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Objetivo 2: Determinar os tipos de alterações celulares reversíveis em geral, evidenciando a possível progressão para morte celular. Prof. Isadora S. Lima Resumo: Calcificações Calcificação patológica consiste na deposição de sais de cálcio em locais normalmente não calcificados. Calcificação é uma lesão muito frequente, embora geralmente não traga consequências graves. No organismo, os níveis plasmáticos de cálcio estão em um balanço delicado, no sentido de que pequenos desequilíbrios podem ocasionar precipitação de sais de cálcio. Tanto no tecido ósseo quanto em focos de calcificação patológica, forma-se hidroxiapatita – Ca10(PO4)6(OH)2. A diferença básica é que, no tecido ósseo mineralizado, a calcificação se dá sobre o colágeno, formando a matriz osteoide. Em calcificações patológicas, os depósitos minerais ocorrem sobre outros substratos celulares (viáveis ou necróticos) e extracelulares (tecido conjuntivo ou secreções). As calcificações patológicas podem ser distrófica, quando predominam fatores locais, como necrose, ou metastática, em casos de hipercalcemia. Há ainda calcificações idiopáticas, em que nenhum desses fatores está presente. Calcificação distrófica Resulta de modificação local nos tecidos (distrofia significa alteração tecidual prévia). Várias modificações celulares ou teciduais favorecem a nucleação e a precipitação de cristais de cálcio. Restos necróticos são particularmente suscetíveis de deposição de cálcio, que ocorre, sobretudo, em locais com necrose caseosa, necrose por coagulação ou necrose gordurosa. Em tecidos necróticos, a deposição de cálcio ocorre de maneira gradativa, iniciando-se por pequenos grânulos basofílicos periféricos, que, às vezes, apresentam aspecto em alvo (calcosferitas), resultantes da deposição concêntrica. À medida que mais cálcio se deposita, os grânulos coalescem e formam faixas que se estendem gradativamente ao centro da lesão. A calcificação aparece também em cicatrizes, ateromas e cartilagens. Flebólitos: trombos venosos calcificados Sialólito: calcificação de secreção em ducto salivar, podendo causar obstrução Litopédio: calcificação de fetos mortos retidos Mecanismos: Exposição de núcleos primários: parece ser necessária para iniciar a calcificação. Fosfolipídeos de membranas celulares representam núcleos primários, uma vez que o cálcio pode ligar-se a essas moléculas. Outras moléculas ou estruturas podem atuar como núcleos primários e iniciadores da calcificação, como fibras elásticas, fibras colágenas, proteínas desnaturadas, fosfoproteínas, ácidos graxos e bactérias. Aumento local na concentração de fosfato e/ou de cálcio Remoção de inibidores de calcificação. Figura 1: Calcificação distrófica da valva aórtica (Fonte: Robbins 9ed.). Calcificação metastática Indica que o cálcio reabsorvido do tecido ósseo em condições patológicas ocasiona, se não houver excreção adequada pelos rins, depósitos em outros locais. Tal calcificação ocorre caracteristicamente quando há hipercalcemia e, mais raramente, hiperfosfatemia. A principal causa de hipercalcemia é a hipersecreção de paratormônio ou de moléculas semelhantes. Muitas doenças dos ossos podem causar hipercalcemia. Acometimento extenso por neoplasias, como mieloma ou metástases disseminadas, pode provocar rápida destruição óssea, com aumento da calcemia. A imobilização prolongada remove estímulos para formação de tecido ósseo, enquanto continua ocorrendo reabsorção. Os depósitos de cálcio metastáticos podem formar-se em qualquer local, mas especialmente em pulmões, rins, artérias sistêmicas, veias pulmonares e córneas. Esses órgãos e estruturas têm em comum o fato de secretarem ácidos, criando um compartimento interno alcalinizado. Os pulmões eliminam CO2; a córnea perde CO2 por difusão. Os depósitos em vasos com sangue oxigenado (artérias sistêmicas e veias pulmonares) explicam-se pelo mesmo princípio, já que o sangue venoso é mais ácido que o arterial. Em calcificações metastáticas, a precipitação de cálcio inicia-se nas mitocôndrias. Quando há morte celular, as células acabam envolvidas pela calcificação. A deposição de sais de cálcio também ocorre no compartimento extracelular, sendo as membranas basais dos pulmões e dos rins sítios particularmente suscetíveis. Os achados anatomopatológicos na calcificação metastática são característicos. Os órgãos apresentam-se muito endurecidos e calcários e rangem ao corte com faca. Calcinose idiopática Consiste em depósitos de calcificação geralmente cutâneos e frequentemente múltiplos, sem lesão prévia e com níveis séricos normais de cálcio e de fosfato. As lesões podem ulcerar-se, permitindo drenagem do material calcário. A calcinose escrotal caracteriza-se por múltiplos nódulos duros que se formam na pele do escroto. Considerada idiopática, essa forma de calcificação parece relacionada, em certos casos, com cistos epidermoides que se rompem e se inflamam, com posterior calcificação distrófica do conteúdo. Nesse estágio, os depósitos calcificados ocupam a derme, por vezes circundados por histiócitos e reação gigantocelular. Figura 2: Calcinose idiopática escrotal (Fonte: Rev. Bras. Cir. Plást. 2019;34(2):295-298). Referências BOGLIOLO, Luigi; BRASILEIRO FILHO, Geraldo (editor). Bogliolo: patologia. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. MONTENEGRO, M. R.; FRANCO, M. Patologia: processos gerais. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 2015 ROBBINS, Stanley L.; COTRAN, Ramzi S.; KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; FAUSTO, Nelson. Patologia: bases patológicas das doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
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