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RESUMO DE CIVIL AVD 2.1

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DIREITO CIVIL – PROFª MARISE BAPTISTA – AVD 2
29/04 – AULA 1 
· DANOS MORAIS PAGOS À CELEBRIDADES
		Quando falamos do arbitramento dos danos morais, nós falamos que no arbitramento não existe uma tabela prévia (ex.: morte vale 5k, atraso de voo 2k), até porque existir uma tabela de dano moral, seria inconstitucional, pois o art. 5º, V e X da CF/88 junto aos art. 944 do CC, instituíram o principio da reparação integral, isso significa que a vitima deve ser compensada na intensidade do seu dano, mas na ação de dano moral é impossível a reparação do dano moral, pois é um dano IMENSURÁVEL. Então, para aplicar o dano moral, irá se analisar as circunstâncias do caso concreto, sem que a vítima venha a enriquecer sem causa. O critério do juiz para aplicar o dano moral, será analisar o grau da culpa, para ver se será leve ou grave, avaliar a extensão do dano, também chamada repercussão da ofensa, bem como a situação patrimonial do causador do dano e da vítima. Por isso as celebridades ganham um dano moral maior que os meros mortais, devido a sua VISIBILIDADE.
Ex.1: ATRASO DE VOO - o STJ tem aplicado 2 mil de dano moral, desde que tenha falha na prestação de serviço. 
Ex.2: MAETE PROENÇA – Foi garota propaganda de uma pílula, em que várias garotas engravidaram, então ela sentiu que não queria sua imagem atrelada à propaganda que causou enganação a tantas mulheres, então ela pediu para que parassem de usar sua imagem bem como indenização. 
· DANO PUNITIVO PEDAGÓGICO
		TEORIA DO DESESTIMULO, essa teoria nasceu no EUA, o dano moral tem caráter punitivo. Muitos doutrinadores não admitem o dano punitivo pedagógico, pois dizem que o dano moral tem caráter de compensar a vítima e não punir o ofensor, pois a punição está no campo do direito penal (mas não é majoritário). Alguns entendem que o dano punitivo pedagógico tem importante papel, principalmente nas relações de consumo, pois entendem que este é dissuasivo, serve de exemplo para outros que exercem a mesma função. 
		Para os aceitantes desta teoria, ele está consagrado no art. 5º, XXXV da CF/88 e o Enunciado 369 da IV Jornada de Direito Civil, 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
ENUNCIADO 379 - O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
		Então, quando se trata de relação de consumo, é razoável que o advogado peça dano moral punitivo pedagógico, principalmente para que não haja reiteração do erro. 
		O objetivo deste dano é a prevenção; tem caráter dissuasivo (desestimulo); e caráter exemplar, servir de exemplo para outros; e por último, o caráter punitivo (que há divergências). 
Ex.1: Uma aplicação deste dando nos EUA, foi o fato - uma mulher foi ao drive thru e pediu um café, colocou o café entre as pernas e acelerou o carro, quando acelerou o café queimou sua genitália e ela teve fortes queimaduras, ela ajuizou uma ação e ganhou uma indenização milionária, por falta no dever de informação; a partir disto, todos os cafés do mc donalds passaram a vir com temperatura do café. 
Ex.2: Caso LEADING CASE (caso que tem possibilidade de ser tornar precedente) – O ratinho é um dos programas do SBT, foi feito um documentário de família que viviam em colônias de nudismo, o ratinho pegou imagem isoladas e editadas desse documentário, soltou em seu programa, falando sobre a degradação da família tradicional brasileira; então a colônia ajuizou uma ação contra o ratinho, contra a produção do programa, foram condenados. Passado um tempo o ratinho entra de férias, então o programa reprisou este episódio, então o STJ aplicou o DANO PUNITIVO PEDAGÓGICO. 
· RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
		Já vimos que a responsabilidade civil se mantém sob um tripé, três clausulas norteadoras, a causa da responsabilidade subjetiva (há necessidade da prova da culpa), a cláusula da responsabilidade objetiva nos art. 927 e 187. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
		Esse artigo, funciona como uma cláusula esvaziada, pois ao falar nessa obrigação, usa-se a norma especial (*pois havendo uma norma geral, aplica-se a norma especial se esta existir). 
		O art. 927, aplica-se nas relações de condomínio. De 30 anos para cá, houve um crescimento muito grande no ramo de construção civil, e também um estado de segurança, virando assim os prédios, quase um clube, devido a necessidade de segurança e melhorias no ramo imobiliário, mas obviamente, isso foi gerando inúmeras ações, pois foi de repente os acontecimentos de acidentes, como em piscina e playgrounds. Um prédio é um condomínio edilício, tem os proprietários das unidades individualizadas, e todos são condôminos das áreas comuns. Então se a criança está brincando na piscina do prédio e morre afogada ali, todos os condôminos serão responsabilizados. 
Ex.1: Responsabilidade por guarda de objetos perigosos - piscinas, escorregadores. 
Ex.2: Responsabilidade por afogamento de criança. 
Ex.3: Responsabilidade por morte em elevador.
Ex.4: Responsabilidade por criança cair em esgoto destampado.
		São pressupostos da responsabilidade objetiva:
a) Conduta humana ou atividade – essa conduta humana tem que ser VOLUNTÁRIA (independe da culpa ou do dolo), se não for voluntária não há conduta. 
Ex: choque, sonambulismo, ação reflexa, não há conduta. 
b) Dano.
c) Nexo causal.
ENUNCIADO 38 I JORNADA DE DIREITO CIVIL - A responsabilidade fundada no risco da atividade, como prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil, configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade.
· TEORIA DO RISCO
		A responsabilidade objetiva se desprende do elemento culpa, bastando existir o risco da atividade, quem assume o risco responde objetivamente. Risco é a probabilidade de dano. 
		A responsabilidade objetiva se baseia na TEORIA DO RISCO (OBS.: não existe presunção de culpa, se a pessoa tivesse que provar culpa, ela perderia a ação). A teoria do risco nasceu na França no século IXX, com o fomento da revolução industrial na França, muitos empregados quando manuseavam as máquinas à vapor, sofriam mutilações de membros e etc., e na época a legislação determinava que o empregador só indenizaria o empregado, se ficasse provada a culpa dele, então, acontecia que as vítimas não conseguiam provar e serem indenizadas; os advogados e operadores de direito então, criaram a teoria do risco, ou seja, se você decidiu exercer uma atividade capaz de gerar risco a outro, você responderá objetivamente. 
*SOBRE DIRIGIR: Se você é motorista profissional você responderá com base na teoria do risco, porém se você não dirige profissionalmente, você responde subjetivamente, de acordo com o art. 186 CC. 
		Quando você exerce uma atividade no mercado de consumo, ainda que de forma informal, habitualmente, visando lucro, você responderá automaticamente pelo art. 14 CDC, responderá na responsabilidade objetiva. 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Ex.1.: Maria da carona para Joana, Joana bate de carro e sai toda ferida, Joana ajuíza ação contra Maria, a responsabilidade de Maria será SUBJETIVA. 
· OBJETO DA TEORIA DO RISCO
		A culpa decorre do homem; o risco decorre do serviço, do aparelhamento ou da coisa (ou animal).
Ex.1.: Se eu resolvo ter um pitbull violento, e resolvo andar na vila com ele sem mordaça, eu estou assumindo orisco de machucar alguém, consequentemente eu respondo OBJETIVAMENTE.
Ex.2.: Eu adoro orquídea, eu coloco orquídea no parapente da minha janela, ela cai e machuca uma pessoa lá embaixo, a responsabilidade é objetiva PELA GUARDA DA COISA. 
· PRINCIPAIS TEORIAS DO RISCO
1) RISCO ADMINISTRATIVO – Por exemplo, a prefeitura de VR não cortou as árvores de cupim, aconteceu uma ventania fraca, que não cabe nos casos fortuitos ou força maior, as árvores caíram, a prefeitura será responsabilizada por qualquer dano causado à população. 
Art. 37. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
JULGADO FEVEREIRO 2017 – TEORI ZAVASCKI. O Estado responde objetivamente por falta de condições mínimas de encarceramento. 
2) TEORIA DO RISCO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL – Para Flavio Tartucci, entende o que o empregador responderá objetivamente. 
3) TEORIA DO RISCO EXCEPSIONAL - É quando o risco é fora da curva, por exemplo, trabalhar com material radioativo, material de alta tensão. 
4) TEORIA DO RISCO CRIADO – Art. 927 Ú; É a ampliação do risco proveito (CDC), que é aquele no exercício da atividade, o causador do dano visa lucro. Exemplo, assume o risco de ter uma viação de ônibus que transporta passageiros de RJ à VR, assume o risco. 
5) TEORIA DO RISCO INTEGRAL – Quando não se admite qualquer tipo de excludente, por exemplo ataque terrorista dentro de aeronave, se acontecer, a companhia aérea responderá objetivamente, não cabe alegação de fato provocado por terceiro, ou caso fortuito ou força maior; outro exemplo é DANO ECOLOGICO, tragédia de Brumadinho, não cabe nenhuma excludente de responsabilidade (DECISÃO DO STF); outro exemplo é Dano atômico; e segundo Cristiano Chaves, o condomínio responderia pela teoria do risco integral, por coisas lançadas ou caídas de janelas de prédio.
· CAMPO DE INCIDENCIA DO § 1º DO ART 927
		Apesar de que para Sergio Cavalieri houve um esvaziamento, este se aplicaria à guarda de coisa perigosa em condomínio. 
		Também se aplicaria à torcida organizada, se houver patrocínio do clube, o clube responde objetivamente.
ENUNCIADO 447 V JORNADA DE DIREITO CIVIL - As agremiações esportivas são objetivamente responsáveis por danos causados a terceiros pelas torcidas organizadas, agindo nessa qualidade, quando, de qualquer modo, as financiem ou custeiem, direta ou indiretamente, total ou parcialmente.
· FORMAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
		É quando no decorrer do processo, o réu consegue através de provas, romper com o nexo causal.
Ex.: Imagine que, Maria dirigindo um carro, e um corpo estendido na frente do carro, essa cena nos remete a DANO MORTE – CONDUTA VOLUNTÁRIA (NÃO INTENSIONAL) DO MOTORISTA, será que essa motorista será condenado a indenizar pela morte do atropelado? Depende, aparentemente sim. Mas no decorrer do processo, o advogado do motorista pode conseguir romper com o nexo causal, com quais fundamentos?: caso fortuito ou força maior, fato provocado por terceiro ou até culpa exclusiva da vítima. 
Ex.2.: Eu tenho um animal perigoso, o mantenho dentro do canil, uma criança pula o muro para pegar uma pipa que caiu lá dentro, e o animal acaba matando a criança; apesar do trágico acidente, eu não responderei pela morte criança. 
		São as formas excludentes de responsabilidade objetiva:
a) Culpa exclusiva da vítima;
b) Fato provocado por terceiro;
Ex.: Maria vem dirigindo, quando de repente, uma pessoa empurra A na frente do carro, Maria é obrigada a responder pela morte de A? Não, por mais trágico que seja o evento, não gera responsabilidade para Maria. 
Para se falar e fato provocado por terceiro, necessariamente vai se falar em TEORIA DO CORPO NEUTRO, essa teoria é uma aplicação do instituto, acontece no engavetamento.
Ex.: carro A está parado no sinal, atrás dele está carro B também parado no sinal, carro C vem em altíssima velocidade, bate no carro B que é arremessado sobre o carro A, B não responde por nada, PELA TEORIA DO CORPO NEUTRO NÃO HÁ VOLUNTARIEDADE NA CONDUTA. 
c) Caso fortuito ou força maior.
· ÚLTIMO PRESSUPOSTO DA RESP. OBJETIVA: NEXO CAUSAL 
		Nexo causal é o elo, é o que liga a conduta ao resultado danoso. Existindo um aparente fato típico, na instrução probatória pode-se romper com esse nexo causal, usando um dos fundamentos seja ele: culpa exclusiva da vítima, fato provocado por terceiro, caso fortuito ou força maior. 
		Jamais alguém será responsabilizado sem nexo causal, e este por sua vez não precisa de culpa. Nelson Rosevald, diz que um dos elementos mais importantes da responsabilidade civil é o nexo causal, isso porque a responsabilidade civil está atrelada a causalidade do que a culpabilidade, pois há situações que mesmo que você não seja o causador do dano, você será o responsável.
Ex.: Meu filho tem 15 anos, meu filho pega a chave do carro e atropela a Maria, mesmo que eu não tenha sido a autora da conduta, eu irei responder por fato de outrem, pois eu sou a responsável pelo meu filho, eu tenho poder de comando do meu filho. 
		Então a causalidade é indispensável, enquanto a culpa é dispensável. Se não houver a prova do nexo causal, jamais haverá a obrigação de indenizar.
Ex.: Eu tenho um filho de 16 anos, o meu filho pegou o meu carro, e parou em um sinal, ao lado tem um carro idêntico ao meu, e Maria vem atravessando a rua, o carro ao lado igualzinho o meu, acelera e atropela Maria, apesar do meu filho estar praticando um ilícito administrativo, porque eu indenizaria a morte da Maria? Então se não houver causalidade, ainda que meu exista o ilícito do meu filho, eu nunca poderei ser responsabilizada pela morte da Maria. 
		Quando o juiz está diante de uma ação indenizatória, a primeira coisa que ele deverá se atentar, será se o réu foi realmente causador do dano, se não foi o causador do dano, o juiz julgará improcedente o pedido da ação. O julgador quando for fazer a análise do caso deverá perguntar “o causador do dano deverá ser considerado per culpado para lhe ser aplicada responsabilidade?”, porque se não houver nexo causal, por mais trágico que seja, não cabe responsabilidade.
JULGADO: Uma família foi atravessar a linha de trem, sendo que na lateral da linha havia uma ponte de pedestre, 3 membros morreram, 2 se salvaram, a relatora falou “por mais trágico que seja o evento, não há nexo causal. A companhia não foi responsabilizada, mas sim as próprias vítimas. 
		Quanto a dificuldade de encontrar o real causador do dano, Nelson Rosevald dá o exemplo, que as vezes o juiz está diante de uma situação, muito difícil de resolver, e ele da o seguinte exemplo:
Ex.: A sofreu um acidente e ficou preso nas ferragens, B para tentar ajudar A a sair do carro, vai puxar A, quando ele está tentando sair do carro, o carro explode, ambos são queimados e levados ao hospital. B no hospital, pega uma infecção hospitalar, como o juiz vai resolver essa situação? Se não tem nexo, não tem como dar responsabilidade, principalmente quando tem várias causas (concausas). 
		Concausas, é quando há variedade de causalidades. O prefixo “con” significa andar junto, condomínio significa vários donos de uma mesma coisa, e concausa várias causas que andam junto. Sérgio Cavalielli traz o conceito de concausa, é a outra causa que juntando-se a principal concorre para o resultado, ela não inicia e nem interrompe o processo causal, apenas reforça-o, tal como um rio menor, que desagua, em outro maior, aumentando-lhe o caudal. Imagina que a causa principal é um rio, e a concausa é um afluente, ela contribui pro resultado, mas o a gente da concausa não é obrigado a indenizar, somente o agente da causa principal. 
JULGADO STJ RJ: existiam 3 terrenos, A, B e C. A construiu um muro de péssima qualidade separando do terreno de C, B por sua vez construiu um outro muro, separando o terreno dele de A, mas não colocou as vias de escoamento de água. C por sua vez aterrouo seu terreno, jogando bastante areia que também forçou o muro. E para completar, a prefeitura não tinha feito as obras de escoamento de chuva. Um dia o muro caiu, A colocou B, C e o Município no polo passivo da demanda, porque ele queria ser indenizado por conta da queda do muro dele. Várias foram as situações, a chamada concausas. Mas o tribunal de justiça, dentro das situações, chegou à conclusão que B, seria culpado. Pois apesar de A ter concorrido com seu muro de péssima qualidade, apesar de C ter concorrido por aterrar, apesar do município não ter feito a obra de escoamento de água, B foi o verdadeiro culpado, pois não se muda o rumo da água, então quando ele fez o muro sem escoamento da água ele forçou a estrutura do terreno.
		Se ao fazer a análise do caso, tiverem duas causas A e B, se excluir a causa A e o resultado permanecer, A é concausa, e se excluindo B não existe possibilidade do resultado acontecer, B é causa.
· TEORIA DO NEXO CAUSAL 
		As teorias do nexo causal, se aplicam quando há pluralidade de causas, vários agentes, cada um responsável por uma concausa. 
1) TEORIA DA EQUIVALENCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS
	Também conhecida como TEORIA CONDICIO SINE QUA NON, essa expressão do latim quer dizer “sem a qual não é possível”. Essa teoria ela leva uma regressão infinita de causas, ela não faz diferença entre causas circunstanciais, então Sérgio Cavalielli vem e nos conceitua: se várias condições concorrem para o resultado, todas concorrem para o mesmo valor, então não se faz distinção entre as concausas, todas tem o mesmo peso, então todos respondem. Mas isso foge da lógica do razoável, porque os doutrinadores para rebater essa teoria dizem o seguinte: “então até o marceneiro, para debater a responsabilidade do adultério da mulher casada, seria culpado, pois se não tivesse a cama para o adultério acontecer, não o existiria” e “o fabricante de arma deveria ser corresponsável, porque A matou B, pois se não tivesse fabricado a arma, não teria assassinato”.
	Por lógica, essa teoria não é aplicada no Código Civil brasileiro. 
Ex.: O fazendeiro A, comprou uma vaca do fazendeiro B, essa vaca estava contaminada e contaminou 100 outras vacas do fazendeiro A; como as 100 vacas morreram, ele não teve como lavrar a sua lavoura; como ele não pode lavrar sua lavoura, ele não pagou o empréstimo que ele fez no banco; diante dessa situação sua esposa teve um AVC, e ele em seguida se suicidou. Só para entender a teoria, para essa teoria o que vendeu a vaca contaminada, seria obrigado a indenizar por todos os acontecimentos, inclusive o suicídio, leva uma repressão infinita. 
2) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA
	O defensor dessa teoria é Sérgio Cavalieri, diz que é causa principal aquela causa principal aquela causa relevante e determinante para o resultado, desde que abstratamente considerada. Causa é um antecedente necessário, mas não somente, também a adequada produção do resultado, a causa é somente um antecedente fático abstratamente considerado. 
Ex.: João ia pegar o avião das 19 horas, ele entra no banheiro do aeroporto, alguém tranca ele dentro do banheiro e ele perde o voo das 19, mas ele embarca no voo das 20hrs, quando ele entra no voo, o avião das 20hrs cai e ele morre; se ele não tivesse ficado preso, ele não teria morrido (no caso concreto, quem trancou ele no banheiro foi o causador da morte), ANALISANDO ABSTRATAMENTE, quem fica preso em banheiro não morre por queda de avião.
 
Ex.2: Voltando ao exemplo do fazendeiro, aplicando a teoria da causalidade adequada, esse que vendeu a vaca responderia até a perda da lavoura. Pois se ele não tivesse vendido a vaca as outras não teriam morrido, se as outras não tivessem morrido, o fazendeiro A não perderia a lavoura dele, então pelas regras comuns a vaca contaminada gerou os danos da lavoura. 
3) TEORIA DA CAUSALIDADE DIRETA E IMEDIATA 
	É a teoria defendida pela maioria dos doutrinadores civilistas, é a teoria mais objetiva, aqui não importa a subjetividade, para essa teoria causa é apenas o antecedente que deriva no resultado. 
Ex.: Voltando ao exemplo do fazendeiro, ele só responderia pela vaca contaminada, o resto é tudo dano reflexo/derivado/indireto.
Ex.2: um bandido fugiu da prisão, se o bandido fugiu da prisão o responsável por isso é o Estado. Passados dois anos, ele participou de um assalto, e ele causou danos a uma família inteira, essa família colocou o Estado no polo passivo alegando que o Estado deveria indenizar a família, mas o estado só teria responsabilidade na fuga do bandido, e não aos danos causados por este.
	
06/05 – AULA 2
	Essa teoria não obedece à cronologia dos fatos, não significa que o acontecimento anterior que será causador do dano e o agente será o a gente principal. 
Ex.: O navio americano Mineral Star, carregado por 300toneladas de carvão minerado, sofreu várias asarias decorrentes de fortes tempestades no mar do caribe, ao chegar em fortaleza, o navio apresentava duas grandes rachaduras por onde entrava água estando o primeiro e segundo porão totalmente inundado, foi então rebocado para vitória, onde grande parte da carga foi passada a outro navio, e seguiu rebocado para o Rio de Janeiro. Ao chegar no porto de sepitiba, as autoridades impediram a atracação do navio, alegando falta de documentação que comprovaria a segurança do navio, e a cobertura do seguro que cobriria eventuais danos resultantes da operação. No caso de insucesso, pois a falta de documentação e do seguro colocariam em risco a segurança do porto. Na noite seguinte, a chegada do porto de sepitiba, enquanto o navio aguardava autorização pra atracar, sobreveio tempestade que piorou significativamente a situação do navio, pois placas se soltaram, alagando a praça de máquinas. O comandante então, encalhou o navio na ilha grande, para impedir o seu naufrágio, após permanecer nessa situação, com o risco de poluir a bacia de angra cargas toxicas, o navio foi colocado na forma de reflutuar e foi rebocado até o estaleiro mais próximo, onde sofreu reparos, de modo a permitir sua fracassão e descarga. A empresa dona do navio, ajuizou uma ação em face do porto de sepitiba, por todos os gastos supracitados. Com essa história, qual foi a causa determinante/direta/imediata?
R = A causa determinante foi a tempestade do caribe, então não tem ordem cronológica. 
· COAUTORIA 
		Já estudado em direito penal, é quando existem dois autores praticando a conduta.
		O nosso código civil adotou a teoria da RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL, o devedor responde com o seu patrimônio (o único caso que se admite a prisão civil, é a pensão por alimento / nem mais no caso de depositar infiel/dívida, por causa do pacto de São José da Costa Rica). Então hoje em dia se penhora os bens. 
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.
		Lembrando que solidariedade não se presume, ou ela está no contrato ou a lei diz; neste caso é lei que está dizendo. Obrigação solidária, havendo devedor solidário, o credor pode cobrar a dívida toda de um deles. A mesma coisa solidariedade ativa, vários credores e um devedor, qualquer credor podem cobrar a dívida toda. 
ENUNCIADO 558 VI JORNADA DE DIREITO CIVIL. São solidariamente responsáveis pela reparação civil, juntamente com os agentes públicos que praticaram atos de improbidade administrativa, as pessoas, inclusive as jurídicas, que para eles concorreram ou deles se beneficiaram direta ou indiretamente.
		Esse enunciado tem servido de justificativa para a responsabilização de filhos e cônjuges de funcionários públicos que desviam verba pública, os civilistas têm entendido, que aplica-se a lei de improbidade administrativa em conjunto com o art. 942, para imputar responsabilidade civil, a por exemplo, a mulher de um deputado que se beneficiou direta ou indiretamentecom dinheiro desviado dos cofres públicos. 
O STJ entende que há responsabilidade solidaria entre o condutor e o proprietário do veículo. Prazo decadencial de reparação civil é de 3 anos. ART. 206 §3º V/ CC. 
JULGADO DO STJ – em relação a seguradora. Havia uma dúvida, se A batesse no carro de B, A tem seguro, se B poderia ajuizar uma ação em face da seguradora. E a discussão dos advogados da seguradora, era o princípio da relatividade dos contratos, quando você celebra contrato de natureza obrigacional, as obrigações são relativas somente as partes que compõe o contrato; então jamais um terceiro, poderia ajuizar uma ação contra a seguradora. O STJ agora entende que se a vítima coloca o segurado no polo passivo da demanda, o segurado denuncia a lide da seguradora, denunciada poderá ser condenada direta e solidariamente junto com o segurado pagar a indenização.
		Voltando a questão das responsabilidades de parentes e amigos de agentes públicos e políticos que desviam verba pública, os civilistas entendem, que o art. 942, quando aplicados com os artigos 3º, 4º, 5º e 6º da lei de improbidade administrativa, os parentes poderiam ser condenados a perda dos bens.
*LEMBRAR DO CASO EDUARDO CUNHA EM QUE A MULHER GASTOU MILHARES DE EUROS NO CARTÃO, E AÍ O MORO ABSOLVEU ELA DE LAVAGEM DE DINHEIRO E OUTROS (DIZENDO QUE NÃO HAVIA PROVAS DE QUE ELA AGIU COM DOLO), FIZERAM APELAÇÃO PARA REVOGAR A DECISÃO DO MORO, PEDIRAM CONDENAÇÃO POR PROVAS DE ELA SABER A ORIGEM ILICITA DOS VALORES. 
EX.: Paulo caminha na calçada de uma via pública, e foi cercado por João, José e Pedro. João e José tinham 22 anos de idade, Pedro tinha 16. João e Pedro seguraram Paulo, enquanto João batia nele. Quem irá responder numa ação de lesão corporal na esfera cível? Dois maiores e um menor. Coloca-se no polo passivo os dois maiores, e o menor seria representado pelos pais. O menor só responderia se ele tivesse patrimônio e os pais não pudessem arcar.
· RESPONSABILIDADE SEM DÉBITO 
		O Art. 932, traz uma série de situações em que existe a responsabilidade, mas não existe o débito; lembrando o caso da teoria dualista adotada no código civil (que diz que só existe responsabilidade quando o dever jurídico primário não é cumprido), mas tem exceções. 
Ex.: Fiança, há responsabilidade, mas não há débito.
Ex.2.: Um pai tem um filho de 15 anos, que pega a chave do carro escondido, vai e mata alguém, é um caso de responsabilidade sem obrigação.
		
		São os casos de responsabilidade indireta, responsabilidade impura ou responsabilidade complexa, que é aquela em adota a teoria da substituição, o verdadeiro causador do dano não é quem vai pagar, mas sim seu responsável; e a lei diz em cada caso.
OBS.: Durante muito tempo os bancos eram obrigados a indenizar quem era assaltado na calçada, mas o STJ parou com essa história, pois dentro do banco ele jamais poderá alegar caso fortuito ou força maior, fato provocado por terceiro, culpa presumida da vítima, pois é presumível qualquer infortúnio. 
OBS.2: E nas escolas, será razoável ser indenizada por bullying por que um alugo cometeu com outro fora da escola? Não, pois não é responsabilidade da escola. Cabe indenização na escola, se um professor humilhar um aluno, mas não por bullying. 
Ex.: Se você estaciona o carro na foa, e seu carro sofre um acidente, a foa não é responsável, pois ela não cobra estacionamento, ele é um ato de liberalidade, a foa deixa estacionar.
Ex.2: Médico e funcionário de hospital, cometem erro médico, o hospital será responsabilizado. 
· ACIDENTE DE VEÍCULO EM LOCAÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR
		Ou seja, quando você aluga um carro e acidentalmente bate no carro de alguém. A responsabilidade aqui seria solidariamente entre a locadora e o locatário. 
SÚMULA 492 STF - A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.
		Inclusive em caso de alguém pegar o carro locado e traficar drogas, também cabe essa súmula. 
· RESPONSABILIDADE DE FRANQUEADORA
INFORMATIVO 569 STJ – A franqueadora pode ser solidariamente responsável por danos causados pelos consumidores da franqueada. 
Ex.: Você vai numa franquia e acha asa de barata dentro do milk, pode colocar a franqueadora no polo passivo.
· RESPONSABILIDADE CIVIL INDIRETA/IMPURA/COMPLEXA/ POR SUBSTITUIÇÃO
· RESPONSABILIDADE POR FATO DA COISA OU ANIMAL RESPALDADA NA TEORIA DA GUARDA
		Diz que se você é detentor de animal ou coisa, e esse animal ou coisa causa dano a alguém, você responde por ser guardião legal a coisa ou animal. 
*Há entendimentos que se o médico estiver manuseando equipamento, ele responde objetivamente invés de subjetivamente, responde pelo fato da coisa. Por exemplo ele está mexendo num bisturi elétrico e queima alguém, ele responde pelo fato da coisa. 
Ex.: Eu tenho um cachorro feroz e vou andando na vila com ele sem ameaça, ele morde alguém, eu respondo pelo fato do animal.
Ex.2.: Eu tenho um cachorro, ele está com adestrador, que foi passear na vila, meu cachorro morde alguém. Esse alguém pode colocar eu e o adestrador no polo passivo, pois eu tenho poder de guarda e o adestrador poder de comando. 
· RESPONSABILIDADE POR GUARDA INTELECTUAL
		Teoria da guarda intelectual, é aquele que tem pode sobre a coisa ou sobre o animal, ainda que não tenha contato direto com ela. 
Ex.: quem cria abelha pro mel, o dono do apiário irá responder, mesmo que não esteja lá, assumiu o risco a atividade.
Ex.2: Shopping contrata um circo, para dar mais eventos, o leão do circo foi e pegou um espectador. O shopping e o circo respondem solidariamente.
Ex.3.: O pai leva o filho do horto, deixa o vendo o leão e vai ao banheiro, o leão vai e arranca o braço da criança. Culpa concorrente, o pai e a fiscalização do horto respondem. 
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
Ex.: Se eu tenho um cachorro, e coloco a placa de cão bravo, uma criança pula o muro e pega uma vítima, eu não serei responsabilizado, pois será culpa exclusiva da vítima.
 
		Os acidentes que acontecem na estrada em decorrência de animal na estrada, tem suas vertentes. Se for concessionária, você ajuíza uma ação de responsabilidade civil da concessionária (você ainda paga por isso). Se for em uma estrada onde há presença de animais e é do Estado, o estado responderá por omissão genérica ou específica, pela genérica ele vai responder subsidiariamente e subjetivamente, pela omissão específica ele responde objetivamente, pelo risco administrativo (art. 37 §6º CF/88). 
· 	RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA
1) PRÉDIO EM RUÍNAS
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. 
ENUNCIADO 556 VI JORNADA DE DIREITO CIVIL - A responsabilidade civil do dono do prédio ou construção por sua ruína, tratada pelo art. 937 do CC, é objetiva.
Ex.: Um prédio muito antigo, você uma marquise sem manutenção vai e cai em cima de alguém, a responsabilidade é objetiva. Se a construção é nova, a ação é ajuizada em nome do construtor. Se a obra é velha, a responsabilidade é do dono ou do condomínio. 
2) COISAS LANÇADAS DE PRÉDIO – AÇÃO DE DEFANESTREMENTO 
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
		Essa responsabilidade decai em quem tem o poder da coisa, ou seja, se eu tenho um prédio e tenho um inquilino, é o inquilino que vai responder pela coisa. Pode ser proprietário, usufruário, comodatário, é aquele que tem poder de comando sobre a coisa. 
		Nem sempre é fácil decretar de qual andar caiu o objeto, aí adota-se a TEORIA DA CAUSALIDADE ALTERNATIVA, essa teoria diz que não se sabendo quem é o responsável por aquele acidente, você coloca o condomínio inteiro. (NESSES CASOS É QUEM TE GUARDA DA COISA NO MOMENTO, SE VOCÊ TEM O PRÉDIO ALUGADO É O INQUILINO)
*Pro Cristiano Chaves, a ação de defenestremento(defenestrar é lançar algo violentamente), é objetiva baseada na teoria do risco integral. Pegou pesado, mas é o entendimento dele. 
3) RESPONSABILIDADE POR FATO DE TERCEIRO
		Alguns doutrinadores dizem que a responsabilidade objetiva traz a culpa presumida, isso é mentira! A responsabilidade objetiva não tem elemento culpa, é baseada no risco! Culpa in elegendo e culpa custodiando, alguns doutrinadores dizem isso, mas não se aplica mais. 
ENUNCIADO 451 V JORNADA DE DIREITO CIVIL - A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
		Aquele que tem o poder de autoridade responde pelo filho, ou seja, aquele que estiver com o filho no momento responde. Mas teve uma situação que o STJ interpretou diferente: o pai vivia com o filho, guarda unilateral, e o filho atropelou alguém, então eles entenderam que quem tinha autoridade pelo filho era o pai. Alguns doutrinadores discordam, dizem que o poder de autoridade é dos dois. 
V Jornada de Direito Civil - Enunciado 450. Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores.
*Mas prevalece o entendimento do STJ.
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
Ex.: Maria tem mal de Alzheimer, numa ação de responsabilidade, maria está sob a curatela da filha, ela taca uma pedra no carro da vizinha, a filha responde. 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
		É o caso do professor que humilha o aluno na sala de aula, a FOA responde, obviamente que a FOA só vai responder demonstrada a culpa do professor. Outro caso é da faxineira que está limpando a sacada e cai um balde na cabeça de alguém, comprovada a culpa dela, o empregador responde (sempre cabe uma ação regressiva). Outra situação, Maria contrata um motorista para buscar as crianças na escola, o motorista atropela alguém, Maria responde solidariamente. 
EX. USANDO INFORMATIVO: Um gerente de banco gerenciava a conta de um jogador de futebol, o jogador ficou um tempo fora do Brasil, ele mandava dinheiro pra ser aplicado num fundo pelo gerente, o gerente pegava o dinheiro do jogador e usava para seu próprio benefício, o jogador colocou no polo passivo o banco e o gerente. 
Ex.: Um instrutor de carteira de motorista, empregado da autoescola, o instrutor colocava a mão na perna delas (assédio em geral), o dono da autoescola foi descobrindo que estavam perdendo clientes, e que era por causa desse instrutor, eles abriram uma ação contra ele por isso, e o TJ condenou o empregado à indenizar o empregador.
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
		É o que vai fundamentar o bullyng. 
Ex.: Um hóspede está no hotel, um outro hospede totalmente alcoolizado taca um copo na cabeça dele, o hóspede pode colocar o hotel no polo passivo. 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Ex.: João furta do supermercado a 4k e da 1k para Pedro, Pedro responderá pelos 1k. 
13/05 – AULA 3
· RESUMO DA AULA ANTERIOR 
		Observação sobre a responsabilidade da teoria da guarda por coisa lançada: quando não se sabe de qual unidade o líquido ou dejeto cair, aplica-se a teoria da causalidade alternativa. A vítima deverá colocar no polo passivo da demanda todos os condôminos do edifício. Segundo Nelson Rosenvaldi tanto os apartamentos de frente e de trás, mas todos os condôminos devem compor o polo passivo. É a chamada queda anônima, cabendo sempre ação regressiva. 
		A ação proposta contra o condomínio, em razão de dano por coisa lançada é chamada de Actio dejectis et efffusis – pronúncia = ákcio dejéctis ét efúsis. (significado – dejectis = coisa sólida e effusis = coisa líquida). Esta ação é chamada por alguns de ação de defenestramento. 
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
		Ruína pode ser total ou parcial, tanto pela falta de manutenção quanto pelo próprio desabamento do prédio, por erro de projeto ou de estrutura. Cabe a responsabilidade do estado pela falta de fiscalização, pela omissão genérica. Os casos da ciclovia do Rio de Janeiro, elevador que cai são exemplos. 
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas
que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
		O art. 938 se refere a uma responsabilidade objetiva, pautada na teoria da guarda e na teoria do risco. Se você assume o risco de ter aquela coisa, responderá objetivamente. Nelson Rosenvaldi é um que discorda, ele diz que a gente tem que analisar a responsabilidade no caso concreto, ele dá o exemplo do suicida onde o dono do imóvel não deve responder pelo dano causado por ele; quando uma pessoa pega a arma de outra e se mata ou mata outrem o dono da arma não pode ser considerado coautor (deve-se analisar o caso concreto). 
		Nas hipóteses do art. 932, o STJ entende que os pais respondem por atos de seus filhos incapazes, se os pais não morarem juntos e apesar de os dois exercerem o poder familiar aquele que exerce poder de comando sobre o filho é quem responde; isso não é unanime, existe o entendimento de que aquele que pagou pode ajuizar uma ação regressiva se o acidente tivesse ocorrido por um dos dois. 
Ex.: o pai proíbe o filho de dirigir e a mãe entrega a chave do carro. Os tutores e curadores respondem do mesmo jeito que os pais pelos atos de seus filhos incapazes. Os pais só respondem objetivamente se for comprovado que foi ele o culpado. 
		
		Em relação ao inciso IV, trata-se da responsabilidade que um hotel tem sobre os atos de seus hospedes. Nelson Rosenvaldi diz como exemplo: chuveiro que queima hospede (defeito na prestação de serviço), empregado que furta o hospede. Aplica-se aqui o CDC, pois é uma nítida relação de consumo. Existe o penhor legal, que é onde o cartão fica retido como forma de garantia. O que o juiz tem de analisar é quando o hotel é meramente um cenário de um evento danoso, se cabe uma excludente de responsabilidade ou não.
		O STJ tem condenado as escolas pela omissão nos casos de bullying dentro do seu estabelecimento. A questão de morte dentro da escola, Nelson Rosenvaldi diz que a escola só deveria responder se ela tiver uma vistoria rigorosa de detectores de metal, porque do contrário não é previsível esse acontecimento na escola, sendo assim a escola deve alegar caso furtuito e força maior ou fato de terceiro. A ação regressiva caberia em face dos pais (não é unanime). 
		Situações em que uma escola irá responder:
1. queda de criança em pátiopor construção defeituosa;
2. criança que é sugada pelo ralo na piscina;
3. professor que agride aluno verbalmente;
4. professor que em aula de futebol machuca aluno;
5. abuso sexual de menor com outro menor dentro da escola;
6. pela falta de dever de cuidado, zelo e segurança (o TJ-GO condenou uma escola a pagar 50 mil em um caso de morte de um aluno dentro da escola). 
		O inciso V é criticado, Cristiano Chaves diz que ele está topograficamente errado, pois na realidade é responsabilidade direta, se trata na receptação de produto criminoso. Outro exemplo dado por Nelson Rosenvaldi é o de funcionário público que tem o dever de guardar computadores apreendidos em uma fiscalização e doa os computadores para parentes e amigos.
· DIREITO DE REGRESSO
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o
causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
		Não cabe a ação regressiva quando a pessoa por quem se pagou for sua descendente absoluta ou relativamente incapaz, mas se for emancipado caberá ação regressiva.
		O empregador pode ajuizar uma ação regressiva em face do empregado, o hotel em face do hospede causador do dano e a escola em face dos pais. O estado também responde por seus agentes. 
· RESPONSABILIDADE CIVIL POR COBRANÇA INDEVIDA
		É cabível a indenização daquele que for cobrado, antes de vencida a dívida, se não for o caso de cobrança antecipada, ( art. 333 do CC), ficará obrigado:
1. a esperar o tempo que faltava para o vencimento,
2. a descontar os juros correspondentes, embora estipulados e
3. a pagar as custas do processo em dobro.
		Aqui fala sobre o ato ilícito de se fazer uma cobrança antes do vencimento. O réu em reconvenção vai pedir indenização, se esperar a data do vencimento, retirar todos os juros imputados e o autor vai ter que pagar o dobro dos valores das custas processuais. 
1. Aquele que demandar por dívida já paga parcial ou total, sem descontar o que foi pago, fica obrigado a pagar em dobro do que foi cobrado.
Ex. se cobrar 50 pagará 100.
2. Se pedir mais do que devido, será responsável pelo equivalente cobrado, salvo se houver prescrição. A primeira parte diz que o réu em reconvenção terá o direito de pedir em dobro. A segunda parte diz que o réu em reconvenção irá pedir a condenação pela diferença paga. Flavio Tartussi diz que quem cobra uma divida já paga é uma má-fé presumida, mas não é o entendimento do STJ pois a má-fé tem de ser provada. 
INFROMATIVO 576 STJ. Para cobrança de dívida já paga, necessariamente deverá ser provada a má-fé do autor, não se podendo presumi-la. A aplicação da sanção civil do pagamento deverá ser feita na resposta do réu, em reconvenção, não havendo necessidade de ajuizamento de ação autônoma. 
· DIREITO DE EXIGIR E DE PRESTAR REPARAÇÃO TRANSMITE-SE COM A HERANÇA
 
Art. 943. o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
		A herança do sujeito, responde pelos danos causados a outrem. A vítima se torna credora. Os herdeiros também passam a ter direito. Falecendo o pai/mãe os seus herdeiros serão os seus sucessores processuais desde que ele tenha iniciado uma ação de responsabilidade civil como autor. João sofreu um dano ao direito da personalidade no dia 1 de janeiro de 2019, mas ele não ajuizou ação nenhuma e veio a morrer dois meses depois, para C. Chaves essa ação passa a ter conteúdo patrimonial, o espólio pode ajuizar a ação. 
		A herança é a transmissão das relações jurídicas de natureza patrimonial do falecido aos herdeiros e legatários. O espólio é a representação em juízo ou fora dele da herança, é representado pelo inventariante. Tudo que tem natureza patrimonial o legitimado é o espolio e tudo que tem natureza de direito existencial os legitimados são os herdeiros. 
		Os lesados indiretos do art. 12 {Ú que fala das violações do direito da intimidade, os legitimados para propor a ação vai até o quarto grau colateral. 
		Se em uma biografia houver violação dos direitos da intimidade e os herdeiros sofrerem dano reflexo eles têm legitimidade para propor a ação em nome próprio e de direito próprio. O art. 20 {Ú restringiu os legitimados, que são ascendentes, descentes e cônjuges. O STJ entende que familiares de famosos, ainda que vivos, também podem ajuizar ação em direito próprio quando algum veículo fere o direito da pessoa. 
· RESPONSABILIDADE POR ATO DE INCAPAZ
		No CC de 1916 o patrimônio do incapaz era intocável. O novo CC imputou aos pais responsabilidade objetiva pelos danos causados por seus filhos incapazes. A vítima colocar os pais no polo passivo da demanda e se os pais não tiverem condições, será invadido o patrimônio do incapaz. Ainda que o juiz terá que julgar com equidade, o menor nunca vai pagar o valor exato do dano (mesmo que ele tenha muito dinheiro). O art. 928 do CC preceitua que o incapaz responde pelos
prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Ressaltando-se que a indenização não poderá privar o incapaz do necessário ou as pessoas que dele dependam.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Havendo dano causado por incapaz, a regra é de que seus responsáveis serão obrigados a indenizar. Entretanto, se eles não possuírem meios suficientes ou não tiverem a obrigação de fazê-lo, a obrigação de indenizar recairá sobre o incapaz. Responsabilidade por atos de incapaz:
a. Responsabilidade objetiva, dos pais (art. 932, Inc I do CC)
b. Responsabilidade solidária do incapaz com os pais, no caso de
emancipação, art. 5º, Inc. I do CC
c. Responsabilidade subsidiária do incapaz, quando seus pais não
tiverem recursos suficientes para arcarem com a responsabilidade
d. Responsabilidade exclusiva do incapaz por ato infracional.
O menor não responde se a indenização o privar de recursos ou as pessoas que dele necessitam. 
INFORMATIVO 599 STJ. A responsabilidade civil dos pais é chamada de indireta ou complexa, forma-se um litisconsórcio facultativo simples. 
		A responsabilidade dos pais é objetiva e não se fala mais em culpa in vigilando, a responsabilidade do incapaz é subsidiária devendo o lesado colocar no polo passivo da demanda os pais e o filho. Pois se ajuizar a ação somente em face dos pais e sendo julgada improcedente a ação, não poderá depois ajuizar a ação em face do incapaz. 
		A colocação do filho é importante no polo passivo da demanda, porque na eventualidade dos pais não terem patrimônio o próprio incapaz sofrerá a perda de seus bens. 
· RESPONSABILIDADE POR ENTREGA DE VEÍCULO A INCAPAZ
SUMULA 575 STJ. constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção e veículo automotor a pessoa que não seja habilitada ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. 
		Só de um pai entregar o carro na mão do filho ele está cometendo crime de periculosidade. 
		A título de curiosidade, o STJ entendeu que há uma culpa presumida no motociclista que causa um dano embriagado, ele quem tem que provar uma das excludentes de responsabilidade. 
· RESPONSABILIDADE DO PROPRIETARIO QUE EMPRESTA CARRO A TERCEIRO
		Entendimento do STJ é de que baseado na teoria da guarda e na teoria do risco da atividade, aquele que empresta o carro, caso haja acidente, o proprietário responderá solidariamente com o motorista, mas a responsabilidade é subjetiva com culpa presumida. (culpa in vigilando ou culpa in eligendo). RESP 604758 / RESP 1044527 
· DANO CAUSADO POR SURTO ESQUIZOFRÊNICO
		O STJ entendeu que se o indivíduo for solteiro e morar sozinho em apartamento e os pais tiverem a ciência de que ele pode causar dano, no caso de surto que atinja porteiros e vizinhos seus pais responderam quando tiverem conhecimento da doença.
27/05 – AULA 4· ATO ILÍCITO POR ABUSO DE DIREITO
		É chamado de ato ilícito improprio ou funcional. Ele é lícito na origem, mas ilícito no resultado. No exercício regular de um direito, ele excede os limites do fim social, econômico, da boa fé e dos bons costumes. A responsabilidade civil é objetiva. O art. 927 c/c o art. 187 do CC (clausula geral), conceitua, in verbis:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
		Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. O referido artigo consagra a Teoria do Abuso de Direito ou Teoria dos atos emulativos, que encontra suas raízes históricas do Direito Romano, “exercício de direito sem utilidade, apenas para prejudicar”.
		Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
		O fundamento para o abuso de direito é evitar que aquele que é titular de um direito o utilize como forma de opressão. Embora o ato seja formalmente legal, o titular do direito se desvia da finalidade da norma, transformando-o em ato ilícito. Na verdade, o que o excede os limites porque ele exerce o direito protegido por lei de forma a oprimir o outro. O detalhe é que nem sempre terá obrigação de indenizar porque existe ato ilícito em todos os campos do direito, por exemplo, um pai que exerce o poder familiar de forma abusiva (pode perder o poder). Não há necessidade de comprovar culpa ou dolo, só que o resultado ocorreu da conduta da pessoa.
		A boa fé objetiva deve ser respeitada em todas as relações, sendo ela um padrão de conduta, e por isso há uma presunção legal que as pessoas numa relação contratual vão agir de boa-fé. Ela é multifuncional: 
1) função interpretativa: toda vez que o juiz é chamado pra interpretar uma cláusula, ele tem que interpretar como se ele fosse leigo; 
2) função de controle: o poder judiciário muitas vezes é chamado para dar um controle na relação (ex: limita a permanência em uit); 
3) função integrativa: na relação contratual as partes se obrigam a cumprir com o objeto do contrato. 
4) FUNÇÃO INFORMATIVA: o fornecedor é obrigado a fornecer os riscos, qualidades e características do produto deve ter o cuidado e de proteção para com o consumidor, ex: não pode negativar indevidamente.
		Outro limite que deve ser respeitado são os bons costumes, que varia com o decorrer do tempo. Sua violação surgiu na França, quando o filho é expulso do castelo sua mãe é enterrada no mesmo local, e o pai impediu o filho de visitar o tumulo da mãe.
		Já no Brasil, teve uma festa em SC em que soltava um boi na rua e “brincavam” com ele. Mas o STF entendeu que foi maus tratos e isso viola os bons costumes
· LIMITES ESTABELECIDOS POR LEI VIOLADOS PELO ABUSO DO DIREITO 
· FIM ECONÔMICO
		É o proveito material que o exercício do direito trará para o seu titular. O fim econômico tem grande relevância na área do Direito Obrigacional, nos contratos. casos de abuso de direito na área contratual: rescisão unilateral de contratos de plano de saúde, quando a pessoa atinge idade avançada ou fica doente. 
Jurisprudência – No direito societário, a jurisprudência tem reputado abusivo o requerimento de falência de uma empresa, quando é suficiente uma ação de execução, ex. pedido de dissolução total da sociedade formulado por sócio retirante, em lugar de dissolução parcial.
		Abuso de direito é correntemente fundamento em ações que visam resolver conflitos de vizinhança. 
Ex.: Caso universalmente conhecido que ocorreu na França em 1913. Proprietário que tendo se desentendido com o seu vizinho, construiu uma falsa chaminé em sua casa somente para vedar a passagem da luz solar da casa do desafeto. 
Ex.2: Também na França, em 1913, o proprietário de um terreno construiu uma torre de madeira, finalizada com ferros pontiagudos para danificar os dirigíveis construídos pelo vizinho.
		Também importa abuso de direito pelo excesso do fim econômico a hipoteca instituída pela construtora para a garantia da dívida contraída junto ao Banco financiador do empreendimento imobiliário. Entendeu-se em decisão judicial que a hipoteca não atinge os adquirentes das unidades. Importa em abuso de direito do financiador, isso porque o devedor é a construtora, e ela é que tem que garantir o pagamento da dívida contraída junto ao banco, e não os adquirentes das unidades. O TJ/RJ entendeu ser ineficaz a hipoteca em razão do abuso de direito. 
		No campo do Direito Processual os Tribunais têm repelido o abuso do direito de recorrer. Assim conclui-se que nem os direitos constitucionais como a ampla defesa, o devido processo legal e outras garantias constitucionais não podem ser invocados a pretexto de abuso de direito.
· FIM SOCIAL
 		Toda sociedade tem um fim a realizar: a paz, a ordem, a solidariedade e a harmonia da coletividade, enfim o bem comum. E o Direito é o instrumento para o alcance dessa finalidade. Todo direito subjetivo está condicionado ao fim que a sociedade se propôs.
		Assim sendo, ninguém poderá no exercício de seu direito ir contra a finalidade social que a lei teve em mira quando o reconheceu e o protegeu. Verifica-se o abuso de direito pela inobservância dos limites sociais no campo do Direito de Família. 
Ex.: abuso do poder familiar, a finalidade do poder familiar é proporcionar aos pais a autoridade necessária para poderem educar e prestar assistência aos filhos, toda vez que, os pais usam dessa autoridade para cercear a liberdade do filho, injustificadamente, ou para castigá-lo imoderadamente, não está no exercício de um direito, mas no abuso dele.
		A concorrência desleal também é um exemplo de abuso de direito por violação dos limites do fim social, vez que a livre concorrência visa que as empresas possam melhor atender aos consumidores, mediante mais ofertas, preços baixos, melhores produtos e serviços. A concorrência desleal é abusiva porque foge da finalidade social.
· BOA-FÉ OBJETIVA
		Significa que as pessoas devem adotar em todas as relações jurídicas, qual seja, a conduta correta, adequada, honesta e leal. As partes devem agir em um padrão ético de confiança e lealdade recíprocos. Considera-se violado o princípio da Boa-fé sempre que o titular de um direito, ao exercê-lo, não atua com a lealdade e confiança esperáveis.
		A boa-fé objetiva foi inserida no Código Civil e no CDC como cláusula geral, irradiando seus efeitos por todo o sistema civilista. Nelson Rosenvalt diz que a Boa-fé tem uma função multifuncional, tendo três áreas de operatividade: 
1ª) função interpretativa - a boa-fé serve de orientação para o juiz, devendo este diante de contratos prestigiar a teoria da confiança, segundo a qual as partes agem com o intuito de adimplirem o contrato. Desta feita, ao interpretar um contrato deve levar em consideração como um leigo o intrerpretaria.
2ª) função controle – a boa-fé tem a função de evitar abusos de direito por parte do fornecedor, limitando as suas condutas.
3ª) função integrativa – desse princípio insere novos deveres além da obrigação principal, ou seja, os chamados deveres anexos ou laterais do contrato:
a) Dever de cooperação- o fornecedor deve cooperar na relação para que o consumidor possa alcançar as suas expectativas, facilitando os meios para que o mesmo possa adimplir com a sua obrigação, como também conduzir de forma a minimizar os prejuízos do fornecedor.
b) Dever de informação - o fornecedor deve dar a maior informação possível sobre os dados e riscos do produto. 
c) Dever de proteção ou cuidado – impõe ao fornecedor uma conduta no sentido de preservar a integridade pessoal e patrimonial do consumidor a aderir aos serviços e produtos oferecidos.
		A violação dos deveres anexos ou laterais do contrato é chamado pela doutrina de violação positiva do contrato ou de adimplemento ruim. (Pergunta do último concurso para Promotor de Justiça –RJ).
		Importa a conduta que as pessoas devem adotar em todas as relações sociais, qual seja, a conduta correta, adequada, honesta e leal. As partes devem agir em um padrão ético de confiança e lealdade recíprocos. Considera-se violado o princípio da Boa-fé sempre que o titular de um direito, ao exercê-lo, não atua com a lealdade e confiança esperáveis.
Ex.: TJ/RJ – considerou abusiva, por violação do princípio da Boa-fé, a denúncia unilateral de um contrato de seguro de saúde, após cinco anos de vigência, feita em momento em que um dos seus beneficiários se encontrava em tratamento de saúde por doença grave. Enquanto o contrato foi economicamente interessante a empresa prestadora dos serviços médicos hospitalares não se valeu da cláusula contratual que permitia a denúncia unilateral. Bastou surgirem as despesas para que dela lançasse mão, justamente no momento em que o beneficiário dos serviços mais deles necessitava. Não é isso que se espera de uma conduta leal e de confiança.
Ex.2: Banco para amortizar débito de uma empresa decorrente de contrato de mútuo, utilizou o saldo positivo que ela tinha em conta corrente. Por falta desses recursos, a empresa não pagou os salários de seus funcionários, estes entraram em greve, trazendo sérios prejuízos. Na contestação, o Banco alegou que havia cláusula no contrato de mútuo, que autorizava a instituição financeira a utilizar-se de valores e créditos existentes em nome da empresa, em qualquer agência, para a amortização ou liquidação dos débitos decorrentes do contrato. Essa tese defensiva foi julgada abusiva, ainda que houvesse cláusula permitindo a retirada dos valores, pode a mesma ser declarada abusiva, nos moldes do art. 51 do CDC. No caso em comento, o Banco executou com suas próprias mãos o seu crédito, no momento que lhe pareceu oportuno e adequado.
· BONS COSTUMES 
		Importa um conjunto de regras de convivência que, em um dado ambiente e em certo momento, as pessoas honestas e corretas praticam. Haverá abuso quando o agir do titular do direito contrariar a ética dominante. A Boa-fé e os bons costumes andam juntos. 
		No Brasil, na década de 1990, o leading case do abuso de direito baseou-se no episódio da “farra do boi”. A “farra do boi” era considerada um festejo tradicional do Sul do País, de Santa Catarina. Colocava-se o boi contra a população, e sempre o boi saía perdendo. A Constituição, muito embora preveja a proteção às tradições e manifestações culturais, ao ser a questão analisada pelo Supremo, este entendeu que não seria um bom costume maltratar os animais. Houve abuso no direito de manifestação cultural daquela sociedade, em atentando contra os bons costumes da sociedade tal exercício de um direito lícito, inicialmente.
· MODALIDADES ESPECÍFICAS DOS ATOS ABUSIVOS
		Necessário se atentar para algumas peculiaridades no reconhecimento do abuso de direito, a partir de figuras específicas. É cediço que o princípio da Boa-fé Objetiva foi consagrado no nosso Código Civil, princípio este que permeia todas as relações jurídicas. Nelson Rosenvald entende que tal princípio é multifuncional, pois exerce funções: 1) interpretativa, 2) de controle e 3) integrativa, norteando as partes em suas condutas positivas, mas o supracitado princípio também norteia as partes em condutas que devem as partes se absterem, daí o nascimento das chamadas figuras parcelares com funções reativas, quais seja:
1)	VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM - A PROIBIÇÃO DE COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO 
		A proibição de comportamento contraditório – nemo postest venire contra factum proprium é modalidade de abuso de direito que surge da violação da confiança – decorrente da função integrativa da boa-fé objetiva, art. 422 do CC.
		Ninguém pode se opor a fato que ele próprio deu causa. Ex: empresa cancela o voo e depois coloca casal na 1ª classe, chegando no destino a empresa cobra a diferença da área econômica e da 1ª classe.
		Embora a vedação do comportamento contraditório não tenha sido expressa na lei, promovendo-se uma interpretação mais solta das prisões do direito positivado, percebe-se que o venire contra factum proprium é consequência natural da repressão do abuso de direito, sendo assim, perfeitamente aplicável no direito brasileiro.
		Impede que alguém possa ter um comportamento contraditório, após ter produzido em outra pessoa uma determinada expectativa, em suma, trata-se da proibição da inesperada mudança de comportamento, vedação da incoerência. O venire se insere na Teoria dos atos próprios, segundo a qual se entende que a ninguém é lícito fazer valer um direito em contradição com a sua conduta anterior.
		Isso significa que, “ninguém pode se opor a fato a que ele próprio deu causa”.
		A vedação do comportamento contraditório se fundamenta na confiança. A confiança por sua vez decorre da cláusula geral da boa-fé objetiva, trata-se de dever geral de lealdade e confiança recíproca entre as partes.
		Além disso, o art. 3º, I da CF trata da solidariedade social, que se apresenta como fundamento para proibição do comportamento contraditório por impor respeito e consideração aos interesses de terceiros, vedando comportamentos egoístas.
Ex.: nas negociações preliminares poderá haver verificação simultânea do venire com a responsabilidade pré-contratual, quando uma das partes abusa da confiança da outra, após acenar com o desejo de continuar as negociações e imotivadamente, encerre as conversações, em comportamento contraditório.
Em relação ao tema o Superior Tribuanl de Justiça decidiu, in verbis: Promessa de compra e venda. Consentimento da mulher. Atos posteriores. Venire contra factum proprium. Boa-fé (...) A mulher que deixa de assinar o contrato de promessa de compra e venda juntamente com o marido, mas depois disso, em juízo, expressamente admite a existência e validade do contrato, fundamento para a denunciação de outra lide, e nada impugna contra a execução do contrato durante mais de 17 anos, tempo em que os promissários compradores exerceram pacificamente a posse sobre o imóvel, não pode depois se opor ao pedido de fornecimento de escritura definitiva. Doutrina dos atos próprios” (STJ Resp. 95539/SP.
 Em outra passagem o STJ julgou recurso de um Poder Público municipal que, após celebrar diversas promessas de compra e venda de lotes componentes de uma gleba de sua propriedade, pretendia anular alegando que o parcelamento promovido por ele mesmo estava irregular, faltando registro, in verbis: Tendo o município celebrado promessa de compra e venda de lote localizado em imóvel de sua propriedade, descabe o pedido de anulação dos atos, se possível a regularização do loteamento que ele mesmo está promovendo (...) A teoria dos atos próprios impede que a Administração Pública retorne sobre os próprios passos, prejudicando os terceiros que confiaram na regularidade de seu procedimento. ( STJ Resp. 141.879°SP).
		O venire pode resultar de um comportamento omissivo ou comissivo do contratante.
2)	 SUPRESSIO
		Consiste na perda de um direito pela falta de seu exercício por razoável lapso temporal, diferente do instituto da prescrição que importa na perda da pretensão. Na supressio ocorre a perda do direito pelo silêncio de seu titular, seu comportamento é omisso, e seu movimentar posterior revela um comportamento contraditório, incompatível com a legítima expectativa da outra parte. A omissão do titular do direito gerou no outro a convicção de que o direito não seria mais exigido.
Ex.: Uso de área comum por condômino em regime de exclusividade por período de tempo considerável, que implica a supressão da pretensão de cobrança de aluguel pelo período de uso. A cobrança de aluguel pelo tempo de uso importaria em abuso de direito porque ele não cobrava.
		Já houve julgado em que o condômino que usava área comum de prédio pleiteou a usucapião da área, no julgamento não foi deferia a transferência do domínio, mas foi resguardado o direito de posse ao condômino, com base na supressio.
		Como o venire contra factum proprium se aproxima muito do supressio a doutrinaentende que este é espécie e aquele é gênero.
3)	SURRECTIO
		É o outro lado da moeda supressio, pois se nesta figura há a perda do direito, na surrectio verifica-se o surgimento de um direito exigível, como decorrência lógica do comportamento de uma das partes. 
Ex.: art. 330, se o credor durante muito tempo aceitou que o pagamento fosse efetivado em local diverso daquele pactuado no contrato, haverá tanto uma supressio do direito do credor como uma surrectio do devedor de exigir que o contrato seja, agora, cumprido no lugar tolerado.
		Supressio é o fenômeno da perda, supressão de determinada faculdade jurídica pelo decurso do tempo. Ex. 
Art. 330. Para o credor o pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
		Surrectio se refere ao fenômeno inverso, é o surgimento de uma situação de vantagem para alguém em razão do não exercício por outrem de determinado direito, vedada a possibilidade de exercício posteriormente. A tentativa deste exercício importaria em abuso de direito, logo ato ilícito. Ex. art. 330 pra o devedor.
		Não é necessário verificar se houve dolo ou culpa por parte do titular não exercente, sendo a deslealdade apurada objetivamente, com base na quebra do princípio da confiança.
		A supressio assemelha-se à prescrição e a decadência, sendo que nestas os critérios decisivos são o transcurso do tempo e a inatividade, enquanto que na supressio exige-se a confiança da contraparte, motivada pela inatividade do opoente a ponto de lhe trazer a expectativa de que nunca exercerá o seu direito. por isso que o tempo para a perda não se submete a prazos rígidos. Já na surrectio o exercício continuado de uma situação jurídica contrária ao convencionado ou do ordenamento implica em nova fonte de direito subjetivo.
		Supressio e surrectio são os dois lados de uma mesma moeda. Na supressio ocorre a perda do direito do titular e na surrectio a aquisição do direito pelo beneficiário. Ex. condomínio edilício que tolera que um de seus condôminos utilize, com exclusividade, uma área comum, sem reclamar. Independentemente da fluência do prazo usucaptivo é possível gerar uma situação de legítima confiança, quando o condomínio gera no condômino uma confiança de que a situação vai perdurar, por exemplo, cobrando uma taxa a mais pela utilização da área. A cobrança da taxa posteriormente, pelo prazo já utilizado importaria em abuso de direito. A ponderação só pode se dar no caso concreto. Poderá o condomínio notificar o condômino para não mais usar aquela área comum, mas não poderá cobrar aluguel retroativo.
		Em síntese, enquanto na supressio ocorre a supressão do direito em razão da inércia de seu titular, a surrectio gera a aquisição do direito subjetivo, em razão de um comportamento continuado.
4)	TU QUOQUE = Até Tu?
		Tu quoque – tu quoque, Brutus, tu toque fili mi! Frase dita por Julio Cezar, imperador de Roma, a seu filho Brutus, quando constatou que teu filho também queria matá-lo – Até tu, Brutus, até tu filho meu!
		A aplicação do tu quoque se verifica em situações em que há um comportamento que rompe com a confiança, pela violação de uma norma jurídica, e surpreende uma das partes da relação negocial, colocando-a em situação de injusta desvantagem. 
Ex.: art. 180 do CC, que estabelece: menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Se o menor invocasse a sua menoridade estaria agindo com abuso de direito. 
		No campo jurídico ocorre o tu quoque, quando alguém viola uma determinada norma jurídica e posteriormente tenta tirar proveito da situação, com o intuito de se beneficiar. Ocorre malícia, deslealdade, gerando a ruptura da confiança.
		Segundo Flávio Tartuce: “não faça contra o outro o que você não faria contra si mesmo”, “não crie uma situação para depois tirar dela proveito”.
		Assim, diz Christiano Chaves “ aquele que não cumpre os seus deveres também não pode exigir os seus direitos com base na norma violada, sob pena de abuso.”
		A semelhança do venire com o tu quoque é que ambos são espécies da teoria dos atos próprios, que importa reconhecer a adoção de uma linha de conduta uniforme.
		
Exemplo dado pela jurisprudência portuguesa, in verbis: A pessoa que viole uma norma jurídica não poderá sem abuso, exercer a situação jurídica que essa mesma norma lhe tivesse atribuído, tu quoque (...) Tendo o reú ardilosamente, mantido em seu poder o documento enviado para assinatura pela firma que lhe vendera o veículo (há muito na posse), vindo depois a invocar a nulidade do contrato devido a falta de assinatura, ao ser-lhe exigido o pagamento, incorreu ele em abuso de direito naquela modalidade, não merecendo proteção a sua posição.
· ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL/SUBSTANCIAL PERFORMANCE
		Para Pablo Stolze, o instituto e mecanismo da substancial performance também é conhecido pelas expressões do inadimplemento mínimo, do adimplemento substancial ou do inadimplemento irrisório.
		Ele pode ser analisado do ponto de vista qualitativo ou quantitativo.
1) Quantitativo: imagina que num contrato de financiamento de carro, joao financiou em 24 vezes, faltando uma parcela ele não consegue pagar. O STJ entendia que o contrato substancialmente foi adimplido. Só que em 2017 ele entendeu que Info 589, que não se aplica essa teoria em caso de inadimplemente de parcela de contrato de alienação fiduciária em garantia, ainda que o valor seja ínfemo. Como argumento que o decreto lei 911/69 autoriza o credor fiduciário à busca e apreensão do bem se houver inamdiplemeto do devedor fiduciante. Argumenta ainda que a referida teoria é derevida do principio da boa fé mas que não é consagrada em lei.
2) Qualitativo: compra do imóvel com anos de pagamento de parcela de quitação do imóvel. A teoria do adimplemento vai dizer que qualitativamente nos primeiros anos de pagamento já ocorre a quitação do valor da casa, os anos seguintes são juros. Então há um adimplemento substancial nos primeiros anos de pagamento da casa. 
		É direito da parte, do contratante, requerer a rescisão do contrato com todos os seus efeitos, quando houver o descumprimento da contraparte, ou seja, da outra parte do contrato. São os efeitos da rescisão de um contrato:
a)	Perdas e danos: normalmente vêm previamente liquidadas na multa, na cláusula penal;
b)	Juros e correção;
c)	Honorários e custas.
· RESPONSABILIDADE CIVIL POR CRIMES CONTRA A HONRA
		Caberá indenização sempre que o agente praticar injúria, difamação ou calúnia e ainda denunciação caluniosa ou falsa comunicação de crime.
		Se não for possível quantificar o dano material, o juiz deverá julgar com equidade, observando as circunstâncias do caso concreto.
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
· RESPONSABILIDADE CIVIL POR OFENSA À LIBERDADE PESSOAL
Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.
		Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I - o cárcere privado;
II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III - a prisão ilegal.
· DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR USURPAÇÂO OU ESBULHO DE COISA ALHEIA
		Usurpar significa apossar-se de algo que não é seu.
Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própriacoisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele.
Ex: Se Maria usurpou algo de Joao, terá que restituir a coisa, ou pagar o valor equivalente + lucros cessantes.
		No § único o legislador falhou porque disse que a restituição será do valor do mercado, mas pode ocorrer do dano ser maior que o valor de mercado, devendo ter então, um argumento bem fundamentado para convencer o juiz.
		Esbulho ato de ser despojado, espoliado, ser privado da posse.
		No caso da vítima perder a posse de alguma coisa e está puder ser devolvida terá o direito de restituição da coisa, mais indenização pela sua deterioração e mais lucro cessante. 
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele.
		Caso não seja possível a restituição, terá direito de receber o dano moral. Na realidade o preço da afeição equivale ao dano moral, apesar do artigo determinar que este não poderá ser maior que o preço ordinário da coisa, a CF preceitua que a indenização por dano moral baseia-se no princípio da reparação integral, logo, pode acontecer da indenização por dano moral ser mais elevada do que o valor material da coisa.
· RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL
		O erro profissional pode ser fatal, razão pela qual é preciso preencher requisitos legais para o exercício de determinadas atividades laborativas, que vão desde a diplomação em curso superior, passando pela a habilitação técnica e específica até a inscrição em órgão especial. Estão nesse elenco os médicos, os dentistas, farmacêuticos, engenheiros etc...
		O preenchimento desses requisitos não exime o profissional de responder pelos danos que eventualmente causar a outrem por violação a deveres que estava profissionalmente ligado.
		O CDC, no seu art. 14, § 4º, estabeleceu como regra a responsabilidade subjetiva para os profissionais liberais prestadores de serviços.
		Devido ao particularismo de cada profissão, algumas geram obrigação de resultado como a do construtor, outras de meio ou de diligência, (cuidado, zelo), como a do advogado, e a do médico, que segundo a doutrina, a responsabilidade do médico pode ser de meio ou de resultado, conforme a situação
		A falta de informação pode gerar indenização. A falha do serviço ambém gera. Artigo 14§4º CDC, CEM, artigo 951 Cc.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
		O artigo 951 estabelece que a responsabilidade do médico é subjetiva, ou seja, há necessidade da prova do erro médico.
· RESPONSABILIDADE POR ERRO MÉDICO OU DANO MÉDICO
		O erro médico (chamado por alguns autores de dano médico) é o dano imputável ao profissional da medicina, nos termos do artigo 14, §4º, do Código de Defesa do Consumidor cumulado com o artigo 951, do Código Civil, segundo a apuração de sua culpa profissional (imperícia, imprudência ou negligência, plenamente demonstrada) e o Código de Ética Médica
Art, 14 § 4ªdo CDC
 O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
(...) 
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
 
Art. 951 do CC O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
ENUNCIADO. 460 V JORNADA DE DIREITO CIVIL: A responsabilidade subjetiva do profissional da área de saúde, nos termos do art. 951 do CC e do art.14§ 4º do CDC não afasta a responsabilidade objetiva pelo fato da coisa da qual tem a guarda, em caso de uso de aparelhos ou instrumentos que, por eventual disfunção, venham a causar danos a pacientes, sem prejuízo do direito regressivo do profissional em relação ao fornecedor do aparelho e sem prejuízo da ação direta do paciente, na condição de consumidor, contra tal fornecedor
· Responsabilidade civil do cirurgião plástico
Artigo 491 STJ – Resp 985/888 SP O Ministro entendeu que a responsabilidade do cirurgião plástico é subjetiva com culpa presumida, porque o cirurgião plástico de embelezamento tem obrigação de resultado. Mas por força do artigo 951 do código de ética médica, a responsabilidade continua sendo subjetiva. Inverte-se o ônus da prova, devendo o médico comprovar que não teve falha na prestação.
		Segundo entendimento da 3ª turma – Julgado de 2016 – Resp 2014 0173852.5
		Ação indenizatória em cirurgia plástica - a responsabilidade é objetiva, em obrigação de resultado. O médico só afasta a responsabilidade através das excludentes de responsabilidade: culpa exclusiva da vítima, caso furtuito, força maior e dano iatrogênico.
· Dano Iatrogênico
		É um estado ou prejuízo provocado por ato médico em pessoas sadias ou doentes, cujos transtornos são imprevisíveis. 
		Julgado STJ em que afasta a responsabilidade do médico por dano iatrogênico: Rompimento de bexiga, cesariana, erro médico não caracterizado. Fundamento do Resp: nada há nos autos que indique atendimento inadequado ou tardio ou mesmo falha da equipe médica, seja do diagnóstico, seja do tratamento fornecido, o caso é chamado de dano iatrogênico.
Ex: cicatriz deixado por cirurgia.
		Quando há erro médico e o médico é empregado do hospital, o hospital responde de forma objetiva, ou seja, independentemente de comprovação de culpa *artigo 14 CDC). 
		A 4ª turma entende que quando há responsabilidade subjetiva do médico, o hospital também deveria responder subjetivamente.
Julgados: 3ª turma: responsabilidade objetiva do hospital por erro médico;
3ª turma: nascimento prematura de bebe que nasce com cegueira irreversível, responsabilidade objetiva do hospital por erro médico; nao há responsabilidade o hospital quando há erro medico por profissional que usa as instalações do hospital; 3ª turma: cirurgia de vasectomia sendo caso de fimose – responsabilidade objetiva.
		Responsabilidade subjetiva do hospital: 4ª turma: responsabilidade subjetiva do hospital por erro médico – inexistência de prontuários; 3ª turma: responsabilidade subjetiva do estado por erro médico.
		Não há incidência do CDC de erro médico ocorrido em hospital público, pq ele não é visto como consumidor porque o dinheiro vem dos cofres públicos, e por isso o estado responde objetivamente e depois pode propor ação em face do médico.
JULGADO STJ. Responsabilidade civil de hospital público municipal, ela é extracontratual e não incide o CDC.
Termo de consentimento informado – o médico é obrigado a informar os riscos do tratamento terapêutico ou cirúrgico e o paciente deve assinar.
		A Teoria da perda de uma chance, se aplica à atividade médica quando o médico demora em atendimento ou por erro grosseiro de diagnóstico.
Ex.: Direito ao esquecimento. Na Alemanha aconteceu assassinato de três alemães, nas vésperas de sair da cadeia a imprensa fez um documentário. O advogado fez ação inibitório para impedir a vinculação do documentário.
Entendimento STJ: perenização do estigma do criminoso – não se pode tornar perpetua a valorização negativa de atos e antecedentes.
3ª turma: desvinculação do nome de estabelecimento de site de busca na internet, não há responsabilidade de buscadores da internet pelos resultados apresentados quando não há interesse público caberá responsabilidade civil.
		O Enunciado 531 estabelece que o direito de não ser lembrado eternamente pelo equívoco pretérito ou por situações constrangedoras ou vexatórias é uma forma de proteger a dignidade

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