Buscar

FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL

Prévia do material em texto

FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL 
Mecanismos Reguladores 
 
Há 3 tipos de mecanismo reguladores: 
 
 REGULAÇÃO ENDÓCRINA 
A regulação endócrina é o processo por meio do qual a célula sensora do trato GI, a ​célula                                   
enteroendócrina (CEE), ​responde a um estímulo secretando um peptídio ou hormônio regulador                       
que viaja pela corrente sanguínea até células-alvo situadas em um local distante de onde ocorreu a                               
secreção. 
 
REGULAÇÃO PARÁCRINA 
A regulação parácrina é o processo por meio do qual um mensageiro químico ou peptídio regulador é liberado por 
célula sensora, com frequência uma CEE da parede intestinal, se difunde pelo espaço intersticial e age sobre 
célula-alvo próxima. 
 
 
REGULAÇÃO NEURAL 
Os nervos e os neurotransmissores desempenham papel importante na regulação do                     
funcionamento do trato 
GI. Na sua forma mais simples, a regulação neural ocorre quando um neurotransmissor é liberado                             
por terminação 
nervosa, localizada no trato GI, e age sobre a célula inervada por esse neurônio. Entretanto, em                               
alguns casos, 
não existem sinapses entre os nervos motores e as células efetoras do trato GI. 
Sistema Nervoso Extrínseco 
A inervação extrínseca que se dirige ao intestino é composta pelas duas principais subdivisões do                             
SNA, a simpática e a parassimpática (Fig. 26-7). A ​inervação parassimpática ​que chega ao intestino                             
é composta ​pelos nervos vago e pélvicos. O nervo ​vago inerva o esôfago, o estômago, a vesícula                                 
biliar, o pâncreas, a primeira parte do intestino, o ceco e a parte proximal do cólon. Os nervos                                   
pélvicos ​inervam a parte distal do cólon e a região anorretal, além de outros órgãos pélvicos que                                 
não fazem parte do trato GI. 
A ​inervação simpática é formada por corpos celulares situados na medula espinhal e fibras                           
nervosas que terminam nos ​gânglios pré-vertebrais ​(gânglio celíaco e mesentérico superior e                       
inferior). Esses corpos celulares e suas fibras nervosas correspondem aos neurônios                     
pré-ganglionares. Essas fibras nervosas fazem sinapse com neurônios pós-ganglionares localizados                   
nos gânglios, e as fibras destes últimos saem dos gânglios e se dirigem ao órgão-alvo,                             
acompanhando os principais vasos sanguíneos e seus ramos. Algumas fibras simpáticas                     
vasoconstritoras inervam, diretamente, os vasos sanguíneos do trato GI, e outras fibras simpáticas                         
inervam estruturas glandulares da parede do intestino. 
OBS.: O SNA, tanto a subdivisão simpática quanto a parassimpática, também transporta as fibras de 
neurônios ​aferentes ​,estas são fibras ​sensitivas. 
Os corpos celulares dos neurônios ​aferentes vagais ​ficam no gânglio nodoso. 
Esses neurônios têm projeção central que termina no ​núcleo do trato solitário, ​situado no tronco                             
encefálico, e outra projeção terminal localizada na parede do intestino. Os corpos celulares dos                           
neurônios ​aferentes ​espinais ​que cursam junto com a via simpática estão separados por                         
segmentos e se encontram nos gânglios das raízes dorsais. As terminações periféricas dos                         
neurônios aferentes vagais e espinais estão localizadas em todas as camadas da parede do intestino,                             
onde detectam informações sobre o estado desse órgão e as enviam ao SNC. Dessa forma, o SNC                                 
recebe informações sobre o conteúdo luminal. 
 
Inervação Neural Intrínseca 
O SNE é composto por dois plexos principais, que consistem em grupos de corpos celulares                             
(gânglios) e suas fibras, todas originadas na parede do intestino (Fig. 26-8). O ​plexo mioentérico ​fica                               
situado entre a camada muscular circular e a longitudinal, e o ​plexo submucoso fica localizado na                               
submucosa. 
Os estímulos que chegam à parede do intestino são detectados por neurônios aferentes, que                           
ativam interneurônios. 
Após serem ativados, os interneurônios ativam neurônios eferentes e, como consequência, ocorre                       
alteração no funcionamento do órgão. Dessa forma, o SNE é capaz de agir, de modo autônomo, em                                 
relação à inervação 
extrínseca. Entretanto, como já foi dito, os neurônios do SNE são inervados por neurônios                           
extrínsecos e, portanto, 
o funcionamento dessas vias reflexas pode ser modulado pelo sistema nervoso extrínseco. Por ser                           
capaz de realizar suas próprias funções integrativas e vias reflexas complexas, o SNE é, às vezes,                               
chamado de “pequeno cérebro do intestino”. 
 
 
 
FASES CEFÁLICA E ORAL 
 
❖ A principal característica da ​fase cefálica é a ativação do trato GI em prontidão para a                               
refeição. Os estímulos envolvidos são cognitivos e incluem a antecipação e o pensamento                         
sobre o consumo da comida, o estímulo olfatório, o estímulo visual. Todos esses estímulos                           
resultam em aumento do fluxo parassimpático excitatório neural para o intestino. Estímulos                       
sensoriais, como o cheiro, estimulam os nervos sensoriais a ativarem o fluxo parassimpático                         
para o tronco cerebral.  
❖ Sistema límbico, hipotálamo e córtex tb estão envolvidos na cognição dessa resposta, ela                         
pode ser positiva e negativa, então estado emocional e psicológico afetam a resposta                         
cognitiva a refeição. 
❖ A via final comum é a ativação do núcleo motor do vago, no tronco cerebral, de onde os                                   
corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares parassimpáticos saem, essa ativação do                   
núcleo lev a atividade maior das fibras eferentes, essas fibras eferentes ativam os neurônios                           
motores pós-ganglionares. Com o fluxo parassimpático aumentado, melhora a secreção                   
salivar, a secreção de ácido gástrico, a secreção enzimática do pâncreas, a contração da                           
bexiga e relaxamento do esfíncter de Oddi. Todas essas respostas irão melhorar a                         
funcionalidade do trato GI. 
❖ Na ​fase oral, como a comida está em contato com a superfície gastrointestinal, recebe                           
estímulos adicionais químicos e mecânicos gerados da boca, entretanto muitas das respostas                       
da fase oral são idênticas as iniciadas na fase cefálica, porque a via eferente é a mesma. 
❖ A boca é importante para a quebra mecânica do alimento e para o início da digestão. A                                 
mastigação subdivide e mistura o alimento com as enzimas amilase salivar e lipase lingual e                             
com a glicoproteína mucina, que lubrifica o alimento para a mastigação e deglutição.                         
Absorção mínima ocorre na boca, embora o álcool e alguns fármacos sejam absorvidos na                           
cavidade oral e isso pode ser clinicamente importante. Entretanto, como na fase cefálica, é                           
importante perceber que o estímulo da cavidade oral inicia respostas mais distais do trato GI,                             
incluindo a secreção de aumentada ácido gástrico, a secreção aumentadas de enzimas                       
pancreáticas, a contração da vesícula biliar e o relaxamento do esfíncter de Oddi, mediado                           
pela via eferente vagal. 
 
Secreção Salivar 
❖ Duranteas fases cefálica e oral da refeição, ocorre estimulação considerável da secreção                         
salivar. 
❖ As principais funções da saliva na digestão incluem lubrificação e umidificação do material                         
para a deglutição, solubilização para o paladar, início da digestão de carboidratos depuração                         
e neutralização do refluxo das secreções gástricas no esôfago e também tem ações                         
antibacterianas. 
❖ Existem três pares de glândulas salivares: parótida, submandibular e sublingual.A glândula                     
parótida produz, principalmente, secreção serosa, a glândula sublingual secreta, na maior                     
parte, muco, e a glândula submandibular produz secreção mista. 
❖ Composição: grande intensidade do fluxo relativa à massa da glândula, baixa osmolaridade,                       
alta concentração de K+ e de constituintes orgânicos, incluindo enzimas (amilase, lipase),                       
mucina e fatores de crescimento. 
❖ A intensidade máxima da produção de saliva nos humanos é de cerca de 1 mL/min/g da                               
glândula; assim, nesta intensidade, as glândulas estão produzindo seu próprio peso, em saliva,                         
a cada minuto. As glândulas salivares têm metabolismo elevado e alto fluxo sanguíneo,                         
ambos proporcionais à intensidade da formação de saliva. 
❖ O controle da secreção salivar é exclusivamente neural. A secreção da saliva é estimulada                           
pelas divisões simpáticas e parassimpáticas do s.n. autônomo. O controle primário das gls                         
salivares ocorre pelo parassimpático, a excitação dos nervos simpático e parassimpático para                       
as gls salivares estimula a secreção salivar.A estimulação parassimpática aumenta a síntese e                         
a secreção de amilase salivar e de mucina, melhora as atividades de transporte do epitélio                             
ductular, aumenta muito o fluxo sanguíneo para as glândulas e estimula o metabolismo                         
glandular e seu crescimento. 
 
 
 
Deglutição 
O reflexo da deglutição é sequência rigidamente ordenada de eventos, que levam o alimento da                             
boca para a faringe e de lá para o estômago. A via aferente do reflexo da deglutição começa quando                                     
os receptores de estiramento são estimulados, os impulsos sensoriais desses receptores serão                       
transmitidos para o centro da deglutição(área do bulbo e da ponte), os impulsos motores passam                             
do centro da deglutição para a musculatura da faringe e do esôfago superior, pelos nervos                             
cranianos e para o restante do esôfago pelos neurônios motores vagais.  
A fase voluntária da deglutição é iniciada quando a ponta da língua separa um bolo da massa de 
alimento na boca. Primeiro, a ponta da língua, depois as partes posteriores da língua pressionam                             
contra o palato duro. A ação da língua move o bolo para cima e, então, para trás da boca. O bolo é                                           
forçado para a faringe, que estimula receptores de tato, que iniciam o reflexo da deglutição. 
A fase faríngea segue uma sequência de eventos:(1) o palato mole é puxado para cima e as 
dobras palatofaríngeas movimentam-se para dentro, uma em direção à outra; esses movimentos                       
evitam o refluxo do alimento para a nasofaringe e abrem uma estreita passagem pela qual o                               
alimento se move para a faringe; (2) as cordas vocais se aproximam e a laringe é movida para trás e                                       
para cima, contra a epiglote; essas ações evitam que o alimento entre na traqueia e ajuda a abrir o                                     
esfíncter esofágico superior (EES); (3) O EES se relaxa para receber o bolo alimentar; e (4) os                                 
músculos constritores superiores da faringe se contraem fortemente 
para forçar o bolo profundamente na faringe. É iniciada uma onda peristáltica com a contração dos 
músculos constritores superiores faríngeos, e a onda se move em direção ao esôfago. Essa onda                             
força o bolo de comida através do esfíncter esofágico superior relaxado. Durante o estágio faríngeo                             
da deglutição, a respiração também é reflexamente inibida. Após o bolo alimentar passar pelo EES,                             
uma ação reflexa faz com que o esfíncter se contraia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FASE ESOFÁGICA 
 
❖ Como o esôfago liga a faringe ao estômago, os esfíncteres situados nas extremidade “velam”                           
o esôfago dos conteúdos orofaringiano e gástrico.Entre as deglutições, a entrada do esôfago                         
está obstruída pelo esfíncter esofagiano superior,então o músculo cricofaríngeo contrai entre                     
as deglutições, relaxando somente com a aproximação do bolo alimentar. A seguir, ele se                           
retrai de novo, prevenindo o refluxo esôfago-faríngeo. 
❖ O esvaziamento do órgão se deve à motilidade do tipo peristáltica. Assim, a contração anelar                             
da camada circular passa, em forma de onda, do esôfago proximal para o distal. Esta é                               
precedida por outra onda de relaxamento, à medida que a onda peristáltica progride                         
distalmente, ela se torna mais lenta, e a taxa de variação da pressão intraluminal diminui.A                             
peristalse é classificada em primária ou secundária. A primária tem origem na deglutição. Já a                             
distensão mecânica ou a acidez da mucosa esofagiana desencadeia a peristalse secundária,                       
facilitando a remoção dos resíduos.Quando a deglutição se repete rapidamente, como em                       
uma golada de chope, a peristalse primária só ocorre após a última deglutição da série: é a                                 
inibição deglutitiva. 
❖ O esfíncter esofagiano inferior, forma, junto com o diafragma crural, zona de alta pressão                           
(cerca de 25 mmHg): a junção esofagogástrica, e exibe contração tônica entre as deglutições                           
porque ele tem maior sensibilidade da junção a neurotransmissão excitatória                   
colinérgica.Como a tensão basal da junção tende a ser 5 mmHg maior que a pressão                             
intragástrica, o refluxo da acidez gástrica é prevenido. 
❖ Logo após a deglutição, a pressão na junção esofagogástrica cai e assim se mantém                           
enquanto a onda peristáltica atinge o esôfago distal, levando-o a esguichar o bolo alimentar                           
no estômago. Em seguida, o esôfago distal volta a relaxar, e o esfíncter inferior, a se contrair,                                 
elevando a pressão cerca de 70 mmHg além do valor basal e assim permanecendo (por cerca                               
de 5 s) antes de retornar ao nível basal, o que previne o refluxo gastresofágico. 
❖ Considera-se serem a sequência e o ritmo da deglutição determinados por centro gerador de                           
padrão localizado no bulbo (“centro da deglutição”), estimulado por receptores na boca e na                           
faringe.A ativação sequenciada da peristalse esofagiana depende de ação neural, mas o                       
esôfago distal ainda se contrai no tempo próprio após a deglutição, mesmo depois da secção                             
transversal do órgão. 
 
 
 
 
 
 
FASE GÁSTRICA 
 
❖ O alimento que chega no estômago vindo do esôfago, produz estimulação mecânica da                         
parede gástrica, pela distensão e pelo estiramento do músculo liso.A regulação da função do                           
estômago, durantea fase gástrica, é dependente de componentes endócrinos, parácrinos e                       
neurais. Esses componentes são ativados por estímulos mecânicos e químicos, que resultam                       
em vias reflexas neurais intrínsecas e extrínsecas, importantes para a regulação da função                         
gástrica. Neurônios aferentes que se dirigem do trato GI para o sistema nervoso central via                             
nervo vago respondem a esses estímulos mecânicos e químicos e ativam a eferência                         
parassimpática. 
❖ As vias endócrinas incluem a liberação de gastrina, que estimula a secreção gástrica, e a                             
liberação de somatostatina, que inibe a secreção gástrica. Importantes vias parácrinas                     
incluem a liberação de histamina, que estimula a secreção gástrica ácida. As respostas                         
causadas pela ativação dessas vias podem ser secretoras e motoras; respostas secretoras                       
incluem a secreção de ácido, de pepsinogênio, muco, do fator intrínseco, de gastrina, de                           
lípase e de HCO3. Em geral, essas secreções iniciam a digestão proteica e protegem a mucosa                               
gástrica. Respostas motoras (variações da atividade da musculatura lisa) podem ser inibição                       
da motilidade da parte proximal do estômago (relaxamento receptivo) e estimulação da                       
motilidade da parte distal do estômago, que causa peristaltismo do antro. Essas alterações                         
vão ser importantes no armazenamento e na mistura do alimento com as secreções e                           
também na regulação do fluxo do conteúdo para fora do estômago. 
 
 
 
 
 
 
Secreção Gástrica 
 
❖ O suco gástrico é uma mistura das secreções das células da superfície epitelial e as secreções 
das glândulas gástricas. Um dos componentes mais importantes do suco gástrico é o H+, 
secreção que ocorre em presença de gradiente de concentração muito acentuado, dessa 
forma a secreção de H+ requer muita energia. 
❖ A principal função do H+ é a conversão do pepsinogênio inativo (a principal enzima do 
estômago) em pepsinas, que iniciam a digestão proteica, no estômago. 
❖ O estômago também secreta quantidades significativas de HCO3 e muco, importante para 
proteção da mucosa gástrica contra o ambiente luminal acídico e péptico. 
 
Composição 
 
Constituintes Inorgânicos do Suco Gástrico 
❖ A composição iônica do suco gástrico depende da intensidade da secreção.  
❖ Quanto maior a intensidade secretória,maior a concentração de íons H+. Nas menores                       
intensidades secretórias, a [H+] diminui e a [Na+] aumenta. 
❖ A [K+] é sempre maior no suco gástrico que no plasma. 
❖ Em todas as intensidades da secreção, o Cl– é o principal ânion do suco gástrico. 
 
Constituintes Orgânicos do Suco Gástrico 
❖ O constituinte orgânico predominante do suco gástrico é o pepsinogênio, a pró-enzima 
inativa da pepsina.Os pepsinogênios estão contidos em grânulos de zimogênio ligados à 
membrana das células principais. Os grânulos de zimogênio liberam seu conteúdo por 
exocitose quando as células principais são estimuladas a secretar (Tabela 28-2). Os 
pepsinogênios são convertidos em pepsinas ativas, pela clivagem de ligações ácido-lábeis. 
Quanto menor o pH, mais rápida é a conversão. 
❖ Pepsinas também atuam sobre os pepsinogênios para formar mais pepsina. As pepsinas têm 
maior atividade proteolítica no pH 3 ou menores. As pepsinas podem digerir até 20% das 
proteínas de refeição típica e não são necessárias a digestão, porque sua função pode ser 
substituída pelas proteases pancreáticas. Quando o pH do lúmen duodenal é neutralizado, as 
pepsinas são inativadas pelo pH neutro. 
❖ O fator intrínseco, uma glicoproteína secretada pelas células parietais do estômago, é 
necessário para a absorção normal da vitamina B12. O fator intrínseco é liberado em resposta 
aos mesmos estímulos que desencadeiam a secreção do HCl pelas células parietais. 
 
Mecanismo Celulares da Secreção Gástrica 
❖ As membranas das túbulo-vesículas contêm as proteínas de transporte, responsáveis pela                     
secreção de H+ e de Cl–, para o interior do lúmen da glândula. Quando as células parietais são                                   
estimuladas a secretar HCl, as membranas tubulovesiculares se fundem à membrana                     
plasmática dos canalículos secretores. Essa extensa fusão de membranas aumenta muito o                       
número de proteínas de antiporte de H+-K+ na membrana plasmática dos canalículos                       
secretores. Quando as células parietais secretam ácido gástrico na intensidade máxima, H+ é                         
bombeado contra o gradiente de concentração que é em torno de 1 milhão de vezes. Dessa                               
forma, o pH é 7, no citosol das células parietais, e 1, no lúmen da glândula gástrica. 
❖ O Cl– penetra na célula através da membrana basolateral em troca de HCO3, gerado na                             
célula, pela ação da anidrase carbônica, que produz HCO3 e H+. O H+ é secretado através da                                 
membrana luminal pela H+,K+-ATPase em troca por K+. O Cl– entra no lúmen por canal                             
iônico, localizado na membrana luminal. Aumento do Ca++ e do AMPc intracelular estimula o                           
transporte da membrana luminal do Cl– e K+. Um aumento na condutância de K+                           
hiperpolariza o potencial de membrana luminal, o que aumenta a força motriz para o efluxo                             
do Cl– através da membrana luminal. O canal de K+ na membrana basolateral, também                           
medeia o efluxo do K+ que se acumula na célula parietal, pela a atividade da H+,K+-ATPase.                               
Além disso, o AMPc e o Ca++ promovem o tráfego de canais de Cl– para a membrana luminal                                   
e a fusão de túbulo-vesículas citosólicas contendo H+,K+- ATPase com a membrana dos                         
canalículos secretores. A secreção de H+ das células parietais é também acompanhada pelo                         
transporte de HCO3 para o interior da corrente sanguínea, para manter o pH intracelular. 
 
 
 
 
Secreção do HCO3 
 
O HCO3 fica retido no muco viscoso que recobre a superfície do estômago; dessa forma, o muco                                 
secretado pela mucosa em repouso recobre o estômago com cobertura pegajosa e alcalina.                         
Quando o alimento é ingerido, aumentam ainda mais, a de secreção tanto muco quanto do HCO3. 
 
Secreção do Muco 
Mucinas são secretadas por células mucosas do colo localizadas nos colos das glândulas gástricas e                             
pelas células epiteliais superficiais do estômago. O muco é armazenado, em grandes grânulos, no                           
citoplasma apical das células mucosas do colo e das células epiteliais superficiais e é liberado por                               
exocitose 
Essas mucinas são tetraméricas(consistem em quatro monômeros) formam um gel pegajoso, que                       
adere à superfície do estômago. No entanto, ele está sujeito a proteólise pelas pepsinas, que                             
quebram as pontes de dissulfeto próximas ao centro do tetrâmero. A proteólise libera fragmentos                           
que não formam géis e, então, dissolvem a camada protetora de muco. A manutenção da camada                               
de muco protetor requer síntese contínua de novas mucinas tetraméricas, para repor as mucinas                           
clivadas pelas pepsinas. 
A secreção de muco é estimulada especialmente, pela acetilcolina, liberada pelas terminações                       
nervosas parassimpáticas, próximas a glândulas gástricas. 
 
Regulação de Secreção Gástrica 
A inervação parassimpática pelo nervo vago é o estimulantemais forte da secreção gástrica de H+. 
Fibras eferentes extrínsecas terminam em neurônios intrínsecos que inervam as células parietais, as                         
células ECL, que secretam o mediador parácrino histamina, e as células endócrinas, que secretam o                             
hormônio gastrina. Ainda mais, a estimulação vagal produz secreção de pepsinogênio, de muco, do                           
HCO3 e fator intrínseco. A estimulação do sistema nervoso parassimpático também ocorre durante                         
as fases cefálica e oral da alimentação. No entanto, a fase gástrica tem a maior estimulação da                                 
secreção gástrica do período pós-prandial. 
A ativação de neurônios intrínsecos, por ativação eferente vagal, resulta em liberação de acetilcolina                           
pelos terminais nervosos, que ativa as células no epitélio gástrico. Células parietais expressam                         
receptores muscarínicos e são ativadas para secretar H+ em resposta à atividade nervosa eferente                           
vagal. Ainda mais, a ativação parassimpática, por meio do peptídeo liberador de gastrina pelos                           
neurônios intrínsecos, libera a gastrina das células G, localizadas nas glândulas e no antro gástrico .                               
A gastrina entra na corrente sanguínea e, por mecanismo endócrino, estimula, ainda mais, as células                             
parietais a secretarem H+. As células parietais expressam receptores de colecistocinina tipo 2 (CCK2)                           
para gastrina. Histamina é também secretada em resposta à estimulação vagal, e células ECL                           
expressam receptores muscarínicos para gastrina. Dessa forma, a gastrina e a atividade eferente                         
vagal induzem a liberação de histamina, que potencializa os efeitos da gastrina e da acetilcolina                             
sobre as células parietais. Assim, a ativação dos eferentes parassimpáticos (vagal) para o estômago é                             
muito eficiente na estimulação das células parietais a secretarem ácido. 
Na fase gástrica, a presença do alimento no estômago é detectada e ativa os reflexos vagovagais a                                 
estimular em secreção. A presença do alimento no estômago resulta em distensão e estiramento,                           
que são detectados por terminações aferentes (ou sensoriais) na parede gástrica. Elas são os                           
terminais periféricos de nervos aferentes vagais que transmitem informação para o tronco                       
encefálico e estimulam a atividade de fibras eferentes vagais, os reflexos vagovagais. 
A presença de ácido na parte do estômago (antro) ativa uma alça de retroalimentação para inibir a                                 
célula parietal, de forma que a secreção de H+, estimulada pelo alimento, não prossiga sem ser                               
checada. Quando a concentração de H+ no lúmen alcança determinado limiar (abaixo de pH 3), a 
somatostatina é liberada por células endócrinas na mucosa do antro. A somatostatina tem ação                           
parácrina sobre as células G vizinhas, o que reduz a liberação de gastrina e reduz, acentuadamente,                               
a secreção gástrica ácida. 
Histamina é o agonista mais forte da secreção de H+, enquanto gastrina e acetilcolina são agonistas                               
muito mais fracos. No entanto, histamina, acetilcolina e gastrina potencializam as ações uns aos                           
outros sobre a célula parietal. 
Assim, muito da resposta à gastrina resulta da liberação de histamina, estimulada pela gastrina. A                             
gastrina também tem importantes efeitos tróficos: a elevação dos níveis de gastrina faz com que as                               
células ECL aumentem em tamanho e número. A ligação da histamina a receptores H2, na                             
membrana plasmática das células parietais, ativa a adenilato ciclase e eleva a concentração                         
citosólica do AMPc. Esses eventos estimulam a secreção de H+, por meio da ativação de canais de                                 
K+ basolaterais e pelos canais apicais de Cl–. Também faz com que maior número de moléculas de                                 
H+,K+-ATPase e canais de Cl– seja inserido na membrana plasmática apical (Fig. 28-4). A acetilcolina                             
se liga a receptores muscarínicos M3 e abre canais de Ca++, na membrana plasmática apical. A                               
acetilcolina também eleva a [Ca++] intracelular, pela liberação de Ca++ de seu armazenamento                         
intracelular. Isso faz aumentar a secreção de H+, pela ativação de canais de K+ basolaterais, e por                                 
fazer com que mais moléculas de H+,K+-ATPase e canais de Cl– sejam inseridos na membrana                             
plasmática apical. A gastrina aumenta a secreção ácida por se ligar a receptores CCK-B . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOTILIDADE GÁSTRICA  
 
❖ Como discutido, o estômago é dividido em duas regiões funcionais — proximal e distal, com                             
esfíncters em cada extremo. O EEI(esfincter esofágico inferior) e o cárdia (defi nido como a                             
região do estômago imediatamente circundando o EEI) têm funções importantes. O                     
relaxamento do EEI e do cárdia permitem a entrada do aumento, do esôfago para o                             
estômago e a liberação de gás, chamada eructação. Pela manutenção do tônus, é impedido                           
o refluxo do conteúdo estomacal para o esôfago. A parte proximal do estômago (o fundo,                             
junto com o corpo) produz lentas variações do tônus, compatíveis com sua função de                           
reservatório. Elas são importantes para receber e armazenar o alimento e para misturar o                           
conteúdo com o suco gástrico. A geração do tônus na porção proximal do estômago é                             
também uma importante força motriz na regulação do esvaziamento gástrico. Baixo tônus e,                         
consequentemente, baixa pressão intragástrica, estão associados ao esvaziamento gástrico                 
lento ou retardo e o aumento no tônus dessa região é necessário para ocorrer esvaziamento                             
gástrico. 
❖ A parte distal do estômago é importante na mistura dos conteúdos gástricos e para a                             
propulsão pelo piloro, em direção ao duodeno. As camadas musculares na região do antro                           
gástrico são mais espessas do que nas regiões mais proximais do estômago, então, o antro é                               
capaz de produzir fortes contrações fásicas. As contrações iniciadas pelas ondas lentas                       
começam no meio do estômago e se movem em direção ao piloro. A força dessas contrações                               
varia durante o período pós-prandial. Na fase gástrica da refeição, o piloro, em geral, está                             
fechado, e essas contrações antrais servem para misturar o conteúdo gástrico e reduzir o                           
tamanho das partículas sólidas (trituração). No entanto, por fim, essas contrações antrais são                         
também importantes para esvaziar o conteúdo estomacal. O esfíncter pilórico é a junção                         
gastroduodenal, definido como área de musculatura circular espessa. Essa é região de alta                         
pressão gerada por contração tônica da musculatura lisa. É importante para regular o                         
esvaziamento gástrico. 
 
Regulação 
❖ Os estímulos que regulam a função motora gástrica, que resultam da presença do alimento                           
no estômago, são mecânicos e químicos e incluem a distensãoe a presença de produtos da                               
digestão proteica (aminoácidos e pequenos peptídeos). As vias regulando esses processos                     
são, predominantemente, neurais e consistem em reflexos vagovagais iniciados por fibras                     
aferentes extrínsecas que inervam o músculo e a mucosa. Os aferentes mucosos respondem                         
a estímulos químicos, e os aferentes mecanossensíveis respondem à distensão e à contração                         
da musculatura lisa. Essa estimulação resulta em ativação reflexa de vias eferentes vagais                         
(parassimpáticos) e ativação de neurônios entéricos, que inervam a musculatura lisa. A                       
ativação de neurônios entéricos produz efeitos excitatórios e inibitórios sobre a musculatura                       
lisa gástrica; estes efeitos variam dependendo da região do estômago. Dessa forma, a                         
distensão d a parede gástrica resulta na inibição da musculatura lisa, na porção proximal do                             
estômago, e o subsequente reflexo de acomodação, que permite que a entrada e o                           
armazenamento do alimento ocorram com mínimo aumento da pressão intragástrica. 
❖ Em contrapartida, o padrão motor predominante na parte distal do estômago, na fase                         
gástrica da refeição, é a ativação da musculatura lisa, para produzir e reforçar as contrações                             
antrais. A frequência das contrações antrais é determinada pelo marcapasso gástrico; no                       
entanto, a amplitude das contrações é regulada pela liberação de neurotransmissores, pelos                       
neurônios entéricos, incluindo a substância P e a acetilcolina, que aumentam o nível de                           
despolarização da musculatura lisa e, consequentemente, produzem contrações mais fortes.                   
Nessa fase da refeição, o piloro está, na maior parte de tempo, fechado. Dessa forma, as                               
contrações antrais tentarão mover o conteúdo em direção ao piloro; no entanto,como o piloro                           
está fechado, o conteúdo será retornado para as porções mais proximais do estômago. O                           
conteúdo gástrico será misturado. Em adição, as contrações antrais podem ocluir o lúmen, e                           
maiores partículas serão separadas e dispersadas, um processo referido como trituração.

Continue navegando

Outros materiais