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Centro Universitário Leonardo da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social ADRIANA MARINHO TELES (0410) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO TCC MULHER VITÍMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR PAIÇANDU-PR 2020 2 ADRIANA MARINHO TELES TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO TCC MULHER VITÍMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Nome do Tutor – Ana Cristina da Silva Gomes PAIÇANDU 2020 3 MULHER VITÍMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR POR ADRIANA MARINHO TELES Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à nota “______” (_____________________________), pela banca examinadora formada por: ___________________________________________ Presidente: Prof. (a) Esp. Ana Cristina da Silva Gomes– Orientador Local ____________________________________________ Membro: Me. Taís Luiz de Almeida ____________________________________________ Membro: Esp. Jaqueline Franco dos Reis de Lima PAIÇANDU-PR 24 de junho de 2020 4 DEDICATÓRIA Dedico primeiro lugar a Deus a oportunidade de dar continuidade aos meus estudos. Agradeço meu esposo que me possibilitou estudar até minha graduação me incentivando a avançar nos meus estudos mais e mais. 5 AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado sabedoria, força e conhecimento para enfrentar os desafios e obstáculos que encontrei ao longo desta caminhada que foram quatro anos de desafios que a vida nos proporciona sempre para o melhor. Ao meu esposo Milson pelo apoio, sempre incentivando nos momentos mais difíceis pela contribuição sem medidas para tornar esse sonho realidade, e minhas filhas, genros, netas e netos, os quais sempre serei grata, meu muito obrigado serei eternamente agradecida. À Professora Ana Cristina da Silva Gomes pela sua dedicação, compreensão, paciência de trazer todo seu conhecimento técnico - científico, além de experiências profissionais que nos deixam como exemplo profissional a ser seguido. A Equipe Técnica do Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) de Paiçandu: em especial a assistente social Edmara, pela contribuição em todo o meu estágio no processo de formação de aprendizagem e formação profissional, principalmente por proporcionar a vivência de toda a teoria e prática. Aqui deixo meu muito obrigado a todas vocês. 6 Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. (Charles Chaplin) 7 RESUMO Ao longo da história da sociedade brasileira, a mulher sempre viveu uma fase de inserção social, rompendo paradigmas de trabalhos e adotando posturas inovadoras perante conceitos ultrapassados como estrutura familiar e empoderamento feminino. Mesmo diante deste cenário, a violência doméstica perante a mulher é um fator preocupante ao governo. Onde os agressores em sua maioria das vezes se dão por maridos, namorados ou ex-companheiro. Assim a legislação política criou normativas e centros de atendimentos com objetivo de orientar, assessorar, atender e erradicar a violência contra a mulher. O estudo tem como objetivo geral buscar conhecimento de forma ampla, a fim de agregar informações em favor das usuárias vitimadas que são atendidas pelo serviço CREAS de Paiçandu baseado na Lei n°11.340. Apresentando como objetivos específicos: a) levantar embasamento de conceitos junto a fontes bibliográficas; b) demonstrar a importância da Lei Maria da Penha; c) descrever o Empoderamento da Mulher vítima de violência na garantia de seus direitos. A metodologia sustenta o desenvolvimento do artigo estão embasados em pesquisa bibliográfica, de caráter exploratório e natureza qualitativa. PALAVRAS-CHAVE: Violência Doméstica. Lei 11.340/06. Rede de Atendimento. 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA .............................................................................. 12 2.1 Lei 11.340/06 – Maria da Penha ......................................................................... 12 2.2 A atuação do Assistente Social nas questões da violência doméstica contra a mulher ....................................................................................................................... 16 2.3 O Centro de Referência especializado de assistências e os casos de violência contra mulher ............................................................................................................ 22 2.4 História da Mulher no Brasil e seus direitos ao longo da historia ........................ 26 Constituição Federal 1934 ...................................................................................... 27 2.5 Conceito de Família ............................................................................................ 29 2.6 Conceito de violência .......................................................................................... 31 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL. .................................................................................................................................. 33 4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 35 5 OBJETIVOS ......................................................................................................... 39 5.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 39 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 39 6 METODOLOGIA DE PESQUISA ......................................................................... 40 7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA ............................................................. 41 7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS ........................................................................ 42 7.2 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 42 7.3 RESULTADOS .................................................................................................... 43 7.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................................... 44 8 CONCLUSÕES .................................................................................................... 48 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49 9 1 INTRODUÇÃO O estudo no Centro de Referência Especializado de Assistência Social CREAS de Paiçandu, durante todo o meu estágio levou-me ao desenvolvimento de meu TCC com o tema “Mulher vítima de Violência doméstica e familiar, que são atendidas no CREAS na visão da equipe técnica em diversas formas levando-se em consideração o sistema patriarcal que nós mulheres estamos naturalmente submetidas sendo legitimada por um discurso sutil e ideológico capaz de dilatar o conjunto de expressões das desigualdades e dar continuidadea descriminação das mulheres. Desta forma, sendo a violência contra as mulheres um fenômeno democrático que transcende a classe social raça, etnia, idade, nacionalidade entre outros. É importante ressaltar que a iniquidade entre os sexos existe deste os tempos remotos, no entanto atualmente as mulheres estão participando decisivamente no mercado de trabalho e contribuído pela busca da igualdade dos direitos. A desigualdade de gênero atinge as mulheres independentes de cor, religião condições sociais e se manifesta em situações de humilhações como característica o estupro, ameaças, assédios, ofensas morais. E podem ser também através da manipulação e de isolamento das vítimas que busca torna-se subordinadas ao agressor aonde o homem historicamente é o chefe da casa, o possuidor da força física, como forma de impor e cobrar o comportamento adequado percebe-se os prejuízos que a violência causa no desenvolvimento social e psicológico. O CREAS é uma unidade pública estatal, de abrangência municipal ou regional, referência para a oferta de trabalho social para as famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social por violação de direitos, demandam intervenções especializadas no âmbito do SUAS. Sua gestão e funcionamento compreendem um conjunto de aspectos, tais como: infraestrutura e recursos humanos compatíveis com os serviços ofertados trabalham em rede, articulação com as demais unidades e serviços da rede socioassistencial, demais políticas públicas e órgãos de defesa de direitos, além da organização de registro de informação e o desenvolvimento de processos de monitoramento e avaliação das ações realizadas. 10 A minha motivação para a construção desta pesquisa está pautada em analisar como se dão as relações no espaço familiar onde se vivenciam as violências domésticas. A unidade concedente para a pratica de estágio supervisionado obrigatório ocorreu no CREAS de Paiçandu, com as demandas registradas de violência doméstica despertaram interesse em tratar de tal fenômeno. As políticas públicas contribuem para o engajamento da sociedade, bem como o esclarecimento para mulheres aos seus direitos, minoração do seu sofrimento para o tratamento aos agressores com o intuito de promover o decréscimo de tal fenômeno, no qual possibilitara quantificar os “riscos” e “medidas de proteção” associadas as variáveis atores envolvidos em ocorrência da violência e de forma resumida, resultados que mostram que o relacionamento de cunho amoroso apresenta–se com maior categoria de risco se comparado a qualquer outro tipo de relacionamento, inclusive os que envolvem parentesco. A luta pela defesa da igualdade de direitos e oportunidades para as mulheres não é recente e tão pouco nova. Em todas as épocas históricas, sempre houve mulheres que se posicionaram contra as injustiças e desigualdades, levando-nos a apensar que esta é uma batalha tão antiga quando à própria humanidade. O objetivo desta pesquisa está pautado em analisar, estudar as políticas de enfrentamento da violência contra a mulher a partir das observações feitas no Centro de Referência Especializada de Assistência Social de Paiçandu PR, enquanto os objetivos específicos tratado neste trabalho são: identificar as violências cotidianas sofrida pelas mulheres utilizada no mesmo, e descreve as principais ações realizadas e promover o Empoderamento da Mulher. A metodologia utilizada nesta pesquisa baseou-se na pesquisa qualitativa, através de pesquisas bibliográficas e a partir da entrevista com vítimas de violência doméstica atendidas pela equipe técnica do CREAS de Paiçandu levando em consideração numa abordagem qualitativa de análise e reflexão de dados, realizando visita domiciliares as famílias acompanhadas pelo CREAS conforme a necessidade de cada um quando necessário, realizando encaminhamento monitorado para rede socioassistencial, demais políticas públicas setoriais e órgãos de defesa de direito. Os serviços e programas e projetos ofertados em rede que são as principais atribuições são a acolhida, escuta qualificada, acompanhamento especializado e 11 oferta de informações e orientações. O atendimento individual e\ou familiar, considerando as especificidade e particularidade de cada um. A metodologia utilizada no desenvolvimento desse projeto de TCC se apoiou em pesquisas documentais e bibliográficas da leitura específica do assunto. A pesquisa documental realizada foi fundamental para a construção da base metodológica que orientou e direcionou as proposições, argumentações e posicionamento desse trabalho. 12 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA A escolha do tema do trabalho de projeto de conclusão de Curso ocorreu em virtude da minha inserção como estagiária no Centro de Referência Especializada de Assistência Social CREAS da cidade de Paiçandu. Durante o estágio supervisionado foi possível observar e vivenciar experiências que me instigaram a estudar e analisar de forma mais profunda o significado da atuação do assistente social no que tange aos atendimentos prestados para a mulher vítima de violência doméstica e familiar e explanar sobre a Lei n°11.340. Lei Maria da Penha dentro desse tema foi definida como objeto de estudo os impactos e os desafios do assistente Social em atender a demanda atualmente e o desafio da mulher superar a violência doméstica e seguir em frente. 2.1 Lei 11.340/06 – Maria da Penha Sendo marcado por uma cultura secular de dominação machista e violência domésticas, o contexto social brasileiro. Sendo reconhecida a existência de uma sociedade desigual, justifica a criação pelas políticas públicas da Lei Maria da Penha, com objetivo de promover os direitos fundamentais femininos perante a dignidade humana, tendo no mesmo patamar homens e mulheres (ÁVILA, 2007) Em agosto de 2006 O Presidente da República sancionou a Lei 11.340 de 2006- Lei Maria da Penha que foi uma das principais vitórias alcançada pelas mulheres no Brasil. A Lei Maria da Penha tem como principal objetivo garantir direitos fundamentais a todas as Mulheres têm a meta de prevenir e eliminar todas as formas de violência contra mulher, com vistas a punir os agressores e dando proteção à assistência as mulheres em situação de violência. Conforme a Lei: Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. (Artigo 2º, a Lei Maria da Penha nº 11.340\2006) (Brasil, 2006). 13 Conforme Dias (2019), a Lei 11.340/06 batizado como “Lei Maria da Penha”, os intuitos de proteção que são demonstrados nela, buscam delimitar o conceito “violência doméstica”. A compreensão inserida no contexto familiar, da relação intima de afeto, seja de namoro, na unidade doméstica. Sendo importante para que a lei seja aplicada reconhecer os autores da violência, quem é o sujeito ativo e passivo e que relações de poder estão vinculadas aos indivíduos. Para Mata (2006), a Lei Maria da Penha é considerada um marco na proteção à mulher, ocorrendo amadurecimento durante anos sobre a aplicação das leis, onde se pensou em construir um atendimento especializado as vítimas de violência, garantido os direitos a vítima. A Lei Maria da Penha, tem como objetivo atender as necessidades das mulheres que sofrem violência domésticas, com isso prevenir comportamentos que perante a sociedade são discriminados e pela legislação são prestadas as vítimas (MATA, 2006). A Lei Maria da Penha somou as conquistas alcançadas pelas mulheres ao longo do tempo e fez com que a categoria despertasse para lutar por políticaspúblicas que atendesse para lutar por políticas públicas que atendessem suas necessidades básicas, sendo encorajadas a participarem de movimentos que visem ao fim da violência como todo, garantindo conquistas e efetivação dos seus direitos. Deste modo se observa que: Com a evidente discriminação e violência contra mulheres o Estado interveio através da Lei 11.340\2006- Lei’’ Maria da Penha’’ para coibir os diversos tipos de violência, fazendo então, com que as mulheres se sentissem mais seguras, resgatando a cidadania e a dignidade dessas cidadãs que, na maioria das vezes, sofrem caladas (SOUZA, 2008). Vê-se, portanto, que é de grande relevância a existência dessa lei, que através dela se efetivou formas de punição aos agressores, além de criar medidas protetivas a fim de garantir a integridade física e psicológica da vítima (ZANATTA; SCHNEIDER, 2017, P.80) A Lei Maria da Penha define como violência doméstica e familiar contra a mulher ato ou conduta baseada no gênero e cause danos ou sofrimento físico, sexual, psicológico e até morte da mulher, sendo na unidade doméstica, em 14 qualquer relação intima de afeto ligada a mulher ou no âmbito familiar (art. 5° da Lei 11.340/06). Art. 5. Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. A Lei 11.340 de 2006 deu aplicabilidade a dignidade a igualdade de gênero. A lei reafirma o artigo 226, parágrafo 8º, da Constituição, através de seu artigo 3º, parágrafo 2º, qual é o dever da sociedade, do Estado e da família em relação a criar condições necessárias a vida digna e a convivência familiar da mulher (DIAS, 2019, p. 74-75). A Lei Maria da Penha criou um sistema jurídico com regras e procedimento específicos a violência de gênero, ampliando o amparo da mulher em relação a violência. Criou-se mecanismos contra a violência da mulher e promover a igualdade. A lei é direcionada especificamente a mulheres, corrigindo a desigualdade de gênero perante a sociedade (DAY et al, 2003, p. 10) A Lei possui medidas preventivas e protetivas, com o objetivo de enfrentar fatores socioculturais em relação a violência de gênero. Assim o 1º artigo apresenta: Art. 1º a lei cria mecanismos para prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, ressaltado nos termos do § 8.º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, no Brasil dispõe assim a criação de Juizados de Violência 15 Doméstica e Familiar contra a mulher, estabelecendo medidas de proteção e assistência às mulheres em situação de perigo (BRASIL, 2006). As medidas protetivas que a Lei classificou, se dá pelas medidas que obrigam que o agressor e as que obrigam a ofendida. No artigo 22 as medidas são as que obrigam o agressor, sendo elas: afastamento do lar; proibição de contato com familiares e ofendida; suspensão ou restrição do porte de armas; restrição ou suspensão de visita a menores. As medidas que obrigam o agressor, foi elaborado pelo legislador a partir do conhecimento de atitudes e relatos de vítimas de violência doméstica e familiar. A violência doméstica e familiar junto a figura da mulher ocorre principalmente no interior do lar em que residem, sendo muito comum o agressor se aproveitar o contexto da convivência e dos laços familiares para aterrorizar a mulher, fazendo com que não realize a denúncia as autoridades. A mulher muitas vezes sofrendo a repreensão do agressor, não consegue acabar com a relação, aceitando assim o papel de vítima perante a violência doméstica (CHILETTO, 2007, p. 29-30). Já o artigo 23 apresenta as medidas protetivas voltadas a mulher, como: encaminhamento da agredida e seus familiares ao programa de proteção; recondução ao domicílio após afastamento do agressor do lar e da família; garantindo a mulher a guarda dos filhos e alimentos; separação de corpos, etc. (DIAS, 2019, p. 74-75). Vale ressaltar que as medidas protetivas permitem que o julgador utilize as contra o agressor, conforme a proteção necessária junto a agredida, quanto a segurança dela e de seus familiares, de seu patrimônio. Com o fundamento da proteção perante a integridade física, psíquica, sexual e patrimonial da mulher, o juiz poderá aplicar medidas protetivas de forma acumulada, de acordo com as peculiaridades do caso e as respostas do agressor perante a ordem judicial (DIAS, 2019, p. 67-68). Um dos pontos mais importante quanto as medidas protetivas a violência da mulher na Lei Maria da Penha é a capacidade de resguardar a integridade da mulher desde seu primeiro contato junto a delegacia. Os artigos 18 a 21 da Lei demonstra que o procedimento deve ser usado pelo juiz na aplicação da proteção. Cabe ao juiz conceder as medidas protetivas, mediante ao pedido da mulher ou conforme o requerimento do Ministério Público (artigo 19, caput, da Lei 11.340/2006). Podendo ser revogadas a qualquer momento por serem de caráter provisório ou serem 16 substituídas por outras de maior caráter, de modo a proteger a mulher agredida, podendo levar a agressão a prisão preventiva (artigo 20 da Lei 11.340/2006). Conforme o artigo 129, § 9º, do Código Penal a pena máxima de prisão de homens referente a violência da mulher, aumento de um ano a três anos, sendo ainda aplicável o artigo 69, parágrafo único, da Lei 9.099/95 que possibilita o afastamento do agressor do lar como medida cautelar (artigo 129 da Lei 11.340/2006). A Lei Maria da Penha não exclui o homem do sistema de proteção dos diretos humanos, nem retira sua dignidade humana. O homem continua sendo protegido quanto a esfera penal. A lei não cria crimes para tutelar a mulher como sujeito passivo, nem estabelece penas maiores por crimes cometidos a mulheres. Os tipos penais são os mesmos que protegem homens e mulheres (LIMA, 2011) A Lei Maria da Penha, que prevê a violência contra a mulher é tratada em muitos casos como um problema complexo, sendo originado de uma relação afetiva marcada pela desigualdade de gêneros. Perante o ponto de vista do movimento das mulheres, é injustificável questões de agressão da mulher e questões familiares sendo tratadas em instâncias distintas da relação que a originou, a agressão (CAMPOS e CARVALHO, 2011, p. 149) 2.2. A atuação do Assistente Social nas questões da violência doméstica contra a mulher O grande desafio enfrentado pelos assistentes sociais e profissionais que atuam junto ao combate à violência doméstica contra a mulher, a criação de rede de serviços, como programas e projetos de diversas áreas que compõem a política pública de atendimento ao combate à violência. Segundo Iamamoto e Carvalho (1983), a profissão Serviço Social surgiu devido a contingenciais geradas pelo capitalismo, o profissional de Serviço Social atua no âmbito das relações humanas e deve contribuir para que seja garantido o direito dos sujeitos. O objetivo do Serviço Social é a “Questão Social” e suas expressõessociais diversas áreas. A profissão do assistente social é uma forma de intervenção ideológica da vida na classe trabalhadora, não é uma forma de exercer a caridade. Os efeitos da 17 profissão são políticos, enquadrando os trabalhadores nas relações sociais vigentes, onde é perceptível a mútua colaboração entre capital e trabalho (IAMAMOTO, 2007). Com o desenvolvimento do Brasil e a criação de instituições, a profissão de serviço social é inscrita na divisão sócio técnica do trabalho, com a perspectiva de assistencialismo e favorecimento da sociedade. De acordo com SILVA (2006), a profissão de serviço social vincula-se a criação de instituições estatais, paraestatais assistenciais. Assim os assistentes sociais voltados ao cumprimento das determinações de Instituições assistenciais e previdenciárias realizam o cumprimento de classes dominantes, respondendo a pressão dos trabalhadores atendendo medidas paliativas para que o processo de desenvolvimento do Estado continue. No Brasil, o Movimento de Reconceituação do Serviço Social, passa por uma dinâmica junto ao contexto histórico da sociedade e o amadurecimento político e ideológico dos assistentes sociais (SILVA, 2006). A profissão do serviço social tem como embasamento a realidade vivida pela sociedade brasileira, onde conquistou amadurecimento e contribuindo com a formulação de mudanças como teorias, novas metodologias demonstrando um novo posicionamento perante o aspecto político da profissão (SILVA, 2006). Para que se tenha uma atuação comprometida no Serviço Social se faz necessário ética. A ética e a política assumem amplas dimensões em diversas profissões ao longo da história. Assim a profissão de Serviço Social possui um Código de Ética, sendo este reformulado em 1993. O Código de ética novo foi instituído pela resolução CFESS nº237/93 de março de 1993, abordando a perspectiva para uma atuação profissional comprometida com a classe trabalhadora, com ética, liberdade, emancipação, democracia, autonomia, o pluralismo e a não discriminação. Valores estes atribuídos ao plano de trabalho de assistentes sociais em busca da igualdade, fim da exploração; a fim de cultivar a uma sociedade igualitária com respeito (SILVA, 2006) Para Iamamoto (2001), o Serviço Social contemporâneo apresenta um posicionamento ético político definido pela categoria, contando com profissionais adeptos. Ressaltando a ética revolucionária junto a profissão em busca de efetivação dos direitos sociais e a defesa da minoria. De acordo com o projeto da profissão, se construiu alternativas e estratégias com ética, tendo a questão social a frente. Para Iamamoto (2001), a questão social é 18 entendida como sendo um conjunto de expressões de desigualdade da sociedade, onde os assistentes sociais trabalham com diversas áreas em relação a questão social. O Serviço Social apresenta como uma das áreas de atendimento às vítimas de violência doméstica. De acordo com o Instituto Patrícia Galvão uma pesquisa realizada em 2004 apresentou: a violência doméstica contra mulheres ocorre em todo mundo, indiferente de classe social, etnias e grau de escolaridade. Recebe o nome de agressão doméstica, porque na grande maioria das vezes ocorre a violência dentro dos lares; sendo por maridos, namorados, companheiros e ex-companheiro. A cada segundo uma mulher é agredida, conforme os índices apresentados em relação a violência contra a mulher. Para Venturi e Recamán (2004), entre as violências, a mais comum se dá por empurrões, coisas quebradas e agressões verbais, roupas rasgadas. Os autores ressaltam que 6,8 milhões de mulheres brasileiras, saem da agressão vivas, mais já foram espancadas pelo menos uma vez na vida. A vida coletiva em sociedade se dá pelas regras sociais ou comportamentos culturais. A família se dá por uma instituição mais autoritária, e aterrorizantes para algumas mulheres e crianças, com agressões escondidas dentro dos lares, sendo erguido um muro perante o silêncio, impedindo a explicitação da violência doméstica contra a mulher e crianças (SILVA, 2006) A violência doméstica ocorre sempre ao silêncio, dentro dos lares, sendo diferente da violência em âmbito público que ocorre com pessoas diversificadas. A violência familiar apresenta a agressão, abuso sexual, pancadas contra mulheres e crianças (SAFFIOTI, 1995) O profissional de Serviço Social possui muitos desafios, enfrentando o combate contra a violência. O serviço de assistentes sociais, seja ele na área de segurança pública, na área da saúde e na área de assistência social não conseguem atender às mulheres de forma integral (BOURDIEU, 2005) Dentre os desafios, um dos maiores perante o trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais junto o combate à violência se dá por construir uma rede de atendimento efetiva entre instituições e profissionais. Os serviços disponíveis atendem com déficit as vítimas, sendo no sistema de saúde, de assistência e segurança pública (WAISELFISZ, 2012). 19 De acordo com Iamamoto (2012), o papel do profissional de assistência social não trabalha com fragmentos da realidade social, atendendo demandas individuais que analisadas demonstram situações que não são exclusivas de um indivíduo determinado. Para Campos (2007), os profissionais de assistência social são qualificados para atuar em espaços que priorizem a proteção da mulher quanto a situações de violência, como atuar no enfretamento de questões de desigualdade de gêneros. Assim o profissional quando leva em consideração os usuários sob uma perspectiva teórico-critica, interveem na realidade de forma mais concreta; descobrindo novas expressões no campo de questões sociais (IAMAMOTO, 2012) Desde os primórdios do Serviço social é observado que as conquistas da profissão acontecem constantemente com a conquista dos movimentos feminista, e efetivando direitos e priorizando o valor na sociedade. Com base nisso, até hoje os Assistentes Sociais trilham sua atuação nessa perspectiva e cada vez mais se atualizando frente às transformações frente à sociedade. A profissão exerce um papel de defesa perante os direitos da mulher junto a política. Para Lisboa e Pinheiro (2005) o Código de ética do Assistente Social tem sido um marco orientador para os profissionais, determinando assim a postura a ser adotada perante os onze princípios fundamentais. Para Saffioti (2004), o Serviço Social tem como foco o combate à violência doméstica, prestando atendimento à mulher vítima de violência, em favor da construção de uma sociedade justa. Assim a profissão está sendo valorizada e requisitada, conquistando espaço e demonstrando a assistência social. A atuação do serviço social está embasada em três dimensões: dimensão teórico metodológica, ético política e dimensão técnico operativa. Junto as demandas profissionais do Serviço Social a dimensão técnico- operativa auxilia na atuação e intervenção às demandas apresentadas pela sociedade. Sendo o conjunto de instrumentais variados, devendo ser utilizado corretamente o instrumental que auxiliará na intervenção, o assistente social articulará sua escolha as dimensões teóricas e etiopolítica. O cotidiano do profissional impõe limites, desafios e oportunidades, tendo assim elemento como reflexão, criticidade e investigação primordiais para articular essas dimensões (BARROSO, 2002). 20 Já os instrumentais técnicos operativos são utilizados na atuação profissional do assistente social junto ao atendimento as mulheres junto a violência doméstica, sendo: entrevista, reuniões em grupo, equipes multifuncionais, visitas domiciliares, parecer social, documentação, relatórios, pesquisa, projetos, planejamento de programas, articulação em redes e construção de indicadores (LISBOA E PINHEIRO, 2005). Segundo Lisboa e Pinheiro (2005), o manuseio desses instrumentais, o posicionamento ético políticoe a ética profissional são fundamentais para estabelecer estratégias e criar demanda profissional, em vista ao compromisso no combate à violência doméstica. Assim Campos (2007), o instrumental exercita a ética, pois o profissional escuta os problemas da vítima sem julgamentos, mantendo sempre a relação de respeito com a usuária dos serviços. A postura ética e o projeto político são fundamentais à medida que o profissional tem no instrumental contribuindo a construir o fortalecimento das mulheres por meio de informações sobre seus direitos sociais, realizando o encaminhamento necessário para os profissionais. Para Barroco (2008), a ética se objetiva a intervenção profissional, de forma teórica por meio da concepção ética crítica e histórica e na prática por meio de ações que viabilizem os indivíduos quanto a suas capacidades, suas necessidades e direitos. Já a ética profissional possui um objetivo ético-político, buscando alargas as bases sociais na sociedade, junto aos movimentos e defensores dos valores e projeto. A ética por partes dos assistentes sociais se dá por outros instrumentais, que auxiliam no processo como: elaboração de relatórios e documentos, onde são descritas situações de riscos e vulnerabilidade em que as mulheres e filhos se encontram. Assim a ética é um instrumento do compromisso profissional e pessoal do Assistente Social, onde Lisboa e Pinheiro (2005), mesmo que nem sempre as condições de trabalho são favoráveis, o orçamento da área é reduzido e as situações de agressões atendidas sempre causam desgaste físico e emocional nos profissionais. Cabe assim aos assistentes sociais a clareza de saber utilizar os instrumentais de forma coerente, correlacionando com as orientações teórico- metodológicas, que estão inserida no projeto ético-político da profissão, com objetivo de incentivar a agredida a realizar o registro da queixa, orientar sobre os seus direitos, elaborar parecer e encaminhar a vítima a programas assistenciais. 21 O profissional utiliza alguns instrumentos técnicos operativos para uma melhor avaliação e intervenções. A entrevista é um dos instrumentais mais utilizados pelo profissional, onde se desenvolve através do processo de escuta inicial e observação técnicas. Outro instrumental comum é a visita domiciliar, essa é utilizada para conhecer a realidade qual o sujeito vive. Os Assistentes sociais no seu espaço de trabalho contêm inúmeras informações e conhecimento sobre os usuários os quais atende (CAMPOS, 2007) O profissional utiliza alguns de seus instrumentos e técnica para minimizar os impactos sofridos pela vítima e consequentemente que não seja reproduzida aos filhos, fazendo com que essa vítima seja orientada e respaldada de seus direitos para que consiga assim deixar de aprisionar-se da atual situação vivida, sobre isso a autora abaixo discorre: Por isso, para o assistente social, é essencial o conhecimento da realidade em que atua a fim de compreender como os sujeitos sociais experimentam e vivenciam as situações sócias. No caso, trabalhando com a temática da violência contra a mulher, o profissional de serviço social necessita aprofundar seu conhecimento sobre as múltiplas determinações que decorrem da mesma (LISBOA, PINHERO, 2005, P, 203). Para Campos (2007), existem também possibilidades de o profissional trabalhar com grupos principalmente nos casos de mulheres que sofreram violência doméstica, o trabalho realizado com grupos pode ser feito de várias formas, sendo que as mais comuns é introduzir abordagens temáticas e rodas de conversas, visitas a contribuir para retirá-las do processo de angustia, baixa autoestima e a condição de violência que está inserida. Lisboa e Pinheiro (2005), a troca de informações entre elas no grupo é fundamental para se fortalecerem, assim como troca de experiência, para ser encorajadas a sair da situação atual. Os grandes desafios enfrentados pela profissional são de auxiliar a vítima de violência doméstica na questão de abrigá-la em um local seguro no primeiro momento da violência sofrida. No que se refere aos encaminhamentos o profissional deverá ter amplo conhecimento na rede de serviço da sua cidade, é relevante dizer, que o encaminhamento acontece após o processo de acolhida e orientação a mulher. Assim como a possível denúncia ao órgão competente se for o caso. 22 A Lei nº 12.435/2011 sobre a organização da Assistência Social, define o Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, sendo uma unidade pública estatal abrangendo município e regional, tendo como papel a oferta de trabalho social especializado em situações de risco pessoal, social ou violação aos direitos. As unidades de Saúde também se caracterizam como porta de entrada preferencial, para que a vítima tenha os primeiros cuidados no caso da violência física, também o CREAS que é uma unidade estatal responsável pela oferta de orientação e apoio especializados e continuados a indivíduos e famílias com seus direitos violados. Além disso, o profissional vem buscando fazer trabalhos onde beneficiem essas mulheres, sempre validando seus direitos e orientando a agir da melhor maneira para conseguir seus objetivos. Neste sentido a violência doméstica contra a mulher tornou-se objeto de atuação profissional do assistente social, enquanto desafio posto no cotidiano, o qual formula um conjunto de reflexão e intervenção desse profissional. 2.3 O Centro de Referência especializado de assistências e os casos de violência contra mulher O Centro de Referência Especializada de Assistência Social – CREAS- constitui-se numa unidade pública e estatal onde se ofertam serviços especializados e continuados as famílias e individuo nas diversas situações de violações de direitos. Como unidade de referência deve promover a integração de esforços, recursos e meios para enfrentar a dispersão dos serviços e potencializar ações para os usuários, onde é de fundamental importância articular os serviços sócios assistenciais da proteção social básica e especial, com políticas públicas e órgãos do Sistema de Garantia de Direitos ao cidadão (MDS, 2011). O Objetivo do CREAS é ofertar serviço Especializado e continuado que possam contribuir para: Assegurar proteção social imediata e atendimento interdisciplinar ás pessoas em situação de violência visando sua integridade física, mental e social: Fortalecer os vínculos familiares e a capacidade protetiva da família; fortalecer as redes sociais de apoio da família; processar a inclusão das famílias no sistema de proteção social e nos serviços públicos, conforme necessidades- Reparar de danos e da incidência de violação de direitos. Prevenir a reincidência de violação de direitos. (MDS, 2011). 23 A organização do CREAS no país junto ao MDS com objetivo de subsidiar a implementação, criou em 2011 um manual de orientações técnicas. No manual encontra-se as competências do órgão gestor; quanto a infraestrutura, identificação, recursos humanos no CREAS, monitoramento, avaliação e controle social, diretrizes para o funcionamento do CREAS (MDS, 2011). O MDS aponta como eixos norteadores do trabalho desenvolvido no CREAS, como: território e localização do CREAS; atenção especializada e qualificação do atendimento; direitos socioassistenciais; mobilização; participação social em rede e centralidade da família. Quando ocorre intervenções mais complexas, há orientação especializada que prevê a qualificação no atendimento. Assim a equipe deve possuir conhecimento com base teórico metodológicas e ético-políticas, instrumentos técnicos e operativos, proporcionando assim uma aproximação junto a vítima (MDS, 2011) Referente ao território do CREAS, há necessidade de conhecer o lugar onde será instalado a fim de atender as necessidades quanto a infraestrutura. Outro aspecto importante do território se dápelo conhecimento dos aspectos geográficos, econômicos, densidade populacional, cultura, valores; favorecendo a compreensão dos riscos e fatores que contribuem para as situações de violência doméstica e familiar. Para que seja feito o planejamento, a localização de cada CREAS se faz necessário realizar um diagnóstico junto a características dos riscos pessoais e sociais por violações do território e a comunidade ao seu redor (BEHRING, 2011) O MDS compreende que os direitos socioassistenciais que são ofertados pelo CREAS, são: atendimento digno, respeitoso e atencioso; acesso a rede de serviço de acordo com necessidade; acesso a informações referente ao direito primário do cidadão, principalmente para aqueles que enfrentam problemas de leitura, limitações físicas, acesso à informação; a convivência familiar e comunitária e a oferta de serviços qualificados (BRASIL, 2011). As orientações técnicas salientam como se deve ser o desenvolvimento de trabalhos sociais nestes centros de atendimento. Sendo três dimensões norteadoras para o profissional: acolhida, articulação com a rede, acompanhamento especializado. A colhida é o primeiro contato individual com a família, tendo objetivo de aproximação, compreensão perante a situação da vítima, não adotando postura de discriminação. A acolhida acontece durante todo o acompanhamento realizado pelos profissionais (BRASIL, 2011). 24 Já o acolhimento especializado, compreende atendimento de forma contínua segundo as demandas de cada situação, onde são apresentados como exemplos: visitas domiciliares; acompanhamento jurídico-social; atendimentos individuais e familiares; entre outros. Quando as demandas ultrapassarem as competências do CREAS, a vítima deve ser encaminhada para serviços, programas da rede socioassistencial da política pública e órgãos de defesa de direito. Onde o monitoramento e acompanhamento pelo CREAS continua a fim de verificar seu desdobramento perante os serviços da rede e cuidados com a vítima (BRASIL, 2011). Em relação a competência do órgão gestor da política do CREAS em relação a Assistência Social, as orientações se dão: orientação, definição referente ao território de abrangência, dados de vigilância socioassistencial e a possibilidade da participação dos usuários; planejamento das unidades do CREAS e serviços a serem ofertados, assim como o monitoramento e avaliação do centro; gestão administrativa, financeira e orçamentária dos recursos, assegurando o cumprimento da lei orçamentária anual assegurando assim recursos para o CREAS; provimento de materiais de infra estrutura; gestão de recursos humanos (carreira, cargos e salários); medidas referente a capacitação e educação permanente dos profissionais (BRASIL, 2011). Referente a infraestrutura, identificação e recursos humanos do CREAS a MDS observa se o espaço físico oferece dimensões para os ambientes necessários; se as instalações são adequadas não implicando em prejuízos das ações e serviços a serem ofertados. O planejamento da implantação ou adequação do CREAS inclui em seu projeto a previsão de funcionamento do centro (BRASIL, 2011). Couto (2008) ressalta que o CREAS oferece os seguintes serviços: proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos (PAEFI); serviços especializados em pessoas em situações de rua; serviço especializado em abordagem social; serviços de proteção social para pessoas com deficiências, sendo idosos e suas famílias; serviço de proteção social a adolescentes que cumprem medida socioeducativa de liberdade assistida (LA) e prestação de serviços à comunidade (PSC). Os serviços com intervenções mais qualificadas e complexas, devem funcionar de maneira articulada com os serviços de proteção social básica, demandando de um conjunto de serviços e atenções especificas de acordo com o 25 caso reportado, mas serão as vítimas acompanhados pelos CREAS (BEHRING, 2011) O CREAS não deve estar submetido a dependência da gestão do município para desempenhar a prestação de seus serviços. Sua gestão é de natureza estatal, sendo as condições subjetivas e objetivas fazendo com que a qualidade nos serviços se mantenha. Assim pode-se citar como exemplos: computadores, instalações apropriadas, instrumentais, veículos para realização de visitas domiciliares, etc. (BRASIL, 2011). O objetivo geral que nos mostra assim os CREAS se dão pela prevenção ao combate à violação de Direitos, que possui uma equipe multiprofissional que possui como papel a orientação, acompanhamento psicossocial e jurídico a todos os indivíduos que possuem seus direitos violados. Já os objetivos específicos podemos destacar: (BRASIL, 2011) Assegurar a proteção social e atendimento as pessoas em situações de violência de direitos; Construir uma rede de serviços permitindo a garantia dos direitos fundamentais de pessoas violadas; Reestabelecer o direito à convivência familiar e comunitária das pessoas violentadas, por meio de ações sociais; Identificar fenômenos e riscos decorrentes; Prevenir e interromper o ciclo de violência perante os indivíduos vítimas; Sensibilizar a população em relação a violação de direitos, quanto a importância de denunciar casos de violação; Contribuir para a devida responsabilização perante os agressores; Proporcionar a todas as vítimas de agressões atendimento aos serviços do CREAS; Inserir família em programas da comunidade geradores de renda e cursos profissionalizantes; Para Behring (2011), além de crianças e adolescentes, no CREAS devem ser atendidos famílias e indivíduos que vivenciam violação de direito por ocorrência de: violência física, psicológica e negligência; violência sexual: abuso e/ou exploração sexual; afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida sócio 26 educativa ou medida de proteção; tráfico de pessoas; situação de rua e mendicância; abandono; vivencia de trabalho infantil; discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia; descumprimento das condições do Programa Bolsa Família. CREAS oferta acompanhamento técnico especializado desenvolvido por ema equipe multiprofissional, de modo a potencializar a capacidade de proteção a família e favorecer reparação da situação de violência vivida. O atendimento é prestado no CREAS ou pelo deslocamento de equipes em territórios e domicílios, e os serviços devem funcionar em estreita articulação com o Poder Judiciário, Ministério Público, Conselho Tutelares e outras Organizações de Defesa de Direitos. É articulado ainda aos demais serviços sócios assistenciais e outras políticas no intuito de estruturar uma rede efetiva de proteção (COUTO, 2008) Para mulheres violentadas o atendimento no CREAS é feito através de acompanhamento a ela e aos seus filhos, visando à garantia dos direitos, prevenção e enfrentamento da violência. 2.4 História da Mulher no Brasil e seus direitos ao longo da história De acordo com MOREIRA (2016), A sociedade contemporânea confere as mulheres um novo papel no Brasil e no mundo. As últimas décadas foram marcadas por profundas transformações que impactaram nas vidas das mulheres. Após a conquista do direito do voto feminino. A revolução sexual a partir dos anos 60 permitiu as mulheres uma progressiva a forte inserção no mercado de trabalho. Existe uma caminhada a percorrer os salários ainda são desiguais. As mulheres Brasileiras, embora sejam mais da metade da população, ocupam apenas 14% das cadeiras na câmara dos Deputados. A luta pelos direitos da mulher é permanente. Há aspectos econômicos, sociais e culturais. Para compreender melhor a história da mulher no Brasil, seus direitos ao longo da história e suas conquistas de direitos em busca da igualdade de gêneros se faz necessário um apanhado pelas cartas magnas brasileiras. Constituição Imperial de 1824 Na primeira constituição Nacional, o Brasilestava sob o centro da Monarquia, os descendentes da Família Real portuguesa governavam o país depois da 27 independência política em 1822. O papel da mulher na sociedade era mínimo em detrimento a posição masculina, entretanto, no que se referia a sucessão imperial, as normas permitiam que uma mulher governasse o país. O texto constitucional menciona a mulher apenas ao dispor a sucessão imperial (art,116 e seguintes). Nesse momento constitucional, eram os cidadãos homens com 25 anos ou mais e todos que tivessem renda de 100 mil-réis, mas em 1881 foi proibido o voto dos analfabetos. As mulheres e os escravos não eram considerados cidadãos, sendo os excluídos políticos no período imperial, (SANTOS, 2009,3) Constituição Federal 1891 Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada, através de um golpe, a República no Brasil. A forma de governo muda, porém, não se percebe um ganho em direitos iguais, prevalecendo ainda o poder econômico na mão dos fazendeiros e de uma nascente elite industrial. A princípio, a mulher continua na mesma posição social de antes, porém com a instalação de indústrias nos grandes centros, era crescente o número de mulheres que iam ao trabalho, atitudes que mais tarde, colaborariam para a conquista do voto. Constituição Federal 1934 Com grande influência externa, a constituição dos Estados Unidos do Brasil, consagrou a isonomia entre os sexos, consolidou as leis trabalhistas e deu a mulher o direito de votar e ser votada, conformando uma lei eleitoral de 1932. Tinha como principais inovações a introdução do voto secreto e o sufrágio feminino, a criação da justiça do trabalho, definição dos direitos constitucionais do trabalhador (jornada de 8 horas diárias, repouso semanal e férias remuneradas) e previdência social. Na constituinte de 1934, dois anos após autorização no nível federal, houve uma representante do sexo feminino, a primeira deputada do Brasil: Carlota Pereira de Queiros. (SANTOS, 2009,7) Constituição Federal de 1937 Outorgada pelo presidente Getúlio Vargas Dornelles, CF de 37 teve característica antidemocráticas, pois configurava, no país, uma ditadura. E mesmo 28 com a conquista de alguns direitos a mulher ainda assumia um papel passivo na sociedade, todas elas eram consideradas com pilar fundamental da família guardiões do lar (SANTOS, 2009, 8). Herança do império e também do ideal cristão que predominava sobre o país. A Constituição Federal de 1946 Conhecida como CF Populista, pois depois de alguns anos de ditadura, o Brasil voltara a respirar ares democráticos, retomando as vitorias relacionadas a igualdade. Porém, não se alcançou muito espaço, pois a sociedade brasileira ainda carregava o “gene’’ patriarcal, de modo que a participação social era minada em detrimento das oligarquias que ainda estavam arraigadas no poder. Porém foi sob a vigência desta carta, que as mulheres endossaram grandes lutas a favor de mais direitos civis, dentre eles o Estatuto da Mulher casada em 1962 e o início e a Lei do divórcio que seria aprovada em 1977. Constituição Federal de 1967 Não se pode esperar muito de uma constituição elaborada dentro de um regime Ditatorial, tendo em vista a repressão. Contudo, as mulheres se organizavam em diferentes grupos e frentes para protestar contra o Regime, sobretudo aqueles que tiveram seus maridos mortos ou torturados. Simultaneamente, nos EUA e na Europa o feminismo tomava corpo e garantia para as mulheres, mais espaço e diretos na sociedade. Constituição Federal de 1988 Dentre as constituições do Brasil, a de 88 de longe a mais democrática, pois sua elaboração teve participação direta da sociedade. Assim sendo, todos os grupos considerados minoritários, tiveram a partir do artigo 5º seus direitos garantidos e depois deles várias outras legislações que garantem a igualdade entre todos os cidadãos brasileiros sem nenhuma distinção de qualquer natureza. Não foi diferente 29 com as mulheres, em duas décadas de vigência, nunca o gênero feminino consolidou tanto espaço na sociedade. 2.5 Conceito de Família Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unira à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. (Gêneses Capitulo 2 versículos 24). De acordo com a Bíblia sagrada Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, e Deus viu que não era bom que o homem ficasse só, fez com que o homem caísse em sono profundo e de sua costela, fez a mulher. E ordenou que multiplicasse e enchesse a terra. Historicamente a família sempre esteve ligada a Ideia sacralizada. Mesmo atualmente, com tantos avanços sociais, muitos defendem a família heterossexual, matrimonializada e hierarquizada. Esse é um pensamento ligado ao tempo de estreitamento entre o Estado e a Igreja em que as “leis divinas" norteava as questões familiares. Trazemos traços de um direito matrimonializada, patriarcal, hierarquizado, patrimonial e heterossexual. (DIAS, Berenice, 2009, VENOSA, 2008). A família é a primeira constituição formada na terra. A família é considerada um dos principais agentes da socialização e da reprodução de valores e padrões culturais dos indivíduos, já que nesse cenário se tecem relações que envolvem posições etárias, posições sexuais, produtoras e reprodutoras das representações sociais que justificam e orientam diversas práticas familiares e sociais. Vemos atualmente mudanças constitucionais que são as medidas de apoio familiares dirigidas particularmente para as crianças. Além das transformações nos arranjos familiares, também vêm surgindo mudanças constitucionais na esfera familiar. Nos tempos atuais, tanto na Constituição quanto no Código Civil a família não é mais aquela que, com qualificação de legitima, era formada pelo casamento e constituía o eixo central do direito de família (IAMAMOTO, 2004, p.39). Com essa nova conjectura constitucional do conceito de família vislumbrou um olhar mais democrático, menos discriminatório. O exemplo disso tem-se a 30 “pessoa” como referência não mais o “homem” e também a mudança da terminologia de “pátrio poder” para “poder familiar”. A Constituição Federal Brasileira de 1988 reconhece a importância da família. No artigo 226, no qual declara que a família é a base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Já a Declaração dos Direitos Humanos revela que a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito a proteção da sociedade e do estado. Também é reafirmada a importância da família no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), LOAS E Estatuto do Idoso. Art. 19 do ECA. Toda criança ou todo adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substancias entorpecentes. Com base nisso, Dias ((d) 2013: 54) assegura que: “A Constituição, ao esgaçar o conceito de família, elencou como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (CF 226 § 4º). O enlaçamento dos vínculos familiares constituídos por um dos genitores com seus filhos, no âmbito da especial proteção do Estado, atende a uma realidade que precisa ser arrostada. Tais entidades familiares receberam em sede doutrinária o nome de família monoparental, como forma de ressaltar a presença de somente um dos pais na titularidade do vínculo familiar. Salienta ainda Dias ((d) 2013) que esse tipo de formação familiar se dá quando existe morte de um dos genitores, separação ou divorcio ou até mesmo quando é feita adoção por pessoa solteira: 31 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu artigo 4º discorre: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à saúde, à alimentação,à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à liberdade e a convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 1990). MARCHESI (2004) nos diz que a educação não é uma tarefa que a escola possa realizar sozinha sem a cooperação de outras instituições e, a nosso ver, a família é a instituição que mais perto se encontra da escola. O sonho de cada família é poder viver junta e feliz, num lar tranquilo e pacífico, em que os pais têm oportunidade de criar os filhos da melhor maneira possível, ou de os orientar e ajudar a escolher as suas carreiras, dando-lhes o amor e carinho que desenvolverá neles um sentimento de segurança e de autoconfiança. MANDELA Nelson, África do Sul / estadista, Nobel da paz 1918/2013. Ao longo dos anos ouve transformações, a família vem sendo alterada. A família tradicional, família nuclear, composta por pai, provedor da casa; mãe, cuidadora da família, e seus filhos foram sendo substituída por novos tipos de família. 2.6 Conceito de violência O termo violência se origina do latim violêntia, que do modo geral, expressa o ato de violar o outro ou a si mesmo. O termo ainda nos faz concluir que a natureza da violência reside no fato de que, por meio da força, tal ação possa ter como consequência tanto danos físicos, quanto psíquicos, caracterizando assim como atitudes contrárias a liberdade, e integridade do outro. Apesar disso, as características gerais do termo variam conforme o tempo, o espaço, seguindo padrões culturais preestabelecidos em cada pais, cidade, ou grupos sociais em uma determinada época. De acordo com o dicionário Michaelis (2019) o termo violência pode ser conceituado da seguinte maneira: 32 Violência (substantivo feminino) 1 Qualidade ou característica de violento. 2 Ato de crueldade. 3 Emprego de meios violentos. 4 Fúria repentina. 5 Juro Coação que leva uma pessoa à sujeição de alguém. ESPRESSÕES, violência arbitrária, Jur. Prática criminosa cometida por alguém do meio jurídico, que se vale de seu cargo. Violência carnal, Jur. Ato sexual no qual se emprega a força; estupro. Não violência: refeição positivada violência em qualquer circunstância. ETIMOLOGIA, lat. violêntia. (MICHAELIS, 2019). Michaelis conceitua de maneira genética o termo, atribuído algumas interpretações jurídicas do termo para incluir no seu conceito algumas formas de violência, já que o Dicionário Online de Português destaca outros conceitos do termo: Significado de Violência, substantivo feminino. Qualidade ou caráter de violento, do que age com força, ímpeto. Ação violenta, agressiva, que faz uso da força bruta: cometer violências. (Jurídico). Constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém que obriga essa pessoa a fazer o que lhe é imposto: violência física, violência psicológica. Ato de crueldade, de perversidade, de tirania: regime de violência. Ato de oprimir, de sujeitar alguém a fazer alguma coisa pelo uso da força; opressão, tirania: violência contra a mulher. Ato ou efeito de violentar, de violar, de praticar estupro. Etimologia (origem da palavra violência). Do latim violentia e a “qualidade de violento’’. (DICIONARIO OLINE DE PORTUGUES, 2019). No entanto, para Paviane ((2016), pag.08), o conceito de violência é ambíguo, complexo, implica vários elementos e posições teóricas e variadas maneiras de solução ou eliminação. As formas de violência são tão numerosas, que é difícil elencá-las de modo satisfatório. O senso comum refere-se ao termo de modo superficial, parcial e simplificado, porém classificar as formas de violência depende de uma série de critérios que considerem a realidade dos envolvidos em atos violentos, e o modo de combatê-los. Essa necessidade de conceituação de violência é importante para que se possam identificar suas mais variadas formas. Entre as mais diversas formas de violência podemos aqui destacar as diferentes modalidades de violência contra a mulher, como violência doméstica, o assédio sexual, o abuso sexual, a exploração sexual, a importunação sexual, o estupro, e o feminicídio. Muitos desses conceitos são relativamente novos, ou ganharam uma conotação mais grave recentemente, haja vista que a violência 33 contra mulher esteve, durante muitos anos, amparada com a cultura patriarcal cristã que propagou na grande mídia por meio dos mais diversos meios de comunicação, presente, implícita, ou explicitamente em jornais, novelas, folhetins revistas entre outros. 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL. Desde os tempos remotos a violência já fazia presente na vida das pessoas, não apenas no Brasil como também nos demais países. A violência doméstica contra a mulher na maioria dos casos é praticada pelo companheiro, marido, pai, padrasto. No geral a violência doméstica pode acontecer com qualquer sujeito, ela é fenômeno complexo e multicausal que abrange diversas tipologias, independente de gênero, classe social, faixa etária, raça, orientação sexual, dentre outras. A cada ano mais de um milhão de pessoas perdem a vida, e muitas sofrem ferimentos não fatais resultantes de auto de agressões, de interpessoais ou de violência coletiva. Em geral, estima-se que a violência seja uma das principais causas de morte de pessoas entre a 15 e 44 anos em todo o mundo. (DAHLBERG, KRUG, 2007, p,1164). Tapas, empurrões murros, estupros e tiros são característica comuns de violências praticadas contra a mulher. Há também uma violência que e pouca divulgada que é a violência psicológica ela não deixa marcas físicas cicatrizes internas que destroem a auto estima as vitima por toda vida. O agressor usa meios de descriminação, podendo ser, humilhação, desespero ou culpabilização das vítimas e entre outras. A violência psicológica pode levar a vítima, além do sofrimento, intenso, chegar a tentar suicídio (KASHANI; ALLAN, 1998). À Maioria das mulheres que sofrem violência não recorrem às delegacias de polícia para denunciar, devido a vergonha que sentem perante a sociedade, e por dependerem financeiramente do agressor ou achar que eles possam mudar futuramente, sobre a violência diz: “(...) a afirmação da agressão é a imposição da vontade de uma pessoa sobre a outra, sem, no entanto, respeitar os limites físicos e morais, podendo existir na forma física contra a pessoa e contra bens verbal, contra pessoa’’ (SILVA, 1992, p. 239). 34 Nos poucos casos que solicitam ajuda, em grande escala é para outra mulher da família, como a mãe ou irmã, as vezes amiga próxima ou vizinha. Foi realizada uma pesquisa pela IBGE2 onde consta que em 2011 a central de atendimento à mulher (Ligue 180), da Secretaria de políticas para as mulheres-SPM registrou 75 mil relatos de violência contra mulher. Destes, cerca de 60% foram de violência física, 24% violência psicológica e 11% violência moral. Na maioria dos casos, o agressor era o companheiro, conjugue ou namorado (74,6%); a mulher relacionava- se com o agressor há 10 anos ou mais (40,6%); a violência ocorria desde o início da relação (38,9%) e sua frequência era diária (58,6%). Em 52,9% dos casos, as mulheres percebiam risco de morte e em 2\3 das situações os filhos presenciavam a violência (66,1%). (IBGE, 2012). É conveniente ressaltar, que a violência cometida contra a mulher, seja ela qual for, é uma das piores formas de violação dos direitos humanos, ‘’ uma vez que extirpa os seus direitos desfrutar da liberdade fundamentais, afetando a sua dignidade e a autoestima’’ (PAULA, 2012:03). Percebe-se a grande dificuldade, é que na maioria das vezes, as mulheres estão envolvidas também emocionalmente com seus maridos ou companheiros, o que resulta em ocultação de denúncias. Hoje essa realidade existe, embora, com alguns avanços e parte desse público. 35 4 JUSTIFICATIVA Após o levantamento de demandas observado no estágio II noCREAS de Paiçandu, onde semanalmente foram realizadas as aulas práticas do Estagio curricular, foi possível graças às atividades que são desenvolvidas pela equipe técnica do CREAS, os atendimentos diariamente as mulheres vítimas de violência, que chegam à procura do serviço, visitas realizadas e escuta qualificada, atendimento a algumas mulheres que vieram encaminhadas de outros serviços para serem acompanhadas O trabalho realizado pela equipe técnica nasceu a partir da necessidade de atender as mulheres que sofreram algum tipo de violência bem como: física, psicológica, patrimonial, moral, sexual e de ameaças sendo estas as mais comuns atendidas pelo setor. Estudos apontam que o Brasil é um dos países com maior número de mulheres vitimadas, esta prática se apresenta de diversas formas, trazendo para as mulheres vitimadas consequências graves: (...) a violência contra mulher produz consequência emocionais devastadoras, muitas vezes irreparáveis, e impactos graves sobre a (...) mais de 40% das ações violentas resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas, chutes, amarramento, queimaduras, espancamentos e estrangulamentos. (Cartilha direito da mulher. Pag. 05 anos 2006). Na prática o trabalho realizado pela equipe técnica do CREAS não se resume somente em organizar temas e as atividades de grupo, mas também realizar busca ativa para a participação efetiva das mulheres vitimadas sendo que os temas abordados são de diversos de caráter educativos por suas particularidades e social por estar agregada a política nacional de Assistência Social. Segundo a tipificação Nacional de Serviços sócio assistenciais (2009), as mulheres vítimas de violência devem ser atendidas atraves do serviço de proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos – PAEF. (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Repressão I 2014PG. 45) A equipe técnica do CREAS realiza as intervenções de grupo Socioeducativo, abordando temas pertinentes ao convívio sócio familiar, envolvendo ajuda dos profissionais das áreas: saúde, educação e demais políticas, para que os usuários 36 possam resgatar sua autoestima, recebendo orientações sobre seus direitos, bem como fortalecimento de vínculos familiares. O reconhecimento da assistência social enquanto política pública de direitos, inscrita na constituição de 1988 e, também, o processo democrático e participativo que resultou na elaboração e aprovação de alguns de seus principais marcos normativos. Na sequência, evidencia a organização do (SUAS) e os avanços trazidos pela Lei n º 12.435, de 6 de junho de 2011 (Lei SUAS), ressaltando, em seguida, as proteções afiançadas aos cidadãos no âmbito da política pública. O Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) oferta obrigatoriamente o serviço de proteção e atendimento especializado a família e indivíduos (PAEF). Serviço voltado para famílias e pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados. Oferece apoio, orientação e acompanhamento para a superação dessas situações por meio da promoção de direitos, da preservação e do fortalecimento das relações familiares e sociais. Segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009), as mulheres vítimas de violência devem ser atendidas através do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI. A prática dos Assistentes Sociais no Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS), um dos serviços da Assistência Social dentro da proteção especial de alta complexidade, é de suma importância visto que esses profissionais participam do processo de enfrentamento das várias expressões da “questão social” emanadas da relação antagônica entre capital e trabalho. Faz uma reflexão sobre a importância da prática profissional do Assistente Social nesta instituição, utilizando-se da teoria como embasamento para compreender a relação de operacionalização das tarefas dentro do sistema de proteção especial, pois este é um serviço da assistência social que tem atendido diariamente inúmeras situações de violações de direito a qual uma parte da população de Paiçandu – PR enfrenta no dia a dia. Neste sentido, esta pesquisa partira da necessidade de investigar os meios de proteção em favor da mulher vítima de violência doméstica com base na lei 11.340/2006. A qual Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a 37 Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. O referido projeto está sendo desenvolvida na área de proteção especial de alta complexidade em que se refere aos atendimentos as usuárias, no Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) as Mulheres vítimas de violência. Por isso o projeto de intervenção teve como tema “Empoderamento da Mulher Vítima de Violência” visto que em todos os estágios foi à demanda que mais atendi junto com a equipe técnica do CREAS. O trabalho do assistente social Além de orientar e encaminhar os cidadãos para os serviços da assistência social ou demais serviços públicos existentes no município, o CREAS também se oferece informações, orientação jurídica, apoio à família, apoio no acesso à documentação pessoal e estimula a mobilização comunitária. Através da pesquisa bibliográfica foi possível expandir o conhecimento a respeito do Centro de Referência especializada de assistência social CREAS e conhecer e orientar sobre a Lei 11.340, bem como orientar as usuárias. Nessa etapa do trabalho, o projeto de pesquisa do TCC será constituído por três capitulo, no primeiro dele uma reflexão sobre a conjuntura histórica, violência contra a mulher: políticas públicas e medidas protetivas na contemporaneidade. No Brasil A violência contra a mulher é produto de uma construção histórica — portanto, passível de desconstrução — que traz em seu seio estreita relação com as categorias de gênero, classe e raça/etnia e suas relações de poder. Por definição, pode ser considerada como toda e qualquer conduta baseada no gênero, que cause ou passível de causar morte, dano ou sofrimento nos âmbitos: físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na privada. A violência é um fenômeno social e universal que atinge populações de todas as classes, religiões e culturas, com diferenciais por gênero, idade e etnia para Organização Mundial da saúde (OMS), ‘a violência é o uso intencional da força física ou poder, real ou em ameaça, contra si próprio ou contra outra pessoa grupo ou comunidade, resultando ou que tenha a possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação’ (SILVA ET. al, 2013). 38 Assim como, a violência doméstica é toda e qualquer ação ou omissa, que acarreta prejuízos na liberdade e no desenvolvimento dos envolvidos, sejam eles membros da mesma família ou agregados e visitantes esporádicos. Assim, tais atos podem ser cometidos dentro ou fora do lar e consistem, na grande maioria dos casos, em agressões físicas, psicológicas, sexual e negligência (SALIBA et al. 2007: DAY et AL,2003 citado por PORTO, 2014). A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou em 2002 um relatório intitulado “Relatório Mundial sobre Violência e Saúde”. Neste relatório, a violência é Conceituada como “o uso intencional da força física ou do poder, real ou ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma com unidade, que resulte outenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação” (ZUMA, 2005, p. 02 apud FONSECA, p .307, 2012). Ainda, segundo estudo da organização das Nações Unidas (ONU) de 2006, ‘’ violência contra a mulher é todo ato de violência praticado por motivo de gênero, dirigido contra mulher (GADONI–COSTA: DELL’ AGLIO, 2010, p. 152 citado por FONSECA, p,308, 2 012). Diante de tais conceitos deliberados acerca da temática, levando em consideração que a temática foi por anos desconhecida da sociedade, sendo inserida nos estudos acadêmicos como uma das formas mais horríveis de violações dos direitos humanos, necessitando diante disso de intensa mobilização Social. A violência doméstica e familiar é um problema universal que atinge milhões de pessoas, na maioria das vezes silenciosa, devido ao medo das vítimas em denunciar seus agressores. Este fato é muito importante ser visto como meio de estabelecer vínculos e confiança e empatia nas relações entre serviço de saúde, profissionais e usuários, acolhimento deve ser assegurado como prática que garanta uma assistência humanizada e resolutiva as vítimas de violência. 39 5 OBJETIVOS 5.1 OBJETIVO GERAL O estudo apresenta como objetivo geral buscar conhecimento de forma ampla, a fim de agregar informações em favor das usuárias vitimadas que são atendidas pelo serviço CREAS de Paiçandu-PR baseado na Lei 11.340. 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Para que seja atingido o objetivo geral proposto, ele abordará os seguintes objetivos específicos Levantar embasamento de conceitos junto a fontes bibliográficas; Demonstrar a importância da Lei Maria da Penha; Propor o Empoderamento da Mulher vítima de violência na garantia de seus direitos. 40 6. METODOLOGIA DE PESQUISA A metodologia sustenta o desenvolvimento do artigo estão embasados em pesquisa bibliográfica com diversos autores e especialistas que abordam os aspectos voltados ao tema a ser desenvolvidos de caráter exploratório e natureza qualitativa. E também pesquisas questionário entrevistas, etc. O procedimento para elaboração do trabalho é considerado uma pesquisa bibliográfica, sendo que para Cervo (2000), a pesquisa bibliográfica “explica o problema a partir de referências bibliográficas publicados através de documentos ou artigos científicos.” A presente pesquisa tem caráter exploratório, pois de acordo com Gil (2007, p.41) este tipo de pesquisa: [...] tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, a fim de constituir hipóteses. Estas pesquisas têm como objetivo principal aprimorar ideias; descobertas. Sendo o planejamento bastante flexível, possibilitando que surjam considerações dos mais variados aspectos do fato estudado. Onde toda pesquisa utiliza-se de métodos, técnicas e procedimentos para se alcançar o objetivo proposto. O estudo em questão utiliza de método dedutivo, pois conforme Martins (2002, p. 34), “esse método é definido como um conjunto de proposições particulares contidas em verdades universais”. Assim o estudo assemelha-se neste método, com o intuito de analisar a amplitude das fundamentações teóricas, a fim de apresentar aos objetivos propostos. 41 7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA Nesta pesquisa foi utilizado como procedimento para coleta pelos dados, a entrevista com a assistente social. Os dados da pesquisa foram analisados de forma qualitativa. Para obtenção dos dados da presente pesquisa foram utilizados os seguintes procedimentos, observação direta com os usuários, pesquisa de campo e pesquisa bibliográfica a partir de livros, documentos e sites. O objetivo da pesquisa foi de analisar o trabalho com as vítimas de violência doméstica que são atendidada no serviço. A Centro de Referência Especializada atende pessoas de todo munícipio de Paiçandu e destrito de Agua Boa, a área de abrangência Municipal Populacão estimada 41.281 mil habitantes fonte de dados populacional: IBGE- Estimativas populacinais para os municipios. Atualizado em 30 de agosto de 2019. As demanda atendidas no CREAS de paiçandu são de Proteção Especial de alta e média complexidade. Orientação e apoio sociofamiliar, plantão social; abordagem de Rua; cuidados no domicilio serviço de habitação na comunidade das pessoas com deficiência; Medidas socio educativas em meio aberto (PSC Prestação de Serviço a liberdade comunidade e LA- Liberdade Assistida). Direcionalmente legal de vítimas de violência; acompanha e desenvolve ações para diminuir o desrespeito preservado ao direitos humanos; Atendimento integral institucional. O CREAS atende pessoas em todas faixa etárias, crianças, adolecentes, jovens, mulheres, idosos, pessoas com deficiência e familias, pessoas que por algum motivos tiveram seus direitos violados. A instituição é constituida por nove funcionários: Secretária, coordenadora duas assistentes sociais, duas pscicólogas e uma estágiaria de Serviço social e a zeladora e motorista, no período matutino e vespertino. Trabalha seis horas por plantão com cada jornada semanal de 30hs. Quanto as condições de trabalho a assistente sócial referem-se que tem uma boa condição de trabalho na sede do CREAS. Para a realização deste trabalho utilizou-se da observação do campo de estágio, pesquisa bibliográfica como vários autores, assim como a aplicação do 42 questionário com uma Assistente Social. Posteriormente feita análise dos dados, com o objetivo de compreender como se desenvolve o trabalho deste profissional junto com as vítimas de violência doméstica no âmbito suas verificando as particularidades se dá neste contexto profissional. 7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS A apresentação e organização dos dados coletados na pesquisa teve a finalidade de responder o objetivo proposto. Durante a pesquisa percebeu-se a realidade investigada “violência doméstica” uma demanda do serviço social, e os usuarios(a) são atendedidos no Centro de Referência Especializada de Assistencia Social (CREAS) do municipio de Paiçandu, são atendidos pela equipe técnica multiprofissional, iniciando pelo serviço social em seguida pelo psicólogo que conforme cada caso será encaminhado a rede de cuidados as mulheres vítimas de violência de Paiçandu e dependendo a necessidade são encaminhadas para serem atendidas nos outros Serviços. 7.2 ANÁLISE DOS DADOS Identificada a análise dos dados e os objetivos principais. Percebeu-se através da observação e intervenções e atendimento do Serviço social e da fala da Assistente Social o possicionamento as demandas atendidas é um desafio indentificado na entrevista com a Assistente Social do CREAS de Paiçandu, que o profissional deve atuar, apresentando soluções e ações de enfrentamento das expressões das questões sociais. Contudo, no que diz respeito as demandas do CREAS, pode-se observar que a demanda é grande, mas o recurso para se trabalhar as demandas é pouco. Portanto não se chega ao objetivo de atender as necessidades básicas da população atendida, faz se necessário elaborar estratégias para alcançar recursos buscando a melhoria da qualidade de vida das famílias na comunidade e conscientização das mesmas. 43 Entre outros desafios que são identificados tais como: a baixa remuneração do trabalho, aumento e diversificação das atividades, redução de pessoas e carga horária execessiva. Segundo as atribuições do serviço social, na unidade cabe ao setor as ações de encaminhamento e articular junto a rede as vitimas de violência doméstica. Umas das principais estratégias usada pelo Assistente Social com a equipe multidisciplinar para a atuação na intervenção junto com as demandas e vítimas de violência doméstica.
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