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, i ; .r f I i f, 1 2 Minerais e Rochas Na Geologia de Engenharia, as rochas e os solos cons- tituem os elementos onde são instaladas as obras de enge- nharia (fundações, túneis, pontes, galerias, etc.) ou mineiras. Nestas obras, são ainda utilizados como material de constru- ção, na sua forma natural (pedra britada, saibro); beneficiada (rochas para revestimento) ou, ainda, industrializada (cimen- to). Rochas e solos também são os materiais envolvidos em fenômenos naturais, muitas vezes catastróficos, como escorregamentos, erosão, assoreamento e outros. Assim, na Engenharia, trabalha-se com uma grande variedade de tipos rochosos. Todavia, cada tipo tem caracte- rísticas intrínsecas (mineralogia, textura, estrutura, etc.) que devem ser conhecidas para que as obras sejam planejadas e executadas com menor custo e maior segurança, resultando na melhoria da qualidade final do trabalho realizado. As caracterizações geólogico-geotécnicas, dentre elas a caracterização petrográfica, são fundamentais tanto nos estudos de viabilidade e nos projetos de implantação de obras, como naqueles de previsão, prevenção ou correção dos efei- tos danosos de processos naturais (como os escorregamentos). De igual importância é o tratamento destas informações à luz de aspectos peculiares, corno o ambiente de formação e a história evolutiva, que também têm grande influência no seu comportamento ante os processos intempéricos, erosivos e outros. No que diz respeito às rochas, deve-se enfatizar que os estudos petrográficos, quando aplicados à Geologia de En- genharia, compreendem, além da determinação mineralógica e correta classificação da rocha, o fornecimento de informa- ções detalhadas sobre sua granulometria, tipo de alteração (hidrotermal, intempérica) e sua intensidade, presença de minerais secundários, estado microfissural, microtectônica, deformações intracristalinas, etc. Estes aspectos são impor- tantes para o entendimento das características mecânicas e hidráulicas, visando a previsão do desempenho dos diferen- tes tipos rochosos sob as condições de uso a que serão sub- metidos. Neste Capítulo são abordados os minerais formadores de rochas mais comuns e os principais tipos rochosos, procu- rando-se destacar os aspectos mais relevantes para a Geolo- gia de Engenharia. O Capítulo 13 - Caracterização e Classi- ficação de Maciços Rochosos aborda tais aspectos do ponto de vista geotécnico ou geomecânico. Maria Heloísa Barros de Oliveira Frascá Pedra Luiz Pretz Sartori 1 Conceitos 1.1 Minerais Mineral é uma substância sólida natural, inorgânica e homogênea, que possui composição química definida e es- trutura atômica característica. Na natureza, os minerais se formam por cristalização, a partir de líquidos magmáticos ou soluções termais, pela recristalização em estado sólido ou, ainda, como produto de reações químicas entre sólidos e líquidos. A cristalização se dá quando os átomos, íons ou grupos iônicos, em proporções definidas, são atraídos por forças eletrostáticas e distribuí- dos ordenadamente no espaço. A menor unidade desta rede tridimensional, determina- da pela disposição dos átomos na estrutura do mineral, é co- nhecida como cela unitária (retículo cristalino) e pode condicionar, além da forma externa do cristal, outras proprie- dades físicas como a dureza, a clivagem, etc. A Figura 2.1 mostra a estrutura interna e a forma cúbica derivada deste arranjo, para o mineral halita (NaCI). Alguns minerais são amorfos - não têm forma própria - por não apresentarem estrutura interna definida. Minerais não- amorfos ocorrem como cristais, que são corpos com forma geométrica, limitados por faces, arranjadas de maneira regu- lar e relacionadas com a orientação da estrutura atômica. Um ou mais elementos químicos podem constituir os minerais. Os minerais formados por um só elemento são menos comuns e pertencem à classe dos elementos nativos, como, por exemplo, ouro, cobre, enxofre, carbono, etc. Este último forma dois polimorfos, o diamante e a grafita, mine- '):: p ""'t/~ p ~ ./ Vo.:-- Figura 2.1 Estrutura interna e forma da halita 16 Minerais e Rochas rais de mesma composição química, mas com estrutura cris- talina e, conseqüentemente, propriedades físicas distintas. Em sua grande maioria, contudo, os minerais são com- postos químicos resultantes da associação de átomos de dois ou mais elementos. Muitas vezes, exibem isomorfismo, fe- nômeno apresentado por substâncias que possuem estrutura cristalina semelhante e composição química distinta. É o caso dos plagiocIásios, que formam uma série isomórfica onde a variação do conteúdo de Na e Ca na estrutura cristalina de- termina uma variação de espécies minerais. Os eixos cristalográficos são elementos de referência utilizados na descrição do cristal. Estes eixos passam pelo centro do cristal e estabelecem relações entre si que depen- dem da simetria cristalina. Para fins de orientação, o eixo a é frontal, o eixo b lateral e o eixo c vertical. Com base nos elementos de simetria, os cristais foram reunidos em seis gru- pos, denominados sistemas cristalinos (Tabela 2.1). A forma externa do mineral é o hábito. A Tabela 2.2 apresenta aqueles mais comuns entre os minerais formado- res de rochas. A associação de dois ou mais cristais de um mesmo mineral, unidos por um plano de composição e agrupados segundo uma determinada lei de repetição, constitui uma geminação ou macIa. Tabela 2.1 Sistemas cristalinos SISTEMA CRISTALINO Cúbico ou Isomélrico ~ a, =(lZ=(/1 a= P=y=90° Tetraqonal a= p~y=90° Hexagonal e Trigonal a= Jl = 90° y = 120° Ortorrõrnbico atehtec a= p=y=900 Monoclínico a io h te C 0.= y= 90° io J3 Triclínico aio"ioC c I~"71 c c J3,'~ •• ..a . I , • h a .• <t prismas e pirâmides tetragonais prismas e pirâmides trigonais halita magneüta granada pirita zircão scheelita quartzo grafita calcita dolomita nefelina olivina barita orloclâsio augita hornblenda bioíita muscovita gipso plagioclásio microclínio <2> [TI romboedro prismas e pirâmides hexagonais prismas e pirâmides rômbicas prismas com faces inclinadas plnacóides [pares de faces paralelas] Conceitos 17 HÁBITO Tabela 2.2 Principais hábitos de minerais formadores de rocha CARACTERíSTICAS Acicular Colunar Tabular ou lamelar Laminado Foliáceo Fibroso Granular Maciço ~ Terroso Botrioidal Mineral em cristais delgados, semelhantes a agulhas Mineral em indivíduos grossos, semelhantes a colunas Mineral achatado, em iamelas sobrepostas Mineral em finas lâminas achatadas Mineral que se separa facilmente em lâminas ou folhas Agregado subparalelo de cristais finos e fibrosos Mineral em forma de agregado de grãos Mineral compacto de forma irregular Mineral com aspecto de massa de barro seco Agregado com proeminências arredondadas, tipo cacho de uva 1.1.1 Propriedades tísicas A estrutura cristalina e a composição química dos mi- nerais são responsáveis por diversas propriedades físicas dos minerais, úteis para sua determinação macroscópica, quais sejam: • brilho: aspecto apresentado pela superfície de fratura re- cente do mineral, ao refletir a luz incidente. O brilho pode ser metálico, vítreo, resinoso ou graxa, sedoso, perláceo, adamantino, fosco, etc.; • cor: está relacionada com defeitos estruturais, composição química ou impurezas contidas no mineral. Pode ser carac- terística de um determinado mineral, como, por exemplo, a cor amarelo-latão da pirita. Mas, no geral, é variável para um mesmo mineral. O quartzo pode apresentar ampla varia- ção de cores, correspondendo às variedades denominadas ametista (lilás), citrino (amarelo-queimado), etc.; • traço: é a cor do pó mineral que se observa quando este risca uma superfície áspera de porcelana branca e dura. Nos minerais opacos de brilho metálico (óxidos e sulfetos), esta é uma das propriedades diagnósticas para a identificação da espécie; • c1ivagem: superfície de fratura plana, paralela a uma face real ou possível do cristal. O tipo da estrutura cristalina de- termina a presençaou ausência de plano de clivagem, se- gundo uma ou mais direções, como mostrado na Figura 2.2a. E qualificada como perfeita, boa, distinta e imperfeita; • fratura: superfície de quebra do mineral, independente do plano de clivagem, podendo ser do tipo irregular ou concóide, esta última igual à do vidro (Figura 2.2bl; • dureza: resistência do mineral ao risco ou abrasão. Emedi- da pela resistência que a superfície do mineral oferece ao risco por outro mineral ou por outra substância qualquer. A determinação desta propriedade é referida a uma escala- padrão de dez minerais, conhecida como Escala de Mohs (Tabela 2.3); • tenacidade: resistência que os minerais oferecem à flexão, ao esmagamento, ao corte, etc. Os minerais do grupo das micas são flexíveis e elásticos. O quartzo, os feldspatos e a calcita são quebradiços. O talco, o gipso e a serpentina são sécteis; • magnetismo: os minerais que contêm o elemento ferro são afetados pelo campo magnético. Os diamagnéticos são re- pelidos e os paramagnéticos são atraídos pelo ímã. Os que são fortemente atraídos pelo ímã são chamados ferromagnéticos, como é o caso da rnagnetíta (Fe)04); • peso específico: corresponde ao peso do mineral em rela- ção ao peso de igual volume de água, sendo assim calculado: peso específico = peso do mineral no ar/peso do mineral no ar - peso do mineral imerso n'água O resultado da determinação deve ser obtido com preci- são até a segunda casa decimal, para auxiliar a identificação do mineral. O valor é constante para cada espécie, pois tem relação com a composição e a estrutura cristalina. Os mine- rais, normalmente, têm peso específico entre 2 e 4. Quando acima de 4, são denominados pesados. a) b) Figura 2.2 Clivagens prismática e romboédrica (a). Fratura concóide (b) Tabela 2.3 Escala de dureza de Mohs ESCALA DE MINERAIS COMP.OSIÇÃO REFERENCIAS DUREZA PADRÃO QUIMICA RELATIVAS 1 Talco M93Si04(OH)2 Riscam-se com a unha 2 Gipso CaS04·2Hp 3 Calcita CaC03 Risca-se com objeto de cobre 4 Fluorita CaF2 Riscam-se com o canivete ou com o 5 Apatita CaS(P04)3(F,CI,OH) canto do vidro 6 Ortoclásio KAISiPa Risca o vidro com dificuldade 7 Quartzo Si02 Riscam o vidro 8 ~ Topázio AI2Si04(OH,F)2 9 Coríndon AIP3 Riscam o vidro com facilidade 10 Diamante C 18 Minerais e Rochas TIPOS DE MINERAIS Moles Semiduros Duros 1.2 Rochas Rocha é um corpo sólido natural, resultante de um pro- cesso geológico determinado, formado por agregados de um ou mais minerais, arranjados segundo as condições de tem- peratura e pressão existentes durante sua formação. Também podem ser corpos de material mineral não-cristalino, como o vidro vulcânico (obsidiana) e materiais sólidos orgânicos, como o carvão. As rochas, de acordo com seu modo de formação, cons- tituern três grandes grupos: ígneas, sedimentares e metamórficas, cada qual com características peculiares. Estes grupos rochosos se inter-relacionam, evidencian- do o caráter cíclico e dinâmico da formação das rochas, como mostrado na Figura 2.3. A determinação da natureza das rochas é feita através das observações realizadas nos trabalhos de campo, envol- vendo forma de ocorrência, estruturas, tipos rochosos associa- dos e outros. Sua classificação petrográfica (usualmente de- terminada em estudos microscópicos) é obtida com base na sua mineralogia, arranjo textural e granulometria, cada qual com maior importância relativa conforme o tipo de rocha. ° conjunto destes parâmetros define o comportamento mecâni- co das rochas. lAEG (1981) propôs os principais critérios utilizados na descrição e classificação de rochas para fins de Geologia de Engenharia. Deve-se ressaltar que os critérios propostos se baseiam no princípio de que as propriedades físicas, atual- mente exibidas pela rocha, refletem os efeitos combinados da sua origem e subseqüente história evolutiva, que inclui os processos de alteração. Seu conhecimento, aliado aos re- sultados de ensaios mecânicos, permite delimitar unidades rochosas espacialmente homogêneas do ponto de vista geotécnico, 1.2.1 Feições macroscópicas No reconhecimento macroscópico de rochas ou de amostras de mão, devem ser observadas, especialmente em Geologia de Engenharia, as seguintes feições: • estruturas: compreende a orientação e as posições de mas- sas rochosas em uma determinada área, bem como as fei- ções resultantes de processos geológicos como falhamentos, dobramentos, intrusões ígneas e outros. As rochas ígneas usualmente são maciças, o que pode lhes conferir carac- Rocha Sedimentar sedimento A·ntempe~ismoerosaotransporte Rocha metamorfismo ígnea •••••• anatexia (fusão) metamorfismo >, Rocha Metamórfica Figura 2.3 Ciclo das rochas , I ~ terísticas físico-mecânicas constantes em' todas as direções, ou seja, isotropia. A isorientação mineral e as deforma- ções tectônicas de parte das rochas metamórficas, e algu- mas estruturas (acamamento, por exemplo) de rochas sedimentares, confere-lhes anisotropia (Capítulo 3 - Es- truturas dos Maciços Rochosos); • descontinuidades: este termo refere-se a qualquer estrutu- ra geológica que interrompa, ou possa interromper, quando submetida a certas cargas, a continuidade física da rocha. Engloba juntas, falhas, fraturas, fissuras, etc., podendo even- tualmente incluir planos de fraqueza em acamamentos, bandamentos e foliações. A resistência das rochas é afeta- da pela freqüência e orientação de sistemas de fraturas. As fraturas também são locais propícios à percolação de águas superficiais, o que favorece o intemperismo e a formação de argilominerais. Estes, por sua vez, podem ser carreados, deixando cavidades (vazios) que facilitam ainda mais a percolação de água, ou podem tornar lubrificada uma su- perfície, facilitando escorregamentos; • cor: apesar de ser um parâmetro subjetivo e, muitas vezes, variável num mesmo tipo de rocha, é característico para um determinado corpo rochoso, servindo para qualificá-lo, em conjunto com os demais aspectos aqui mostrados. A título de se obter uma maior homogeneidade na descrição, é re- comendável o uso da Rock-Color Chart pubJicada pela Geological Society of America (Rock-Color Chart Committee, 1963). 1.2.2 Feições microscópicas As análises petrográficas, que são realizadas mediante o exame de seções delgadas de rochas em microscópicos polarizadores, compreendem a determinação e a quantificação dos minerais constituintes e suas inter-relaçôes, descrição dos padrões de alteração, deformação e outros. São normalizadas, no caso de estudo de rochas para revestimento, pela ABNT (Capítulo 20 - Materiais Rochosos para Construção). Os minerais característicos e necessários para a classi- ficação petrográfica são denominados essenciais e aqueles que ocorrem em quantidades menores, cuja presença não seja determinante para sua classificação, são chamados acessó- rios. Estes minerais são considerados primários. Em Geologia de Engenharia revestem-se de importân- cia os minerais de alteração, ou secundários, gerados a par- tir da modificação dos minerais primários, principalmente por processos intempéricos. Nestes, novos minerais são for- mados pela decomposição química de rochas metamórficas e ígneas, quando expostas às condições reinantes na superfí- cie terrestre. Compreendem, entre outros, os argilominerais e os hidróxidos de ferro e de alumínio. Os minerais também podem sofrer modificações atra- vés dos processos hidrotermais, que estão relacionados, prin- cipalmente, à fase final de processos ígneos (ou magmáticos), onde ocorrem reações entre as soluções aquosas quentes e as fases sólidas preexistentes. Destacam-se a seguir mais alguns conceitos de interes- se à caracterização das rochas: • minerais secundários: a presença e o modo de ocorrência de minerais secundários ou de alteração intempérica (argilominerais, hidróxidos de ferro, sais, sulfatos, etc.) sub- sidiam a determinação da estabilidade química e física da rocha ante as condições de uso em que serão empregadas, como, 'por exemplo, as rochas de enrocamento, que serão submetidas a ciclos de saturação(chuvas, enchentes) e se- cagem (épocas de estiagem). Sua quantificação também fornece o grau de alteração da rocha; Conceitos 19 • minerais deletérios: são minerais que podem provocar efei- tos prejudiciais quando da sua aplicação, como em agrega- do para concreto. Cita-se, como exemplo, o caso da opala que pode reagir com os álcalis do concreto, causando danos às estruturas civis; • textura: é o arranjo microscópico dos minerais. Muitas ve- zes, estes arranjos são exclusivos para determinados tipos de rochas. A textura está intimamente relacionada à mine- ralogia e às condições físicas vigentes durante a formação da rocha. As propriedades mecânicas dependem, em parte, da textura, que reflete o grau de coesão da rocha; • granulometria: refere-se ao tamanho dos grãos. É um dos critérios de classificação das rochas sedimentares. Nas ro- chas ígneas, a granulação diferencia macroscopicamente as rochas vulcânicas (mais finas) e plutônicas (mais grossas); • microestruturas: são estruturas de dimensões microscópi- cas (microfraturas, microfissuras, microfalhas, microdobras e outras) que também são determinantes para a maior ou menor resistência mecânica das rochas. As Figuras 2.4 a 2.12 apresentam diversos exemplos de feições microscópicas e macroscópicas. o 1 mm 'l=========l' Figura 2.4 Granito com textura granular composto de quartzo (Q), plagioclásio (P) e microclínio (M). Plagioclásio sem i-alterado em sericita (8). Polarizadores cruzados o lmm l=1=========l' Figura 2.5 Textura porfirítica em riólito. Fenocristais de quartzo (Q) e de piroxênio (P) em matriz granular micro a criptocristalina. Polarizadores descruzados 20 Minerais e Rochas o 1 mm 1=1=======:J' Figura 2.6 Basalto amigdaloidal composto de plagioclásio (P), augita (A) e opacos (O) em textura granular. As amígdalas (AM) estão preenchidas por argilominerais. Polarizadores descruzados o 1 mm 1=1========l' Figura 2.7 Basalto amigdaloidal com argilominerais (A) do grupo da montmorilonita preenchendo amígdalas ou dispersos pela rocha. Polarizadores descruzados o lmm 1=1========l' Figura 2.8 Ouartzo arenito. Grãos de quartzo (O) ci- mentados por carbonato (calcita - C). Polarizadores cru- zados o 1 mm 1=1========ll Figura 2.9 Filito composto essencialmente de sericita mostrando as direções de xistosidade (8) e de crenulação (C). Polarizadores descruzados o lmm 1=1========ll Figura 2.10 Xisto composto por muscovita (M) crenulada, quartzo (Q) e poiquiloblastos de granada (G). Polarizadores cruzados o lmm 1='=======:JI Figura 2.11 Ouartzito com cristais de quartzo em ar- ranjo granoblástico ineqüigranular. Polarizadores cru- zados r, 1 mm b======dl o Figura 2.12 Milonito com micro augens de microclínio (M) e agregados lenticulares de quartzo (Q), recristalizado em matriz de granulação fina e composi- ção quartzo-feldspática. Polarizadores cruzados 2 Principais Minerais Formadores de Rocha Na formação dos minerais, três fatores são importan- tes: pressão, temperatura e disponibilidade de material químico. Durante o processo de diferenciação geoquímica da Ter- ra, que resultou na formação da sua parte sólida mais externa (crosta terrestre), dez elementos ali se concentraram, totalizando cerca de 99% da sua composição. Destes, o oxi- gênio (46,6%) e o silício (28,2%) são os elementos mais co- muns nos minerais formadores de rocha, os silicatos. Os de- mais são: AI (8,2%), Fe (5,6%), Ca (4,2%) e outros (Na, K, Mg, Ti, P). No estudo sistemático dos minerais é comum classificá- los levando-se em consideração a sua composição química. Embora já tenham sido descritas e classificadas mais de 2.000 espécies minerais, apenas um pequeno número é formador das rochas. Nesta síntese, que contempla, principalmente, dados de Winchell e Winchell (1951), Deer et aI. (1966), Dana (1976) e Milovsky e Kononov (1985), são apresentadas ape- nas as classes que apresentam os minerais formadores de rochas mais comuns, bem como os minerais acessórios e de alteração mais importantes. 2.1 Silicatos Os silicatos, estruturalmente, apresentam o íon Si+4 si- tuado entre quatro íons de 0.2 compondo um arranjo tetraédrico (Si04)-4 °alumínio (AI+3),terceiro elemento mais abundante, não só substitui em parte o silício neste arranjo, como também os cátions Fe+3 e Mg+2.O restante da estrutu- ra dos silicatos é formada por cátions dos outros elementos comuns (Na', K+, Ca+2, etc.), moléculas de água ou íons hidroxila. Os silicatos são divididos em subclasses, conforme o tipo de ligação entre as estruturas telraédricas. O pequeno número de elementos que compõem esses minerais se com- binam, nas mais diversas proporções, tornando muito gran- de o número de espécies, de composição variada e complexa. Principais Minerais Formadores de Rocha 21 A Tabela 2.4 apresenta as composições químicas e as propriedades físicas de alguns dos principais silicatos for- madores de rocha, acessórios e de alteração. 2.1.1 Nesossilicatos Os nesossilícatos são minerais que contêm tetraedros (SiOJ4 independentes (Figura 2.13), ligados por cátions de Fe, Mg, etc. Os principais minerais formadores de rochas desta subclasse são os do grupo da olivina, incluindo também im- portantes minerais acessórios como a granada, a titanita e o zircão. A olivina ocorre, principalmente, em rochas ígneas básicas e ultrabásicas. Sua alteração (hidrotermal) produz serpentina verde e óxidos de ferro (magnetita) ao longo dos planos de fraturas. A granada é mineral característico de rochas metamórficas (xistos e gnaisses), sendo também encontrada em rochas ígneas ultrabásicas e graníticas. Sua alteração pro- duz clorita e hidróxidos de ferro (Iimonita). A titanita é mineral acessório muito comum em rochas igneas, especialmente as plutônicas, intermediárias e ácidas. Sua alteração produz leucoxênio (termo geral para se referir ao material fino, opaco e esbranquiçado, que consiste nos polimorfos de Ti02, rutilo e anatásio). O zircão é mineral acessório comum em rochas plutônicas, sendo também encontrado em rochas sedimentares detríticas, constituindo um dos chamados minerais pesados. É praticamente inalterável nas condições atmosféricas. 2.1.2 Inossilicatos Os minerais desta subclasse contêm unidades tetraédricas ligadas por oxigênios em comum, formando ca- deias simples (SiPJ4 ou duplas (Si 4 0,J6 (Figura 2.14, a e b, respectivamente). Por isso, o hábito destes minerais é em geral alongado, do tipo prismático. Os inossilicatos formadores de rochas reúnem-se em dois grupos principais: o dos piroxênios e o dos anfibólios. Os piroxênios são silicatos anidros de cadeias tetraédricas simples. Cristalizam-se nos sistemas monoclínico (augita, diopsídio) e ortorrômbico (hiperstênio). Sua clivagem, caracterizada por duas direções a um ângulo de 87º, é típica. • augita: especialmente abundante em rochas ígneas básicas (gabros e basaltos) e ultrabásicas (piroxenitos). O diopsídio é mais comum em rochas metamórficas (rochas calciossilicáticas). A alteração hidrotermal destes minerais produz clorita, serpentina, talco e óxidos de ferro; • :Si 0:0 Figura 2.13 ° ânion silicático, com arranjo tetraédrico 22 Minerais e Rochas (a) (b) • :Si 0:0 Figura 2.14 Arranjos de cadeias simples (a) e duplas (b) em inossilicatos • hiperstênio: está presente em rochas ígneas básicas (gabros, especialmente) e ultrabásicas (piroxenitos). Émineral pouco abundante, mas característico das rochas do grupo dos charnockitos. Sua alteração produz clorita, serpentina, tal- co e óxidos de ferro. Os anfibólios são silicatos hidratados de cadeias tetraédricas duplas. Sua principal característica é apresentar duas c1ivagens prismáticas, em direções segundo ângulos de 124°. • hornblenda: muito comum em rochas ígneas, especialmente nos dioritos. Em granitos é menos freqüente. Em rochas metamórficas, é abundante nos anfibolitos e menos nos gnaisses. Sua alteração hidrotermal origina clorita e carbo- nato. Por intemperismo, altera-se em argilominerais e óxi- dos de ferro. 2.1.3 Filossilicatos Os minerais desta subclassesão hidratados e suas uni- dades tetraédricas se dispõem em folhas, onde cada tetraedro é ligado a outros três por oxigênios em comum. Uma série de cadeias duplas, formadas pela unidade aniônica [(Si,Al)P5J2 (Figura 2.15), se repete indefinidamente em duas direções. O hábito destes minerais é foliáceo, com uma direção principal de clivagem segundo o plano das folhas tetraédricas. Os grupos que reúnem os minerais formadores destas rochas são as micas, argilominerais e outros filossilicatos de alteração. As micas são filossilicatos primários, cujas espécies principais são a muscovita e a biotita, que se distinguem fa- cilmente pela cor. Com relação à tenacidade, são flexíveis e elásticas. • muscovita: é a mica mais comum e importante das ro- chas metamórficas (gnaisses, xistos e quartzitos). Tam- bém ocorre em rochas ígneas, principalmente em pegmatitos. Na forma de sericita, variedade com hábito laminar, brilho sedoso e granulação mais fina, é um mine- ral secundário derivado de aluminossilicatos (feldspatos, nefelina e outros). Por intemperismo pode se alterar em caulinita ou gibbsita; • biotita: é encontrada em rochas ígneas ácidas (grani- tos, riólitos) e intermediárias (sienitos, traquitos, dioritos e andesitos) e em rochas metamórficas (xistos, gnaisses). Altera-se em clorita. Por intemperismo, pela perda de álcalis, passa a ter cor marrom a amarelo-dourada e, quando aquecida (a 100°), se desfolha e desprega em fragmentos vermiformes (de onde vem a denominação vermiculita). Os argilominerais (filossilicatos secundários) apresen- tam íons 0.2 e OR desempenhando papel importante na con- figuração geral da estrutura, podendo construir elementos estruturais, tetraedros e octaedros, dispostos em camadas alternadas. A classificação das espécies é baseada no arranjo dessas camadas, no espaçamento entre eles e nos elementos químicos envolvidos. A análise por difração de raios X é o método mais rápido e preciso de identificação das espécies. A microscopia eletrônica também é uma ferramenta impor- tante. No ambiente continental (oxidante), óxidos de ferro pigmentam esses minerais com cores avermelhadas. Os argilominerais são formados pela alteração intempérica de outros minerais, como feldspatos (comum ente alterados em caulinita), olivina, piroxênios e anfibólios, sendo também produtos da alteração de vidro vulcânico. As espécies mais comuns são a caulinita, a montmorilonita e a illita. • caulinita: constituinte das rochas sedimentares detríticas (grupo dos pelitos) e da argila dos solos. Origina-se da alte- ração de aluminossilicatos (feldspatos e micas, principal- mente). É refratária e não-expansiva. Tem amplo emprego industrial; • :Si 0:0 Figura 2.15 Arranjos de unidades tetraédricas em filossilicatos ~.,.. 'j, ! Tabela 2.4 Composição química e principais propriedades físicas de minerais silicáticos MINERAL SISTEMA CRISTALINO COR BRILHO HAsrro FRATURA CLIVAGEMPRINCIPAL Olivina Ortorrôrnblco Verde-oliva Vftreo Granular Concóide (Mg,Fe),SiO. Granada Cúbico Vermelha, marrom Vftreo Granular, Concóide Fe3AI2Si3012 dodecaédrico Titanita Monoclínico Amarela, marrom Resinoso a Prismático, Prismática Ca1iSiO, adamantino navicular Zircáo Tetragonal Marrom, dourada Adamantino Prismático Prismática ZrSiO, alongados imperfeita Augila (Ca,Na)(Mg,Fe,AI) Monoclínico Verde, marrom, preta Vãreo, resinoso Prismático Duas prismáticas, (Si,AI),O, curto a 870 Hlperstênio (Mg,Fe)2Si20S Ortorrômbico Marrom-escura, preta Vítreo Prismático Duas prismáticas,curto, massivo a 870 Hornblenda Preta-esverdeada, Prismático Duas prisrnáticas, (Na,Ca),(Mg,Fe), Monoclínico Vítreo alongado a Si,AIO,,(OH), marrom adeular a 124 0 Muscovita Monoclínico ocoror. branca-prateada Vãreo, Foliáceo. Basal K,AI.Si,AI,O.,(OH). nacarado tabular Biotita Subrnetállco. K,(Mg,Fe,AI), Monoclínlco Preta, marrom-escura perláceo Foliáceo Basal (Si,AI).O",(OH). Caulinita Triclínico Branca Fosco Terroso, 8asal A,.Si.O,,(OH. compacto Montmorilonita Terroso, (AI, Mg),Si.o" Monoclínico Branca, cinza, rosa Fosco Basal (OH),.4H,O compacto Clorita(Mg,Fe,AI), Monoclínico Verde Vâreo, fosco Laminar, Basal (AI,Si).o,,(OH). terroso Serpentina Várias tonalidades de Fibroso, Mg,Si.o,,(OH), Monoclínico verde Sedoso, graxo laminar, Basalcompacto Talco Monoclínico Branca, verde-claro, Graxa Granular, Basal Mg,Si.O,,(OH), cinza laminar Feldspato potássico Monoclínico I triclínico Rosa-avermelhada, Vjtreo Tabular Duas, a 89° KAISi,O. cinza, branca Plagiocláslo (Na,Ca)(AI,Si) Triclínico Branca, cinza Vítreo Tabular Duas, a 86° AISi 2 0a Quartzo Prismático, Si0 2 Hexagonal Incolor, branca, cinza Vftreo piramidal, Concóide granular Nefelina KNa,(SiAIO.). Hexagonal Branca-acinzentada, Graxo Prismático, Concóideesverdeada tabular Analcita NaSi 2 AIOs.H2O Cúbico Incolor, branca, Graxa Fibroso, mperteltaesverdeada colunar DUREZA 6,5 -7 7 -7,5 5 - 5,5 5-6 5-6 5-6 2-3 2-3 2 - 2,5 3-4 5,5 - 6 5 - 5,5 7.5 PESO ESPECiFICO 3,27 - 4,37 .,.. 4,1 - 4_3 3,4 - 3,56 4,6 - 4,7 3,28 - 3,55 3,4 - 3,5 3,0-3,5 2,76 - 3,0 2,8 - 3,4 2,6 2,5 2,6 - 3,0 ~;:,; "'B' 2,2 - 2,7 .,0;;' 2,82 ~;:,; '"...,., 2,56 0;;' ~ 2,62 -2,76 ~., 1} 2,65 ;:;; '"$:>... '"2,55 - 2,65 ::o Clcv;:,;-., 2,22 - 2,29 N W 2 -1 6 6 7 24 Minerais e Rochas o montmorilonita: constituinte das rochas sedimentares detríticas (grupo dos pelitos) e da argila dos solos. É o prin- cipal e, por vezes, o único constituinte dos basaltos altera- dos. Origina-se pela alteração dos aluminossilicatos e rni- nerais ferromagnesianos. Em meio aquoso, caracteriza-se pela expansão, por efeito da adsorção das moléculas de água entre as cadeias tetraédricas; o ilIita: também chamada hidromica, é um grupo de argilominerais, de composição e estrutura intermediária entre a muscovita e montmorilonita. São comuns em folhelhos de origem marinha. Outros filossilicatos de alteração são os minerais: clorita, serpentina e talco. o clorita: encontrada em quase todos os tipos de rochas, é constituinte importante de rochas metamórficas (em espe- cial, os clorita xis tos ou xis tos verdes). Mineral secundário formado pela alteração da biotita, piroxênios, anfibólios, granadas e olivinas. É flexível, mas não elástico. Às vezes, se comporta como argilomineral, em especial quando apre- senta granulação muito fina (argila); o serpentina: constituinte importante de rochas metamórficas (serpentinitos). Forma-se pela alteração hidrotermal de ro- chas ultrabásicas ricas em silicatos magnesianos (olivina e piroxênio). A variedade de hábito fibroso (crisotila) é flexí- vel e tem brilho sedoso. E isolante térmico e acústico, e um dos tipos de amianto. A variedade de hábito laminar (antigorita) é compacta e tem brilho graxo; • talco: constituinte de rochas metamórficas: esteatito ou pe- dra sabão, e xistos, junto com clorita, é formado pela altera- ção hidrotermal de silicatos magnesianos. Amplo emprego industrial. 2.1.4 Tectossilicatos Os minerais desta subclasse contêm tetraedros de (SiOJ1 ligados entre si por oxigênios em comum, resultando numa estrutura contínua tridimensional (Figura 2.16). A relação Si:O é 1:2 mas, em muitos casos, o AI+3 subs- titui parte do Si+4,resultando na adição de outros cátions (Na', K+, Ca+2) disponíveis no ambiente de cristalização, para que haja a neutralização das cargas. Os grupos que reúnem os principais minerais formado- res de rochas são os feldspatos, a sílica, os feldspatóides e as zeólitas. Os feldspatos são os minerais mais abundantes na crosta terrestre. Geralmente, possuem hábito prismático ou tabular. Os tipos principais são: o feldspato potássico e os plagioclásios: o feldspato potássico: é comum nas rochas ígneas (granito, sienito), nas sedimentares detríticas (arenito, arcóseo) e nas metamórficas (gnaisses e xistos). E mineral predominante em pegmatitos. As principais variedades são o ortoclásio (monoclínico) e o microclínio (triclínico). Alteram-se hidrotermalmente em sericita e, intempericamente, em caulinita; o plagiocIásios:correspondem a uma série isomórfica contí- nua entre tipos sódico (albita - Ab:NaAlSips) e cálcico (anortita - An:CaAI2Sips). São divididos em seis espéci- es: albita, oligoclásio, andesina, labradorita, bytownita e anortita. Está presente em quase todos os tipos de rochas ígneas e metamórficas (gnaisses). Na alteração hidrotermal podem originar minerais do grupo dos epídotos - Caz(Fe,A1)AlJSi04][Si0710(OH) - calcita e sericita. Por intemperismo, originam sericita e argilominerais. Embora sendo óxido, o tipo de estrutura da sílica per- mite enquadrá-Ia nos silicatos. Os tipos principais são: quartzo, calcedônia e opala: • quartzo: é um dos minerais mais comuns na natureza. Cons- titui as rochas ígneas ácidas (granito, riólito), sedimentares detríticas (arenitos) e metamórficas (quartzitos, gnaisses, xistos). Nas rochas é incolor (hialino), leitoso (branco translúcido) e/ou enfurnaçado (cinza). As variedades colo- ridas são comuns. Freqüentemente, preenche fraturas ou veios em rochas de origem variada. O quartzo é muito re- sistente à alteração, sendo o principal constituinte das areias e de solos arenosos; • caIcedônia: é uma variedade criptocristalina, fibrosa, de cor variada, brilho graxo e hábito botrioidal. Dependendo das suas cores, estruturas, etc. recebe nomes peculiares como ágata, ônix e jaspe; • opala: é sílica hidratada (Si02.nHp); amorfa. Tem cores claras (branca, cinza) e brilho perláceo, comumente opalescente (exibindo reflexões internas coloridas). Os fedspatóides são minerais cristalograficamente apa- rentados dos feldspatos, porém ricos em Na+ e K+ epobres em Si02: o nefelina: é a variedade mais comum, constituinte das rochas ígneas alcalinas (nefelina sienitos e pegmatitos alcalinos) estando ausente nos outros tipos de rocha. E muito instável, alterando-se hidrotermalmente em albita, muscovita, zeólitas e outros felspatóides (cancrinita e sodalita). Mais raramen- te altera-se em caulinita. As zeólitas são minerais secundários compostos por silicatos de alumínio, hidratados. Constituem polimorfos nos sistemas cúbico, tetragonal, romboédrico, ortorrômbico e monoclínico: • :Si 0:0 Figura 2.16 Arranjo tridimensional de tetraedros em tectossilicatos •'i' I I t i [ t- I 1 • analcita: é uma das variedades mais comuns. Mineral se- cundário, está geralmente associado a feldspatóides, dos quais se deriva. Também ocorre preenchendo amígdalas em rochas vulcânicas. 2.2 Não-silicatos Os minerais não-silicáticos abrangem os grupos dos elementos nativos, sulfetos, óxidos e hidróxidos, carbonatos, halóides e sulfatos. Na Tabela 2.5 estão apresentados alguns minerais destas classes e suas principais propriedades físicas. 2.2.1 Elementos nativos~ Compreendem qualquer elemento, na sua forma sim- ples (não-combinada), encontrado na natureza. A grafita, composta unicamente de carbono, é um dos minerais mais comuns desta classe e ocorre principalmente em rochas metamórficas (xistos). 2.2.2 Sulfetos Como sulfetos, destaca-se a pirita, mineral acessório ou secundário em rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. Altera-se em limonita e sulfatos . 2.2.3 Óxidos e hidróxidos Nestes minerais, os íons 0-2 e OR correspondem ao ânion que se liga a um ou mais metais. Seus tipos principais são: magnetita, hematita, especularita, ilmenita, limonita e goethita, bauxita e pirolusita: • magnetita: mineral acessório em rochas ígneas, especial- mente as básicas e ultrabásicas. Alteração por oxidação em hematita e, por oxidação e hidratação, em limonita; • hematita: comum em rochas metamórficas (quartzitos, tipo itabirito) e, como cimento, em rochas sedimentares. A especularita é uma variedade com forma tabular e brilho metálico intenso. Altera-se em limonita; • i1menita: mineral acessório em rochas ígneas básicas (por exemplo, basaltos). Altera-se em leucoxênio, porém é rela- tivamente estável nas condições atmosféricas; 'limonita e goethita: formam-se pela alteração intempérica dos minerais de ferro. O nome limonita é usado para se referir a todos os óxidos de ferro hidratados. A goethita cons- titui os chapéus-de-ferro (gossans), que capeiam corpos de sulfetos; • bauxita: é uma mistura de óxidos hidratados de alumínio: boehmita (AlO(OR)) e diásporo (~O) - ortorrômbicos- gibbsita (Al(OR))) - monoclínico. E produto da alteração intempérica, predominantemente química, de rochas ígneas ricas em alumínio (especialmente sienitos), em regiões de clima tropical/subtropical. É minério de alumínio; • pirolusita: é o produto da alteração intempérica de mine- rais de manganês. Geralmente está pigmentando (cores es- curas ou violáceas) as rochas intemperizadas. 2.2.4 Carbonatos São minerais caracterizados pelo ânion (CO)"2: • caleita: é o carbonato de cálcio (CaCO). Ocorre em rochas sedimentares (calcários) e metamórficas (mármores). Como Rochas Ígneas 25 mineral secundário encontra-se em veios e fraturas em rochas de naturezas diversas. Preenche, também, amígdalas em rochas basálticas. Mineral facilmente solúvel em meio ácido. Reage com HCI a frio, com forte efervescência pelo desprendimento de gás carbônico; • dolomita: é o carbonato de cálcio e magnésio - CaMg(CO ), - Ocorre em rochas sedimentares (calcários dolomíticos) e metamórficas (mármores dolomíticos). Menos solúvel em meio ácido que a calcita, reage fracamente com RCI a frio, com pouca efervescência. 2.2.5 Halóides São minerais caracterizados pela presença do ânion de um elemento halogênio. O mais comum é a halita cloreto de sódio (NaCI), encontrada em rochas sedimentares de origem química (evaporitos: sal-gema). Mineral solúvel em água. 2.2.6 Sulfatos São minerais caracterizados pela presença do ânion (SO4)-2. O mais comum é o gipso, o sulfato de cálcio hidrata- do encontrado em rochas sedimentares de origem química (evaporitos) associadas com calcários, folhelhos e margas. Mineral hidratado, solúvel em meio ácido. A variedade maciça é conhecida como alabastro. 3 Rochasígneas As rochas ígneas, ou magmáticas, resultam da solidificação de material rochoso, parcial a totalmente fundi- do, denominado magma, gerado no interior da crosta terrestre. Conforme seu local de formação, distinguem-se dois tipos de rochas ígneas: • plutônicas ou intrusivas: formadas em profundidade, no interior da crosta terrestre, pelos lentos processos de resfriamento e solidificação do rnagma, resultando em ma- terial cristalino geralmente de granulação grossa e de for- mas definidas. No seu movimento ascendente à parte supe- rior da crosta, podem fragmentar e incorporar blocos das rochas encaixantes, denominados xenólitos; • vulcânicas ou extrusivas: formadas na superfície terrestre, ou nas suas proximidades, pelo extravazamento explosivo, ou não, de lava - material ígneo que alcança a superfície da Terra - por condutos vulcânicos. Resulta em material vítreo ou cristalino, de granulação fina. O oxigênio e o silício são os elementos mais abundan- tes na composição do magma e sua viscosidade é diretamente proporcional ao conteúdo de sílica, As rochas ígneas são as que apresentam, em geral, me- lhor comportamento geomecânico e são as mais utilizadas em construção civil, no Brasil. Algumas também são impor- tantes matérias-primas industriais. De maneira geral, as ro- chas plutônicas têm resistências mecânicas altas, devido à relativa homogeneidade dos corpos rochosos, forte coesão dos constituintes minerais (textura) e granulação mais grossa. Entretanto, as rochas vulcânicas compactas apresentam maio- res resistências mecânicas que as plutônicas, porém, a pre- sença de vesículas ou amígdalas, bem como de disjunções colunares, tendem a diminuí-Ias. Maiores quantidades de quartzo aumentam a resistência mecânica da rocha. Por outro 26 Minerais e Rochas lado, também aumentam sua abrasividade, o que leva a um maior desgaste de equipamentos (britadores, serras diamantadas, etc.). 3.1 Composição Os minerais constituintes de rochas ígneas, essencial- mente silicatos, se formam à medida que a temperatura atinge seus pontos de cristalização. Genericamente,a seqüência de cristalização, com a diminuição da temperatura, é: 1. olivina, piroxênios, anfibólios (homblenda) e micas (biotita) - denominados mi?frais máficos; 2. plagioclásios cálcicos, seguidos dos plagioclásios sódicos, feldspatos alcalinos, quartzo - denominados minerais félsicos - e mica (muscovita). Os primeiros minerais formados são os silicatos de ferro e magnésio, enquanto os últimos são os aluminossilicatos de sódio e potássio. Os minerais acessórios, como zircão, apatita e titanita são os primeiros a se cristalizar. Por se cristalizarem em condições de maiores tempera- tura e pressão, os minerais ferromagnesianos são os mais instáveis, podendo se alterar (mudar de composição química e estrutura cristalina) tanto pela interação com líquidos magmáticos tardios (mais ricos em voláteis e/ou silicosos), quanto pela exposição às condições atmosféricas (intemperismo ). Nestas últimas condições, há geração de minerais secundários, como óxidos e hidróxidos (limonita, por exemplo) e argilominerais e sais, que reduzem as resis- tências das rochas. 3.2 Formas de ocorrência As principais formas de ocorrência das rochas ígneas na crosta terrestre, esquematizadas na Figura 2.17, são des- critas a seguir. • plutons: volumes irregulares de rochas intrusivas: - batólito: massa ígnea de grande volume, abrangendo área de afloramento em superfície superior a 100 km". Os con- tornos são irregulares e o topo tem forma dômica. Consti- tui-se de numerosos plutons menores; - stock: massa ígnea plutônica de volume menor, abran- gendo área de afloramento na superfície inferior a 100 krrr'. Refere-se a corpos verticais quase cilíndricos; • dique: resulta do preenchimento de fraturas nas rochas da crosta terrestre pelo magma em ascensão. A espessura pode variar de centímetros a centenas de metros e o comprimento de até vários quilômetros; • sill: corpo ígneo de forma tabular, concordante em relação às rochas encaixantes. Apresenta-se em camada de marcante uniformidade e espessura devido à introdução de magma entre planos de estratificação de depósitos sedimentares. Também é conhecido por soleira; • derrame de lava: as atividades vulcânicas podem se dar por duas formas: - erupção central: na superfície do vulcão, forma-se um cone ligado ao conduto vulcânico, por onde são ejetados lava, gases e materiais piroclásticos; - fissural: a lava extravasa ao longo de uma rede de fraturas na superfície terrestre, recobrindo grandes áreas. A superposição dos sucessivos derrames de lava resulta na formação de um planalto vulcânico. 3.3 Estruturas e texturas Os aspectos estruturais e texturais das rochas ígneas freqüentemente se sobrepõem. Por isto, considera-se como estrutura as feições arquitetônicas do corpo rochoso, melhor observáveis no campo. Como textura, os aspectos mesa e microscópicos, tais como tamanho de cristais, grau de crista- lização e outros. 3.3.1 Estruturas Comumente, as rochas ígneas apresentam as seguintes estruturas: • maciça: rocha cujos os minerais não exibem orientação pre- ferencial segundo direções determinadas. Tem o aspecto tanto em afloramento, como em amostra de mão, de uma massa rochosa compacta (Figura 2.18). No caso de rochas plutônicas, podem mostrar sistemas de fraturamento verti- cais e suborizontais, que se originam após a solidificação do magma e favorecem a quebra da rocha em blocos; Figura 2.17 Formas de ocorrência das rochas ígneas e relevos associados: Batólito - B; Stock - S; Dique - Di; Sill - Si; Derrame Fissural- DF; Derrame de Erupção Central - EC; Câmara Magmática - eM Tabela 2.5 Composição química e principais propriedades físicas de minerais não-silicáticos MINERAL SISTEMA CRISTALINO COR BRILHO HÁBrro FRATURA CLIVAGEM OUREZA PESO ESPECiFICOPRINCIPAL Grafita Metálico, Massivo, Hexagonal Cinza-escuraa preto foliáceo Basal 1,5 2,15C fosco terroso .,. Pirita Cúbico Amarelo latão Metálico Cúbico Cúbica e 6 - 6,5 5,1FeS, octaédrica Magnetita Cúbico Preta Metálicp Octaédrico, Subconcóide 5,5 - 6,0 5,2Fe3O, granular Hematita Preta, marrom- Tabular, Fe,03 Trigonal avermelhada Metálico laminar, Irregular 5-6 5,26 terroso I/menita Trigonal Preta Metálico, Tabular, Concóide 5,5 4,7Feli03 submetálico laminar Limonita Amorfo/ Castanho- Fosco, Terroso 5 4,3EeO.OH.nH,O cripto-cristalino amarelada metálico Goethita Ortorrômbico Marrom-escura Sedoso, Massivo Uma 5 - 5,5 3,3 - 4,3aFeO.OH fosco Bauxita Ortorrômbico Branca, castanho- Fosco Terroso, Basal 2,5 - 3,5 2,3 - 2,4hidróxidos de alumínio monoclínico amarelada tabular Pirolusita Tetragonal Preta Metálico Massivo Prismática 1 - 2 4,7 - 5,0 Mn02 Calcita Hexagonal (triqonal) Incolor, branca, Vítreo Romboédrico, Três, 3 2,71 CaCO, variada tabular romboédricas Dolomita CaMg(C03), Hexagonal (trigonal) Branca, variada Vítreo Romboédrico, Três, 3,5 2,85massivo romboédricas Halita Cúbico Incolor, branca, cinza Vítreo Cúbico, Cúbica 2,5 2,16NaCI granular Fibroso, ~ Gipso Duas, <::> Monoclínico Incolor, branca Vítreo tabular, 2 2,32 <:) CaSO,.2H,O prismáticas ;,.. granular ::>'"OQ' ;, '"::>'" N--..l 28 Minerais e Rochas \ Figura 2.18 Estrutura maciça de um granito • fluidal: rocha com minerais isorientados, expressando movi- mento direcional do magma quando da sua colocação e antes do seu resfriamento total. É comum em bordas de intrusões ou diques, nas proximidades das paredes das rochas encaixantes; • vesicular: rocha vulcânica que pode conter cavidades de forma circular, elíptica ou irregular, resultantes da expan- são dos gases presentes na lava, durante o seu resfriamento (Figura 2.19). Em geral, se concentram na porção superior do derrame, pela tendência dos voláteis em escapar rumo à atmosfera. Numa etapa posterior, essas cavidades podem ser preenchidas por minerais deutéricos (derivados da interação dos minerais preexistentes com soluções magmáticas tardias) ou secundários, como o quartzo (que pode formar geadas), calcita, zeólitas, calcedônia, clorita, etc. Neste caso, a estrutura é referida como amigdaloidal (Figura 2.19); • colunar: estrutura fornecida pela disposição da rocha vul- cânica segundo prismas colunares de cinco ou seis lados, como resultado da contração da lava durante o seu resfriamento; • em laje: fornecida pelo arranjo tabular da rocha vulcânica, com fraturas separando blocos de 5 a 10 em de espessura, resultado do fluxo laminar de lavas, mais viscosas na superfície. Figura 2.19 Estrutura vesículo-amigdaloidal de um basalto (V - vesícula; am - amígdala) 3.3.2 Texturas A textura engloba os aspectos descritivos da rocha, rela- tivos ao grau de cristalização, cristalinidade, tamanho e for- ma dos grãos minerais, relações mútuas entre eles ou com o vidro eventualmente presente, cujas características são dis- tintivas para as rochas plutônicas ou vulcânicas. Estes aspectos quase sempre refletem a velocidade e seqüência de cristalização. Na Tabela 2.6 são apresentadas terminologias, basea- das em Bates e Jackson (1980) e Mackenzie et al. (1982), para designar o grau de cristalização, forma, cristalinidade e textura de rochas ígneas. A IAEG (1981), com base no tamanho predominante dos grãos, propôs as classes granulométricas mostradas na Tabela 2.7, aplicáveis tanto para as rochas ígneas, como para metamórficas. Entre parênteses estão apresentados os limi- tes usuais em petrografia. 3.4 Classificação As rochas ígneas são classificadas com base nos volu- mes modais de seus minerais essenciais, como quartzo, feldspatos e/ou feldspatóides e minerais ferromagnesianos. Para a classificação petrográfica têm sido adotadas as pro- postas da IUGS, compiladas por Le Maitre (1989). A classificação química, utilizada em especial para as rochas vulcânicas, está baseada no conteúdo de sílica, in- corporado na estrutura dos minerais de rochas ígneas. A IAEG (1981) propôs uma classificação para as rochas ígneas, entre as quais inclui as rochas piroclásticas, associando e simplifi- cando as classificações petrográfica e química, juntamente com granulometria. A Tabela 2.8 sintetizaestas proposições. As rochas ácidas dificilmente se alteram nas condições normais de uso, mesmo em meio aquoso. Já as rochas bási- cas e ultrabásicas tendem a se alterar quando expostas às condições atmosféricas, podendo ocorrer desagregação me- cânica ou decomposição em .argilominerais, quase sempre expansivos. A Tabela 2.9 apresenta as principais características das rochas ígneas. Granitos e basaItos, respectivamente rochas plutônicas e vulcânicas, constituem as rochas ígneas mais abundantes, especialmente no Brasil. 3.5 Granitos Os granitos são rochas ácidas plutônicas, que formam a maior parte dos batólitos em núcleos de cadeias montanho- sas. São muito abundantes no Brasil, principalmente nas re- giões de Escudo (Guianas, Brasil Central e Atlântico). Comercial e popularmente, granito é um nome genéri- co para designar qualquer tipo de rocha plutônica. A rigor, são rochas compostas de quartzo (20-30%), feldspatos (50- 70%); feldspato potássico - principalmente microclínio - e plagioclásio, geralmente oligocl,ás~o, e mine.rai.s ferro- magnesianos (5-25%). Destes últimos, a biotita e/ou hornblenda são os minerais mais comuns e, quando estão ausentes ou em pequenas quantidades « 5%), adiciona-se o prefixo leuco à rocha. Os minerais acessórios são magnetita, titanita, zircão, apatita e, às vezes, granada. O arranjo textura! é granular (Figura 2.4) ou, menos freqüentemente, porfirítico, no qual os feldspatos constituem os fenocristais. l~ , , t t, Rochas Ígneas 29 Tabela 2.6 Grau de cristalização, forma, cristalinidade e textura de rochas ígneas GRAU DE CRISTALIZAÇÃO Holocristalinas Hipocristalinas (vitrofíricas) Holohialinas (vftreas) Inteiramente constituídas por cristais (lentamente resfriada) Constituídas por vidro e cristais Constituídas por vidro (rapidamente resfriada) FORMA Euédrico (automórfico, idiomórfico) Subédrico (hipautomórfico, hipidiomórfico) Anédrico (xenomórfico, alotriomórfico) Mineral completamente limitado por suas faces cristalinas Mineral parcialmente limitado por suas faces cristalinas Mineral que não apresenta faces cristalinas Fanerftica CRISTALlNIDADE Afanftica Cristais individuais visíveis a olho nu; relativa às rochas plutônicas Diminutas dimensões dos cristais os toma invisíveis a olho nu. Podem ter vidro ou ser totalmente cristalinas; relativa às rochas vulcânicas Microcristalina Cristais reconhecidos ao microscópio Criptocristalina Cristais não reconhecidos nem aomicroscópio TEXTURA Granular Rocha holocristalina, com os minerais constituintes aproximadamente eqüidimensionais Ineqüigranular (ou heterogranular) Rocha apresentando cristais de diferentes tamanhos Rocha apresentando cristais maiores (denominados fenocristais), dispersas em matriz uniformemente mais fina, que pode ser fanerítica - grossa, média ou fina ou afanítica Rocha apresentando cristais relativamente maiores de determinado mineral, que engloba numerosos cristais menores de um ou mais minerais diferentes Porfirítica Poiquilítica Os granitos tendem a ter cor rosa a avermelhada quan- do predominam os feldspatos potássicos e cinza quando pre- dominam os plagioclásios. A estrutura é usualmente maciça, mas pode exibir certa orientação marcada pela isorientação de feldspatos. Muitas vezes, os granitos se partem segundo um sistema de planos ortogonais. Os granodioritos são rochas com parentesco com os granitos e que comumente ocorrem associadas. Apresentam larga predominância de plagioclásio (65-90%) sobre os feldspatos alcalinos e maior conteúdo de máficos. Os tonalitos são rochas em que o plagioclásio totaJiza 90% a 100% dos feldspatos. Os charnockitos constituem um grupo especial de rochas plutônicas, cuja natureza (ígnea ou metamórfica) é indefinida, apresentando aspectos macroscópícos, microscó- picos e mineralógicos muito semelhantes aos das rochas graníticas (sensu lato), mas contém caracteristicamente o mineral hiperstênio. Nas bordas e no interior de plutons graníticos é comum a ocorrência de diques ou veios formados pelo preenchimento de fraturas, na rocha recém-consolidada, por outras rochas ígneas cristalizadas a partir do magma residual. Estes diques e veios recebem as seguintes denominações: • pegmatitos: quando apresentam granulação muito grossa e são compostos de quartzo, feldspato alcalino e muscovita, geralmente acompanhados de minerais raros, ricos em lítio, berílio, nióbio, terras raras, etc.; • aplitos: quando apresentam granulação fina e compõem-se de quartzo e feldspato alcalino. A alteração intempérica dos granitos propicia a forma- ção de argilominerais (caulinita), a partir dos feldspatos e a desagregação da rocha em material areno-argiloso. A abundância e boas características físico-mecânicas dos granitos (homogeneidade, isotropia, elevadas resistên- cias à compressão e alteração, baixa porosidade, etc.), quan- do não-alterados e não-fraturados, favorecem seu uso em obras civis tanto em fundações, como em material para construção (agregado para concreto, rip rap e outros). Associadamente, sua aparência os faz muito apreciados para uso como rocha ornamental, sendo utilizados como placas para revestimento de pisos, paredes e fachadas, pias, balcões e muitos outros (Capítulo 20 - Materiais Rochosos para Construção). As aná- lises microscópicas são úteis para verificar a existência de minerais instáveis, alterados ou potencialmente deletérios, bem como de microdescontinuidades e materiais de preenchimento. Os riólitos são os equivalentes extrusivos das rochas graníticas, exibindo a mesma mineralogia essencial, muitas vezes só determinada por análises químicas, visto a finíssima granulação dos cristais ou a presença de vidro. Como máficos apresentam preferencialmente piroxênio (augita). Ocorrem em derrames, constituindo, em conjunto com o~tras varieda- des de rochas vulcânicas ácidas, a Seqüência Acida da For- mação Serra Geral, nos estados do Sul e Sudeste do Brasil. Também formam diques e sills. Sua estrutura é maciça, passando a vesicular ou amigdaloidal nos topos dos derrame. A coloração é geral- mente rosa-avermelhada ou cinza-clara a média. 30 Minerais e Rochas Tabela 2.7 Classes granulométricas - rochas ígneas (IAEG, 1981). Entre parênteses, os limites usuais em Petrografia GRANULAÇÃO Muito grossa Grossa Média TAMANHO (mm) > 60 (> 30) 2 - 60 (5 - 30) 0,06 - 2 (1 - 30) 0,002 - 0,06 « 1) < 0,002 Fina Muito Fina São rochas afaníticas - micro, criptocristalinas ou ví- treas - em geral porfiríticas (Figura 2.5). Os fenocristais são de quartzo (que costumam apresentar contornos regulares ou arredondados por corrosão), feldspato potássico e plagioc!ásio (menos comum), e piroxênio. As amígdalas, de forma arre- dondada ou irregular, podem estar preenchidas por quartzo (em uma ou mais variedades, como hialino, ametista, citrino, calcedônia, etc.), carbonatos ou zeólitas. Estas rochas não são tão utilizadas como material de construção civil quanto os granitos, pois a presença de quartzo muito fino na sua matriz, quase sempre as torna mais resis- tentes ao corte em serras ou coroas diamantadas, provocando um desgaste precoce destes equipamentos. As variedades dos riólitos são: felsito, granófiro, vitrófiro, pedra-pornes (usada como material abrasivo e polidor) dentre outras. 3.6 Dioritos Os dioritos são rochas plutônicas intermediárias. Ocor- rem como pequenos corpos (stocks) associados a suítes graníticas em cinturões orogênicos. São compostas essen- cialmente por plagioclásio sódico-cálcico e minerais máficos como biotita, hornblenda e/ou piroxênios. O quartzo perfaz menos de 10% do volume e, quandoem quantidades maiores (até 20%), o nome petrográfico recebe o prefixo quartzo (quartzo diorito), O feldspato potássico em geral é acessório. A magnetita, em pequenos grãos ou octaedros, está associa- da aos ferromagnesianos. Exibem textura fanerítica, granu- lar, por vezes porfirítica (fenocristais de plagioclásio). A granulação é usualmente fina a média e a cor é cinza-escura a preta. Muitas vezes, exibem aspecto mesoscópico tiposal e pimenta (branca e preta). Apresentam características físico- ~ .. ~' ~ I I mecânicas e usos semelhantes aos dos granitos. Sua cor preta também as faz muito utilizadas como rocha ornamental, especialmente em arte mortuária. Na alteração intempérica origina-se um material argi- loso (caulinita), contendo óxidos e hidróxidos de ferro, que lhe confere coloração avermelhada ou amarelo-alaranjada. Os andesitos são rochas vulcânicas intermediárias compostas, essencialmente, de plagioc!ásio (andesina), com mineralogias semelhantes aos dioritos. Tem cor cinza-escura a marrorn-esverdeada, e seu modo de ocorrência, suas estru- turas e seus aspectos texturais, tal qual a maioria das rochas vulcânicas, são semelhantes aos dos riólitos, 3.7 Sienitos Os sienitos são rochas plutônicas intermediárias, tam- bém denominadas rochas alcalinas devido ao alto conteúdo de álcalis (K e Na) na composição dos minerais essenciais. Ocorrem na forma de stocks isolados ou corno fácies margi- nais de batólitos graníticos. São rochas faneríticas, granulares, compostas essen- cialmente por feldspato potássico, O quartzo, quando pre- sente, atinge quantidades inferiores a 10%. O plagioc1ásio (sódico) também não perfaz mais que 20%. Os minerais ferromagnesianos são a biotita e a hornblenda, podendo for- mar agregados, aos quais se associa a magnetita. Entretanto, os máficos mais comuns são os silicatos alcalinos, piroxênios e anfibólios, Também podem ocorrer os feldspatóides, como a nefelina, a sodalita e outros, no lugar do quartzo, constitu- indo, por exemplo os nefelina sienitos. Apresentam cor rosa-avermelhada a vermelha- amarronzada e, freqüentemente, estrutura fluidal, resultante do alinhamento subparalelo dos cristais de feldspato potássico. Deve ser mencionado o sodalita sienito, de cor cinza-azulada, comercializado como Azul Bahia, urna das rochas mais apre- ciadas e valorizadas no mercado de rochas ornamentais. Pela atuação intempérica, estas rochas se alteram em material argiloso (caulinita) que, por lixiviação, pode resul- tar em depósitos econômicos de bauxita (minério de alumínio). Os traquitos e fonólitos são rochas vulcânicas de com- posição semelhante aos sienitos e feldspatóides sienitos, respectivamente. Ocorrem em diques, preenchendo antigos condutos vulcânicos, ou em pequenos derrames. A cor é cin- za com pontuações escuras (traquitos) até verde-escuras (fonólitos). Os aspectos estruturais e texturais, bem como os usos e as propriedades físico-mecânicas, são semelhantes aos de riólitos. São suscetíveis à alteração intempérica produzindo argilominerais (caulinita), com cores vermelha ou amarela, pela pigmentação de compostos de ferro. Tabela 2.8 Classificação de rochas ígneas CLASSIFICAÇÃO QUíMICA TEOR DE Si02 CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA / GRANULOMETRIA Ácidas Granito (> 0,06 mm) e ríójto « 0,06 mm) Intermediárias 52 - 66% Básicas Ultrabásicas < 45% Peridotito e piroxenito Diorito (> 0,06 mm) e andesito « 0,06 mm) Gabro (> 2 mm), diabásio (2 - 0,06 mm) e basalto « 0,06 mm) 3.8 Basaltos Os basaltos são as rochas ígneas vulcânicas mais abun- dantes. Sua maior ocorrência é na forma de derrames e, no Brasil, constituem a Formação Serra Geral da Bacia do Paraná, onde perfazem mais de 90% das rochas vulcânicas aí existentes. A mineralogia essencial é plagioclásio cálcico (labradorita) (35-50%), augita (20-40%), magnetita ou ilmenita (5-15%) e quantidades muito variáveis de matriz vítrea. A textura é afanítica, microgranular, por vezes amigdaloidal (Figura 2.6). Sua cor é cinza-escura a preta, com tonalidades avermelhadas ou amarronzadas, conferidas por óxidos/ hidróxidos de ferro gerados pela alteração intempérica. Pode apresentar estrutura maciça (compacta) ou vesicular/amigdaloidal. Zeólitas, quartzo, carbonato, vidro e argilominerais (produtos da alteração do vidro) preenchem as amígdalas. É muito usada como pedra britada, em agregados asfálticos e para concreto, em lastro para ferrovias e outros. Na grande maioria das rochas basálticas, o material vítreo acha-se transformado (devitrificado) em argilominerais (especialmente do grupo da montmorilonita, que compreen- de minerais expansivos) (Figura 2.7). Sua presença favorece a rápida desagregação da rocha quando exposta à umidade (chuvas) e secagem (estiagem). Este fenômeno foi verificado e controlado, sobretudo quando do seu uso em enrocamento, durante a construção de diversas usinas hidrelétricas em basaltos, da Formação Serra Geral, da Bacia do Paraná. Rochas Ígneas 31 Os gabros são rochas básicas plutônicas, compostas de plagioclásio cálcico-labradorita (45-65%), augita (25-45%) e minerais opacos (magnetita e/ou ilmenita). Olivina ou hiperstênio podem ocorrer em pequenas quantidades (até 10%). Constituem pequenos stocks, e têm propriedades e usos semelhantes aos dos basaltos compactos. A cor é cinza-escura a preta, às vezes, com pontuações de cor branco-acinzentada. Os diabásios (ou doleritos, para os europeus) são microgabros, que ocorrem em diques e, menos comum ente, sills. Na Região Sul-Sudeste do País, são comuns enxames destes diques, cortando grande variedade de rochas. Os anortositos são uma variedade de gabro de cor branco-acinzentada (também denominados leucogabros), constituídos essencialmente por cristais de plagioclásio cálcico. A estrutura é maciça e o modo de ocorrência na for- ma de stocks. No Brasil, são pouco freqüentes. 3.9 Peridotitos e piroxenitos Os peridotitos e os piroxenitos reúnem o grupo de rochas ígneas ultrabásicas compostas principalmente por silicatos ferromagnesianos, contendo até 10% de plagioclásio. A cor é preta, às vezes, com tonalidade esverdeada. Não são rochas comuns e sua ocorrência em afloramentos é pouco freqüente, pois têm rápida decomposição em condições atmosféricas. Nos peridotitos, a olivina é o constituinte essencial que, com freqüência, se altera em serpentina e, mais raramente, em talco, ao longo de fraturas, formando os serpentinitos. O dunito é uma rocha composta essencialmente de olivina. Tabela 2.9 Principais características das rochas ígneas ROCHA ESTRUTURA TEXTURA COR MINERAIS ESSENCIAIS Granito Maciça Granular fina a Cinza a rosa- Quartzo, plagioclásio, feldspato potássico P grossa! porfirftica avermelhada (biotitaJhornblenda) L Plagioclásio, biotita, hornblenda~ U Diorito Maciça Granular fina a Cinza-escura~ T grossa (quartzo/feldspato potássico)~ Ô[ Sienilo/ Maciça/fluxionar Granular fina a Rosa a marrom- Feldspato potássico (biotita/homblenda)t N ~ I Nefelina grossa avermelhada (aegi rina)l C Sienito (nefelina/sodalita) i A Gabro/ Maciça Granular grossa Cinza-escura preta Plagioclásio cálcico, augita, opacos i: S Diabásio fina a média~ Peridotito/ Maciça Granular fina a Preta, esverdeada Olivina/piroxênio t Piroxenito grossa Riólito Maciça!vesículo- Granular cripto a Cinza a rosada Quartzo, plagioclásio, feldspato potássico V arnigdaloidal microcristalina/ (biotita!hornblenda) U porfirftica L C Andesito Maciça Granular cripto a C inza-escura/ Plagioclásio, biotita, hornblenda  rnicrocristalina/ marrom-esverdeada (quartzo/feldspato potássico) N porfirítica I ~ C Traquito Maciça/fluxionar Granular cripto a Cinza a verde-escura Feldspato potássico (biotita!hornblenda) I A microcristalina (aegirina)S2 Fonólito porfirítica (nefelina/sodalila) f Basalto Maciça/vesículo- Granular cripto a Cinza-escura a preta Plagioclásio cálcico, augita, opacos I amigdaloidal microcristalina/ vítrea E 1 32 Minerais e Rochas Nos piroxenitos, a augita é O principal constituinte. A clorita é mineral comum de alteração. A despeito de possuírem propriedades físico-mecâni- cas semelhantes às dos granitos, a baixa resistência à altera- ção, dos minerais ferromagnesianos que as compõem, requer atenção especial nos projetos de grandes obras civis. 3.10 Rochas piroclásticas São rochas resultantes da acumulação, e posterior compactação e cimentação, de grãos ou fragmentos de mate- rial rochoso ejetados por explosão e expulsão aérea por um vulcão. De acordo com sua granulometria,que reflete sua proximidade com o conduto vulcânico - os grãos maiores estão mais próximos - as~rochas piroclásticas são classificadas con- forme a Tabela 2.10. Tabela 2.10 Classificação das rochas piroclásticas TAMANHO DO FRAGMENTO (mm) SEDIMENTO ROCHA > 32 Bomba (ejetado fluido) Bloco (ejetado sólido) Lapili Cinza Tufo lapOico Tufo Aglomerado > 32 Brecha vulcânica 32 - 4 <4 4 Rochas Sedimentares As rochas sedimentares são resultantes da consolidação de sedimentos, ou seja, partículas minerais provenientes da desagregação e do transporte de rochas preexistentes, ou da precipitação química, ou, ainda, de ação biogênica. Constitu- em uma camada relativamente fina (aproximadamente 0,8 km, em média, de espessura) da crosta terrestre, que recobre as rochas ígneas e metamórficas. Os folhelhos, arenitos e calcários, nesta ordem, constituem perto de 95% das rochas sedimentares. Estas rochas compõem as bacias sedimentares como as do Paraná, Amazonas e outras. As rochas sedimentares constituem importantes recur- sos econômicos, podendo ser citados os ca!cários e dolomitos, matérias-primas para várias finalidades indus- triais; areia, para vidro e construção civil; carvão, etc. São também pesquisadas por servirem de reservatórios de pe- tróleo ou, ainda, por serem jazidas de minérios aluvionares como ouro, diamante e cassiterita. Estas rochas são conhecidas, em Geologia de Engenha- ria, como rochas brandas, pois, em geral, apresentam baixas resistências mecânicas e, muitas vezes, são friáveis, devido à menor coesão dos minerais constituintes. Com vistas ao uso na Engenharia Civil, é importante sua caracterização tecnológica e petrográfica, determinando-se, neste caso, a mineralogia, a presença de matriz argilosa, o tipo e o modo de distribuição do material ligante (cimento), a porosidade, a permeabilidade e as estruturas presentes, que podem fornecer subsídios para o entendimento das suas qualidades mecânicas. 4.1 Modo de formação As rochas sedimentares, em sua maioria, se formam a partir dos processos que compõem o ciclo sedimentar, quais sejam: o intemperismo (Capítulos 5 - Clima e Relevo e 6 - Solos), a erosão, o transporte e a deposição (Capítulo 9 - Pro- cessos de Dinâmica Superficial) e a litificação. As estruturas sedimentares são formadas quando da deposição dos sedimentos e classificadas como primárias, quando de origem puramente mecânica ou secundárias, quan- do de origem química, formando nódulos, concreções e ou- tros. A estrutura primária mais típica é o acamamento (ou estratificação), que representa o arranjo destas rochas em camadas distintas, com espessuras variando de centímetros até poucos metros. Também é utilizado o termo laminação para se referir a estratos com espessura menor que 1 em. Estratificaçâo cruzada, gradacional, marcas de onda, etc. são outros exemplos. A transformação dos sedimentos em rochas inicia-se logo após sua deposição, por meio de 'um conjunto de pro- cessos químicos (dissolução, precipitação, cristalização, recristalização, oxidação, redução e outros) e físicos, deno- minado diagênese, que ocorre em condições de baixas pres- são e temperatura. Os principais processos são: • cimentação: cristalização de material mineral carreado pela água que perco Ia os vazios entre os grãos (poros), preen- chendo-os e dando coesão ao material, transformando-o em rocha. É o processo predominante na litificação de material sedimentar mais grosso e com pouca matriz argilosa. Os cimentos mais comuns são a caleita, hidróxidos de ferro (limonita), sílica (nas diversas formas, como quartzo, caleedônia, etc.) e sais (gipso, halita); • compactação: principal processo de Iitificação de sedimen- tos mais finos, silto-argilosos (lamitos). É provocada pela compressão dos sedimentos sob o peso daqueles sobrepos- tos, havendo gradual diminuição da porosidade, expulsão da água intersticial e atração iônica entre as partículas. Os sedimentos carbonáticos são submetidos, na diagênese, à compactação e subseqüente dissolução por pressão e/ou recristalização. Nos sedimentos calcários magnesianos pode ocorrer a dolomitização, sob determinadas condições de salinidade, temperatura, pH, etc., que transforma, sensu lato, a calei ta em dolomita; • autigênese: formação de minerais in. situ (denominados autígenos) durante a diagênese. Assim, ocorre a formação de glauconita e a transformação de matéria orgânica em hidrocarbonetos (petróleo). 4.2 Classificação As rochas sedimentares são geralmente classificadas, conforme sua origem, em: detríticas, como os arenitos, os siltitos e os argilitos; químicas ou bioquímicas, como os calcá rios, os carvões, etc. São destacadas, a seguir, as rochas sedimentares mais comuns. 4.3 Rochas detríticas (ou elásticas) As rochas sedimentares detríticas são formadas pela acu- mulação e posterior diagênese de sedimentos derivados da desagregação e decomposição de rochas na superfície terres- tre. A composição destes sedimentos reflete os processos de intemperismo e a geologia da área fonte. Estes sedimentos podem ser de natureza terrígena (derivados de rochas existen- tes na superfície terrestre), pirocIástica (derivados de erupções vulcânicas, já abordados no conjunto das rochas ígneas), e calcária (derivados do retrabalhamento de partículas calcárias). i I I I f Os principais componentes das rochas detríticas são: • c1astos: fragmentos de rochas e grãos minerais (quartzo e feldspatos, principalmente); • matriz: de granulometria mais fina (silto-argilosa) locali- zada entre os grãos; • cimento: quase sempre silicoso (calcedônia), carbonático (calcita) ou ferruginoso (hematita ou limonita). O tipo de cimento é deterrninante da maior ou menor resistência mecâ- nica da rocha. Os cimentos silicosos são os que fornecem maior coesão e dureza às rochas. Carbonatos, especial- mente calcita, são solúveis em meio ácido. Sais são solú- veis em água. O principal elemento descritivo na classificação dos sedimentos detríticos, e das rochas deles derivadas, é o tamanho dos grãosj segundo os intervalos granulométricos fornecidos pela Escala de Wentworth (Tabela 2.11). Rochas Sedimentares 33 quadas, há o sobrecrescimento (overgrowth) dos grãos de quartzo, que cessa ao encontrar a borda de outro grão. Isto imprime forte coesão à rocha. A cor é branca ou avermelhada, fornecida por finíssima película de óxidos/ hidróxidos de ferro que recobre os grãos; • arcóseo: deriva-se de rochas graníticas e contém, além do quartzo, mais de 25% de feldspatos entre os minerais elásticos. Fragmentos de rocha e micas detríticas podem estar pre- sentes, bem como matriz argilosa (até 15%) e cimento. A presença de óxidos de ferro também fornece cor avermelhada à rocha; • grauvaca: contém abundante (15-75%) matriz constituída de c!orita, sericita e grãos tamanho silte de quartzo e feldspatos. Na fração areia, os grãos de quartzo dominam sobre os de plagioclásio e de fragmentos de rocha, de com- posição variada. A cor é cinza-escura a preta. Tabela 2.11 Escala de classificação granulométrica dos sedimentos detríticos TAMANHO LIMITE ROCHA DE CLASSE (mm) CLASSE SEDIMENTO A B C > 256 Bloco 256 - 64 Pedra Conglomerado Cascalho ou brecha Psefito Rudito 64 - 4 Seixo 4-2 Grânulo 2 - 1 Areia muito grossa 1 - 0,5 Areia grossa 0,5 - 0,25 Areia média Areia Arenito Psamito Arenito 0,25-0,125 Areia fina 0,125 - 0,06 Areia muito fina 0,06 - 0,004 Silte Silte Siltito Pelito Lutito < 0,004 Argila Argila Argilito Obs.: A: designações mais comuns; B: termos derivados do grego; C: termos derivados do latim Conforme a Tabela 2.11, e de acordo com Pettijohn (1975), podem ser destacados três tipos de rochas detríticas: os ruditos, os arenitos e os lutitos. Os ruditos ou psefitos são rochas sedimentares detríticas contendo mais de 25% dos componentes, geralmente fragmentos de rocha, com tamanho> 2 mm (na prática, são centimétricos, podendo ser até métricos). Quando a forma dos fragmentos é arredondada, a rocha recebe a denomi- nação conglomerado e, quando é angulosa, brecha. Ruditoscom quantidade significativa de matriz são denominados diamictitos. Os arenitos ou psamitos são rochas sedimentares detríticas contendo mais de 50% de grãos com tamanho entre 2 e 0,06 mm. Os principais tipos são: • quartzo arenito: é o mais abundante. O quartzo (hialino, enfumaçado ou leitoso) constitui mais de 95% de grãos elásticos. Pode conter até 15% de matriz silto-argilosa. O cimento, quando presente, é sílica, carbonatos e outros (Figura 2.8). Em parte destas rochas, sob condições ade- Os lutitos ou pelitos são rochas detríticas constituídas por partículas tamanho silte (0,06-0,004 mm) e argila « 0,004 mm). É o grupo mais abundante de rochas sedimentares. Seus principais constituintes são os argilominerais (iIlita, caulinita e, menos freqüentemente, montmorilonita) e partículas de quartzo no tamanho silte. As cores estão relacionadas ao conteúdo de material carbonoso (grafita) e ao estado de oxidação do ferro. A abundância do primeiro confere cor cinza-escura a preta. As cores avermelhadas são devido à presença de óxidos de ferro que atuam como pigmentos. Estas rochas, em geral, exibem fissilidade, que é a propriedade de separação de placas segundo planos paralelos finamente espaçados, tais como o acamamento. Está relacionada à orientação dos minerais filossilicáticos. De acordo com a predominância de silte ou argila e os graus de fissilidade da rocha, têm-se: • siltito: rocha sem fissilidade constituída de partículas ta- manho silte. Ao tato é áspera, devido à presença de quartzo, como constituinte principal; r- I:, I I I II IlI' iliur I, 34 Minerais e Rochas • folhelho síltico: rocha físsil constituída de partículas tama- nho silte e argila; • argilito: rocha sem fissilidade constituída de partículas tamanho argila. Ao tato é lisa e possui plasticidade quan- do úmida. Os argilominerais são os seus principais cons- tituintes; • folhelho argiloso: rocha com fissilidade, constituída de partículas tamanho argila; . • ritmito: rocha com estratificação marcante, caractenzada pela alternância de finas lâminas de material ora síltico (cor cinza-clara), ora argiloso (cor preta). 4.4 Calcários e dolomitos Os calcárioste dolomitos são rochas carbonáticas com- postas por mais de 50% de minerais carbonáticos (c~leita ou dolomita, respectivamente). Em geral, no entanto, tem 80% a 100% destes minerais. Estas rochas são importantes matérias-primas para as indústrias cimente ira, da cal, vidreira, siderúrgica, de tintas, de borrachas e muitas outras. Os dolomitos também são usa- dos como corretivo da acidez de solos. É comum seu uso em construção, civil, especialmente como brita, em agregados p~ra concreto. E preciso considerar, porém, sua queda de resisten- cia mecânica e sua dissolução quando em meio ácido. Por outro lado, sua baixa dureza leva a um menor desgaste de equipamentos em britagens e moagens. . ., Os dolomitos são relativamente mais duros e insolú- veis que os calcá rios. Como estas rochas, co~, f~eqüência, ocorrem associadas e sua separação pode ser difícil, e neces- sário dimensionar de forma correta os equipamentos para evitar desgaste precoce. Pelo intemperismo químico, a calei ta é dissolvida pela água, formando-se cavernas, dolinas, sumidouros e outras feições denominadas cársticas. , . Os calcários são rochas formadas por processos quimi- coslbioquímicos em ambientes marinhos, de águas ra~as. Também podem se formar por fragmentos ou graos carbonáticos mecanicamente transportados e depositados, em geral, na própria bacia de sedimentação. . O caleário argiloso, com uma porcentagem de argila superior a 50% é conhecido como marga. , . O travertino é uma variedade de rocha calcana, de cor bege e estrutura maciça, formada pela precipit~ção química a partir de águas superficiais, ou subsuperficiais, ao redor de fontes, especialmente termais. Os dolomitos também são rochas carbonáticas sedimentares, em geral, de cor cinza- clara e granulação fina, aparentemente geradas a partir de calcários. A transfo!ma- ção de calcita em dolomita pode ocorrer durante a dIag:nese do caleário, ou após a sua formação, pela percolaçao de águas magnesianas ou pela reorganização dos íons Mg2+na estrutura cristalina da caleita. A Tabela 2.12 mostra a classificação mineralógica, baseada no conteúdo de doIomita, e a classificação granu- lométrica, baseada no tamanho dos componentes principais, esta última proposta pela IAEG (1981) para os calcários detríticos. 4.5 Carvão Rocha formada por processos bioquímicos, a partir de restos vegetais acumulados sob condições anaeróbicas, que impediram sua oxidação, tais como ambientes de acumu- lação de água estagnada (pântanos). .. A série do carvão é formada pelos segumtes tipos: • turfa: rocha de cor castanho-amarelada, com textura fibro- sa (de origem orgânica) bem preservada; • Iinhito: rocha de cor castanha, mais compacta que a turfa, cujos fragmentos de planta ainda podem ser reconhecidos; • carvão mineral: rocha de cor preta em que a matéria vege- tal foi totalmente transformada em mineral; • antracito: rocha de cor preta, densa e brilhante. O folhelho pirobetuminoso é uma rocha de cor casta- nho-escura a preta, com fissilidade e granulometria fina, cons- tituída de silte, argila e matéria orgânica na forma de querogênio (mistura de hidrocarbonetos de moléculas grandes) que pode ser extraído, por destilação, na forma de petróleo. No merca- do é conhecida por xisto betuminoso. O conteúdo de matéria orgânica varia de 20% a 30% e ~ óleo extraído,de 2% a 12%. Na Região Sul do Brasil, no Paraná e em Santa Catarina, ocorrem importantes depósitos desta rocha, bem como de carvão mineral. 4.6 Evaporitos, chert e diatomitos Os principais representantes das rochas sedimentares de origem químicalbioquímica, à .exceção de calcár!os e dolomitos, já descritos, são: evapontos, chert e diatomitos, Os evaporitos são depósitos salinos formados pela pre- cipitação de elementos químicos (sais) a ~artir de sal~ouras ou soluções concentradas por evaporaçao, em ambientes salinos (mares e lagos salgados) e em regiões áridas. . Os principais minerais evaporíticos são a halita, que forma os depósitos de sal-gema, e o gipso, que origina os depósitos de gesso. Além de baixíssim~ re.sistên~ia mecâ- nica, estas rochas são prontamente _soluvels em agua, por isto sua associação ou intercalaçao com outras rochas sedimentares (por exemplo, calcário) deve ser delimitada, antes da implantação de obras mineiras ou de engenharia. Tabela 2.12 Classificações mineralógica e granulométrica de rochas carbonáticas sedimentares CLASSIFICAÇÃO DOLOMrTA CLASSIFICAÇÃO GRANULO- TAMANHO DOS MINERALÓGICA (%) MÉTRICA (IAEG, 1981) GRÃos (mm) Calcário 0-10 Calcirudito >2 Calcário dolomítico 10-50 Calcarenito 0,06 - 2 Dolomito calcítico 50-90 Calcissiltito 0,002 - 0,06 Dolomito 90-100 Calcilutito < 0,002 o chert é rocha silicosa de granulação fina e origem química ou bioquímica, ~onstituída de quartzo finamente granular, ou calcedônia. E uma rocha bastante compacta e dura, apresentando fratura concóide. Sua estrutura pode ser em camada ou nodular, quando formada pela substi- tuição de calcários. Os diatomitos são rochas formadas pela acumulação de carapaças silicosas de diatomáceas, com pequenas quan- tidades de testas de radiolários e espículas de espongiários. Possuem alta porosidade. 5 Rochas Metamórfícas As rochas metamórficas são derivadas de outras preexistentes que, bo decorrer dos processos geológicos, sofreram mudanças mineralógicas, químicas e estruturais, no estado sólido, em resposta a alterações das condições físicas (temperatura e pressão) e químicas, impostas em profundidades abaixo das zonas superficiais de alteração e cimentação, ou seja, no domínio das transformações diagenéticas. Estas alterações provocam a instabilidade dos minerais, que tendem a se transformar e rearranjar sob as novas condições. Pode ocorrer desde a recristalização mineral até reações metamórficas mais intensas. A recristalização, que compreende o aumento de tamanho e/ou a modificação
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