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Massacre do Carandiru

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Massacre do Carandiru
O caso ficou conhecido internacionalmente por causa da morte de 111 presos após a Polícia Militar entrar no Pavilhão 9 da Casa de Detenção, na Zona Norte de São Paulo, para pôr fim a uma rebelião
A rebelião teve início com uma briga de presos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção. A intervenção da Polícia Militar, liderada pelo coronel Ubiratan Guimarães tinha como justificativa acalmar a rebelião, mas acabou por realizar uma verdadeira chacina no local.
. Sobreviventes afirmam que o número de mortos é superior ao divulgado e que a Polícia estava atirando em detentos que já haviam se rendido ou que estavam se escondendo em suas celas. Nenhum dos sessenta e oito policiais envolvidos no massacre foi morto. A promotoria do julgamento do coronel Ubiratan classificou a intervenção como sendo "desastrosa e mal-preparada"
Foi a maior rebeliao em um presidoi da amareca latina. A Polícia Militar alegou que os presos dominaram todo o pavilhão e só foram contidos com a chegada dos 200 homens da tropa de choque da Polícia Militar. Os presos contaram que não houve negociação, que os policiais do Grupo de Apoio Tático Especial (Gate) e os policiais do Comando de Operações Especiais (Coe), com o apoio de cães adestrados foram abrindo caminho para a tropa de choque da Polícia Militar, que já entrou nas celas atirando. A versão é assustadora e conta que a ação da polícia humilhou, torturou e liquidou os presos com rajadas de metralhadora e com a fúria dos cães treinados para atacar sem piedade.
Operação
02/10/92
14h - Começa uma briga no segundo andar do Pavilhão 9, entre os presos Antonio Luís do Nascimento (o Barba) e Luís Tavares de Azevedo (o Coelho). Um está armado com um pedaço de pau, e o outro, com um cano de metal.
14h30 - Os feridos são levados para a enfermaria, no pavilhão 4. Os agentes penitenciários trancam a grade de acesso ao segundo andar.
14h30 - Os presos que estão no segundo andar conseguem quebrar o cadeado e romper a grade. O tumulto é generalizado. Os agentes abandonam o pavilhão. Começa a rebelião. Os presos criam três focos de incêndio e queimam os arquivos. Fazem barricadas nos corredores. A Polícia Militar é chamada.
15h - O secretário de Segurança Pública, Pedro Franco de Campos, telefona para o então governador Luiz Antonio Fleury Filho, que está em Sorocaba, interior de São Paulo. Essa versão é sustentada pelo deputado estadual Elói Pietá (prefeito eleito em Guarulhos) no livro "Pavilhão 9 - O Massacre do Carandiru". O governador nega a versão. Fleury disse que só foi informado, "superficialmente", sobre o ocorrido às 18h30.
15h45 - Os juízes-corregedores, José Ismael Pedrosa, diretor do presídio, e o coronel Ubiratan Guimarães seguem para o pavilhão 9. Não há negociação com os presos. Ubiratan Guimarães toma o comando da operação.
16h20 - Ubiratan Guimarães conversa por telefone com o secretário Pedro Franco de Campos, que autoriza a invasão para "sufocar" a rebelião. "Você que está no local, avalie e faça o que tem que fazer", teria dito Campos.
16h30 - 362 policiais militares invadem o pavilhão 9. Estão armados com revólveres, metralhadoras alemãs, fuzis M-16, pistolas, punhais e um lança-bombas. Há ainda mais 13 cães. 
No início, alguns presos oferecem resistência. Os policiais recebem uma "chuva" de armas improvisadas, atiradas no pátio pelos presos. Uma pequena explosão fere o coronel Ubiratan Guimarães. Assume o comando o capitão Wilton Brandão Filho.
17h - A Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) invade o primeiro e o segundo andar. Mata todos os ocupantes de 11 celas. No segundo andar, morrem 60% das vítimas do massacre. O COE (Comando de Operações Especiais da Polícia Militar) ocupa o terceiro andar. O quinto pavimento (quarto andar) fica com o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar).
17h - Saem os primeiros carros da polícia, levando PMs feridos. Os presos sobreviventes são retirados de suas celas, nus e descalços, e levados para o pátio. No caminho, atravessam corredores poloneses e são agredidos com cacetetes, facas e baionetas.
18h - Os presos sobreviventes são obrigados a carregar os cadáveres para uma sala no primeiro andar. Muitos que ainda estavam vivos neste momento, foram mortos nessa operação.
19h - Oito presos são levados para o pronto-socorro de Santana, na zona norte de São Paulo, em um carro da polícia. Dois deles saem vivos da Casa de Detenção, mas chegam mortos ao PS.
23h - A equipe da perícia consegue chegar aos andares superiores. Na sala do primeiro andar, são contados 88 mortos. Havia mais dois cadáveres na enfermaria do pavilhão.
24h - Somados aos oito do pronto-socorro de Santana, eram 98 mortos.
03/10/92
3h - Terminam os trabalhos da perícia. Os mortos são levados para o IML.
7h30 - Mais 13 mortos são encontrados no pavilhão 9. Já são 111 mortos. Havia ainda 108 detentos feridos. Mas essas informações, desde o dia anterior, são escondidas dos familiares dos mortos e da imprensa.
16h30 - Meia hora antes do encerramento das eleições municipais, o secretário Pedro Franco de Campos informa os números do massacre.

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