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auditoriaepericiaambiental-ipebras -MATERIAL

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
 
 
 
AUDITORIA E PERÍCIA 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
0800 042 0122 
www.ipebras.com.br 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
MODULO I- PRINCÍPIOS DA AUDITORIA AMBIENTAL ................................... 3 
MODULO II- PASSIVO AMBIENTAL ............................................................... 11 
MODULO III- CLASSES DE AUDITORIA ........................................................ 28 
MODULO IV- AUDITORIAS ............................................................................. 36 
MODULO V- DIRETRIZES PARA AUDITORIA AMBIENTAL .......................... 49 
MODULO VI- MÉTODOS E TÉCNICAS APLICADAS NAS PERÍCIAS ........... 59 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 61 
 
 
3 
 
MODULO I- PRINCÍPIOS DA AUDITORIA AMBIENTAL 
Auditoria 
Ambiental é uma 
ferramenta que permite 
às empresas atingir e 
manter a eficácia da 
gestão ambiental em 
qualquer empresa por 
meio de um plano de 
ação completo e 
abrangente. Usando de perspicácia, os auditores conseguem apontar tanto as 
deficiências existentes como as futuras, prevenindo gastos mais elevados no 
futuro. 
Dentre os objetivos da auditoria ambiental podemos citar a detecção de 
vulnerabilidades ambientais em se tratando de conformidade, riscos, imagem e 
sustentabilidade, o que acontece por meio da observação em campo 
(qualitativa), levantamento de documentos, reuniões com equipe e elaboração 
de diagnóstico conclusivo da auditoria ambiental baseado nestas informações. 
As empresas que possuem em seu quadro uma equipe de auditores 
competentes e experientes ou que contratem este serviço de empresas 
especializadas contam com um excelente apoio para produzir um retrato fiel da 
realidade, que servirá de base para proceder a ações corretivas, estratégicas e 
preventivas em prol da saúde da organização. 
Neste momento, nosso foco será, então, a auditoria ambiental 
propriamente dita, o que passa necessariamente por saber classificar e 
mensurar o passivo ambiental. Não poderíamos nos furtar a pincelar a Perícia 
Ambiental, outra especialidade de grande interesse de organizações 
empresariais, órgãos públicos e sociedade de maneira geral. 
Perícia é definida como exame realizado por técnico, ou pessoa de 
comprovada aptidão e idoneidade profissional, para verificar e esclarecer um 
fato, ou estado ou a estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo, que 
com um deles tenha relação ou dependência, a fim de concretizar uma prova 
 
4 
 
ou oferecer o elemento que necessita a justiça para poder julgar (CUNHA; 
GUERRA, 2004). Observemos que sem uma perícia, dificilmente haverá 
punição, quer administrativa, criminal ou civilmente. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha 
como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, 
fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os 
temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma 
compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos 
clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista 
o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo 
modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao 
longo dos estudos. 
 
O MEIO AMBIENTE E AS EMPRESAS 
 
As empresas são as responsáveis principais pelo esgotamento e pelas 
alterações ocorridas nos recursos naturais, de onde obtêm os insumos que 
serão utilizados para obtenção de bens a serem utilizados pelas pessoas. Essa 
atividade de grande utilidade realizada pelas organizações, no entanto, nos 
últimos anos está quase ficando num segundo plano em função dos problemas 
ambientais causados pelas indústrias; estes problemas se tornam o aspecto 
mais visível, na maioria das vezes, de sua relação com o ambiente natural. No 
entanto, o papel de vilãs do meio ambiente que vêm desempenhando as 
empresas tem sua razão de ser, pois são poucas, proporcionalmente, aquelas 
que se preocupam e tornam mais eficientes ecologicamente os seus processos 
produtivos, como o demonstram os dados estatísticos mundiais e nacionais. E, 
mesmo quando o fazem, a iniciativa é tomada mais como uma resposta a uma 
exigência dos órgãos governamentais do que por assumirem uma postura de 
responsabilidade social ambiental. No entanto, o importante papel 
desempenhado por essas unidades produtivas é inegável e imprescindível, e 
 
5 
 
somente com o avanço da adoção de Sistemas de Gestão por parte das 
empresas teremos uma perspectiva de rumarmos para um desenvolvimento 
minimamente sustentável (DIAS, 2009). 
 
Empresas e contaminação 
 
A contaminação do meio ambiente natural pelas indústrias teve início 
com a Revolução Industrial no século XIX, e dessa época em diante o 
problema teve um crescimento exponencial, provocando inúmeras catástrofes 
ambientais que tiveram enorme repercussão local, regional e global. 
Ocorre que nos processos industriais os recursos naturais são 
empregados como insumos que, devido a ineficiências internas dos processos, 
geram resíduos de todo tipo, os quais obviamente contaminam o meio 
ambiente. O processo, além de gerar problemas de contaminação que afetam 
a saúde humana, pode também provocar a escassez de recursos naturais que 
são utilizados sem uma previsão da sua possibilidade de esgotamento. 
A utilização privada do meio ambiente, que é um recurso comum, foi 
discutida pelo biólogo Garrett Hardin no artigo “A tragédia dos bens comuns”, 
no qual indica o destino ao qual parece estar condenado qualquer recurso que 
tem sua propriedade compartilhada. 
Os problemas de contaminação do meio ambiente são manifestações 
que se encaixam perfeitamente no raciocínio, como apontou o próprio Hardin 
(1968 apud DIAS, 2009). 
De maneira inversa, a tragédia dos recursos comuns reaparece nos 
problemas de contaminação. Aqui o assunto não é retirar algo dos recursos 
comuns, mas colocar algo dentro – drenagens ou refugos químicos, radioativos 
ou térmicos na água; gases nocivos ou perigosos no ar; anúncios ou sinais 
perturbadores e desagradáveis na paisagem. Os cálculos dos benefícios são 
muito semelhantes aos que foram mencionados antes. O homem razoável 
descobre que sua parte dos custos dos desperdícios que descarrega nos 
recursos comuns é muito menor que o custo de purificar seus desperdícios 
 
6 
 
antes de desfazer-se deles. Já que isto é válido para todos, estamos 
aprisionados em um sistema de ‘sujar nosso próprio ninho’, e assim 
prosseguiremos, embora atuemos unicamente como livres empresários, 
independentes e racionais. 
Quando se explora o meio ambiente, que é um bem comum, buscando 
o benefício privado, podem ser causados impactos ambientais que afetam 
negativamente o bem-estar de outras pessoas que não têm relação com quem 
os gera. Esses impactos constituem custos externos, ou externalidades, para 
as empresas. 
A contaminação ambiental, do ponto de vista econômico, se relaciona 
com a internalização dos custos externos (ou externalidades) ambientais por 
parte das empresas. Isto ocorre quando o gerador da externalidade não 
assume os custos e os transfere a terceiros na forma de contaminação 
ambiental. São custos ambientais que o empresário causa, mas que não 
assume, e que acabam diminuindo seus custos diretos (compra de matéria-
prima, contratação de mão de obra, pagamento de capital, investimentos de 
melhoria nos processos, etc.), já que não investe no processo produtivo para 
evitar a produção de resíduos contaminantes. Para si obtém uma vantagema 
curto prazo que se assemelha, no exemplo de Hardin, ao pastor que vai 
agregando gado no pasto, e para a sociedade mais geral, o valor é negativo, 
pois se expressa na forma de esgotamento e deterioração dos recursos 
naturais, contaminação dos lençóis d'água, do ar e do solo, afetando a saúde 
pública. 
Ocorre que na falta de incentivos capazes de induzir à internalização 
dos custos ambientais por parte das empresas, elas somente interromperiam a 
geração de contaminações quando essas externalidades ambientais negativas 
deixassem de gerar benefícios privados. Segundo Hardin, uma das formas de 
ação possíveis é a utilização de leis coercitivas ou mecanismos fiscais que 
tornem mais barato para o contaminador tratar os resíduos antes de desfazer-
se deles sem tratá-los. Ou seja, a regulação, as instituições ambientais, a 
pressão das comunidades e as exigências do mercado são formas de tornar 
mais conveniente ao empresário (e mais barata) a adoção de mecanismos 
prévios que evitem a contaminação. 
 
7 
 
Fatores externos que induzem respostas das empresas 
 
Há diversos fatores externos que provocam uma resposta das 
empresas no sentido de diminuir a contaminação. Entre eles, estão: o Estado, 
a comunidade local, o mercado e os fornecedores. 
 
1. O papel do Estado (a regulação formal) 
A legislação ambiental, juntamente com as instituições ambientais e as 
atividades de controle de contaminação realizadas por estas em todos os 
níveis, limitam a liberdade da empresa para contaminar. O Estado utiliza esses 
instrumentos legais com o objetivo de proteger a saúde das pessoas e o bem 
comum, representado pelo ambiente natural e os benefícios que causa à 
sociedade mais geral. 
A regulação formal pode ser classificada em dois grandes grupos: o 
tipo comando e controle, e outro que é a adoção de instrumentos econômicos. 
Pelo primeiro método, mais tradicional, o Governo estabelece regulamentações 
para o uso dos recursos ambientais e passa a fiscalizar o cumprimento da 
legislação, punindo os eventuais infratores (multas e até o fechamento da 
empresa); baseia-se, portanto, na pressão normativa de padrões 
estabelecidos. Logo, a decisão da empresa de reduzir ou não a contaminação 
dependerá da diferença entre os custos que poderão ser abatidos e o valor das 
multas ou dos custos de um fechamento temporário da empresa (DIAS, 2009). 
Pelo outro método, com a utilização dos instrumentos econômicos, os 
preços dos bens ambientais devem refletir, o mais corretamente possível, os 
valores que lhes sejam imputados pela sociedade, de forma que se possa 
cobrar adequadamente pelo uso desses bens, seja de forma direta, seja de 
forma indireta, via taxas, subsídios, etc. A empresa decide, por exemplo, entre 
contaminar e pagar a taxa, ou descontaminar e incorrer nos custos de redução 
da emissão de contaminantes. 
O fato é que nem sempre as medidas de controle da contaminação 
geram custos. As intervenções do governo que estimulam investimentos de 
 
8 
 
controle ou de prevenção da contaminação, que geram custos iniciais, 
contribuem para melhorar as condições de competitividade das empresas e 
das cidades em que se situam. Para que isto ocorra, além dos benefícios 
ambientais, estes investimentos devem gerar também benefícios privados. 
Entre os benefícios privados estão os relacionados com o melhoramento das 
condições de competitividade das empresas. Eles, por sua vez, gerariam 
benefícios públicos adicionais como o aumento do emprego e do bem-estar 
social. 
Mas o Estado e o seu poder regulador não é o único incentivo que têm 
as empresas para melhorar seu desempenho ambiental. Além das pressões 
geradas pela regulação formal, há uma resposta ambiental das empresas com 
a diminuição da contaminação gerada motivada por diferentes fatores, entre os 
quais: pressões da comunidade, de diferentes grupos organizados, do 
mercado, dos consumidores, dos fornecedores, etc.(DIAS, 2009). 
Alguns exemplos da atuação do Estado no controle da poluição: 
a) em novembro de 1995, a Fiat do Brasil foi multada em R$ 3,9 
milhões pelo IBAMA por não atender aos padrões legais de emissões 
veiculares, que eram exigidos desde 1987 para os veículos novos que saíam 
das montadoras, que tinham de atender aos padrões do Programa de Controle 
da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Segundo o órgão do 
governo, o modelo Uno Mille Electronic utilizava dispositivos que mascaravam 
os níveis de emissão de poluentes e permitiam um maior rendimento do motor, 
o que provocou um aumento de emissão acima do permitido em lei 
(GRAMACHO, 1995); 
b) em setembro de 1995, a Rhodia Indústrias Químicas e Têxteis foi 
condenada por depositar lixo químico a céu aberto na região continental de 
São Vicente (SP). Segundo a sentença, a Rhodia teria que indenizar o Fundo 
de Reparação do Meio Ambiente do Estado de São Paulo em mais de 8 
milhões de reais. Além disso, a empresa seria obrigada a remover os resíduos, 
isolar o solo contaminado e repor terra boa na superfície. Deveria também, 
enquanto houvesse possibilidade de contaminação, manter sob guarda as 
áreas afetadas para evitar ocupação humana. Ficaria ainda responsável pelo 
 
9 
 
abastecimento de água à população, uma vez que os lençóis freáticos da 
região foram afetados (NUNES, 1995); 
c) a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), em Cubatão, no litoral 
paulista, recebeu, em 1995, multas num valor aproximado de um milhão de 
reais, por atrasos no cronograma de controle de suas fontes de poluição e 
irregularidades devido à má operação e manutenção de equipamentos de 
controle da poluição e do processo produtivo (SERRA, 1995); 
d) uma emissão de gás sulfídrico, em janeiro de 1996, na unidade de 
Suzano (SP) da fabricante de sais orgânicos Produquímica, provocou a morte 
de três operários e atingiu outros cinco, sendo que a empresa foi multada pela 
Cetesb em R$ 72 mil. Além da multa, foi determinada a paralisação do setor 
onde ocorreu o acidente. A mesma empresa, em 1993, havia sido autuada por 
importar cerca de 200 toneladas de resíduos da Inglaterra. A empresa trouxe o 
material como micronutrientes para fertilizante; no entanto, a Cetesb constatou 
a presença de metais pesados, como chumbo, cádmio e cromo. A presença de 
metais havia sido identificada, anteriormente, pela entidade ambientalista 
Greenpeace, que fez a denúncia. O material foi devolvido à Inglaterra 
 
 A comunidade local (regulação informal) 
 
As comunidades locais onde estão localizadas as unidades 
empresariais cada vez mais se tornam importantes atores em relação aos 
problemas de contaminação, pois são as primeiras que sofrem as 
consequências da poluição, e em função disso apresentam uma capacidade de 
resposta mais rápida, afetando as decisões das empresas no que tange a um 
maior controle ambiental. 
Por outro lado, há um maior número de pessoas informadas sobre os 
processos produtivos e de contaminação envolvidos: membros da comunidade 
técnico-científica, intelectuais, educadores, jornalistas, membros de entidades 
ecológicas, entre outros, que encontram mecanismos legais para exigir do 
 
10 
 
governo ou das empresas o cumprimento de suas responsabilidades 
ambientais. 
 
O papel do mercado 
 
As empresas, de modo geral, operam em vários mercados, que podem 
ser tanto locais, regionais, nacionais ou em nível global. Há um crescente 
aumento da consciência ambiental, que varia em função de cada mercado. Os 
países mais desenvolvidos, as regiões mais desenvolvidas de um mesmo país 
são os que mais consomem produtos ecológicos; isso envolve a reputação da 
empresa como benfeitora ou não do meio ambiente. 
 
 Os fornecedores 
 
Há um número crescente de empresas que são fornecedoras de outras 
que necessitam ter um bom desempenho ambiental em toda a sua cadeia 
produtiva, o que as obriga a fazerem exigências aos seus próprios 
fornecedores para que sejamportadores de certificações ambientais e se 
tornem unidades produtivas respeitosas com o meio ambiente. Deste modo, 
mesmo que uma empresa não sofra pressões diretas tanto do Estado, como da 
Comunidade, ela se vê obrigada a adotar ações ambientais que evitem a 
contaminação por ter como clientes empresas para as quais seu mercado 
consumidor exige integrarem uma cadeia produtiva ambientalmente correta. 
 
 
11 
 
MODULO II- PASSIVO AMBIENTAL 
 
 
Segundo Kraemer 
(2001), uma empresa tem 
Passivo Ambiental quando 
ela agride, de algum modo 
e/ou ação, o meio ambiente, 
e não dispõe de nenhum 
projeto para sua 
recuperação, aprovado 
oficialmente ou de sua 
própria decisão. 
Passivo Ambiental representa toda e qualquer obrigação de curto e 
longo prazo, destinadas única e exclusivamente a promover investimentos em 
prol de ações relacionadas à extinção ou amenização dos danos causados ao 
meio ambiente, inclusive percentual do lucro do exercício, com destinação 
compulsória, direcionado a investimentos na área ambiental. 
No Brasil, as regras contábeis e a literatura que envolve o Passivo 
Ambiental ainda é recente e some-se a isso, certas empresas têm atividades 
complexas dificultando o tratamento a ser dado no registro e na divulgação dos 
passivos ambientais. 
Os passivos ambientais normalmente são contingências formadas em 
longo período, sendo despercebido às vezes pela administração da própria 
empresa, envolvendo conhecimento específico. Neste caso, não só a 
administração da empresa se envolve, nem a contabilidade, mas também 
advogados, juristas, engenheiros, entre outros. 
Normalmente, o surgimento dos passivos ambientais dá-se pelo uso de 
uma área, lago, rio, mar e uma série de espaços que compõem nosso meio 
ambiente, inclusive o ar que respiramos, e de alguma forma estão sendo 
prejudicados, ou ainda pelo processo de geração de resíduos ou lixos 
industriais, de difícil eliminação. 
 
12 
 
Os Passivos Ambientais, conforme Ribeiro e Gratão (2000), ficaram 
amplamente conhecidos pela sua conotação mais negativa, ou seja, as 
empresas que o possuem agrediram significativamente o meio ambiente e, 
dessa forma, têm que pagar vultosas quantias a título de indenização de 
terceiros, de multas e para a recuperação de áreas danificadas. 
As autoras colocam como exemplo: 
 os gastos assumidos pela Exxon, no caso do acidente com o petroleiro 
Valdez, no Alaska; 
 o caso da Petrobrás, na década de 80, no qual a região de Cubatão, no 
interior do Estado de São Paulo, foi seriamente afetada pelo vazamento 
de óleo, que culminou com a explosão de várias moradias; e, 
 em janeiro de 2000, o vazamento nas instalações da mesma empresa 
que provocou o derramamento de milhares de litros do óleo no mar na 
Baía da Guanabara, causando a morte de várias espécies de aves e 
peixes, além de afetar seriamente a vida das populações locais que 
viviam da atividade pesqueira. 
Tais situações exigiram enormes gastos dessas empresas e, o que é 
pior, gastos imediatos, sem qualquer forma de planejamento, o que afeta 
drasticamente qualquer programação de fluxo de disponibilidades, 
independentemente do porte da organização. Tão alto quanto os custos dos 
recursos físicos necessários para a reparação dos danos provocados pelas 
referidas situações, ou até mais, são os gastos requeridos para retração da 
imagem da empresa e de seus produtos, essencialmente, quando tais eventos 
são alvo da mídia e da atenção dos ambientalistas e ONGs. 
O IBRACON, segundo NPA 11 – Balanço e Ecologia – conceitua o 
Passivo Ambiental como toda agressão que se praticou/pratica contra o meio 
ambiente e consiste no valor dos investimentos necessários para reabilitá-lo, 
bem como multas e indenizações em potencial. 
O passivo ambiental, como qualquer passivo, está dividido em capital 
de terceiros e capital próprio, os quais constituem origens de recursos da 
entidade. Santos et al. (2001) citam os seguintes exemplos de origens: 
 
13 
 
 bancos – empréstimos de instituições financeiras para investimento na 
gestão ambiental; 
 fornecedores – compra de equipamentos e insumos para o controle 
ambiental; 
 governo – multas decorrentes a infração ambiental; 
 funcionários – remuneração de mão de obra especializada em gestão 
ambiental; 
 sociedade – indenizações ambientais; 
 acionistas – aumento do capital com destinação exclusiva para 
investimentos em meio ambiente ou para pagamento de um passivo 
ambiental; 
 entidade – através de destinação de partes dos resultados (lucro) em 
programas ambientais. 
Com a dinâmica dos negócios, os passivos ambientais devem ser 
tratados com muita atenção e devem fazer parte da tomada de decisões das 
organizações na aquisição de outras empresas, na formação de cluster, nas 
fusões, nas análises de riscos do negócio, na venda da empresa e na 
concepção de novos produtos, dentre outras transações pertinentes ao 
assunto. 
Passivo ambiental é todo gasto decorrente da conservação ou 
recuperação do meio ambiente. Nesse contexto pode-se citar: as multas 
decorrentes das infrações cometidas contra o meio ambiente, os investimentos 
em mão de obra especializada em gestão ambiental, campanhas populacionais 
através de programas de incentivo a conservação do meio ambiente, 
treinamentos dos funcionários, etc. com o intuito de preservar e recuperar o 
ambiente danificado ou que poderá vir a se danificar. 
Ribeiro (2005, p. 75 e 76) diz que passivo ambiental se refere aos 
benefícios econômicos ou aos resultados que serão sacrificados em razão da 
necessidade de preservar, proteger e recuperar o meio ambiente, de modo a 
permitir a compatibilidade entre este e ao desenvolvimento econômico ou em 
decorrência de uma conduta inadequada em relação a estas questões. 
 
14 
 
A origem dos passivos ambientais ocorrem dentro de algumas 
empresas através das suas atividades operacionais que implicam na destruição 
ou consumo de elementos da natureza. Outros passivos ambientais podem 
surgir antecipadamente a um possível acidente ecológico e trazem um retorno 
positivo no sentido de reconhecimento social para a entidade. Outras ainda, 
não reconhecem as obrigações a partir do seu fato gerador o que provoca o 
não conhecimento dos possíveis efeitos que a degradação do meio ambiente 
poderá ocasionar em seu patrimônio (RIBEIRO, 2005). 
Obrigações de Passivos Ambientais decorre de três tipos, tais como: 
Legais ou Implícitas, Construtivas e Justas. 
 Legais ou Implícitas: as obrigações legais procedem de Legislação ou de 
uma outra forma prevista em Lei. Faz com que a empresa devolva ao 
meio ambiente o que ela utilizou no seu processo operacional. Por 
exemplo, uma indústria de papel que utiliza madeira como matéria-prima 
será obrigada a reflorestar o lugar onde essas árvores foram cortadas. 
Já as obrigações implícitas, decorrem de fatos ocorridos anteriormente 
que causaram danos ao meio ambiente e, para evitar maiores gastos 
com multas, perda de credibilidade da empresa, etc., a mesma se 
antecipa ao fato e começa a investir na causa de recuperação dos 
danos causados. 
 Construtivas: parte da consciência da própria entidade, que pensando no 
bem estar social, vai além das obrigações legais, trazendo para si um 
ótimo marketing e fazendo com que a empresa cresça na aceitação 
popular pelos seus feitos em prol da sociedade. Neste caso, podemos 
citar uma empresa que desembolsa dinheiro para projetos comunitários 
como, por exemplo: programas de coleta seletiva, ajuda para instalação 
de rede de esgoto e galerias pluviais. 
 Justa: comprovado que a empresa causa degradação do meio ambiente, 
é justo que a entidade faça a recuperação do mesmo. Ela pode até se 
antecipar aos danos e evitar tal destruição, mostrando com isso uma 
preocupação social e ética com o meio em que está inserida. Como 
exemplo podemos citar o caso de uma usina de cana de açúcar, antes15 
 
do corte é feita a queimada da plantação, através da qual exala muita 
fuligem e faz com que polua o ar, trazendo consigo problemas 
respiratórios para os vizinhos da usina, uma posição justa para esse 
caso seria a empresa arcar com o tratamento para as pessoas afetadas. 
Ribeiro (2005) exemplifica várias formas que uma empresa poderia 
adquirir em seus relatórios um Passivo Ambiental, tais como: 
 fornecedores – contas a pagar – poderão ser contraídas a partir da 
compra a prazo de insumos e equipamentos antipoluentes; 
 salários e encargos trabalhistas – decorrentes de contratação de pessoal 
qualificado para desempenhar atividades relacionadas à prevenção ou 
recuperação ambiental; 
 provisões – deverão ser contabilizadas quando há possibilidade de 
gastos futuros decorrentes de multas ambientais, os valores deverão ser 
estimados com base nos eventos que poderão incorrer. 
Os valores dos Passivos deverão ter todos os gastos possíveis para 
serem efetuados, e devem ser contabilizados a partir do momento que o fato 
gerador ocorrer. No caso de um gasto (custo/despesa) ambiental, o fato 
gerador fica caracterizado e passível de registro no consumo de recursos 
econômicos, para o registro como exigibilidade/obrigação, o fato gerador 
caracteriza-se ao assumir a obrigação, seja por força legal ou pelo 
conservadorismo. No caso das estimativas (provisões) ela poderá ser feita 
quando houver dificuldade de avaliar o total do Passivo Ambiental e terá como 
base as experiências anteriores da empresa ou conhecimentos sobre técnicas 
e legislação (RIBEIRO, 2005). 
 
 Classificação e mensuração 
 
De acordo com Paiva (2003), podem existir dois tipos de passivos 
ambientais, classificados por normais e anormais, sendo que os normais são 
gerados no processo produtivo, como por exemplo, fábricas que exalam por 
 
16 
 
suas chaminés gases tóxicos e poluentes; uma maneira para amenizar essa 
exalação seria a utilização de filtros nas chaminés ou trocar os insumos por 
outros menos poluentes. Os passivos anormais são aqueles que não são 
previstos como, por exemplo, a liberação de gases poluentes ou líquidos 
ocasionados por um fenômeno natural (terremotos, maremotos, raios, etc.). 
Muitas vezes, ao nos referirmos ao Passivo Ambiental, temos a ideia 
de que o mesmo deverá ser mensurado dentro do Balanço Patrimonial. Mas 
segundo a NBC T 15 – Informações de Natureza Social e Ambiental, aprovada 
pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade) e também aceita por diversos 
outros órgãos como, por exemplo: o IBRACON e a CVM (Comissão de Valores 
Mobiliários) pela intercessão da Resolução 1.003/04 de 19 de agosto de 2004 
que entrou em vigor desde 1º de janeiro de 2006, eles podem também, ser 
representado em outros tipos de demonstrações. Ela deverá ser uma espécie 
de apêndice das demonstrações contábeis, não podendo fazer parte das notas 
explicativas e sim como objeto de comparação entre exercícios atuais e 
anteriores. Esta norma estabelece procedimentos para demonstração de 
informações ambientais e sociais e salienta que nenhuma organização está 
obrigada a elaborar ou divulgar Informações de Natureza Social ou Ambiental, 
mas as que optarem, deve seguir as regras estabelecidas pela Norma citada. 
De acordo com o item 1.5.1.3. da Resolução CFC nº 1.003/04, a 
Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, ora instituída, 
quando elaborada, deve evidenciar os dados e as informações de natureza 
social e ambiental da entidade, extraídos ou não da contabilidade, de acordo 
com os procedimentos determinados por esta norma. 
Segundo a NBC T 15 (Informações de Natureza Social e Ambiental) as 
informações que possui caráter ambiental e social são: 
 interação com o meio ambiente; 
 interação da empresa com o meio externo; 
 os recursos humanos; 
 a geração e a distribuição de riquezas. 
 
17 
 
Toda a responsabilidade pelas informações apresentadas nas 
demonstrações contábeis obrigatórias ou não, como é o caso de 
demonstrações acerca do Passivo Ambiental é do contador, que deverá estar 
devidamente registrado no CRC. 
Ainda de acordo com esta norma, as informações que estarão 
contemplando a Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental 
são as seguintes: 
 investimentos e gastos com manutenção nos processos operacionais 
para a melhoria do meio ambiente; 
 investimentos e gastos com a preservação e/ou recuperação de 
ambientes degradados; 
 investimentos e gastos com a educação ambiental para empregados, 
terceirizados, autônomos e administradores da entidade; 
 investimentos e gastos com educação ambiental para a comunidade; 
 investimentos e gastos com outros projetos ambientais; 
 quantidade de processos ambientais, administrativos e judiciais movidos 
contra a entidade; 
 valor das multas e das indenizações relativas à matéria ambiental, 
determinadas administrativa e/ou judicialmente; 
 passivos e contingências ambientais. 
Pode-se citar como exemplo de classificação a que a empresa 
PETROBRÁS utiliza em suas demonstrações contábeis. No seu Passivo, a 
empresa apresenta a conta Provisão para contingência a qual é detalhada em 
notas explicativas. Nesse caso, ela relata que a Provisão refere-se a 
envolvimentos em processos legais de diversas naturezas, inclusive ambiental, 
os quais foram provisionados em decorrência a acidentes que causaram a 
degradação/poluição do meio ambiente, os valores ali mencionados são os que 
a companhia poderia pagar de multas pelo ocorrido. 
O IBRACON recomenda que as contas do passivo ambiental tenham 
um grupo específico e sejam bem identificadas. Por exemplo, se a empresa 
 
18 
 
solicita um empréstimo para aquisição de materiais de prevenção de acidentes 
ambientais, esse empréstimo deverá ser contabilizado de forma a evidenciar 
sua utilização como passivo ambiental, sem que se confunda com empréstimos 
para atividades operacionais. Dessa forma, o usuário terá mais facilidade em 
visualizar e tomar as decisões necessárias. Infelizmente, muitas vezes essa 
recomendação não vem sendo cumprida pelas empresas, tornando assim a 
identificação de seus passivos ambientais muito difíceis e trabalhosas, 
principalmente nos processos de auditoria. 
Uma maneira de serem mensurados os passivos ambientais é proposta 
por Ribeiro (2005, p. 112-113), que determina a evidenciação em subgrupo 
específico das exigibilidades, se forem não relevantes os seus valores e 
componentes deverão ser descritos em notas explicativas e em caso de ser 
relevante ele deverá fazer parte do Balanço Patrimonial e terá uma conta 
especifica. A autora coloca ainda que em caso de obrigações não passíveis de 
mensurações, estas deverão também constar em notas explicativas 
esclarecendo o porquê da não mensuração e a data de quando essa 
exigibilidade deverá ser quitada. E para os casos de provisões, também deverá 
ser apresentado em notas explicativas devendo conter em sua apresentação “a 
natureza e a estimativa dos gastos ambientais, as incertezas relativas à sua 
realização e o momento de possível realização”. 
 
Importância do Passivo Ambiental nas empresas 
 
Atualmente, muitos bancos e financiadoras nacionais e internacionais 
tais como BID (Banco Internacional Desenvolvimento), BIRD (Banco 
Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento), IFC (Corporação 
Financeira Internacional), entre outros, estão exigindo que as entidades tenham 
projetos de preservação e recuperação do meio ambiente, para só assim 
liberarem os créditos solicitados pela empresa. É necessário saber o quanto a 
entidade é confiável e respeita o meio ambiente. No caso de uma entidade 
agredir a natureza no seu processo industrial e não recuperar os danos 
 
19 
 
causados, os créditos não são liberados, pois provavelmente essa empresa 
sofrerá algum tipo de autuação e multas, afetando assim sua credibilidade. 
Nesse sentido, temos o ISO (InternationalOrganization for 
Standardization) 14000 que foi criado para orientar gestores de empresas 
muito poluidoras, inclusive auditores e fiscais. Ele visa à melhoria do 
desempenho nas empresas procurando implantar um sistema de gestão 
ambiental, através de diretrizes, nas quais se inclui o planejamento, 
estruturação, desenvolvimento e implementação de um sistema de gestão 
ambiental. Todas as empresas que tem um grande grau de poluição devem 
possuir o ISO 14000 para que tenha um maior credenciamento perante o 
governo e a sociedade. Através disso, surgiu à auditoria ambiental. 
A evidenciação das contas do passivo ambiental se tornou uma 
importante ferramenta de gestão, pois elas influenciam na compra, venda, 
incorporação e outros tipos de ações entre empresas, pois danos causados 
anteriormente podem recair sobre o novo proprietário. Ele funciona como um 
elemento de decisão no sentido de identificar, avaliar e quantificar posições, 
custos e gastos ambientais potenciais que precisam ser atendidos a curto, 
médio e a longo prazo. 
O Passivo Ambiental muitas vezes é visto como algo negativo para 
com as empresas que o possuem, por estarem relacionados com danos ao 
meio ambiente. Mas ele pode estar evidenciando medidas de prevenção ou até 
mesmo recuperação de algum dano inevitável, como é o caso do 
reflorestamento realizado pelas empresas de papel, mostrando assim, a 
preocupação em cuidar do meio ambiente. Dessa forma, nota-se que em sua 
grande maioria, a presença do passivo ambiental no balanço das empresas 
pode ser algo positivo. 
A Petrobrás é uma dessas empresas que investem na preservação do 
meio ambiente. Seus investimentos já passaram da marca de 36 milhões em 
projetos ambientais (CARDOSO et al., 2010). 
 
20 
 
 AUDITORIA 
 
A evolução do sistema capitalista, com a expansão do mercado e, 
consequentemente, o aumento da concorrência, fez com que as empresas 
antes fechadas, pertencentes a grupos familiares, ampliassem suas instalações 
fabris e administrativas, investindo no desenvolvimento tecnológico e 
aprimorando os controles e procedimentos internos em geral, visando reduzir 
custos tornando mais competitivos os seus produtos no mercado. 
E assim, tem-se o surgimento da auditoria, definida, segundo Sá (1998, 
p. 25), como 
tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, 
demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de 
consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, 
críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais de 
riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer 
ou prospectados e diagnosticados. 
 
Outras influências que possibilitaram o desenvolvimento da auditoria 
foram: 
 instalações de filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras; 
 financiamento de empresas brasileiras através de entidades 
internacionais; 
 crescimento das empresas brasileiras e necessidade de 
descentralização e diversificação de suas atividades econômicas; 
 evolução do mercado de capitais; 
 criação das normas de auditoria promulgadas pelo Banco Central do 
Brasil, em 1972; 
 criação da Comissão de Valores Mobiliários e da lei das Sociedades 
Anônimas em 1976. 
 
 
21 
 
Evolução 
 
Primeiramente, para compreender o conceito de Auditoria Ambiental, é 
necessário entender a origem da auditoria, proveniente das demonstrações 
financeiras, através das quais ela se originou. As demonstrações financeiras 
eram informações elaboradas por escrito, destinadas a apresentar a terceiros, 
alheios à empresa, sócios ou interessados, a situação patrimonial e sua 
evolução. 
A auditoria, sobretudo, almejava informar aos usuários que critérios 
foram adotados em sua elaboração e apresentar parecer de terceiros sem 
relação direta com a empresa, atestando com fidedignidade que tais 
demonstrações refletiam a situação do patrimônio e sua evolução durante o 
período a que se referiam. 
Com base nisso, pode-se dizer que a auditoria sempre teve como 
função prover demonstrações financeiras, como o exame das mesmas, por um 
profissional independente, com a finalidade de emitir um parecer técnico sobre 
sua real situação. 
Fato é que ao buscarmos uma definição de auditoria nas mais diversas 
fontes, necessariamente somos remetidos à área contábil, inclusive fazendo 
coro com o que se encontra descrito pelo Oxford English Dictionary, que a 
define como: um exame oficial de contas, validado através de testemunhos e 
comprovantes. 
Ainda, se buscar no Reino Unido, considerado pela maioria dos 
escritores como o berço da auditoria, verificam-se os seguintes registros do 
que seriam auditoria e auditor na Enciclopédia Britânica, que numa tradução 
livre quer dizer: 
 auditoria é o exame das contas feitas pelos funcionários financeiros de 
um estado, companhias e departamentos públicos ou pessoas físicas, e a 
certificação de sua exatidão. Nas ilhas Britânicas, as contas públicas eram 
examinadas desde há muito tempo, embora, até o reinado da Rainha Elizabeth, 
de maneira não muito sistemática. Anteriormente, a 1559, esse serviço era 
 
22 
 
executado, às vezes, por auditores especialmente designados, e outras por 
auditores da receita pública, ou pelo auditor do tesouro, cargo criado por volta 
de 1314. Mas, em 1559, um esforço foi feito para sistematizar a auditoria das 
contas públicas, pela indicação de dois auditores para examinar os 
pagamentos a servidores públicos. 
 
 Conceitos e objetivos 
 
A grande utilidade da Auditoria é atestada por seus fins tão 
variadíssimos, tais como: 
 certificação e comprovação da exatidão dos fatos contábeis e 
administrativos (patrimoniais), através do seu registro; 
 identificação dos fatos e comprovação de sua propriedade no patrimônio 
da sociedade auditada; 
 identificação e comprovação do tempo decorrido e/ou de existência, bem 
como do valor de efetivos fatores de mensuração dos fatos, tendo em 
vista o aspecto dinâmico do patrimônio; 
 sugestões e orientações para administração do patrimônio das entidades 
auditadas; 
 identificação de eventuais falhas no controle, com intuito de saná-las, a 
fim de proteger o patrimônio contra fraudes; 
 pesquisas com o objetivo de gestão ao longo do tempo; em bases 
comparativas de valores e efeitos destes; 
 avaliação da eficácia e eficiência decorrentes dos atos e fatos 
administrativos e/ou contábeis e sobre estes; 
 identificação de riscos decorrentes do negócio que venham a afetar ou 
afetem o patrimônio; 
 identificação da capacidade de equilíbrio financeiro e econômico da 
entidade auditada; 
 
23 
 
 reorganização de uma empresa; 
 determinação de limites de seguros, análise de custos, fusão, cisão e 
incorporação de empresas. 
Definidos esses fins, pode-se estabelecer um conceito para a matéria 
Auditoria; como sendo um conjunto de técnicas de observações e exames, 
aplicados de forma sistemática, que no contexto do auditado, visa opinar sobre 
sua situação, sobre sua riqueza, quando este for o caso, ou sobre funções ou 
áreas específicas componentes do patrimônio do auditado. 
Há, ainda, sobre o conceito de auditoria uma variada gama de autores 
que se posicionam, sendo relevante frisar a observação feita por D’Ippolito 
(1967): 
A expressão revisão, conforme leva a entender o termo auditoria, 
dentro do que é estritamente aceitável na prática, foi adotada em um 
sentido mais amplo, sugerindo um significado também mais ampliado 
em relação ao seu significado etimológico, o qual resultaria num 
pensamento de que, auditoria seria apenas um exame e análise 
retrospectiva dos atos e fatos contábeis e administrativos. Porém, na 
verdade, não é apenas isso, abrangendo também, previsões sobre as 
futuras mutações patrimoniais, as expectativas sobre a ocorrência 
destas no tempo e no espaço futuros e os seus possíveis efeitos no 
patrimônio do auditado. A revisão, por excelência, é a atividade quese apresenta das mais difíceis para os profissionais, bem como para 
os gestores da empresa auditada. Ela requer, sobre quem deva ser 
feita, em relação ao tempo e ao espaço e em relação aos atos e fatos 
auditados, para atestar sua eficiência, certa profundidade na 
preparação teórica nos campos de administração, da economia em 
geral e, ainda, um conhecimento mais aprofundado do campo jurídico 
e do direito no contexto das relações de negócios e de mercados, 
envolvendo, também, em muitos casos, extremo conhecimento 
tecnológico e de negócios em geral. 
 
Para Franco e Marra (2000), auditoria é a técnica que consiste no 
exame de documentos e registros, inspeções, obtenção de informações e 
confirmações externas e internas, obedecendo a normas e procedimentos 
apropriados, objetivando verificar se as demonstrações contábeis representam 
adequadamente a situação nelas demonstrada de acordo com os Princípios 
Fundamentais de Contabilidade e normas de contabilidade, de maneira 
uniforme. 
 
 
24 
 
Organismos reguladores e normas de auditoria 
 
Segundo Pinho (2007), a atividade de auditoria no Brasil caracteriza-se 
pela regulamentação governamental. Em decorrência da abrangência das 
atividades subordinadas a estes organismos e pelo poder de fiscalização que 
lhes é conferido, é possível classificar como principais reguladores os 
seguintes: 
 Conselho Federal de Contabilidade – CFC; 
 Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON; 
 Comissão de Valores Mobiliários – CVM; 
 Banco Central do Brasil – BACEN. 
Em caráter restrito, também regulam a atividade as seguintes 
instituições: 
 Instituto dos Auditores Internos do Brasil – AUDIBRA; 
 Secretaria da Previdência Complementar – SPC; 
 Superintendência de Seguros privados – SUSEP; 
 Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais; 
 Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB. 
Pinho (2007) nos lembra que ao contrário do Brasil, a auditoria em 
diversos países é autorregulamentada, ou seja, por intermédio de entidades 
criadas pelos próprios profissionais, são estabelecidas as regras da atividade. 
Mas também existem entidades governamentais que fiscalizam o trabalho dos 
profissionais. 
Como exemplo, temos: 
 International Federation of Accoutants – IFAC; 
 American Institute of Certified Public Accoutants – AICPA; 
 Canadian Institute of Certified Accoutants – CICA; 
 
25 
 
 Japanese Institute of Certified Public Accoutants – Jicpa. 
As normas tem finalidade de estabelecer os padrões técnicos e de 
comportamento, visando alcançar uma situação coletiva e individualmente 
desejável. Na auditoria, estas normas objetivam qualificação na condução dos 
trabalhos e garantia de atuação suficiente e tecnicamente consistente do 
auditor e do parecer diante dos usuários da mesma (ATTIE, 1998). 
Normas são regras práticas que visam a orientar o profissional na 
consecução dos objetivos traçados para determinado trabalho. 
No Brasil, em decorrência da forte regulamentação governamental, as 
normas vigentes foram emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC), resultando de um processo evolutivo que tem proporcionado, 
gradativamente, a aproximação com as normas internacionais do International 
Federation of Accountants (IFAC). 
Abaixo temos elencadas as normas brasileiras e internacionais que 
representam o principal conjunto de regras. 
 Resolução CFC nº 678/90 – revisão especial das informações trimestrais 
(ITR) das Companhias Abertas. 
 Resolução CFC nº 750/93 – princípios fundamentais da Contabilidade. 
 Resolução nº 1054/05 – carta de responsabilidade da administração. 
 Resolução nº 986/03 – da Auditoria Interna. 
 Resolução CFC nº 781/95 – normas Profissionais do Auditor Interno. 
 Resolução CFC nº 820/97 – normas Independentes das Demonstrações 
Contábeis, com alterações e dá outras providências. 
 Resolução CFC nº 821/97 – normas profissionais de Auditor 
Independente. 
 Resolução CFC nº 1024/05 – papéis de Trabalho e documentação da 
Auditoria. 
 Resolução CFC nº 830/98 – parecer dos Auditores Independentes sobre 
as Demonstrações Contábeis. 
 
26 
 
 Resolução CFC nº 836/99 – fraude e erro. 
 Resolução CFC nº 1040/05 – transações e eventos subsequentes. 
 Resolução CFC nº 851/99 – regulamentação do item 1.9 da NBC P 1 – 
Normas Profissionais de Auditor Independente. 
 Resolução CFC nº 1091/07 – revisão Externa de Qualidade pelos pares. 
 Resolução CFC nº 1036/05 – supervisão e Controle de Qualidade. 
 Resolução CFC nº 961/03 – regulamentação dos itens 1.2 – 
Independência e 1.6 – Sigilo. 
 Resolução CFC nº 1035/05 – planejamento de Auditoria. 
 Resolução CFC nº 976/03 – honorários de Auditoria. 
 Resolução CFC nº 981/03 – relevância na Auditoria. 
 Resolução CFC nº 1074/06 – normas de Educação Continuada para 
Auditores. 
 Resolução CFC nº 1012/05 – amostragem. 
 Resolução CFC nº 1077/06 – exame de Qualificação Técnica para 
Registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI). 
 Resolução CFC nº 1019/05 – dispõe sobre o Cadastro Nacional de 
Auditores Independentes (CNAI). 
 Resolução CFC nº 1022/05 – contingências. 
 Resolução CFC nº 1023/05 – utilização de Trabalhos de Especialistas. 
 Resolução CFC nº 1034/05 – independência. 
 Resolução CFC nº 1037/05 – continuidade Normal das atividades. 
 Resolução CFC nº 1038/05 – estimativas Contábeis. 
 Resolução CFC nº 1039/05 – transações com partes Relacionadas. 
 Instrução CVM nº 308/99 – Atividade de Auditoria Independente no 
Âmbito do Mercado de Valores Mobiliários. 
Normas internacionais: 
 
27 
 
 NIA 100 – define Auditoria das Demonstrações Contábeis. 
 NIA 200 – estabelece os princípios básicos da auditoria. Define 
responsabilidade de auditor/administração da entidade. 
 NIA 300 – prevê o plano global de auditoria e o planejamento de cada 
trabalho, de forma que seja realizado eficazmente. Trata ainda da 
necessidade de conhecer o negócio e observar a relevância dos 
eventos. 
 NIA 400 – trata do ambiente de controle, riscos inerentes, riscos de 
controle e riscos de detecção. 
 NIA 500 – define o que são as evidências de auditoria e os atributos 
básicos das mesmas, quais sejam: suficiente e apropriada. Considera 
como procedimentos básicos para obtenção de evidências a inspeção, a 
observação, a indagação e confirmação, o cálculo e os procedimentos 
analíticos. 
 NIA 600 – dá orientação quanto ao uso do trabalho de outro auditor. 
Trata da possibilidade de cooperação entre auditores, das 
considerações sobre o parecer nesta situação e da divisão de 
responsabilidades. 
 NIA700 – aborda os elementos básicos do Parecer e orienta acerca de 
informações de dados comparativos. 
 NIA 800 – trata de trabalhos relacionados às Demonstrações Contábeis. 
 NIA 900 – estabelece procedimentos para serviços correlatos: revisão, 
compilação e procedimentos pré-acordados. 
 NIA 1000 – procedimentos de confirmação interbancárias (PINHO, 
2007). 
 
28 
 
MODULO III- Classes de auditoria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As classes de auditoria variam de acordo com o tratamento que se dá 
ao objeto da mesma, decorrendo, portanto, das diferentes necessidades, 
podendo mudar de processos, que não se deve admitir como autonomia, mas, 
sim, como derivação de um mesmo método. 
Numa classificação geral teríamos: 
Quanto a: 
Processo indagativo 1.Geral ou de balanços; 
2.Analítica ou detalhada. 
Forma de intervenção 1.Interna; 
2.Externa ou independente. 
Tempo 1.Contínua; 
2.Periódica. 
Natureza 1.Normal; 
2.Especial. 
Limite 1.Total; 
2.Parcial. 
Fonte: Sá (1998, p.44) 
 
 
29 
 
Auditoria ambiental 
 
A auditoria ambiental surgiu da necessidade de averiguar se as 
empresas estavam cumprindo todos os preceitos exigidos pela legislação 
ambiental. Em seguida, teve sua evolução voltada para se tornar uma 
ferramenta para o desenvolvimento empresarial e apreservação ambiental 
(KINLAW, 1997). 
Cavalcanti (2008 apud HATJE, 2009) define auditoria como sendo o 
processo de confrontação entre uma situação encontrada com um determinado 
critério, ou seja, a comparação entre o fato ocorrido com o que deveria ocorrer. 
A Auditoria Ambiental especificamente pode ser definida como um 
instrumento de gestão que permite fazer uma avaliação sistemática, 
documentada e periódica das atividades de uma organização, para controlar e 
minimizar seus impactos sobre o meio ambiente, visando uma melhoria 
contínua do seu desempenho (VALLE 2004; MARTINI; GUSMÃO, 2003). 
De acordo com a NBR ISO 14010, auditoria ambiental é o processo 
sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de 
forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, 
eventos, sistema de gestão e condições ambientais especificados ou as 
informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios de 
auditoria, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente. 
Segundo Sales (2001), a auditoria ambiental é o procedimento 
sistemático através do qual uma organização avalia suas práticas e operações 
que oferecem riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para 
averiguar sua adequação a critérios preestabelecidos (usualmente requisitos 
legais, normas técnicas e/ou políticas, práticas e procedimentos desenvolvidos 
ou adotados pela própria empresa ou pela indústria na qual é aplicada). 
Voltando a Kinlaw (1997), este diz que a Auditoria Ambiental funciona 
como uma coleta sistemática de dados que podem ser usados para determinar 
o impacto total de um sistema na forma do input proveniente do meio ambiente 
ou do output lançado para o meio ambiente. 
 
30 
 
Amaral (s.d apud Viegas, 1997) coloca o conceito da Auditoria 
Ambiental, definida pela Confederação de Indústrias Britânicas, como um 
exame sistemático das interações que surgem entre determinadas operações 
de negócios e seu ambiente interno e externo, incluindo-se todos os danos 
ambientais causados, principalmente na atmosfera, terra e água. 
Já na concepção de Valle (1995) e Wilson (1992), a auditoria ambiental 
é definida como uma ferramenta de gestão que permite fazer uma ponderação 
sistemática, periódica, documentada e objetiva dos sistemas de gestão e do 
desempenho dos equipamentos instalados em uma organização, para fiscalizar 
e limitar o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente. 
A auditoria ambiental é a avaliação sistemática, periódica, 
documentada e objetiva das operações e práticas realizadas em uma 
organização em relação às exigências ambientais, resultando em uma opinião 
ou julgamento (BRAGA et al., 1996). 
Segundo Ribeiro (1998), a auditoria ambiental é um instrumento de 
gestão direcionado ao atendimento dos métodos e procedimentos utilizados na 
operacionalização do controle e conservação do meio ambiente, levando-se em 
consideração os parâmetros estabelecidos no sistema de gestão ambiental da 
organização, visando à continuidade da empresa sem agressão ao meio 
ambiente. 
Para Woolston (1993 apud OLIVEIRA FILHO, 2002), auditoria 
ambiental é uma ferramenta de gestão, compreendendo uma avaliação 
sistemática, documentada, periódica e objetiva, visando a gestão empresarial e 
a proteção ambiental, com o intuito de: 
 facilitar o controle gerencial no que diz respeito às decisões que 
envolvam as práticas ambientais; 
 considerando as políticas adotadas pelas empresas, efetuar constantes 
reuniões para discutir as necessidades da organização. 
A auditoria ambiental pode ser definida como o processo de avaliação 
das empresas de acordo com as leis e regulamentos ambientais, bem como 
 
31 
 
com os procedimentos e políticas das organizações (PRICE WATERHOUSE, 
1994 apud OLIVEIRA FILHO, 2002). 
Considerando-se a diversificação das opiniões na literatura, de forma 
resumida, pode-se concluir que a auditoria ambiental é uma ferramenta de 
controle destinada a fazer uma análise preliminar em toda a organização, a fim 
de destacar as áreas que necessitarão de uma revisão mais detalhada, através 
de um programa estruturado e sistemático, objetivando averiguar se o Sistema 
de Gestão Ambiental (SGA) está condizente com a política ambiental da 
empresa e com a legislação em vigor. Face ao exposto, pode-se afirmar que a 
auditoria ambiental é um instrumento de previsão e prevenção de possíveis 
danos ambientais. 
A auditoria, para atender à necessidade de informação sobre as 
empresas, começou a desenvolver estudos, principalmente com base em fato 
ocorrido na Índia com a empresa Union Carbide, cuja tragédia resultou em 
centenas de mortes devido ao vazamento de gases. As ações da empresa 
despencaram nas Bolsas de Valores, inclusive porque as famílias afetadas pela 
tragédia deveriam ser indenizadas, o que levou à venda da empresa por um 
valor substancialmente menor do que ela valia antes do acidente. 
Mais recentemente, tragédia parecida aconteceu no Alaska (EUA), com 
o vazamento de óleo no mar, provocado pela empresa Exxon. Também neste 
caso, o impacto foi sentido no preço das ações. Nos dois casos, percebeu-se 
que ambas as empresas não tinham em suas demonstrações contábeis, nem 
sequer sob a forma de notas explicativas, nenhuma menção aos prováveis 
riscos em que elas estavam incorrendo com a poluição do meio ambiente e 
quanto à consequente necessidade de indenizar pessoas ou governos, ou 
ainda quanto a gastos de recuperação ambiental pelos danos causados por 
atividades de sua responsabilidade (FERREIRA, 2007). 
Desses fatos resultaram preocupações, principalmente nas empresas 
de auditoria, que deveriam atestar se as demonstrações contábeis estavam de 
acordo com os princípios de contabilidade e com a legislação, mas que, até 
aquele momento, não consideravam em suas análises as contingências 
 
32 
 
relativas ao meio ambiente. A auditoria, entretanto, é uma análise a posteriori 
e, inclusive, passiva. 
O fato ocorre, polui-se e depois atesta-se que o passivo ambiental foi 
considerado nas demonstrações contábeis através de provisões ou reservas 
para contingências, conforme o caso. 
Essas informações, entretanto, são muito pobres em se tratando de 
gestão ambiental voltada para o desenvolvimento sustentável. Além disso, a 
contabilidade não pode esquecer-se de seus dois postulados, o da Entidade e 
o da Continuidade, que justificam outra abordagem contábil para o problema do 
meio ambiente. 
Nota-se, contudo, um esforço para que a auditoria possa ser mais um 
instrumento de gestão ambiental. Para isso, foram desenvolvidos padrões de 
ações e de processos relativos às operações de empresas que causam 
impacto no meio ambiente. Esses padrões, decorrentes inicialmente das 
normas britânicas (BS 5750), resultaram na edição das normas ISO 14000, 
referentes a certificações sobre os padrões de qualidade para o meio ambiente. 
Os principais elementos da auditoria ambiental podem ser assim 
sintetizados: 
 identificar a mais importante das interações do meio ambiente da 
organização; 
 avaliar o grau dos impactos ambientais; 
 aprender sobre como negociar, reduzir ou melhorar os impactos da 
organização; 
 identificar uma lista de prioridades das interações para serem tratadas 
(isso se desenvolverá, em parte, dos dois primeiros elementos, e em 
parte, como resposta para mudanças reais e potenciais nas leis e nas 
atitudes da sociedade); 
 estabelecer políticas e padrões; 
 identificar responsabilidades; 
 montar equipes de treinamento; 
 
33 
 
 mudar práticas e colocar as políticas em ação; 
 desenvolver um sistema de informações do meio ambiente; 
 monitorar e estimar o desempenho; 
 avaliar desempenho e os padrões; 
 reavaliar esta lista, começando pelo início, numa base sistemática e 
contínua (GRAY s.d apud FERREIRA, 2007). 
 
Objetivos 
 
O principal objetivo da auditoria ambientalé auxiliar no processo de 
melhoria dos programas de controle ambiental, sendo importante o suporte e o 
comprometimento gerencial. Na grande maioria das vezes, constitui-se num 
dos mais importantes instrumentos de gerenciamento ambiental para 
prevenção do dano. 
Pode-se elencar, dentre tantos outros, alguns dos principais objetivos 
de uma auditoria ambiental, que auxilie em uma melhor compreensão de sua 
real aplicabilidade como instrumento de controle e prevenção ambiental. Quais 
sejam: 
a) permitir a investigação sistemática dos programas de controle 
ambiental de uma empresa; 
b) auxiliar na identificação de problemas ambientais futuros; 
c) verificar se a operação industrial está em conformidade com as 
normas e padrões mais rigorosos definidos pela empresa (DALL’AGNOL, 
2008). 
 Enfim, a auditoria ambiental tem como objetivo caracterizar a situação 
da empresa para fornecer um diagnóstico atual no que diz respeito a poluição 
do ar, águas e resíduos sólidos, favorecendo a definição das ações de controle 
e de gerenciamento que deverão ser tomadas para proporcionar a sua 
melhoria ambiental. Ela fornece recomendações de ações emergenciais, de 
curto, médio e longo prazo que deverão ser tomadas para proporcionar a 
 
34 
 
melhoria ambiental da empresa. De forma sucinta, pode-se dizer que a 
auditoria ambiental compara resultados com expectativas ambientais. 
 
Funções e tipos de auditoria ambiental 
 
A ação ambiental impactante de uma entidade não se limita ao 
processo produtivo. Portanto, mesmo que a política ambiental aborde somente 
o processo produtivo em si, a auditoria ambiental, sempre que possível, deve 
incluir as suas entradas (matéria, energia e fornecedores), o processo 
produtivo em si e as saídas (produtos e embalagens, efluentes líquidos, 
emissões gasosas, rejeitos e resíduos, ruídos e vibrações, odores, radiações, 
transporte de produtos, entre outros) (SILVA; ASSIS, 2003). 
Existem diferentes formas de auditorias ambientais, que são definidas 
em função dos diversos objetivos a que elas se propõem. Uma divisão simples 
classifica as auditorias em quatro classes: 
1. auditoria dos impactos ambientais – onde é feita uma avaliação dos 
impactos ambientais no ar, água, solo e comunidade de uma 
determinada unidade industrial ou de um determinado processo com 
objetivo de fornecer subsídios para ações de controle da poluição, 
visando a minimização desses impactos; 
2. auditoria dos riscos ambientais – onde é feita uma avaliação dos riscos 
ambientais reais ou potenciais de uma fábrica ou de um processo 
industrial especifico; 
3. auditoria da legislação ambiental – onde é feita uma avaliação da 
situação ambiental de uma determinada fábrica ou organização em 
relação ao cumprimento da legislação vigente; 
4. auditoria de sistemas de gestão ambiental – é uma avaliação sistemática 
para determinar se o sistema da gestão ambiental e o desempenho 
ambiental de uma empresa está de acordo com sua política ambiental, e 
se o sistema esta efetivamente implantado e adequado para atender aos 
objetivos ambientais da organização. A auditoria de sistema de gestão é 
uma ferramenta de gestão, compreendendo uma avaliação sistemática, 
 
35 
 
documentada, periódica e objetiva sobre como os equipamentos, gestão 
e organização ambiental estão desempenhando o objetivo de ajudar a 
proteger o meio ambiente. A maioria das auditorias ambientais é uma 
combinação de uma e outra forma de auditoria. Contudo, o objetivo 
principal de qualquer auditoria ambiental é a realização de um 
diagnóstico da situação atual para verificar o que está faltando e 
promover ações futuras que tragam a melhora do desempenho 
ambiental da empresa (ECP CONSULTORIA 2009). 
De acordo com Woolston (1993 apud OLIVEIRA FILHO, 2002), a 
auditoria ambiental pode ser dividida em dois grandes grupos – auditoria de 
produto e auditoria corporativa –, sendo que a primeira visa basicamente: 
 avaliar ou reavaliar os programas de garantia da qualidade na criação de 
um novo produto, ou seja, quais os cuidados iniciais que devem ser 
tomados na fabricação de um produto novo no mercado; 
 averiguar a procedência dos insumos empregados na produção; 
 verificar de que maneira as informações de caráter ambiental são 
avaliadas antes de sua transmissão aos consumidores; 
 avaliar a segurança das embalagens utilizadas pelos produtos; 
 estimar os efeitos causados ao meio ambiente pelos produtos durante 
seu ciclo de vida até sua disposição final. 
A auditoria ambiental corporativa, por sua vez, poderá focalizar: 
 um local individualmente; 
 uma única empresa de um determinado grupo; 
 uma divisão operacional (principalmente quando se tratar de 
companhias de grande porte); 
 um Sistema de Gestão Ambiental (WOOLSTON, 1993 apud OLIVEIRA 
FILHO, 2002). 
No que diz respeito à divisão operacional, Woolston (1993 apud 
OLIVEIRA FILHO, 2002) descreve que a auditoria ambiental corporativa será 
empregada com o propósito de: 
 
36 
 
 analisar o setor de compras, com a finalidade de averiguar quais 
matérias-primas devem ser adquiridas de forma a causarem o menor 
impacto possível ao meio ambiente; 
 examinar o sistema de transporte, a fim de mensurar os efeitos 
causados ao meio ambiente. 
Estas auditorias corporativas podem ser divididas em auditorias 
técnicas ou de conformidade, de responsabilidade e auditorias de minimização 
de desperdício, sintetizadas no organograma e, logo após, em um quadro. 
(WOOLSTON, 1993 apud OLIVEIRA FILHO, 2002). 
 
MODULO IV- AUDITORIAS 
As auditorias de 
conformidades 
ou técnicas têm 
a finalidade de 
checar se a 
companhia está 
em conformidade 
com as leis, 
regulamentações 
e política da 
empresa 
enquanto a 
auditoria de 
responsabilidade tem como objetivo verificar os 
padrões ambientais das companhias, em função das 
exigências das instituições financeiras, das 
companhias de seguros e do mercado consumidor. 
Também é utilizada como requisito para o processo 
de fusão, incorporação e aquisição de companhias. 
Em Silva e Assis (2003), encontramos também as seguintes finalidades 
para as auditorias: 
 
37 
 
 auditoria de conformidade – consiste na verificação do cumprimento da 
legislação aplicável existente. É uma auditoria de ambição muito 
limitada, pois se restringe à legislação existente e de caráter “defensivo”; 
 auditoria pós-acidente – centrada nos problemas de responsabilidade 
penal ou civil, tem por objetivo determinar as causas de um acidente. 
Em geral, realizada paralelamente a um procedimento jurídico, pode dar 
elementos à procuradoria, mas também pode fornecer à empresa; 
 auditoria de riscos – pode ser aplicada no caso de um contrato de 
seguro ou, em um âmbito mais geral, no caso de uma análise de risco. 
Neste último caso, ela é útil para a empresa conhecer com precisão a 
extensão do risco de um acidente para o meio ambiente e, 
consequentemente, os riscos jurídicos, econômico e financeiro. Com 
este tipo de auditoria, a empresa visa simplesmente limitar seus riscos; 
 auditoria de operação de fusão, absorção ou de aquisição – uma 
empresa que deseja, por exemplo, adquirir uma outra empresa pode 
solicitar uma auditoria ambiental para saber a natureza dos riscos ao 
qual ela estaria sujeita. Outro caso, por exemplo, é o da venda de 
terrenos nos quais serão colocados materiais descartados; a empresa 
vendedora pode realizar uma auditoria ambiental para se desembaraçar 
de responsabilidades futuras no caso de contaminação. Da mesma 
forma, uma empresa que vai comprar um terreno pode solicitar uma 
auditoria para saber em que situação, com relação à qualidade do solo e 
das águas, ele se encontra; 
 auditoria de gerenciamento geral – essa auditoria tem um objetivo maior. 
Trata-se de verificar todos os possíveis impactos da empresa sobre o 
meio ambiente. Essa auditoria permite a definiçãode uma orientação e 
de uma política da empresa por meio da totalidade dos dados 
ambientais e considera as evoluções futuras do contexto jurídico (SILVA; 
ASSIS. 2003). 
Algumas empresas especializadas em auditoria e assuntos afins 
podem estar aptas a realizar, por exemplo: 
 auditoria de conformidade legal (DZ 56 – FEEMA-RJ e CONAMA 
306/02); 
 
38 
 
 auditoria de avaliação do atendimento a requisitos legais aplicáveis 
visando atender o requisito 4.5.2 da ISO 14001 e o requisito 4.5.1 da 
OHSAS 18001, e outros; 
 auditoria de Sistemas de Gestão (ISO 14001, OHSAS 18001 e ISO 
9001), Terceirização das auditorias internas exigidas nas Normas de 
Gestão, permitidas pelos Organismos de Certificação e conforme os 
requisitos da NBR ISO 19011, proporcionando economia de recursos 
humanos e econômicos para o cliente; 
 auditoria de fornecedores e prestadores de serviço ambientais, 
avaliando os principais aspectos e impactos ambientais, reais ou 
potenciais e os padrões adequados a serem atendidos pelos 
prestadores de serviços ambientais de forma a garantir a proteção ao 
meio ambiente através da melhoria do desempenho ambiental destes 
contratados e, ao mesmo tempo, minimizando o risco potencial de 
responsabilidade da empresa cliente por danos ambientais; 
 auditoria Due Diligence de compra e venda / Auditoria de Passivo 
Ambiental – avalia os riscos ambientais e os passivos ambientais 
associados à compra, venda ou encerramento, para que sejam 
identificados e levados em consideração durante a transação imobiliária. 
(De Martini Junior http://www.demartiniambiental.com.br/). 
 
Outro exemplo seria a auditoria para um empreendimento habitacional 
que pode contar com uma auditoria ambiental interna ou externa. A auditoria 
interna, executada pelos moradores, por meio de uma associação 
representativa e, se necessário por auditores independentes contratados, tem 
seus resultados (conclusão da auditoria) de uso interno ou condominial. A 
auditoria externa é realizada, necessariamente, por auditores independentes 
externos à organização, sendo seus resultados avaliados por terceiros, como 
organização de certificação, e seu uso deve ser atinente ao Poder Público, por 
meio de órgãos responsáveis por políticas habitacionais e/ou ambientais, e 
mesmo disponibilizados para consulta pública, principalmente no caso de 
determinadas leis (RODRIGUES, 2007). 
 
39 
 
O quadro abaixo sintetiza o tipo e o que avalia uma auditoria: 
TIPO O QUE AVALIA 
Auditoria de Conformidade Legal Adequação à legislação. 
 
Auditoria de Desempenho 
Ambiental 
Conformidade com a legislação, regulamentos e 
indicadores setoriais. 
 
Auditoria de Sistema de Gestão 
Ambiental 
Cumprimento dos princípios Sistema Gestão 
Ambiental, adequação e eficácia do Sistema de 
Gestão Ambiental. 
 
Auditoria de Certificação Conformidade com os princípios da norma 
certificadora. 
 
Auditoria de 
Descomissionamento 
Danos ao entorno pela desativação da unidade 
produtiva. 
 
Auditoria de Sítios Estágio de contaminação de um local. 
 
Auditoria Pontual Otimização dos recursos no processo produtivo. 
 
Auditoria de Responsabilidade O passivo ambiental da empresa. 
 
 Fonte: Silva; Assis (2003) 
 
 
Vantagens e desvantagens 
 
Assim como a auditoria contábil é ferramenta básica para a indicação 
da saúde financeira de uma empresa, a auditoria ambiental tem se tornado 
ferramenta básica na avaliação da saúde ambiental da empresa, 
diagnosticando eventuais riscos que possam vir a transformar-se em sérios 
danos ambientais (DALL’AGNOL, 2008). 
A primeira grande vantagem da auditoria acontece quando há 
comprometimento da direção da empresa e disponibilidade de recursos para 
aplicar em auditoria visando corrigir as não conformidades detectadas. Alguns 
benefícios que decorrem dessa ação seriam: 
a) identificação e registro das conformidades e das não-conformidades 
com a legislação, com regulamentações e normas e com a política ambiental 
da empresa (caso exista); 
b) prevenção de acidentes ambientais; 
c) melhor imagem da empresa junto ao público, à comunidade e ao 
setor público; 
 
40 
 
d) provisão de informação à alta administração da empresa, evitando-
lhe surpresas; 
e) assessoramento aos gestores na implementação da qualidade 
ambiental na empresa; 
f) assessoramento à alocação de recursos (financeiro, tecnológico, 
humano) destinados ao meio ambiente na empresa, segundo as necessidades 
de proteção do meio ambiente e as disponibilidades da empresa, descartando 
pressões externas; 
g) avaliação, controle e redução do impacto ambiental da atividade; 
h) minimização dos resíduos gerados e dos recursos usados pela 
empresa; 
i) promoção do processo de conscientização ambiental dos 
empregados. 
 
Como vantagens da auditoria ambiental temos: 
a) ajuda a proteger o meio ambiente interno e externo da empresa; 
b) identifica e documenta o cumprimento de políticas, diretrizes e padrões 
ambientais; 
c) identifica e documenta o cumprimento da legislação ambiental; 
d) ajuda a evitar ou minimizar o uso de recursos naturais; 
e) conduz a melhorias no desempenho ambiental da unidade auditada; 
f) aumenta a conscientização e a responsabilidade ambiental de dirigentes 
e empregados; 
g) fornece garantias à administração superior quanto ao gerenciamento 
correto das responsabilidades ambientais; 
h) melhora a imagem institucional da empresa; 
i) protege a empresa contra eventuais ações de responsabilidade civil; 
j) melhora a higiene e a segurança dos empregados; 
 
41 
 
k) permite obter taxas de seguro mais vantajosas; 
l) facilita a obtenção de cobertura de seguro por danos ambientais; 
m) atribui crédito positivo à direção da unidade auditada quando há um bom 
desempenho ambiental; 
n) facilita o intercâmbio de dados e informações ambientais entre unidades 
auditadas; 
o) permite avaliar a evolução do tratamento das questões ambientais por 
unidade auditada (OLIVEIRA FILHO, 2002). 
 
Evidentemente que existem desvantagens, a saber: 
a) não pode ser implantada e mantida sem um gasto considerável; 
b) exige a alocação de empregados especializados ou a contratação de 
serviços de terceiros; 
c) pode levar a uma falsa imagem da empresa se não houver cautela na 
interpretação e divulgação dos resultados; 
d) poderá ocasionar uma falsa sensação de segurança ambiental, em 
especial se a auditoria foi realizada de maneira incompleta ou por 
auditores inexperientes (OLIVEIRA FILHO, 2002). 
 
Procedimentos e etapas 
 
Segundo Braga et al. (1996), a auditoria ambiental está caracterizada 
de acordo com três elementos fundamentais, que são: 
1. a coleta de dados e informações existentes nas organizações; 
2. a avaliação dos dados coletados, tendo como ponto de apoio a 
experiência, as normas e os padrões técnicos inerentes à profissão; 
3. o relatório, com base na análise dos dados colhidos, apontando as 
conclusões e recomendações. 
De uma forma geral, a utilização da ferramenta “auditoria ambiental” 
presta-se, em um primeiro plano, ao acompanhamento da evolução e 
 
42 
 
qualidade de um Sistema de Gestão Ambiental; por outro lado, quando uma 
empresa não possui um SGA, a auditoria ambiental poderá ser efetuada 
baseando-se na documentação que originou o licenciamento ambiental. 
De acordo com Juchem (1995), torna-se difícil a atuação da auditoria 
ambiental dentro de uma organização que não disponha de um SGA. Mesmo 
assim, as auditorias ambientais isoladas e desvinculadas de uma gestão 
ambiental podem ser feitas para casos específicos como, por exemplo, para 
fins de incorporação ou compra e venda de empresas; por exigências de 
companhias seguradoras ou bancos financiadores; para atender dispositivos 
legais específicos. 
Juchem (1995) enfatiza que o processo de auditoria ambiental em 
maior escala, envolvido com a gestão ambiental da empresa, em muitos casos 
vai muito além dos itens acimacitados e, em geral, deverá ser efetuado com 
uma certa periodicidade. 
Jones (s.d apud Ferreira, 1999) diz que a auditoria ambiental visa 
identificar os problemas relacionados com a produção, com a operação de 
processos ou até mesmo com a prestação de serviços, para que os possíveis 
problemas ambientais sejam sanados antes que se tornem exigências dos 
organismos de fiscalização da área ambiental, dos investidores, das 
instituições financeiras ou das companhias de seguro. A auditoria ambiental 
tem um caráter nitidamente preventivo e constitui um instrumento fundamental 
para o aperfeiçoamento do SGA das organizações. 
De acordo com Viterbo Júnior (1998), as empresas devem sempre 
manter programas e procedimentos definidos para que, considerando-se a 
política ambiental da organização, periodicamente, possam efetuar-se as 
auditorias preventivas no sistema de gestão ambiental, de forma a: 
 verificar a adequação da implantação do sistema de gestão ambiental e 
se há manutenção constante do mesmo; 
 determinar se o sistema de gestão ambiental está de acordo com as 
disposições planejadas, inclusive com os requisitos das normas de 
proteção ambiental; 
 
43 
 
 subsidiar a administração, para fins deliberativos, através dos resultados 
das auditorias efetuadas. 
O programa para efetivação dos trabalhos da auditoria ambiental, 
inclusive o cronograma das atividades, deverá ter por base a relevância 
ambiental das atividades da organização, envolvendo, também, os resultados 
anteriores respaldados nos relatórios de auditoria (VITERBO JÚNIOR 1998). 
Na concepção de Gilbert (1995), para que um programa de auditoria 
possa testar a eficácia de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), ele deve 
abordar pelo menos os seguintes fatores: 
a) as atividades e áreas específicas a serem avaliadas, inclusive: 
 a estrutura organizacional, funções e responsabilidades; 
 os procedimentos de operação e administração das atividades; 
 as atividades e processos na área de trabalho; 
 os procedimentos operacionais e registros; e, 
 o desempenho ambiental. 
 
b) o cronograma da atividade de auditoria ambiental. As auditorias são 
estabelecidas com base na importância da atividade e no resultado de 
auditorias ambientais anteriores; 
c) definições de quem é responsável pela atividade de auditoria em cada área; 
d) definições dos critérios para a equipe que realiza as auditorias ambientais. 
Os auditores devem ser independentes das áreas que estão sendo avaliadas; 
possuir alguma perícia na disciplina relevante e ser apoiados por especialistas 
sempre que necessário; 
e) o protocolo para realização da auditoria ambiental, ou seja, a ordem dos 
eventos, coleta de indícios e registro de conclusões; 
f) o procedimento para relatórios das conclusões da auditoria ambiental aos 
responsáveis pela área ou atividade avaliada e a identificação dos 
responsáveis pelas ações corretivas relacionadas às deficiências relatadas. O 
 
44 
 
relatório deve incluir: conformidade ou não conformidade do SGA com as 
exigências; eficácia do SGA no cumprimento de objetivos e alvos; 
acompanhamento das conclusões de auditorias anteriores e conclusões e 
recomendações. 
Segundo vários autores que descrevem o processo completo das 
auditorias ambientais, essa se compõe basicamente de três etapas que se 
assemelham às auditorias financeiras: preparação ou pré-auditoria; instalação 
ou atividade de campo (auditoria propriamente dita); e, a atividade de pós-
auditoria ou registro das constatações/ relatório (SILVA; ASSIS, 2003). 
Começa-se por estabelecer os objetivos determinados pelos auditados, 
delimitam-se o campo de atuação e de realização, o objeto a ser auditado e o 
período de sua realização (escopo). A partir dos objetivos e escopo, 
estabelecem-se os critérios correspondentes às políticas, práticas, 
procedimentos ou regulamentos (legais ou organizacionais) para a coleta de 
evidências da auditoria. Na pré-auditoria, serão determinados os recursos 
humanos, físicos e financeiros a serem utilizados. Para realização do 
planejamento, os auditores deverão considerar as informações sobre controles 
internos e analisar o ambiente de trabalho. 
A auditoria propriamente dita, compreende a coleta, análise e avaliação 
das evidências, que serão antecedidas de reunião para apresentação da 
equipe e do plano, estabelecido preliminarmente, aos auditados. Os 
procedimentos adotados, durante esta fase, incluirão a análise de documentos; 
observação das atividades da empresa e entrevista. 
A última fase compreenderá a apresentação dos resultados de maneira 
formal e escrita, datada e assinada pelo auditor líder. Medidas corretivas 
deverão ser apresentadas com base nas conclusões da auditoria e com 
classificação de acordo com sua relevância no caso de inserção da auditoria 
em programa ou sistema de gestão ambiental empresarial. 
Os instrumentos adotados na realização deste tipo de auditoria, 
semelhantes às auditorias financeiras, incluem técnicas de entrevistas, técnicas 
de amostragem e notas de trabalho, listas de verificação detalhadas, registros 
de controles usados pelos auditados com padrões estabelecidos pela 
legislação ou organização. 
 
45 
 
Fundamentalmente, a grande diferença entre a prática atual de 
auditorias ambientais e financeiras encontra-se no objeto de estudo a se 
auditado, pois a primeira propõe-se a examinar de forma sistemática os 
tratamentos dispensados aos ecossistemas, e a segunda preocupa-se com os 
registros patrimoniais do sistema produtivo. 
Observa-se que a prática das auditorias ambientais limita-se aos 
ecossistemas e, apesar de serem realizadas por equipes multidisciplinares, 
dela são excluídos os contadores e administrativos da entidade (SILVA; ASSIS, 
2003). 
 
 
Auditoria compulsória 
 
Talvez a modalidade de auditoria ambiental que mais traz um resultado 
importante e eficaz, na preservação do meio ambiente, seja a auditoria 
compulsória. 
Compulsória significa obrigatória. Ao tornar exigível a auditoria 
ambiental para determinados empreendimentos, estaremos estabelecendo um 
novo conceito de preservação ambiental, já que a função primordial da 
auditoria ambiental compulsória é avaliar as condições ambientais da empresa, 
fornecendo subsídios e condições ao empreendedor de detectar os problemas 
antes que eles eventualmente aconteçam, evitando que se transformem em 
enormes passivos ambientais, que poderão trazer altos custos, quer seja ao 
balanço da empresa ou ao próprio meio ambiente (DALL'AGNOL, 2008). 
A auditoria ambiental compulsória é aquela que é legalmente exigida 
por um órgão governamental, mediante lei. Tem sido uma experiência positiva 
para alguns estados que a implantaram como é o caso de Minas Gerais, 
Espírito Santo e Rio de Janeiro, dentre outros. 
A auditoria ambiental compulsória tem o reconhecimento dos mais 
variados segmentos da sociedade pelo seu potencial preventivo, já que 
demandam técnicos capacitados e especialistas na área ambiental, auditores 
treinados e qualificados, que poderão contribuir para uma avaliação eficaz das 
condições da empresa auditada. Revelam também a possibilidade de conter 
 
46 
 
eventuais deficiências na cadeia do sistema produtivo, auxiliando na prevenção 
de danos futuros. 
O principal elemento motivador de uma auditoria ambiental compulsória 
é a verificação do atendimento à legislação de referência e, ao mesmo tempo, 
a identificação das oportunidades de melhoria no conjunto produtivo com a 
elaboração de um plano de ação pró-ambiente. Nesse sentido, a auditoria 
ambiental compulsória vem se consolidando para se tornar um instrumento 
legal de apoio à fiscalização, ao licenciamento ambiental e, principalmente, à 
implantação das ações propostas nos Termos de Ajustamento de Conduta, 
sejam eles impostos pelos órgãos ambientais, seja pelo Ministério Público, que 
é o agente fiscalizador. 
À primeira vista

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