Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Letícia Nano – Medicina Unimes DOENÇA ATEROSCLERÓTICA A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial que ocorre em resposta à uma agressão à camada intima do endotélio vascular. Essa agressão pode ocorrer pelos fatores de risco como: tabagismo, dislipidemia ou HAS. Como consequência à agressão a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade da camada íntima à passagem de lipoproteínas plasmáticas, favorecendo a retenção delas no espaço subendotelial. O depósito de lipoproteínas é proporcional à concentração de dessas lipoproteínas no plasma. Retidas no espaço subendotelial, elas sofrem oxidação, tornando algumas substâncias imunogênicas (com neoepítopos). O LDL oxidado é um estímulo para a ativação das células endoteliais adjacentes. As células endoteliais por sua vez expressam moléculas de adesão de leucócitos em sua superfície, atraindo os monócitos e linfócitos circulantes. Esses, por substâncias quimiotáticas são atraídos para o espaço subendotelial. Os monócitos no tecido se diferenciam em macrófagos, que fagocitam as LDL oxidadas. Os macrófagos repletos de gordura são chamados de células espumosas, principais componentes da chamada estria gordurosa (presente até mesmo na infância). Com a ativação dos macrófagos e linfócitos, há progressão da lesão aterosclerótica, a partir da secreção de citocinas inflamatórias que atraem ainda mais células para o espaço subendotelial, e também pela secreção de enzimas proteolíticas que são capazes de degradar o colágeno e outros componentes da matriz. Alguns mediadores inflamatórios também são capazes de estimular a migração e proliferação das células musculares lisas da camada média arterial para a camada íntima (para revestir o núcleo lipídico). Quando migradas, essas células são capazes de produzirem além de citocinas, também matriz extracelular que formará a parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica. As células espumosas no núcleo lipídico quando morrem formam tecido necrótico, e também liberam no seu meio, todas as enzimas proteolíticas, podendo causar a fissuras e ruptura dessa placa. A constituição das placas ateroscleróticas ESTAVEIS é: predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células inflamatórias e núcleos lipídicos e necróticos em proporções menores. Já a constituição de placas ateroscleróticas INSTÁVEIS é: atividade inflamatória intensa, grande atividade proteolítica, núcleo lipídico e necrótico proeminentes e capa fibrosa tênue. A ruptura dessa capa expõe o material lipídico e matricial, altamente trombogênicos, em que o fator tecidual da intima vascular interage com o fator VIIa circulante, formando trombina, ativação plaquetária e formação de trombo. O trombo formado em cima da placa rompida pode ser suficiente para ocluir um vaso. Se esse vaso for uma das artérias coronárias, a interrupção abrupta do fluxo sanguíneo gera uma isquemia do miocárdio, caracterizando o Infarto Agudo do Miocárdio, cuja manifestação clínica é: angina pré cordial, ansiedade, vomito, dor irradiada para ombro etc. Já se o bloqueio for em uma artéria carótida, diminuindo o fluxo sanguíneo para cabeça, pode se manifestar com fraqueza, dor de cabeça, palidez facial, paralisia etc. Já se a oclusão for à nível periférico, pode causar fraqueza do membro, disfunção erétil. Se atingir artéria renal, pode causar sudorese de mãos, e aumento de secreção do SRAA (aumentando a pressão arterial). Letícia Nano – Medicina Unimes Portanto, o que determina a estabilidade de uma placa aterosclerótica é o tamanho e constituição da capa fibrosa (e não o volume de gordura subendotelial). Doença aterosclerótica Quanto maior o número de fatores de risco maior a probabilidade de desenvolvimento da doença aterosclerótica. Ou seja, a evolução da doença aterosclerótica é: presença células gordurosas- > estrias gordurosas-> lesão intermediária-> ateroma-> placa fibrosa -> lesão complicada-> ruptura-> trombose ou hematoma A formação de trombo é a causa predominante entre os eventos coronarianos. A maioria dos IAM ocorrem por ruptura de placas instáveis PEQUENAS E MODERADAS. Isso ocorre pois, em geral, as placas menores são mais inflamadas e instáveis, enquanto as maiores tendem a ter capa fibrosa mais calcificada e estável. O diagnóstico padrão ouro de oclusão coronariana é via angiografia coronária. O ultrassom intravascular pode detectar um ateroma silencioso. Tratamento farmacológico Estatinas A ação das estatinas se dá sobre a biosíntese do colesterol endógeno, inibindo uma etapa inicial e limitante da velocidade de síntese e reduzindo os níveis de LDL colesterol. Ao se reduzir os níveis de colesterol intra-hepático, ocorre um aumento da expressão de receptores de LDL nos hepatócitos, com isso, o resultado é um aumento da remoção de LDL colesterol circulante. Efeitos secundários são observados nos níveis de triglicerídeos e HDL colesterol, reduzindo-os quando elevados. Outros efeitos são observados com o uso de estatinas. Estudos com esses fármacos mostraram benefícios sobre o risco cardiovascular, devido ao seu efeito cardioprotetor. Esses mecanismos de ação ainda não estão bem esclarecidos, mas o que se sabe é que a hipercolesterolemia as custas de LDL colesterol afeta a modulação do tônus vascular, devido aos seus efeitos deletérios sobre os vasos. Entretanto, o tratamento com estatinas é capaz de aumentar os níveis de óxido nítrico (NO), melhorando a função endotelial, independentemente dos níveis séricos de colesterol, efeito importante sobre os vasos coronários. Mas não só há modulação da função vascular como também o tratamento com estatinas é capaz de manter a estabilidade de placas de ateroma. As estatinas parecem inibir a infiltração de monócitos e também reduz a secreção de metaloproteinases por macrófagos O tratamento com estatinas ainda é capaz de inibir a proliferação de músculo liso e aumentar a apoptose. Como efeito final, observamos uma redução do grau de estenose e maior estabilidade da placa, apesar de que este efeito poderia enfraquecer o capuz fibroso. Ensaios clínicos mostraram a redução da inflamação sistêmica e dos eventos tromboembólicos. Outras formas tratamento: cessação tabagismo, dieta pobre em alimentos gordurosos, perda de peso, prática de atividades físicas etc.
Compartilhar