileiro no contexto mundial é constituído por uma tarefa fundamental, mas é preciso compreender as condições de posicionamento das produções nacionais, empreendidas pelos grandes grupos econômicos do setor do entretenimento musical. O funk tem uma combinação de linguagens envolvendo a audiência e que representa a oportunidade para que as marcas busquem uma conversa mais autêntica com uma parcela considerável do público brasileiro que hoje consome esse gênero musical. Para entender o que o funk é hoje, é fundamental compreender o comportamento desse consumidor e com isto como base, enxergar qual a reação a um novo estilo musical ou até mesmo a uma nova música. Os consumidores passaram a ter voz ativa na hora de influenciar os colegas e a opinião pública. Em reconhecimento, às empresas passaram a convidá-los a participar da concepção e até mesmo da comercialização de ofertas para aumentar sua sensação de conexão e posse. Os consumidores veem suas empresas favoritas como oficinas a partir das quais podem extrair as ofertas que quiserem. (KELLER, 2012, p. 12) Assim, é fácil identificar as novas oportunidades que não estão sendo atendidas em relação ao público. Para embasar todo contexto, Dario Caldas diz: A medida que a aceleração crescente das mudanças sociais e dos estilos de vida na base da pirâmide etária se acentua, fica cada vez mais difícil e custosa acompanhá-las para os que estão no topo. Essa clivagem pode resultar em um aprofundamento dos conflitos de gerações, que andaram meio fora de moda, na sociedade que acreditou que todos poderíamos ser jovens para sempre. E na qual, cada vez mais, o crivo social passa antes pela idade. (CALDAS, 2014, p. 120) Antigamente o funk estava relacionado a classe social, condições gerais de vida, aos locais frequentados e gostos musicais, tudo está em volta deste usuário/ consumidor/ persona. 12 Os fatores cruciais que estão em volta do consumidor final são essenciais e por isso é preciso elaborar de forma certeira uma estratégia de marketing a fim de vender um produto ou serviço. Essa mudança na difusão do funk pode ser entendida pela ideia apresentada por Solomon (2016, p. 86): É comum a cultura dominante modificar símbolos identificados com subculturas de “vanguarda” para que sejam consumidos por um público mais amplo. Quando isso ocorre, os produtos culturais passam por um processo de cooptação, pelo qual seus significados originais são transformados por pessoas externas. De fato, é preciso ter um olhar amplo no comportamento das pessoas, quais músicas escutam e os locais que frequentam. Foi usando a base de todo este pensamento que o canal Kondzilla começou a escutar o seu público e chegou no auge. 5. KONDZILLA RECRIA-SE EM MEIO ÀS NOVAS MÍDIAS DIGITAIS Com mais de 57,7 milhões inscritos, o canal Kondzilla, fundado em 2012 por Konrad Dantas, entrou na fase de reinventar os seus conteúdos e muitos vídeos foram excluídos por retratar formas de violência e objetificação do corpo, foi nesse caminho que a empresa teve uma queda drástica na audiência do canal. Quem olha de fora, não sabe o quanto o Canal Kondzilla explodiu no mercado, mas houve uma combinação de fatores para o sucesso: autenticidade, faro aguçado de mercado e profissionalismo. Uma reinvenção foi criada e um plano de expansão foi ganhando espaço ao se investir em diversidade. Hoje cada vez mais, o número de usuários está optando por consumir conteúdos pelos serviços que promovem a curadoria destes — vide Netflix, Spotify, Deezer, VEVO, Youtube e canais de produtoras, tais como Kondzilla. Exemplificando, a aquisição do serviço de streaming, seja ele de música ou vídeo, primeiramente é feito por meio de uma busca nas redes digitais, na qual, o usuário tem como base, os comentários, informações, muitas vezes consultados na palma da mão, usando a plataforma digital e assim, a compra é feita através de informações relevantes. Ao fazer a pesquisa são deixados determinados rastros comportamentais por meio dos desejos inseridos na busca. Como apresenta Kotler: Necessidades são os requisitos básicos do ser humano, como aqueles por ar, comida, água, roupas e abrigo. Os seres humanos também sentem forte necessidade de recreação, instrução e diversão. Essas 13 necessidades tornam-se desejos quando direcionadas a objetos específicos que possam satisfazê-las. (KOTLER, 2012. p. 8) A mudança da música nos novos meios da era digital, fez com que a indústria musical brasileira tivesse que mudar a sua forma de produzir e vender, necessitando ter uma interação com o seu público-alvo. Essa indústriaenfrenta diversos problemas negativos e ilegais, pelo compartilhamento indevido, download e produções que não seguem um contrato correto, os serviços de streaming que pagam um valor muito baixo a cada música executada, entre outros. É neste mundo cheio de desafios e instabilidade no mercado musical que surge Konrad Cunha Dantas, diretor, roteirista, produtor dos videoclipes do Kondzilla. Dentre os diversos artistas do canal Kondzilla, podemos destacar o cantor MC Kevinho, pois seus vídeos estão entre os mais acessados. O funkeiro criou a sua marca por meio de uma profunda construção no sentido de perceber que as expressões artísticas apresentavam uma narrativa inovadora. Essa é uma nova categorização usada para elevar os limites estéticos e temáticos da produção. Em suma, um olhar que partiu do pressuposto e da assertividade de que o funk só ficava em torno das comunidades, sendo assim uma cultura periférica ativa economicamente, mas que atualmente se expandiu para diferentes regiões com um mercado cultural inovador. Assim, o cantor Mc Kevinho representa o sucesso desta nova visão mercadológica por meio da música ‘Olha a Explosão ’, uma superprodução que apresentou um potencial 11 comercial imenso e que estourou no mercado digital com mais de 1 bilhão de visualizações de acordo com dados obtidos pelo Youtube. O artista se destaca na nova geração do chamado funk ostentação de São Paulo e os seus vídeos colecionam recordes de visualizações no canal Kondzilla. Tendo em mente estes resultados, entendemos que os produtos culturais são capazes de expressar e mobilizar inúmeras práticas, desejos e aspirações. O consumo entre os jovens teve um crescimento promissor. Esta forma de expressão pode ser compreendida de forma simultânea como “matrizes e moedas” (ELIAS, 1994), ou seja, articulam redes de interdependências humanas, atualizam e expandem repertórios socioculturais que participarão na formação de outras jovens subjetividades e que por sua vez, darão corpo a novos ciclos de criatividade. Em outros termos, ao passo que contribuem na formação de crenças, gostos entre outros saberes e 11 O vídeo da canção “Olha a explosão” foi lançado pelo canal KondZilla em 26 de dezembro de 2016. 14 repertórios disposicionais são também formadas e alimentadas por esses fundos de memória social. 6. O PENSAMENTO PARA O FUTURO E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 6.1 SINTONIA A produtora Kondzilla teve um salto significativo que resultou na produção da série Sintonia, exibida na plataforma digital Netflix, que conta a história de três amigos da periferia de São Paulo e tem como roteiro central o crime, a religião e o funk. Quando estava para estrear, em agosto de 2019, foram feitas inúmeras formas de divulgações. Além das tradicionais como o envelopamento de estações de metrô, foi criada no centro da capital paulista uma barbearia gratuita que tinha como chefe Ariel Barbeiro, criador do corte de cabelo conhecido como blindado , como exemplo de inovações de marketing. Além disso, 12 utilizou-se outro mecanismo chave com promoções em cartões pré-pagos da plataforma de streaming. Assim, a veiculação do primeiro episódio pelo canal Kondzilla alcançou mais de 100 mil visualizações em três horas. E ainda, foi usada outra estratégia de marketing em parceria com a Netflix, que foi disponibilizar um episódio em um canal terceirizado, sendo esta uma ação inédita. 6.2 AS AVENTURAS DE ANITINHA Anitta conseguiu sucesso absoluto em variados programas de televisão, rádio e internet. Posteriormente migrou para o serviço de desenho animado em parcerias com os canais pagos Gloob e Gloobinho , nos quais abordou diferentes temas como meio-ambiente, 13 amizade, importância do brincar e o respeito às diferenças, de forma bem humorada e com muita música. Pensando nessa popularidade foi criada a concessão de produtos infantis da personagem como mochilas, cadernos, bonecas e até um perfume, todos estes fazem parte do licenciamento da marca. 12 Corte degradê na régua, com risquinho ao lado, um pente de dentes largos para desenhar os fios e três latas de tinta lavável, usadas em festa de crianças inspirado no corte “Pompadour”, o topete estilo Elvis que estourou em 2016. 13 Canais infantis pagos que fazem parte da Globosat empresa brasileira pertencente ao Grupo Globo, considerada a maior programadora de televisão da América Latina. 15 Além disso, criou-se um plano estratégico que ressalta a diferença entre se comunicar com o público infantil e com o público adulto. Há um cuidado com tudo o que é falado, pois para público-alvo do programa é necessária uma linguagem prática, objetiva e que transmita mensagens de maneira fácil e dinâmica. 6.3 VAI ANITTA A série Vai Anitta é a cultura mútua de fãs e a elaboração de imagem através da transmídia do Rio de Janeiro para o Mundo, um documentário de produção do serviço streaming Netflix. Esse trabalho audiovisual acompanhava os momentos da carreira da cantora com depoimentos e assim construiu uma narrativa de sua carreira. Foi a partir dessa concepção que aprofundamos nossa análise não apenas na série documental e do impacto gerado por ela, mas também na própria construção de Anitta enquanto uma artista nacional com o objetivo de alcançar um patamar internacional. Seguindo com base nos fundamentos de Henry Jenkins, é evidente as principais ideias da cultura participativa do fã em construções narrativas e da transmídia, na qual ambas se entrelaçam e no final fazem parte de um único segmento. Em sua obra, Jenkins defende a cultura de convergência como “uma transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos de mídia dispersos”(JENKINS, 2009, p. 30). O acesso ao documentário possibilita não apenas que os fãs e consumidores dos produtos de Anitta tenham acesso a novos tipos de informações, como também um alcance de nova clientela, esse é o olhar de planejamento estratégico de marketing “uma boa franquia transmidiática trabalha para atrair múltiplas clientelas, alterando um pouco o tom do conteúdo de acordo com a mídia”(JENKINS, 2009, p. 142). Jenkins declara que foi inspirado pela tradição da Escola de Birmingham, fundamentando que ajudou a reverter o desprezo público pelas subculturas da juventude, construindo uma imagem alternativa das culturas dos fãs, uma que visse os consumidores de mídia como ativos, criticamente engajados e criativos. Com tal declaração de Jenkins se acerca da cultura de fãs, declaração essa que pode ser vista como representante de um dos marcos iniciais de tal visão de cultura, embasando as ideias para observar a necessidade de apresentar os ídolos atuais de uma maneira que vá além 16 das já tradicionais formas de acesso àquilo que eles fazem no dia a dia, como o Instagram, Facebook, Twitter e outras redes sociais. De fato, Anitta não é uma narrativa ficcional, assim como seu documentário, no qual somos apresentadosa acontecimentos reais ao longo da carreira da cantora. Entretanto, a produção do documentário leva a artista a um patamar de alcance internacional e de outros tipos de público, permitindo que esses, que talvez não sejam nem mesmo consumidores potenciais da música da cantora, tenham acesso e conhecimento do trabalho e da construção artística da cantora. Antes de iniciar a produção de seu próprio documentário, Anitta lançou o projeto Check Mate com o parâmetro pensado na carreira internacional. Ao longo deste projeto e do 14 ano em que ele aconteceu, teve contato e participações de trabalhos com grandes nomes da indústria musical internacional. É nesse momento que passa a ser reconhecida pelo público externo, mas ainda com um nome um tanto instável para esse tipo de indústria massiva. Assim, o documentário exerce seu papel através dessa versatilidade de conteúdo onde o público não tem contato apenas com sua música, mas também, através de um apelo emocional na construção narrativa de sua história pessoal. Portanto, a existência de uma série para retratar a vida da artista vem com uma carga muito maior para quem a via como representante de uma cultura inferior. Essa carga provém da valorização, não só da cantora em si, mas dos seus fãs e do poder que esses têm na atualidade. CONCLUSÃO Neste trabalho buscou-se analisar como o Canal Kondzilla e a cantora Anitta fizeram para alcançar inúmeros consumidores diante das diferentes plataformas. Através dos estudos voltados para reflexão das diferentes possibilidades que envolvem as tecnologias envoltas nos serviços de streaming e rendimentos emergentes das convergências midiáticas, fica entendido que é possível apropriar-se da narrativa transmídia como um novo conceito de prática na comunicação. Conforme apresentado neste trabalho, Anitta mantém uma imagem de destaque com diferentes produtos e o canal Kondzilla por meio dos exemplos da série Sintonia e de um dos 14 O projeto teve como base o lançamento de músicas, em três idiomas: português, espanhol e inglês. A estratégia inovadora funcionou, na prática, como se ela tivesse parcelado um EP visual para preservar o impacto individual de cada canção 17 artistas que compõem a empresa, Mc Kevinho, nos mostram que ambas as marcas tiveram uma identificação clara referente ao destaque no mercado. Assim, o sucesso é fruto de uma gestão de excelência da marca. Em suma, entendemos que o mais importante não é somente a construção de uma marca, mas também o gerenciamento da mesma por meio da utilização do marketing combinado com as estratégias de branding corretas. O resultado dessa boa gestão foi a conquista de uma legião de fãs e a viabilização de uma carreira internacional, ainda em seus primeiros passos, mas com fortes indicações de ser bem-sucedida a médio prazo. Ambas as marcas estudaram o mercado fonográfico internacional antes de tentarem se inserir nele, por meio de um conhecimento profundo acerca de seu público-alvo. Isto foi obtido por meio do contato direto com ele e alinhamento com as tendências sociais e de mercado. Em síntese, três fatos descrevem estas marcas: planejamento estratégico, verdade e construção de alianças. O caso de Anitta foi citado nesta pesquisa por abordar um parâmetro de sucesso, envolto do Marketing Digital. A cantora deixou de ser apenas uma artista para se tornar uma marca e ser exposta as perspectivas do negócio, pois soube como, onde e porquê aparecer no mercado. Outro ponto de destaque é a presença ativa nas redes sociais, conhecendo seu público, ansioso por informação a seu respeito, e criando assim ações de engajamento nas plataformas digitais. Para ser visto (e lembrado), é preciso produzir conteúdo de forma constante e recorrente. De certo modo, Anitta teve que educar o grande público e mostrar que seu trabalho poderia proporcionar experiências diferenciadas para seus consumidores. No segmento transmídia ela usa diversos elementos a seu favor, como o cross channel, que é uma estratégia de marketing muito popular em franquias de filmes e videogames e que começou a ganhar espaço no mundo fonográfico. O caso do Kondzilla nos mostrou que este teve um bom desempenho com o acesso à internet e a outras ferramentas digitais, possibilitando desta forma que a marca criasse, produzisse e distribuísse um conteúdo que obtivesse um grande número de acessos. Assim, questionamos se na década de 90, por exemplo, o canal teria a mesma oportunidade? Provavelmente não, já que essa barreira vai além do estilo musical que ele escolheu produzir. Atualmente, os produtores e artistas têm mais liberdade para criar o que eles entendem ser um conteúdo de qualidade. Mais do que isso, eles conseguem ter um feedback quase instantâneo do seu público. O exemplo das duas marcas funciona para 18 explicar como a transformação digital possui essa capacidade de mudar por completo os hábitos de consumo e a maneira de agir da população. O digital atualmente é o maior caminho para que qualquer artista tenha sucesso. Até a forma de monetizar mudou, pois anteriormente a venda de CDs era uma das principais fontes de receita, agora não é mais. Métricas como visualizações dos videos, número de seguidores e engajamento afetam diretamente na percepção de valor que o artista gera. Em nenhum momento podemos afirmar que exista no Kondzilla um exemplo nato de uma narrativa transmídia perfeita, mas sim dos potenciais que Elias (1994) indica, significando que sempre estarão presentes em sua forma ideal e que o público espera. A cultura da convergência fez as mídias digitais oferecerem diferentes produtos ao alcance de todos, seja através dos smartphones, tablets ou pela própria televisão, que hoje tem mecanismo de tecnologia de ponta que proporcionam justamente uma nova experiência. Fundamentando a ideia do trabalho, é imprescindível o jogo de troca entre o consumidor e a marca, tornando-se assim um campo emocional. Para embasar as ideias Jenkins (2009), diz que o fã precisa do produtor tanto quanto ele necessita desse fã. Respondendo ao problema de pesquisa em relação ao questionamento sobre o comportamento do consumidor jovem com o ritmo musical funk, entendemos que os jovens de periferia e das grandes cidades hoje fazem parte do mesmo grupo. Portanto, existe sim a diferença entre classes econômicas, mas no momento da música esta desaparece. Com isso o modelo de convergência e transmídia proposto por Jenkins (2009), fica claro, pois todo consumidor é enaltecido por múltiplas plataformas de mídia. Claro também fica por meio da análise de Kotler (2009), ao dizer que ter uma identidade autêntica é mais importante do que somente uma interação digital e, por fim acreditamos que todas essas ferramentas são fundamentais para que o público e até o próprio artista tome conhecimento de sua capacidade de difusão. REFERÊNCIAS BRAINER, Adriano C. Big Data e a Música - O impacto na criação e distribuição da indústria fonográficabaseado nas tendências tecnológicas. Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Pós-Graduação em Design Digital e Novas Mídias. São Paulo, 2018. CALDA, Dario. A reinvenção do tempo aceleração e desaceleração na sociedade e no consumo. 1ª Ed. São Paulo: E-odes, 2014 19 ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 1994. ELIAS, Norbert. Envolvimento e alienação. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. HADDAD, Helder; MARANGONI, Matheus M.; KUAZAQUI, Edmir. Gestão de Marketing 4.0. São Paulo: Atlas, 2019 IZIEL, Adriano. 30 Anos do Funk. 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