Buscar

Os Segredos Do Templo De Salomão (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 426 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 426 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 426 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Kevin L. Gest 
 
Os Mitos em Torno do Rei Bíblico 
 
 
Tradução: Silvio Antunha 
 
MADRAS 
2011 
 
 
A Sabedoria é Suprema 
"Bem-aventurado o homem que encontra sabedoria, o homem que adquire 
conhecimento... Adquire pois a sabedoria, obtenha entendimento... A sabedoria é 
suprema; portanto, obtenha sabedoria. Ainda que custe tudo que você tem, 
obtenha entendimento." 
Provérbios 3,13 e 4,7 
 
 
Para: Louis, Emma, Matthew e Alexander - e minha mãe. 
 
 
 
 
Índice 
 
Agradecimentos 
Abertura - O nascer do Sol, uma inspiração 
Capítulo 1 - Por que o Sol? 
Uma nova cidade, um novo Templo 
A decoração incomum levantou questionamentos . 
A busca pelo entendimento 
Imagens perdidas 
Imagens místicas 
Começa a busca - graças à BBC 
O Zodíaco e o Pavimento - outra análise 
Conclusão 
Capítulo 2 -O Nascer do Sol 
Precessão do Equinócio 
Qual o tamanho da bola? 
Hoje temos uma medida da Terra 
A sombra 
Heliocêntrico x Geocêntrico 
Números, Aritmética e o Macrocosmo 
As origens da Geometria 
Conclusão 
Capítulo 3 - Conhecimento Secreto - Sabedoria Sagrada 
A corrente 
A constante do círculo - enquadrando o círculo 
O valor de Fi 
O quadrado secreto do maçom 
O quadrado secreto - e o número 12 
A Geometria sagrada - o segredo de um maçom 
A antiga memória do Sol e da Lua continua viva 
A cruz céltica 
Conclusão 
Capítulo 4 - O Segredo do Selo de Salomão 
O Hexagrama e o Pentagrama 
O Hexagrama - origens antigas 
A Estrela de Davi como símbolo dos povos judeus 
Evidência não conclusiva 
O Pentagrama 
A conexão com a Maçonaria 
Uma solução para o segredo do Selo de Salomão 
A vinculação hexagrama/pentagrama com as unidades de medida 
Uma descoberta geométrica - o Selo de Salomão e o Pentagrama 
Conclusão 
Capítulo 5 - Pitágoras, Escolas de Mistério e Maçonaria 
A tabela dos números pitagóricos 
Conclusão 
Capítulo 6 - Influência Eclesiástica - Maçons Admiráveis 
O Templo - um empreendimento suntuoso 
Bede - o Tabernáculo e o Templo 
Conexões eclesiásticas com a Maçonaria 
Geometria sagrada, Sabedoria Antiga e as grandes catedrais da Europa 
A catedral de Peterborough 
O dimensionamento da catedral de Peterborough com o uso do Sol - hipótese 
Definição da referência de 78 pés 
Chartres 
Barcelona 
A conexão com os Vigilantes 
Luz em vez de sombras 
Luz e o templo de Abu Simbel 
Conclusão 
Capítulo 7 - O Conhecimento Sagrado Ressurge 
O Vesica e o desenho 
O zodíaco 
Seiscentos e sessenta e seis 
Procurando Pitágoras 
"G" de Geometria 
Possibilidade complementar - alinhamento pela sombra 
Possibilidade complementar - Geometria baseada nos círculos 
A Geometria Sagrada do Octógono e a Estrela de Davi 
O Esquadro e o Compasso 
Constantes geométricas no Templo 
Conclusão 
Capítulo 8 - As Coisas Podem não Ser como Nos Ensinaram 
Aviso 
Conhecimento ancestral descoberto recentemente . 
Nossa fé em eventos religiosos e seus significados 
As pragas do Egito 
A história de Sodoma e Gomorra 
O nome de Jesus 
Um truque mágico com ossos 
O Nascimento Virgem - a Imaculada Conceição 
Novas descobertas - novas revelações 
O Nascimento Virgem - um cenário revisto 
Será que Jesus se casou com Maria Madalena? 
A Bíblia e as tentativas de Cronologia 
A face variável do Antigo Testamento 
Problemas com traduções 
Será que o Êxodo atravessou o Mar Vermelho? 
Conclusão 
Capítulo 9 - Moisés Preparou as Fundações do Templo 
A influência dos Impérios clássicos da Grécia e de Roma 
A civilização minoica 
Os assírios 
Os egípcios antigos e o faraó herege 
Os israelitas e a terra dos faraós 
Moisés - educado nos mistérios 
Moisés, o General - revelação e fuga 
Moisés encontra refúgio e se casa pela segunda vez 
Retorno de Moisés ao Egito 
Moisés retorna ao território familiar - perto da Sarça Ardente 
Raguel trouxe a ordem - e as sementes - dos Mandamentos? 
A Arca da Aliança 
A Arca - um dispositivo astucioso? 
A Arca e a Rainha de Sabá 
O Tabernáculo 
O Monte Sinai - a Montanha de Moisés 
Conclusão 
Capítulo 10 - Davi, Heresia e Cronologia 
Antes de Davi projetar o Templo 
Samuel, Davi e Saul 
O Monitor Secreto 
Uma nova cronologia - um novo calendário 
Uma nova cronologia 
Davi e a Heresia de Amarna 
Comparação cronológica com os faraós egípcios .. 
Davi começa a projetar o Templo 
A Shekiná 
Conclusão 
Capítulo 11 - Salomão e Sua Sabedoria - Revelados 
A sabedoria de Salomão 
Davi e o deus-Sol 
Conclusão 
Capítulo 12 - Quem Foi Salomão? Quem Foi Moloque? 
Davi e Bate-Seba 
Explorando as decorações 
O Mar, as pias e os implementos 
Moloque - Molech 
Oferendas queimadas 
O uso das decorações 
Então, quem era Salomão? 
Conclusão 
Capítulo 13 - Revelando o Desenho do Templo de Salomão 
Por que o Monte Moriá? - o significado do Cubo 
Definição das fundações 
Acrescentando o pórtico 
A posição da Arca 
Os querubins 
O cubo e o centro 
As salas laterais 
As janelas do clerestório 
As janelas do clerestório e o efeito do Sol 
Os batentes das portas e a luz dos querubins 
O Templo Sol continua a existir 
O mistério do oráculo 
E os sacerdotes pararam 
Conclusão 
Capítulo 14 - Segredos nas Colunas 
O que já sabemos sobre as colunas 
Os capitéis - as correntes entrelaçadas 
Os capitéis - as romãs 
Os capitéis - a forma de vaso e os lírios 
A aritmética babilônica do reverendo Caldecott 
A sombra das colunas 
O Jantar Mantar 
A posição das colunas em frente ao pórtico 
Os supracapitéis 
O Losango Secreto 
O quadrado oculto de Rosslyn 
As colunas - o conhecimento oculto 
O Templo - a solução final 
Revelação Divina 
Por que o Templo de Salomão foi tão venerado através dos séculos? 
Qual era o segredo da Sabedoria de Salomão? 
Qual é o segredo do Selo de Salomão? 
Por que o "Templo de Salomão" é chamado assim? 
Então tudo se perdeu 
Existe algum vínculo com o Templo de Abu Simbel? 
O desenho do Templo vive 
Capítulo 15 - O Legado dos Cavaleiros Templários e um Novo Hiram Abiff 
Os Cavaleiros Templários 
Os Templários - a igreja do relógio solar 
O Oito do Manto dos Templários e a descoberta em Sussex 
Hiram Abiff ou Huram Abi? 
Huram, o Alquimista 
Quem era Hiram Abiff? 
Revelando outro Hiram Abiff 
A conexão dos princípios 
Capítulo 16 - Conclusão 
A História do Arco 
Ensinamentos sobre Mecânica Celeste 
Uma perda para o clube de cavalheiros 
Fundada em 1717, por que razão? 
Anexo 1 - O Mistério da Jarda Megalítica Revelado 
Anexo 2 - O Universo refletido nos detalhes do Tabernáculo e nos Governos dos 
Sacerdotes 
Anexo 3 - Uma Cronologia Especulativa Resumida da História da Maçonaria 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A preparação deste livro resultou em muita leitura de assuntos que originalmente 
não eram familiares para mim, em viagens a outras terras e na investigação 
histórica de um jeito que antes não havia imaginado. Isso implicou trancar-me 
com um computador e fazer desenhos sem fim em papel para diagramas, tanto 
para provar como para investigar diversos critérios. Tudo isso demorou vários 
anos, durante os quais coloquei minha família em muitas situações 
inconvenientes. Só posso agradecer-lhes pela paciência e compreensão, enquanto 
eu me entregava à fascinação por aquilo que descobria. 
Transmito aos membros da Loja Santa Cecilia 1636 a minha gratidão pelas 
muitas horas que agüentaram ouvir minhas conversas e palestras por um período 
de dez anos, quando explicava o que havia descoberto e avaliava a reação deles 
aos meus achados. Em particular, gostaria de agradecer ao bom amigo e 
pesquisador por profissão, o Ven. Irm. Mike Oulten, que ouvia atentamente 
minhas divagações em outros tempos e me incentivava a continuar procurando. 
E Mike, mais uma vez, em companhia do Ven. Irm. Ron Cuff OBE, ambos os 
quais perceberam que eu devia registrar meus achados na expectativa de que 
seriam de interesse e valor para outras pessoas. Foi o incentivo deles que me 
inspirou a escrever este livro. Junto a isso, eu gostaria, da mesma forma, de 
agradecer ao Grão-Mestre Provincial da Província Maçônica de Sussex pela 
permissão de utilizar a grande quantidade de fotografias do Templo Maçônico de 
Sussex nestaobra. Também agradeço ao Ven. Irm. Reg Barrow, curador do 
Museu Maçônico de Sussex, pela paciência de comentar a respeito de algumas 
de minhas observações, pouco sabendo onde isso poderia terminar. 
É desnecessário dizer que a publicação de qualquer livro envolve muita gente. Só 
posso agradecer a todo o pessoal da Ian Allan-Lewis Masonic Books pela ajuda 
e, em particular, pela orientação e incentivo que recebi de Peter Waller nas 
primeiras etapas de redação. Nick Grant por sua paciência com as ilustrações e 
correções, e Martin Faulks pela orientação sobre questões de marketing. 
Também agradeço à maravilhosa equipe de funcionários e bibliotecários da 
Biblioteca e Museu Maçônico do Freemasons Hall, em Londres, que tantas 
vezes a meu pedido procuraram documentos há muito esquecidos e me 
orientaram para informações que talvez eu jamais levasse em consideração. Eu 
também gostaria de agradecer aos bibliotecários e outros funcionários que me 
atenderam na Biblioteca Britânica, em Londres, no Real Instituto de Arquitetos 
Britânicos, na Real Sociedade Astronômica de Londres, no Observatório Real de 
Greenwich, na Biblioteca de Referência de Sussex e na Biblioteca Central da 
Cidade de Brighton; aos funcionários do Departamento de Turismo do Governo 
Egípcio, em Londres, da Biblioteca de Referência da Cidade de Westminster, em 
Londres, do Museu Judaico em Camdem, Londres, e outras fontes de 
informações e referências que são muitas para citar individualmente. 
Meus agradecimentos também vão para Crichton Miller pelo uso das imagens 
que ele criou relacionadas à utilização da cruz céltica; para dr. Robert Lomas por 
seu incentivo e pela permissão de usar o material desenvolvido a respeito da 
Jarda Megalítica [Megalithic Yard] e as obras de William Preston; para Paul 
Bush e o deão da Catedral de Peterborough pela permissão de usar informações e 
desenhos previamente produzidos a respeito da catedral - novamente são muitas 
pessoas para mencionar individualmente. 
Nota especial: neste livro, fiz referências às obras do sr. George Lesser e sua 
investigação, na década de 1960, do uso de geometria sagrada na construção de 
várias catedrais em toda a Europa e, em particular, na Catedral de Chartres. 
Foram feitos esforços para localizar os editores de suas obras, Tiranti, a fim de 
obter a aprovação paia usar certas ilustrações, mas em vão. Parece que a 
companhia editora dos Tiranti foi vendida na década de 1970, mas as tentativas 
de localizar quem naquele tempo possuía as listas de obras publicadas antes 
resultaram em silêncio. Por isso, peço desculpas antecipadamente por qualquer 
inconveniência que o uso desse material possa causar-lhes. 
Todos os esforços foram feitos para rastrear cada detentor de direitos autorais e 
conseguir a devida autorização, mas, na eventualidade de alguma omissão, favor 
entrar em contato com o autor, via editor, para que as correções necessárias 
possam ser feitas em futuras edições deste livro. 
 
Abertura - O nascer do Sol, uma inspiração 
 
Ainda estava escuro. Exceto o da minha própria respiração, nenhum outro ruído 
quebrava o silêncio da noite. As brasas da fogueira ardiam em um rubor intenso. 
O ar estava tão parado que a fumaça de um braseiro, que queimava parte de uma 
tora erguida verticalmente, unificava-se com a nebulosa fumaça da Via Láctea, 
como se a textura nublada acima tivesse sido criada apenas por ela. 
Saltei para fora do meu saco de dormir. Andando silenciosamente em volta da 
fogueira para não perturbar meu companheiro, coloquei alguma lenha no fogo 
para mantê-lo aceso. E também uma pequena chaleira, com água suficiente para 
fazer uma boa caneca de café quente. 
Havia acordado muito naturalmente e senti que a alvorada não poderia demorar 
muito. Nossos relógios de corda haviam parado há alguns dias e não tínhamos a 
menor idéia de qual horário inventado pelo homem estávamos vivendo. Longe 
do alcance das estações de rádio, vínhamos, desde a semana passada, levantando 
com o Sol e encerrando as tarefas do dia quando o Sol se punha. Com o café na 
mão, afastei-me do fogo, agora inflamado, e me coloquei em frente ao velho 
Volkswagen. Antes de sair para o sertão australiano, fui aconselhado a usar um 
dos seguintes três tipos de veículos: um com tração nas quatro rodas; algum 
carro fabricado no país - tipo Holden -, cujas peças de reposição eram fáceis de 
encontrar; ou um Volkswagen refrigerado a ar - sem radiador ou mangueiras 
d'água com que se preocupar. O velho Volkswagen era tudo o que eu podia 
pagar. 
Sentado nas Montanhas Kimberley, no noroeste da Austrália, as estrelas no céu 
tinham uma claridade rara. A cidade grande mais próxima, que irradiaria luzes 
intrusas de faróis de carros, semáforos e iluminação das ruas, ficava a cerca de 
640 quilômetros. O Cruzeiro do Sul se destacava entre as constelações, enquanto 
Orion, que eu chamava de "meu velho amigo", pois foi um dos primeiros grupos 
de estrelas importantes que aprendi a reconhecer, surgia no céu ao norte. Nos 
meses em que eu estivera no mato, percebi que olhava os céus como centenas de 
gerações antes de mim haviam feito. As estrelas, muito mais do que qualquer 
pessoa poderia ver perto de uma cidade, destacavam-se pelo brilho exuberante, 
enquanto o pano de fundo do espaço sideral era mais negro do que qualquer um 
pudesse imaginar. Também vi estrelas cadentes em abundância, algo que alguém 
dificilmente saberia que existe em um ambiente urbano. 
Embora não tivesse notado quando me coloquei em frente ao Volkswagen com 
meu café, eu estava virado para o Leste. Quando quase todo café havia sido 
bebido, o primeiro resplendor da alvorada rompia no horizonte. Não era a 
primeira alvorada que eu testemunhava, mas presenciei com respeito o 
desenrolar desse drama de todo dia. As estrelas no oriente começavam a 
esmaecer à medida que a luz do Sol ganhava força. Quando a bola amarela de 
fogo apareceu no horizonte, um calor confortável e inesperado atingiu meu rosto 
em cheio. O ar, que estava completamente parado, de repente e agradavelmente 
precipitou-se em direção ao horizonte iluminado, como se o Sol fosse um imenso 
ímã que o atraísse. Um martim-pescador cantou a distância. Um ruído 
sussurrante, fraco, vinha do capim branco comprido que nos rodeava, quando as 
pontas dos caules roçavam suavemente umas na outras ao leve sabor do ar. Um 
bando de papagaios, cor-de-rosa e cinza - Galahs -, voou bem no alto, rodopiou e 
circulou, depois arremeteu para o chão, várias centenas de metros abaixo. No ar 
também se sentia o leve aroma do eucalipto e do capim seco, onde antes nada 
mais havia além do frescor do ar da noite e da leve fragrância do café instantâneo 
que saía da caneca encaixada nas minhas mãos. 
Embora eu tivesse presenciado o alvorecer muitas vezes, nessa manhã, em 
particular, meus sentidos pareciam encontrar alguma afinidade extra com o 
mundo ao meu redor. Estava preenchido com uma tranqüilidade e uma paz 
interior, com um sentimento de estar completamente de acordo com o ambiente à 
minha volta, totalmente sintonizado com o mundo - com a natureza - e minha 
participação nele. Era muito bom estar vivo, sentir-me vivo. 
Tal sentimento vivo deixou sua marca. Ainda hoje, tantos anos depois, posso 
fechar os olhos e ser transportado de volta àquela manhã e experimentar tudo 
isso: a luz, o calor, o movimento do ar, até mesmo o cheiro do mundo misturado 
com o café. Foi uma experiência espiritual que jamais esqueci. 
Muitos anos depois, minha atenção foi particularmente atraída para o Sol 
nascente e sua influência sobre as pessoas das antigas civilizações. Precisei de 
pouquíssimas pesquisas para constatar que tais civilizações cultuavam esse 
evento como a base da própria vida e que o impacto que ele teve há tantas 
gerações continua a ser sentido hoje. Isso voltou à tona nos lugares mais 
inesperados. 
A Maçonaria foi um deles.
 
CAPÍTULO 1 
POR QUE O SOL? 
 
Salomão, rei de Israel no Antigo Testamento, é um personagem bem conhecido 
dos adeptos dastrês principais religiões do Ocidente - o Cristianismo, o 
Islamismo e o Judaísmo - e se mantém vivo graças às referências ao Templo de 
Salomão, em Jerusalém, e à sua conhecida sabedoria. Ele foi um líder, um 
construtor e um diplomata talentoso. E, se a tradição for interpretada de forma 
lógica, foi claramente um homem de charme e presença considerável - o que 
talvez ficou consubstanciado no seu relacionamento com a rainha de Sabá. Sua 
liderança foi demonstrada em muitos atos, o mais significativo talvez ligado à 
construção e ornamentação do primeiro Templo em Jerusalém. Nas entrelinhas 
do texto bíblico, o reinado dele coincidiu com um período de estabilidade para os 
adoradores de Yahweh, um povo cujos ancestrais haviam vagado, errantes, por 
várias gerações, pela Península do Sinai, depois do êxodo do Egito, e haviam se 
envolvido em batalhas para garantir a sua terra prometida. Com essa 
estabilidade, veio também um período de relativa prosperidade, o que fica 
evidente nas descrições dos opulentos ornamentos do Templo. 
Como uma dedução a partir de seus vínculos com o primeiro Templo em 
Jerusalém, e de sua pretensa sabedoria, somos levados a crer que seu nome era 
Salomão. Mas suponhamos que não fosse. Vamos presumir que essa palavra 
servisse para descrever seu cargo e sua posição. Assim, se o nome do Templo 
fosse um reflexo de seu cargo ou posição, então poderia mudar nosso 
entendimento a respeito do significado e da finalidade para a qual o Templo 
servia. Isso poderia definir para que o templo fora criado ou dedicado, em vez de 
 
identificar de quem ele recebeu seu nome. A suposta sabedoria de Salomão pode 
então ter sido um reflexo das habilidades e do conhecimento que ele adquiriu em 
relação à sua função, em vez de implicar que ele fosse uma pessoa de intelecto 
superior ou que tivesse poderes de raciocínio altamente desenvolvidos. 
Os resultados de tal revelação seriam extremamente poderosos. 
Apesar do fato de eu ter ocupado, por muitos anos, cargos executivos em 
negócios e também em muitos comitês e organizações sociais, não havia nada 
em minha vida que tivesse me preparado verdadeiramente para a Maçonaria. 
Minhas primeiras impressões foram de uma organização cujas práticas eram, na 
melhor das hipóteses, obtusas. Porém, ao mesmo tempo, existe uma dignidade e 
uma grandeza nos procedimentos que vêm de uma tradição muito antiga e 
consagrada. Percebi depois que essa grandeza era realçada pela decoração da 
sala que a Loja da qual eu era membro usava para suas reuniões. 
Alguns anos depois da minha iniciação, aquela sala, junto com sua arquitetura e 
decoração, tornou-se um foco de minha atenção. Isso resultaria em um fascínio 
que me levaria a uma jornada de descoberta e mudaria, de uma maneira que eu 
jamais havia pensado, meu entendimento e minha percepção sobre o quadro 
histórico de certos eventos associados às principais religiões ortodoxas. 
O tema da Maçonaria é algo que, por várias vezes nos últimos séculos, atraiu um 
misto de excitação e histeria do público. Existem famílias nas quais a filiação a 
essa sociedade fraterna tão antiga existe há gerações, com pais iniciando filhos, e 
depois netos, com grande orgulho. Existem outras pessoas que a vêem como uma 
organização que perpetra sentimentos diabólicos e anti-religiosos; uma sociedade 
secreta na qual os membros estão empenhados em golpes para desestabilizar e 
derrubar governos, uma associação de homens que está comprometida em 
garantir que seus membros sejam promovidos a altos cargos no governo local, 
em instituições ou corporações importantes, em detrimento de qualquer outra 
pessoa com capacidade similar. Porém, repetidas investigações de funcionários 
de governos e de pessoas respeitadas, que não eram maçons, mas pesquisaram 
sua história e estrutura, concluíram que tais temores são infundados. Em vez 
disso, eles relatam que se trata de uma organização altamente intelectual e moral, 
que no passado foi instigadora, motivadora e patrocinadora de significativos 
empreendimentos científicos e de caridade, papel que ainda continua existindo. 
A Maçonaria é uma organização dominada por homens, embora, desde o início 
do século XX, participantes femininas passaram a ter sua própria estrutura de 
Loja no Reino Unido, operando de maneira concomitante à de seus equivalentes 
masculinos. Os homens ingressam na Maçonaria em várias etapas de sua vida, a 
partir de 21 anos de idade. Eles vêm de vários substratos socio-econômicos, 
permanecem membros por várias razões, mas obviamente não o fazem a menos 
que retirem alguma satisfação interior de sua filiação. O período típico de 
filiação é acima de 25 anos. A maioria associa-se na meia-idade, embora os que 
ingressam na juventude provavelmente se tornam membros regulares de apoio 
por volta de 40 ou 50 anos. Existem aqueles que desistem de sua filiação e 
também o fazem por razões variadas. 
A Maçonaria é uma organização global que, se adequadamente regulamentada, é 
aceita pela constituição da Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI), sujeitando-
se a ela. A GLU da Inglaterra tem suas origens em 1717, quando um pequeno 
grupo de Lojas sediadas em Londres reuniu-se para formar a Grande Loja da 
Inglaterra, a precursora do órgão administrativo que existe atualmente. Porém, 
Lojas Maçônicas existem há muito mais tempo. Na Escócia, por exemplo, 
existem Lojas conhecidas em Edimburgo desde o século XV. A mais antiga Loja 
conhecida da Inglaterra, cujos registros foram conservados, é a Loja de 
Antigüidade no 2. Seus livros de atas estão disponíveis desde 1736, mas se sabe 
que outros estiveram disponíveis desde 1721, e desde então se perderam. Os 
mais antigos livros de atas guardados na Biblioteca do Freemasons Hall, em 
Londres, são da reunião de uma Loja que se juntava em uma taberna conhecida 
como Swan and Rummer [Cisne e Copázio] e datam de 1725. Porém, Elias 
Ashmole registrou em seu diário que foi iniciado como maçom especulativo em 
Warrington, em 1646, cerca de 70 anos antes da formação da Grande Loja da 
Inglaterra. 
Existiram, no passado, muitos autores e pesquisadores eminentes que 
acreditavam que as origens da Maçonaria derivavam do conhecimento sagrado 
conservado pelos sacerdotes do Antigo Egito; que o mesmo foi transferido para 
as civilizações da Grécia e de Roma antes de chegar à Grã-Bretanha com as 
legiões romanas, há 2 mil anos. 
As reuniões típicas da Loja consistem na representação de uma série de peças 
curtas que contêm uma mensagem moral e incentivam a compreensão pessoal e 
o entendimento. Tudo isso está contido em uma complicada história que envolve 
a construção do Templo de Salomão. 
Caracterizado nos livros de Crônicas e Reis do Antigo Testamento, o Templo de 
Salomão dispõe da aura de ter sido algo especial, uma aura que resistiu ao passar 
do tempo. Existem muitos livros dedicados apenas ao tema do Templo, com uma 
ampla variedade de imagens e modelos feitos através dos séculos em tentativas 
de revelar como o mesmo deve ter sido. Apesar disso, o Templo de Salomão 
demonstrou ser um enigma. Alguns arqueólogos e pesquisadores acadêmicos 
chegaram mesmo a questionar se ele existiu algum dia. 
Na introdução de seu livro essencial A Test of Time [Um Teste do Tempo], o dr. 
David Rohl reflete sobre uma tese apresentada pelo professor Thomas L. 
Thompson da Universidade de Copenhague, considerado pelo dr. Rohl como 
"uma das maiores autoridades em assuntos bíblicos". O dr. Rohl comenta a 
opinião do professor Thomas L. Thompson assim: 
 
(...) basicamente ele está dizendo que as histórias do Antigo Testamento são 
composições ficcionais, escritas no segundo século a.C., e que, como resultado, 
seria uma "completa perda de tempo" (em suas palavras) alguém tentar 
confirmar essas histórias por meio da arqueologia (...). 
 
De fato, a base do livro do dr. Rohl se origina da questão sobre a significativa 
defasagem entre aquilo que o texto bíblico nos conta, que aconteceu há 3 ou 4 
mil anos, e a capacidade da comunidade arqueológicade provar isso por meio de 
evidências de campo, apesar de 150 anos de escavações no Egito, em Israel e em 
territórios adjacentes. O dr. Rohl prossegue, fazendo uma observação mais 
interessante como conseqüência dessa falta de evidências: 
 
(...) temos um problema fundamental para aqueles que defendem o uso da Bíblia 
como fonte de história. As escavações históricas no Egito e no LEVANTE, em 
andamento na maior parte dos últimos dois séculos, não produziram evidências 
tangíveis para demonstrar a veracidade arqueológica das narrativas bíblicas 
iniciais. O material direto de apoio à história tradicional da nação israelita, 
legado nos livros de Gênesis, Êxodo, Josué, Juizes, Samuel, Reis e Crônicas, 
virtualmente não existe. É como se os israelitas simplesmente tivessem pegado 
seus pertences, deixado o Egito no reinado de Ramsés II (no século XIII a.C.) e 
se encaminhassem para o Sinai, para milagrosamente desaparecer da História 
por cerca de 400 anos, antes de voltarem à tona nas inscrições da campanha dos 
reis da Assíria do século IX. Aonde eles foram? De acordo com a Bíblia, eles 
foram se instalar na Palestina, onde afinal deveriam forjar uma pátria sob os 
carismáticos reis do Período da Monarquia Unida: Saul, Davi e Salomão. Mas 
virtualmente nada parecido com essa aventura épica foi encontrado nos 
registros arqueológicos da Palestina. Aliás, os séculos da longa peregrinação 
na terra dos faraós também não deixaram absolutamente nenhum vestígio no 
vale ou no delta do Nilo. 
 
O dr. Rohl prossegue para acrescentar: 
 
(...) é essencial encontrar evidências arqueológicas que mostrem que os eventos 
registrados no Antigo Testamento verdadeiramente aconteceram e que 
personagens como José, Moisés, Saul, Davi e Salomão realmente caminharam 
por esta Terra por volta de 3 a 4 mil anos atrás? 
 
Claramente, se existe dúvida de que Moisés, Saul, Davi e Salomão de fato 
caminharam por esta Terra, então, por definição, também deve existir alguma 
dúvida se o Templo atribuído a Salomão foi mesmo construído. Por outro lado, o 
templo, que depois alcançaria certa fama, pode ter sido construído, mas não por 
Salomão, ainda que atribuído a ele no texto do Antigo Testamento. Algumas 
pessoas sugeriram que o Templo não foi realmente construído em Jerusalém, 
mas que fazia parte de um complexo, atribuído a Salomão, que foi escavado em 
Megido. Mas mesmo a conexão de Salomão com essas escavações é duvidosa. 
Novamente citamos o dr. Rohl: 
 
Através dos anos até o presente, têm sido mostradas estruturas monumentais, de 
vários períodos arqueológicos que se estendem por séculos, atribuídas às 
atividades de construção de Salomão nas cidades de Megido, Gezer e Hazor. O 
"Portão de Salomão", em Megido, não é mais datado dos tempos de Salomão, 
embora a sinalização turística moderna, erguida na frente do mesmo, continue a 
informar aos visitantes que eles estão diante de um portão "dos tempos de 
Salomão. 
 
O enigma da existência de Salomão acabou ficando ainda mais confuso. O dr. 
Rohl menciona que Salomão não era seu nome de nascimento, mas um nome 
atribuído a ele algum tempo depois de sua morte. Então, se não existiu ninguém 
com o nome de rei Salomão, quem seria a pessoa que posteriormente adotou esse 
nome? E por que seu nome foi mudado? 
Supõe-se que a época à qual nos referimos como a do reinado de Salomão tenha 
sido um tempo em que seu reino gozou de um período prolongado de paz. Por 
isso, deduziu-se que o nome dele derivava da palavra hebraica shalom, que 
significa paz. Existem outros pesquisadores que têm diferentes interpretações 
para a origem do nome dele, assunto que será devidamente retomado adiante. 
Então, existe um problema potencial. Com base em comentários recentes do 
professor Thompson, ampliados pelo dr. Rohl, a comunidade arqueológica nos 
deixa com um dilema: 
 
• Temos um povo que constitui o foco central de muitas religiões ocidentais, 
mas que aparentemente deixou pouca ou nenhuma evidência arqueológica de sua 
existência inicial na Palestina, no Sinai ou no Egito. 
• Temos a impressão de que não existem evidências de ter existido um grupo 
de reis, Saul, Davi e Salomão, cujo comentário escrito no Antigo Testamento é 
fonte diária de considerável inspiração para milhares de pessoas. 
• É questionável se a edificação que constitui a peça fundamental da 
organização fraterna mais antiga do mundo, a Maçonaria, jamais tenha existido. 
• É duvidoso se o nome atribuído à pessoa reverenciada pela sua empreitada 
de construção e por sua sabedoria, Salomão, tenha realmente sido seu verdadeiro 
nome. 
 
O que vamos fazer com tudo isso? 
Existem respostas possíveis para os problemas causados pela falta de evidências 
observada antes, como o dr. Rohl habilmente demonstra em seu livro. Ele faz 
isso por meio do reexame de algumas evidências e artefatos arqueológicos que 
foram recuperados, mas considerados de um contexto diferente pela comunidade 
arqueológica. 
Isso, entretanto, ainda nos deixa com um número de perguntas sem respostas, 
especialmente em relação à Salomão e a conexão com a Maçonaria. Se não há 
evidências para provar a existência de um homem chamado Salomão, então 
como ele e o Templo que lhe é atribuído foram ligados à Maçonaria? 
Não havia referências aparentes em minha família de filiação à Maçonaria por 
parte de pai, mas sim por parte de mãe. Quando estava no início de minha 
adolescência, minha avó encorajou-me à filiação caso a oportunidade aparecesse. 
Ela vinha de uma família razoavelmente grande, que cresceu no começo do 
século XX. A maior parte de seus irmãos havia sido membros da fraternidade e 
muitas de suas irmãs se casaram com homens que eram maçons, ou se tornaram, 
sendo encorajados por sua tradição familiar. Desse modo, tendo sido 
devidamente planejado pela minha avó, quando surgiu a oportunidade de 
ingressar, perto da minha chegada à meia-idade, eu também fui iniciado nessa 
antiga instituição. 
Alguns anos após a minha iniciação, tivemos uma palestra em nossa Loja, a 
primeira em muitos anos, conhecida como Palestra de Preston, assim chamada 
em homenagem a um dos grandes registradores e historiadores maçônicos, 
Willian Preston. Este é especialmente lembrado pela obra Illustrations of 
Masonry [Ilustrações da Maçonaria], publicada pela primeira vez em 1772 e que 
se tornou referência freqüentemente citada nos registros maçônicos antigos. Uma 
Palestra de Preston é aquela, segundo o que nos dizem, fundamentada em uma 
pesquisa bem estruturada. O título da palestra a que assistimos naquela noite era 
"A História da Maçonaria na Inglaterra". O tema em pauta prendeu a minha 
atenção e aguardei com interesse o início dos trabalhos, pois desejava ter uma 
compreensão clara de uma história que até aquele momento continuava 
amplamente desconhecida para mim. Ouvi atentamente. Fiquei pouco 
entusiasmado com as conclusões. Elas afirmavam que: 
 
• não havia história da Maçonaria na Inglaterra antes de 1717, ano em que a 
Grande Loja da Inglaterra foi formada por quatro Lojas sediadas em Londres. 
• embora alguns membros acreditassem que a Maçonaria guardasse algum 
grande segredo, muitos haviam procurado e chegado à conclusão de que ali nada 
disso existia. 
• a Maçonaria havia sido formada apenas como um clube de cavalheiros e assim 
permanecera até os dias atuais. 
 
Por razões que não posso explicar, uma descrença completa nessas conclusões 
cresceu dentro de mim nos meses seguintes. Acho que eu esperava que algo mais 
misterioso fosse revelado, e como isso não aconteceu, senti que deveria existir 
alguma coisa a mais. Assim sendo, gastei os dois anos seguintes lendo uma 
ampla variedade de livros sobre a história maçônica. Embora eles trouxessem 
uma quantidade considerável de informações, não respondiam as muitas 
questões fundamentais que surgiram em minha mente. Muitos dos livros oficiais 
sobre a Maçonaria haviam sido escritos algumas décadas antes e, muitas vezes, 
baseavam-se em pesquisas realizadas no final do século XIX. A maioriatratava 
da história da instituição, especulando sobre suas origens e/ou de onde 
derivavam certas práticas e elementos de nossas cerimônias. Ao final desse breve 
período de leitura e pesquisa, muitas outras questões haviam surgido em minha 
mente: 
 
1. A Grande Loja Unida da Inglaterra, em uma gravação de vídeo produzida e 
disponibilizada para qualquer pessoa interessada em Maçonaria, mencionava que 
nossas cerimônias giravam em torno de uma complicada história, envolvendo o 
Templo do Rei Salomão. 
a. Por que, eu me perguntei, esse edifício, brevemente mencionado no Antigo 
Testamento, deveria ter tal foco de atenção? 
b. Existia alguma coisa a respeito desse edifício que não fosse imediatamente 
óbvia? 
c. Por que o assim chamado clube de cavalheiros estaria interessado em um 
obscuro edifício religioso da Antigüidade? Era difícil imaginar que alguém, em 
algum momento das últimas centenas de anos, de repente levado por uma onda 
de imaginação erudita, tivesse achado uma boa idéia incluí-lo nas cerimônias 
maçônicas e de fato conseguisse fazer isso. 
d. Existia, eu me perguntei, algo a respeito do Templo de Salomão que não 
fosse imediatamente óbvio quando subentendido ou transmitido pelo ensino 
religioso tradicional? 
 
2. No começo de uma das cerimônias maçônicas, indica-se que a Maçonaria é 
um sistema próprio de moralidade, coberto de alegorias. Eu pensei que soubesse 
o que era uma alegoria, mas, apesar disso, fui procurar no Oxford Dictionary 
para ter certeza de que a minha interpretação estava correta. A definição 
afirmava que era uma: "narrativa que descreve um assunto sob a aparência de 
outro". Em outras palavras, uma alegoria é uma coisa mascarada ou apresentada 
como outra coisa. Uma verdade ou uma realidade subliminar ou oculta da visão 
evidente, como em uma história. Assim, dentro das nossas cerimônias, existe 
uma declaração aberta de que debaixo da aparência externa da Maçonaria existe 
alguma coisa que está escondida e não imediatamente óbvia. Isso, eu pensei, 
dificilmente está de acordo com as conclusões da Palestra de Preston de que não 
existe nada ali. 
 
3. Meus instintos levaram-me de volta à referência sobre sistema próprio de 
moralidade. Sem uma análise mais profunda, este é um ideal altamente 
respeitável, para encorajar a honestidade e a integridade em todas as coisas que 
uma pessoa faz na vida. A moralidade é um código pelo qual uma pessoa deve 
viver sua vida e regular suas ações. É, portanto, um código que governa a vida e 
lhe dá ordem. É um código pelo qual povos civilizados devem conduzir seus 
negócios e se relacionar uns com os outros. Comecei a me perguntar por que a 
palavra próprio precisava ser usada. Convenci a mim mesmo de que talvez a 
referência a um sistema próprio de moralidade pudesse se referir a algum outro 
código que, de modo organizado, influenciasse a nossa vida. 
 
4. Desenvolvi um fascínio pelo ano no qual quatro Lojas, sediadas em 
Londres, reuniram-se para criar uma corporação administrativa única a fim de 
governar seus procedimentos - a Grande Loja da Inglaterra. O ano em questão 
era 1717. Esse número é freqüentemente usado por acaso como nota de rodapé 
da história maçônica - um ponto de referência de passagem e nada mais. Mas 
esse número - 1717 - é muito simétrico. Por que as quatro Lojas com sede em 
Londres se juntaram nesse ano em particular e não no ano anterior, 1716, ou no 
ano seguinte, 1718? Durante algum tempo comecei a achar que estava atribuindo 
um grande significado a algo que era, apesar de tudo, apenas um número para 
definir um ano. Mas eu estava bem alerta para o fato de que nada na Maçonaria é 
realmente tão simples, tudo existe ali com uma finalidade. A simetria dos núme-
ros me intrigou, mas muitos anos passariam antes que uma resposta inesperada 
se apresentasse a mim. 
 
Quando alguém participa pela primeira vez de uma Loja Maçônica, é aceito 
naquilo que é conhecido como O Ofício. As Lojas de Ofício na Maçonaria 
abrangem três níveis de capacitação, conhecidos como graus. Esses graus são 
chamados: 
 
Aprendiz: significa, como nas profissões de antigamente, aquela pessoa que não 
sabe nada das habilidades da profissão em que ingressará e que está no ponto de 
partida de seu processo de aprendizagem. O nome desse indivíduo é incluído no 
registro para mostrar sua aceitação como apto para treinamento, exatamente 
como no sistema das antigas Guildas. 
Companheiro: significa que o conhecimento, a compreensão e as habilidades 
básicas da arte foram alcançadas. 
 
Mestre Maçom: significa que agora a pessoa adquiriu o entendimento completo 
das habilidades da indústria e é Mestre da Arte. 
 
Hoje esses três níveis de capacitação estão mais relacionados ao entendimento 
simbólico do que ao conhecimento real associado à arte de moldar e entalhar a 
pedra. Cada Grau tem uma cerimônia bastante específica pela qual todo maçom 
deve passar. Todas essas cerimônias são decoradas e passadas de uma geração de 
maçons a outra, de cor, exatamente como as tradições orais das antigas 
civilizações e como os maçons operativos de antigamente faziam. 
Como quase todas as sociedades e clubes, a administração de cada Loja é 
empreendida por membros nomeados e eleitos para realizar tarefas específicas, 
como Secretário, Tesoureiro, Mestre de Banquete e Esmoler. Existem três cargos 
principais em cada Loja. Eles são conhecidos como o Venerável, exatamente 
como o Presidente de qualquer organização social; o Primeiro e o Segundo 
Vigilante, cujos papéis são parecidos com o de presidentes em treinamento. 
Existem outros cargos na Loja, normalmente classificados pelos mais velhos, 
que participam e realizam as cerimônias. À medida que a pessoa progride em 
cada cargo, torna-se então responsável por uma parte específica de cada 
cerimônia, uma parte que precisa ser decorada tanto em palavras como em ações. 
A sala na qual minha Loja se reunia em Sussex, na Inglaterra, era mencionada 
como um Templo Maçônico. Outras salas usadas por Lojas em outras 
localizações geográficas, muitas vezes, eram mencionadas como Salas de Loja, o 
que indicava que ali havia alguma diferença. Por que, eu me perguntei, havia ali 
alguma diferença? Essas razões, eu descobri depois. 
 
Uma nova cidade, um novo Templo 
 
O Templo de Sussex é único e o prédio que o abriga conquistou o status de 
Edifício Listado. Isso quer dizer que é visto como uma construção de significado 
histórico e arquitetônico especial e que seu caráter deve ser preservado. Nem 
sempre foi usado como edifício maçônico. Foi construído originalmente na 
década de 1820 e depois foi usado como residência de uma família proeminente 
do negócio de cervejaria local. No final do século XVIII, uma pequena cidade de 
pesca situada na costa sul da Inglaterra, uma aldeia chamada Brighthelmstone, de 
repente se viu em uma situação muito desagradável. O príncipe regente, filho do 
rei George III, depois coroado como George IV, adquiriu uma chácara perto do 
mar e determinou que fosse construído nela um palácio. Fascinado pelos 
desenhos do Oriente, reconhecendo que naquela época o Império Britânico 
estava expandindo sua influência em territórios como a Índia, a arquitetura do 
palácio refletia seus interesses. Arquitetonicamente, o mesmo não estaria 
deslocado se tivesse sido construído por algum marajá. Mas, nessa pequena 
aldeia costeira de pesca, causou um rebuliço total. Atualmente, com seu interior 
restaurado em sua antiga glória, é conhecido como o Pavilhão de Brighton, uma 
importante atração turística na estância balneária de Brighton. E desnecessário 
dizer que o advento do novo palácio resultou na rápida transformação da antiga 
aldeia de pesca em uma cidade na moda, enfeitada com espetaculares 
residências, ladeadas por outras casas que refletiam a arquitetura georgiana da 
época em que foram construídas. Foi durante esse período da expansão urbana de 
Brighthelmstone, que o antigo príncipe regente, o rei George IV, tornou-se 
maçom e, depois, Grão-Mestre. 
À medida quea cidade de Brighton se expandia e sua população crescia, nas 
décadas seguintes, tornou-se o destino obrigatório de uma invenção, a estrada de 
ferro, que trouxe enorme prosperidade à cidade. Foi nesse cenário de 
desenvolvimento da cidade que, em meados de 1800, os maçons de Sussex 
começaram a procurar um local onde pudessem estabelecer uma sede 
permanente. Uma reunião dos maçons de Sussex foi realizada na Prefeitura de 
Brighton, em 1858, e, embora vários locais fossem examinados e muitas outras 
reuniões dos maçons de Sussex acontecessem, em 1893, o então Grão-Mestre 
Provincial lamentou que por várias razões nenhuma das plantas podia ser 
aproveitada. Alguns anos mais tarde, em 1897, a antiga casa pertencente à 
família da cervejaria e uma área adjacente de um terreno baldio, ambas ficando a 
poucos minutos de caminhada da estação ferroviária de Brighton, tornaram-se 
propriedades dos maçons de Sussex, estabelecendo a sede maçônica permanente 
que eles procuravam há tanto tempo. No mesmo ano, a pedra fundamental foi 
lançada para que a antiga residência se transformasse em um Clube Maçônico, 
que, no final da reforma, ostentava um salão de sinuca, salas para comissões e 
salas menores onde as Lojas podiam praticar suas cerimônias. 
Não foi antes de 1928 que o Templo Maçônico de Sussex foi construído no 
complexo que existe hoje em dia. Uma das razões para a demora na construção 
do Templo foi a Primeira Guerra Mundial, a Grande Guerra que ocorreu de 1914 
a 1918, após a qual, por causa da colossal carnificina humana nos campos de 
batalha da Europa, houve considerável redução de mão-de-obra especializada. 
Essa redução de homens capacitados retardou as oportunidades para a 
construção. 
Por isso, a pedra fundamental foi lançada em 26 de junho de 1919 pelo Grão-
Mestre Provincial de Sussex, o duque de Richmond. A edificação foi consagrada 
nove anos depois, em 20 de julho de 1928, por lorde Ampthill. 
Enquanto estava investigando o cenário desses acontecimentos e expondo 
minhas descobertas para um companheiro de Loja - um pesquisador local bem 
conceituado -, ele chegou à conclusão de que um conceito do desenho do 
Templo provavelmente já havia sido definido em meados do século XVII. Esse 
conceito possivelmente ditava inclusões específicas, o formato resultante e o 
espaço necessário. O que se procurava, depois da reunião na Prefeitura de 
Brighton, em 1858, era um local onde pudesse ser construído. A antiga moradia 
do cervejeiro, junto com o terreno baldio adjacente a ela, constituíam o local 
ideal. E, como era uma cidade que gozava de amparo real e atraía muitos 
moradores com influência política, fortuna e posição social, nenhuma despesa 
seria poupada em sua execução. O Templo Maçônico de Sussex evidentemente 
pretendia ser algo especial. De fato, temos uma clara indicação disso nas atas, 
após a cerimônia de dedicação. Ao propor um brinde ao "Templo Maçônico de 
Sussex", o Mui Venerável Irmão sir Alfred Robbins concluiu com estas palavras: 
 
Eu tive a oportunidade de examinar o edifício e jamais vi outro mais bem 
planejado para o uso ao qual foi proposto. Fico satisfeito que nossos filhos e os 
filhos dos nossos filhos possam, em tempos vindouros, rememorar o evento deste 
dia e dizer que nessa época existiram maçons que acreditaram totalmente nos 
grandes princípios da Maçonaria e, por isso, se empenharam em erguer um 
edifício merecedor sob todos os aspectos das tradições da Maçonaria e 
merecedor da alta posição que a mesma alcançou. 
 
Essas palavras por si só deixam claro que realmente aquele era considerado um 
edifício muito especial. 
Algo especial foi o que a construção se tornaria, como veremos nas páginas 
seguintes. Por uma dessas estranhas coincidências que às vezes acontecem, a 
Loja na qual fui iniciado se reuniu nas salas do Pavilhão Real a maior parte do 
tempo nos anos iniciais de sua existência, antes de se mudar para o Templo 
Maçônico de Sussex, pouco depois do edifício ter sido concluído. 
 
A decoração incomum levantou questionamentos 
 
Embora tenha visitado outros complexos maçônicos ou locais onde as Lojas 
realizam suas reuniões, tanto na Grã-Bretanha como no exterior, eu ainda estava 
para encontrar algum cuja decoração ornamental se comparasse com aquela onde 
a minha própria Loja se reúne. Ele até hoje ainda é decorado de forma 
espetacular: as paredes têm painéis de madeira, existe uma suave claridade 
difusa, que torna possível a iluminação uniforme em volta da sala, fornecida 
discretamente e oculta em uma galeria engalanada com uma decoração floral. Os 
principais móveis são de madeira, exuberantemente entalhados com grande 
esmero e habilidade por mãos desconhecidas, feitos há várias décadas. Na área 
central, sobre o antigo chão de madeira, há a inserção do pavimento mosaico em 
preto e branco, cercado pela orla dentada. 
 
No centro do pavimento, existem dois círculos de diferentes tamanhos, um 
dentro do outro; o menor contém a letra "G" pintada em dourado. Mas a 
característica dominante da sala é um zodíaco enorme, lindamente decorado, no 
teto. Medindo cerca de 40 pés (12,5 metros), seu efeito é irresistível quando visto 
pela primeira vez. Em intervalos equidistantes em torno da circunferência do 
zodíaco, existem 12 pequenos painéis que exibem a representação ilustrativa de 
cada símbolo do zodíaco - cada qual pintado à mão por um artista desconhecido. 
Dentro do círculo descrito pelo zodíaco, o teto sobe para formar uma cúpula, a 
abóbada celeste, pintada à mão em azul pastel suave e complementada com 
estrelas e com um símbolo do Sol. O teto em abóbada projeta-se por inteiro 
diretamente em cima do pavimento mosaico. Fica evidente que nenhuma despesa 
foi economizada quando tudo isso foi instalado originalmente. Definitivamente, 
tal sala era considerada de grande importância para receber tanto esmero e 
atenção. 
Durante os primeiros dez anos de minha carreira maçônica, visitei essa sala em 
muitas ocasiões e sua ambientação se tornou o pano de fundo de um cenário tão 
familiar para nossas ocupações que não atribuí à decoração nenhum outro 
pensamento. Mas, quando entramos em uma era muito mais aberta a respeito do 
movimento maçônico, após muitos anos de suspeita, fustigação e acusações 
 
infundadas sobre sermos uma sociedade secreta, foi realizado um evento social 
nesse complexo maçônico para o qual companheiras e esposas foram 
convidadas. Uma exibição especial sobre nossa história foi montada no templo 
principal. Foi dessa maneira que minha esposa passou pela porta do Templo, 
quando então ficou imediatamente perplexa com a preeminência do zodíaco. Ela 
virou-se para mim e perguntou por que aquilo estava ali. Fiquei um pouco 
envergonhado de ter de admitir que não sabia o porquê. Igual pergunta surgiu a 
respeito do pavimento mosaico e novamente precisei admitir a completa falta de 
compreensão da finalidade daquilo. Outras questões surgiram a respeito da 
decoração e do tamanho de vários objetos e o meu embaraço, por não ter 
respostas satisfatórias, foi ficando cada vez mais intenso. No final daquela noite, 
percebi que estivera tão envolvido em fazer direito a minha parte nas cerimônias, 
que não havia dado o devido valor àquilo que estava ao meu redor, o porquê de 
estar ali ou o que significava. Isso era algo que claramente eu precisava corrigir. 
Cada Loja realiza o que é conhecido como Instrução da Loja, noites em que 
cerimônias são ensaiadas e alguns fatos menos conhecidos sobre a Maçonaria 
são revelados. Tendo participado regularmente dessas noites, fiquei um pouco 
surpreso de não ter sido informado da razão e do significado das instalações do 
Templo. Indaguei aos mais antigos da Loja o motivo do zodíaco estar ali. Fiquei 
pasmo ao descobrir que nenhum deles sabia. Alguns membros dos mais antigos 
comentou que nosso Grão-Mestre Provincial Adjunto, um cargo muito alto da 
Maçonaria sediada em Sussex, certa vez disse que ele mesmo havia se 
perguntado sobre o significado de o zodíaco. Pedi a opinião docurador do 
Templo, e ele comentou que também não sabia. Por meio dessas respostas 
percebi que, se aquilo tivera algum significado na época em que foi instalado, 
então esse entendimento se perdera para a atual geração de maçons. Esse ponto 
ficou mais bem demonstrado quando o curador acrescentou o comentário: "Se 
algum dia você ficar sabendo, então, por favor, conte-me. Essa é a primeira 
pergunta que sempre me fazem quando recebo visitantes no Templo". Depois 
fiquei sabendo que o curador era muito bem informado a respeito da história 
maçônica, de modo que o comentário dele dava a entender que a descoberta de 
alguém que conhecesse o significado do zodíaco seria bastante improvável. Se 
eu quisesse encontrar a resposta, então precisaria procurá-la por mim mesmo. 
Dessa experiência com nossos anciões maçônicos, logo cheguei à conclusão de 
que empenhávamos esforços consideráveis para aprender e aperfeiçoar nossas 
cerimônias, mas que não dedicávamos tempo algum ao entendimento daquilo 
que fazíamos, ou por que fazíamos aquilo. Se essa mesma situação fosse comum 
em outras Lojas, então nossa organização como um todo corria sério risco de 
perder todo vestígio e entendimento a respeito da base de nossa antiga instituição 
e, consequentemente, terminaríamos como uma sociedade que seria como uma 
concha oca, vazia de conteúdo. Quando externei essa opinião para alguns dos 
maçons seniores da região de Sussex, eles reconheceram que talvez já havíamos 
chegado a tal situação. Os comentários negativos só serviram para me incentivar 
a encontrar respostas. 
 
A busca pelo entendimento 
 
Existem pessoas que acreditam que a Maçonaria seja uma sociedade secreta, o 
arauto de algum grande segredo. A visão oficial, como mencionei anteriormente, 
é que a Maçonaria não passa de um clube de cavalheiros. 
Como qualquer maçom confirmará, as cerimônias dos três graus do Ofício usam 
uma linguagem um tanto enigmática, junto com ações complexas, algumas das 
quais podem ser desconfortáveis de se realizar e passíveis de discussões, sendo 
deliberadamente planejadas para serem assim. Agora, quando essas cerimônias 
são bem realizadas, elas transmitem uma dignidade e uma grandeza raramente 
experimentadas hoje em outros gêneros de vida. Essas cerimônias são totalmente 
únicas. Então, qualquer maçom que ler este livro entenderá o meu ponto de vista, 
quando afirmo que cheguei à conclusão de que qualquer indivíduo ou grupo de 
pessoas, que tenha deliberadamente se assentado à mesa, há várias centenas de 
anos, e concebido nossa organização, nossas cerimônias - tanto na retórica como 
nas ações, na estrutura, nos cargos, nas insígnias e no mobiliário -, com a 
finalidade exclusiva de criar um clube de cavalheiros, estaria, sem sombra de 
dúvidas, sofrendo de algum sério distúrbio mental. 
Apesar dos muitos livros oficiais que indicavam e explicavam a origem e o 
significado simbólico ocultos sob certos aspectos de nossas cerimônias, não 
existiam explicações para muitos dos pontos que começaram a me intrigar. Entre 
eles estava a maneira como o Sol figura em nossas cerimônias, ao indicar: 
 
• que o Sol nasce no Oriente; 
• que existe um cargo para marcar o Sol poente; 
• que existe um cargo para marcar o meridiano (o ponto mais alto) que o Sol 
alcança no céu, ponto que chamamos meio-dia; 
• que a Terra gira constantemente sobre seu eixo em sua órbita em torno do 
Sol. 
 
Existem outras referências ao Sol, além das mencionadas. Até mesmo o símbolo 
que o Grão-Mestre mostra em parte de sua insígnia é o do Sol. Por que, eu me 
perguntei, fazemos isso? Por que existe toda essa referência ao Sol? Por que um 
clube de cavalheiros precisaria chamar a atenção para essas coisas? 
 
Imagens perdidas 
 
O Templo Maçônico de Sussex tem outra característica: mantém um museu e um 
centro de exposições de itens da memória do passado maçônico. Isso inclui 
grande quantidade de aventais e outros objetos ilustrativos que faziam parte das 
imagens que compunham as insígnias da Maçonaria nos séculos XVIII e XIX. O 
que surpreende é que grande parte dessas imagens contém o símbolo do Sol, da 
Lua e das estrelas, e também ilustrações pictóricas de referências bíblicas: a 
escada de Jacó, conectando o Céu e a Terra, está particularmente bem 
representada. Hoje em dia, as insígnias da Maçonaria são produzidas em massa 
por poucos fornecedores especializados e adquiridas pelos membros como objeto 
necessário ao progresso e à posição de alguém. 
Um belo avental bordado, com data em torno de 1785, junto com representações 
do Sol e da Lua. 
 
Porém, nos séculos XVIII e XIX, tudo era feito à mão, especialmente os 
aventais, alguns dos quais exibiam imagens pictóricas maravilhosas, 
delicadamente bordadas com muita habilidade. Hoje em dia, adquirimos as 
insígnias a cada nova posição que avançamos. Nos séculos anteriores, os 
membros acrescentavam novas imagens às insígnias existentes para indicar a 
posição que ocupavam na Loja. Assim, no passado, essas imagens indicavam 
conhecimento e entendimento, enquanto hoje em dia as insígnias são estilizadas, 
com mais simplicidade, destituídas de imagens elaboradas e mais indicativas da 
hierarquia e do tempo da filiação. O que havia ocorrido, me perguntei, para 
causar tal mudança? Por que, de repente, o Sol, a Lua, as estrelas e as imagens 
bíblicas saíram de moda das insígnias maçônicas? 
A Loja em que fui iniciado é, por padrões modernos, muito antiga, tendo sido 
fundada em 1876. Originalmente, para alguém ser aceito como membro, 
precisava ser músico ou de alguma forma estar ligado à música, como um 
organista de igreja. O resultado dessa conexão musical foi que a Loja acabou 
sendo batizada de acordo com a santa padroeira da música, Santa Cecília. Na 
época em que a Loja foi fundada, um estandarte foi feito para ser exibido sempre 
que a Loja estivesse reunida. Esse estandarte media cerca de 1,82 metro de 
comprimento por 1,5 metro de largura, e foi delicadamente bordado com fios de 
seda para exibir a maravilhosa imagem dessa famosa santa. Também bordadas 
 
no estandarte existiam imagens geométricas, semelhantes aos símbolos que se 
destacavam em outros objetos do século XIX, inclusive o símbolo do 
pentagrama. Depois de cerca de 75 anos de bons serviços prestados, durante os 
quais ela foi reparada várias vezes, o estandarte original foi considerado sem 
condições de mais reparos, sendo doado ao Museu Maçônico de Sussex. Outro 
estandarte foi feito, semelhante em cada aspecto ao original, mas com uma 
revisão principal: o pentagrama foi omitido. Na mesma época, existiam duas 
lâmpadas ornamentais, cuidadosamente fabricadas em ferro fundido, que 
iluminavam a entrada principal do Templo Maçônico de Sussex. Uma delas tinha 
o símbolo geométrico do Selo de Salomão e a outra era decorada com o 
pentagrama. Em um tempo de vandalismo insensato, essas lâmpadas tornaram-se 
alvo de persistente estrago, durante o qual em uma ocasião a lâmpada que 
mostrava o pentagrama foi arrancada da parede. Quando a mesma foi substituída, 
o pentagrama foi removido e a lâmpada substituta foi decorada com mais um 
Selo de Salomão. Lamentavelmente, desde então, ambas as lâmpadas foram 
removidas. Por que o até então altamente respeitado modelo geométrico do 
pentagrama, um exemplo do qual se destaca orgulhosamente nos degraus 
principais do Freemasons Hall, em Londres, na sede da Grande Loja Unida da 
Inglaterra, a corporação que governa a Maçonaria, caiu tão dramaticamente em 
desgraça? Essas eram questões para as quais não havia resposta imediata. 
 
Imagens místicas 
 
Existia ainda mais alguma coisa a respeito do Templo de Sussex que era 
intrigante. Assim como o degrau da entrada principal do Freemasons Hall, em 
Londres, mostra a representação de um pentagrama, o degrau principal do 
complexo de Sussex exibe um modelo completamente diferente: seções de 
círculos rodeadas por um círculo externo. 
 
Mais uma vez procurei os maçons mais antigos de Sussex e perguntei a respeito 
do significado daquilo.Houve zombarias de que se tratava de um sinal secreto, 
cujo simbolismo eles não poderiam divulgar. Ficava óbvio por esse 
comportamento que eles que não tinham mais nenhuma idéia da importância 
daquela representação, como não tiveram sobre o zodíaco. Esse desenho entrou 
para a minha lista como mais um item a ser investigado. 
 
Começa a busca - graças à BBC 
 
Resolvi encontrar respostas para as questões que entraram no foco central. Assim 
que minha busca começou, vários eventos ocorreram em minha vida em um 
curto espaço de tempo que, de modo imprevisto, tiveram considerável influência 
sobre a minha linha de pesquisa. Isso acabou virando um rumo de pesquisa que 
me levou por um caminho de descoberta e esclarecimento, colocando-me em 
contato com pessoas de prestígio, enviando-me a lugares distantes que de outra 
maneira talvez eu apenas sonhasse visitar. 
Em primeiro lugar, eu estava inseguro por onde começar. Demorei muito para 
chegar à conclusão de que, se seguisse um caminho tradicional de investigação, 
terminaria com uma resposta tradicional. Eu teria que procurar e abordar 
qualquer investigação sobre o tema do zodíaco, do pavimento, do pentagrama e 
do símbolo no degrau da frente do Templo de Sussex de um ângulo inteiramente 
diferente, usando outras fontes além das tradicionais obras maçônicas. 
Raciocinei que, se ainda assim terminasse com uma resposta tradicional, então 
ficaria satisfeito. 
 
À medida que ponderei a questão a respeito de quais fontes deveria usar, várias 
semanas passaram. Uma tarde, eu estava dirigindo perto do Aeroporto Gatwick, 
de Londres, e ouvia um programa no rádio do carro transmitido pela BBC. Nesse 
programa em particular, os ouvintes eram incentivados a escrever para o 
apresentador em busca de respostas para questões que os intrigassem. Toda 
semana, várias dessas questões eram tratadas em determinada tarde, em um 
segmento conhecido como "Answers Please" [Respostas, Por Favor]. Sendo 
assim, naquela ocasião em que eu estava ouvindo o rádio perto do Aeroporto 
Gatwick, escutei que um ouvinte escreveu para o programa dizendo que havia 
lido que existiam muitas discrepâncias entre as afirmações bíblicas e sua relação 
com eventos históricos. O ouvinte perguntava se o programa podia trazer mais 
luz ao assunto, verificando se isso era verdade. Para conseguir respostas, o 
apresentador da BBC fez algo que parecia ser um contato ao vivo com o 
Vaticano, em Roma, falando com um bibliotecário do Vaticano e perguntando a 
questão do ouvinte. O bibliotecário concordou que existiam muitas afirmações 
de eventos que não se encaixavam naquilo que hoje conhecemos como a 
cronologia real, com base em calendários produzidos a partir dos registros 
históricos conservados. Uma observação em particular, que eu vou parafrasear, 
ficou gravada em minha mente. Ela foi exposta da seguinte forma: 
 
Por exemplo, observou o bibliotecário, referimo-nos a Jesus de Nazaré, 
sugerindo que ele veio de uma cidade com esse nome. As autoridades romanas 
eram muito conscienciosas e meticulosas a respeito dos registros que faziam. 
Muitos documentos dessa época foram conservados. Não fomos capazes de 
localizar nenhum mapa dessa área, nem qualquer documento conservado dessa 
época, que mostre um lugar chamado Nazaré. Nossas investigações mostraram 
que não existiu nenhum lugar com esse nome antes de cerca de 600 d.C. Então 
isso nos coloca diante de um problema com referência a esse termo: Jesus de 
Nazaré. 
 
Essa simples afirmação me forneceu a possível explicação para aquilo que eu 
estava procurando. Parecia lógico dar uma olhada mais próxima no pano de 
fundo e no cenário histórico e arqueológico do Templo de Salomão do que 
meramente confiar no texto bíblico e na fé orientada pela Igreja. Logo consegui 
perceber que existia considerável diferença entre o meu entendimento, baseado 
naquilo que me ensinaram na escola e por meio da doutrinação religiosa, e aquilo 
que aparentemente aconteceu com base nos registros históricos. E especialmente 
aquilo que foi deixado de fora, de forma deliberada ou não, que distorce as 
imagens. E é aquilo que nos é dito que dá colorido às nossas percepções. Quando 
alguém está informado sobre os fatos ocorridos, uma nova perspectiva sobre os 
eventos se apresenta. 
 
O Zodíaco e o Pavimento - outra análise 
 
Quando mencionamos o termo zodíaco instintivamente, podemos ser levados a 
pensar nisso como uma ferramenta astrológica usada para ler a sorte. Isso não 
surpreende. Hoje em dia, dificilmente uma revista ou um jornal no mundo 
ocidental deixa de apresentar um horóscopo, produzido por astrólogos, que 
fornece previsões a respeito de eventos que podem ou não ocorrer na vida de 
alguém. Essas previsões são relacionadas à data de nascimento da pessoa, que, 
por sua vez, é associada a um signo específico do zodíaco. 
A Astrologia é uma ciência antiga que se originou há milhares de anos do estudo 
do movimento dos céus. Era a ciência da previsão do lugar onde as estrelas ou os 
planetas estariam em certas horas de dias específicos. Foi precursora da ciência 
que conhecemos atualmente como Astronomia. E continuou a ter significativa 
força científica até o século XIX, embora tenha começado a dar lugar à 
Astronomia que se desenvolveu no século XVIII. 
Ao que parecia, seria possível existir alguma lógica no zodíaco que circundava a 
abóbada celeste, salpicada de estrelas, que eu tão freqüentemente via no Templo 
Maçônico de Sussex. Tendo em mente que se as minhas conjecturas estivessem 
corretas e que o desenho do Templo de Sussex havia sido criado antes de meados 
do século XIX, então isso teria acontecido em uma época em que ainda existiria 
considerável entendimento a respeito da antiga influência da Astrologia. Assim, 
raciocinei: o zodíaco provavelmente estava mais relacionado com a astrologia da 
localização de planetas e estrelas do que com a leitura da sorte. Nesse caso, 
haveria alguma mensagem oculta nisso tudo? 
O pavimento tinha uma história diferente. Não apenas se mostrava mais próximo 
da Terra, mas estava intrinsecamente vinculado com o zodíaco. 
Eu tinha antes afirmado que o pavimento era uma área mosaica de ladrilhos 
pretos e brancos, cercada por uma orla dentada. São dez ladrilhos na largura por 
22 ladrilhos no comprimento. Parecia uma proporção extremamente singular, 
pois o pavimento oferecia uma simetria visual que aparentava naturalmente se 
encaixar com o tamanho da sala, a decoração e o zodíaco acima. Isso levava a 
pensar no que veio primeiro, a sala - e daí o pavimento desenhado para se 
encaixar nela -, ou se o desenho da abóbada celeste tinha influenciado o tamanho 
da sala, e daí novamente o pavimento havia sido calculado para se encaixar nela. 
Demonstrarei, no momento oportuno, que os três elementos estão vinculados por 
conceitos desenvolvidos por civilizações antigas para garantir a harmonia da 
forma. 
Porém, antes que eu chegasse a esse estágio, alguma coisa mais aconteceu. 
Logo que notícias do meu interesse em certos aspectos do Templo de Sussex 
tornaram-se conhecidas, um Irmão de outra Loja chamou minha atenção para 
"The Lectures of the Three Degrees" [Palestras dos Três Graus]. Essas, 
lamentavelmente, poucas vezes são citadas ou mencionadas nas Lojas hoje em 
dia, mas elas fornecem um ponto de referência útil. Desconhecemos exatamente 
onde e quando essas palestras se originaram, mas registros antigos parecem 
remetê-las ao sistema de palestras de William Preston, publicado pela primeira 
vez em 1772. Nas Lectures, o pavimento é descrito assim: 
 
O Pavimento Mosaico pode ser considerado o belo soalho de uma Loja 
Maçônica justamente pelo fato de ser colorido e enxadrezado... À medida que os 
passos do homem são trilhados nos vários e incertos incidentes da vida, e que 
seus dias são variegados, encaixando-se em tribulações e eventos 
desconhecidos, sua passagem por esta existência, embora algumas vezes 
acompanhada de circunstâncias prósperas, muitas vezes é acossada por uma 
grande quantidadede coisas ruins. Por essa razão, nossa Loja é guarnecida 
com o trabalho mosaico para indicar a incerteza de todas as coisas aqui na 
Terra. Hoje podemos andar na prosperidade, enquanto amanhã podemos 
tropeçar nos caminhos acidentados da fraqueza, da tentação e da adversidade. 
Então, embora tais emblemas estejam diante de nós, somos moralmente 
instruídos para não nos vangloriarmos de nada, mas para prestarmos atenção 
em nossos caminhos, para andarmos honestamente e com humildade perante 
Deus, pois não existe uma situação na vida na qual o orgulho possa ser fundido 
com o equilíbrio. 
 
Essa é a qualidade moral da área quadriculada do pavimento em questão, seu 
objetivo claramente definido. Dizem-nos que ele serve para nos lembrar dos 
destinos opostos que podemos experimentar em nossa passagem pela vida. 
Exatamente como o dia é claro e a noite é escura, há a alegria e a tristeza, a vida 
e a morte, a saúde e a doença, a prosperidade financeira e a pobreza. Dessa 
mesma forma, existem aqueles que têm abundância de todas as coisas sob seu 
comando, enquanto existem muitos que enfrentam as marés baixas das 
adversidades da vida. Para estes, devemos providenciar alguma ajuda, cada um 
de nós pessoalmente e nós como um todo. Temos uma responsabilidade caridosa. 
Lições mais justas e morais são difíceis de imaginar e ainda assim são ilustradas 
de uma forma tão simples. Isso, porém, levanta questões específicas: 
 Como tudo isso começou? 
 Onde surgiu a idéia do uso desses métodos simples de ilustração moral? 
 Onde e como o pavimento mosaico em preto e branco se originou? 
Também somos apresentados a uma interpretação alegórica de nossos arredores. 
Por um lado, temos um pavimento desenhado de maneira atraente sobre o qual 
somos convidados a caminhar, mas, por outro lado, ele contém um simbolismo 
oculto - uma mensagem que enfatiza a moralidade em seu contexto mais amplo. 
Quando chega a orla dentada, as Lectures continuam: 
 
A orla dentada representa para nós os planetas que, em suas várias rotações, 
formam um belo arremate ou orla em volta desse grande luminar, o Sol... 
 
Novamente o Sol! 
Das observações feitas nas Lectures, parecia que a abóbada, como símbolo do 
céu, representava o Céu, enquanto o pavimento era o reflexo de nossa vida na 
Terra. Porém, isso não explica por que deveria existir qualquer menção aos 
planetas, nem por que atenção específica deveria ser dirigida a eles. Eu observara 
que a maioria das salas de Loja tinha o pavimento mosaico, mas nem todas elas 
tinham a orla dentada; então para estas tal simbolismo planetário estava perdido. 
Fiquei sabendo que algumas Lojas no Norte da Inglaterra reuniam-se em salas 
com o teto pintado com estrelas afixadas, mas estas eram poucas e raras. Das que 
me informaram, nenhuma mostrava o zodíaco. 
A medida que os meses passavam, entrei regularmente no Templo Maçônico 
para nossas reuniões da Loja, com o zodíaco e o pavimento em visão total. 
Tendo desenvolvido interesse pelas suas imagens, eu sentia como se alguma 
força oculta me levasse para eles e me dissesse para continuar procurando. Eu 
olhava mas não conseguia enxergar aquilo que havia para eu ver. A única 
resposta, que me parecia adequada, era aquela amplamente aceita entre os 
maçons e que já foi mencionada, da lição de moralidade, de que o pavimento 
simboliza e representa a experiência da vida na Terra, com seu padrão de 
antagonismos, sob a cobertura do Céu. Era uma resposta, mas meus instintos 
continuavam a me dizer que existiam mais revelações a caminho. 
Por causa dos meus anos de envolvimento com essa antiga instituição, eu sabia 
que tudo na Maçonaria estava lá para alguma finalidade, quer fosse um símbolo 
ou um movimento em uma cerimônia. Isso reforçou em minha mente que deveria 
existir um propósito específico para o plano da Loja. Como eu observara 
anteriormente, o número de ladrilhos do pavimento mosaico contava 22 de 
comprimento por dez de largura. Nenhum desses números parecia relacionado a 
nada que eu conhecesse. O total de 22 x 10 = 220 fazia menos sentido ainda. 
Eu continuava sem poder deixar de sentir que havia alguma coisa a respeito do 
pavimento para a qual meus instintos tentavam chamar minha atenção. Como 
havia notado que o pavimento parecia se encaixar tão bem nas proporções do 
Templo de Sussex, com o comprimento total cabendo exatamente acima no 
diâmetro do zodíaco, perguntei ao curador se havia sido conservada alguma 
planta arquitetônica do complexo, contendo as dimensões, que eu pudesse 
consultar. Ele não tinha conhecimento de nenhum documento detalhado, mas me 
forneceu uma cópia de um, originalmente produzido no início da década de 
1920, que mostrava algumas dimensões muito importantes. Elas indicavam que o 
Templo tinha 58 pés de comprimento por 40 pés de largura. Agora eu queria 
saber qual o tamanho do pavimento. Parecia que a única maneira de descobrir 
isso seria medindo-o. 
Durante esse período uma tarefa coube a mim, regularmente, como parte de 
nossas reuniões. Na cerimônia de segundo grau há uma referência à habilidade 
dos primeiros maçons de ofício. Dizem que neste nível os indivíduos teriam 
adquirido e demonstrado considerável habilidade em talhar e esculpir formas ou 
modelos em pedras nas quais seriam alocados para trabalhar. Além disso, 
contava-se uma história a respeito da construção de parte do Templo do Rei 
Salomão, tendo como fundo o cenário bíblico das guerras entre efraimitas e 
gileaditas. Alguns componentes do Templo são citados com medidas em 
côvados. Essa mesma unidade de medida pode ser encontrada nos livros de Reis 
e Crônicas do Antigo Testamento. Também era uma unidade de medida usada 
pelos antigos egípcios. Percebi, pela reação dos candidatos, que eles não tinham 
a menor idéia a respeito do tamanho de um côvado. Então, sem interferir no 
conteúdo da história, eu introduzia o candidato no fato de que um côvado era 
medido como o comprimento do ponto do cotovelo até a ponta do dedo médio da 
mão esticada, cerca de 18 polegadas de comprido na medida imperial ou quase 
meio metro no sistema métrico. 
Então, foi assim que, depois de uma dessas reuniões, eu peguei uma trena para 
medir o pavimento. Para economizar tempo, decidi medir um ladrilho e depois 
multiplicá-lo pelo número de ladrilhos no comprimento e na largura. A orla 
dentada parecia ter uma largura igual em toda a volta, então eu só precisava 
medir uma borda e aplicar a dimensão ao perímetro total. Percebi que o 
complexo do Templo foi erguido em uma época em que a unidade de medida 
padrão na Grã-Bretanha estava no sistema imperial de pés e polegadas, não no 
sistema métrico. Todavia, verifiquei se a minha trena tinha ambas unidades 
marcadas nela. Os ladrilhos mediam exatamente 18 polegadas quadradas, e o 
arremate da mesma dimensão, 18 polegadas de largura. Dezoito polegadas - o 
representativo comprimento de um côvado. Conforme eu observava o 
pavimento, ficou imediatamente óbvio que 22 ladrilhos de comprimento podiam 
ser interpretados como 22 côvados. Mas a orla significava que eu podia somar 
um côvado em torno das laterais. Assim, em vez de ser 22 x 10, a medida agora 
era 24 côvados x 12 côvados. O perímetro não era 1.296 polegadas, 108 pés ou 
33 metros, era 72 côvados. Esta seria a minha primeira descoberta decisiva. Só, 
muito depois, descobri os possíveis relacionamentos que ditavam essa dimensão. 
Quanto mais demorava, mais excitado eu ficava para descobrir que existia 
realmente uma relação proporcional exata entre o pavimento e a abóbada acima. 
Quanto mais eu investigava, mais questões se levantavam - e tantas mais 
respostas eram necessárias. Mas até então não havia respostas. A busca para 
encontrar essas respostas tornou-se cada vez mais instigante e percebi que 
precisava desenvolvê-la de maneira estruturada. Essa se mostrava uma 
reveladora jornada pelo universo do entendimento, como acontecia nos tempos 
antigos, sem nenhuma pequena medida do mistério atrelado. 
Obviamente, eu precisava saber, aprendere compreender mais. 
 
Conclusão 
 
Embora a Maçonaria seja apresentada como um clube de cavalheiros, está claro 
que suas cerimônias e procedimentos assentam-se na Antigüidade. O vínculo 
entre essa antiga instituição e o Templo de Salomão era particularmente obscuro. 
Parecia possível que o zodíaco, o pavimento e a decoração do Templo Maçônico 
de Sussex refletissem essa antigüidade em virtude das origens e das razões há 
muito esquecidas. 
Além do mais, o esforço de garimpar respostas mostrou que era impraticável 
confiar exclusivamente no texto bíblico, na fé religiosa e na opinião 
convencional, pois necessitava explorar outras fontes de informação. 
Particularmente, eu precisava descobrir mais a respeito: 
 das possíveis origens da Maçonaria. 
 da conexão maçônica com Astrologia/Astronomia; 
 da influência do pentagrama; 
 dos aparentes relacionamentos visuais harmoniosos entre o zodíaco e o 
pavimento mosaico do Templo de Sussex; 
 do significado do símbolo no degrau da frente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 
O Nascer do Sol 
 
Da maneira que levamos nossas vidas no mundo ocidental do século XXI, como 
estamos agora acostumados, a maioria de nós tem pouco entendimento ou 
empatia pelo mundo que nossos ancestrais conheceram, como eles viveram, 
como sobreviveram, suas crenças, seus medos, suas esperanças e sonhos. É, 
porém, sensato pensar que cada um de nós vem de uma corrente de antepassados 
que se estende de volta ao alvorecer da primeira existência do homem - uma 
corrente de seres que nasceram, aprenderam como sobreviver no ambiente em 
que viviam, associaram-se a outro ser, tiveram filhos, depois morreram - em um 
processo que continuou por dezenas de milhares de anos. Nós, hoje, meramente 
estamos passando os elos dessa corrente do desenvolvimento humano, que, 
acreditamos, se estenderá muito longe no futuro. 
Atualmente podemos olhar no calendário e observar quantos dias de verão 
restam no ano. Nos dias escuros e frios do inverno, podemos nos confortar com o 
conhecimento de que a primavera está bem ali, virando a esquina. Para os nossos 
ancestrais, que não tinham a vantagem do relógio, do calendário, do diário e da 
agenda programada em rede no computador para identificar exatamente onde 
eles estavam na passagem do tempo, a vida não era tão certa. É difícil 
 
compreender que dezenas de milhares de anos atrás, alguém, em algum lugar, 
deve ter percebido que em vários intervalos de dias o Sol se movia mais alto no 
céu durante aquilo que chamamos verão e que, quando isso acontecia, o ar em 
volta ficava mais quente. Ele deve ter percebido que, à medida que o ar ficava 
mais quente, as flores e as árvores floresciam e o alimento e sua variedade 
tornavam-se mais fáceis de encontrar. 
Imagine um de nossos ancestrais, milhares de anos atrás, talvez até há dezenas de 
milhares de anos, possivelmente sentado em volta de uma fogueira em uma 
caverna, à noite, junto com outros de sua tribo, de repente dizendo a eles: 
 
Vocês já perceberam que quando aquela grande bola de luz surge acima das 
árvores ela faz a escuridão ir embora? Que a mesma fica em um lugar 
ligeiramente diferente quando o ar está mais quente em comparação com 
quando o ar está frio? Vocês já perceberam que quando a outra bola com menos 
luz está no céu, no escuro, algumas vezes ela é como uma pedra totalmente 
redonda, mas, em outros períodos escuros ela tem pedaços faltando, e que ela 
então cresce de novo até ficar como uma pedra redonda cheia? Como será que 
isso acontece? 
 
Alguém, em algum lugar, algum dia observou essas coisas. Alguém, em algum 
lugar, algum dia começou um processo dedicado de observação. Alguém, em 
algum lugar, algum dia começou a observar os detalhes do cosmos, do mundo 
natural em torno de si e de que modo certos arranjos do cosmos influenciavam o 
mundo natural. Alguém, em algum lugar, algum dia percebeu que, por meio de 
observação cuidadosa, os arranjos do cosmos e da natureza eram tão regulares 
que podiam ser previstos. Alguém, em algum lugar, algum dia colocou em 
prática um mecanismo de registrar essas observações, de estudar esses arranjos e 
de entender seu significado. Alguém, em algum lugar, algum dia desenvolveu e 
divulgou um método de passar adiante essas informações de uma geração a outra 
- uma forma de universidade antiga - com, sem dúvidas, cada geração somando e 
acumulando conhecimento e entendimento em uma era distante, antes da escrita 
e dos livros terem sido inventados. 
Imagine você os debates e as discussões que devem ter se seguido, talvez durante 
dias, meses e mesmo gerações, à medida que nossos antepassados tentavam 
entender as informações que recolhiam - o que a lógica do cenário sugeria. Pense 
sobre as horas e os dias de debates e aborrecimentos, discussões e coletas de 
informações necessários para levar em conta apenas o processo de responder a 
questões como: 
 
O que é o Sol? 
Por que ele é quente? 
Como fica pendurado no céu? 
Como se movimenta pelo céu de um lado para o outro? 
Como fica mais quente e mais frio? 
O que acontece para ele se mover mais alto no céu em algumas épocas do ano 
em comparação com outras? 
O que faz o ciclo se repetir dia após dia, ano após ano? 
 
Como somos os beneficiários de milhares de gerações de entendimento 
acumulado, consideramos o conhecimento como óbvio. À medida que testamos 
o universo com as vantagens de sofisticados dispositivos eletrônicos, satélites e 
radiotelescópios, com equipes de cientistas dedicados, reunidos para garantir 
resultados, acreditamos que, em nossa geração, estamos fazendo grandes 
progressos. As proezas de nossos ancestrais exigiram até maior dedicação, por 
causa da limitação com que os olhos deles podiam ver e da natureza primitiva de 
suas ferramentas de medição e avaliação. O que eles conseguiram talvez seja até 
mais notável do que tudo o que temos, ou que estamos fazendo, em nossa era. 
Infelizmente, começamos, no século XX, uma partícula minúscula de tempo na 
imensidão do entendimento humano, a nos afastar desse conhecimento 
acumulado. A base e as origens desse conhecimento correm perigo de serem 
perdidas ou de serem tratadas com desdém. 
Exatamente onde ou como todo o processo de entendimento da mecânica do 
cosmos começou a se perder nas brumas dos tempos. Muito do entendimento 
global da atualidade foi influenciado pelo desenvolvimento da civilização 
ocidental. Esta, por causa da proximidade geográfica, retirou muito de seu 
conhecimento das eras grega e romana. O papel desempenhado por outros povos, 
em outras partes do mundo, foi amplamente ignorado. Recentemente começou a 
haver um crescente reconhecimento de que alguns processos celestiais atribuídos 
às civilizações mediterrâneas e do Oriente Médio foram observados e 
reconhecidos na Índia e na China há muito tempo. Se os povos dessas áreas 
foram os primeiros a descobrir como o processo celeste funcionava e se eles 
transferiram esse conhecimento para as civilizações da Ásia Menor, ou se foi o 
contrário, não está claro. Seja lá como for, isso deve ter acontecido, com certeza, 
há muitas gerações. 
Os estudiosos nos dizem que o Sol foi a principal divindade. Era cultuado pelos 
maias, pelos egípcios antigos e pelos babilônicos. No caso dos egípcios antigos, 
o deus Sol Ra pode ser rastreado há pelo menos 5 mil anos, por volta de 3.000 
AEC. Atualmente existe na Índia uma marani, cuja família proclama 5 mil anos 
de descendência contínua do deus Sol. Para o deus Sol ter sido uma divindade 
principal, com forma humana há 5 mil anos, isso implica que a civilização 
existente naquela época provavelmente já tinha um entendimento avançado do 
significado da esfera flamejante, com base em informações que foram passadas 
por centenas de gerações antes dela. Filósofos gregos, que visitaram o Egito em 
tempos antigos, mencionaram que os egípcios lhes mostraram registros de dados 
astronômicos que remontavam a uma época muito distante. 
Provavelmente não teria levado mais que algumas gerações de monitoramento

Continue navegando