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13 - Diagnósticos de Enfermagem mais prevalentes em gestantes de alto risco

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Enferm. Foco 2019; 10 (3): 119-125
ARTIGO 20
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM MAIS 
PREVALENTES EM GESTANTES DE ALTO RISCO
Priscila Alvarenga Teles1, Elisiany Mello Costa, Marislei Sanches Panobianco, Thais de Oliveira Gozzo, Tatiana da Silva Vaz Paterra, Larissa Clara Nunes
 1Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP/RP.
Autor correspondente: Priscila Alvarenga Teles. E-mail: priscila.alvarenga@live.com 
 
Objetivo: identificar os diagnósticos de enfermagem em um centro de referência de gestação de alto risco. Metodologia: 
estudo descritivo e retrospectivo com coleta de informações em 200 prontuários de gestantes atendidas entre 2014 e 2015 
em um centro de referência secundária. Foi aplicado um instrumento de coleta buscando dados demográficos, motivos de 
encaminhamento e diagnósticos de enfermagem. Resultados: os diagnósticos mais prevalentes foram: conforto prejudicado 
(60%), risco de infecção (36%) e manutenção ineficaz da saúde (29,5%). Ressalta-se o grande número de gestantes sem um 
companheiro (48,5%). As condições que mais motivaram encaminhamento foram o histórico e a apresentação atual das 
Síndromes Hipertensivas da Gestação (19%). Conclusão: estes dados podem direcionar a implementação da Sistematização de 
Assistência de Enfermagem, visando uma assistência de enfermagem mais eficiente e eficaz, interferindo de forma positiva no 
desfecho da gestação de alto risco.
Descritores: Gravidez de Alto Risco; Cuidados de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem.
THE MOST PREVALENT NURSING DIAGNOSIS IN HIGH RISK PREGNANT WOMEN
Objective: to identify the nursing diagnoses in a high risk pregnancy reference center. Methodology: descriptive retrospective 
study with collecting information through 200 medical records of patients treated in the period between 2014 and 2015 in 
a high risk pregnancy reference center. A data collection instrument was used, seeking demographic information, referral 
reasons and nursing diagnoses. Results: The most prevalent diagnoses found are impaired comfort (60%), risk for infection 
(36%) and ineffective self-health management (29,5%). Note the large number of pregnant women without a partner (48,5%). 
The most referrals reasons were motivated by historical and current presentation of pregnancy hypertensive syndromes (19%). 
Conclusion: this data can direct the implementation of Nursing Care Systematization, for a more efficient and effective nursing 
care interfering positively in the outcome of the high risk pregnancy.
Descriptors: High-Risk Pregnancy; Nursing Care; Nursing Diagnosis.
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMERÍA MÁS PREVALENTES EN GESTANTES DE ALTO RIESGO 
Objetivo: identificar los diagnósticos de enfermería en un centro de referencia de gestación de alto riesgo. Metodologia: estudio 
descriptivo y retrospectivo con recolección de informaciones en 200 prontuarios de gestantes atendidas entre 2014 y 2015 
en un centro de referencia secundaria. Se aplicó un instrumento de recolección buscando datos demográficos, motivos de 
encaminamiento y diagnósticos de enfermería. Resultados: los diagnósticos más prevalentes fueron: comodidad perjudicada 
(60%), riesgo de infección (36%) y mantenimiento ineficaz de la salud (29,5%). Se resalta el gran número de gestantes sin 
un compañero (48,5%). Las condiciones que más motivaron encaminamiento fueron el histórico y la presentación actual 
de los Síndromes Hipertensivos de la Gestación (19%). Conclusión: estos datos pueden direccionar la implementación de la 
Sistematización de Asistencia de Enfermería, buscando una asistencia de enfermería más eficiente y eficaz, interfiriendo de 
forma positiva en el desenlace de la gestación de alto riesgo.
Descriptores: Embarazo de Alto Riesgo; Atención de Enfermería; Diagnóstico de Enfermería.
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DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM MAIS PREVALENTES EM GESTANTES DE ALTO RISCO
Priscila Alvarenga Teles, Elisiany Mello Costa, Marislei Sanches Panobianco, Thais de Oliveira Gozzo, Tatiana da Silva Vaz Paterra, Larissa Clara NunesARTIGO 20
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) (1) estimou a ocor-
rência de 303 mil óbitos maternos no mundo em 2015. Para 
cada óbito ocorrido, estima-se que de 20 a 30 mulheres ma-
nifestam alguma morbidade materna (2). 
Todavia, a assistência qualificada voltada a essas mulhe-
res, principalmente à assistência pré-natal, pode alterar os 
prognósticos tanto para a mãe quanto para o feto, contri-
buindo para que haja maior número de desfechos favoráveis 
(3). Dentro deste contexto encontra-se a assistência voltada 
para a gestação de alto risco. 
A gestação de alto risco pode ser classificada quando é 
identificado patologia e/ou problemas na saúde da mãe du-
rante o ciclo gravídico ou o agravamento de uma condição 
pré-existente, que ameaça tanto a saúde materna quanto do 
feto. Podem ser de caráter patológico (diabete mellitus, hi-
pertensão arterial, hemorragias, entre outras), ou encontrado 
no campo psicossocial (imaturidade psicológica, conflitos fa-
miliares, entre outros) (4, 5, 6). 
O Ministério da Saúde classifica os fatores de risco como: 
características individuais e condições sociodemográficas 
adversas, história reprodutiva antecedente à gestação atual, 
condições clínicas prévias, e ainda há aqueles fatores que po-
dem ocorrer durante a gestação como: exposição imprópria 
ou de forma acidental a fatores teratogênicos, doença obs-
tétrica na gestação atual e intercorrências clínicas. De modo 
geral, essas mulheres são atendidas inicialmente no nível pri-
mário e quando um ou mais riscos são identificados, elas são 
posteriormente referenciadas para níveis mais complexos de 
atenção à saúde (4). 
Mulheres com alterações como cardiopatias, síndromes 
hemorrágicas, doenças autoimunes e psiquiátricas, ou rela-
cionadas ao feto como restrição de crescimento intrauterino, 
exigem níveis de cuidados diferenciados sendo encaminhadas 
para níveis secundários ou terciários, que contêm equipa-
mentos mais específicos e equipes multidisciplinares consti-
tuídas por profissionais especialistas de diversas áreas (7).
Nesta área, o enfermeiro, utilizando da sua capacidade e 
qualificação, tem ocupado espaço de ação, aplicando seu co-
nhecimento em uma assistência com planos e ideias que pos-
sam colaborar com o pré-natal dessa gestante. Nesse senti-
do, estudos comprovam que a consulta de enfermagem tem 
sido de suma importância, pois pode garantir uma melhoria 
na qualidade da assistência no pré-natal, por meio de ações 
de prevenção e de promoção de saúde da gestante, demons-
trando assim a competência técnica e humanística do profis-
sional enfermeiro (8, 9). 
A resolução do Conselho Federal de Enfermagem (CO-
FEN) nº 358/2009 dispõe sobre a necessidade da aplicação 
da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) por 
viabilizar a operacionalização do processo de enfermagem, 
fornecendo uma assistência de forma ordenada e com qua-
lidade, contribuindo ainda para que o cuidado oferecido pela 
classe de enfermagem seja organizado e conferindo a este 
profissional uma maior independência em suas atividades, re-
velando assim a importância de sua implantação em todos os 
ambientes em que os enfermeiros estão inseridos (10-12).
Gestantes de alto risco são um grupo com necessidades 
peculiares e possuem vários diagnósticos de enfermagem 
em comum, mostrando assim a importância da identificação 
deles para que rapidamente sejam selecionadas interven-
ções que garantam uma assistência de qualidade, que previna 
complicações e promova a saúde materno-fetal (13). 
Este trabalho se justifica diante da escassez de estudos 
existentes sobre a ocorrência de diagnósticos de enferma-
gem em gestantes de alto risco mesmo sendo uma temática 
importante, e ainda porque muitos destes trabalhos se vol-
tam em um único diagnóstico. 
Propõe-se assim este estudo que tem como objetivo iden-
tificar os diagnósticos de enfermagem em gestantes de alto 
risco atendidas em um Centro Viva Vida de Referência Secun-
dária(CVVRS) de Minas Gerais.
 
METODOLOGIA
 
Tipo de estudo 
Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo com a uti-
lização de dados secundários coletados dos prontuários de 
gestantes de alto risco que realizaram o pré-natal em um ser-
viço de Referência Secundária.
 
Participantes da pesquisa 
A partir de uma estimativa de 200 casos novos/ano aten-
didos neste serviço, realizou-se o cálculo amostral obtendo 
um n mínimo de 197 para este estudo (14), acrescentando-se 
10% de prontuários em decorrência de possíveis perdas. Por 
fim, incluíram-se 200 gestantes de alto risco por amostragem 
aleatória simples após análise dos critérios de inclusão, sen-
do eles: realização de pelo menos três consultas pré-natais 
no serviço e prontuários devidamente preenchidos, inclusive 
com resultados de exames; e os critérios de exclusão: prontu-
ários não localizados e mulheres com gestação em curso no 
momento da coleta dos dados.
 
Local do estudo
Estudo realizado em um serviço de Referência Secundária 
de um município do estado de Minas Gerais.
 
Coleta de dados 
A coleta ocorreu no período de janeiro de 2014 a dezem-
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DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM MAIS PREVALENTES EM GESTANTES DE ALTO RISCO
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bro de 2015. Foi aplicado um instrumento para obtenção dos 
dados baseado nas informações de uma equipe multiprofis-
sional contidas nos prontuários, sendo divido em: dados de-
mográficos, motivo do encaminhamento e outros dados que 
auxiliaram na classificação dos diagnósticos de enfermagem 
– problemas evidenciados no exame físico, alterações de exa-
mes subsidiários, características psicossociais, problemas 
evidenciados na entrevista e observações pertinentes – visto 
que os diagnósticos não estavam discriminados nos prontu-
ários. Todas as informações foram organizadas em um banco 
de dados desenvolvido no Microsoft Excel for Windows® 2013.
 
Procedimento de análise dos dados 
Para análise dos dados, as frequências absolutas e rela-
tivas de todas as variáveis foram calculadas. Além disso, a 
formulação dos diagnósticos de enfermagem foi realizada 
segundo a Taxonomia II da North American Nursing Diagno-
sis Association – NANDA (2015-2017), que é reconhecida de 
modo oficial e amplamente divulgada no Brasil, a qual padro-
niza a linguagem e auxilia na escolha de uma intervenção de 
enfermagem de forma individual, direcionando na avaliação 
do cuidado. Ela exige que seja feita uma coleta de dados que 
aborde vários aspectos e de forma completa, garantindo a 
melhoria nesta etapa, que influencia grandemente na desen-
voltura das demais (15-17). 
Para que os diagnósticos de enfermagem fossem os mais 
precisos possíveis, após a coleta de dados e a classificação 
dos diagnósticos pela autora, os dados foram submetidos a 
análise de duas enfermeiras obstetras. Desta forma, após o 
consenso e confirmação dos diagnósticos de enfermagem 
pelas especialistas, tais diagnósticos foram incluídos. 
Procedimentos éticos 
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa 
da instituição sob o número CAAE: 42019515.7.0000.5116, e 
parecer nº 968.868. 
RESULTADOS 
Os dados demográficos das gestantes de alto risco sele-
cionadas estão descritos na Tabela 1:
Tabela 1: Perfil demográfico das gestantes atendidas no CV-
VRS entre 2014 e 2015
VARIÁVEL n %
IDADE
 Entre 15 e 35 anos 165 82,5
 Maiores que 35 anos 24 12
 Menores que 15 anos 11 5,5
SITUAÇÃO CONJUGAL
 Com companheiro 103 51,5
 Sem companheiro 97 48,5
ANOS DE ESCOLARIDADE
 Sem informação 126 68
 Até 8 35 17,5
 9 a 11 27 13,5
 Mais que 11 2 1
OCUPAÇÃO
 Sem informação 122 61
 Estudantes 38 19
 Profissionais diversas 20 10
 Do lar 14 7
 Sem ocupação 6 3
Fonte: Banco de dados da autora
Quanto aos motivos de encaminhamento identificados no 
prontuário e classificados conforme o manual técnico do Mi-
nistério da Saúde sobre Gestação de Alto Risco (4), destacam-
-se o histórico e a apresentação atual das Síndromes Hiper-
tensivas da Gestação (SHG) que totalizaram 19% dos motivos 
de encaminhamento ao CVVRS (Tabela 2). 
Vale ressaltar que os casos encaminhados por proble-
mas exclusivamente fetais, como alterações no crescimen-
to uterino e volume de líquido amniótico, malformação fetal 
e gemelaridade, totalizaram 6% dos prontuários analisados, 
mostrando que problemas primariamente maternos foram 
predominantes (Tabela 2).
Tabela 2: Motivo de encaminhamento das gestantes de alto 
risco atendidas no CVVRS entre 2014 e 2015
MOTIVO DE ENCAMINHAMENTO n %
Características individuais e condi-
ções sociodemográficas desfavorá-
veis
 Idade maior que 35 anos 24 12
 Idade menor que 15 anos 11 5,5
 Adolescente com risco psicossocial 9 4,5
 Baixa escolaridade 8 4
 Conflitos familiares 6 3
 Dependência de drogas ilícitas 5 2,5
 Peso pré-gestacional menor que 
45kg e maior que 75kg
5 2,5
 Hábito de vida – Fumo 3 1,5
 Anormalidades estruturais nos ór-
gãos reprodutivos
1 0,5
História reprodutiva anterior
 Histórico de aborto 12 6
 Síndrome hipertensiva 10 5
 Parto pré-termo anterior 4 2
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 Morte perinatal inexplicada 2 1
Doença obstétrica na gravidez atual
 HAS gestacional 20 10
 Diabetes gestacional 7 3,5
 Hemorragias da gestação 6 3
 Desvio quanto ao crescimento uteri-
no e volume de líquido amniótico
5 2,5
 Trabalho de parto prematuro 5 2,5
 Ganho ponderal inadequado 4 2
 Gemelaridade 4 2
 Aloimunização 3 1,5
 Malformação fetal 3 1,5
 Insuficiência istmo-cervical 2 1
Condições clínicas preexistentes
 HAS 8 4
 Doenças Psiquiátricas 3 1,5
 Endocrinopatias 3 1,5
 Alterações genéticas maternas 2 1
 Cardiopatias 2 1
 Epilepsia 2 1
Intercorrências Clínicas
 Doenças infectocontagiosas vividas 
durante a presente gestação
 ITU* persistente 5 2,5
 Sífilis 4 2
 HPV** 3 1,5
 Toxoplasmose 3 1,5
 Pielonefrite 2 1
 Hepatite B 1 0,5
 Doenças clínicas diagnosticadas pela 
primeira vez nessa gestação
3 1,5
Legenda: ITU – Infecções do Trato Urinário; HPV – Human Papiloma Virus.
Fonte: Banco de dados da autora
 
Na tabela 3 está listado os 39 diagnósticos de enfermagem 
identificados nas gestantes de alto risco do CVVRS. Conside-
rando os que tiveram frequência maior que 25%, temos con-
forto prejudicado, seguido de risco de infecção, manutenção 
ineficaz da saúde e dor aguda. Vale ressaltar também os 
diagnósticos de enfermagem relacionados à nutrição inade-
quada a mais do que o necessário, os quais totalizaram 56% 
(sobrepeso e obesidade).
Tabela 3: Diagnósticos de enfermagem em gestantes de alto 
risco atendidas no CVVRS entre 2014 e 2015 de acordo com 
a NANDA 2015-2017
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM n %
PROMOÇÃO DA SAÚDE
 Manutenção ineficaz da saúde 59 29,5
 Comportamento de saúde propen-
so à risco
32 16
 Estilo de vida sedentário 16 8
 Falta de adesão 15 7,5
 
NUTRIÇÃO
 Sobrepeso 31 15,5
 Obesidade 25 12,5
 Nutrição desequilibrada: menos do 
que as necessidades corporais
17 8,5
 Risco de glicemia instável 16 8
 Risco de desequilíbrio eletrolítico 8 4
 Risco de função hepática prejudi-
cada
1 0,5
 
ELIMINAÇÃO E TROCA
 Eliminação urinária prejudicada 37 18,5
 Risco de constipação 9 4,5
 Constipação 5 2,5
 
ATIVIDADE/REPOUSO
 Risco de função cardiovascular 
prejudicada
31 15,5
 Insônia 5 2,5
 Fadiga 5 2,5
 Risco de perfusão renal ineficaz4 2
 
PERCEPÇÃO/COGNIÇÃO 
Conhecimento deficiente 14 7
AUTOPERCEPÇÃO 
 Risco de baixa autoestima situa-
cional
8 4
 
PAPÉIS E RELACIONAMENTOS
 Risco de relacionamento ineficaz 29 14,5
 Risco de maternidade prejudicada 21 10,5
 Processos familiares disfuncionais 17 8,5
 Relacionamento ineficaz 1 0,5
 
SEXUALIDADE 
 Risco de binômio mãe-feto pertur-
bado
15 7,5
 Risco de processo de criação de 
filhos ineficaz
8 4
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 Padrão de sexualidade ineficaz 1 0,5
ENFRENTAMENTO/TOLERÂNCIA 
AO ESTRESSE
 Ansiedade 36 18
 Resiliência prejudicada 10 5
 Tristeza crônica 6 3
 Sobrecarga de estresse 4 2
SEGURANÇA/PROTEÇÃO
 Risco de infecção 72 36
 Risco de sangramento 7 3,5
 Integridade de integridade da pele 
prejudicada
5 2,5
 Risco de quedas 2 1
 Risco de trauma 1 0,5
CONFORTO
 Conforto prejudicado 120 60
 Dor aguda 53 26,5
 Náusea 16 8
Fonte: Banco de dados da autora
DISCUSSÃO
A gestação de alto risco é determinada a partir de condi-
ções clínicas preexistentes ou diagnosticadas pela primeira 
vez durante a gestação, além de intercorrências clínicas, po-
dendo gerar uma evolução desfavorável ao binômio mãe/fi-
lho(4). Este estudo identificou os diagnósticos de enfermagem 
mais prevalentes e analisou o perfil de 200 gestantes de alto 
risco acompanhadas no CVVRS. 
Apesar de a maioria das gestantes se encontrar em uma 
faixa etária ideal, chama a atenção o número referente às 
maiores que 35 anos. Este trabalho revelou que 12% das ges-
tantes estavam nesta faixa etária; este percentual foi próximo 
ao encontrado em dois estudos realizados no estado de Minas 
Gerais (11%) e Santa Catarina (12,5%) (18, 19). 
O índice de gravidez tardia tem crescido em diversos paí-
ses. Seu acontecimento está relacionado “aos novos padrões 
e conformações familiares, posicionando a mulher cada vez 
mais à frente das suas decisões” (19). Além disso, há provas de 
que nesta faixa etária as gestantes estão mais susceptíveis a 
eventos adversos tanto pré quanto perinatais, incluindo pre-
maturidade, baixo peso ao nascer, entre outros, aumentando 
o risco de mortalidade materna e/ou fetal (21).
Quanto à situação conjugal, a alta taxa de gestantes sol-
teiras pode ser considerada um aspecto negativo, podendo 
influenciar aspectos sociais, econômicos e psicológicos de 
vida. Sabidamente, a situação conjugal instável é um risco à 
saúde da gestante (4), ainda que esta possa contar com outras 
estruturas de apoio (familiares, amigos, grupos sociais a que 
pertence).
Chama a atenção o elevado número de gestantes com 
risco social: quase 50% não tinham um companheiro e, den-
tro desse grupo, 20,6% estavam fora da faixa etária ideal para 
gravidez. Isso é particularmente preocupante quando se as-
sociam os dois fatores, elevando o risco de desfechos ne-
gativos tanto para a mãe quanto para o feto. Ainda sobre os 
fatores sociais, também foi constatado que 76,8% das adoles-
centes eram solteiras e 12% das gestantes tinham adicção a 
algum tipo de droga (lícita ou ilícita). Além disso, 23% do total 
das gestantes alegaram gestação sem planejamento. Prova-
velmente este último dado está subestimado pelo não regis-
tro desta informação em todos os prontuários, já que a taxa 
de gestação não planejada no mundo é de 41% (22). 
Quanto aos motivos de encaminhamento listados, den-
tre eles destacam-se as Síndromes Hipertensivas Gestacio-
nais (SHG): Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) gestacional 
(10%), histórico de SHG (5%) e HAS preexistente (4%), totali-
zando 19% dos motivos de encaminhamento ao CVVRS. Este 
percentual é maior do que o encontrado na população global 
de gestantes que, segundo a OMS (22), é de 2 a 10%, porém se-
melhante aos de outros serviços especializados em gestação 
de alto risco no Brasil (24). 
O diagnóstico conforto prejudicado foi caracterizado a 
partir de fatores que proporcionavam um ambiente desfavo-
rável às gestantes com modificações biológicas e até mesmo 
psicossociais, como irritabilidade, ansiedade e relato de des-
conforto. 
Risco de infecção associou-se principalmente ao conhe-
cimento insuficiente destas gestantes para evitar a exposição 
a patógenos, como por exemplo, calendário vacinal incom-
pleto e desconhecimento de profilaxia contra rubéola e toxo-
plasmose. 
Manutenção ineficaz da saúde é definida como a incapa-
cidade para procurar ajuda afim de se manter a saúde (15). No 
presente trabalho, isso se manifestou principalmente através 
do desconhecimento das gestantes em relação às boas práti-
cas de saúde. 
Dor aguda foi manifesta pelas gestantes por meio de ex-
pressões verbais, além de inquietação e choro, e aqui foi ado-
tado a classificação da NANDA a qual considera dor aguda 
com duração menor que seis meses. 
Quanto aos diagnósticos de enfermagem relacionados à 
nutrição inadequada a mais do que o necessário, foi obser-
vado por meio do Índice de Massa Corporal (IMC) que 56% 
das gestantes apresentavam peso corporal acima do ideal 
para a faixa etária, caracterizando sobrepeso ou obesidade. 
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Destaca-se que estes são agravos crescentes às gestantes, 
sendo três vezes mais prevalente do que a nutrição desequi-
librada por menor ingesta do que as necessidades corporais. 
Considerando os diagnósticos sobrepeso e obesidade juntos, 
um estudo (13) encontrou percentual semelhante de nutrição 
inadequada por maior ingesta do que o necessário (33,8%) e 
um percentual maior de gestantes com nutrição prejudicada 
por ingestão menor que as necessidades (18%). 
Os três diagnósticos mais frequentes encontrados pelo 
presente trabalho foram os mesmos encontrados por um es-
tudo realizado em São Paulo (12), porém não na mesma ordem 
e também com diferentes prevalências, que podem ser expli-
cadas pelos fatores que são considerados em cada diagnósti-
co. 
Frente a esta gama variada de diagnósticos de enferma-
gem presentes entre as gestantes de alto risco, faz-se neces-
sário uma melhor instrumentalização da equipe assistencial, 
afim de que esteja atenta a essas condições e intervenha 
prontamente com o propósito de diminuir riscos e, conse-
quentemente, desfechos negativos para essas gestantes e 
seus conceptos.
 
Limitações do estudo 
O estudo possui limitações no sentido de que dados se-
cundários podem se apresentar incompletos, dificultando a 
classificação de certos diagnósticos. Além disso, até o pre-
sente e de nosso conhecimento, foi identificado somente um 
artigo (12) que possibilitou a comparação dos diagnósticos en-
contrados neste estudo.
 
Contribuições do estudo para a prática 
Este estudo contribui para que a SAE possa ser implanta-
da em serviços de saúde que atendam gestantes de alto risco, 
utilizando-se dos diagnósticos de enfermagem mais prevalen-
tes encontrados, os quais também auxiliarão nas respectivas 
intervenções de enfermagem. Além disso, também contribui 
para o aprimoramento do cuidado prestado pela equipe de 
enfermagem, fornecendo subsídios para as ações direciona-
das às gestantes de alto risco frente aos principais problemas 
encontrados.
CONCLUSÃO
A amostra caracterizou-se por gestantes de alto risco 
entre 15 a 35 anos. Quase a metade não possuía um compa-
nheiro. O motivo de encaminhamento de maior frequência foi 
o relacionado às SHG. Os principais diagnósticos de enfer-
magem classificados foram: conforto prejudicado seguido de 
risco de infecção, manutenção ineficaz da saúde e dor agu-
da. 
Éimportante que os profissionais da enfermagem tenham 
uma visão integralizada das principais necessidades da ges-
tante de alto risco, o que contribui para a melhora da assis-
tência prestada a esta mulher.
Contribuições dos autores 
Concepção e desenho, análise e interpretação dos dados, 
redação do artigo, revisão crítica, revisão final: Priscila Alva-
renga Teles; Elisiany Mello Costa. Revisão crítica, revisão final: 
Marislei Sanches Panobianco; Thais de Oliveira Gozzo; Tatiana 
da Silva Vaz Paterra; Larissa Clara Nunes.
 
Agradecimentos
Ao Centro Universitário de Lavras (UNILAVRAS) pelo auxí-
lio financeiro que possibilitou a realização deste trabalho.
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DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM MAIS PREVALENTES EM GESTANTES DE ALTO RISCO
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RECEBIDO EM: 08/08/2018
ACEITO EM: 09/08/2019

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