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Fundamentos da Química Analítica Farmacêutica Aula 05: Equilíbrio Ácido-Base: De�nições e Produto iônico da água Apresentação Nas aulas anteriores, estudamos equilíbrio químico e as condições cinéticas e termodinâmicas que uma reação apresenta ao alcançá-lo. A partir de agora focaremos nossas atenções em aplicar todos os conceitos que aprendemos sobre o equilíbrio químico em reações que acontecem em meio aquoso. Nesta aula, estudaremos teorias que de�nem as substâncias como ácidas e básicas, principalmente em soluções aquosas. Veremos também o equilíbrio de auto-protólise da água e a classi�cação da acidez e basicidade das soluções aquosas por meio das medidas das concentrações de íons prótons [H O ] e íons hidroxila [OH ].3 + - Objetivos Analisar as principais teorias de ácido e base e suas aplicações; Examinar o produto iônico da água e escala de pH; Determinar o pH de soluções de ácidos e bases fortes. Fonte: Shutterstock Teorias de ácido e base: Conceitos e aplicações Substâncias ácidas e básicas estão presentes em grande parte dos produtos que consumimos no nosso dia-a-dia, desde os alimentos até os produtos de limpeza e higiene. O vinagre, por exemplo, contém o ácido acético que confere a ele um sabor e um odor característicos. Já a soda cáustica que utilizamos para desentupir pias é uma base forte e corrosiva, o hidróxido de sódio. Quando olhamos para os sistemas vivos, percebemos que sua constituição e funcionamento dependem de moléculas com características ácidas e básicas, tais como os aminoácidos, que constituem as proteínas e os ácidos nucléicos que são as unidades básicas para a formação do DNA e do RNA. Outros fenômenos �siológicos envolvem substâncias ácidas, como por exemplo o ciclo de Krebs (ou ciclo do ácido cítrico). Ainda podemos destacar que a maioria dos fármacos são ácidos ou bases. Quando são ingeridas, o caráter ácido-base dessas substâncias in�uencia diretamente na maneira como serão absorvidas, distribuídas, metabolizadas e eliminadas pelo organismo. Saiba mais Ácidos e bases estão, certamente, entre as mais importantes classes de substâncias da química. Desde os primeiros experimentos da química, os ácidos e as bases eram conhecidos e diferenciados por suas características. Eram usados inclusive parâmetros sensoriais: Os ácidos eram reconhecidos como compostos com sabor ácido, e, as bases, substâncias com sabor adstringente ou amargo. Diferentes cientistas propuseram de�nições para o comportamento das substâncias ditas como ácidos e bases, que foram chamadas de “teorias”. É importante destacar que não existe uma teoria mais certa e que todas as de�nições ácido-base são compatíveis umas com as outras, respeitando suas limitações. Outro ponto que precisamos destacar é que, para cada teoria, os comportamentos dos ácidos e das bases são exatamente opostos e complementares, o que possibilita a reação dessas espécies entre si, “neutralizando” o efeito uma da outra. Vamos conhecer a partir de agora duas das principais teorias de ácido-base: A Teoria de Arrhenius e a teoria de Brönsted- Lowry. Ambas são muito utilizadas no âmbito da química analítica. Atenção Lembre-se de que elas não são as únicas e nem conseguem responder isoladamente a todas as questões relacionadas ao comportamento ácido-base das moléculas. Ao aprender sobre elas, você poderá identi�car a de�nição de ácido ou base que melhor se aplica ou explica mais adequadamente uma situação da química. Teoria de Arrhenius Em 1887, o químico Svante Arrhenius apresentou sua de�nição para ácidos e bases como parte de seus estudos a respeito da dissociação eletrolítica. Clique nos botões para ver as informações. Toda substância que, em meio aquoso, é capaz de produzir íons H (chamaremos este íon daqui por diante de próton). O cloreto de hidrogênio (HCl) é um gás com alta solubilidade em água. Quando borbulhamos HCℓ gasoso em um recipiente com água, a seguinte reação acontece: Podemos representar íon H+, em solução aquosa, como 𝐻 ou 𝐻 𝑂 (íon hidrônio). Apesar da denotação 𝐻 ww ser bastante utilizada por sua simplicidade, representar o próton hidratado como 𝐻 𝑂 se adequa melhor a realidade pois, de fato, o H em água líquida não está livre e sim associado à uma molécula de água. Isso se justi�ca pelo fato de ser uma partícula muito pequena e com carga positiva e susceptível a interagir com qualquer espécie que apresente alta densidade eletrônica – no caso da água, os pares de elétrons isolados do átomo de oxigênio. Outros exemplos de ácidos de Arrhenius: HI (ácido iodídrico), HNO (ácido nítrico), H SO , (ácido sulfúrico) CH COOH (ácido acético). Ácido + HC + Cl(g) −→ oH2 H + (aq) l− (aq) + (𝑎𝑞) 3 + (𝑎𝑞) + (𝑎𝑞) 3 + (𝑎𝑞) + 3 2 4 3 Toda substância que, em meio aquoso, é capaz de produzir íons OH (íon hidróxido ou hidroxila). Os hidróxidos de metais alcalinos, alcalinos terrosos e amônia são exemplos de bases de Arrhenius. Eles são compostos com caráter iônico que, quando dissolvidos em água, liberam cátions dos metais e geram íons hidroxila (OH ). Veja alguns exemplos de dissociação de hidróxidos: A reação entre um ácido e uma base de Arrhenius é a típica reação de neutralização, que tem como resultado a formação de sal e água. Veja o exemplo: 𝑁𝑎𝑂𝐻 + 𝐻𝐶𝑙 ⟶ 𝑁𝑎 + 𝐶𝑙 + 𝐻 𝑂 Podemos dizer que a reação de neutralização acontece, na verdade, entre o H liberado pelo ácido e pela OH liberada pela base, gerando H O. O cátion metálico proveniente do hidróxido e o ânion proveniente do ácido formarão o sal (neste caso, NaCl). A teoria de Arrhenius foi um marco importante da química do século XIX, pois possibilitou a interpretação de várias situações químicas que eram conhecidas na época e serviu como base para o desenvolvimento de diferentes linhas de pesquisa, inclusive da química analítica. Entretanto, limita o equilíbrio ácido e base apenas ao meio aquoso (em alguns poucos casos, a teoria se aplica a outros solventes). Base - - NaO N + OH(s) −→ oH2 a+ (aq) H − (aq) Ca C + 2O(OH)2(s) −→ oH2 a2+(aq) H − (aq) (𝑎𝑞) (𝑎𝑞) + (𝑎𝑞) - (𝑎𝑞) 2 (𝑙) + - 2 Teoria de Brönsted-Lowry (Teoria protônica) A teoria protônica foi proposta independentemente pelo químico dinamarquês Johannes Brönsted (1874-1936) e pelo químico inglês Thomas Lowry (1874-1936). Por isso, é conhecida como Teoria de Brönsted-Lowry. Esta teoria baseia-se na transferência de próton entre um ácido e uma base. Sendo assim: 1 Ácido Qualquer espécie capaz de doar um H+ para uma outra substância. 2 Base Qualquer espécie capaz de receber um H .+ Voltando ao exemplo da dissolução do gás HCl em água, podemos perceber que o HCl (ácido de Brönsted-Lowry) doa H+ para a molécula H O (base de Brönsted-Lowry), formando hidrônio (𝐻 𝑂 ) e íon cloreto (Cl ). Agora, vamos pensar na dissolução da NH gasosa em água. Neste caso, a amônia está em solução aquosa, a água (ácido de Brönsted-Lowry) doa próton para a amônia (base de Brönsted-Lowry). Como produto desta reação, temos a formação do íon amônio (NH ) e íon hidroxila (OH ). Esta reação é representada na equação abaixo: 2 3 + (𝑎𝑞) - + → + CHCl(g) ÁCIDO H2O(l) BASE H3O + (aq) l− (aq) 3 + 4 - + → N + O H2O(l) ÁCIDO NH3(g) BASE H + 4(g) H − (aq) Atenção Veja que, nos dois exemplos citados acima, o ácido clorídrico e a amônia se enquadram nas de�nições de ácido e base de Arrhenius e de Brönsted-Lowry. Isso porque o ácido clorídrico é uma espécie que, em meio aquoso, produz H e também é capaz de doar H para uma espécie aceptora. De forma análoga, a amônia quando dissolvida em água produz íons OH e é capaz de receber H de uma espécie doadora. + + - + Uma vez que a ideia principal da teoria de Brönsted-Lowry é a transferência, podemos prever reações entre ácidos e bases de Brönsted-Lowry em outro meio que não o aquoso, como, por exemplo, a reação entre HCl e NH no estado gasoso. Veja na equação abaixo: Agora, vamos destacar algumas características químicas e estruturais dos ácidose bases de Brönsted-Lowry: 3 HC + N → N Cl(g) H3(g) H + 4 l − (s) Clique nos botões para ver as informações. Os ácidos de Brönsted-Lowry, necessariamente, precisam ter em sua estrutura química pelo menos um hidrogênio que possa ser doado na forma de H (como os átomos de hidrogênio nas moléculas da água e do ácido clorídrico); Os ácidos + As bases de Brönsted-Lowry, necessariamente, precisam apresentar elétrons livres para se ligar ao íon H . Neste caso, as bases de Brönsted-Lowry são ânions (por exemplo: OH , NO , O ) ou moléculas neutras que tenham em sua estrutura pelo menos um átomo com pares de elétrons isolados (como é o caso do átomo de oxigênio na molécula de água e o átomo de nitrogênio na molécula de amônia). As bases + - - 3 - 2 Fonte: Shutterstock Você deve ter reparado que a água atua como ácido quando reage com NH , e como base quando reage com HCl. Isso porque a molécula de água apresenta átomos de hidrogênio que podem ser liberados na forma de H e pares de elétrons isolados no átomo de oxigênio. As substâncias que apresentam características tanto de ácido quanto de base de Brönsted-Lowry são denominadas an�próticas ou Anfóteras. Quando uma substância an�prótica reage com uma substância que tem caráter mais básico do que ela, se comportará como um ácido, doando íons H . Porém, quando é combinada com uma molécula que tem um caráter mais ácido do que o seu, atuará como uma base de Brönsted-Lowry, recebendo íons H proveniente da espécie ácida. 3 + + + Pares Conjugados Vamos pensar agora em uma reação reversível entre um ácido e uma base de Bronsted-Lowry. Observe atentamente a reação genérica a seguir entre o ácido genérico HA e a água, nos dois sentidos: No sentido da reação direta, o HA é o ácido e H O é a base de Bronsted-Lowry. À medida que o HA cede um próton para a molécula de água, gera uma espécie aniônica (A ) que tem capacidade de receber prótons, ou seja, tem comportamento de base. De forma análoga, quando a molécula de água recebe um próton, dará origem a uma espécie capaz de doar prótons, ou seja, um ácido. Nas reações de ácido e base de Bronsted-Lowry: - Quando o ácido transfere um próton para a base, dá origem a uma espécie com capacidade de aceitar próton, denominada base conjugada; - Quando uma base recebe um próton do ácido, dá origem a uma espécie doadora de prótons, denominada ácido conjugado. 2 - Atenção Os conjuntos formados pelo ácido e sua base conjugada e pela base com seu ácido conjugado são determinados pares conjugados. Um ácido e uma base de um par conjugado se diferem apenas pela presença de um H a mais na espécie ácida.+ Força relativa entre ácidos e bases de Bronsted-Lowry Agora que nós já compreendemos a formação de pares conjugados nas reações entre ácidos e bases de Brönsted-Lowry, gostaria que você pensasse sobre as seguintes questões: Será que ácidos diferentes possuem a mesma capacidade de transferir prótons para uma base? E será que toda base é capaz de receber prótons da mesma maneira? A resposta para ambas as perguntas é não! O caráter ácido ou básico varia de uma substância para outra. Porém, quando comparamos a capacidade ácido-base de pares conjugados, observamos um padrão: 1 Quanto maior a capacidade de um ácido de doar prótons, menor será a tendência de sua base conjugada de aceitar prótons; 2 Quanto maior a capacidade de uma base de aceitar prótons, menor será a tendência de seu ácido conjugado de doar prótons. Vamos denominar a capacidade (ou facilidade) de uma espécie em doar ou aceitar prótons como a sua força. Assim, Quanto mais forte o ácido, mais fraca a sua base conjugada. Quanto mais fraco o ácido, mais forte a sua base conjugada. Quanto mais forte a base, mais fraco o seu ácido conjugado. Quanto mais fraca a base, mais forte o seu ácido conjugado. Na Figura 1 ao lado, observe a relação entre a força de alguns pares conjugados. Legenda: acids (protons sources) = ácidos (doador de prótons); bases (protons sinks) = bases (aceptores de prótons); strong acids (cannot exit in water) = ácidos fortes (não podem existir em água); weak acids = ácidos fracos; weak bases = bases fracas; Strong bases (cannot exit in water) = bases fortes (não podem existir em água) Figura 1: Força relativa de pares conjugados | Fonte: Commons É importante destacar que, quando conhecemos a força de um ácido ou de uma base, podemos prever a tendência de receber ou doar prótons de seu par conjugado. Pensando nisso, podemos distinguir os ácidos e, consequentemente, suas bases conjugadas, de acordo com a capacidade de transferência de prótons para a molécula da água. javascript:void(0); Clique nos botões para ver as informações. São substâncias que transferem “completamente” seus prótons para a água, pois têm muita facilidade em transferir H . Sendo assim, a base conjugada dessas espécies tem capacidade desprezível de receber prótons. Como exemplo, podemos citar o par conjugado HCl/Cl . O HCl é um ácido muito forte. Em solução aquosa, ele se ioniza completamente, transferindo todos os seus prótons para as moléculas de água. O Cl , por outro lado, é uma espécie com caráter básico insigni�cante. Em uma solução aquosa de ácidos fortes encontramos pouquíssima ou nenhuma molécula do ácido não ionizado. Ácidos Fortes + - - São espécies que se ionizam parcialmente, ou seja, nem todas as moléculas do ácido transferem prótons para a água. Neste caso, as bases conjugadas formadas possuem capacidade (ainda que reduzida) de aceitar prótons. A solução aquosa de ácidos fracos são, na verdade, uma mistura dos pares conjugados (ácido não-ionizado e sua base conjugada). No vinagre, por exemplo, encontramos uma mistura de ácido acético (CH COOH) e acetato (CH COO ), sua base conjugada. Ácidos fracos 3 3 - Nestes casos, a substância possui acidez insigni�cante em água, apesar de apresentar em sua estrutura átomos de hidrogênio. As bases conjugadas destes tipos de compostos são muito fortes, e quando entram em contato com a água formam instantaneamente íons OH . Veja como exemplo a reação do íon óxido (O2 ) com a água: Substância com hidrogênio não-ionizável - - → + OO2−(aq) H2 BASE (forte) 2 OH−(aq) ÁCIDO CONJUGADO (capacidade ácida desprezível) Atenção Quando se trata de equilíbrio aquoso, o íon hidrônio (H O ) é o ácido mais forte e o íon hidroxila (OH ) é a base mais forte. Isso porque ácidos mais fortes do que a água reagem com ela para formar íons hidrônio. Por outro lado, bases mais fortes do que a água “capturam” prótons, formando íons hidroxila. Chamamos este fenômeno de efeito nivelador. 3 + - Autoionização e o produto iônico da água Vimos que a água é uma substância anfótera ou an�prótica, ou seja, ela pode atuar como ácido ou como base de Bronsted- Lowry. Partindo deste conceito, podemos conceber que, em uma reação entre duas moléculas de água, uma delas pode doar H , atuando como ácido, e a outra pode receber H , atuando como uma base. Esse processo é denominado autoionização ou autoprotólise da água. + + Figura 2: Ilustração da reação de autoprotólise da água | Fonte: Wikiwand Atenção O fenômeno de autoprotólise não acontece exclusivamente com a água. Qualquer substância que apresente propriedade an�prótica pode sofrer autoionização. É importante destacar que as reações diretas e inversas de autoionização da água acontecem muito rapidamente. Por isso, a molécula não �ca muito tempo ionizada. Na verdade, estima-se que apenas 2 em cada 1 bilhão de moléculas de água se encontram ionizadas em determinado momento! Vamos agora aplicar nossos conhecimentos sobre equilíbrio químico na equação de autoionização da água. A expressão da constante de equilíbrio é descrita como: =Kc [ ] . [O ]H3O+ H− [ O] . [ O]H2 H2 Podemos eliminar o termo [𝐻 𝑂].[𝐻 𝑂], uma vez que, ao escrevermos a expressão da constante de um equilíbrio, não são consideradas as concentrações das espécies sólidas e os líquidos puros (que é o caso da água nesta reação). Logo: 2 2 = [ ]. [O ]Kc H3O + H − javascript:void(0); Como esta constante é especí�ca para reação de autoprotólise da água, vamos usar a denotação K em vez K . A 25°C, K é 1,0 . 10 e é também conhecida como produto iônico da água. A água pura ou em qualquer solução em que as concentrações de [𝐻 𝑂 ] 𝑒 [𝑂𝐻 ] são iguais é neutra. Entretanto, na maioria dos casos, as concentrações de [𝐻 𝑂 ] 𝑒 [𝑂𝐻 ] são diferentes. Quando a concentração de uma dessas espécies aumenta, a concentração da outra diminui, a �m de que o equilíbrio químico seja alcançado. Em regra geral, de acordo com a espécie em excesso, as soluções aquosas podem ser classi�cadas como: w c w -14 3 + − 3 + − - Ácida, quando [H O ] > [OH ] - Básica, quando [H O ] < [OH ] - Neutra, quando [H O ] = [OH ] 3 + - 3 + - 3 + - Atenção É possível calcularmos a concentração de H O se a concentração de OH for conhecida, assim como é possível determinar a concentração de OH se a concentração for de H O . Para isso, utilizamos a expressão e o valor da constante K . 3 + - - 3 + w Exemplo Calcule a concentração molar de OH em uma solução de ácido clorídrico 0,01 M, a 25 °C. Solução: O ácido clorídrico, em solução aquosa, sofre ionização praticamente completa. Sendo assim, a concentração inicial de HCl será igual à concentração de H O e Cl no equilíbrio: 𝐻𝐶𝑙 + 𝐻 𝑂 ⟶ 𝐻 𝑂 + 𝐶𝑙 Utilizando a expressão de K , temos: 𝐾 =[𝐻 𝑂 ]. [𝑂𝐻 ]= 1 . 10 Substituímos, então, a concentração de H O na expressão de: 𝐾 =[0,01]. [𝑂𝐻 ]= 1 . 10 - 3 + - (𝑔) 2 (𝑙) 3 + (𝑎𝑞) − (𝑎𝑞) HCl 𝐻 𝑂 𝐻 𝑂 𝐶𝑙 Concentração inicial 0,01 M - 0 0 Variação Consumido ≈ 0,01M - Produzido ≈ 0,01M Produzido ≈ 0,01M Concentração no equilíbrio ≈ 0,0 - 0,01 0,01 2 (𝑙) 3 + (𝑎𝑞) − (𝑎𝑞) w 𝑤 3 + − −14 3 + 𝑤 − −14 [O ] = = 1. 1 MH− 1 . 10−14 [0,01] 0 −12 Em água pura, ou em solução aquosa neutra, [H O ]= [OH ]=1,0 . 10 M.3 + − −𝟕 Escala de pH Em soluções aquosas diluídas de substâncias ácidas ou básicas, as concentrações de H e OH são muito pequenas. Para expressar esses valores de forma mais prática e conveniente, geralmente utilizamos a função logarítmica negativa na base 10, representada por pX = - log [X], em que X = H (para concentração de H ) e X = OH (para concentração de OH ). Como vimos anteriormente, em condições de neutralidade as soluções aquosas apresentam [H O ]= [OH ]=1,00 . 10 M. Aplicando estes valores na função logarítmica negativa, podemos expressar as concentrações como: + - 10 + - 3 + − −7 pH = - log (1,00 . 10 ) = 7,00 pOH = - log (1,00 . 10 ) = 7,00 -7 -7 Ainda que o pOH seja calculado facilmente, na prática, a acidez ou basicidade de uma solução é dada pelo valor de pH. Observe na tabela abaixo a relação entre as concentrações de H (ou H O ) e OH+ 3 + - Solução H (mol/L) OH (mol/L)/th> pH Ácida > 1,0 . 10 < 1,0 . 10-7 pH<7 Neutra 1,0 . 10 1,0 . 10 pH = 7 Básica < 1,0 . 10 > 1,0 . 10 pH>7 + - -7 -7 -7 -7 -7 Exemplo Vamos calcular o pH para a solução de ácido clorídrico: pH = - log (0,01) = 2,00 Perceba que o valor de pH para esta solução é inferior quando comparada ao pH das soluções neutras. Isso se explica porque, devido ao sinal negativo da função logarítmica, quanto maior a concentração de H menor o valor de pH. Nós também podemos calcular pH para soluções básicas. Tomando como exemplo de uma solução cuja concentração de OH é 0,05 mol/L, e aplicando a expressão de K , podemos calcular [𝐻 𝑂 ]: A partir desse valor, podemos calcular pH. pH = - log (2,00 . 10 ) = 12,70 Veja que, para as soluções básicas, conforme aumenta a concentração de OH , o pH também aumenta. + - w 3 + [ ] = = = 2, 00 . 10 − 13 mol/L.H3O+ Kw[ O ]H− 10−14 0,05 -13 - Relação entre pH e Poh Vimos no item anterior que a escala “p” nos auxilia a expressar de forma mais conveniente valores muito pequenos, o que se enquadra bem nos valores de [H O ] e [OH ], em soluções aquosas, e para o valor de K . Assim, podemos aplicar a “escala p” para todos os termos da expressão de K : − 𝑙𝑜𝑔𝐾 =(−𝑙𝑜𝑔[𝐻 𝑂 ]) + (−𝑙𝑜𝑔[𝑂𝐻 ])= −log ( 1 . 10 ) Logo, pK = pH + pOH = 14,00 A partir dessa relação podemos veri�car que, em uma solução aquosa, o somatório do pH e do pOH será 14. Essa relação nos fornece também uma escala de pH que varia de 0 a 14. Nela, quanto mais próximo de 0 o pH, maior [H O ] e mais ácida é a solução. Da mesma forma, quanto mais próximo de 14, menor a [H O ] e menos ácida é a solução. A Figura 2 apresenta a escala de pH, com as respectivas concentrações de H e OH . 3 + - w w 𝑤 3 + − −14 w 3 + 3 + + - Figura 2: Escala de pH e as concentrações de H e OH (Legenda: acidic = ácido; neutral = neutro; alkaline = básico ou alcalino; pH scale = Escala de pH.)+ - A variação da concentração de pH em um fator de 10 resulta na variação de uma unidade de pH. Sendo assim, a concentração de H de uma solução com pH 4 é 10 vezes menor do que a concentração de H de uma solução com pH = 3. + + Atenção Em soluções concentradas, o valor de pH pode extrapolar os limites da escala de pH. Por exemplo, uma solução de ácido clorídrico 2 M apresenta pH= - 0,30. Ácidos e Bases Fortes Clique no botão acima. A força dos ácidos e bases se baseia na extensão com que essas espécies liberam H ou OH em solução aquosa. Ambos são considerados eletrólitos fortes. Os ácidos fortes são espécies que se ionizam completamente em meio aquoso. Os exemplos mais comuns de ácidos forte são: HCℓ, HI, HBr, HCℓO , HCℓO , HNO e H SO . Usando como exemplo uma solução de HCℓ 0,04 M, vamos aprender como se calcula o pH de soluções de ácidos fortes. Como essas espécies se ionizam completamente, no equilíbrio, praticamente todo ácido é ionizado para formar H e sua base conjugada. Ou seja, [HCℓ] = [H O ] = 0,04 M. O pH dessa solução será calculada por: pH = -log (0,04) = 1,40 Quando se tratar de ácidos polipróticos fortes, como H SO , por exemplo, a [H O ] deve ser calculada multiplicando-se a concentração inicial do ácido pela quantidade de hidrogênios ionizáveis na sua estrutura. A concentração de [H O ] em solução 0,025 M de H SO será calculada por [H O ] = 2 x 0,025 = 0,05M. Consequentemente, o pH para esta solução será 1,30. Vamos pensar agora sobre o pH de soluções de bases fortes. Consideramos bases fortes aquelas que, quando dissolvidas em água se dissociam completamente, liberando OH . São exemplos de bases fortes solúveis os hidróxidos de metais alcalinos e de metais alcalinos terrosos mais pesados, tais como: NaOH, KOH, LiOH e Sr(OH) . Além dessas, algumas outras espécies fortemente básicas, quando entram em contato com a água, geram OH , como, por exemplo, o íon óxido (O ). E como calculamos o pH para soluções básicas? Exemplo: Calcule o pH de uma solução preparada a partir de 0,015 M de NaOH. Solução: A concentração de OH será igual a concentração de NaOH da solução. Ou seja, [OH ] = 0,015 M. A partir deste valor podemos calcular pOH: pOH = -log(0,015) = 1,82 Utilizando a relação de pH e pOH, calculamos o valor de pH: pH = 14 – 1,82 = 12,18 No caso de bases que liberam mais de uma hidroxila quando dissolvida em água, a concentração de hidroxila da solução será determinada pela multiplicação da concentração inicial da base pela quantidade de bases ionizáveis. Para uma solução de Ca(OH) 0,015M, por exemplo, [OH ] =2 x 0,015 M = 0,030 M. Assim como podemos calcular o pH das soluções a partir das concentrações de H O e OH , é possível calcular essas concentrações se soubermos o valor de pH. Para isso, utilizamos a função exponencial de base 10. Logo: [𝐻 𝑂 ]=10 [𝑂𝐻 ] = 10 Exemplo: O pH do suco gástrico é de aproximadamente 1. Calcule a concentração de H O , OH e o pOH para esta solução. Solução: Para calcular pOH, utilizamos a relação entre pH e pOH: pH + pOH = 14 pOH = 14 – 1 = 13 Para calcular H O , aplicaremos a função exponencial de base 10, utilizando o valor do pH [H O ] = 10 =[H O ]= 10 = 0,1 M + - 3 4 3 2 4 + 3 + 2 4 3 +3 + 2 4 3 + - 2 - -2 - - 2 - 3 + - 3 + -pH − - pH 3 + - 3 + 3 + -pH 3 + -1 Para calcular OH , aplicaremos a função exponencial com base 10, utilizando o valor de pOH: [OH ] = 10 = 1,0 . 10 M O quadro abaixo resume as fórmulas que devemos utilizar para os cálculos de pH, pOH, H O , OH . - - -13 -13 3 + - Atividades 1. Ao longo da história da Química, diferentes pesquisadores propuseram de�nições para substâncias ditas como ácidas e básicas, que se tornaram “teorias”. Sobre essas de�nições, assinale a alternativa incorreta: a) Um ácido e sua base conjugada diferem entre si por um próton, sendo considerado ácido do par conjugado aquela espécie química que possui na sua estrutura a presença de um próton a mais. b) A força de uma base de Brönsted-Lowry pode ser medida pela capacidade de aceitar próton. c) Quanto mais fraco for um ácido de Brönsted-Lowry, mais forte será sua base conjugada. d) Na teoria de Arrhenius as substâncias ácidas e bases se limitam ao meio aquoso. e) As bases de Arrhenius são aquelas capazes de receber prótons. 2. Imagine que você foi lavar os cabelos e, ao ler o rótulo, veri�cou que o pH do xampu é 4,6. Sobre as concentrações de H3O+, OH- e a classi�cação da acidez do xampu, é correto a�rmar que: a) [H O ] < 1,0 x 10 mol/L; [OH ] > 1,0 x 10-7 mol/L; e o xampu é ácido3 + -7 - b) [H O ] > 1,0 x 10 mol/L; [OH ] < 1,0 x 10 mol/L; e o xampu é básico3 + -7 - -7 c) [H O ] < 1,0 x 10 mol/L; [OH-] > 1,0 x 10 mol/L; e o xampu é básico3 + -7 -7 d) [H O ] > 1,0 x 10 mol/L; [OH ] > 1,0 x 10 mol/L; e o xampu é ácido3 + -7 - -7 e) [H O ] < 1,0 x 10 mol/L; [OH ] > 1,0 x 10 mol/L; e o xampu é neutro3 + -7 - -7 3. O consumo de alimentos como o café e refrigerantes deve ser evitado por pessoas que sofrem de gastrite por serem alimentos ácidos. Calcule a concentração de H O , OH e o pOH do café, sabendo que o seu pH é 5,0:3 + - a) [H O ] = 5,0 . 10 mol/L; [OH ] = 9,0 . 10 mol/L; pOH = 9,03 + -1 - -1 b) [H O ] = 1,0 . 10 mol/L; [OH ] = 1,0 . 10 mol/L; pOH = 9,03 + -5 - -9 c) [H O ] = 1,0 . 10 mol/L; [OH ] = 1,0 . 10 mol/L; pOH = 5,03 + -9 - -5 d) [H O ] = 9,0 . 10 mol/L; [OH ] = 5,0 . 10 mol/L; pOH = 10,03 + -1 - -1 e) [H O ] = 1,0 . 10 mol/L; [OH ] = 1,0 . 10 mol/L; pOH = 7,03 + -7 - -7 NotasReferências BROWN, T.L. et al. Química: a ciência central. 13.ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. HAGE, D.S.; CARR, J.D. Química analítica e análise quantitativa. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. KOTZ, J.C. et al. Química Geral e Reações Químicas. São Paulo: Cengage Learning, 2016. SKOOG, D.A. et al. Fundamentos de Química Analítica, 9.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. Próxima aula Constante de ionização para ácidos e bases; Acidez, basicidade e grau de ionização de ácidos e bases fracas; Hidrólise de sais. Explore mais Leia o texto Ácidos e bases de Arrhenius Leia o texto Teorias ácido-base do século XX javascript:void(0); javascript:void(0);
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