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HISTÓRIA DA HOMEOPATIA NO BRASIL

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AA HHOOMMEEOOPPAATTIIAA NNOO BBRRAASSIILL 
 
As primeiras informações que se tem sobre a 
Homeopatia no Brasil datam de 1811. O Prof. Dr. 
Antônio Ferreira França, que ministrava aulas na 
Faculdade de Medicina e Cirurgia da Bahia, tecia, por 
essa época, considerações descabidas e maliciosas sobre 
esta nova terapêutica, desestimulando os novos alunos a 
terem contato com o conhecimento homeopático. 
Por volta de 1836, surgiram os primeiros fatos 
oficiais em relação à Homeopatia. Neste ano, a 
Academia Imperial de Medicina publicou artigos que 
tratavam sobre a doutrina homeopática falseando e 
deturpando as colocações feitas por Samuel Hahnemann, 
no Organon da Arte de Curar, editado em 1826. 
Frederico Emílio Jahr, cidadão suíço imigrado, neste 
mesmo ano, defendeu tese em medicina, no Rio de 
Janeiro, sobre a proposta Terapêutica de Hahnemann. Esta tese, feita por um médico que 
não exerceu a Homeopatia, serviu, posteriormente, de base para o aprendizado do primeiro 
médico homeopata do Brasil, que foi o Dr. Duque-Estrada (Domingos de Azeredo 
Coutinho de Duque-Estrada). 
Antes, porém, desta data, ainda no ano de 1810, José Bonifácio de Andrada e Silva (o 
Patriarca da Independência) conheceu a teoria homeopática através de contatos feitos, por 
cartas, com Samuel Hahnemann. José Bonifácio era um grande naturalista e desenvolvia a 
arte da mineralogia. Sendo Hahnemann, o maior químico da época, detinha grande 
conhecimento naquela área, o que aproximou os dois. Hahnemann, através de suas cartas a 
José Bonifácio, apresentou-lhe a Homeopatia, como fazia habitualmente a seus 
correspondentes, ansiando que esta ciência ganhasse o máximo de terreno possível no 
mundo. 
 
Em 1840, aportou, no Rio de Janeiro, a barca francesa Eole, a bordo da qual estava 
Benoit Jules Mure e mais de cem famílias francesas. Bento Mure, como ficou conhecido, 
veio ao Brasil implantar uma colônia societária que fazia parte de um plano - "phalanstero" 
para formar a base de uma comunidade industrial de máquinas a vapor. Em sua curta estada 
no Rio, mais propriamente na Lapa, o Dr. Mure clinicou e difundiu a Homeopatia através 
de suas curas "miraculosas". Neste período, conheceu o Dr. Souto Amaral, célebre 
cirurgião brasileiro, que veio a abraçar a homeopatia através de seus ensinamentos. 
Após ter recebido licença do Governo Imperial e ter escolhido o local para a implantação 
de sua colônia, Benoit Mure partiu, com as cem famílias, a bordo do navio Caroline para 
colonizar a península do Sahy, na divisa do Paraná com Santa Catarina, no encontro dos 
rios São Francisco e Sahy, onde chegou no dia 21 de novembro, data escolhida para a 
comemoração da Homeopatia no Brasil. 
 1 
Bento Mure não permaneceu no Sahy (vale do Itajaí/SC). A proposta de implantação da 
colônia não surtiu os resultados almejados e ele partiu, de volta para o Rio de Janeiro, não 
sem antes ter deixado a Homeopatia implantada nesta região através da "conversão" do Dr. 
Thomaz da Silveira, médico militar, e da instalação de uma Escola Suplementar de 
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Medicina, com o objetivo de preparar médicos, já diplomados na arte homeopática. Deixou, 
também, ali, organizado o Instituto Homeopático do Sahy. 
 
De volta ao Rio de Janeiro, teve, o homeopata francês, a felicidade do encontro com João 
Vicente Martins, diplomado em Lisboa, e que tomara contato com a Homeopatia, pela 
primeira vez, a bordo do navio Corveta, quando de seu naufrágio na costa do Peru: o Dr. 
Thomaz, médico do navio, entregou a João Vicente Martins, uma botica homeopática. 
Naquela ocasião, porém, João Vicente, que veio a ser o propagandista maior da 
Homeopatia, durante a sua introdução no Brasil, não se interessou, profundamente, pela 
nova ciência, o que veio a ocorrer, mais tarde, por influência de Benoit Mure. 
Muita polêmica se formou ao redor do nome e da conduta do Dr. Mure. Alguns o 
elogiavam e outros, como o Dr. Emílio Germon (protegido de José Bonifácio, na ocasião, 
Ministro do Império), acusavam-no por não concordarem com seus métodos. Revisando, 
porém, sua história de vida, nos deparamos com uma pessoa incansável no cumprimento de 
sua promessa ao curar-se de tuberculose, (a difusão, pelo mundo, do sistema que o havia 
restabelecido). Além disso, tinha ele uma grande capacidade de trabalho centrada, 
exclusivamente, em seus objetivos humanitários e científicos. 
Em 1843, ainda no Rio de Janeiro, Bento Mure junto com Vicente Martins e outros criaram 
o Instituto Homeopático do Brasil, que foi instalado em sua residência, onde existiam 
consultórios médicos destinados à propagação da nova ciência através de atendimento a 
pacientes, além da preparação dos medicamentos homeopáticos. Este instituto foi aberto em 
10 de março de 1844. Além destes postos de atendimento, Bento Mure e João Vicente 
Martins criaram mais 26 locais de assistência ambulatorial. 
No período posterior a 1840, a Homeopatia foi largamente discutida pela imprensa, 
principalmente no jornal do Comércio. Sua imagem era denegrida através dos professores e 
grandes doutores em medicina, da Bahia e do Rio de Janeiro, e arduamente defendida pelo 
próprio editor do jornal, o Dr. José da Gama e Castro, que abria espaço permanente para as 
matérias polêmicas de João Vicente Martins e para os homeopatas da época. 
Em 12 de janeiro de 1845, foi fundada e inaugurada a Escola Homeopática do Brasil 
(primeira escola de formação homeopática), que funcionava com autorização do 
Governo Imperial, mas que não permitia aos seus diplomados o exercício da clínica. 
Alguns anos depois, por divergências entre o Dr. Duque Estrada, bem como, entre os 
companheiros que lhe eram afins, houve uma ruptura e a formação de duas novas 
instituições: o primeiro Instituto Hahnemanniano do Brasil e a Congregação Médico-
Homeopática Fluminense, que enfraquecidas, sucumbiram. 
 
No dia 1º de julho de 1847, uma matéria publicada no jornal do Comércio transcreveu as 
palavras de despedida do Dr. Mure que partiu, doente e aniquilado, de volta à França, após 
ter sido acusado de ter envenenado uma menina doente com duas doses de Ignatia amara 
5CH e uma dose de Argentum nitricum 5CH. 
 2 
A Ciência Homeopática seguiu galgando espaço junto à sociedade e aos médicos da época, 
através da publicação de grandes curas e feitos homeopáticos, sempre documentados pelo 
jornal acima citado, e atravessou fronteiras regionais, através do argumento astuto e 
polemizador do Dr. João Vicente Martins, que, viajando à Bahia, lá deixou fortemente 
semeada a doutrina Hahnemanniana na mente culta do notável jornalista e cientista, Dr. 
Alexandre José de Mello Moraes. Nesta viajem de divulgação, João Vicente Martins 
pretendia estender-se até o norte do país, mas, problemas o retiveram na Bahia, por quase 
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dois anos. Da cidade do Senhor do Bonfim, partiu para Pernambuco, onde conseguiu a 
adesão do Dr. Sabino Olegário Ludgelo Pinho e de Carlos Chidloe que foram os iniciadores 
da Homeopatia naquele Estado. A difusão pelo norte e nordeste ficou a encargo dos Drs. 
Alexandre de M. Moraes e Sabino Olegário Pinho. No extremo Sul, a Homeopatia ganhou 
forte adesão e muitos foram os grandes vultos que a disseminaram por todo interior do Rio 
Grande do Sul, e Porto Alegre chegou a ser sede de uma Faculdade de Medicina 
Homeopática criada por Ignatio Capistrano, em 1914. 
Em São Paulo, a Homeopatia foi introduzida em Lorena pelo Dr. Joaquim José de Mello, 
antes de 1845, e sua difusão ocorreu através das missões homeopáticas (cruzadas 
promovidas pelos diplomados da Escola Homeopática do Brasil), por várias cidades do 
interior. 
Os homeopatas de então, munidos de uma botica e imbuídos da solidariedade, da 
consciência médica edos conhecimentos recebidos, saiam a enfrentar as pestes que 
dizimavam as populações dos confins do Brasil. A Homeopatia ganhou força, em São 
Paulo, somente após 1890, e os grandes nomes deste Estado foram: Alberto Seabra, 
Antônio Murtinho de Souza Nobre, Affonso de Azevedo e Magalhães Castro. 
Em 1878, Saturnino de Meirelles e outros reconstituíram o antigo Instituto Homeopático do 
Brasil que recebeu o nome de Instituto Hahnemanniano Fluminense, primeiramente, 
presidido pelo Dr. Duque-Estrada. Em 1880, por decreto do Governo Imperial, esta 
instituição passou a denominar-se Instituto Hahnemanniano do Brasil - IHB. O Instituto 
criou o Hospital Homeopático e, sob a lei Rivadávia, a Faculdade Hahnemanniana com 
ensino integral de medicina, sob a presidência do ilustre e eminente homeopata gaúcho, Dr. 
Licínio Cardoso, em 1912, a quem a homeopatia brasileira deve inúmeros feitos. Em 1918, 
o instituto Hahnemanniano do Brasil foi autorizado a diplomar médicos e farmacêuticos 
homeopatas. Logo após, em 1921, a Faculdade Hahnemanniana foi equiparada às 
Faculdades Oficiais da Republica. Em 1924, o Conselho Superior de Ensino exigiu a 
mudança do nome de Faculdade Hahnemanniana para Escola de Medicina e Cirurgia do 
Instituto Hahnemanniano e, em 1932, o Conselho de Educação desferiu o golpe final no 
ensino homeopático, determinando que este fosse facultativo na referida Escola 
Universitária que contava na época, com aproximadamente 1000 alunos, o que veio a 
enfraquecer, definitivamente, o movimento homeopático desta faculdade que hoje faz parte 
da UNIRIO. 
Após a I Guerra Mundial, as fundações ligadas às grandes corporações passaram, por 
interesse de mercado, a direcionar, através da distribuição de verbas, os rumos da geração 
de conhecimentos e do emprego destes no desenvolvimento. Neste período, no qual a 
industrialização direcionou a evolução sócio-politico-cultural, o espaço para o 
desenvolvimento das ciências individualizadoras foi muito restringido, e com isso, o 
período áureo da homeopatia entrou em decadência: primeiramente, nos Estados Unidos da 
América e, posteriormente, no Brasil. 
A Ciência Homeopática que vinha, desde a metade do século passado, ganhando força e se 
expandindo no cenário mundial, foi duramente abalada em sua evolução, por ter sido 
afastada das Universidades (pólos de irradiação do conhecimento e formadores da opinião 
social). 
 3 
Em 30 de dezembro de 1975, o Prof. Antar Padilha Gonçalves propõe a exclusão da 
Homeopatia como disciplina optativa do currículo médico e a sua inclusão no curso de pós-
graduação da faculdade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Sob a lúcida e 
emocionada manifestação contrária do prof.dr. Camil Kuri, a patética proposta foi 
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 4 
aprovada, o que resultou na perda completa de contato do estudante de medicina daquela 
faculdade, com a teoria homeopática. 
No final da década de 1970, a consciência sobre as questões relacionadas com os 
ecossistemas e com a valorização do ser, se estendeu para além dos homens de ciência e 
atingiu a população em geral, produzindo, com isto, um movimento holístico que atingiu a 
classe médica. Esta passou a buscar formas de entendimento do processo de doença que se 
distanciassem da compartimentalização apresentada pela visão do especialismo médico. 
Neste cenário, a Homeopatia, no Brasil, recebeu novo impulso, a partir de São Paulo, que 
passou a ser o centro de difusão dos novos núcleos, para outros estados da nação. Das 
discussões encabeçadas pelos dois grandes pólos homeopáticos do país, Rio de Janeiro e 
São Paulo, nasceu na data de 24 de Novembro de 1979 a Associação Médica Homeopática 
Brasileira - AMHB que é a atual representante de todos os médicos homeopatas do país. 
No ano de 1980, houve uma grande conquista da Homeopatia brasileira, que foi o 
reconhecimento pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) da Homeopatia como 
Especialidade Médica. Figura importante desta articulação coube ao Dr. Alberto Soares de 
Meirelles. 
Em 1990, a AMHB passa a ser reconhecida oficialmente pela Associação Médica Brasileira 
(AMB) e a fazer parte do Conselho de Especialidades Médicas da AMB. Desde então, a 
AMHB realiza anualmente prova para o Título de Especialista em Homeopatia em 
convênio com a AMB/CFM. Ela tem atuado ao discutir e buscar soluções para o ensino 
médico da Homeopatia, bem como para o atendimento da população carente de nosso país. 
Para isso, vem promovendo o incremento do espírito associativo dos médicos homeopatas e 
estimulando o seu desenvolvimento científico.

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