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Cálculo Diferencial e Integral III Prof. Dr. Alessandro Ferreiro Alves 1ª Edição Gestão da Educação a Distância Todos os direitos desta edição ficam reservados ao Unis - MG. É proibida a duplicação ou re- produção deste volume (ou parte do mesmo), sob qualquer meio, sem autorização expressa da instituição. Cidade Universitária - Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, Bairro Aeroporto. Varginha /MG ead.unis.edu.br 0800 283 5665 Autoria Currículo Lattes: Prof. Dr. Alessandro Ferreira Alves Doutor em Matemática Aplicada pela Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP) no departamento de Telemática. Mestre em Matemática Pura pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação (IMECC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP). Possui Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG). Atua como professor titular no Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS-MG), desde o ano de 2001, como professor em diversos Cursos de Graduação, bem como cursos de Pós-graduação, nas Modalidades Presencial (GEP) e a Distância (GEaD). Além disso, é Coordenador do Curso de Licenciatura em Matemática na Modalidade a Distância desde o segundo semestre de 2007 e Coordenador do Curso de Licenciatura em Física na Modalidade a Distância desde o segundo semestre de 2015, bem como, já atuou na condição de Coordenador dos Cursos de Pós-graduação do UNIS-MG, tais como: MBA em Finanças Corporativas (GEDUP – 2007 e 2008), MBA em Gestão Empresarial (GeaD – 2008), Pós-graduação em Matemática Empre- sarial (GEP – 2004, 2005 e 2006) e Lato Sensu em Matemática e Ensino (GEDUP – 2002 e 2003). http://lattes.cnpq.br/7860986142316472 Autoria Currículo Lattes: Prof. Dr. Alessandro Ferreira Alves Atualmente, atua como professor titular de disciplinas em vários cursos de nossa instituição, como por exemplo, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção, Engenharia Civil, Matemática, Física, Comércio Exterior, Sistemas de Informação e Ciência da Computação, relacionadas à Matemática, Estatística e Computação e, ainda, na condição de Professor em diversos cursos da GEPOS, tais como, MBA em Finanças Corporativas e Gestão Bancária, MBA em Gestão Estratégica e Inteligência em Negócios, MBA em Gestão Empresarial, MBA em Logística Empresarial e Lato Sensu em Ensino de Matemática e Física. O professor Alessandro Ferreira Alves também é membro do CONSELHO UNIVERSITÁRIO – CONSUN do Centro Universitário do Sul de Minas Gerais desde o ano de 2008, atuando como representante do quadro de coordenadores da instituição. De outra forma, atua com projetos de consultoria na área de Finanças, Estatística Aplicada a Mercado, Controle Es- tatístico de Processos e Desenvolvimento de Materiais Didáticos. http://lattes.cnpq.br/7860986142316472 6 Unis EaD Cidade Universitária – Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, Bairro Aeroporto. Varginha /MG ead.unis.edu.br 0800 283 5665 ALVES, Alessandro Ferreira. Cálculo Diferencial e Integral III. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2018. 109 p. 1. Equações Diferenciais Ordinárias. 2. Transformada Integral. 3. Transformada de Laplace 4. Sequências Numéricas. 5. Séries Numéricas Caro aluno (a), tudo bem? Seja bem-vindo a mais uma disciplina de Cálculo Diferencial e Integral! Agora vamos traba- lhar com a generalização do cálculo diferencial e integral de uma variável real, no âmbito das equa- ções que envolvem as derivadas ordinárias de uma função y = f(x), ou seja, estaremos discutindo os aspectos fundamentais, envolvendo agora as equações diferenciais. Tal aparato será a base do nosso estudo. A seguir, detalharemos também nas entrelinhas, os aspectos envolvendo as sequên- cias e séries numéricas, que são ferramentas associadas ao cálculo importantes para a resolução de problemas nas mais variadas áreas do conhecimento. Através deste material didático apresentaremos os principais conceitos, técnicas, métodos de resolução e aplicações para entendimento de uma das disciplinas que compõem o seu curso de graduação e que trabalham diretamente com a resolução de problemas que envolvem equações cujos elementos principais são derivadas ordinárias de uma função y = f(x), que é a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral III. Especificamente falando, essa disciplina trabalha, em um primeiro momento, com tópicos relacionados às Equações Diferenciais Ordinárias, ou seja, aqui estaremos apresentando toda a teo- ria acerca das Equações Diferenciais Ordinárias, desde a parte de classificação e ordem, até a parte relacionada com os principais métodos de resolução e “transformada de Laplace”. Saliento ainda, que essa disciplina possui uma infinidade de aplicações em outras áreas do conhecimento (Física, En- genharia, Economia, Química, Biologia, Administração, etc.) que dependem de definições e métodos das equações diferenciais ordinárias para a sua modelagem e posterior resolução. Assim sendo, este material está dividido em cinco unidades, que englobam diversos temas específicos, desde os aspectos introdutórios acerca da teoria sobre as equações diferencias ordi- nárias, métodos de resolução de equações diferenciais ordinárias, bem como, passando pela parte sobre a “transformada de Laplace”, sequências numéricas e séries numéricas. Desta maneira, ao finalizar as unidades, com certeza, você estará familiarizado com as prin- cipais definições e procedimentos envolvendo as equações diferenciais ordinárias, transformada de Laplace, sequências e séries numéricas, seus principais resultados e sua aplicabilidade prática no contexto das diversas áreas do conhecimento, tais como, a Matemática, Ciências Sociais, Matemática Aplicada e Economia, a Física e a Engenharia. Em verdade, o Cálculo Diferencial e Integral III pode ser encarado como uma expansão natural do cálculo diferencial e integral de uma variável real, bem como, da teoria das equações elementares. Neste sentido, o entendimento dos conceitos citados é de fundamental relevância para o desempenho de diversos profissionais e possibilitará a resolução de diversas aplicações nos mais variados contextos do nosso dia a dia. Gostaria de desejar a todos ótimos estudos, que no final consigamos atingir todos os nossos objetivos por inteiro! "Sem os recursos da Matemática não nos seria possível compreender muitas passagens da Santa Escri- tura." (Santo Agostinho) Dedicatória Prezados discentes, para um aluno se tornar um profissional diferenciado no mundo glo- balizado atual, independentemente da sua área de atuação, é muito importante a persistência nos estudos, sendo assim, a dedicação e leitura contínua são pré-requisitos básicos para o sucesso pro- fissional. Para tal, use de sua curiosidade para buscar novos conceitos e exemplos da teoria estudada aqui, bem como, de novas aplicações que são resolvidas através dos métodos descritos neste texto. “O livro da natureza foi escrito exclusivamente com figuras e símbolos matemáticos.” (Galileu) Agora é mãos à obra! Desde já os meus agradecimentos, Dr. Alessandro Ferreira Alves. Ementa Orientações Palavras-chave Equações Diferenciais de Primeira Ordem. Aplicações das Equações Diferenciais de Primeira Ordem. Equações Diferenciais de Segunda Ordem. Aplicações das Equações Diferenciais de Segunda Ordem. Equações Diferenciais de Ordem Superior. Transfor- mada de Laplace. Sequências e Séries Numéricas. Ver Plano de Estudos da Disciplina Disponível no Ambiente Virtual e Materiais Diver- sos Complementares (aulas, arquivos diversos, artigos, etc.). Equações Diferenciais Ordinárias. Transformada integral. Transformada de Laplace. Sequências Numéricas. Séries Numéricas. Sumário Unidade I - Introdução às Equações Diferenciais 14 1.1. Aspectos Introdutórios do Cálculo Diferencial e Integral de Funções de Várias Variáveis 14 1.3. Classificando as Equações Diferenciais SegundoAlguns Critérios Básicos 16 1.2. Por que Devemos Estudar Equações Diferenciais? 16 1.3.1. Classificação Quanto ao Tipo 18 1.3.1.1. Equações Diferenciais Ordinárias 18 1.3.1.2. Equações Diferenciais Parciais 19 1.3.2. Classificação Quanto a Ordem 20 1.3.2.1. Caracterização da Ordem de Uma E.D.O. 20 1.3.3. Classificação quanto a Linearidade 22 1.3.3.1. Classificação de Uma E.D.O quanto à Linearidade 22 1.4. Terminologias e Conceitos Básicos Adicionais Envolvendo as E.D.O’s 24 1.4.1. Notação 24 1.4.2. Solução de Uma E.D.O 25 1.4.3. Caracterizando Soluções Explícitas e Implícitas 29 1.4.4. Interpretando o Número de Soluções de uma E.D.O 31 1.4.5. Solução Particular e Solução Geral 33 1.5. Interpretando os Problemas de Contorno e os Problemas de Valor Inicial (P.V.I) 33 1.6. Aspectos Históricos Relacionados as Equações Diferenciais Ordinárias 34 1.7. Algumas Modelagens Matemáticas Pautadas nas E.D.Os 38 1.8. Exercícios de Fixação 41 1.8.1. Caracterização da Ordem de Uma E.D.O. 41 Unidade II - Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem: Aspectos Teóri- cos, Métodos de Resolução e Aplicações 46 2.1. Aspectos Introdutórios Envolvendo os Sistemas Lineares 46 2.2. Métodos de Resolução de E.D.Os de 1º Ordem 49 2.2.1. O Método dos Fatores Integrantes 50 2.2.2. O Método das Variáveis Separáveis 59 2.3. Equações Exatas, Existência e Unicidade de Soluções 65 2.4. Modelando Situações Envolvendo as Equações Diferenciais Ordinárias de Pri- meira Ordem 69 Unidade III - Equações Diferenciais Ordinárias de Segunda Ordem e Aplicações 82 3.1. Aspectos Introdutórios 82 3.2. Equações Homogêneas com Coeficientes Constantes 83 3.3. Interpretando a Equação Característica 83 3.3.1. Equação Característica com Raízes Reais e Distintas 87 3.3.2. Conjunto Fundamental de Soluções e Wronskiano 89 3.3.3. Equação Característica com Raízes Complexas Conjugadas 95 3.3.4. Equação Característica com Raízes Reais e Iguais 99 3.4. Método dos Coeficientes Indeterminados e Variação dos Parâmetros 100 3.4.1. O Método dos Coeficientes Indeterminados 100 3.4.2. O Método da Variação dos Parâmetros 104 3.5. Algumas Aplicações Envolvendo as EDO’s de 2ª Ordem 106 3.5.1. Lei de Hooke 106 Unidade IV - Equações Diferenciais Ordinárias de Ordem Superior e Transformada de Laplace - Aspectos Introdutórios 111 4.1 Equações Diferenciais de Ordem Superior 111 4.2 A Transformada de Laplace: Resultados e Propriedades Fundamentais 115 4.2.1. Interpretando Formalmente a Transformada de Laplace 116 4.2.2. A Transformada de Laplace Interpretada como um Operador Linear 122 4.2.3. Como Solucionamos um P.V.I via a Transformada de Laplace? 125 4.2.4. Conhecendo a Transformada de Laplace Inversa 128 4.3. Algumas Funções Especiais 130 4.3.1. Função Degrau Unitário 130 4.3.2. Função Impulso Unitário 133 4.3.3. Função Delta de Dirac 134 4.4. Equações Diferenciais Não Lineares e Estabilidade 134 4.4.1. Descrevendo o Sistema Autônomo Plano 135 4.4.2. Classificação dos Tipos de Soluções 136 Unidade V - Sequências Numéricas e Séries Numéricas 139 5.1 Aspectos Introdutórios 140 5.2 Conhecendo as Sequências Numéricas 140 5.3 Conhecendo as Séries Numéricas 148 5.4 Interpretando as Séries Numéricas Convergentes 149 5.5 Critérios para Determinação da Convergência de Séries Numéricas 152 5.6 Séries Absolutamente Convergentes e a Convergência Condicional 154 Referências 160 Objetivos da Unidade Unidade I - Intro- dução às Equações DiferenciaisI Ao final desta unidade, o aluno será capaz de se familiarizar com os conceitos fundamentais e introdutórios das funções de duas variáveis reais. Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta unidade, você seja capaz de: - Compreender a importância da teoria das equações diferenciais ordinárias para a Matemática, Física e Engenharia. - Reconhecer e Classificar, sem dificuldades, as equações diferenciais quanto à or- dem, linearidade e tipo. - Interpretar e caracterizar geometricamente a solução de equações diferencias ordinárias. - Estar familiarizado de forma específica com algumas aplicações a serem resolvidas via equações diferencias ordinárias. - Resolver diversas aplicações dentro da Matemática, Física, Engenharia e áreas afins, envolvendo os aspectos teóricos discutidos na unidade. “A escada da sabedoria tem os degraus feitos de números.” (Blavatsky) 15 Unidade I - Introdução às Equações Diferenciais 1.1. Aspectos Introdutórios do Cálculo Diferencial e Integral de Funções de Várias Variáveis Segundo Zill (2001) é notório que diversos problemas importantes e significativos da Mate- mática, Física, Economia e Engenharia em geral, quando baseados em linhas matemáticas, exigem a resolução de equações diversas. Cabe salientar que, de modo específico, exigem a caracterização de uma função obediente a uma equação que contém uma ou mais derivadas ordinárias de uma função y = f(x), não conhecida a priori. De outra forma, em ciências, Engenharia, Economia e até mesmo em Psicologia, rotineiramente é desejada a descrição ou modelagem do comportamento de algum sistema real ou fenômeno real no âmbito matemático. São exemplos, de situações que envolvem um modelo matemático, que serão resolvidos através da caracterização da solução de uma equação diferencial. As Equações Diferenciais fundamentalmente são o suporte matemático para muitas áreas da ciência e da engenharia em geral. Figura 1 - As equações diferenciais nas diversas áreas do conhecimento. Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD 16 Figura 2 - Situações envolvendo modelagem via equações diferenciais Fonte: istock.com Além disso, de acordo com Boyce (2011), deve-se ressaltar que o estudo das equações diferenciais atraiu a atenção de muitos entre os maiores matemáticos nos últimos três séculos de desenvolvimento da humanidade e, por conseguinte, de seus processos e tecnologia. Grosso modo, um pouco mais à frente, discutiremos de forma detalhada a parte histórica de tal subárea da Mate- mática, apresentando os principais pensadores que colaboraram de forma significativa para o desen- volvimento da mesma. Não muito distante desse contexto, continua a ser um campo dinâmico de investigação, com muitas questões interessantes ainda em aberto. Sem dúvida nenhuma, constitui uma área da Matemática com grande aplicabilidade na resolução de diversas situações reais do nos- so dia-a-dia. As palavras, diferencial e equações, obviamente sugerem a resolução de algum tipo de equa- ção envolvendo derivadas, já que os mesmos são visualizados inicialmente em um curso introdutório de cálculo. Em verdade, as palavras identificadas anteriormente, contém a história completa sobre a disciplina que estamos prestes a iniciar. Mas antes de começarmos a resolver qualquer problema ou equação diferencial, devemos conhecer algumas definições e terminologias básicas sobre o assunto, que faremos no início desta unidade. 17 1.2. Por que Devemos Estudar Equações Diferenciais? Sabemos que a Matemática e suas ferramentas é produto da cultura humana e faz parte do nosso cotidiano. Com relação especificamente às equações diferenciais, por que você, um futuro cientista (Matemático, Físico, Químico, Economista, etc.) ou Engenheiro (Produção, Civil, Mecânica, Elétrico, etc.) necessita estudar este assunto? A resposta é bem simples, equações diferenciais são o suporte matemático para muitas áreas da ciência e da engenharia. Por isso, examinamos, ainda que brevemente, como as equações diferenciais surgem a partir da tentativa de formularmos, ou descre- vermos, certos sistemas físicos em termos matemáticos. Matemática Equações Diferenciais Modelagem Matemática Situações Diversas Figura 3 - Aplicabilidade das equações diferenciais Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD 1.3. Classificando as Equações Diferenciais Segundo Alguns Critérios Básicos Já foi comentado anteriormente que muitosproblemas relevantes e significativos da Mate- mática, Física, Economia, Engenharia em geral, das ciências físicas e das ciências sociais, formulados em termos matemáticos, exigem a caracterização de uma função que obedece a uma equação que contém uma ou mais derivadas de uma função desconhecida. De acordo com Boyce (2011) estas equações são conhecidas como equações diferenciais. Talvez o exemplo mais conhecido por nós 18 seja o da segunda lei de Newton, que nos diz: F = m.a Onde: F = força, m = massa do corpo, a = aceleração Desta maneira, se u(t) é a posição no instante t de uma partícula de massa m submetida a uma força F, podemos escrever: m. dt2 d 2u = F [t,u, dt du ] Onde a força F pode ser função de t, u e da velocidade . A fim de caracterizarmos o movi- mento da partícula sob a ação da força F é necessário encontrarmos uma função u que obedeça à equação anterior. Logicamente, o nosso objetivo principal é discutirmos algumas propriedades das soluções das equações diferenciais e descrevermos alguns dos métodos de resolução. Conceito Equação Diferencial (Adaptado de Zill 2001): Qualquer equação que contenha as derivadas de uma ou mais variáveis dependentes, em relação a uma ou mais variáveis independentes, é chamada de equação diferencial. Neste contexto, as equações diferenciais, frequentemente, são classificadas com relação a três critérios básicos, que são: o tipo, a ordem e a linearidade. Classificação das Equações Diferenciais Quanto ao Tipo Quanto à Ordem Quanto à Linearidade Figura 4 - Critérios de classificação das equações diferenciais Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD 19 Vejamos a particularidade de cada um desses critérios a seguir. 1.3.1. Classificação Quanto ao Tipo Nesse critério, as equações diferenciais podem ser classificadas como equações diferenciais ordinárias e equações diferenciais parciais. Particularmente falando, dizemos que uma equação di- ferencial é dita ordinária quando comparecem apenas as derivadas ordinárias de uma dada função y = f(x). De modo contrário, uma equação diferencial é dita parcial quando aparecem as derivadas parciais de uma dada função z = f(x,y). Vejamos alguns exemplos ilustrativos, com relação a essa classificação: 1.3.1.1. Equações Diferenciais Ordinárias Abaixo listamos alguns exemplos de equações diferenciais ordinárias. 1) y’ = 4xy 2) dx dy = 3.y 3) dt dR(t) =- k.R(t) (equação que governa o decaimento de uma substância radioativa com o tempo R(t), como o do rádio, onde k é uma constante conhecida). 4) dx 3 d 3y - x. dx dy + (x 2 - 1) .y = e x 5) y'''' + y''' - y'' + y' = x + y 6) y'' + y' = cos x 7) y''' - 3.y''' + y'' - 2.x.y 2 = In(x.y) 20 8) e y . dx 2 d 2y + 2. dx dyb l 2 = 1 9) y'' + 2.y = cos x + y^ h 10) L. dt2 d 2Q t] g + R. dt dQ t] g + C 1 .Q t] g = E t] g (para a carga Q(t) de um capacitor num circuito com capacitância C, resistência R, indutância L e voltagem externa E(t)). Segundo Boyce (2011), se uma equação contém somente derivadas ordinárias de uma ou mais variáveis dependentes, com relação a uma única variável de- pendente, ela é chamada de equação diferencial ordinária, a qual indicaremos por E.D.O que, grosso modo, seria a abreviação da nomenclatura em questão. 1.3.1.2. Equações Diferenciais Parciais Abaixo listamos alguns exemplos de equações diferenciais parciais. 1) dy du = dx dv 2) x dx du + y dy du = u 3) dx 2 d 2u = dt2 d 2u - 2. dt du 21 Segundo Boyce (2011), se uma equação contém somente derivadas parciais de uma ou mais variáveis dependentes de duas ou mais variáveis independentes, então a equação é denominada equação diferencial parcial, a qual denotaremos por EDP que, grosso modo, seria a abreviação da nomenclatura em questão. 4) dx 2 d 2u x,y^ h + dy 2 d 2u x,y^ h = 0 (Equação do Potencial ou Equação de Laplace) 5) a. dx 2 d 2u x,y^ h + dt2 du x,y^ h = 0 (Equação de Difusão ou Condução de Calor) onde a é uma cons- tante determinada 6) a2 . dx 2 d 2u x,y^ h = dt2 du x,y^ h (Equação de Onda) onde a é uma constante determinada. Segundo Zill (2001), deve-se salientar que a equação do potencial, a equação da difusão e a equação de onda aparecem em muitos problemas de eletricidade e magnetismo, na elasticidade e na mecânica dos fluidos. O nosso intuito será centrado especificamente no estudo das equações diferenciais ordiná- rias (E.D.O). Desta forma, sempre que colocarmos E.D.O, estaremos falando diretamente em uma equação diferencial ordinária. 1.3.2. Classificação Quanto a Ordem 1.3.2.1. Caracterização da Ordem de Uma E.D.O. Abaixo listamos alguns exemplos envolvendo a determinação da ordem de uma E.D.O. 22 1) y' = 3xy Ordem 1 ou Primeira Ordem 2) dx dy + 5.x.y = 2y + x 2 Ordem 1 ou Primeira Ordem 3) dx dy = y.x Ordem 1 ou de Primeira Ordem 4) dx 3 d 3y - x dx dy + x 2 - 1] g .y = e x Ordem 3 ou de Terceira Ordem 5) y'''' + y''' - y'' + y' = x + y Ordem 4 ou de Quarta Ordem 6) 0.y'''' - 3.y''' + y'' - 2.x.y 2 = In x.y^ h (Qual é a ordem desta equação?) Neste caso, temos que o coeficiente de y’’” é igual a zero, sendo assim, a ordem desta E.D.O. é TRÊS, ou seja, a equação dada é de terceira ordem. 7) 4y''' - 3.y''' + y'' - 2.x.y 3 = In x.y^ h Ordem 3 ou de Terceira Ordem 8) 2e y . dx 2 d 2y + 2. dx dyb l 2 = 1 Ordem 2 ou de Segunda Ordem 9) 4y'' + 2.y = cos x + y^ h Ordem 2 ou de Segunda Ordem 10) L. dt2 d 2Q t] g + R. dt dQ t] g + C 1 .Q t] g = E t] g Ordem 2 ou de Segunda Ordem Deve ficar claro que, para caracterizarmos a ordem de uma E.D.O., basta olhar- mos a derivada com maior ordem que comparece na equação. 23 1.3.3. Classificação quanto a Linearidade Aqui, talvez seja onde teremos um pouco mais de dificuldade na classificação em um pri- meiro momento, mesmo que tenhamos apenas duas subclasses nesse critério específico. Mas fique tranquilo, que a partir da discussão dos primeiros exemplos, estaremos minimizando gradativamente tal dificuldade. Essa classificação é de primordial importância para os nossos propósitos já que, a partir daqui, estaremos visualizando os primeiros métodos de resolução de equações, bem como, as primeiras aplicações específicas. Com relação à linearidade, temos que uma E.D.O. de ordem n na função incógnita y e na variável independente x é dita uma equação diferencial linear, se possui a forma: Onde as funções b (x) (j = 1, 2,..., n) e g(x) supõem-se funções conhecidas e dependem apenas da variável x (ou de t caso y = f(t)). As equações diferenciais ordinárias que não podem ser escritas sob a forma anterior são conhecidas como equações diferenciais não-lineares. Vejamos alguns exemplos ilustrativos envolvendo a caracterização da linearidade de ma dada E.D.O. 1.3.3.1. Classificação de Uma E.D.O quanto à Linearidade Abaixo listamos alguns exemplos envolvendo a classificação de uma E.D.O com relação à linearidade. 24 1) dx dy = 3.y Equação Diferencial Ordinária Linear 2) dx 3 d 3y - x. dx dy + x 2 - 1] g .y = e x Equação Diferencial Ordinária Linear 3) y'''' + y''' - y'' + y' = x + y Equação Diferencial Ordinária Linear (Por quê?) Neste caso, podemos reescrever a equação como segue: y'''' + y''' - y'' + y' - y = x 4) y'' + y' = cos x Equação Diferencial Ordinária Linear 5) y''' - 3.y''' + y'' - 2.x.y 2 = In x.y^ h Equação Diferencial Ordinária Não-Linear 6) e y . dx 2 d 2y + 2. dx dyb l 2 = 1 Equação Diferencial Ordinária Não-Linear 7) y'' + 2.y = cos x + y^ h Equação Diferencial Ordinária Não-Linear 8) 2. dx 2 d 2y + dx dy + 3y = 2x - 1 Equação Diferencial Ordinária Linear 9) x 2 . dx 2 d 2y + 5x dx dy + 5y = 2x + y - 1 Equação Diferencial Ordinária Linear 10)3y'' + y.y' = senx Equação Diferencial Ordinária Não-Linear Em outras palavras, notemos que as equações diferenciais lineares são caracte- rizadas por duas propriedades: I) A variável dependente y e todas as suas derivadas são do primeiro grau; isto é, a potência de cada termo envolvendo y é igual a 1. II) Cada coeficiente depende apenas da variável independente x. 25 Equações Lineares Coeficientes da função y e de suas derivadas só dependem da variável independente Coeficientes da função y e de suas derivadas podem ser funções constantes Equações Não-Lineares Coeficientes da função y e de suas derivadas podem depender das derivadas de y Coeficientes da função y e de suas derivadas dependem também de y Figura 5 - Interpretando a caracterização da linearidade de uma E.D.O. Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD 1.4. Terminologias e Conceitos Básicos Adicionais Envolvendo as E.D.O’s Vejamos mais algumas informações importantes com relação a outras terminologias que serão utilizadas ao longo do estudo sobre as equações diferenciais ordinárias, bem como, apresenta- mos mais alguns conceitos fundamentais para o desenvolvimento dos aspectos teóricos a posteriori. 1.4.1. Notação Usaremos com frequência os símbolos y’, y’’, y’’’, y’’’’, y(5),...,y(n) a fim de descrevermos as de- rivadas de ordem, respectivamente, primeira, segunda, terceira, quarta, quinta,..., enésima de y em relação à variável independente x. Assim sendo, y’’ representa dx 2 d 2y se a variável independente é x, mas representa dp 2 d 2y se a variável independente é p. Se a variável independente é o tempo, usual- mente denotada por t, é comum substituirmos as linhas por pontos. Logicamente y, . y, .. y ... representam dt dy , dt2 d 2y e dt3 d 3y , respectivamente. Note que o uso dos parênteses em y para distinguir a potência y . Ressaltamos que podem comparecer no material de estudo qualquer uma dessas notações apresentadas anteriormente. A Figura 5 a seguir, nos dá uma pequena diferenciação entre as equações diferenciais ordi- nárias lineares e as equações diferenciais ordinárias não-lineares. 26 1.4.2. Solução de Uma E.D.O Segundo Zill (2001), uma solução de uma equação diferencial na função incógnita y e na variável independente x, no intervalo I, é uma função y(x) que verifica identicamente a equação para todo x em I. Em outras palavras, é a função y(x) que torna a equação diferencial uma identidade para qualquer ponto que pertença ao intervalo I. Conceito Solução de Uma E.D.O (Adaptado de Zill 2001): Toda função f definida em algum intervalo I que, quando substituída na equação diferencial, torna a equação uma identidade, é chamada de solução para a E.D.O. no intervalo I. Observe que é como se pensássemos na generalização da resolução de uma equação do 1º grau ou 2º grau, guardando-se as devidas proporções. Vejamos alguns exemplos ilustrativos en- volvendo a caracterização da solução, ou soluções, para uma dada E.D.O. em intervalos específicos. A função y(x) = eX é uma solução para a equação diferencial ordinária y’’ – y = 0 no intervalo I = ℜ. Solução: Notemos primeiramente que necessitamos da derivada segunda de y com relação a x, já que a mesma aparece na equação dada. Assim, como y(x) = e temos que: y'(x) = y’’(x) = eX Logo, substituindo na equação, vamos obter: y’’ – y = 0 eX – eX = 0 0 = 0 (Verdadeiro) 27 Donde concluímos que y(x) = eX é uma solução para a equação diferencial ordinária dada y’’ – y = 0 no intervalo I = ℜ. A função y(x) = e- X é uma solução para a equação diferencial ordinária y’’ – y = 0 no intervalo I = ℜ. Solução: Notemos inicialmente que necessitamos mais uma vez da derivada segunda de y com relação a x, já que a mesma aparece na equação dada. Desta maneira, como y(x) = eX temos que: y'(x) = – e-X e y’’(x) = e-X Logo, substituindo na equação, vamos obter: y’’ – y = 0 e-X – e-X = 0 0 = 0 (Verdadeiro) Donde concluímos que y(x) = e-X é uma solução para a equação diferencial ordinária dada y’’ – y = 0 no intervalo I = ℜ. Consideremos a equação dx dy - y = e 2.x , temos que a função y = y(x) = e2.X é uma solução da equação dada para todo x real. Por quê? Solução: Neste caso, a partir da função y = y(x) = e devemos calcular a derivada primeira de y. Sendo assim, temos que: y = e2.X Implica que y' = 2. e2.X Daí, substituindo na equação vem que: dx dy - y = e 2.x 2.e2.X - e2.X = e (Verdadeiro) 28 Ou seja, 0 = 0 (Verdadeiro) Portanto, concluímos que função y = y(x) = e2.X é uma solução da equação dada. Dica! Notemos que neste exemplo o intervalo I não foi especificado. Toda vez que acontecer tal fato, fica subentendido para nós que o intervalo em questão é o conjunto dos números reais, ou seja, I = ℜ. Verifique se a função y = lnx é solução da equação x.y’’ + y’ = 0 no intervalo I = (0, + ∞). Solução: Notemos que para o intervalo I = (0, + ∞) a função y = lnx está bem definida, já que, como sabemos, a função logarítmica só está definida para valores positivos (i.e., para x > 0). Desta forma, temos que encontrar primeiramente as derivadas primeira e segunda para a função y = lnx. Daí: y = lnx Implica que y' = x 1 (Derivada de lnx) Donde segue também que y'' = x 2 -1 (Você pode utilizar a regra do quociente ou da potência) Logo, substituindo na equação diferencial dada obtemos: x.y'' + y' = 0 x. x 2 -1 + x 1 = 0 x -1 + x 1 = 0 Ou seja: 29 Ou ainda, 0 = 0 (Verdadeiro) Portanto, concluímos que a função y = lnx é solução da equação x.y’’ + y’ = 0 no intervalo I = (0, + ∞). A função y(x) 1 é solução da equação y’’ + 2.y’ + y = x no intervalo I = ? Solução: Neste caso, temos que: y(x) ≡ 1 (função identicamente igual a 1) y’ = y’’ = 0 Logo, substituindo na equação dada obtemos: y’’ + 2.y’ + y = x 0 + 2.(0) + 1 = x 1 = x (Falso) (Só é verdade para x = 1) Desta forma, concluímos que y(x) ≡ 1 NÃO é solução da equação dada, já que a igualdade acima não é verificada para todo x ∈ I = ℜ , sendo verdadeira, APENAS para x = 1. Portanto, a resposta para a indagação do exemplo é NÃO. Toda equação diferencial admite solução? Sim ou não? Justificar a sua resposta. Solução: A resposta para tal indagação é NÃO, já que, por exemplo, a equação diferencial abaixo: (y’)2 = – 1 Não possui solução, já que nenhum quadrado pode ser igual a um número negativo se conside- rarmos I = ℜ. 30 Mesmo sabendo que uma solucao existe, pode acontecer que essa solução não possa exprimir-se em termos das funções elementares usuais – funções algébri- cas, trigonométricas, exponencial, logarítmica e hiperbólicas. Infelizmente está é a situação para a maioria das equações diferenciais. 1.4.3. Caracterizando Soluções Explícitas e Implícitas Você deve se lembrar de que, em um curso de cálculo introdutório, foram estudadas as noções de funções explícitas. Analogamente, soluções de equações diferenciais são divididas em explícitas ou implícitas. Desta forma, definimos as soluções explícitas e implícitas de uma equação diferencial ordiná- ria como segue: Soluções Explícitas (Adaptado de Zill 2001): Uma solução para uma E.D.O. que pode ser escrita na forma y = f(x) é chamada de solução explícita. Soluções Implícitas (Adaptado de Zill 2001): Dizemos que uma relação G(x,y) = 0 é uma solução implícita de uma E.D.O. em um intervalo I, se ela define uma ou mais soluções explícitas em I. Vejamos alguns exemplos ilustrativos envolvendo a caracterização de soluções explícitas e implícitas de determinadas E.D.Os. (Solução Explícita) Vimos anteriormente que a função y(x) = eX é uma solução para a equação diferencial ordinária y’’ – y = 0 no intervalo I = ℜ. Neste caso, tal função y(x) = eX é uma soluçãoexplícita para a equação diferencial ordinária dada. 31 (Solução Explícita) Vimos anteriormente que a função y(x) = e-X é uma solu- ção para a equação diferencial ordinária y’’ – y = 0 no intervalo I = ℜ. Neste caso, tal função y(x) = e-X é uma solução explícita para a equação diferencial ordinária dada. (Solução Implícita) Para –2 < x < 2, a relação x2 + y2 – 4 = 0 é uma solução implícita para a equação diferencial dx dy = y -x Solução: De fato, temos por derivação implícita que: dx d x 2] g + dx d y 2^ h- dx d 4] g = 0 Ou seja, 2x + 2y. dx dy = 0 Ou ainda, dx dy = y -x Notemos que a relação x2 + y2 – 4 = 0 no exemplo acima define duas funções explícitas, que são: y = 4 - x 2 e y =- 4 - x 2 No intervalo (–2, 2). Além disso, observemos que qualquer relação da forma x2 + y2 – c = 0 satisfaz, formalmente, dx dy = y -x para qualquer constante c. Todavia, fica subentendido que a relação deve sempre fazer sentido no sistema dos números reais; logo, não podemos dizer que x2 + y2 + 1 = 0 determina uma solução da equação diferencial. 32 Dica! Ressaltamos que, como a distinção entre uma solução explícita e uma so- lução implícita é intuitivamente clara, não nos preocuparemos em dizer sempre que “neste caso temos uma solução explícita (implícita)”. 1.4.4. Interpretando o Número de Soluções de uma E.D.O Salientamos que devemos nos acostumar com o fato de que uma dada equação diferencial geralmente possui um número infinito de soluções, ou seja, não possui um número finito de solu- ções como acontece com as equações elementares de primeiro e segundo graus. Vejamos alguns exemplos ilustrativos. Para qualquer valor de c, a função y = x c + 1 é uma solução da equação diferencial de primeira ordem: x. dx dy + y = 1 no intervalo (0, ∞). Solução: De fato, neste caso, temos que: dx dy = c. dx d x -1] g + dx d 1] g =- c.x -2 =- x 2 c Então x. dx dy + y = x. - x 2 cb l+ x c + 1b l= 1 1 = 1 (Verdadeiro) Desta maneira, variando o parâmetro c, podemos gerar uma infinidade de soluções. Em particular, fazendo c = 0, obtemos uma solução constante y = 1. Vejamos na Figura 6 abaixo, a interpretação geométrica de tal situação. 33 Figura 6 - Interpretação geométrica do exemplo acima Fonte: Elaborado pelo próprio autor a partir do programa Winplot Temos que qualquer função da família a um parâmetro y = c.x é uma solu- ção para a equação diferencial: x.y’ – 4.y = 0. Solução: Neste caso, temos que: x.y’ – 4.y = x.(4.c.x3) – 4.c.x4 A função definida por partes y = -x 4 .x 1 0 x 4 .x $ 0 ) é também uma solução. Observemos que essa função pode ser obtida a partir de y = c.x4 por intermédio de uma única escolha do parâmetro c. Vejamos esta disposição geométrica na Figura 7 a seguir. Figura 7 - Interpretação geométrica do exemplo acima Fonte: Elaborado pelo próprio autor a partir do programa Winplot 34 1.4.5. Solução Particular e Solução Geral De acordo com Boyce (2011), uma solução para uma equação diferencial que não depende de parâmetros arbitrários é denominada de solução particular. De outra forma, a solução geral da equação diferencial é o conjunto formado por todas as suas soluções. Solução Geral - é o conjunto formado por todas as suas soluções. Solução Particular - é qualquer solução da mesma. Figura 8 - Definição de solução geral e solução particular de uma E.D.O. Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD 1.5. Interpretando os Problemas de Contorno e os Problemas de Valor Inicial (P.V.I) Rotineiramente, quando desejamos resolver uma determinada situação problema (problema real), nos deparamos com a necessidade de encontrarmos uma descrição peculiar de tal situação, ou seja, é necessário que encontremos uma solução particular. Assim sendo, no contexto das equações diferenciais ordinárias, isso não é diferente. Desta maneira, segundo Boyce (2011), observa-se que um Problema de Valor Inicial (P.V.I), consiste em um conjunto formado por uma equação diferencial com condições previamente defi- nidas associadas à função incógnita e suas respectivas derivadas, obviamente tudo sendo colocado para um único valor da variável independente. Além disso, segundo Boyce (2011), tais condições es- pecíficas são chamadas de condições iniciais neste contexto. Contrariamente, se tivermos que essas condições peculiares se refiram a mais de um valor da variável independente, o problema é então conhecido como Problema de Valores de Contorno, e as condições nesse ponto são denominadas de condições de contorno. 35 E.D.O Condições Iniciais Problema de Valor Inicial (PVI) Figura 9 - A interpretação de um Problema de Valor Inicial (P.V.I). Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD 1.6. Aspectos Históricos Relacionados as Equações Diferenciais Ordinárias Vamos descrever um pouco sobre os aspectos teóricos das equações diferencias ordinárias nesse momento. Para tal, podemos iniciar tal discussão tomando como referências algumas indaga- ções iniciais, como seguem: - Como surgiram as Equações Diferenciais? - Qual a importância das mesmas dentro da Matemática, Física e Engenharia? - Qual a necessidade de estudarmos as Equações Diferenciais para a resolutiva de situações diversas? As respostas para estas e diversas outras indagações serão respondidas agora e ao longo da disciplina. Em verdade, já poderíamos descrever as Equações Diferenciais como um importante ramo da Matemática, cujo desenvolvimento está amplamente relacionado com o desenvolvimento da própria Matemática. Segundo Boyce (2011), as Equações Diferenciais são um importante ramo da Matemática, cujo desenvolvimento está amplamente relacionado com o desen- volvimento da própria Matemática e de algumas de suas ferramentas para a resolução de aplicações diversas. Desta forma, segundo Boyce (2011), o surgimento de estudos relacionados às equações diferenciais se deu precisamente no início do Cálculo Diferencial e Integral, especificamente falando, com Isaac Newton, por volta de 1.642 e Gottfried Wilhelm Leibniz por volta de 1.646, ambos no século XVII. Embora Newton tenha trabalhado pouco na área das equações diferenciais, o desenvol- 36 Figura 10 - Surgimento do estudo das E.D.O’s com Isacc Newton. Figura 11 - A contribuição de Leibniz Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD vimento que o mesmo proporcionou ao Cálculo Diferencial e Integral e a explicação dos princípios fundamentais da mecânica, constituíram a base para as aplicações realizadas por Euler no século a seguir. Isaac Newton Gottfried Wilhelm Leibniz Euler Cálculo Diferencial e Integral Equações Diferenciais Tópicos de Mecânica Mais precisamente, Newton classificou as equações diferenciais de primeira ordem de acor- do como as formas: dx dy = f x] g dx dy = f y^ h Salientamos que, para essa última equação, Newton desenvolveu um método de resolução tendo como alicerce a Teoria das Séries Infinitas, quando a função f(x, y) é definida como um poli- nômio nas variáveis x e y. De outra forma, de acordo com Boyce (2016), Leibniz, nasceu na cidade de Leipzig, na Alemanha, chegando ao descobrimento do método das variáveis separáveis no ano de 1961, a redução de equações homogêneas e equações separáveis também em 1961 e o proce- dimento de resolução de equações lineares de primeira ordem no ano de 1964. Leibniz - Desenvolvimento de Técnicas Específicas das E.D.O's 1961 Redução de Equaçõs Homogêneas Redução de Equações Separáveis 1964 Procedimento de Resolução de Equações Lineares de Primeira Ordem 37 É interessante informarmos ainda que, de acordo com Zill (2001), os irmãos Jakob e Johann Bernoulli, nascidos na Basiléia, contribuíram de modo significativopara o desenvolvimento de méto- dos de solução de equações diferenciais, bem como, com a ampliação do campo de aplicação das mesmas. De outra forma, Daniel Bernoulli, filho de Johann Bernoulli, se interessava particularmente pelas equações diferenciais parciais e modelagens relacionadas. Especificamente falando, seu nome está intimamente ligado à conhecida Equação de Bernoulli da área da mecânica dos fluidos. Além disso, Daniel Bernoulli também foi o primeiro a caracterizar as funções, que um século depois, tor- naram-se conhecidas como as funções de Bessel. Métodos de Resolução Jakob Bernoulli Daniel Bernoulli Johann Bernoulli Figura 12 - A contribuição da família Bernoulli Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD A seguir, temos as contribuições de um dos maiores pesquisadores matemáticos de todos os tempos, em especial, ele foi considerado o maior matemático do século XVIII. Aqui, de acordo com Figueiredo (2008), estamos nos referindo a Leonard Euler (1707 – 1783), que cresceu próximo a Basiléia e tendo como um de seus mestres Johann Bernoulli. Em verdade, Leonard Euler foi o matemático que mais produziu na história da humanidade, sendo que suas obras completam quase uma centena de exemplares de livros por inteiro. Ele trabalhava, ba- sicamente, com todas as áreas da matemática, sendo que tinha um interesse assíduo em aplicações da mecânica que tinham soluções via equações diferencias ordinárias, particularmente falando, ele desenvolveu, nas entrelinhas, a exatidão das equações de primeira ordem, o método dos fatores integrantes e descreveu a solução geral das equações lineares com os coeficientes constantes, bem como, da tratativa envolvendo as equações não homogêneas. 38 Formulação de Problemas em Mecânica Desenvolvimento da Teoria dos Fatores Integrantes Identificou a exatidão das E.D.O's de Primeira Ordem Apresentou a solução geral para as equações lineares com coeficientes constantes Leonard Euler Figura 13 - A contribuição do matemático Leonard Euler Figura 14 - A contribuição de Joseph Louis Lagrange Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD Segundo Zill (2001) o sucessor de Leonard Euler, foi Joseph Louis Lagrange italiano da cida- de de Turim que, no âmbito das equações diferenciais, apresentou a solução de uma equação dife- rencial homogênea de ordem n como uma combinação linear de n soluções independentes, além de ter desenvolvido o método da variação dos parâmetros. Além disso, Lagrange também possui seu nome diretamente relacionado à descrição importante que montou sobre as equações diferenciais parciais e no cálculo das variações. Sucessor de Euler na cadeira de Matemática da Academia de Berlim Mécanique Analytique (obra prima) Apresentou a solução para uma E.D.O homogênea de ordem n Tratamento fundamental para as EDP's bem como para o cálculo das variações Joseph Louis Lagrange 39 Já Pierre Simon de Laplace (1749 – 1827), desenvolveu uma importante equação trabalhada na física matemática que é a Equação de Laplace, bem como, fez diversas investigações no campo da atração gravitacional e descreveu, nos mínimos detalhes, o aparato envolvendo a Transformada de Laplace, que estudaremos um pouco mais a frente. Pierre Simon de Laplace Traité de mécanique céleste Transformada de Laplace Figura 15 - A contribuição de Pierre Simon de Laplace Figura 16 - As equações diferenciais no séculos XIX e XX. Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD Assim sendo, de acordo com Boyce (2011), ao final do século XVIII, vários métodos elementares para a resoluti- va de equações diferenciais ordinárias tinham sido descobertas. Nos séculos subsequentes, a tratativa se direcionou a investigar questões teóricas relacionadas a existência e unicidade, bem como, com relação a métodos baseados em séries de potências. Aqui também, não podemos nos esquecer do desenvolvimento envolvendo as equações diferenciais parciais. o Investigações de questões teóricas o Desenvolvimento de métodos numéricos Século XIX o E.D.O’s se desenvolveram com o crescimento com a computação gráfica; o Muitos problemas ainda continuam em aberto. Século XIX 1.7. Algumas Modelagens Matemáticas Pautadas nas E.D.Os Da literatura é sabido que a palavra modelo significa uma versão simplificada de uma deter- minada situação real. Já comentamos anteriormente sobre a empregabilidade das equações diferen- ciais em diversas áreas do conhecimento, como por exemplo, Ciências, Engenharia, Economia e até mesmo em Psicologia. Em verdade, frequentemente desejamos descrever ou modelar o comporta- mento de algum sistema ou fenômeno em termos matemáticos. Essa descrição se baseia com a: 40 - Identificação das variáveis que são responsáveis por mudanças do sistema. - Interpretação de um conjunto de hipóteses razoáveis sobre o sistema. Salientamos que estas hipóteses também incluem algumas leis empíricas que são aplicáveis ao sistema. A estrutura matemática de todas as hipóteses, ou o modelo matemático do sistema, é comumente uma equação diferencial ou um sistema de equações diferenciais. Além disso, devemos ressaltar que um modelo matemático de um sistema físico, geralmente, está intimamente ligado a variável tempo. Desta maneira, Zill (2001) nos diz que solucionar um modelo representa então o estado do sistema. Grosso modo, para valores particularizados do tempo t, os valores da variável dependente (ou variáveis), descrevem o sistema no passado, presente e futuro. Variáveis modificadoras do sistema Conjunto de Hipóteses Modelo Matemático de uma situação real Figura 17 - A modelagem matemática de uma situação real Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD A seguir, listamos algumas aplicações (modelos matemáticos) de diversas situações que ocorrem no dia-a-dia em diversas áreas do conhecimento, onde se faz necessária a resolução de uma equação diferencial ordinária. - Lei do Esfriamento de Newton – Adaptado de Zill 2001: De acordo com a empírica lei de esfriamento de Newton, a taxa de esfriamento de um corpo é proporcional à diferença entre a temperatura do corpo e a temperatura do meio ambiente. Suponhamos que T(t) denote a tempe- 41 ratura de um corpo no instante t e que a temperatura do meio seja constante, igual a Tm . Se dt dT representa a taxa de variação da temperatura do corpo, então a lei de esfriamento de Newton poderá ser expressa matematicamente da seguinte forma: dt dT \ T - Tm] g ou dt dT = k. T - Tm] g Onde k é uma constante de proporcionalidade. Como, por hipótese, o corpo está esfriando, deve- mos ter T > Tm, logo k < 0. - Corpo em Queda Livre – Adaptado de Zill 2001: A descrição matemática de um corpo caindo verticalmente sob a influência da gravidade, leva a uma simples equação diferencial de se- gunda ordem. A solução para essa equação fornece-nos a posição do corpo em relação ao solo. A Figura 18 abaixo nos mostra uma situação típica de queda livre (uma pedra sendo lançada de um edifício). Figura 18 - A representação geométrica de um corpo em queda livre Fonte: Zill (2001) A equação diferencial que modela governa a trajetória vertical do corpo é dada por: dt2 d 2s =- g Onde g representa a aceleração da gravidade e o sinal negativo é usado porque o peso do corpo é uma força dire- cionada para baixo, ou seja, oposta à direção positiva. Ressal- tamos ainda, que a aceleração é a derivada da velocidade, que, por sua vez, é a derivada da distância s. Além disso, podemos observar claramente que essa formulação ignora outras forças, como por exemplo a força de resis- tência do ar atuando sobre o corpo em questão. - Capitalização Contínua: Rotineiramente,as instituições financeiras anunciam capitalização diária dos juros. Poderíamos ter capitalização a cada hora ou mesmo a cada minuto. Não existe 42 razão para parar aí, ou seja, juros poderiam ser capitalizados a cada segundo, a cada meio segundo, a cada décimo segundo, a cada milésimo de segundo e assim por diante. Isto quer dizer que os juros podem ser capitalizados continuamente, caracterizando o que denominamos de Capitalização Contínua. Lembremos que juros significa o que pagamos pelo alu- guel do dinheiro ao longo do tempo. Ilustrativamente, consideremos a seguinte situação: Alessandro coloca a quantia de R$10.000,00, posta a juros de 10% ao ano, sob a condição de que os juros cresçam linearmente, ou seja, o regime de capitalização é o regime linear de juros. Quantos anos serão necessários para que a soma atinja R$20.000,00? A partir do momento que criarmos o alicerce, bem como, estudarmos os vários métodos de resolução de E.D.Os, sejam elas de primeira ou segunda ordens, transformadas integrais e trans- formada de Laplace, estaremos resolvendo estas aplicações práticas, dentre outras. 1.8. Exercícios de Fixação Vejamos mais alguns problemas resolvidos envolvendo os principais aspectos teóricos discu- tidos anteriormente. 1.8.1. Caracterização da Ordem de Uma E.D.O. Abaixo listamos alguns exemplos envolvendo a determinação da ordem de uma E.D.O. 43 5) 0.y'''' - 3.y''' + y'' - 2.x.y 2 = In x.y^ h (Qual é a ordem desta equação?) Neste caso, te- mos que o coeficiente de y’’’’ é igual a zero, sendo assim, a ordem desta E.D.O. é TRÊS, ou seja, a equação dada é de terceira ordem. 6) y''' - 3.y''' + y'' - 2.x.y 2 = In x.y^ h Ordem 2 ou de Segunda Ordem 7) e y . dx 2 d 2y + 2. dx dyb l 2 = 1 Ordem 2 ou de Segunda Ordem 8) y'''' - 2x 2y' + 3senx.y = x - 1 Ordem 4 ou de Quarta Ordem 9) y'' - 2y' + 3y = 7 Ordem 2 ou de Segunda Ordem 10) y'' + 2.y = cos x + y^ h Ordem 2 ou de Segunda Ordem 11) L. dt2 d 2Q t] g + R. dt dQ t] g + C 1 .Q t] g = E t] g Ordem 2 ou de Segunda Ordem 12) 2x dx 2 d 2y + 3x 2 dx dy - 4x 2 .y = 3y Segunda Ordem, Linear 1) dx dy + 5.x.y = 2y + x 2 Ordem 1 ou de Primeira Ordem 2) dx dy = y.x Ordem 1 ou de Primeira Ordem 3) dx 3 d 3y - x. dx dy + x 2 - 1] g .y = e x Ordem 3 ou de Terceira Ordem 4) y'''' + y''' - y'' + y' = x + y Ordem 4 ou de Quarta Ordem 44 13) xy dx 3 d 3y + 3 dx 2 d 2y + dx dy - y 2 = 5x + 7y Terceira Ordem, Não-Linear 14) y''' + 5.xy = sen x + 2y^ h Terceira Ordem, Não-Linear 15) 4y''' - x.y' = x + y - 1 Terceira Ordem, Linear 16) 2y' = 5xy Primeira Ordem, Linear 17) 5y'' + 4y' + 4xy = 4x + 4y Segunda Ordem, Linear 18) 3y'''' + 3y'' - x 3y' = 5 Quarta Ordem, Linear 19) dx 3 d 3y + x 2 . dx dy + x 2 - 3] g .y = 5e x + 2y Terceira Ordem, Linear 20) 3x 2y'''' + 2xyy'' - 3y' = 5x + 4 Quarta Ordem, Não-Linear 21) y' = 4xy 2 Primeira Ordem, Não-Linear 22) 3x 3y''' + 5.x 2y = 2x + y 3 Terceira Ordem, Não-Linear 23) y 2 dx 3 d 3y + dx 2 d 2y + dx dy - 3xy = 4x 2 + 2x - 3 Terceira Ordem, Não-Linear 45 Descrevemos que muitos problemas importantes e relevantes do mun- do da Matemática, Física e da Engenharia formulados em linhas matemáticas, demandam da determinação de uma função que obedece a uma equação que contém uma ou mais derivadas ordinárias, de uma função a priori, desconhe- cida. Neste sentido importantíssimo do estudo das equações diferenciais ordinárias, desta forma, nesta primeira unidade, trabalhamos com os conceitos preliminares das equações diferenciais e notas históricas, desde a sua classificação quanto ao tipo, ordem e linearidade, passando pela descrição de outas terminologias e conceitos pertinentes, descrevendo algumas informações his- tóricas importantes para tal contextualização e exemplificando aplicações de modelagem via tais equações diferenciais ordinárias. Desta forma, a partir da classificação das equações em diferenciais ordinárias, vimos nas entrelinhas a caracterização e interpretação algébrica de uma solução, ou seja, visualizamos o sig- nificado de encontrarmos a solução de uma E.D.O. que, em verdade, se traduz na determinação de uma função incógnita que faz com que a E.D.O. se torne uma identidade. Observe que, agora, você já sabe como preencher a necessidade de apresentar modelos que permitam explicar e compreender o mundo físico, tem sido uma das grandes motivações para o desenvolvimento da Matemática, Física e Engenharia que dependam do contexto de equações diferenciais ordinárias, sejam elas de primeira ordem ou de ordem superior. Objetivos da Unidade Unidade II - Equações Diferen- ciais Ordinárias de Primeira Or- dem: Aspectos Teóricos, Méto- dos de Resolução e AplicaçõesII Ao final desta unidade, o aluno estará familiarizado com os conceitos fundamentais, métodos de resolução e aplicações envol- vendo as equações diferenciais de primeira ordem. 47 Unidade II - Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem: Aspectos Teóricos, Métodos de Resolução e Aplicações 2.1. Aspectos Introdutórios Envolvendo os Sistemas Lineares Na nossa primeira unidade, vimos que uma E.D.O. é dita de primeira ordem, se a derivada de maior ordem que nela comparece é de ordem 1. Além disso, podemos afirmar que tais equações são frequentemente utilizadas em problemas de modelagens envolvendo crescimento e decresci- mento, capitalização contínua, mecânica dos movimentos, etc. Observemos, por exemplo, as aplicações a seguir, que serão resolvidas um pouco mais adiante na unidade. Aplicação 1: (Mecânica do Movimento) Devido ao atrito, um móvel tem aceleração dada pela metade da raiz quadrada da velocidade no início do movimento. Quanto tempo leva o móvel até parar se a sua velocidade inicial é de 16 m/s? Aplicação 2: (Crescimento e Decrescimento – Adaptado de Zill 2001) O isótopo radioativo de chumbo, Pb-209, decresce a uma taxa proporcional à quantidade presente em qualquer tempo. Sua meia-vida é 2,4 horas. Se 20 gramas de chumbo estão presentes inicialmente, quanto tempo levará para 90% de chumbo desaparecer? Para os nossos propósitos, estaremos criando uma sequência lógica, iniciando com a des- crição dos principais métodos de resolução de equações diferenciais de primeira ordem, para que possamos trabalhar com a descrição de modelos das mesmas. Todavia, é interessante que tal apa- rato partirá efetivamente das equações de primeira ordem lineares, de acordo com o critério de linearidade, trabalhado anteriormente. Grosso modo, estaremos interessados, primeiramente, na descrição de equações, escritas geralmente como: (1) dt dy = f t,y^ h 48 Onde f é uma função conhecida de duas variáveis. Segundo Zill (2001), toda função diferençável y = Φ (t), que satisfaça a esta condição para todos os valores de t em um certo intervalo, é interpretada como uma solução. Assim sendo, é de nosso intuito caracterizar se essas funções existem e, em caso afirmativo, descrever métodos para encontrá-las. É importante apontarmos que, para uma função qualquer f, não existe nenhum método geral para resolver a equação, em termos de funções matemáticas elementares. Logicamente, vamos apre- sentar alguns métodos, cada um dos quais se aplica a certa subclasse das equações diferenciais de Subclasses mais importantes de EDOs de primeira ordem Equações Lineares Equações Separáveis Figura 19 - As principais subclasses de equações de primeira ordem Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD Vejamos uma ilustração introdutória acerca de uma equação diferencial de primeira ordem linear. (Adaptado de Boyce 2011): Suponhamos que um dado sistema físico seja modelado por uma E.D.O. descrita como: dt dy + p t] g .y = g t] g Assim sendo, é de nosso interesse encontrar a suasolução? Vamos verificar como podemos caracterizar a sua solução, para que possamos descrever métodos mais gerais de resolução de equações de primeira ordem. primeira ordem. Especificamente falando, as subclasses mais rele- vantes são as das equações line- ares e das equações separáveis. 49 Primeiramente, sem perda de generalidade, suponhamos que as funções p(t) e g(t) sejam duas funções conhecidas e contínuas no intervalo I = (a,b), com a < t < b. Vamos particularizar um pouco mais, considerando a EDO dada por: (3) dt dy + 2 1 .y = 2 3 dt dy =- 2 y - 3 , se y ! 3 Assim sendo, com um pequeno manuseio algébrico (passando y – 3 dividindo, já que y ≠3), transformemos a mesma para: y - 3 dt dy =-2 1 Neste momento, observe que o 1º membro desta última equação denota a derivada da função composta ln |y – 3|. Para averiguarmos tal fato, basta usarmos a Regra da Cadeia para Derivação, desse modo, podemos escrever: dt d In y - 3^ h=-2 1 Logo, se integrarmos a igualdade acima com relação a t, obteremos: In y - 3 =-2 t + C Onde C é uma constante arbitrária (constante de integração – integral indefinida). Portanto, aplicando a função exponencial a ambos os membros, obtemos: y = 3 ! e c .e 2 - t E, assim, escrevemos: C =! e C .e 2 - t Além disso, se tomarmos C =! e C , vem que: (5) y = 3 ! C.e 2 - t Que representa a solução geral da EDO em questão. Notemos sem grandes dificuldades, que C =! e C e é uma constante arbitrária diferente de zero, todavia, se deixarmos C assumir o valor zero, então a solução constante y = 3 também está compreendida na solução geral (5). 50 Neste contexto, a E.D.O. mais geral de primeira ordem, com coeficientes cons- tantes, pode ser descrita como: (6) dt dy = r.y + k onde r e k são constantes, pode ser encarada da mesma forma do procedimen- to que utilizamos anteriormente. Se r ≠ 0 e se y ! r -k , podemos escrever a Equação (6) na forma: y + k/r^ h dt dy = r E com argumentação similar, obtemos que, (7) y = r -k + C.e r .t Onde C =! e C . É importante ressaltarmos que este raciocínio utilizado anteriormente, será de grande valia, para que possamos desenvolver uma metodologia do primeiro método de resolução de equações diferenciais de primeira ordem, o qual apresentaremos logo a seguir, que é o conhecido Método dos Fatores Integrantes. 2.2. Métodos de Resolução de E.D.Os de 1º Ordem Quais são os principais métodos de resolução de equações diferenciais de 1ª ordem que caracterizem as soluções das mesmas? Para respondermos tal indagação, estaremos interessados na discussão de dois métodos específicos de resolução de E.D.Os de primeira ordem, que são: o método das variáveis separáveis e o método dos fatores integrantes. É relevante colocarmos que, cada um desses métodos, apresentam suas particularidades, assim sendo, visualizaremos caminhos para que possamos escolher um ao invés do outro, para aplicação em determinadas equações. Além disso, para maiores detalhes com relação a descrição formal de cada um deles, você pode pesquisar em Zill (2001). 51 De outra forma, neste contexto, temos uma definição adicional importante para os nossos propósitos que é o conceito de Problema de Valor Inicial, o qual colocamos a seguir. Conceito (Problema de Valor Inicial) (Adaptado de Zill 2001): Uma equação diferencial de primeira or- dem, conjuntamente com uma condição inicial da forma y(x0) = y0 é chamada de Problema de Valor Inicial (P.V.I). Vejamos um exemplo ilustrativo de problema de valor inicial. Vamos caracterizar a curva cujo coeficiente angular num ponto de abscissa x é 5.x . Além disso, é sabido que a curva passa pelo ponto P de coordenadas P(1; 3). Agora, vamos apresentar os métodos de resolução de E.D.Os de primeira ordem, iniciando pelo método dos fatores integrantes. Vamos lá? 2.2.1. O Método dos Fatores Integrantes Em uma análise superficial, iniciamos a sua interpretação comentando que o seu próprio nome nos levará ao entendimento de seu procedimento. Assim sendo, este método na verdade, tem como ponto de referência a caracterização de uma função (a princípio desconhecida) que, usualmente na literatura, é representada pela simbologia μ(t) e que, quando multiplicada na equação original, deixa a mesma diretamente integrável (um de seus membros). Observe que, por conta disso, tem-se tal nomenclatura para esse método peculiar. Desta maneira, tendo como base Boyce (2011), a seguir colocamos os passos ou etapas a serem seguidos para a aplicação do método dos fatores integrantes. É interessante deixarmos claro que, para ini- ciarmos a resolução de uma E.D.O. pelo método dos fatores integrantes, a mesma deve estar sob a forma: 52 dt dy + p t] g .y = g t] g ou y' + p t] g .y = g t] g Onde, p(t) e g(t) são duas funções conhecidas dependendo apenas de t. Método dos Fatores Integrantes – Sequência de Passos - Passo 1: Caracterizamos o fator integrante (t) através da expressão (ou fórmula matemática): μ(t) = exp ∫ p(t)dt ou μ(t) = e ∫ p(t).dt - Passo 2: Multiplicamos a equação original pelo fator integrante, a fim de escrever o novo primei- ro membro como a derivada do produto μ(t).y. Sempre que realizarmos o Passo 2, o primeiro membro dessa nova igualdade se torna diretamente integrável, já que fica igual a [ y.μ(t)]’. - Passo 3: Efetuamos a integração da nova igualdade (obtida no Passo 2) em relação a t para ambos os membros e caracterizamos a função y (solução da E.D.O. estudada). Encontrar o fator integrante 1º Passo Multiplicar a E.D.O. dada pelo fator integrante. 2º Passo Integrar a última igualdade do Passo 2 com a relação a t 3º Passo Figura 20 - Sequência de passos para o método dos fatores integrantes Fonte: Adaptado do autor por Design Unis EAD Vejamos alguns exemplos ilustrativos envolvendo a resolução de equações de primeira or- dem, via o método dos fatores integrantes. Vamos caracterizar a solução geral da E.D.O. y' - 2 y = e -t com a utilização direta do método dos fatores integrantes. Solução: Primeiramente, você deve ter em mente que devemos seguir rigo- rosamente os passos descritos anteriormente, ou seja, temos que seguir a sequência dos três passos comentados acima. - Passo 1: Encontrar o fator integrante Para calcularmos o fator integrante, devemos observar o coeficiente da função y. Como a nossa 53 equação diferencial é y' - 2 y = e -t , podemos observar claramente que o coeficiente que mul- tiplica a função y é dado pela constante -2 1 . Assim sendo, de acordo com a notação apresen- tada, temos que p(t) = -2 1 e, por conseguinte, o fator integrante μ(t) é dado pela expressão: μ(t) = exp ∫ p(t)dt Ou seja, como p(t) = – -2 1 , vem que: μ(t) = exp ∫ p(t)dt (Observação: Aqui estamos utilizando as regras das primitivas imediatas – cálculo de integrais). Mais precisamente estamos usando a regra: a.f x] gdx = a. p t] gdt = e 2-1dt# = e 2-1## , onde a é uma constante. No nosso caso, a constante a = -2 1 e, portanto, 2 -1 dt = 2 - t# e, assim sendo: n t] g = e 2- t Agora, vamos para o passo seguinte (Passo 2). - Passo 2: Multiplicar a E.D.O. pelo fator integrante Nesse passo, devemos pegar a EDO e multiplicar a mesma pelo fator integrante, n t] g = e 2- t , donde obtemos: y'.e 2 - t - 2 y .e 2 - t = e -t .e 2 - t De acordo com a explicação apontada no Passo 2 (descrição do método), temos que a partir do momento em que realizamos a multiplicação da EDO pelo fator integrante, temos que o primeiro membro se transforma na derivada do produto de y pelo fator integrante. De fato: dt d y.e 2 - t7 A = y.e 2- t7 A ' = y'.e 2- t - 2 y .e 2 - t Veja que é o primeiro membro da última igualdade. Aqui foi utilizada a regra do produto para deri- 54 vadas. Ou ainda, escrevendo todaa igualdade, temos que: dt d y.e 2 - t7 A = e 2-3t O segundo membro obtido foi pela propriedade básica de potenciação – mesma base somamos os expoentes Agora, devemos ir para o Passo 3. - Passo 3: Integramos ambos os membros da última igualdade do passo 2 em relação a t Aqui, devemos efetuar a integração da igualdade acima com relação a t, obtemos: dt d y.e 2 -t7 A# dt = e 2-3r# dt Ou seja, como o primeiro membro é diretamente integrável f' x] g# .dx = f x] g + C vem que: 1º Membro = y.e 2 - t (note que é μ(t).y) Agora, para resolvermos a integral do segundo membro, devemos usar a regra para cálculo de integrais envolvendo a exponencial ( e# a.x .dx = a 1 .e a.x + C , com a sendo um número real e C a constante de integração), donde vem que: 2° Membro = 2 -3 1 .e 2 -3 r + C E, portanto, segue que: y.e 2 -t = 2 -3 1 .e 2 -3r + C Onde C é uma constante arbitrária. Ou ainda, para isolarmos a função y basta passarmos o termo e 2 - t dividindo (ou equivalentemen- te multiplicamos a equação acima por e 2 t ), donde resulta que: y = 3 -2 .e -t + C.e 2 t Que representa a solução geral da equação dada no exemplo. 55 Adaptado de Boyce 2011: Vamos encontrar a solução geral da equação di- ferencial de primeira ordem dada por y’ – 2.y = 3.et. Solução: Primeiramente, devemos determinar o fator integrante μ(t) pela fórmula matemática: μ(t) = exp ∫ p(t)dt E, como identificamos p(t) = – 2, vem que: μ(t) = exp ∫ p(t)dt = e ∫-2dt = e-2.r Agora, pegamos a equação inicial e multiplicamos a mesma pelo fator integrante, (t) = e , donde obtemos: y’. e-2.t – 2.y.e-2.t = 3.et .e-2.t Ou ainda, dt d y.e -2.t7 A = 3.e -t Daí, efetuando a integração da igualdade acima com relação a t, obtemos: dt d y.e -2.t7 Adt = 3.e -t dt## E, portanto, segue que: y.e -2.t =- 3.e -t + C t Onde C é uma constante arbitrária. Ou seja, a solução geral da equação acima é dada por: y =- 3.e t + C.e 2.t Portanto, concluímos que: y =- 3.e t + C.e 2.t (Solução Geral) 56 Adaptado de Boyce 2011: Vamos caracterizar a solução do problema de valor inicial (P.V.I): y' - 2 y = e -t, y 0] g =- 1 Solução: Inicialmente, devemos determinar o fator integrante μ(t) pela expressão: n t] g = exp p t] g# dt E como p t] g =-2 1 , segue que: n t] g = exp p t] g# dt = ex 2-1dt# = e 2- t Agora, pegamos a equação inicial e multiplicamos a mesma pelo fator integrante, n t] g = e 2 - t , donde obtemos: y'.e 2 - t -+2 y .e 2 - t = e -t .e 2 - t Ou seja, podemos reescrever a igualdade acima a partir dos aspectos teóricos relacionados com a metodologia do método dos fatores integrantes como: dt d y.e 2 - t7 A = e 2-3t Daí, efetuando a integração da igualdade acima com relação a t, obtemos: dt d y.e 2 - t7 Adt = e 23tdt## E, portanto, segue que: y.e 2 - t = 3 -2 1 .e 2 -3t + C Onde C é uma constante arbitrária. Ou seja, y.e 2 - t = 3 -2 .e 2 -3t + C Para encontrarmos a função y basta passarmos o termo e 2 - t dividindo (ou equivalentemente multiplicamos a equação acima por e 2 - t ), donde resulta que: y = 3 -2 .e -t + C.e 2 t Que representa a solução geral da equação y’ – = e . Para encontrarmos a solução do Pro- blema de Valor Inicial proposto, na solução geral substituímos a condição inicial dada, ou seja, 57 y(0) = -1 a fim de encontrarmos o valor da constante C. Daí, vem que: -1 = 3 -2 .e - 0] g + C.e 2 (0) Ou seja, C = 3 -1 , de modo que a solução do Problema de Valor Inicial é escrita como: y = 3 -2 .e -t - 3 1 .e 2 t Portanto, concluímos que: y = 3 -2 .e -t + C.e 2 t (Solução Geral) e y = 3 -2 .e -t - 3 1 .e 2 t (Solução do P.V.I. ou Solução Particular) Adaptado de Boyce 2011: Vamos determinar a solução do problema de valor inicial (P.V.I) y' + 2.t.y = t, y (0) = 0 Solução: Inicialmente, devemos determinar o fator integrante (t) pela ex- pressão: n t] g = exp p t] g# dt E como p(t) = 2t, segue que: n t] g = exp p t] gdt = e 2tdt# = e 22r2 = e t2# Agora, pegamos a equação inicial e multiplicamos a mesma pelo fator integrante, (t) = e , donde obtemos: y'.e t 2 + 2.t.y.e t 2 = t.e t 2 Ou seja, podemos reescrever a igualdade acima a partir dos aspectos teóricos relacionados com a metodologia do método dos fatores integrantes como: dt d y.e t 26 @ = t.e t2 58 dt d y.e t 26 @dt = t.e t2# dt# E, portanto, segue que: y.e t 2 = 2 1 .e t 2 + C Onde C é uma constante arbitrária. Para encontrarmos a função y basta passarmos o termo e t 2 dividindo (ou, equivalentemente, multiplicamos a equação acima por e -t 2 ), donde resulta que: y = 2 1 + C.e -t 2 Que representa a solução geral da equação y’ + 2.t.y = t. Para encontrarmos a solução do Problema de Valor Inicial proposto, na solução geral substitu- ímos a condição inicial dada, ou seja, y(0) = 0, a fim de encontrarmos o valor da constante C. Daí, temos que: 0 = 2 1 + C.e(0) 2 Ou seja, C = 2 -1 De modo que a solução do Problema de Valor Inicial é escrita como: y = 2 1 - 2 1 .e -t 2 Adaptado de Boyce 2011: Vamos determinar a solução do problema de valor inicial (P.V.I) t.y' + 2.y = t2 - t + 1, y 1] g = 2 1, t2 0 Solução: Em um primeiro momento, salientamos que, quando efetuamos a metodologia de resolução pelo método dos fatores integrantes, percebemos que, na equação inicial, o coeficiente da derivada de y é igual a 1. Como podemos observar na equação acima, isso não acontece. Desta forma, antes de iniciarmos o cálculo de μ(t), devemos transformar a equação dividindo a mesma por t. Logo, dividindo a equação por t (note que t > 0), obtemos: y' + t 2 .y = t - ' + t 1 59 Agora, já podemos seguir o raciocínio desenvolvido nos dois primeiros exemplos, ou seja, pri- meiramente devemos determinar o fator integrante μ(t) pela expressão: n t] g = exp p t] gdt# E como p t] g = t 2 , segue que: n t] g = exp p t] g# dt = e t2dt# = e 2.In.t = e In t2] g = t2 (Por quê?) Agora, pegamos a equação y' + t 2 .y = t - 1 + t 1 E multiplicamos a mesma pelo fator integrante, μ(t) = t², donde obtemos: y'.t2 + t 2 .y.t2 = t - 1 + t 1b l.t2 Ou seja, dt d y.t26 @ = t3 - t2 + t Daí, efetuando a integração da igualdade acima com relação a t, obtemos: dt d y.t26 @dt = t3 - t2 + t6 @dt## E, portanto, segue que: y.t2 = 4 t4 - 3 t3 + 2 t2 + C Onde C é uma constante arbitrária. Para encontrarmos a função y, basta passarmos o termo t2 dividindo, donde resulta que: y = 4 t2 - 3 t + 2 1 + C.t-2 Que representa a solução geral da equação t.y’ + 2.y = t2 – t + 1. Para encontrarmos a solução do Problema de Valor Inicial proposto, na solução geral substituímos a condição inicial dada, ou seja, y 1] g = 2 1 a fim de encontrarmos o valor da constante C. Daí, temos que: 2 1 = 4 1] g2 - 3 1 + 2 1 + C. 1] g-2 Ou seja, C = 12 1 De modo que a solução do Problema de Valor Inicial é escrita como: y = 4 t2 - 3 t + 2 1 + 12 1 .t-2 60 2.2.2. O Método das Variáveis Separáveis Aqui, também pode-se perceber, que a nomenclatura do método nos leva ao direto enten- dimento da metodologia usada. Grosso modo, tal método busca a separação das variáveis envolvi- das no processo. Para entendermos o mesmo, vamos tomar g(x) como sendo uma função contínua conhe- cida, logo, a equação diferencial de 1ª ordem dx dy = g x] g , pode ser solucionada via uma integração direta. Assim, podemos reescrever a E.D.O. como: dy = g(x).dx Desta maneira, a solução para a E.D.O. considerada é caracterizada pela função descrita matematicamente como: y = g x] gdx + C# Deve ficar claro que realizamos a integração do primeiro membro em relação a y, bem como, a integração com relação ao segundo membro em relação a x (por conta disso a nomenclatura do método). Vamos caracterizar a solução geral das equações diferenciais a seguir. a) dx dy = 1 + e 2x b) dx dy = senx Solução: Neste caso,temos que: a) Podemos escrever a equação dada como dy = (1 + e2X).dx Agora, aplicamos a integração a ambos os membros, sendo do primeiro membro com relação à variável y e do segundo membro com relação à variável x, daí: dy = 1 + e 2x] g .dx## 61 Donde segue que: y = x + 2 1 .e 2x + C b) Aqui, podemos escrever a equação dada como dy = senx.dx Agora, aplicamos a integração a ambos os membros, sendo do primeiro membro com relação à variável y e do segundo membro com relação à variável x, daí: dy = senx.dx## Donde segue que: y = – cosx + C Conceito (Equação Separável) (Adaptado de Zill 2001): Uma equação diferencial na forma dx dy = h y^ h g x] g é denominada equação separável ou tem variáveis separáveis. Vejamos mais alguns exemplos ilustrativos envolvendo a resolução de equações de primeira ordem via o método das variáveis separáveis. Utilizando o método das variáveis separáveis, encontre a solução geral de cada uma das equações diferenciais abaixo: a) dx dy = 2x - 1 b) dx dy = e y e x c) dx dy = 1 + 5x + e 2x d) dx dy = 6xy 62 Solução: Neste caso, com base nos procedimentos teóricos discutidos acerca das equações separáveis, temos que: a) Aqui, vem que: dx dy = 2x - 1 & dy = 2x - 1] gdx dy =# 2x - 1] g# dx y =[2.[2 x 2 - x + C y = x 2 - x + C Que é a solução geral da equação em questão. b) Aqui, temos que: dx dy = e y e x e y dy = e x dx e y dy = e x dx## e y = e x + C c) Neste caso, temos que: dx dy = 1 + 5x + e 2x Segue que, dy = 1 + 5x + e 2x] g .dx Logo, integrando ambos os membros, sendo o primeiro em relação a y e o segundo em relação a x, temos que: dy = 1 + 5x + e 2x] g# dx# Ou seja, y = x + 5. 2 x 2 + 2 1 .e 2x + C é a solução geral da equação diferencial acima. 63 d) Aqui, observamos que: dx dy = 6xy y dy = 6x.dx Logo, integrando ambos os membros, sendo o primeiro em relação a y e o segundo em relação a x, temos que: y dy = 6xdx## Ou seja, In y = 6. 2 x 2 + C Ou ainda, In y = 3.x 2 + C Utilizando o método das variáveis separáveis, temos que a solução da E.D.O. dx dy = 1 + e x é dada por? a) ( ) y = x + e x + C b) ( ) y = 5x + 2 3 .e 2x + C c) ( ) y = 7x + 2 3 .e 2x + C d) ( ) y = x + C e) ( ) y = e x + C 64 Solução: Neste caso, temos que: dx dy = 1 + e x (Equação separável) dy = (1 + e x)dx dy = 1 + e x] gdx## y = e x + x + C Adaptado de Zill 2011: Vamos determinar a solução da equação diferencial de primeira ordem dx dy = y x 2 . Solução: De dx dy = y x 2 multiplicando cruzado, obtemos que y.dy = x 2 .dx . Note que em verdade, separamos tudo que tem y de um lado e tudo que tem x do outro. Agora, efetuamos a integração dos dois membros sendo que, no primeiro membro, em relação a y e, no segundo membro, em relação a x, desta forma temos que: y.dy = x 2 .dx## Ou seja, 2 y 2 + C 1 = 3 x 3 + C 2 E como (C2 – C1 ) é uma constante (digamos C), resulta que: 2 y 2 = 3 x 3 + C Em termos práticos, quando integramos os dois membros de uma equação, colocamos a constante em um membro apenas (por conveniência). A resposta de uma equação diferencial ordinária pode ser dada de várias maneiras. 65 Adaptado de Zill 2011: Vamos solucionar o problema de valor inicial dado por: dx dy = y -x ,y 4] g = 3 Solução: Observe em um primeiro momento, que se trata de uma equação de variáveis separáveis. Assim sendo, observemos que de: y.dy = – x.dx, obtemos y.dy = -d.xd## . Ou seja, 2 y 2 = 2 -x 2 + C 1 onde C1 é uma constante arbitrária. Além disso, observemos que a solução acima pode ser visualizada na forma: x2 + y2 = c2, para tal, basta trocarmos as constantes 2.C1 por c 2. A grosso modo, a solução caracteriza uma família de círculos concêntricos (de mesmo centro – C(0,0)). Neste instante, vamos visualizar para a condição inicial colocada no exemplo, ou seja, quando x = 4, y = 3 temos que 16 + 9 = 25 = c2 e, assim, percebemos que o problema de valor inicial determina x2 + y2 = 25. Logicamente, concluímos que este é o único círculo da família que passa pelo ponto (4, 3). Vejamos a Figura 21 a seguir. Figura 21 - A interpretação geométrica do exemplo acima Fonte: Elaborado pelo próprio autor 66 2.3. Equações Exatas, Existência e Unicidade de Soluções O nosso intuito agora é descrever a metodologia de resolução de equações diferenciais or- dinárias por intermédio das equações exatas. Para tal, poderíamos encarar como um outro método de resolução de equações diferenciais de primeira ordem. Todavia, poderíamos indagar inicialmente, no que vem a ser uma equação exata? Neste contexto, Zill (2011) nos diz que uma expressão diferencial na forma: M(x, y).dx + N(x, y).dy é uma diferencial exata em uma região R do plano euclidiano xy, se ela corresponde à diferencial to- tal de alguma função f(x, y). Observe em termos formais o conceito de equação exata como segue. Conceito (Equação Exata) (Adaptado de Zill 2001): Uma equação diferencial da forma M(x, y).dx + N(x, y).dy = 0 é chamada de uma equação exata, se a expressão do lado esquer- do é uma diferencial exata. Averiguemos se a equação diferencial dada por: x2.y3.dx + x3 .y2.dy = 0 é exata. Grosso modo, a mesma é exata, já que: d 3 1 .x 3 .y 3b l= x 2 .y 3 .dx + x 3 .y 2 .dy = 0 A seguir, estaremos enunciando um resultado, em verdade, um teorema que pode ser encarado como uma espécie de teste, para que possamos determinar uma diferencial exata. Teorema 1 (Critério para Caracterização de Uma Diferencial Exata - Adaptado de Zill 2011): Consideremos duas funções M(x, y) e N(x, y) contínuas e com derivadas parciais contínuas em uma dada região retangular R, definida pelas desigualdades a < x < b, c < y < d. Assim sendo, 67 uma condição necessária e suficiente para que: M(x, y).dx + N(x, y).dy seja uma diferencial exata é que tenhamos a igualdade dy dM = dx dN . Em verdade, o que Zill (2011) nos diz com relação ao resultado anterior, é que deve- mos interpretar com relação a tese do Teorema 1, ser suficiente para termos a diferencial exata, consiste em averiguarmos a existência de uma função f tal que: dx df = M x,y^ h e dy df = N x,y^ h Ressaltamos ainda, que a construção de tal função f, em verdade, nos dá um procedi- mento específico para a resolução de problemas envolvendo as equações exatas. Assim sendo, vamos descrever agora, uma sequência de passos ou etapas a serem se- guidos para a resolução de equações diferenciais, por meio da tratativa das equações exatas. Particularmente falando, segundo Zill (2011) considerando a equação: M(x, y).dx + N(x, y).dy = 0 Inicialmente, devemos averiguar que: dy dM = dx dN Na sequência, efetuamos a suposição de que: dx df = M x,y^ h Logo, podemos encontrar f integrando M(x, y) com relação a x, levando em considera- ção que y seja constante. Escrevemos então, f x,y^ h= M x,y^ h# dx + g y^ h Onde a função arbitrária g(y) é a constante de integração. Daí, derivamos a equação anterior com relação à variável y e supomos dy df = N x,y^ h, ou seja: 68 dy df = dy d M x,y^ h# dx + g y^ h9 C = N x,y^ h Desta maneira, g' y^ h= N x,y^ h- dy d M x,y^ hdx#9 C Vejamos dois exemplos que ilustram o método de solução para equações exatas, como acabamos de discutir. Adaptado de Zill 2011: Vamos solucionar a equação: 2.x.y.dx + (x2 – 1).dy = 0, por intermédio da tratativa envolvendo as equações exatas. Solução: Primeiramente, notemos que como M(x, y) = 2.x.y e N(x, y) = x2 – 1, temos que: dy dM = 2x = dx dN Assim, a equação dada é exata e, pelo Teorema 1 introduzido anteriormente, temos que existe uma função f(x, y), tal que: dx df = 2xy e dy df = x 2 - 1 Da primeira dessas equações, obtemos, depois de realizarmos a integração, que: f x,y^ h= x
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