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FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL Mecanismos Reguladores Há 3 tipos de mecanismo reguladores: REGULAÇÃO ENDÓCRINA A regulação endócrina é o processo por meio do qual a célula sensora do trato GI, a célula enteroendócrina (CEE), responde a um estímulo secretando um peptídio ou hormônio regulador que viaja pela corrente sanguínea até células-alvo situadas em um local distante de onde ocorreu a secreção. REGULAÇÃO PARÁCRINA A regulação parácrina é o processo por meio do qual um mensageiro químico ou peptídio regulador é liberado por célula sensora, com frequência uma CEE da parede intestinal, se difunde pelo espaço intersticial e age sobre célula-alvo próxima. REGULAÇÃO NEURAL Os nervos e os neurotransmissores desempenham papel importante na regulação do funcionamento do trato GI. Na sua forma mais simples, a regulação neural ocorre quando um neurotransmissor é liberado por terminação nervosa, localizada no trato GI, e age sobre a célula inervada por esse neurônio. Entretanto, em alguns casos, não existem sinapses entre os nervos motores e as células efetoras do trato GI. Sistema Nervoso Extrínseco A inervação extrínseca que se dirige ao intestino é composta pelas duas principais subdivisões do SNA, a simpática e a parassimpática (Fig. 26-7). A inervação parassimpática que chega ao intestino é composta pelos nervos vago e pélvicos. O nervo vago inerva o esôfago, o estômago, a vesícula biliar, o pâncreas, a primeira parte do intestino, o ceco e a parte proximal do cólon. Os nervos pélvicos inervam a parte distal do cólon e a região anorretal, além de outros órgãos pélvicos que não fazem parte do trato GI. A inervação simpática é formada por corpos celulares situados na medula espinhal e fibras nervosas que terminam nos gânglios pré-vertebrais (gânglio celíaco e mesentérico superior e inferior). Esses corpos celulares e suas fibras nervosas correspondem aos neurônios pré-ganglionares. Essas fibras nervosas fazem sinapse com neurônios pós-ganglionares localizados nos gânglios, e as fibras destes últimos saem dos gânglios e se dirigem ao órgão-alvo, acompanhando os principais vasos sanguíneos e seus ramos. Algumas fibras simpáticas vasoconstritoras inervam, diretamente, os vasos sanguíneos do trato GI, e outras fibras simpáticas inervam estruturas glandulares da parede do intestino. OBS.: O SNA, tanto a subdivisão simpática quanto a parassimpática, também transporta as fibras de neurônios aferentes ,estas são fibras sensitivas. Os corpos celulares dos neurônios aferentes vagais ficam no gânglio nodoso. Esses neurônios têm projeção central que termina no núcleo do trato solitário, situado no tronco encefálico, e outra projeção terminal localizada na parede do intestino. Os corpos celulares dos neurônios aferentes espinais que cursam junto com a via simpática estão separados por segmentos e se encontram nos gânglios das raízes dorsais. As terminações periféricas dos neurônios aferentes vagais e espinais estão localizadas em todas as camadas da parede do intestino, onde detectam informações sobre o estado desse órgão e as enviam ao SNC. Dessa forma, o SNC recebe informações sobre o conteúdo luminal. Inervação Neural Intrínseca O SNE é composto por dois plexos principais, que consistem em grupos de corpos celulares (gânglios) e suas fibras, todas originadas na parede do intestino (Fig. 26-8). O plexo mioentérico fica situado entre a camada muscular circular e a longitudinal, e o plexo submucoso fica localizado na submucosa. Os estímulos que chegam à parede do intestino são detectados por neurônios aferentes, que ativam interneurônios. Após serem ativados, os interneurônios ativam neurônios eferentes e, como consequência, ocorre alteração no funcionamento do órgão. Dessa forma, o SNE é capaz de agir, de modo autônomo, em relação à inervação extrínseca. Entretanto, como já foi dito, os neurônios do SNE são inervados por neurônios extrínsecos e, portanto, o funcionamento dessas vias reflexas pode ser modulado pelo sistema nervoso extrínseco. Por ser capaz de realizar suas próprias funções integrativas e vias reflexas complexas, o SNE é, às vezes, chamado de “pequeno cérebro do intestino”. FASES CEFÁLICA E ORAL ❖ A principal característica da fase cefálica é a ativação do trato GI em prontidão para a refeição. Os estímulos envolvidos são cognitivos e incluem a antecipação e o pensamento sobre o consumo da comida, o estímulo olfatório, o estímulo visual. Todos esses estímulos resultam em aumento do fluxo parassimpático excitatório neural para o intestino. Estímulos sensoriais, como o cheiro, estimulam os nervos sensoriais a ativarem o fluxo parassimpático para o tronco cerebral. ❖ Sistema límbico, hipotálamo e córtex tb estão envolvidos na cognição dessa resposta, ela pode ser positiva e negativa, então estado emocional e psicológico afetam a resposta cognitiva a refeição. ❖ A via final comum é a ativação do núcleo motor do vago, no tronco cerebral, de onde os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares parassimpáticos saem, essa ativação do núcleo lev a atividade maior das fibras eferentes, essas fibras eferentes ativam os neurônios motores pós-ganglionares. Com o fluxo parassimpático aumentado, melhora a secreção salivar, a secreção de ácido gástrico, a secreção enzimática do pâncreas, a contração da bexiga e relaxamento do esfíncter de Oddi. Todas essas respostas irão melhorar a funcionalidade do trato GI. ❖ Na fase oral, como a comida está em contato com a superfície gastrointestinal, recebe estímulos adicionais químicos e mecânicos gerados da boca, entretanto muitas das respostas da fase oral são idênticas as iniciadas na fase cefálica, porque a via eferente é a mesma. ❖ A boca é importante para a quebra mecânica do alimento e para o início da digestão. A mastigação subdivide e mistura o alimento com as enzimas amilase salivar e lipase lingual e com a glicoproteína mucina, que lubrifica o alimento para a mastigação e deglutição. Absorção mínima ocorre na boca, embora o álcool e alguns fármacos sejam absorvidos na cavidade oral e isso pode ser clinicamente importante. Entretanto, como na fase cefálica, é importante perceber que o estímulo da cavidade oral inicia respostas mais distais do trato GI, incluindo a secreção de aumentada ácido gástrico, a secreção aumentadas de enzimas pancreáticas, a contração da vesícula biliar e o relaxamento do esfíncter de Oddi, mediado pela via eferente vagal. Secreção Salivar ❖ Duranteas fases cefálica e oral da refeição, ocorre estimulação considerável da secreção salivar. ❖ As principais funções da saliva na digestão incluem lubrificação e umidificação do material para a deglutição, solubilização para o paladar, início da digestão de carboidratos depuração e neutralização do refluxo das secreções gástricas no esôfago e também tem ações antibacterianas. ❖ Existem três pares de glândulas salivares: parótida, submandibular e sublingual.A glândula parótida produz, principalmente, secreção serosa, a glândula sublingual secreta, na maior parte, muco, e a glândula submandibular produz secreção mista. ❖ Composição: grande intensidade do fluxo relativa à massa da glândula, baixa osmolaridade, alta concentração de K+ e de constituintes orgânicos, incluindo enzimas (amilase, lipase), mucina e fatores de crescimento. ❖ A intensidade máxima da produção de saliva nos humanos é de cerca de 1 mL/min/g da glândula; assim, nesta intensidade, as glândulas estão produzindo seu próprio peso, em saliva, a cada minuto. As glândulas salivares têm metabolismo elevado e alto fluxo sanguíneo, ambos proporcionais à intensidade da formação de saliva. ❖ O controle da secreção salivar é exclusivamente neural. A secreção da saliva é estimulada pelas divisões simpáticas e parassimpáticas do s.n. autônomo. O controle primário das gls salivares ocorre pelo parassimpático, a excitação dos nervos simpático e parassimpático para as gls salivares estimula a secreção salivar.A estimulação parassimpática aumenta a síntese e a secreção de amilase salivar e de mucina, melhora as atividades de transporte do epitélio ductular, aumenta muito o fluxo sanguíneo para as glândulas e estimula o metabolismo glandular e seu crescimento. Deglutição O reflexo da deglutição é sequência rigidamente ordenada de eventos, que levam o alimento da boca para a faringe e de lá para o estômago. A via aferente do reflexo da deglutição começa quando os receptores de estiramento são estimulados, os impulsos sensoriais desses receptores serão transmitidos para o centro da deglutição(área do bulbo e da ponte), os impulsos motores passam do centro da deglutição para a musculatura da faringe e do esôfago superior, pelos nervos cranianos e para o restante do esôfago pelos neurônios motores vagais. A fase voluntária da deglutição é iniciada quando a ponta da língua separa um bolo da massa de alimento na boca. Primeiro, a ponta da língua, depois as partes posteriores da língua pressionam contra o palato duro. A ação da língua move o bolo para cima e, então, para trás da boca. O bolo é forçado para a faringe, que estimula receptores de tato, que iniciam o reflexo da deglutição. A fase faríngea segue uma sequência de eventos:(1) o palato mole é puxado para cima e as dobras palatofaríngeas movimentam-se para dentro, uma em direção à outra; esses movimentos evitam o refluxo do alimento para a nasofaringe e abrem uma estreita passagem pela qual o alimento se move para a faringe; (2) as cordas vocais se aproximam e a laringe é movida para trás e para cima, contra a epiglote; essas ações evitam que o alimento entre na traqueia e ajuda a abrir o esfíncter esofágico superior (EES); (3) O EES se relaxa para receber o bolo alimentar; e (4) os músculos constritores superiores da faringe se contraem fortemente para forçar o bolo profundamente na faringe. É iniciada uma onda peristáltica com a contração dos músculos constritores superiores faríngeos, e a onda se move em direção ao esôfago. Essa onda força o bolo de comida através do esfíncter esofágico superior relaxado. Durante o estágio faríngeo da deglutição, a respiração também é reflexamente inibida. Após o bolo alimentar passar pelo EES, uma ação reflexa faz com que o esfíncter se contraia. FASE ESOFÁGICA ❖ Como o esôfago liga a faringe ao estômago, os esfíncteres situados nas extremidade “velam” o esôfago dos conteúdos orofaringiano e gástrico.Entre as deglutições, a entrada do esôfago está obstruída pelo esfíncter esofagiano superior,então o músculo cricofaríngeo contrai entre as deglutições, relaxando somente com a aproximação do bolo alimentar. A seguir, ele se retrai de novo, prevenindo o refluxo esôfago-faríngeo. ❖ O esvaziamento do órgão se deve à motilidade do tipo peristáltica. Assim, a contração anelar da camada circular passa, em forma de onda, do esôfago proximal para o distal. Esta é precedida por outra onda de relaxamento, à medida que a onda peristáltica progride distalmente, ela se torna mais lenta, e a taxa de variação da pressão intraluminal diminui.A peristalse é classificada em primária ou secundária. A primária tem origem na deglutição. Já a distensão mecânica ou a acidez da mucosa esofagiana desencadeia a peristalse secundária, facilitando a remoção dos resíduos.Quando a deglutição se repete rapidamente, como em uma golada de chope, a peristalse primária só ocorre após a última deglutição da série: é a inibição deglutitiva. ❖ O esfíncter esofagiano inferior, forma, junto com o diafragma crural, zona de alta pressão (cerca de 25 mmHg): a junção esofagogástrica, e exibe contração tônica entre as deglutições porque ele tem maior sensibilidade da junção a neurotransmissão excitatória colinérgica.Como a tensão basal da junção tende a ser 5 mmHg maior que a pressão intragástrica, o refluxo da acidez gástrica é prevenido. ❖ Logo após a deglutição, a pressão na junção esofagogástrica cai e assim se mantém enquanto a onda peristáltica atinge o esôfago distal, levando-o a esguichar o bolo alimentar no estômago. Em seguida, o esôfago distal volta a relaxar, e o esfíncter inferior, a se contrair, elevando a pressão cerca de 70 mmHg além do valor basal e assim permanecendo (por cerca de 5 s) antes de retornar ao nível basal, o que previne o refluxo gastresofágico. ❖ Considera-se serem a sequência e o ritmo da deglutição determinados por centro gerador de padrão localizado no bulbo (“centro da deglutição”), estimulado por receptores na boca e na faringe.A ativação sequenciada da peristalse esofagiana depende de ação neural, mas o esôfago distal ainda se contrai no tempo próprio após a deglutição, mesmo depois da secção transversal do órgão. FASE GÁSTRICA ❖ O alimento que chega no estômago vindo do esôfago, produz estimulação mecânica da parede gástrica, pela distensão e pelo estiramento do músculo liso.A regulação da função do estômago, durantea fase gástrica, é dependente de componentes endócrinos, parácrinos e neurais. Esses componentes são ativados por estímulos mecânicos e químicos, que resultam em vias reflexas neurais intrínsecas e extrínsecas, importantes para a regulação da função gástrica. Neurônios aferentes que se dirigem do trato GI para o sistema nervoso central via nervo vago respondem a esses estímulos mecânicos e químicos e ativam a eferência parassimpática. ❖ As vias endócrinas incluem a liberação de gastrina, que estimula a secreção gástrica, e a liberação de somatostatina, que inibe a secreção gástrica. Importantes vias parácrinas incluem a liberação de histamina, que estimula a secreção gástrica ácida. As respostas causadas pela ativação dessas vias podem ser secretoras e motoras; respostas secretoras incluem a secreção de ácido, de pepsinogênio, muco, do fator intrínseco, de gastrina, de lípase e de HCO3. Em geral, essas secreções iniciam a digestão proteica e protegem a mucosa gástrica. Respostas motoras (variações da atividade da musculatura lisa) podem ser inibição da motilidade da parte proximal do estômago (relaxamento receptivo) e estimulação da motilidade da parte distal do estômago, que causa peristaltismo do antro. Essas alterações vão ser importantes no armazenamento e na mistura do alimento com as secreções e também na regulação do fluxo do conteúdo para fora do estômago. Secreção Gástrica ❖ O suco gástrico é uma mistura das secreções das células da superfície epitelial e as secreções das glândulas gástricas. Um dos componentes mais importantes do suco gástrico é o H+, secreção que ocorre em presença de gradiente de concentração muito acentuado, dessa forma a secreção de H+ requer muita energia. ❖ A principal função do H+ é a conversão do pepsinogênio inativo (a principal enzima do estômago) em pepsinas, que iniciam a digestão proteica, no estômago. ❖ O estômago também secreta quantidades significativas de HCO3 e muco, importante para proteção da mucosa gástrica contra o ambiente luminal acídico e péptico. Composição Constituintes Inorgânicos do Suco Gástrico ❖ A composição iônica do suco gástrico depende da intensidade da secreção. ❖ Quanto maior a intensidade secretória,maior a concentração de íons H+. Nas menores intensidades secretórias, a [H+] diminui e a [Na+] aumenta. ❖ A [K+] é sempre maior no suco gástrico que no plasma. ❖ Em todas as intensidades da secreção, o Cl– é o principal ânion do suco gástrico. Constituintes Orgânicos do Suco Gástrico ❖ O constituinte orgânico predominante do suco gástrico é o pepsinogênio, a pró-enzima inativa da pepsina.Os pepsinogênios estão contidos em grânulos de zimogênio ligados à membrana das células principais. Os grânulos de zimogênio liberam seu conteúdo por exocitose quando as células principais são estimuladas a secretar (Tabela 28-2). Os pepsinogênios são convertidos em pepsinas ativas, pela clivagem de ligações ácido-lábeis. Quanto menor o pH, mais rápida é a conversão. ❖ Pepsinas também atuam sobre os pepsinogênios para formar mais pepsina. As pepsinas têm maior atividade proteolítica no pH 3 ou menores. As pepsinas podem digerir até 20% das proteínas de refeição típica e não são necessárias a digestão, porque sua função pode ser substituída pelas proteases pancreáticas. Quando o pH do lúmen duodenal é neutralizado, as pepsinas são inativadas pelo pH neutro. ❖ O fator intrínseco, uma glicoproteína secretada pelas células parietais do estômago, é necessário para a absorção normal da vitamina B12. O fator intrínseco é liberado em resposta aos mesmos estímulos que desencadeiam a secreção do HCl pelas células parietais. Mecanismo Celulares da Secreção Gástrica ❖ As membranas das túbulo-vesículas contêm as proteínas de transporte, responsáveis pela secreção de H+ e de Cl–, para o interior do lúmen da glândula. Quando as células parietais são estimuladas a secretar HCl, as membranas tubulovesiculares se fundem à membrana plasmática dos canalículos secretores. Essa extensa fusão de membranas aumenta muito o número de proteínas de antiporte de H+-K+ na membrana plasmática dos canalículos secretores. Quando as células parietais secretam ácido gástrico na intensidade máxima, H+ é bombeado contra o gradiente de concentração que é em torno de 1 milhão de vezes. Dessa forma, o pH é 7, no citosol das células parietais, e 1, no lúmen da glândula gástrica. ❖ O Cl– penetra na célula através da membrana basolateral em troca de HCO3, gerado na célula, pela ação da anidrase carbônica, que produz HCO3 e H+. O H+ é secretado através da membrana luminal pela H+,K+-ATPase em troca por K+. O Cl– entra no lúmen por canal iônico, localizado na membrana luminal. Aumento do Ca++ e do AMPc intracelular estimula o transporte da membrana luminal do Cl– e K+. Um aumento na condutância de K+ hiperpolariza o potencial de membrana luminal, o que aumenta a força motriz para o efluxo do Cl– através da membrana luminal. O canal de K+ na membrana basolateral, também medeia o efluxo do K+ que se acumula na célula parietal, pela a atividade da H+,K+-ATPase. Além disso, o AMPc e o Ca++ promovem o tráfego de canais de Cl– para a membrana luminal e a fusão de túbulo-vesículas citosólicas contendo H+,K+- ATPase com a membrana dos canalículos secretores. A secreção de H+ das células parietais é também acompanhada pelo transporte de HCO3 para o interior da corrente sanguínea, para manter o pH intracelular. Secreção do HCO3 O HCO3 fica retido no muco viscoso que recobre a superfície do estômago; dessa forma, o muco secretado pela mucosa em repouso recobre o estômago com cobertura pegajosa e alcalina. Quando o alimento é ingerido, aumentam ainda mais, a de secreção tanto muco quanto do HCO3. Secreção do Muco Mucinas são secretadas por células mucosas do colo localizadas nos colos das glândulas gástricas e pelas células epiteliais superficiais do estômago. O muco é armazenado, em grandes grânulos, no citoplasma apical das células mucosas do colo e das células epiteliais superficiais e é liberado por exocitose Essas mucinas são tetraméricas(consistem em quatro monômeros) formam um gel pegajoso, que adere à superfície do estômago. No entanto, ele está sujeito a proteólise pelas pepsinas, que quebram as pontes de dissulfeto próximas ao centro do tetrâmero. A proteólise libera fragmentos que não formam géis e, então, dissolvem a camada protetora de muco. A manutenção da camada de muco protetor requer síntese contínua de novas mucinas tetraméricas, para repor as mucinas clivadas pelas pepsinas. A secreção de muco é estimulada especialmente, pela acetilcolina, liberada pelas terminações nervosas parassimpáticas, próximas a glândulas gástricas. Regulação de Secreção Gástrica A inervação parassimpática pelo nervo vago é o estimulantemais forte da secreção gástrica de H+. Fibras eferentes extrínsecas terminam em neurônios intrínsecos que inervam as células parietais, as células ECL, que secretam o mediador parácrino histamina, e as células endócrinas, que secretam o hormônio gastrina. Ainda mais, a estimulação vagal produz secreção de pepsinogênio, de muco, do HCO3 e fator intrínseco. A estimulação do sistema nervoso parassimpático também ocorre durante as fases cefálica e oral da alimentação. No entanto, a fase gástrica tem a maior estimulação da secreção gástrica do período pós-prandial. A ativação de neurônios intrínsecos, por ativação eferente vagal, resulta em liberação de acetilcolina pelos terminais nervosos, que ativa as células no epitélio gástrico. Células parietais expressam receptores muscarínicos e são ativadas para secretar H+ em resposta à atividade nervosa eferente vagal. Ainda mais, a ativação parassimpática, por meio do peptídeo liberador de gastrina pelos neurônios intrínsecos, libera a gastrina das células G, localizadas nas glândulas e no antro gástrico . A gastrina entra na corrente sanguínea e, por mecanismo endócrino, estimula, ainda mais, as células parietais a secretarem H+. As células parietais expressam receptores de colecistocinina tipo 2 (CCK2) para gastrina. Histamina é também secretada em resposta à estimulação vagal, e células ECL expressam receptores muscarínicos para gastrina. Dessa forma, a gastrina e a atividade eferente vagal induzem a liberação de histamina, que potencializa os efeitos da gastrina e da acetilcolina sobre as células parietais. Assim, a ativação dos eferentes parassimpáticos (vagal) para o estômago é muito eficiente na estimulação das células parietais a secretarem ácido. Na fase gástrica, a presença do alimento no estômago é detectada e ativa os reflexos vagovagais a estimular em secreção. A presença do alimento no estômago resulta em distensão e estiramento, que são detectados por terminações aferentes (ou sensoriais) na parede gástrica. Elas são os terminais periféricos de nervos aferentes vagais que transmitem informação para o tronco encefálico e estimulam a atividade de fibras eferentes vagais, os reflexos vagovagais. A presença de ácido na parte do estômago (antro) ativa uma alça de retroalimentação para inibir a célula parietal, de forma que a secreção de H+, estimulada pelo alimento, não prossiga sem ser checada. Quando a concentração de H+ no lúmen alcança determinado limiar (abaixo de pH 3), a somatostatina é liberada por células endócrinas na mucosa do antro. A somatostatina tem ação parácrina sobre as células G vizinhas, o que reduz a liberação de gastrina e reduz, acentuadamente, a secreção gástrica ácida. Histamina é o agonista mais forte da secreção de H+, enquanto gastrina e acetilcolina são agonistas muito mais fracos. No entanto, histamina, acetilcolina e gastrina potencializam as ações uns aos outros sobre a célula parietal. Assim, muito da resposta à gastrina resulta da liberação de histamina, estimulada pela gastrina. A gastrina também tem importantes efeitos tróficos: a elevação dos níveis de gastrina faz com que as células ECL aumentem em tamanho e número. A ligação da histamina a receptores H2, na membrana plasmática das células parietais, ativa a adenilato ciclase e eleva a concentração citosólica do AMPc. Esses eventos estimulam a secreção de H+, por meio da ativação de canais de K+ basolaterais e pelos canais apicais de Cl–. Também faz com que maior número de moléculas de H+,K+-ATPase e canais de Cl– seja inserido na membrana plasmática apical (Fig. 28-4). A acetilcolina se liga a receptores muscarínicos M3 e abre canais de Ca++, na membrana plasmática apical. A acetilcolina também eleva a [Ca++] intracelular, pela liberação de Ca++ de seu armazenamento intracelular. Isso faz aumentar a secreção de H+, pela ativação de canais de K+ basolaterais, e por fazer com que mais moléculas de H+,K+-ATPase e canais de Cl– sejam inseridos na membrana plasmática apical. A gastrina aumenta a secreção ácida por se ligar a receptores CCK-B . MOTILIDADE GÁSTRICA ❖ Como discutido, o estômago é dividido em duas regiões funcionais — proximal e distal, com esfíncters em cada extremo. O EEI(esfincter esofágico inferior) e o cárdia (defi nido como a região do estômago imediatamente circundando o EEI) têm funções importantes. O relaxamento do EEI e do cárdia permitem a entrada do aumento, do esôfago para o estômago e a liberação de gás, chamada eructação. Pela manutenção do tônus, é impedido o refluxo do conteúdo estomacal para o esôfago. A parte proximal do estômago (o fundo, junto com o corpo) produz lentas variações do tônus, compatíveis com sua função de reservatório. Elas são importantes para receber e armazenar o alimento e para misturar o conteúdo com o suco gástrico. A geração do tônus na porção proximal do estômago é também uma importante força motriz na regulação do esvaziamento gástrico. Baixo tônus e, consequentemente, baixa pressão intragástrica, estão associados ao esvaziamento gástrico lento ou retardo e o aumento no tônus dessa região é necessário para ocorrer esvaziamento gástrico. ❖ A parte distal do estômago é importante na mistura dos conteúdos gástricos e para a propulsão pelo piloro, em direção ao duodeno. As camadas musculares na região do antro gástrico são mais espessas do que nas regiões mais proximais do estômago, então, o antro é capaz de produzir fortes contrações fásicas. As contrações iniciadas pelas ondas lentas começam no meio do estômago e se movem em direção ao piloro. A força dessas contrações varia durante o período pós-prandial. Na fase gástrica da refeição, o piloro, em geral, está fechado, e essas contrações antrais servem para misturar o conteúdo gástrico e reduzir o tamanho das partículas sólidas (trituração). No entanto, por fim, essas contrações antrais são também importantes para esvaziar o conteúdo estomacal. O esfíncter pilórico é a junção gastroduodenal, definido como área de musculatura circular espessa. Essa é região de alta pressão gerada por contração tônica da musculatura lisa. É importante para regular o esvaziamento gástrico. Regulação ❖ Os estímulos que regulam a função motora gástrica, que resultam da presença do alimento no estômago, são mecânicos e químicos e incluem a distensãoe a presença de produtos da digestão proteica (aminoácidos e pequenos peptídeos). As vias regulando esses processos são, predominantemente, neurais e consistem em reflexos vagovagais iniciados por fibras aferentes extrínsecas que inervam o músculo e a mucosa. Os aferentes mucosos respondem a estímulos químicos, e os aferentes mecanossensíveis respondem à distensão e à contração da musculatura lisa. Essa estimulação resulta em ativação reflexa de vias eferentes vagais (parassimpáticos) e ativação de neurônios entéricos, que inervam a musculatura lisa. A ativação de neurônios entéricos produz efeitos excitatórios e inibitórios sobre a musculatura lisa gástrica; estes efeitos variam dependendo da região do estômago. Dessa forma, a distensão d a parede gástrica resulta na inibição da musculatura lisa, na porção proximal do estômago, e o subsequente reflexo de acomodação, que permite que a entrada e o armazenamento do alimento ocorram com mínimo aumento da pressão intragástrica. ❖ Em contrapartida, o padrão motor predominante na parte distal do estômago, na fase gástrica da refeição, é a ativação da musculatura lisa, para produzir e reforçar as contrações antrais. A frequência das contrações antrais é determinada pelo marcapasso gástrico; no entanto, a amplitude das contrações é regulada pela liberação de neurotransmissores, pelos neurônios entéricos, incluindo a substância P e a acetilcolina, que aumentam o nível de despolarização da musculatura lisa e, consequentemente, produzem contrações mais fortes. Nessa fase da refeição, o piloro está, na maior parte de tempo, fechado. Dessa forma, as contrações antrais tentarão mover o conteúdo em direção ao piloro; no entanto,como o piloro está fechado, o conteúdo será retornado para as porções mais proximais do estômago. O conteúdo gástrico será misturado. Em adição, as contrações antrais podem ocluir o lúmen, e maiores partículas serão separadas e dispersadas, um processo referido como trituração.
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