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Como já mencionado no enunciado, o currículo é um conceito complexo a se discutir e interpretar no campo da pesquisa em educação, assim como na esfera escolar. A seguir apresentará as principais diferenças do currículo prescrito do narrativo de forma a apontarmos não só as diferenças, mas a importância do mesmo para proporcionar de fato o acolhimento com a diversidade de saberes e culturas para construir um espaço heterogêneo e plural. O currículo prescritivo pelo termo já nos apresenta a ideia de organização e resolução que tem como significado da palavra prescrição: 1. “ordem determinação” – 2. “norma, preceito, regra.” Dessa forma, é o documento que apresenta suas intenções educativas às instituições de ensino, seja pública ou particular. Dá mesma forma que Sacristán (1998, p. 104) expõe “são todos os aspectos que atuam como referência na ordenação do sistema curricular servindo como ponto de partida para a elaboração de materiais, controle de sistema, etc”. Assim, é elaborado por meio de diretrizes, tendo como princípio a organização dos objetivos, conteúdos e disciplinas de estudo. Uma das razões do currículo prescritivo ser apresentar como genérico e global, é primeiramente porque é um dos principais documentos legitimadores que toda escola ou instituição precisa balizar-se. Outros dois aspectos que justifica seu aspecto de organização e estrutura de forma ampla e impessoal é porque a educação é uma atividade prática. Como Young (2014, p. 196) reforça “A educação trata de fazer coisas com e para os outros; a pedagogia é sempre uma relação de autoridade[...] e devemos aceitar essa responsabilidade.” E a educação é uma atividade especializada, logo é imprescindível que o currículo prescritivo não o seja, uma vez que Young (2014, p. 197) abrange “[...] desenvolver currículos melhores e ampliar oportunidades de aprendizado.” Já mencionamos que o currículo prescritivo é o documento oficial balizador das instituições educacionais, embora sua efetividade na prática docente é distinta do que está previsto, uma vez que são produzidos nos gabinetes das secretarias federais, estaduais e municipais de educação e por especialistas que estão distantes da docência escolar. Por isso, há recortes curriculares desde a LDB 9394/96 - para o Plano Nacional da Educação, para a Base Nacional Comum Curricular e depois para os desencadeamentos para o currículo real, ou seja, ele se constitui em escala de forma macro (documentos e legislações) para micro (chão da escola). Entendendo que o currículo prescritivo desde a LDB 9394/96 até o currículo real sofre alterações devido as reinterpretações e necessidades da comunidade escolar. Nessa perspectiva e retomando a ideia de construir nos alunos uma identidade social e cultural. Se faz necessário repensar em uma outra forma de currículo, o narrativo. Antes de apresentar a visão narrativa do currículo, Moreira (2008) apresenta e organiza três níveis de aprendizagem: a) aprendizagem primária é que relaciona com a aprendizagem do currículo formal; b) aprendizagem secundária que é dinamizado pelo currículo real; e c) aprendizagem terciária são as aprendizagens, narrativas e gerenciamento da vida (GOODSON, 2007). Focando na aprendizagem terciária (currículo narrativo) se estabelece pelo princípio da autoformação, ou seja, o próprio sujeito desenvolver autonomia formar-se. Para isso, é necessário considerar: a) Todos os espaços/tempo de interação humana são formadores; b)O aprendente é o centro da formação; c) A potência narrativa; – ao narrar o sujeito toma consciência de suas escolhas, ancoragens, dos seus referenciais e das aprendizagens desenvolvidas; d)As narrativas de vida geram projetos pessoais, familiares, profissionais e formativos; e) Para compreender o processo formativo do outro é necessário, antes, compreender o seu próprio processo; f) Existem processos inconscientes na formação – “saberes que não se sabem”; g)Valorização da experiência – potencial heurístico e formador da abordagem experiencial; h) Convite à reflexividade crítica – reflexão sobre o que vivemos para termos clareza do que aprendemos e como aprendemos; i) Os sujeitos envolvidos na pesquisa-formação tomam consciência das aprendizagens experienciais – aprendem que “podem aprender consigo a aprender”; j) Potencial transformado – a consciência reflexiva sobre nossas experiências e sobre nosso processo formativo nos permite alterar ideias cristalizadas, superar o modelo escolarizado de formação, abrindo-nos a inovação em diferentes planos: pessoais, sociais e profissionais. (OLINDA, 2010, p. 14) Analisando as visões percebe-se que a proposta do currículo narrativo é que poderia instituir a diversidade como um fato e não apenas como conceito no ambiente escolar. Pois, preconiza as histórias de vida, espaços múltiplos de aprendizagens e valorização da trajetória de cada um independente de etnia, gênero, classe, religião. E dialoga com os mesmo que por serem sujeitos ativos da sua própria vida, também tem a consciência e responsabilidade das suas escolhas e formação, assim como da própria aprendizagem. Último destaque é que essa proposta curricular narrativa seria interessante também para a formação docente, tanto inicial quanto continuada. GOODSON, Ivor. Currículo, narrativa e o futuro social. Em Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 35 maio/ago. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n35/a05v1235.pdf. Acesso em 22 jun 2019. MOREIRA, Antônio Flávio; CANDAU, Vera Maria. Currículo, Conhecimento e Cultura. 2008. SACRISTÁN, J. G. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. YOUNG, Michael. Teoria do currículo: o que é e por que é importante. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 44, n. 151, p. 190-202, jan./mar. 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/198053142851>. Acesso em 15 jun. 2019. http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n35/a05v1235.pdf
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