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NORMAS E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS A Alemanha foi pioneira na implementação de selos ambientais em 1978 e continua sendo uma referência em pesquisas relacionadas ao conforto ambiental. O primeiro programa de rotulagem ambiental apresentado pelo governo alemão foi chamado de "Anjo Azul" (Blaue Engel), que contribui para o reconhecimento de produtos com baixa contaminação e provenientes de reciclagem. Por sua vez, os Estados Unidos possuem desde 1989 o "Selo Verde" (Green Seal), que foi precursor no desenvolvimento de muitos outros rótulos ambientais, como o Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) e o Aqua, High Quality Environmental. Esse selo serviu como um parâmetro inicial na criação de critérios de pontuação dentro do sistema de certificações ambientais. Além disso, o Green Seal promove o desenvolvimento de produtos sustentáveis, fabricados por empresas e indústrias, por meio de um sistema chamado "Compra Ambientalmente Preferível" (Environmentally Preferable Purchasing), incentivando o governo e instituições a optarem pelo uso desses produtos em escolas, residências e áreas comerciais. No Brasil, os selos verdes começaram a surgir nos anos 2000, com cerca de 20 certificações relacionadas especificamente à agricultura orgânica. Em outras áreas, também ocorreram avanços significativos, como o estabelecimento do "Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel)" pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Esse programa implementou a rotulagem de aparelhos eletrodomésticos, fornecendo informações sobre sua faixa de consumo de energia. A certificação de um empreendimento com os selos Leed, Aqua ou Breeam requer o cumprimento das normas municipais e estaduais, assim como das Normas Brasileiras (NBR) estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Uma norma importante nesse contexto é a NBR 15575, também conhecida como "Norma de Desempenho em Edificações". Essa norma é fundamental para compreender os padrões de construção em diferentes condições climáticas no território brasileiro. Ela abrange informações sobre estabilidade estrutural, desempenho térmico, iluminação, isolamento acústico, resistência ao fogo, sistemas hidrossanitários e também inclui aspectos relacionados ao impacto ambiental das construções. Nos anos 1970, o Inmetro criou o PBE Edifica, inicialmente voltado para o setor automotivo, mas que também passou a certificar a eficiência de produtos como fogões, geladeiras, condicionadores de ar, veículos e edifícios. A etiquetagem do PBE Edifica é aplicada a edifícios comerciais, públicos, de serviços e residenciais, incluindo unidades habitacionais individuais (casas ou apartamentos), residências multifamiliares e áreas de uso comum. Essa certificação é um selo de conformidade que garante o cumprimento dos requisitos de desempenho estabelecidos em normas ou regulamentos técnicos. O IPTU Verde é uma iniciativa que está sendo implementada em várias cidades do Brasil. Em São Paulo, essa medida teve sua base estabelecida inicialmente no artigo 195 do Plano Diretor Estratégico Municipal em 2014 e foi posteriormente ratificada no Projeto de Lei 568/2015. Essa proposta oferece descontos de 4%, 8% e 12% no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para edifícios residenciais e comerciais que adotarem certificações sustentáveis, como o selo Leadership in Energy and Environmental Design (Leed). Para obter esses descontos, é necessário comprovar a implementação de medidas eficientes na construção, garantindo que as certificações "estrangeiras" atendam aos requisitos mínimos de eficiência estabelecidos pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem, o PBE Edifica. Existe um programa nacional chamado "Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H)", criado pelo governo federal com o objetivo de promover a melhoria da qualidade das construções habitacionais e avanços na modernização do setor da construção civil. Esse programa busca qualificar os agentes envolvidos, como construtoras, mão de obra, fornecedores de materiais e serviços, e organizar o setor como um todo. No âmbito do PBQP-H, as empresas do setor devem se adequar e comprovar padrões de qualidade para ter acesso aos incentivos criados pelo governo federal, como o programa "Minha Casa Minha Vida", que facilita a obtenção de crédito financiado pelos bancos Caixa Federal e Banco do Brasil, desde que atendam às normas de certificação. Além disso, as empresas certificadas podem participar de licitações em nível municipal e/ou estadual e ter acesso a empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Projetos tecnológicos que possuem autonomia energética são denominados edifícios "Net Zero Energy", pois conseguem eliminar completamente o consumo de energia proveniente da rede pública, além de gerar energia para si mesmos e, em alguns casos, até para venda. Um exemplo desse tipo de edifício é o EcoBusiness, localizado em Curitiba, que recebeu o prêmio de edifício Net Zero Water. Esse prédio possui a certificação "Leed Platinum", que representa o mais alto nível de certificação Leed. O EcoBusiness não utiliza água da rede pública, pois possui um sistema fechado de aproveitamento de água potável, água cinza e água negra. Além disso, quando os edifícios ou casas autossuficientes produzem mais energia do que consomem, podem disponibilizar o excedente para venda, gerando créditos energéticos. No entanto, é importante ressaltar que, embora no Brasil não seja comum a venda de energia para a rede pública, esses créditos energéticos podem ser utilizados para compensar o consumo de energia elétrica do mesmo titular. A certificação Green-e é um selo reconhecido na área de energia limpa e compensação de carbono. Esse selo desempenha um papel importante ao facilitar a compra de energia limpa por parte de indivíduos e empresas, além de promover o consumo de produtos e serviços ecologicamente corretos. O Green-e é um programa de proteção ao consumidor projetado para oferecer garantia de qualidade e informações precisas sobre produtos de energia renovável. Além disso, existe a certificação de energia renovável (REC), que permite que os consumidores de eletricidade optem pelo uso de fontes de energia renovável. Essa certificação garante que a energia consumida seja proveniente de fontes renováveis, contribuindo para a redução do impacto ambiental. Após a conferência ECO-92, diversos representantes empresariais, grupos sociais e organizações ambientais preocupados com o manejo sustentável das florestas se uniram para estabelecer o selo "Forest Stewardship Council (FSC)". O principal objetivo desse selo é aumentar a conscientização sobre os danos causados pelo desmatamento ilegal e promover o uso de produtos provenientes de madeira que seja ambientalmente correta e obtida de forma legalizada. No Brasil, o FSC formalizou-se como o Conselho Brasileiro de Manejo Florestal somente em 2001, concentrando seus esforços na proteção contra os riscos do desmatamento na Floresta Amazônica.
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