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ALMANAQUE DA ADVOCACIA PÚBLICA: ESTUDOS DE QUARENTENA João Pessoa/PB, junho 2020 SUMÁRIO 1. CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA ................................................................... 15 1 CONCEITO PROCESSUAL DE FAZENDA PÚBLICA ...................................... 16 2 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 23 2. PRERROGATIVAS DA FAZENDA PÚBLICA ....................................................... 24 1 ASPECTOS INICIAIS .......................................................................................... 25 2 PRERROGATIVAS PROCESSUAIS DA FAZENDA PÚBLICA ......................... 26 2.1. Aspectos gerais dos prazos e suas peculiaridades ............................................................26 2.1.1. Dos prazos ..................................................................................................................26 2.1.2. Da forma de aplicação dos prazos à Fazenda Pública .............................................27 2.1.3. Da não aplicabilidade do prazo em dobro................................................................29 Não se aplica ao processo objetivo de controle abstrato de constitucionalidade a norma que concede prazo em dobro à Fazenda Pública. ...............................................................................31 3 OUTRAS CARACTERÍSTICAS PROCESSUAIS ESPECÍFICAS ........................ 34 3.1. Da intimação pessoal para Fazenda Pública .....................................................................35 3.1.2. Intimação e prazo .............................................................................................................35 3.1.2. Intimação pelo próprio advogado / negócio processual e intimação ..........................36 3.2 Honorários advocatícios ..........................................................................................................36 4 CONCLUSÃO: OUTROS INSTITUTOS ESPECÍFICOS ................................... 38 5 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 39 3. A FAZENDA PÚBLICA COMO AUTORA PROCESSUAL. PRINCIPAIS AÇÕES. ASPECTOS GERAIS ................................................................................................... 40 1 ASPECTOS INICIAIS ........................................................................................... 41 2 CONCEITO E ABRANGÊNCIA .......................................................................... 41 3 REPRESENTAÇÃO JUDICIAL .......................................................................... 42 4 A FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO .................................................................... 43 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 50 4. AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO, CONTESTAÇÃO E REVELIA DA FAZENDA PÚBLICA ..................................................................................................................... 51 1 AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO ...................................................................... 52 2 CONTESTAÇÃO ................................................................................................. 53 3 REVELIA ............................................................................................................. 54 4 BIBLIOGRAFIA................................................................................................... 54 5. INTERVENÇÃO ANÔMALA ................................................................................ 56 1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS .................................................................. 57 2 NATUREZA JURÍDICA ...................................................................................... 58 3 PROCEDIMENTO ............................................................................................... 61 4 COMPETÊNCIA ................................................................................................. 62 4.1. A Fazenda Pública como interveniente na causa .............................................................62 4.2. Fazenda Publica como recorrente .........................................................................................63 4.2.1. Processos em trâmite na justiça estadual ........................................................................63 5 OBSERVAÇÕES .................................................................................................. 64 5.1. Ação rescisória .........................................................................................................................64 5.2. Mandado de segurança ...........................................................................................................64 6 BIBLIOGRAFIA................................................................................................... 65 6. PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PODER PÚBLICO .............................................. 66 1 CONCEITO ......................................................................................................... 67 2 NATUREZA JURÍDICA ...................................................................................... 67 3 LEGITIMADOS ................................................................................................... 67 4 LEGISLAÇÃO PERTINENTE ............................................................................ 68 5 APLICAÇÃO DO PEDIDO DE SUSPENSÃO .................................................... 70 6 CONSIDERAÇÃO GENÉRICAS......................................................................... 70 7 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 72 7. TUTELA PROVISÓRIA CONTRA O PODER PÚBLICO ..................................... 73 1 JURISDIÇÃO E TUTELA PROVISORIA ............................................................ 74 2 TUTELA PROVISORIA ...................................................................................... 74 3 TUTELA PROVISORIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA .............................. 75 3.1 Das vedações legais ..................................................................................................................76 3.2. Meios de impugnação contra a concessão de tutela provisória em face da Fazenda Pública .............................................................................................................................................80 3.3 Estabilização da tutela satisfativa requerida em caráter antecedente contra a Fazenda Pública .............................................................................................................................................81 3.4 Tutela de evidencia contra a Fazenda Pública. .......................................................................82 8. PRESCRIÇÕES NAS AÇÕES QUE ENVOLVEM A FAZENDA PÚBLICA.......... 83 1 ASPECTOS INICIAIS .......................................................................................... 84 2 CONCEITO ......................................................................................................... 85 3 NATUREZA JURÍDICA ...................................................................................... 85 4 PRESCRIÇÕES NAS AÇÕES QUE ENVOLVEM A FAZENDA PÚBLICA ...... 86 5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 89 6 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 90 9. DECADÊNCIA NAS AÇÕES QUE ENVOLVEM A FAZENDA PÚBLICA .......... 93 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 94 2 ANÁLISE,PELO JUIZ, DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA EM FAVOR DA FAZENDA PÚBLICA ........................................................................................... 95 3 PRAZO DA DECADÊNCIA EM FAVOR DA FAZENDA PÚBLICA ................. 96 4 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 97 10. REMESSA NECESSÁRIA...................................................................................... 98 1 CONCEITO ......................................................................................................... 99 2 NATUREZA JURÍDICA ...................................................................................... 99 3 HIPÓTESES DE CABIMENTO ......................................................................... 99 3.1 Prevista no CPC/2015 .............................................................................................................99 3.1.1 Quando a sentença for “proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas autarquias e fundações de direito público” ................................99 3.1.2 Da “sentença que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal” ........................................................................................................................................ 100 3.2 Casos especiais ....................................................................................................................... 101 3.2.1 Decisão interlocutória de mérito proferida contra a Fazenda Pública ....................... 101 3.2.2 Honorários de sucumbência .......................................................................................... 101 3.2.3 Remessa necessária na ação popular ............................................................................. 102 3.2.4 Remessa necessária na ação de improbidade administrativa e na ação civil pública . 102 3.2.5 Remessa necessária em mandado de segurança ........................................................... 102 3.2.6 Sentença proferida nos casos em que fazenda pública figura como assistente simples do réu ........................................................................................................................................ 103 3.2.7 Remessa necessária e sentença arbitral ......................................................................... 103 3.2.8 Remessa necessária e as decisões interlocutórias não agraváveis - aplicação do § 1º do art. 1.009 do CPC .................................................................................................................... 103 4 PROCEDIMENTO ............................................................................................. 104 5 HIPÓTESES DE DISPENSA DA REMESSA NECESSÁRIA ............................ 105 6 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................. 106 11. SISTEMA CONSTITUCIONAL DE PRECATÓRIOS ......................................... 108 1 INTRODUÇÃO AO SISTEMA DE PRECATÓRIOS ......................................... 109 2 ORDEM E CRONOLOGIA ................................................................................ 109 3 A NATUREZA DO CRÉDITO ........................................................................... 113 3.1 Fracionamento ....................................................................................................................... 114 4 PROCESSAMENTO DO PRECATÓRIO........................................................... 116 5 SEQUESTRO ...................................................................................................... 120 6 CORREÇÃO E JUROS DE MORA ..................................................................... 122 7 ESTUDO DA ADI 4357 STF – PARTE 1 ............................................................. 124 8 ESTUDO DA ADI 4357 STF – PARTE 2 ............................................................. 128 8.1 RE 870.947 – Tema 810 ....................................................................................................... 128 8.2 Jurisprudência do STJ – Tema 905 ...................................................................................... 129 9 COMPENSAÇÃO, CESSÃO E FINANCIAMENTO .......................................... 133 9.1 Compensação ......................................................................................................................... 133 9.2 Cessão ..................................................................................................................................... 134 9.3 Financiamento ....................................................................................................................... 135 10 EC 94 E 99 E SISTEMA ESPECIAL ................................................................... 137 10.1 EC 62 .................................................................................................................................... 137 10.2 EC 94 e EC 99 ..................................................................................................................... 137 11 RPV E LEI 13.463/17 ........................................................................................... 143 12 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................. 146 12. IMPUGNAÇÃO DE CUMPRIMENTO E PODER PÚBLICO ............................ 147 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 148 2 LITISCONSÓRCIO ATIVO ............................................................................... 148 3 INÍCIO DO PRAZO PARA IMPUGNAR (30 DIAS)........................................... 149 4 DO EFEITO SUSPENSIVO DA IMPUGNAÇÃO .............................................. 149 5 REJEIÇÃO LIMINAR DA IMPUGNAÇÃO ....................................................... 150 6 DA RESPOSTA DO EXEQUENTE ................................................................... 151 7 DO CONTEÚDO DA IMPUGNAÇÃO – ART. 535, CPC ................................... 152 7.1 Da “falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia” (inciso I do art. 535 do CPC) ...................................................................................................... 153 7.2 Da “ilegitimidade de parte” (inciso II do art. 535 do CPC) ............................................... 154 7.3 Da “inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação” (inciso III do art. 535 do CPC) ............................................................................................................................................. 154 7.4 Decisão fundada em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (art. 535, § 5º do CPC) ................................................................................... 154 7.5 Do “excesso de execução ou cumulação indevida de execuções” (inciso IV do art. 535 do CPC) ............................................................................................................................................. 156 7.6 Da “incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução” (inciso V do art. 535 do CPC) ............................................................................................................................................. 158 17.7 De “qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença” (inciso VI do art. 535 do CPC) ................................................................................. 159 8 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 16013. EXECUÇÃO FISCAL............................................................................................ 161 1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ............................................................................ 162 2 PROCEDIMENTO ............................................................................................. 163 2.1. Termo de inscrição e certidão de dívida ativa .................................................................... 163 2.2. Sujeito passivo ...................................................................................................................... 164 2.3. Petição inicial ........................................................................................................................ 164 2. 4 Citação e prazo para pagamento ......................................................................................... 165 2. 5 Penhora e arresto .................................................................................................................. 166 3 EMBARGOS À EXECUÇÃO .............................................................................. 168 4 PEDIDO DE PARCELAMENTO ...................................................................... 169 5 EXCEÇÃO DE PRE-EXECUTIVDADE ............................................................ 169 6 PRESCRIÇÃO ..................................................................................................... 170 7 RECURSOS ......................................................................................................... 172 8 JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................ 172 9 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 178 10 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 178 14. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL NAS AÇÕES DA FAZENDA .................. 179 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................ 180 2 CONCEITO ........................................................................................................ 180 3 FUNDAMENTO................................................................................................. 181 3.1 Hipóteses Constitucionais............................................................................................... 181 3.2 Hipóteses Legais .................................................................................................................... 183 4 NATUREZA JURÍDICA ..................................................................................... 184 4.1 Cabimento nos tribunais e contra decisão do próprio tribunal ......................................... 185 4.2 Decisão transitada em julgado .............................................................................................. 186 5 PROCEDIMENTO ............................................................................................. 187 6 LEGITIMIDADE ................................................................................................ 190 6.1 Legitimidade ativa .................................................................................................................. 190 6.2 Legitimidade passiva.............................................................................................................. 190 7 INFORMATIVOS E ENUNCIADOS QUE TRATAM DA RECLAMAÇÃO ...... 191 8 TÓPICO COBRANDO NA PROVA DA AGU 2015 – BANCA CESPE ............... 194 9 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 195 10 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 196 15. MANDADO DE SEGURANÇA E FAZENDA PÚBLICA .................................... 198 1 BREVE HISTÓRICO ......................................................................................... 199 2 CONCEITO E FINALIDADE ............................................................................ 199 3 NATUREZA JURÍDICA E OBJETO .................................................................. 199 4 ESPÉCIES DE MANDADO DE SEGURANÇA ................................................. 200 5 FORMAS DE TUTELA....................................................................................... 200 6 DIREITO LÍQUIDO E CERTO ......................................................................... 201 7 AUTORIDADE PÚBLICA E O ATO ILEGAL OU ABUSO DE PODER .......... 201 8 PRAZO DE IMPETRAÇÃO ............................................................................... 202 9 MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO LEGISLATIVO ...................... 203 10 MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL .............................. 203 11 MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DISCIPLINAR E POR COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIO .............................................................................. 203 12 PARTES NO MANDADO DE SEGURANÇA .................................................... 204 13 COMPETÊNCIA ................................................................................................ 205 14 PROCEDIMENTO ............................................................................................. 205 15 MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO...................................................... 207 16 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 209 16. AÇÃO POPULAR E FAZENDA PÚBLICA .......................................................... 210 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 211 2 CONCEITO ........................................................................................................ 211 3 OBJETO .............................................................................................................. 211 4 COMPETÊNCIA ................................................................................................ 212 5 LEGITIMIDADE ATIVA .................................................................................... 213 6 LEGITIMIDADE PASSIVA ................................................................................ 214 7 PESSOA JURÍDICA INTERESSADA ................................................................. 214 8 ASPECTOS PROCEDIMENTAIS ...................................................................... 215 8.1 Petição inicial ......................................................................................................................... 215 8.2 Documentação pertinente .................................................................................................... 216 8.3 Citação .................................................................................................................................... 216 8.4 Prazo de defesa ...................................................................................................................... 216 8.7 Sentença ................................................................................................................................. 217 8.8 Coisa julgada .......................................................................................................................... 217 8.9 Remessa necessária ................................................................................................................ 218 8.10 Recursos ............................................................................................................................... 219 8.11 Cumprimento de sentença .................................................................................................. 219 9 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................219 17. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E FAZENDA PÚBLICA ................................................................................................................... 221 1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ............................................................................ 222 2 PARALELO ENTRE ACP E LIA ....................................................................... 223 3 ESPÉCIES DE ATO DE IMPROBIDADE ......................................................... 223 4 COMPETÊNCIA ................................................................................................ 228 5 LEGITIMIDADE ATIVA .................................................................................... 229 6 LEGITIMIDADE PASSIVA ................................................................................ 229 7 PROCEDIMENTO ............................................................................................. 229 8 PRESCRIÇÃO ..................................................................................................... 231 9 JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................ 232 10 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 235 11 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 235 18. DESAPROPRIAÇÃO DO PODER PÚBLICO ..................................................... 237 1 ASPECTOS INICIAIS ......................................................................................... 238 1.1 Pontos mais importantes ...................................................................................................... 238 1.2 Legislação ............................................................................................................................... 238 1.3 Etiqueta mental ...................................................................................................................... 238 2 DIREITO DE PROPRIEDADE E FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS .. 238 3 MODALIDADES DE INTERVENÇÃO E CONCEITO DE DESAPROPRIAÇÃO 239 4 OBJETO .............................................................................................................. 239 5 DESAPROPRIAÇÃO DE BENS PÚBLICOS ..................................................... 240 6 PRESSUPOSTOS ................................................................................................ 240 7 HIPÓTESES DE DESAPROPRIAÇÃO .............................................................. 241 7.1 Desapropriação comum ........................................................................................................ 241 7.2 Desapropriação especial urbana ........................................................................................... 241 7.3 Desapropriação especial rural ............................................................................................... 243 7.4 Desapropriação confisco ...................................................................................................... 243 8 PROCEDIMENTO DA DESAPROPRIAÇÃO ................................................... 244 8.1 Legislação ............................................................................................................................... 244 8.2 Competência na desapropriação .......................................................................................... 244 8.3 Fases do procedimento ......................................................................................................... 246 8.3.1 Fase declaratória ............................................................................................................. 246 8.3.2 Fase executória ............................................................................................................... 247 9 AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO ......................................................................... 247 9.1 Jurisdição e cognição judicial na desapropriação (aula disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=l3whenE9fi4) ............................................................... 247 9.2 Imissão provisória na posse .................................................................................................. 248 9.3 Desistência da desapropriação.............................................................................................. 249 9.4 Sentença ................................................................................................................................. 249 10 VALORES ACESSÓRIOS NA DESAPROPRIAÇÃO .......................................... 250 10.1 Correção monetária ............................................................................................................. 250 10.2 Juros compensatórios (aula disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zys0SkqG8mI) ............................................................. 250 10.3 Juros moratórios .................................................................................................................. 251 10.4 Honorários advocatícios ..................................................................................................... 251 11 AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO RURAL ........................................................... 252 12 DESAPROPRIAÇÕES DIFERENCIADAS ........................................................ 254 12.1 Desapropriação privada ...................................................................................................... 254 12.2 Desapropriação indireta ...................................................................................................... 254 13 SITUAÇÕES ESPECÍFICAS NA DESAPROPRIAÇÃO ..................................... 256 13.1 Direito de extensão ............................................................................................................. 256 13.2 Tredestinação e retrocessão ................................................................................................ 257 14 DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA ...................................................................... 258 15 DESAPROPRIAÇÃO POR DOMÍNIO ÚTIL ..................................................... 259 16 SÚMULAS SOBRE DESAPROPRIAÇÃO ........................................................... 259 17 COMO O ASSUNTO FOI COBRADO EM PROVAS: ........................................ 260 17.1 Objetivas .............................................................................................................................. 260 17.2 Subjetivas.............................................................................................................................. 266 18 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 267 19. APELAÇÃO E PODER PÚBLICO ....................................................................... 268 1 CONCEITO ........................................................................................................ 269 2 CABIMENTO ..................................................................................................... 269 3 APELAÇÃO COMO MEIO DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS ............................................................................................... 269 4 EFEITOS DA APELAÇÃO ................................................................................. 269 5 PROCEDIMENTO NA APELAÇÃO ................................................................. 270 6 PRESSSUPOSTOS DE ADMISIBILIDADE ....................................................... 271 6.1 TEMPESTIVIDADE ........................................................................................................... 271 6.2 PREPARO .............................................................................................................................271 7 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO DE APELAÇÃO ................... 272 8 JURISPRUDÊNCIA EM DESTAQUE ............................................................... 273 9 DAS ATRIBUIÇÕES DO RELATOR NA APELAÇÃO ...................................... 274 10 TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO................................................ 274 11 JURISPRUDÊNCIA EM DESTAQUE ............................................................... 275 12 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 275 20. RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO E PODER PÚBLICO ............ 276 1 RECURSO EXTRAORDINÁRIO ....................................................................... 277 1.1 Cabimento .............................................................................................................................. 277 1.1.1 Pressupostos genéricos cumulativos ............................................................................. 277 1.1.1.1 Decisão de única ou última instância ..................................................................... 277 1.1.1.2 Prequestionamento .................................................................................................. 277 1.1.1.3 Repercussão geral .................................................................................................... 278 1.2 Requisitos específicos ............................................................................................................ 281 1.2.1. Decisão que contrariar dispositivo constitucional (art. 102, III, a CF). .................... 281 1.2.2 Decisão que declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal (art. 102, III, b, CF) – RExt e o controle difuso de constitucionalidade ....................................................... 282 1.2.3 Decisão que julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal (art. 102, III, c, CF) .................................................................................................... 282 1.2.4 Decisão que julgar válida lei de governo local contestado em face de lei federal (art. 102, III, d, CF). ........................................................................................................................ 282 1.3 Jurisprudência ........................................................................................................................ 282 2 RECURSO ESPECIAL ........................................................................................ 285 2.1 Cabimento .............................................................................................................................. 285 2.1.1 Pressupostos cumulativos .............................................................................................. 285 2.1.1 Decisão de única ou última instância ........................................................................ 285 2.1.2. Decisão proferida por tribunal ................................................................................. 285 2.1.3 Prequestionamento ..................................................................................................... 286 2.2 Pressupostos alternativos ...................................................................................................... 287 2.2.1. Decisão que contrariar ou negar vigência a tratado ou lei federal (art. 105, III, a CF). ................................................................................................................................................... 287 2.2.2 Decisão que julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal (Art. 105, III, b, CF). ........................................................................................................................ 287 2.2.3 Decisão que der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal (Art. 105, III, c, CF). ................................................................................................. 287 2.3 Jurisprudência ........................................................................................................................ 288 3 ASPECTOS COMUNS ........................................................................................ 290 3.1 Tempestividade. Dispensa de preparo. Procedimento ....................................................... 290 3.1.1 Interposição .................................................................................................................... 291 3.1.2 Dissídio jurisprudencial e comprovação ....................................................................... 291 3.2 Admissibilidade ...................................................................................................................... 291 3.3 Hipóteses de cabimento e mérito – conflito ....................................................................... 293 3.4 Efeitos dos recursos federais ................................................................................................ 294 3.4.1 Efeito devolutivo ............................................................................................................ 294 3.4.2 Efeito suspensivo ............................................................................................................... 295 4 JULGAMENTO POR AMOSTRAGEM .............................................................. 295 4.1 Cabimento .............................................................................................................................. 295 6.2 Instauração ............................................................................................................................. 295 6.3 Suspensão dos processos que versem sobre a mesma controvérsia jurídica .................... 296 6.4 Procedimento ......................................................................................................................... 299 6.5 Eficácia ultra partes e vinculante do julgamento ................................................................ 301 5 PRÁTICA ............................................................................................................ 302 5.1 Estrutura do REsp/RExt ..................................................................................................... 302 6 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................. 303 21. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NAS AÇÕES DA FAZENDA ................................................................................................................. 305 1 CONCEITO ........................................................................................................ 306 2 REQUISITOS...................................................................................................... 306 2.1 Direito civil (Lei 10.406/2002) ............................................................................................. 306 2.2 Direito do consumidor (Lei 8.078/90) ................................................................................ 307 2.3 Direito tributário (Lei 5.172/66) .......................................................................................... 307 2.4. Direito econômico (Lei 12.529/2011) ................................................................................ 307 2.5. Direito ambiental (Lei 9.605/1998) .................................................................................... 307 2.6. Direito do trabalho (Decreto-Lei 5.452/43) ...................................................................... 307 3 REGULAMENTO PROCESSUAL ..................................................................... 308 3.1. Cabimento .............................................................................................................................308 3.2. Legitimados ........................................................................................................................... 308 3.3 Procedimento ......................................................................................................................... 308 4 JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................ 308 4.1. Direito civil ........................................................................................................................... 308 4.2. Direito processual civil ......................................................................................................... 312 5 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................. 313 22. PRERROGATIVAS PROCESSUAIS DA FAZENDA PÚBLICA NA JUSTIÇA DO TRABALHO .............................................................................................................. 315 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 316 2 FAZENDA PÚBLICA ......................................................................................... 316 2.1 Isonomia material e formal ................................................................................................... 317 2.2 Prerrogativas processuais ...................................................................................................... 318 2.3 Interpretação e alcance das prerrogativas ............................................................................ 320 3 As prerrogativas processuais da Fazenda Pública na Justiça do Trabalho ............ 320 3.1 Formas de comunicação dos atos processuais trabalhistas ................................................ 321 3.2 Recursos ................................................................................................................................. 321 4 JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA ............................................................... 321 5 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 322 23. TERCEIRIZAÇÃO E PODER PÚBLICO ........................................................... 323 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 324 2 TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DO PODER PÚBLICO ................................ 325 3 RESPONSABILIDADE DO ENTE PÚBLICO ANTE A TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA ..................................................................................................................... 327 4 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 329 24. CONTESTAÇÃO DO PODER PÚBLICO NA JUSTIÇA DO TRABALHO ........ 330 1 ASPECTOS GERAIS ........................................................................................... 331 2 CONTESTAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO ........................................ 332 3 PRAZO ................................................................................................................ 332 4 REVELIA ............................................................................................................ 333 5 PRELIMINARES ................................................................................................ 334 6 MÉRITO ............................................................................................................. 335 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 336 6 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 336 25. RECURSO ORDINÁRIO DO PODER PÚBLICO NA JUSTIÇA DO TRABALHO ................................................................................................................................... 337 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 338 2 CONCEITO E CABIMENTO ............................................................................ 338 3 JUÍZO DE RETRATAÇÃO ................................................................................. 339 4 EFEITOS ............................................................................................................ 339 5 PROCEDIMENTO NO RITO ORDINÁRIO .................................................... 339 6 PRIVILÉGIOS DA FAZENDA PÚBLICA NO RECURSO ORDINÁRIO ......... 339 7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 340 26. RECURSO DE REVISTA DO PODER PÚBLICO NA JUSTIÇA DO TRABALHO ................................................................................................................................... 341 1 NATUREZA DO RECURSO DE REVISTA ....................................................... 342 2 COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO .......................................................... 342 3 CABIMENTO ..................................................................................................... 343 4 PRESSUPOSTOS RECURSAIS ESPECÍFICOS ................................................. 347 4.1 Prequestionamento ................................................................................................................ 347 4.2 Transcendência ...................................................................................................................... 351 4.3 Necessidade de impugnar todos os fundamentos do acórdão recorrido .......................... 353 4.4 Ausência de jurisprudência contrária à tese de revista........................................................ 354 5 SOBRE A IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS ......... 354 6 RECURSOS DE REVISTA REPETITIVOS ....................................................... 355 7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 355 27. JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE E PODER PÚBLICO. PRINCIPAIS DECISÕES JURISPRUDÊNCIAIS ............................................................................................... 357 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 358 2 RESERVA DO POSSÍVEL .................................................................................. 358 3 JULGADOS SOBRE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO ÂMBITO DA SAÚDE ................................................................................................ 360 4 RESPONSABILIDADE DOS ENTES PÚBLICOS ............................................ 361 5 FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS NÃO CONTIDOS NA LISTA DO SUS 361 6 FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS NÃO REGISTRADOS PELA A ANVISA ...................................................................................................................... 363 7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 364 28. MEDIDA CAUTELAR FISCAL ........................................................................... 365 1 ASPECTOS INICIAIS ......................................................................................... 366 2 CONCEITO ........................................................................................................ 366 3 NATUREZA JURÍDICA ..................................................................................... 366 4 PROCEDIMENTO ............................................................................................. 367 4.1 Legitimados passivos ............................................................................................................. 368 4.2 Requisitos da petição inicial e competência ........................................................................368 5 CONSIDERAÇÕES GENÉRICAS ..................................................................... 369 6 POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL ..................................................... 370 7 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 372 8 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 372 15 CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA 1. CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA ALMANAQUE DA ADVOCACIA PÚBLICA por Ubirajara Casado Em quarentena, João Pessoa/ PB, 10 de junho de 2020 16 1 CONCEITO PROCESSUAL DE FAZENDA PÚBLICA Chamo de conceito processual justamente porque, para que se tenha ideia da utilização racional da expressão, necessário se faz analisar que o termo Fazenda Pública não se confunde com o conceito de Administração seja em sentido subjetivo, seja em sentido objetivo. O nome Fazenda relaciona-se às finanças, dinheiro, Erário que, ao final, é quem sofre as consequências econômicas decorrentes de eventuais condenações processuais. A expressão foi utilizada nos códigos processuais de 1939, 1973 e é trinta e cinco vezes repetida no de 2015, razão pela qual o termo é consagrado na doutrina e na legislação. O renomado José dos Santos Carvalho Filho disse: Em algumas espécies de demanda, as pessoas de direito público têm sido nominadas de Fazenda Pública, e daí expressões decorrentes, como Fazenda Federal, Fazenda Estadual e Fazenda Municipal. Trata-se de mera praxe forense, usualmente explicada pelo fato de que o dispêndio com a demanda é debitado ao Erário da respectiva pessoa. Entretanto, Fazenda Pública igualmente não é pessoa jurídica, de modo que, encontrando-se tal referência no processo, deverá ela ser interpretada como indicativa de que a parte é a União, o Estado, o Município e, enfim, a pessoa jurídica a que se referir a Fazenda1. Assim, Fazenda Pública é a expressão que se emprega sempre que a pessoa jurídica de direito público estiver ocupando o polo de uma ação judicial. Entende-se, por pessoa jurídica de direito público as que integram a Administração Pública Direta e Indireta, com exceções, dos entes federados, de forma que não temos como deixar de analisar o art. 4º do Decreto-lei nº 200/1967 que organiza a Administração Federal, vejamos: Art. 4° A Administração Federal compreende: I – A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. II – A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista. d) Fundações Públicas. 1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 22. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 1044. 17 Assim, pelo modelo do Decreto-lei nº 200/1967, pode-se concluir que a Administração Direta compreende a União, os Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios bem como todos os órgãos que compõem essa estrutura, contudo, referidos órgãos não são dotados de personalidade jurídica, justamente por isso que não se admite o ingresso de ação judicial para demandar contra o Ministério do Planejamento ou a Secretaria de Saúde de determinado Estado ou Município. Em legislação mais atual, o Código Civil em seu artigo 41, diz que as pessoas jurídicas de direito público interno são a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os Municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas e as demais entidades de caráter público criadas por lei. Por Administração Indireta entende-se tratar das autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. Contudo, as empresas públicas e sociedades de economia mista representam justamente as pessoas jurídicas dotadas de personalidade de direito privado. Se Fazenda Pública é a pessoa jurídica de direito público em juízo, por óbvio, temos que afastar do conceito processual as empresas públicas e sociedades de economia mista. Assim, adverte o Leonardo Carneiro da Cunha2 quando diz: À evidência, estão excluídos do conceito de Fazenda Pública as sociedades de economia mista e as empresas públicas. Embora integrem a Administração Pública indireta, não ostentam natureza de direito público, revestindo-se da condição de pessoa jurídica de direito privado, a cujo regime estão subordinadas. Então, quando se alude à Fazenda Pública, na expressão não estão inseridas as sociedades de economia mista nem as empresas públicas, sujeitas que são ao regime geral das pessoas jurídicas de direito privado. Nos termos da Constituição Federal, as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado (art. 173, parágrafo 2º, CF/88). Assim, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, por exemplo, não integram o conceito de Fazenda Pública e não podem lançar mão das prerrogativas processuais das pessoas jurídicas de direito público. Por “demais entidades de caráter público criadas por lei” citadas no art. 41 do Código Civil, podemos incluir as Agências Reguladoras e Agências Executivas, as quais são verdadeiras autarquias, razão pela qual integram o conceito de Fazenda Pública. Percebe-se que o que distingue, nitidamente, a pessoa jurídica que integra o conceito de Fazenda Pública é a sua natureza pública, dessa natureza decorre a vinculação e com ela todas as 2 CUNHA, Leonardo José Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo.7. ed. São Paulo: Dialética, 2009. p. 18. 18 prerrogativas que carregam referidos entes em juízo. Não há nenhum ato adicional, processual ou não, para a possibilidade de utilização dessas prerrogativas. Assim, teríamos o seguinte: Fazenda Pública Integram o conceito processual Não integram o conceito processual Pessoa jurídica de direito público Pessoa jurídica de direito privado União; Estados, Distrito Federal e Territórios; Municípios; Autarquias; Fundações Públicas; ECT (STF, ACO-QO 765 RJ). Empresas públicas; Sociedades de Economia Mista. Há, contudo, uma exceção legal. Veja o art. 12 do Decreto-lei nº 09/1969: “Art. 12 – A ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e equipamentos destinados aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a imunidade tributária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no concernente a foro, prazos e custas processuais.” Perceba que esse dispositivo legal concede à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos as mesmas prerrogativas inerentes à Fazenda Pública, assim temos uma empresa pública que integra o conceito de Fazenda Pública. Veja que há conflito normativo entre o disposto no art. 173, parágrafo 2º, CF/88 com o art. 12 do Decreto-lei nº 09/1969, já que a Constituição impede que a empresa pública tenha privilégios não extensivos ao setor privado. A questão foi decidida, em último grau, pelo Supremo Tribunal Federal3 assim: 1. A prestação do serviço postal consubstancia serviço público [art. 175 da CB/88]. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma empresa pública, entidade da Administração Indireta da União, como tal tendo sido criada pelo decreto-lei nº 509, de 10 de março de 1969. 2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do julgamento do RE 220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO CORRÊA, DJ 14.11.2002, à vista do disposto no artigo 6o do decreto-lei nº 509/69, que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é “pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, que explora serviço de competência da União“.(CF, artigo 21, X). 3 ACO-QO 765 RJ, Trbunal Pleno, MinistroMarco Aurélio, DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 EMENT VOL-02340-01 PP-00141. 19 O STF, com isso, entende recepcionado pela CF/88 o art. 12 do Decreto-lei nº 09/1969 permitindo com que a ECT, embora empresa pública, seja considerada pessoa jurídica de direito público, tenha prerrogativas de Fazenda Pública e se submeta ao regime de precatórios4. Sobre o regime de precatórios e empresa pública, importante destacar a decisão do STF, 1ª Turma, no RE 627242 AgR5 que explicita “embora, em regra, as empresas estatais estejam submetidas ao regime das pessoas jurídicas de direito privado, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que “entidade que presta serviços públicos essenciais de saneamento básico, sem que tenha ficado demonstrado nos autos se tratar de sociedade de economia mista ou empresa pública que competiria com pessoas jurídicas privadas ou que teria por objetivo primordial acumular patrimônio e distribuir lucros. Nessa hipótese, aplica-se o regime de precatórios” (RE 592.004, Rel. Min. Joaquim Barbosa). 2. É aplicável às companhias estaduais de saneamento básico o regime de pagamento por precatório (art. 100 da Constituição), nas hipóteses em que o capital social seja majoritariamente público e o serviço seja prestado em regime de exclusividade e sem intuito de lucro. 3. Provimento do agravo regimental e do recurso extraordinário.” A informação sobre a excepcionalidade da ECT é relevante para as provas objetivas e especialmente se o candidato estiver prestando concurso para o cargo de advogado da ECT já que, em termos processuais, sua atuação se assemelhará a dos procuradores das demais pessoas jurídicas de direito público que integram o conceito de Fazenda Pública, inclusive no processo do trabalho6. Perceba-se, em última análise, que a ECT presta serviço público essencial e, portanto, foi integrada ao conceito de Fazenda Pública, contudo, essa matemática não funciona de forma automática a permitir que, por exemplo, Estados e Municípios criem empresas públicas prestadoras de serviço público essencial com prerrogativas inerentes à Fazenda Pública. O caso da ECT é exceção isolada que não serve de parâmetro reprodutor para Estados, Distrito Federal e Municípios, não obstante, o STF tenha entendido estender o regime de precatórios as empresas públicas quando o capital social seja majoritariamente público e o serviço seja prestado em regime de exclusividade e sem intuito de lucro. A jurisprudência, portanto, nos força a atualizar o quadro de integrantes do conceito processual de Fazenda Pública além de destacar a hipótese na qual as empresas públicas gozam do regime de precatórios: 4 “Os bens, as rendas e os serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos são impenhoráveis, e a execução deve observar o regime de precatórios. 2. Nas comarcas onde não há Vara da Justiça Federal, os Juízes Estaduais são competentes para apreciar a execução fiscal.” RE 393032 AgR, 1ª Turma, Min. Cármen Lúcia, 27/10/2009. 5 RE 627242 AgR, 1ª Turma, Min. Marco Aurélio, 02/05/2017. 6 PROC. Nº TST-RR-782/2002-411-04-00.1. 20 Fazenda Pública Integram o conceito processual Não integram o conceito processual Pessoa jurídica de direito público Pessoa jurídica de direito privado União; Estados, Distrito Federal e Territórios; Municípios; Autarquias; Fundações Públicas; ECT (STF, ACO-QO 765 RJ). Empresas públicas; Sociedades de Economia Mista. Gozam da prerrogativa de precatórios da Fazenda Pública As empresas públicas quando o capital social seja majoritariamente público e o serviço seja prestado em regime de exclusividade e sem intuito de lucro. RE 627242 AgR, 1ª Turma, Min. Marco Aurélio, 02/05/2017. Um ponto que sempre é levantado quando se trata do conceito de Fazenda Pública é sobre a Ordem dos Advogados do Brasil, é natural a curiosidade sobre a possibilidade ou não do uso das prerrogativas inerentes às pessoas jurídicas de direito público. Como já vimos, é a natureza jurídica de direito público, com exceção da ECT, que determina o ingresso da pessoa jurídica no conceito de Fazenda Pública. Nesses termos, é necessário indagar qual a natureza jurídica da Ordem dos Advogados do Brasil. O STF respondeu essa indagação quando do julgamento da ADI 3026. Nela, o STF foi levado a decidir se os quadros administrativos da OAB deviam ser preenchidos somente mediante concurso público. Para adentrar na análise dessa exigência o Supremo teve, necessariamente, que definir a natureza jurídica da Ordem. Assim disse a Suprema Corte7: Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como “autarquias especiais” para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas “agências”. 7 ADI 3026 DF, Tribunal Pleno, Min. Eros Grau, DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-00478, 8 de Junho de 2006. 21 Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente necessária. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público. Resta claro que o STF entendeu ter a OAB natureza jurídica sui generis, considerando-a única e especial eis que suas atividades não se restringem à esfera corporativa, mas alcançam feição institucional. Para o STF, a OAB não se sujeita ao controle do TCU nem à exigência constitucional do concurso público para provimento de cargos. Não sendo pessoa jurídica de direito público, não integra o conceito de Fazenda Pública para fins processuais. Por fim, é sempre bom lembrar que a OAB possui suas causas julgadas pela Justiça Federal nos termos do art. 58, § 8º da Lei nº 9.649/1998. Até o fechamento do presente post, pende de análise no STF a ADI 5367, apensa a ADC 36, por meio da qual o Ministério Público Federal quer ver declarada inconstitucional norma que permite com que os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas admitam pessoas sem a necessidade de realizar concurso público. No julgamento, a exemplo do que aconteceu com a OAB na ADI 3026, o Supremo terá que necessariamente firmar a natureza jurídica dos conselhos de fiscalização profissional para decidir sobre a obrigatoriedade ou não do concurso. De todo modo, embora pendente de julgamento, é preciso analisar a manifestação da Advocacia-Geral da União que defende a natureza jurídica de autarquias peculiares aos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, ou seja, “alheias à estrutura da Administração Pública indireta, sobretudo em razão da ausência de vinculação e de supervisão ministerial8 Assim, forçoso concluir que se estão os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas alheios à estrutura da Administração Pública Indireta, não integram o conceito de Fazenda Pública para fins processuais. Mais uma vez, completemos nosso quadro que sintetiza as pessoas que integram o conceito processual de Fazenda Pública: Fazenda Pública Integram o conceito processual Não integram o conceito processual Pessoa jurídica de direito público Pessoa jurídica de direito privado União; Empresas públicas; 8 Retirado do Parecer do Ministério Público Federal No 155.397/2016-AsJConst/SAJ/PGRna ADI 5367. 22 Estados, Distrito Federal e Territórios; Municípios; Autarquias; Fundações Públicas; ECT (STF, ACO-QO 765 RJ). Sociedades de Economia Mista; OAB (natureza jurídica sui generis – ADI 3026, STF); Conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas (ADI 5367, pendente de julgamento, mas segundo manifestação da AGU na ADI são autarquias peculiares alheias à estrutura da Administração Pública indireta). Conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas (ADI 5367, pendente de julgamento, mas segundo manifestação da AGU na ADI são autarquias peculiares alheias à estrutura da Administração Pública indireta). Encerro o post com uma curiosidade sobre o nome “Fazenda” na seara processual. No caso da União, como veremos a seguir, a representação processual se dá de forma bifurcada, ou seja, as causas que envolvem matéria fiscal, nos termos da Lei Complementar 73/93, são de atribuição da Procuradoria da Fazenda Nacional e as demais, residualmente, são de atribuição dos Procuradoria-Geral da União a cargo dos Advogados da União. Ora, imagine, por exemplo, que João, militar, ingressa com a ação judicial para discutir duas situações de decorrem da sua situação de saúde: a. sua reforma militar; e b. a isenção de imposto de renda. Percebe-se que para a situação a, a representação da União se dá por meio de um Advogado da União (PGU), enquanto que para a situação b a representação da União se dá por meio de um Procurador da Fazenda Nacional (PGFN), assim, a representação da União, na mesma ação, se dará por duas contestações, cada qual assinada pelo procurador competente e discutindo apenas a situação que lhe cabe representar nos termos da Lei Complementar 73/93. A curiosidade está justamente no fato de que, ao nominar as partes do processo, a Justiça Federal tem o costume de informar UNIÃO para os processos representados pelos Advogados da União e FAZENDA NACIONAL para os processos representados pelos Procuradores da Fazenda Nacional. Assim, na situação hipotética apresentada, embora haja um único réu na ação, temos duas denominações para a União, a UNIÃO em si e a FAZENDA NACIONAL, obviamente, cada qual sendo devidamente e pessoalmente intimado dos atos processuais para a devida manifestação nos termos do art. 183 do CPC/2015. Assim, da próxima vez que se deparar com processo judicial cuja parte seja a FAZENDA NACIONAL, saiba tratar-se da União sendo representada pela PGFN em matéria fiscal. 23 2 REFERÊNCIAS [1] CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 22. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 1044. [2] CUNHA, Leonardo José Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo.7. ed. São Paulo: Dialética, 2009. p. 18. [3] ACO-QO 765 RJ, Trbunal Pleno, Ministro Marco Aurélio, DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 EMENT VOL-02340-01 PP-00141. [4] “Os bens, as rendas e os serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos são impenhoráveis, e a execução deve observar o regime de precatórios. 2. Nas comarcas onde não há Vara da Justiça Federal, os Juízes Estaduais são competentes para apreciar a execução fiscal.” RE 393032 AgR, 1ª Turma, Min. Cármen Lúcia, 27/10/2009. [5] RE 627242 AgR, 1ª Turma, Min. Marco Aurélio, 02/05/2017. [6] PROC. Nº TST-RR-782/2002-411-04-00.1. [7] ADI 3026 DF, Tribunal Pleno, Min. Eros Grau, DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL- 02249-03 PP-00478, 8 de Junho de 2006. [8] Retirado do Parecer do Ministério Público Federal No 155.397/2016-AsJConst/SAJ/PGR na ADI 5367. 24 PRERROGATIVAS DA FAZENDA PÚBLICA 2. PRERROGATIVAS DA FAZENDA PÚBLICA ALMANAQUE DA ADVOCACIA PÚBLICA por Lilian Poliane Nunes e Luciana Patrícia de Andrade Amorim Madruga Quarentena - João Pessoa/ PB, 10 de abril de 2020 25 1 ASPECTOS INICIAIS Por: Luciana Amorim A Fazenda Pública ostenta condição diferenciada das demais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, em razão da própria atividade de tutelar o interesse público. Quando em juízo, por atuar no processo, em virtude da existência de interesse público, está defendendo o erário e para que possa, contudo, atuar de maneira melhor e mais ampla possível, é preciso que se lhe confiram condições necessárias e suficientes para tanto. Dessa feita, as “vantagens” processuais conferidas à Fazenda Pública revestem o matiz de prerrogativas que decorrem do princípio da igualdade, no sentido aristotélico de tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual. Como corolário dessa isonomia formal e material as prerrogativas processuais da Fazenda Pública se predestinam a conferir-lhe alguns “privilégios” necessários a defesa do interesse público. Assim, entre os quais podemos trazer à tona os prazos processuais, que para manifestação nos autos, de forma geral, são contados em dobro. De igual modo, temos: a competência, os honorários advocatícios, a remessa necessária (diante da qual as decisões de primeiro grau contra a Fazenda Pública devem se submeter às instâncias superiores para que se tornem efetivas), entre outros. Por outro lado, há prerrogativas que decorrem do direito material envolvido ou da própria natureza das pessoas jurídicas de direito público, vejamos, por exemplo: o ônus da prova que é, em regra, atribuído ao particular, em razão da presunção de legitimidade dos atos administrativos. Enfim, neste mesmo norte, as execuções contra a Fazenda Pública somente se processam através de requisitório de pequeno valor (RPV) ou através de precatórios, ambos possuindo rito próprio. Ademais, contra o Poder Público não se operam os efeitos da revelia, a intimação deve ser pessoal e a garantia estendida a toda Advocacia Pública, Ministério Público e Defensoria Pública, respondendo estes, de forma pessoal, desde que ajam com dolo ou fraude no exercício de suas funções. 26 2 PRERROGATIVAS PROCESSUAIS DA FAZENDA PÚBLICA Por: Lilian Nunes O Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015) traz na sua essência a Supremacia do Interesse Público, base axiológica inerente das prerrogativas da Fazenda Pública, em razão dos direitos de ordem coletiva e suas especificidades, sendo pressuposto para as demandas envolvendo o Poder Público, além de outros princípios a serem observados. Assim, citaremos algumas características específicas voltadas à Fazenda Pública que devem ser observadas, e estas não devem destoar da aplicação da razoabilidade e da busca efetiva do interesse público. 2.1. Aspectos gerais dos prazos e suas peculiaridades 2.1.1. Dos prazos Os prazos processuais em seu sentido “lato sensu” dividem-se em próprios ou impróprios. Os prazos próprios são aqueles fixados para as partes envolvidas na demanda processual, a não observância acarretará como consequência, a preclusão. Os prazos impróprios são firmados na lei, servem de norteadores para aplicabilidade na relação processual, em regra, seus destinatários são os magistrados e serventuários da justiça, porém, sua inobservância não ocorrerá qualquer tipo de preclusão. No tocante aos prazos legais, estes são postos na lei e presentes na maioria dos atos processuais, apesar da previsão, a parte interessada pode praticar atos antes do término do lapso temporal, observado o art.225. De igual modo, podem ser expandidos pelo juiz (art. 139,IV); convencionado entre as partes (art. 190); como reduzidos nos casos de prazos peremptórios (art. 222,§1º), todos CPC/2015. Não menos importante, os prazos judiciais são aqueles que envolvem a atuação do juiz, em busca de sanar alguma omissão legislativa, nos casos de complexidade de algum ato processual, pontua-se, não da causa per si. Outrossim, em situações que a lei indique cases específicos (art. 76),bem como quando delimita indicativos de prazos como parâmetro a ser observado pelo magistrado. Ademais, a doutrina faz menção ao prazo misto que seria nos casos em que a lei não fixa prazo certo, determinado pelo juízo competente, desde que estabelecido dentro dos limites impostos na própria lei, ou seja, engloba os prazos: legais/próprios e judiciais/impróprios. Exemplo: Art. 970 CPC/2015, que compele ao Relator a fixação 27 mínima de 15 dias e máximo de 30 dias após a citação do réu, para, querendo, se manifestar em ação rescisória. No entanto, Leonardo da Cunha defende que esse prazo deve ser considerado como judicial (impróprio), em razão da determinação posta pelo juízo, tendo em vista que a lei é mero parâmetro fixador. Após essas considerações, ressalta-se que os prazos da Fazenda Pública são próprios, uma vez que ao demandar em juízo, passa à condição de parte, sem prejuízo da preclusão temporal, nos casos de desobediência ao prazo prescrito. 2.1.2. Da forma de aplicação dos prazos à Fazenda Pública a) Prazo em dobro: Diferentemente do preconizado no código de 1973, o CPC/ 2015 em seu art. 183, unificou o prazo em dobro para todas as manifestações da Fazenda Pública, in verbis: Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público. No entanto, observa-se que o próprio dispositivo traz a ressalva da não aplicação do prazo em dobro (§2º), quando a lei de forma expressa fixar prazo próprio “stricto sensu”, como vislumbramos no próprio CPC (ex: art. 535 e art.910, entre outros), além das leis esparsas (ex: prazos da Lei de Ação Popular, etc.). Portanto, o Poder Público deve observância a esses regramentos e a seguir outras situações serão postas. b) Contagem em dias úteis: O art. 219 CPC/2015 prevê que a contagem é feita apenas dos dias úteis (exclui-se o primeiro dia e inclui-se o final), tanto dos prazos legais, quanto dos judiciais, não contam os feriados. Contudo, aplica-se essa contagem apenas aos prazos processuais, ou melhor, aqueles contados dentro do processo. Vide: Enunciado 89 – I Jornada de Direito Processual Civil e do Conselho da Justiça Federal. 28 Observa-se que o código não conceitua especificamente o que são dias úteis, o art. 216 CPC é um norteador que, por exclusão, o que não for feriado será dia útil para fins forense. Acrescenta-se que só serão considerados feriados os declarados em lei, não sendo praticados atos processuais nesses dias, exceto em casos urgentes e nos atos prescritos no art. 212, § 2º c/c art. 214 CPC/2015. Frisa-se que os atos processuais serão praticados em dias úteis, com fulcro no art. 212 CPC, porém, observar a ressalva do §2º. Ademais, não são considerados feriados os dias de pontos facultativos ou nos casos circunstanciais de fechamento do fórum ou tribunal. Vide: Lei 1.408/1951 (art. 1º, 2º, 5º); Lei 9.093/1995 (trata dos feriados civis e religiosos); Lei 662/1949 (redação dada pela Lei 10.607/2002 – art. 1º); Lei 6.802/1980 (menciona dia 12 de outubro como feriado nacional); Lei 5.010/1966 (art. 62, II a IV). Por fim, O STJ exarou entendimento que a quarta-feira de cinzas será considerada como dia útil. (EDcl no AgRg no AResp 69.665/RO). c) Litisconsórcio: O prazo posto no art. 229 para esse instituto, não se aplica cumulativamente com o art. 183, ambos CPC/2015. Os preceitos têm aplicabilidades diversas de acordo com Guilherme Barros, ou seja, a prerrogativa do prazo em dobro do art. 183 não é duplicada novamente quando a Fazenda Pública é litisconsorte em demanda processual. Exemplo: Proposta ação de conhecimento tendo a Fazenda Pública como um dos litisconsortes, o prazo para contestação do ente público é de 30 dias (art. 183 c/c 219), de igual modo, 30 dias para outra parte da demanda processual litisconsorcial (art. 229 c/c art. 335 c/c art. 219). Além do mais, destaca-se, o prazo em dobro para o litisconsórcio não será aplicado nos autos de processo eletrônico (art. 229, §2º). d) Recesso forense (20 de dezembro a 20 de janeiro): Durante esse lapso temporal, nos moldes do art. 220 CPC, o prazo processual é suspenso, não são férias coletivas, apenas sua suspensão. No entanto, os atos processuais são executados normalmente, não correndo o prazo, voltando após o primeiro dia útil posterior a 20 de janeiro. Quanto às atribuições dos Magistrados, dos auxiliares da Justiça, dos membros da Advocacia Pública, Ministério Público, Defensoria Pública serão exercidas normalmente, ressalvados: os recessos locais, feriados previstos em lei, as férias individuais e o recesso da Justiça Federal que se aplica aos tribunais superiores. No caso dos Juizados Especiais, a 29 suspensão também é aplicada. Vide En. 269 (art.220) do Fórum Permanente de Processualistas Civis. Leonardo da Cunha defende que neste ínterim, surgindo algum ato a ser consumado pelo Ente Fazendário, deverá ser intimado e o prazo correrá dentro da normalidade, uma vez que a Advocacia Pública continua atuando nesse período, exceto os advogados que estão em período de férias, mesmo nos processos judiciais sob a responsabilidade deles, outros procuradores darão continuidade aos atos da demanda processual. Não obstante, entende o doutrinador que se na lide estiver composta com os entes do §1º do art. 220, por exemplo, uma Ação Civil Pública contra União ou Estado, além das práticas dos atos processuais, o transcurso do prazo é legítimo, bem como a realização de audiências. Diferentemente, aponta Guilherme Barros quando faz menção em sua obra à doutrina de Daniel Amorim que defende, em suma, nos casos em que os atos não carecem da presença das partes nesse intervalo, ficam retardados para contagem a partir do primeiro dia útil depois de findar o recesso. Portanto, apesar da divergência doutrinária, na prática, a suspensão do prazo nesse período não afetará a Fazenda Pública, salvo nos recessos supracitados e nos feriados ocorridos durante esse percurso temporal. 2.1.3. Da não aplicabilidade do prazo em dobro Inicialmente, cumpre registrar a ressalva do art. 183, §2º do CPC/2015 “Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público”, ou melhor, existem os prazos próprios expressos no referido código, além dos previstos em leis esparsas, não se aplicando contagem em dobro à atuação da Fazenda Pública, vejamos algumas situações a seguir: a) Prazos judiciais: São aqueles prazos fixados pelo próprio juízo (como já dito) para o cumprimento de determinado ato ou manifestação processual determinado por prazo fixo. A doutrina de Guilherme Barros entende que nesses casos, se o despacho for genérico (“x” dias) e posto ao cumprimento para ambas as partes, uma delas sendo o Poder Público, o caput do art. 183 caberia ser observado, isto é, o prazo em dobro. 30 No entanto, existem algumas ponderações que pairam dúvidas, vejamos o exemplo: “comprove o Estado em 5 (cinco) dias o cumprimento da liminar”, nesse caso, o despacho judicial foi direcionado à Fazenda Pública. Então, se diante de uma exegese estrita do dispositivo, essa situação teria prazo em dobro para Fazenda. Porém, se apreciado de forma ampla, ao se tratar de prazo fixado para o ente público praticar o ato posto pelo poder judiciário, não teria sentido aplicar a contagem em dobro, considera-se o prazo simples. Desse modo, a última interpretação exarada parece a mais acertada, segundo Guilherme
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