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Didática_do_ensino_superior (1)

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Didática do Ensino Superior
Autora
 Jane Rangel Alves Barbosa
2009
© 2003-2006 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do 
detentor dos direitos autorais.
B238 Barbosa, Jane Rangel Alves. / Didática do Ensino Superior. / 
Jane Rangel Alves Barbosa. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 
2009.
124 p.
ISBN: 85-7638-248-2
1. Curso Normal. 2. Educação. I. Título. 
CDD 378
Todos os direitos reservados.
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 
80730-200 • Curitiba • PR
www.iesde.com.br
Sumário
A docência no Ensino Superior ..............................................................................................7
Profissionalização continuada e construção da identidade profissional ..................................................10
Concluindo ...............................................................................................................................................12
Universidades e faculdades isoladas: diversos locais de trabalho dos professores .............17
Ensino Superior e docência .....................................................................................................................17
A Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino Superior .....................................................................................17
A Lei de Diretrizes e Bases e a formação de docentes ............................................................................19
Finalidades da universidade no contexto atual ........................................................................................21
Instituições de Ensino Superior: os diversos locais de trabalho dos professores ....................................22
Seleção e carreira do magistério superior ................................................................................................22
Ensino Superior brasileiro: desafios a enfrentar ......................................................................................23
Elementos para a compreensão do cotidiano e o processo didático ....................................27
O conceito de educação como fundamento da ação educativa ................................................................28
Objetivos da educação brasileira .............................................................................................................30
Funções sociais da educação ...................................................................................................................31
Perspectivas atuais ...................................................................................................................................32
Crises e alternativas .................................................................................................................................32
Prática educativa, pedagogia e didática ...............................................................................37
Prática educativa na sociedade ................................................................................................................37
O papel da pedagogia na sociedade .........................................................................................................38
O que é pedagogia? ..................................................................................................................................38
E, o que é didática? ..................................................................................................................................40
Didática e metodologia ............................................................................................................................40
Tendências pedagógicas da prática escolar ..............................................................................................41
Concluindo ...............................................................................................................................................44
Ensinar e aprender: a construção do conhecimento ...............................................................49
Analisando a realidade atual ....................................................................................................................49
O ensino e a aprendizagem na vida humana ............................................................................................49
O que é ensino? ........................................................................................................................................50
O que é aprendizagem? ............................................................................................................................51
Ensinar e aprender: significados e mediações .........................................................................................52
Refletindo sobre sua prática docente .......................................................................................................53
Ensinar e aprender no Ensino Superior ...................................................................................................53
Características da aprendizagem no Ensino Superior ..............................................................................54
Aprender a aprender ................................................................................................................................55
Concluindo ...............................................................................................................................................56
Planejamento da ação didática: uma prática em questão .....................................................59
Planejamento: níveis e suas relações .......................................................................................................59
Tipos de planejamento na área da educação ............................................................................................60
O planejamento no Ensino Superior ........................................................................................................65
Objetivos do programa de disciplina .......................................................................................................67
Conteúdos programáticos ........................................................................................................................69
E a metodologia de ensino? .....................................................................................................................69
Como o professor universitário avalia seus alunos? ................................................................................70
Bibliografia básica ...................................................................................................................................70
Bibliografia complementar ......................................................................................................................70
Planejamento de ensino numa perspectiva crítica ...............................................................73
O processo de planejamento no Ensino Superior ....................................................................................74
Planejamento: ação pedagógica essencial ...............................................................................................75
Planejamento de ensino: processo integrador entre a universidade e o contexto social ..........................76
Concluindo ...............................................................................................................................................77
Objetivos, conteúdos e metodologias ..................................................................................81
Introdução ................................................................................................................................................81
A formulação de objetivos educacionais .................................................................................................82O que são objetivos? ................................................................................................................................83
Os conteúdos de ensino ...........................................................................................................................87
Metodologias ...........................................................................................................................................89
Concluindo ...............................................................................................................................................91
O trabalho interdisciplinar no Ensino Superior .......................................................................................93
Repensando a aula universitária no dia-a-dia ......................................................................97
Introdução ................................................................................................................................................97
O que é aula expositiva? ..........................................................................................................................97
Como utilizar uma aula expositiva? ........................................................................................................98
Vantagens e limitações da aula expositiva ...............................................................................................98
Repensando a aula universitária ..............................................................................................................100
Conceito de sala de aula universitária .....................................................................................................101
Como substituir o paradigma de ênfase no ensino pela ênfase na aprendizagem? .................................102
Como colocar na prática o novo paradigma da aula universitária no dia-a-dia? .....................................103
Concluindo ...............................................................................................................................................104
Avaliação da aprendizagem: avaliar não é o que muita gente pensa ...................................107
Introdução ................................................................................................................................................107
Um momento de auto-avaliação ..............................................................................................................109
O que faz um professor universitário em sua atividade profissional no dia-a-dia? .................................111
O conceito de avaliação de aprendizagem e as concepções pedagógicas ...............................................111
Ensino para competências ........................................................................................................................113
“Professor, eu sabia tudo, eu estudei tudo, mas na hora da prova, fiquei nervoso e deu um branco” .....115
Avaliação da aprendizagem .....................................................................................................................116
A prova: ressignificando a Taxionomia de Bloom ...................................................................................117
Referências ...........................................................................................................................119
Apresentação
A Educação Superior, ontem, era uma mais exigência de aprimoramento intelectual. Porém, hoje, é uma exigência de sobrevivência e desenvolvimento de um país.A Educação Superior, até bem pouco, tinha caráter humanístico, era privilégio 
de poucos, quase todos provenientes de famílias dominantes no cenário político e econômico do 
país. Seus estudantes buscavam mais um “aprimoramento pessoal” do que uma profissão. Mas, a 
importância que adquire, hoje, as questões da ciência, da tecnologia e da comunicação no mundo 
globalizado, provoca sensíveis transformações nas sociedades contemporâneas em todos os sentidos, 
sinalizando a construção de uma nova sociedade, uma nova realidade social, obrigando a educação 
escolar vincular-se às práticas sociais e ao mundo do trabalho.
No que se refere à formação de professores para o Ensino Superior, as pesquisas recentes na 
área de educação mostram que os professores são profissionais essenciais nos processos de mudança 
das sociedades. Por isso, é preciso investir na formação e no desenvolvimento profissional dos 
 professores.
Como a educação superior está inserida no contexto social global, é preciso situar a 
instituição de Ensino Superior, analisá-la e criticá-la como instituição social que tem compromissos 
 historicamente definidos.
No decorrer das últimas décadas, a instituição universitária vem experimentando muitas 
alterações, colocando em discussão esses compromissos e a sua relação com a sociedade em que está 
inserida.
Jane Rangel Alves Barbosa
A docência 
no Ensino Superior
Jane Rangel Alves Barbosa*
Na sensação humana de aprender... está a divina 
alegria de ensinar.
Albert Einstein
E ntendendo que a profissão docente constitui uma unidade, qualquer que seja o nível de atuação – Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Mé-dio e Ensino Superior –, a profissão de professor adquirirá características 
peculiares conforme o nível de escolaridade em que atue, sem prejuízo de sua 
identidade básica.
 A formação de professores para o Ensino Superior no Brasil não está re-
gulamentada sob a forma de um curso específico como na educação básica. De 
um modo geral, a Lei de Diretrizes e Bases admite que esse profissional seja 
preparado nos cursos de pós-graduação tanto stricto sensu como lato sensu. En-
tretanto, a exigência legal de que todas as instituições de Ensino Superior tenham 
um mínimo de um terço de seus docentes titulados na pós-graduação stricto sensu 
aponta para o fortalecimento desta, como o lugar para a formação do docente.
Paralelamente à questão legal, a docência universitária constitui tema re-
levante em diferentes países e, no nosso, só se admite a necessidade de as ins-
tituições de Ensino Superior desenvolverem programas de preparação de seus 
professores para o exercício da docência. Preparação esta que os coloque a par 
da problemática e complexidade do ensinar e do formar no Ensino Superior, do 
formar profissionais, do formar pesquisadores e do formar professores. Daí, per-
guntarmos: Qual o papel da didática na formação de professores?
O papel da didática na formação de professores não está, para muitos, ade-
quadamente definido, o que gera indefinição do seu próprio conteúdo. Alguns 
estudiosos têm a sensação de que, ao tentar superar uma visão meramente ins-
trumental da didática, esta se limita a suplementar conhecimentos de Filoso-
fia, Sociologia, Psicologia, passando a ser “invadida” por diferentes campos do 
 conhecimento e perdendo especificidade própria. Outros consideram que a didáti-
ca deve ser entendida como um elemento articulador dos conhecimentos produzi-
dos pelas disciplinas de Fundamentos da Educação e Prática Pedagógica.
Trata-se de conhecimento de mediação, sendo, portanto, importante que se 
baseie nas diferentes disciplinas da área de Fundamentos. Sua especificidade é ga-
rantida pela preocupação com a compreensão do processo ensino-aprendizagem e 
a busca de formas de intervenção na prática pedagógica.
 Doutora em Fi losofia 
pela Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro 
(UFRJ) . Mestre em Edu-
cação pela Universidade 
do Grande Rio (Uni-
granrio) . Especial is ta 
em Adminis t ração Esco-
lar, Supervisão Escolar, 
didát ica do Ensino Su-
perior e Orientação Edu-
cacional pela Faculdade 
Somley no Rio de Janei-
ro . Graduada em Peda -
gogia pela Universida-
de Federal Fluminense 
(UFF) e pela Faculdade 
de Fi losofia , Ciências e 
Letras de Nova Iguaçu.
Didática do Ensino Superior
8
A didática tem por objetivo o “como fazer” a prática pedagógica,mas este 
só tem sentido quando articulada ao “para que fazer” e ao “por que fazer”.
O ensino de didática parte de uma visão de totalidade do processo ensino-
aprendizagem, de uma perspectiva multidimensional; as dimensões humana, téc-
nica e político-social da prática pedagógica devem ser compreendidas e trabalha-
das de forma articulada.
Nessa linha de pensamento, a competência técnica e a competência política 
do professor se exigem mutuamente e se interpenetram. Não é possível dissociar 
uma da outra. A dimensão técnica da prática pedagógica tem de ser pensada à luz 
do projeto político-social que a orienta.
Assim, a didática passa por um momento de revisão crítica. Há consciência 
da necessidade de superar uma visão meramente instrumental e pretensamente 
neutra do seu conteúdo. Trata-se de um momento de perplexidade, de denúncia e 
anúncio, de busca de caminhos que têm de ser construídos por meio de um tra-
balho conjunto de profissionais da área com os professores da educação básica. É 
pensando a prática pedagógica concreta articulada com a perspectiva de transfor-
mação social, que emergirá uma nova configuração para a didática.
O ensino de didática durante muito tempo tem dado prioridade ao estudo 
das diferentes teorias do processo ensino-aprendizagem procurando ver as aplica-
ções e implicações destas teorias na prática pedagógica. Este modo de focalizá-lo 
está formado por uma visão em que teoria e prática são momentos justapostos. 
É necessário rever esta postura, partindo da prática pedagógica, procurando re-
fletir e analisar as diferentes teorias em confronto com ela. Trata-se de trabalhar 
continuamente a relação entre teoria e prática procurando, inclusive, reconstruir a 
própria teoria a partir da prática.
Estudos e pesquisas propõem discutir as questões referentes à docência no 
Ensino Superior, destacando a importância dos professores e do seu trabalho nesse 
nível de escolaridade, esta importância é relegada a planos inferiores tanto pelas 
instituições quanto pelos próprios docentes.
Essa questão aponta para a problemática profissional do professor do Ensino Su-
perior, tanto no que se refere à identidade, que diz sobre o que é ser professor, quanto 
no que se refere à profissão, que diz sobre as condições do exercício profissional.
Ao tratar da construção da identidade do professor, problematiza-a em relação 
às diversas configurações das instituições universitárias, que têm seu corpo docente 
composto de um conjunto de profissionais de diferentes áreas que, em sua maioria, 
não tiveram formação inicial ou continuada para o exercício da profissão.
No tocante à formação de professores, os estudos têm mostrado que:
...o professor universitário aprende a sê-lo mediante um processo de socialização em parte 
intuitiva, autodidata ou [...] seguindo a rotina dos “outros”. Isso se explica, sem dúvida, de-
vido à inexistência de uma formação específica como professor universitário. Nesse pro-
cesso, joga um papel mais ou menos importante sua própria experiência como aluno, o mo-
delo de ensino que predomina no sistema universitário e as reações de seus alunos, embora 
não há que se descartar a capacidade autodidata do professorado. Mas ela é insuficiente. 
(BENEDITO, 1995, p. 131).
A docência no Ensino Superior
9
Tal constatação tem favorecido inúmeras iniciativas, que caracterizam a 
formação continuada ou em serviço, mediante cursos, palestras, semanas acadê-
micas, seminários, disciplinas de pós-graduação lato sensu etc. No entanto, essas 
iniciativas não constituem regra geral, pois há um certo consenso de que a docên-
cia no Ensino Superior não precisa de qualquer formação no campo do ensinar, 
sendo suficiente o domínio de conhecimentos específicos, o que significa dizer 
que o que identifica é a pesquisa e/ou o exercício profissional no campo. Nesse 
conceito, o professor é aquele que ensina, isto é, dispõe os conhecimentos aos 
alunos. Se estes aprenderam ou não, não é problema do professor, especialmente 
do aluno.
Na maioria das instituições de ensino superior, incluindo as universidades, embora seus 
professores possuam experiência significativa e mesmo anos de estudos em suas áreas 
específicas, predomina o despreparo e até um desconhecimento científico do que seja o 
processo de ensino e de aprendizagem, pelo qual passaram a ser responsáveis a partir do 
instante em que ingressam na sala de aula. (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 37).
Como se percebe, a questão da docência no Ensino Superior ultrapassa os 
processos de sala de aula, colocando em discussão as finalidades dos cursos de 
graduação.
No atual panorama nacional e internacional, há preocupação com o crescente 
número de profissionais não qualificados para a docência universitária em atuação. 
Considere-se, também, o contexto da globalização e da sociedade globalizada que 
estão a exigir um posicionamento da comunidade universitária sobre essa neces-
sária profissionalização.
Entendendo que a profissão docente é atividade de educação, discutem-se os 
significados desta na sociedade da informação e do conhecimento e o papel dos 
professores universitários.
Examinando o panorama internacional, constata-se, nas instituições educa-
tivas dos países mais avançados, um crescimento da preocupação com a formação 
e o desenvolvimento profissional dos professores universitários e com as inova-
ções no campo da didática.
Sem dúvida, tal fato se explica pela expansão quantitativa da educação 
superior e o conseqüente aumento do número de docentes. No entanto, em sua 
 maioria, são professores improvisados, não preparados para desenvolver a fun-
ção de pesquisadores e sem formação pedagógica, segundo os dados da Unesco 
(UNESCO/CRESALC, 1996).
Também notamos a preocupação com a qualidade dos resultados do Ensino 
Superior, sobretudo do ensino na graduação, apontando para a importância da 
preparação no campo específico e no campo pedagógico de seus docentes. Além 
 disso, novas demandas são postas sob a responsabilidade desses profissionais, 
impulsionando estudos e pesquisas na área.
Expressando preocupações com temas do campo educacional até então au-
sentes na docência universitária, o documento da Conferência Internacional sobre 
Ensino Superior – uma perspectiva docente (Paris, 1997) destaca temas como a 
qualidade da educação, a educação a distância e as novas tecnologias, a gestão e o 
Didática do Ensino Superior
10
controle do Ensino Superior, o financiamento do ensino e da pesquisa, o mercado 
de trabalho e a sociedade, a autonomia e as responsabilidades das instituições, os 
direitos e liberdades dos professores do Ensino Superior, as condições de trabalho, 
entre outros.
Estes temas têm conduzido à preocupação dos docentes universitários, pois 
o grau de qualificação é fator fundamental no fomento da qualidade em qualquer 
profissão, especialmente na educação, que experimenta constantes mudanças.
O professor que deseja melhorar suas competências profissionais e meto-
dológicas de ensino, além da própria reflexão e atualização sobre o conteúdo da 
matéria ensinada, precisa estar em estado permanente de aprendizagem.
É certo que a sociedade contemporânea está mudando o papel das institui-
ções de ensino e dos professores, os quais devem se pôr em dia com a tecnologia. 
No entanto, o professor que quer ser visto sempre como um “mestre” precisa ter 
consciência de que sua ação profissional competente não será substituída pelas 
máquinas nem convertida em suportes e ajudantes da aprendizagem.
Qualquer que seja a solução dada às questões colocadas até o momento, não 
desobriga o professor de adotar novas posturas em relação ao novo aluno que cada 
ano chega às salas de aula.
Os professores exercem papel imprescindível, essencial e insubstituível nos 
processos de mudança da sociedade.
No pensamento de Pimenta e Anastasiou,
é interessante destacar que, embora o sistema não se preocupe com a profissionalização 
dos docentes e não estabeleça princípios e diretrizes para a profissionalizaçãodos do-
centes do Ensino Superior, realiza uma série de verificações externas sobre a docência: 
os resultados que os alunos obtêm no provão, os índices de professores com mestrado e 
doutorado nas instituições, o prazo em 2004 para que seja feita a avaliação dos definidores 
de qualidade. (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 143).
Profissionalização continuada 
e construção da identidade profissional
Constatada e reconhecida a importância do desenvolvimento profissional da 
profissão docente para os professores que atuam na universidade, vários caminhos 
são experimentados nos últimos anos.
Primeiro, a inclusão da disciplina Metodologia do Ensino Superior, resumi-
da a uma duração de 60 horas em média, a única oportunidade de uma reflexão 
 sistemática sobre a sala de aula, o papel do docente, o ensinar e o aprender, o pla-
nejamento, a organização dos conteúdos curriculares, a metodologia, as técnicas 
de ensino, o processo avaliatório, o curso e a realidade social em que atuam.
Estudos mais recentes mostram que ações mais efetivas para a formação 
docente ocorrem em processos de profissionalização continuada que contemplam 
A docência no Ensino Superior
11
diversos elementos, entrelaçando os vários saberes da docência: os saberes da 
experiência, do conhecimento e os saberes pedagógicos, na busca da construção 
da identidade profissional, vista como processo de construção do profissional con-
textualizado e historicamente situado (PIMENTA, 1996).
Segundo Pimenta e Anastasiou (2002, p. 111-112), nos processos de profis-
sionalização continuada e de construção da identidade do docente, destacam-se os 
aspectos relativos aos sujeitos presentes no universo da docência; aos determinan-
tes do processo educativo; à ação do docente na universidade.
Sujeitos presentes no universo da docência
 O professor como pessoa e como profissional.
 O aluno como sujeito do processo cognitivo.
 Os processos cognitivos compartilhados entre os diferentes sujeitos.
Determinantes do processo educativo
 O Projeto Político-Pedagógico institucional e sua inserção no contexto 
social.
 O projeto de curso e os dados da realidade institucional.
 A teoria didática praticada e a desejada na sala de aula.
 A responsabilidade com a atuação técnica e social do profissional no 
mercado de trabalho.
Ação do docente na universidade
 A construção coletiva interdisciplinar.
 A definição de conteúdos e os enfoques metodológicos.
 O acompanhamento do processo mediante a avaliação.
Esses aspectos revelam um quadro teórico complexo, considerando a carac-
terística essencialmente reflexiva da profissão docente e dos processos de profis-
sionalização continuada.
Ao tratar da construção da identidade docente, Nóvoa (1992) destaca que três 
processos são essenciais:
 o desenvolvimento pessoal, que se refere aos processos de produção da 
vida do professor;
 o desenvolvimento profissional, que se refere aos aspectos da profissio-
nalização docente;
 o desenvolvimento institucional, que se refere aos investimentos da ins-
tituição para a consecução de seus objetivos educacionais.
Assim, podemos dizer que os processos de profissionalização continuada 
bem conduzidos se assentam nesse tríplice investimento.
Didática do Ensino Superior
12
Concluindo
Para se tornar professor universitário hoje, dependendo da instituição a que 
o professor se vincule, será exigido dele um tipo específico de produção: docência, 
atividades de extensão e pesquisa, sendo a docência a atividade comum a todas as 
instituições que compõem o Ensino Superior.
Assim, a relação profissional do professor com as instituições de Ensino 
Superior inicia-se pelo papel de docente.
A didática e a formação profissional do professor
(LIBÂNEO, 1998, p. 27-29)
A formação profissional do professor é realizada nos cursos de Habilitação ao Magistério em 
nível de 2.º grau e superior. Compõe-se de um conjunto de disciplinas coordenadas e articuladas 
entre si, cujos objetivos e conteúdos devem confluir para uma unidade teórico-metodológica do 
curso. A formação profissional é um processo pedagógico, intencional e organizado, de prepara-
ção teórico-científica e técnica do professor para dirigir competentemente o processo de ensino.
A formação do professor abrange, pois, duas dimensões: a formação teórico-científica, 
 incluindo a formação acadêmica específica nas disciplinas em que o docente vai especializar-se e 
a formação pedagógica, que envolve os conhecimentos da Filosofia, Sociologia, História da Edu-
cação e da própria pedagogia que contribuem para o esclarecimento do fenômeno educativo no 
contexto histórico-social; a formação técnico-prática visando à preparação profissional específica 
para a docência, incluindo a didática, as metodologias específicas, à Psicologia da Educação, a 
pesquisa educacional e outras.
A organização dos conteúdos da formação do professor em aspectos teóricos e práticos de 
modo algum significa considerá-los isoladamente. São aspectos que devem ser articulados. As 
disciplinas teórico-científicas são necessariamente referidas à prática escolar, de modo que os 
estudos específicos realizados no âmbito da formação acadêmica sejam relacionados com os de 
formação pedagógica que tratam das finalidades da educação e dos condicionantes históricos, 
sociais e políticos da escola. Do mesmo modo, os conteúdos das disciplinas específicas precisam 
ligar-se às suas exigências metodológicas. As disciplinas de formação técnico-prática não se redu-
zem ao mero domínio de técnicas e regras, mas implicam também os aspectos teóricos, ao mesmo 
tempo em que fornecem à teoria os problemas e desafios da prática. A formação profissional do 
professor implica, pois, uma contínua interpenetração entre teoria e prática, a teoria vinculada aos 
problemas reais postos pela experiência prática e ação prática orientada teoricamente.
Nesse entendimento, a didática se caracteriza como mediação entre as bases teórico- científicas 
da educação escolar e a prática docente. Ela opera como que uma ponte entre o “o quê” e o “como” 
do processo pedagógico escolar. A teoria pedagógica orienta a ação educativa escolar mediante 
objetivos, conteúdos e tarefas da formação cultural e científica, tendo em vista exigências sociais 
concretas; por sua vez, a ação educativa somente pode realizar-se pela atividade prática do profes-
A docência no Ensino Superior
13
sor, de modo que as situações didáticas concretas requerem o “como” da intervenção pedagógica. 
Este papel de síntese entre a teoria pedagógica e a prática educativa real assegura a interpenetra-
ção e interdependência entre fins e meios da educação escolar e, nessas condições, a didática pode 
constituir-se em teoria do ensino. O processo didático efetiva a mediação escolar de objetivos, 
conteúdos e métodos das matérias de ensino. Em função disso, a didática descreve e explica os 
nexos, relações e ligações entre o ensino e a aprendizagem, investiga os fatores co-determinantes 
desses processos; indica princípios, condições e meios de direção do ensino, tendo em vista a 
aprendizagem, que são comuns ao ensino das diferentes disciplinas de conteúdos específicos. Para 
isso, recorre às contribuições das ciências auxiliares da Educação e das próprias metodologias es-
pecíficas. É, pois, uma matéria de estudo que integra e articula conhecimentos teóricos e práticos 
obtidos nas disciplinas de formação acadêmica, formação pedagógica e formação técnico-prática, 
provendo o que é comum, básico e indispensável para o ensino de todas as demais disciplinas de 
conteúdo.
A formação profissional para o magistério requer, assim, uma sólida formação teórica e 
 prática. Muitas pessoas acreditam que o desempenho satisfatório teórico-prático do professor na 
sala de aula depende de vocação natural ou somente da experiência prática, descartando-se a 
teoria. É verdade que muitos professores manifestam especial tendência e gosto pela profissão, 
assim como se sabe que mais tempo de experiência ajuda no desempenho profissional.Entretanto, 
o domínio das bases teórico-científicas e técnicas, e sua articulação com as exigências concretas 
do ensino, permitem maior segurança profissional, de modo que o docente ganhe base para pensar 
sua prática e aprimore sempre mais a quantidade do seu trabalho.
Entre os conteúdos básicos da didática figuram os objetivos e tarefas do ensino na nossa so-
ciedade. A didática se baseia em uma concepção de homem e sociedade e, portanto, subordina-se 
a propósitos sociais, políticos e pedagógicos para a educação escolar a serem estabelecidos em 
função da realidade social brasileira.
O processo de ensino é uma atividade conjunta de professores e alunos, organizado sob a 
 direção do professor, com a finalidade de prover as condições e meios pelos quais os alunos 
 assimilam ativamente conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções. Este é o objetivo de 
estudo da didática. Os elementos constitutivos da didática, o seu desenvolvimento histórico, as 
características do processo de ensino e aprendizagem, e a atividade de estudo como condição do 
desenvolvimento intelectual.
Os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino, especialmente a aula, 
constituem o objeto da mediação escolar.
1. Com base no texto complementar A didática e a formação profissional do professor, responda:
a) Por que se afirma que a didática é o eixo da formação profissional do professor?
Didática do Ensino Superior
14
b) Que dimensões a formação do professor abrange na opinião do autor?
A docência no Ensino Superior
15
2. Atividade individual.
 Leia o capítulo “Educação, identidade e profissão docente” do livro Docência no Ensino Supe-
rior de Léa das Graças Anastasiou e Selma Garrido Pimenta.
3. Atividade em grupo.
 Partindo da ótica das autoras, discuta e apresente as conclusões sobre as questões da identidade 
e profissão docente.
Didática do Ensino Superior
16
Universidades 
e faculdades isoladas: 
diversos locais de trabalho 
dos professores
Ensino Superior e docência
A Educação Superior, ontem, era mais uma exigência de aprimoramento intelectual. Porém, hoje, é uma exigência de sobrevivência e desenvolvimento de um país.A Educação Superior, até bem pouco tempo, tinha um caráter humanístico, era privi-
légio de poucos, quase todos provenientes de famílias dominantes no cenário político e econômico 
do país. Seus estudantes buscavam mais um “aprimoramento pessoal” do que uma profissão. Mas, 
a importância que adquire, hoje, as questões da ciência, da tecnologia e da comunicação no mundo 
globalizado, provoca sensíveis transformações nas sociedades contemporâneas em todos os sentidos, 
sinalizando a construção de uma nova sociedade, uma nova realidade social, obrigando a educação 
escolar vincular-se às práticas sociais e ao mundo do trabalho, e, ao mesmo tempo, provocando mu-
danças significativas na Educação Superior brasileira.
No que se refere à formação de professores para o Ensino Superior, as pesquisas recentes na 
área de educação mostram que os professores são profissionais essenciais nos processos de mudança 
das sociedades. Por isso, é preciso investir em sua formação e desenvolvimento profissional.
Como a Educação Superior está inserida no contexto social global, é preciso situar a instituição 
de Ensino Superior, analisá-la e criticá-la como instituição social que tem compromissos historica-
mente definidos.
No decorrer das últimas décadas, a instituição universitária vem experimentando muitas altera-
ções, colocando em discussão esses compromissos e sua relação com a sociedade na qual está inserida.
A Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino Superior
A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, também conhecida como Lei Darcy Ribeiro, define a 
educação escolar brasileira em dois níveis:
 Educação Básica – compreendendo a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio;
 Educação Superior – com os cursos seqüenciais, de graduação, pós-graduação e extensão.
Didática do Ensino Superior
18
Segundo o artigo 22 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Educação 
Básica tem por objetivo: “desenvolver o educando e assegurar-lhe a formação co-
mum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer ao educando meios 
para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.
A Educação Superior tem os seguintes objetivos:
I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento 
reflexivo;
II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em 
setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e 
colaborar na sua formação contínua;
III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvi-
mento da ciência, da tecnologia e da criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvol-
ver o entendimento do homem e do meio em que vive;
IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que consti-
tuem patrimônio da humanidade, e comunicar o saber por meio do ensino, de publicações 
ou de outras formas de comunicação;
V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar 
a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos 
numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;
VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os na-
cionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta 
uma relação de reciprocidade;
VII – promover a extensão aberta à participação da população, visando à difusão das con-
quistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica 
geradas na instituição. (LDB, art. 43).
Conforme o artigo 44 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, os cursos 
e programas da Educação Superior são:
I – cursos seqüenciais, por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a 
candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino;
II – de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o Ensino Médio ou equiva-
lente e tenham sido classificados em processo seletivo;
III – de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de 
especialização, aperfeiçoamento e outros abertos a candidatos diplomados em cursos de 
graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino;
IV – de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada 
caso pelas instituições de ensino. (grifos nossos).
Outros aspectos importantes a serem destacados, conforme a Lei de Dire-
trizes e Bases vigente:
 a autorização, o reconhecimento e o credenciamento das universidades 
e instituições de Ensino Superior terão prazos limitados e renovados, 
 periodicamente, após processo regular de avaliação;
 o ano letivo, independentemente do ano civil, tem, no mínimo, 200 dias 
de trabalho efetivo, excluindo o tempo reservado aos exames finais, 
quando houver;
 os programas de cursos e demais componentes curriculares, sua duração, 
requisitos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios de 
Universidades e faculdades isoladas: diversos locais de trabalho dos professores
19
avaliação, assim como a organização de cumprir tais condições, serão obri-
gatoriamente informados aos interessados pelas respectivas instituições;
 a freqüência dos alunos e professores é obrigatória, a não ser nos progra-
mas de educação a distância;
 os diplomas expedidos por universidades serão por elas mesmas registra-
dos e terão validade nacional. Os de instituições não universitárias, por 
universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e 
terão, também, validade nacional;
 a transferência de alunos regulares poderá ser aceita se houver vagas e 
mediante processo seletivo.
É importante destacar, também, que a Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção (art. 13) define de forma pioneira, as atribuições dos professores,que são:
I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabeleci-
mento de ensino;
III – zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente 
dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.
Na sociedade brasileira contemporânea, as rápidas transformações no mundo 
do trabalho, o avanço tecnológico configurando a sociedade virtual e os meios de 
informação e comunicação, invadem fortemente a instituição de Ensino Superior, 
aumentando os desafios para torná-la uma conquista democrática efetiva.
O desafio é educar as pessoas, propiciando-lhes um desenvolvimento hu-
mano, cultural, científico e tecnológico, de modo que adquiram condições para 
enfrentar as exigências do mundo contemporâneo.
A Lei de Diretrizes e Bases 
e a formação de docentes
No contexto brasileiro, a Lei 9.394/96, que define as diretrizes e bases da 
educação nacional, e o Decreto 2.207/97, que regulamenta o Sistema Federal de 
Ensino, fazem referência explícita à preparação pedagógica para o exercício da 
docência no Ensino Superior ao exigirem que as instituições de Ensino Superior 
tenham professores titulados em nível de pós-graduação:
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-
graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.
E, em seu parágrafo único, trata do “notório saber, reconhecido por univer-
sidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título 
acadêmico”.
Didática do Ensino Superior
20
Como podemos observar, a Lei não concebe a docência universitária como 
um processo de formação, mas como preparação para o exercício do magistério 
superior, que será realizada prioritariamente em pós-graduação stricto sensu.
Esta questão tem sido considerada, tanto no âmbito da pesquisa sobre os 
processos de formação como nas formulações das políticas de Ensino Superior, 
no que se refere ao ensino e à pesquisa, exigências que caracterizam o exercício 
da profissão em geral.
E, por sua vez, a didática e as licenciaturas, caminhos tradicionalmente per-
corridos na formação de professores para a Educação Básica (Educação Infantil, 
Ensino Fundamental e Ensino Médio), são sempre lembradas ao lado das críticas 
que historicamente foram construídas sobre elas.
Torna-se consensual a idéia de que a formação de professores deve ser con-
tínua e continuada, muito além da graduação específica, mesmo em nível supe-
rior, em processos institucionalizados e de contínua avaliação, nas mais variadas 
formas de pesquisa e investigação.
A formação exigida para o exercício do magistério superior, conforme a Lei 
de Diretrizes e Bases, pode ser assim resumida:
 pós-graduação lato sensu em cursos de especialização em diferentes áreas 
de conhecimento, com, no mínimo, 360 horas-aula com direito a certifica-
dos após cumprimento de todas as exigências da Instituição formadora;
 pós-graduação stricto sensu prioritariamente em programas de mestrado 
e doutorado, com duração de três e cinco anos respectivamente, com 
 direito a diplomas.
Entendemos que a valorização da docência no Ensino Superior é fortemente 
impregnada do significado que se atribui à universidade na sociedade contempo-
rânea.
A universidade como instituição educativa tem por finalidade o permanente 
exercício da crítica, que se sustenta no ensino, na pesquisa e na extensão.
Para Edgard Morin (2000, p. 9-10), “a universidade conserva, memoriza, 
integra e ritualiza uma herança cultural de saberes, idéias e valores que acaba por 
ter um efeito regenerador, porque a universidade se incumbe de reexaminá-la e 
transmiti-la”.
Assim, as funções da universidade podem ser sistematizadas, segundo 
 Pimenta e Anastasiou (2002, p. 163), nas seguintes:
 criação, desenvolvimento, transmissão e crítica da ciência, da técnica e 
da cultura;
 preparação para o exercício de atividade profissional que exija a aplica-
ção de conhecimentos e métodos científicos e para a criação artística;
 apoio científico e técnico ao desenvolvimento cultural, social e econômico 
das sociedades.
O sentido da educação é a humanização. A educação possibilita que todos 
Universidades e faculdades isoladas: diversos locais de trabalho dos professores
21
os seres humanos tenham condições de serem partícipes e, ao mesmo tempo, pos-
sam desfrutar dos avanços e progressos da civilização construída historicamente, 
e também sejam compromissados com a solução de seus problemas.
Ao consolidar a condição humana, a educação é atravessada por uma inten-
cionalidade teórica, sendo uma prática simultaneamente técnica, ética e política. 
O ensino na universidade se constitui num processo de busca, de construção cien-
tífica e de crítica ao conhecimento produzido. Este é, portanto, o papel da univer-
sidade na construção da sociedade.
Nas sociedades contemporâneas, essas atribuições do ensino universitário 
exigem uma ação docente na qual o professor universitário precisa atuar como 
profissional reflexivo, crítico, responsável e competente no âmbito de sua discipli-
na, diferentemente do que ocorria no passado. Além disso, ele precisa ter capaci-
dade para exercer a docência e realizar atividades de investigação.
Neste contexto, destacamos três aspectos que impulsionam o desenvolvi-
mento profissional do professor universitário:
 a transformação da sociedade, de seus valores e de suas formas de orga-
nização e trabalho;
 o avanço exponencial das ciências nas últimas décadas;
 a consolidação progressiva de uma Ciência da Educação, possibilitando 
a todos o acesso aos saberes elaborados no campo da pedagogia. (PI-
MENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 165).
Assim, o desenvolvimento profissional do professor envolve a formação 
inicial e continuada, articulada num processo de valorização de sua identidade 
profissional. Logo, a docência constitui um campo específico de intervenção pro-
fissional na prática social.
Essa percepção possibilita ao professor universitário, mediante a ação edu-
cativa, a construção de sua consciência crítica, criativa e transformadora numa 
sociedade contemporânea globalizada e complexa.
Finalidades da universidade 
no contexto atual
As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos qua-
dros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão, de domínio e cultivo 
do saber humano, que se caracterizam por:
I – produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e 
problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural quanto regional e 
nacional;
II – um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou 
doutorado;
III – um terço do corpo docente em regime de tempo integral. (LDB, art. 52).
Didática do Ensino Superior
22
Além dessas características, a Lei de Diretrizes e Bases define como facul-
tativa a criação de universidades especializadas por campo do saber.
A universidade, enquanto instituição social, caracteriza-se como ação 
e prática social, pautando-se por um conhecimento guiado por suas necessida-
des, tanto no que se refere à descoberta e invenção quanto à transmissão desse 
 conhecimento. Desde sua origem, a universidade buscou efetivar os princípios de 
formação, criação, reflexão e crítica, tendo sua legitimidade fundamentada na au-
tonomia do saber. Mas, no contexto atual, ela vem perdendo esta característica.
A partir dos anos 90, a formação de profissionais nessa universidade resu-
me-se à transmissão rápida de conhecimentos, habilitação rápida para graduados 
que precisam entrar rapidamente no mercado de trabalho. Assim, busca-se res-
tringir o papel da universidade ao treinamento,permitindo inúmeras críticas.
Na opinião de Chauí (2001, p. 55), “a universidade, exatamente como a em-
presa, está encarregada de produzir incompetentes sociais, presas fáceis da domi-
nação e da rede de autoridades”.
Nessa perspectiva, a universidade está a serviço de suas próprias concep-
ções, deixando de cumprir suas responsabilidades enquanto instituição social.
Instituições de Ensino Superior: 
os diversos locais de trabalho 
dos professores
A Lei de Diretrizes e Bases admite uma variedade de tipos de instituições 
de Ensino Superior:
 universidade – caracteriza-se pela autonomia didática, administrativa e 
financeira, por desenvolver ensino, pesquisa e extensão e, portanto, con-
tar com um número expressivo de mestres e doutores;
 centro universitário – caracteriza-se por atuar em uma ou mais áreas, 
com autonomia para abrir e fechar cursos e vagas de graduação e ensino 
de excelência;
 faculdades integradas – reúnem instituições de diferentes áreas do co-
nhecimento e oferecem ensino e, às vezes, extensão e pesquisa;
 institutos ou escolas superiores – atuam em áreas específicas do conhe-
cimento e podem ou não fazer pesquisa, além do ensino, mas dependem 
do Conselho Nacional de Educação para criação de novos cursos.
Seleção e carreira do magistério superior
A seleção para o magistério superior é feita de diferentes maneiras, atendendo 
às exigências de elevar a qualidade do ensino:
Universidades e faculdades isoladas: diversos locais de trabalho dos professores
23
 por concurso de provas e títulos – em que o candidato põe à prova pública 
a sua habilitação em conteúdo e didática, da disciplina a ser lecionada;
 por concurso de títulos – em que é convidado o que conseguir maior 
número de pontos segundo uma tabela previamente preparada;
 por convite – após indicação realizada pelos professores da instituição 
de Ensino Superior, o critério recai sobre a reconhecida competência 
profissional do convidado na área de atuação específica, relacionada à 
 disciplina que passará a lecionar;
 por convocação em jornais – em que o candidato encaminha curriculum 
vitae para análise e posterior convocação, de acordo com os critérios da 
instituição de Ensino Superior.
Na carreira do magistério superior, temos as seguintes categorias de 
 professores:
 professor titular – com título de doutor;
 professor adjunto – com título de doutor ou mestre;
 professor assistente – com título de mestre;
 professor auxiliar – com título de especialista ou cursando mestrado.
Temos também nas universidades, principalmente públicas:
 professor visitante – professor de outra instituição de Ensino Superior, 
nacional ou estrangeira, que se propõe a fazer determinados estudos, 
prontificando-se, em colaboração, a ajudar na execução de parte de um 
programa ou a dar cursos de extensão referentes à sua especialidade;
 professor convidado – professor renomado, que seria convidado por de-
terminado tempo, a fim de orientar pesquisas ou ministrar cursos regulares 
ou especiais, assistidos por professores titulares, adjuntos e assistentes.
É bom lembrar que o Plano de Carreira do Magistério Superior define a 
mudança de categoria e nível, respectivamente, de acordo com a titulação e a pro-
dução científica dos professores.
Ensino Superior brasileiro: 
desafios a enfrentar
O Ensino Superior apresenta problemas diversos. Apresentamos abaixo as 
questões mais comumente levantadas.
Tamanho reduzido do sistema
O Brasil possui uma das mais baixas taxas de escolarização superior da 
América Latina: cerca de 9% da população de 18 a 24 anos. Na Bolívia e no Peru, 
essa taxa alcança 20,6% e 33,1% respectivamente. Nos últimos oito anos, a matrí-
Didática do Ensino Superior
24
cula nas instituições públicas foi de apenas 28%, enquanto nas particulares foi de 
86% em razão da redução do orçamento para o Ensino Superior, especialmente, 
para as universidades públicas.
Desigualdade de acesso
O processo seletivo do sistema público de Ensino Superior tende a excluir os 
estudantes das camadas sociais menos favorecidas. Isto quer dizer que esse siste-
ma gratuito atende, em geral, aos estudantes oriundos das elites, já privilegiadas.
Má distribuição de recursos
Os cursos destinados ao sistema de Ensino Superior, especialmente, o sis-
tema público, estariam muito concentrados na região Centro-sul e Sudeste, em 
detrimento de outras mais necessitadas.
Qualidade de ensino
A qualidade do Ensino Superior brasileiro e, sobretudo, a sua relevância 
para o mercado de trabalho tem sido objeto de grandes discussões. Ficando a ima-
gem que o Ensino Superior deixa muito a desejar.
Tais questões nos levam a refletir sobre a formação de professores e sua 
prática pedagógica nessas instituições.
No contexto das profundas transformações que são consideradas necessárias 
ao sistema de Ensino Superior brasileiro, alguns pontos já são consensuais. Apre-
sentamos alguns dentre eles.
Expansão do sistema
O sistema de Ensino Superior brasileiro precisa se expandir e, pelo menos, 
duplicar-se nos próximos dez anos.
O governo Lula propõe-se a ampliar as vagas, especialmente nas institui-
ções públicas, em taxas compatíveis com o Plano Nacional de Educação, que pre-
vê atingir 30% da faixa etária de 18 a 24 anos.
Sistema de avaliação mais eficaz
O atual sistema de avaliação das instituições de Ensino Superior ainda 
 carece de uma análise mais vigorosa quanto aos mecanismos associados aos sis-
temas permanentes de avaliação de desempenho, que permitam a avaliação da 
qualidade do ensino e do preparo do universitário para o exercício da profissão 
que escolheu.
Universidades e faculdades isoladas: diversos locais de trabalho dos professores
25
1. Leia individualmente o capítulo “Tornar-se professor universitário hoje” do livro Docência no 
Ensino Superior de Léa das Graças Anastasiou e Selma Garrido Pimenta.
2. Entreviste professores universitários sobre o seu ingresso e atuação nas instituições de Ensino 
Superior.
3. Discuta em grupo os resultados da entrevistas com professores universitários, tirando conclu-
sões sobre “como se tornar professor universitário hoje”.
Didática do Ensino Superior
26
Elementos para a 
compreensão do cotidiano 
e o processo didático
Neste milênio, o debate sobre as questões educacionais, em que a escola é chamada a ser mais do que um locus de apropriação do conhecimento socialmente relevante, o científico, um espaço de diálogo entre diferentes saberes científico, social... e linguagens, muitas são as formas de 
acesso ao conhecimento, não se podendo atribuir à escola a quase exclusividade desta função.
A instituição social educativa assim concebida “é um espaço de busca, construção, diálogo e 
confronto, prazer, desafio, conquista de espaço, descoberta de diferentes possibilidades de expressão 
e linguagens, aventura, organização cidadã, afirmação da dimensão ética e política de todo o processo 
de educativo”. (CANDAU, 2002, p. 18).
O impacto dos meios de comunicação de massa e, principalmente, da informática, está 
 revolucionando as formas de construir conhecimentos. Estas formas estão sendo chamadas a se mul-
tiplicar nos próximos anos. Por outro lado, a cultura escolar se relaciona com a articulação entre 
igualdade e diferença, do aqui “são todos iguais”. Assim, as instituições educativas estão cada vez 
mais desafiadas a enfrentar os problemas decorrentes das diferenças e da pluralidade cultural, étnica, 
 social... dos seus sujeitos e atores.
Hoje, os movimentos sociais são situados cada vez mais na perspectiva da promoção de uma 
educação verdadeira intercultural e da construção de uma nova cidadania, como princípio configu-
rador de um sistema educacional como um todo e não somente orientada a determinadas situações e 
grupos sociais.
Nessa nova escola para novos tempos e espaços, a questão da cidadania é fundamental; a partir 
de uma abordagem que conceba a cidadania como prática social cotidiana, que perpassa os diferentes 
âmbitos da vida, articula ocotidiano, o conjuntural e estrutural, assim como o local e regional, numa 
progressiva ampliação do horizonte, sempre na perspectiva de um projeto diferente de sociedade e 
humanidade.
Assim, a educação é um típico “que fazer” humano, ou seja, um tipo de atividade que se 
 caracteriza fundamentalmente por uma preocupação, por uma finalidade a ser atingida. A educação 
dentro de uma sociedade não se manifesta como um fim em si mesma, mas como um instrumento 
de manutenção ou transformação social. Assim, ela necessita de pressupostos, de conceitos que fun-
damentem e orientem os seus caminhos. A sociedade, dentro da qual a educação está, deve possuir 
alguns valores norteadores de sua prática educativa.
A profissão docente é uma prática educativa, ou seja, como tantas outras, é uma forma de inter-
vir na realidade social, no caso, mediante a educação.
Didática do Ensino Superior
28
O conceito de educação 
como fundamento da ação educativa
O problema fundamental com que se depara o professor ao planejar e imple-
mentar a ação educativa consiste na necessidade que tem de conceituar educação, 
visto que a ação educativa é função direta do conceito de educação. Antes de ana-
lisar os aspectos didáticos, é muito importante refletir um pouco sobre o sentido 
da atividade docente. Para ter consciência do sentido de sua atividade profissional, 
o professor precisa se perguntar:
– Para que ensino?
– Para que serve o que estou fazendo?
Isso não quer dizer que os aspectos didáticos não sejam importantes. Isto 
significa dizer que eles devem estar subordinados à definição de propósitos edu-
cativos válidos para orientar o trabalho docente.
E como, num sentido amplo, a educação considera a interação de todos os 
aspectos da pessoa humana com a sociedade na qual está inserida, são múltiplos 
os posicionamentos tomados pelos professores e, em decorrência, muitos são os 
conceitos estabelecidos sobre a educação.
Necessariamente, um conceito de educação considera o homem e a sociedade. 
Daí, decorrem os questionamentos:
– Que tipo de homem desejamos obter com o produto do nosso trabalho?
– Que tipo de sociedade interage com esse homem que pretendemos for-
mar?
Quanto ao tipo de homem que pretendemos formar, a educação é um 
 processo que se desenvolve no tempo, considerando:
 o homem desenvolvido em todos os aspectos, que tem consciência de 
suas possibilidades e limitações, munido de uma cultura que lhe permita 
conhecer, compreender e refletir sobre o mundo;
 o homem independente, mas não isolado, que, conhecendo suas capaci-
dades físicas, intelectuais e emocionais e dotado de uma visão crítica da 
realidade, seja capaz de atuar de forma eficaz e eficiente nessa realida-
de.
Em relação à sociedade, a educação deve considerar o seu importante papel 
de transformação social, tomando como pontos referenciais:
 uma sociedade que supere os modelos econômicos e políticos de hoje, 
em busca de uma solidariedade entre as pessoas e os povos;
 uma sociedade que, apesar de integrar os indivíduos e os povos, respeite 
profundamente as características individuais, favorecendo o desenvolvi-
mento das sociedades.
O professor necessita ter em mente a educação como um processo que se 
Elementos para a compreensão do cotidiano e o processo didático
29
desenvolve num tempo dinâmico e num espaço que sofre transformações cons-
tantes. Essas transformações por que passam o mundo ocorrem em decorrência, 
sobretudo, dos avanços tecnológicos, da reestruturação do sistema de produção e 
desenvolvimento, da compreensão do papel do Estado e das mudanças no sistema 
educacional, na organização do trabalho e nos hábitos de consumo. Paralelamente, 
a instituição social educativa é questionada acerca do seu papel ante as transfor-
mações econômicas, sociais, políticas e culturais do mundo contemporâneo.
Embora a didática se preocupe primordialmente com o “como ensinar”, 
ou seja, com os métodos e técnicas de ensino, julgamos importante, antes de 
 estudá-los, refletir sobre o seu fundamento, sobre as raízes do seu emprego e sobre 
os fatores que intervêm em sua aplicação. Caso contrário, corremos o risco de nos 
converter em escravos dos instrumentos (métodos e técnicas). Para evitar isso, é 
de fundamental importância refletirmos sobre a educação.
O que é educação?
Num mundo globalizado como o de hoje, faz-se necessário rever com ur-
gência os conceitos sobre a educação. Não se trata simplesmente de inventar no-
vas metodologias para melhorar o que existe. Faz-se necessário repensar, desde as 
raízes, todo o sistema de educação. De nada adianta a reformulação dos métodos 
e dos meios, se a educação oferecida não corresponde ao homem moderno.
O professor deve estar atento a este aspecto, a fim de planejar uma ação 
educativa capaz de conduzir o aluno a um discernimento quanto aos valores e 
concepções de vida, de homem e de sociedade.
Sintetizando, é necessário que o professor considere fundamentalmente a 
educação um processo de ação da sociedade sobre o aluno, visando integrá-lo, 
seguindo seus padrões sociais, econômicos, políticos e seus interesses. Portanto, 
a educação tem como características:
 um fato histórico, pois se realiza no tempo;
 ser um processo que se preocupa com a formação do homem em sua 
plenitude; 
 buscar a integração dos membros de uma sociedade ao modelo social 
vigente;
 simultaneamente, buscar a transformação da sociedade em benefício de 
seus membros;
 ser um fenômeno cultural, pois permite a cultura de um contexto de for-
ma global;
 direcionar o aluno para a autoconsciência;
 ser ao mesmo tempo, conservadora e inovadora.
Dessa forma, a educação é fundamental na manutenção da vida de um grupo ou 
mesmo da sociedade. À medida que vai aumentando a complexidade da vida de um 
grupo, a educação vai se tornando cada vez mais relevante, a tal ponto que, na socie-
dade contemporânea, a educação está sempre presente em lugar de destaque.
Didática do Ensino Superior
30
O objetivo da educação é a socialização do indivíduo, ou seja, por meio da 
educação, o indivíduo adquire as condições pessoais necessárias para engajar-se 
adequadamente ao grupo a que pertence e no qual desempenhará suas funções.
Logo, não há uma forma única de educação nem um modelo de educação. 
Em cada sociedade ou país, existe uma maneira diferente de educar. A educação 
é inerente à sociedade humana.
Conclui-se que a educação é um processo que se baseia na reflexão sobre a 
reali dade e, ao mesmo tempo, assimila suas necessidades e a crítica em suas inconsis-
tências, agindo no sentido de atendê-la em muitos aspectos. Portanto, está embasada 
na Filosofia, na Sociologia, na Psicologia, na Antropologia e no contexto histórico.
Objetivos da educação brasileira
Segundo Dermeval Saviani, em face da realidade concreta do homem brasi-
leiro, temos os objetivos gerais da educação brasileira, conforme abaixo.
Educação para a subsistência
O homem brasileiro não sabe tirar proveito das possibilidades da situação e, 
por não sabê-lo, freqüentemente, acaba por destruí-la. Isto nos revela a necessidade 
de uma educação para a subsistência. É preciso que o homem aprenda a tirar da 
situação adversa os meios para sobreviver.
Educação para a libertação
Como pode o homem utilizar os elementos da situação se ele não é capaz 
de intervir nela, decidir, engajar-se e assumir pessoalmente a responsabilidade de 
suas escolhas? As condições de liberdade do homem brasileiro são tão precárias, 
marcadas por uma tradição de inexperiência democrática, marginalização eco-
nômica, política e cultural. Daí, decorre a necessidade de uma educação para a 
libertação: é preciso saber escolher e ampliar as possibilidades de ação.
Educação para a comunicação
Como intervir na situação sem uma consciência das suas possibilidades e 
dos seus limites? Esta consciência só se adquire por meio da comunicação. Daí, 
o terceiro objetivo – educação para a comunicação. É preciso que se adquiram os 
instrumentos aptos para a comunicação intersubjetiva.Educação para a transformação
Tais objetivos só serão atingidos com uma mudança sensível do panorama 
nacional atual, quer geral, quer educacional. Daí, o quarto objetivo – a educação 
para a transformação.
Elementos para a compreensão do cotidiano e o processo didático
31
Funções sociais da educação
As ações humanas estão sempre impregnadas de crenças e valores que as 
orientam para determinadas finalidades. Consciente ou inconscientemente, explí-
cita ou implicitamente, quem vive possui uma filosofia de vida, uma concepção de 
homem, de sociedade e de mundo.
Pela busca do senso crítico da educação, os professores podem entendê-la, 
segundo Luckesi (1994, p. 39-51), de três maneiras diferentes, ou seja, cumprindo 
as funções sociais de redentora da sociedade, reprodutora da sociedade e transfor-
madora da sociedade.
Redentora da sociedade
A função redentora concebe a sociedade como um conjunto de seres hu-
manos que vivem e sobrevivem num todo orgânico e harmonioso, com desvios 
de grupos e indivíduos que ficam à margem desse todo. Ou seja, a sociedade 
está naturalmente composta com todos os seus elementos, o que importa é 
integrar em sua estrutura tanto os novos elementos (novas gerações), quanto 
os que, por qualquer motivo, encontram-se à sua margem. A educação como 
instância social que está voltada à formação da personalidade dos indivíduos 
para o desenvolvimento de suas habilidades e para a veiculação dos valores 
éticos necessários à convivência social, que nada mais tem que fazer do que 
se estabelecer como redentora da sociedade, integrando harmonicamente os 
indivíduos no todo social já existente.
Reprodutora da sociedade
A função reprodutora afirma que a educação faz, integralmente, parte da 
sociedade e a reproduz. Aborda a educação como uma instância dentro da socie-
dade e exclusivamente ao seu serviço. A educação atua sobre a sociedade como 
uma instância corretora dos seus desvios, tornando-a melhor e mais próxima do 
modelo de perfeição social harmônico idealizado.
Transformadora da sociedade
A função transformadora compreende a educação como mediação de um 
projeto social. Ou seja, ela nem redime nem reproduz a sociedade, mas serve de 
meio, ao lado de outros meios, para realizar um projeto de sociedade, que pode ser 
conservador ou transformador. Não coloca a educação a serviço da conservação. 
Pretende demonstrar que é possível compreender a educação dentro da sociedade, 
com seus determinantes e condicionantes, mas com a possibilidade de trabalhar 
pela sua democratização.
Didática do Ensino Superior
32
Além disso, Dermeval Saviani (1983, p. 36) nos alerta para a dificuldade, 
dizendo-nos o seguinte:
O caminho é repleto de armadilhas, já que os mecanismos de adaptação acionados perio-
dicamente a partir dos interesses dominantes podem ser confundidos com anseios da clas-
se dominada. Para evitar esse risco, é necessário avançar no sentido de captar a natureza 
específica da educação, o que nos levará à compreensão das complexas mediações pelas 
quais se dá sua inserção contraditória na sociedade capitalista.
Concluindo, o autor indica a necessidade de cuidar daquilo que é específico 
da escola, para que esta venha a cumprir um papel de mediação, num projeto de-
mocrático de sociedade.
Perspectivas atuais
Estamos no Terceiro Milênio sob o signo da perplexidade, da crise de con-
cepções e paradigmas em todos os campos das ciências, da cultura e da sociedade. 
É um momento novo e rico de possibilidades.
Entretanto, para não sermos omissos, vamos apresentar algumas tendências 
atuais, apoiados naqueles educadores e filósofos que tentaram apontar caminhos 
em meio a essa perplexidade.
Crises e alternativas
A educação tradicional e a educação nova têm um traço comum que é o de 
conceber a educação como um processo de desenvolvimento pessoal e individual.
O traço mais original deste século, na educação, é o deslocamento da for-
mação puramente individual do homem para o social, o político, o ideológico. A 
educação deste fim de século tornou-se permanente e social.
Há tendências universais, entre elas, a de considerar como conquista deste 
século a idéia de que não existe idade para a educação, de que ela se estende pela 
vida e que não é neutra.
Caminhamos para uma mudança da própria função social da escola. Entre 
nós, chamamos essa nova educação de educação popular, não porque ela seja 
destinada apenas às camadas populares, mas pelo caráter popular, socialista e 
democrático que essa concepção traz.
Parece-nos que o melhor caminho de superação da crise educacional é 
 vivê-la intensamente, evidenciando suas contradições e disfunções. Contudo, 
como a crise da educação e da sociedade são inseparáveis, o desenvolvimento das 
contradições escolares e a sua transformação também são inseparáveis do desen-
volvimento e da superação das contradições sociais.
Falar em futuro da educação é, à luz da história da educação, antever os pró-
ximos passos associando teoria pedagógica e prática educacional a uma análise 
sócio-histórica.
Elementos para a compreensão do cotidiano e o processo didático
33
Observando o desenvolvimento educacional do século XX, podemos afir-
mar que a educação tornou-se instrumento de luta e de emancipação, associando 
a luta social à luta pedagógica.
Não se trata mais de reforçar apenas a “escola para todos”, burocrática, uni-
formizadora, que é a essência da teoria educacional burguesa. Uma educação para 
todos não pode ser conseqüência de uma concepção elitista: os privilégios não são 
estendidos, mas eliminados, se se quer atingir a democracia.
A democracia na educação, quantitativa e qualitativamente, não pode ser um 
ato de pura “recomendação”, como pretendem os teóricos da educação da década de 
70. A educação, instrumento da paz, é o resultado da luta, do movimento popular.
O compromisso social e ético dos professores
(LIBÂNEO, 1998, p. 47-48)
O trabalho docente constitui o exercício profissional do professor e este é o seu primeiro com-
promisso com a sociedade. Sua responsabilidade é preparar os alunos para se tornarem cidadãos 
ativos e participantes na família, no trabalho, nas associações de classe, na vida cultural e política. 
É uma atividade fundamentalmente social, porque contribui para a formação cultural e científica 
do povo, tarefa indispensável para outras conquistas democráticas.
A característica mais importante de atividade profissional do professor é a mediação entre o 
aluno e a sociedade, entre as condições de origem do aluno e sua destinação social na sociedade, 
papel que cumpre provendo as condições e os meios (conhecimentos, métodos, organização do en-
sino) que assegurem o encontro do aluno com as matérias de estudo. Para isso, planeja, desenvolve 
suas aulas e avalia o processo de ensino.
O sinal mais indicativo da responsabilidade profissional do professor é seu permanente em-
penho na instrução e educação dos seus alunos, dirigindo o ensino e as atividades de estudo de 
modo que estes dominem os conhecimentos básicos e as habilidades, e desenvolvam suas forças, 
capacidades físicas e intelectuais, tendo em vista equipá-los para enfrentar os desafios da vida 
prática no trabalho e nas lutas sociais pela democratização da sociedade.
O compromisso social, expresso primordialmente na competência profissional, é exercido 
no âmbito da vida social e política. Como toda profissão, o magistério é um ato político porque 
se realiza no contexto das relações sociais onde se manifestam os interesses das classes sociais. 
O compromisso ético-político é uma tomada de posição frente aos interesses sociais em jogo na 
sociedade. Quando o professor se posiciona, consciente e explicitamente, do lado dos interesses 
da população majoritária da sociedade, ele insere sua atividade profissional – ou seja, sua compe-
tência técnica – na luta ativa por esses interesses: a luta por melhores condições de vida e de tra-
balho e ação conjunta pela transformação das condições gerais (econômicas, políticas, culturais)da sociedade.
Didática do Ensino Superior
34
Estas considerações justificam a necessidade de uma sólida preparação profissional face às 
exigências colocadas pelo trabalho docente. Esta é a tarefa básica do curso de habilitação ao ma-
gistério e, particularmente, da didática.
1. Com base no texto complementar O compromisso social e ético dos professores, como se con-
cretiza o compromisso social e ético do professor na prática de sala de aula?
Elementos para a compreensão do cotidiano e o processo didático
35
2. Discuta a posição dos autores sobre o conceito de educação (MARTINS, 1985, p. 31):
a) Álvaro Vieira Pinto (1982)
Que é Educação?
Em sentido amplo a educação diz respeito à existência humana em toda a sua duração e em todos os seus aspec-
tos. Dessa maneira, deve-se justificar lógica e sociologicamente o problema da educação de adultos. Daqui deriva 
a verdadeira definição de educação:
“a educação é o processo pelo qual a sociedade forma seus membros à sua imagem em função de seus interesses.”
b) Pierre Furter (1976)
Se a educação contemporânea tende cada vez mais a ser passada no desenrolar de um tempo dinâmico, é, tam-
bém, evidente que o espaço em que se situa a sua ação está em franca expansão. Este mundo, isto é, a imagem que 
o homem faz, em certa época, da relação entre a sua terra e o universo, é hoje um mundo planetário.
3. Em grupo integrado, procure identificar a contradição de Furter e o ensino conservador.
Didática do Ensino Superior
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4. Utilizando a Técnica Phillips 66, estude a colocação feita por Russel (1978):
Três diferentes teorias da educação têm seus defensores atualmente. Dessas três, a primeira considera que o 
exclusivo propósito da educação é proporcionar oportunidades de progresso e afastar influências negativas. A se-
gunda sustenta que o propósito da educação é proporcionar cultura ao indivíduo e desenvolver suas capacidades 
ao máximo. A terceira sustenta que a educação deve ser considerada mais em relação à comunidade do que em 
relação ao indivíduo e que sua função é adestrar cidadãos úteis.
5. Organize uma Mesa Redonda e discuta que tipo de homem a sociedade solicita, sob os aspectos 
físico, intelectual e integração na sociedade.
Bertrand Schwartz (1976)
Todo projeto social reduz-se imediatamente a certa perspectiva quanto à personalidade dos homens que o anima-
rão e quanto às relações que esses homens manterão entre si. A questão que se coloca é, pois, de saber qual é o 
homem que fará viver nossa Europa no ano 2000.
6. Considerando os fundamentos da educação e o posicionamento dos autores citados, estabeleça 
um conceito de educação.
Prática educativa, 
pedagogia e didática
Prática educativa na sociedade
O trabalho docente é parte integrante do processo educativo mais global pelo qual os mem-bros da sociedade são preparados para a participação na vida social. A educação, ou seja, a prática educativa, é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade humana neces-
sária à existência e ao funcionamento de todas as sociedades.
Cada sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos, auxiliar no desenvolvimento de suas 
capacidades, prepará-los para a participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social.
Não há sociedade sem prática educativa 
nem prática educativa sem sociedade
A prática educativa não é apenas exigência da vida em sociedade, mas também o processo de 
prover os indivíduos de conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio 
social e transformá-lo em função de suas necessidades econômicas, sociais e políticas.
Pela ação educativa, o meio exerce influências sobre os indivíduos e estes, ao assimilarem e 
recriarem essas influências, tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora em 
relação ao meio social.
Tais influências se manifestam por meio de conhecimentos, experiências, valores, crenças, modos 
de agir, técnicas e costumes acumulados por muitas gerações de indivíduos e grupos, transmitidos, as-
similados e recriados pelas novas gerações. Assim, educação é um fenômeno social complexo.
Significa que a prática educativa – especialmente os objetivos, os conteúdos de ensino e o traba-
lho docente – está determinada por fins e exigências sociais, políticas e ideológicas. Ela é determinada 
por valores, pelas normas e pela estrutura social.
A prática educativa é parte integrante da dinâmica das relações sociais e das formas da organi-
zação social. Então, a prática educativa, a vida cotidiana, as relações professor-aluno, os objetivos da 
educação e o trabalho docente, estão carregados de significados sociais que se constituem na dinâmi-
ca das relações sociais.
Nesse sentido, a educação é inerente à sociedade humana, conforme Brandão (1981) afirma:
A educação está presente em casa, na rua, na igreja, na mídia em geral e todos nos envolvemos com ela, seja para 
aprender, para ensinar e para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias 
misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias [...] Não há uma forma única nem um único modelo 
de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece; o ensino escolar não é a única prática, e o professor 
o profissional não é seu único praticante.
Didática do Ensino Superior
38
Assim, a educação é um processo natural que ocorre na sociedade humana 
pela ação de seus agentes sociais como um todo, configurando uma sociedade 
pedagógica (BEILLEROT, 1985).
Desenvolvendo essa idéia, podemos citar vários exemplos com inúmeras 
 situações da presença do pedagógico na sociedade. Nas mídias, dentre outros 
exemplos, há intervenção pedagógica na televisão, no rádio, nas revistas, nos jor-
nais e em todo material informativo, pois a mídia atua na modificação dos esta-
dos mental e afetivo das pessoas e nos modos de pensar, disseminando saberes 
e modos de agir e de sentir. No entanto, segundo Libâneo (1998, p. 21), é “sur-
preendente que instituições e profissionais cuja atividade está permeada de ações 
pedagógicas desconheçam a teoria pedagógica”.
O papel da pedagogia na sociedade
Para tornar efetivo o processo educativo, é preciso dar-lhe uma orientação sobre 
as finalidades e os meios da sua realização, conforme as opções que se façam quanto 
ao tipo de indivíduo que se deseja formar e ao tipo de sociedade a que se aspira.
Esta tarefa pertence à pedagogia como teoria e prática do processo educativo.
O que é pedagogia?
A palavra pedagogia vem do grego pais, paidós que significa criança; agein 
que é conduzir e logos que quer dizer trabalho, ciência.
Na Grécia antiga, eram chamados de pedagogos os escravos que acompa-
nhavam crianças que iam para a escola. Como escravo, ele era submisso à criança, 
mas tinha que fazer valer sua autoridade quando necessária. Por esse motivo, es-
tes escravos desenvolveram grande habilidade no trato com as crianças.
Hoje, pedagogo é o especialista em assuntos educacionais, e pedagogia é o 
conjunto de conhecimentos sistemáticos relativos ao fenômeno educativo. Então, 
pedagogia é o campo de conhecimento que investiga a natureza das finalidades da 
educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados para a for-
mação dos indivíduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social.
Uma vez que a prática educativa é o processo pelo qual são assimilados co-
nhecimentos e experiências pela prática social da humanidade, cabe à pedagogia 
assegurá-lo, orientando-o para finalidades sociais e políticas, e criando um conjunto 
de condições metodológicas e organizativas para viabilizá-lo. Então, a pedagogia, 
sendo a ciência da e para a educação, estuda a educação, a instrução e o ensino.
Conforme Libâneo (1998, p. 24), “a pedagogia é um campo de conhecimen-
tos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo 
tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa”.
Prática educativa, pedagogia e didática
39
A pedagogia, enquanto campo teórico da prática educacional,

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