Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Vestibular Cidadão – Gramática – Prof. Reginaldo Rodrigues LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Aula 01 – Linguagens A prova do ENEM é construída a partir da matriz de referência, composta por habilidades e referências. Segundo os professores William Cereja e Ciley Cleto: A competência pode ser traduzida como uma espécie de “saber fazer”, isto é, saber lidar com as diferentes situações e os problemas que se colocam diante de nós no dia a dia. As habilidades estão relacionadas com o “como fazer”, isto é, como o indivíduo mobiliza recursos, toma decisões, adota estratégias ou procedimentos e realiza ações concretas para resolver os problemas. Dica: procure no portal do INEP a matriz de referências do ENEM. A prova de linguagens é constituída por 45 questões, que abordam 9 competências e 30 habilidades. Abaixo, faremos um resumo das 9 habilidades abordadas pela prova: Competência 1 – Comunicação • Compreender que os códigos usados para a comunicação são construções humanas aceitas socialmente; • Entender que há vários tipos de códigos, além do texto escrito, utilizados para a comunicação, como a linguagem verbal, visual e sonora; • Compreender que cada tipo de linguagem tem um uso social e contexto específico. • Como é cobrada: questões relacionando linguagem escrita com a visual, sobretudo em propagandas impressas em que é necessário relacionar imagem e texto para entender a mensagem. Competência 2 – Língua estrangeira Competência 3 - Linguagem corporal • Compreender a prática física como meio de melhorar a sua qualidade de vida e a saúde pública da sociedade; • Valorizar a saúde e não a estética; • Compreender que os modelos de beleza são construções culturais, principalmente da mídia e que mudam em diferentes épocas, ocorrendo uma reflexão em cima disso; • Questões relacionadas às formas de manifestação corporal da sociedade, como danças típicas e alguns esportes; • Exemplo: Capoeira: patrimônio cultural imaterial do Brasil. Competência 4 - Arte expressando ideias e emoções • Você deverá associar a produção artística com o momento que passa cada sociedade; • O momento, seja ele histórico, social, político ou econômico, influencia essa produção artística e vice-versa, sendo a arte um elemento de geração de significados aos grupos sociais; • Importante: assumir a postura de respeitar e valorizar a diversidade cultural entre os povos e suas expressões artísticas; • Como expressão corporal está na competência 3 e literatura na 5, aqui ficam, principalmente, as questões da prova relacionadas às artes plásticas e ao teatro. Competência 5 – Literatura • Movimentos literários; • Questões em que você deverá relacionar o texto com os contextos históricos, políticos, sociais, culturais e econômicos, já que o autor de qualquer obra literária está inserido em um contexto específico e isso influencia diretamente na sua produção artística; • Questões que trabalham a intertextualidade, cobrando semelhanças, diferenças ou influências entre os textos destacados. Competência 6 – O texto, seu contexto e sua função • Serão cobrados dois eixos centrais: • Compreender que todo texto tem seu contexto; • Entender que todo texto tem sua função. • Entender as funções de um texto (narrativa, expositiva e persuasiva) e suas respectivas características, pois isso diz muito sobre a intenção do autor com seu interlocutor; • É comum em questões que possuem quadrinhos e charges. Competência 7 – Opiniões e pontos de vista • Cobra a capacidade de compreender os objetivos dos textos (verbais ou não-verbais) das pessoas com quem nos relacionamos; • Na sociedade existem vários interesses e várias estratégias usadas para estabelecer comunicação (intimidação, sedução, comoção, chantagem etc.) e diferentes métodos podem ser utilizados para criar ou mudar comportamentos ou hábitos de quem recebe essa mensagem. Competência 8 – Diversidade Linguística • A prova exigirá que o aluno respeite todo o tipo de diversidade linguística que possa ser cobrada, sejam elas regionais, sociais e de idade do uso da língua sempre: • posicionando-se contra o preconceito Vestibular Cidadão – Gramática – Prof. Reginaldo Rodrigues linguístico; • sem negar a necessidade de que se conheça, e em alguns momentos utilize, a forma culta da língua; • Compreender as diferenças entre a linguagem formal, informal e seus contextos de uso; • Questões ligadas à compreensão da importância do patrimônio linguístico para a constituição e preservação da memória e da identidade nacional. Competência 9 – Tecnologias da Informação (TICs) • Relacionada às múltiplas tecnologias de comunicação que possibilitam a distribuição do conhecimento e a democratização do acesso à informação; • Questões que trazem a internet e suas ferramentas (como o Google e demais formas de busca, as redes sociais, blogs, chats, sms, entre outros) serão os temas principais, apesar de poderem aparecer velhas tecnologias de informação, como máquinas de datilografia, por exemplo; • Será preciso entender o impacto dessas tecnologias na vida das pessoas no passado, hoje e também os possíveis impactos no futuro. Para facilitar o ensino e o estudo da gramática, ela foi dividida em partes. São elas: • Fonologia – Estuda os fonemas da língua, suas possibilidades de combinação em sílabas e a relação que eles mantêm com as letras na escrita alfabética. • Ortografia – Estuda a forma correta da grafia das palavras de uma língua. • Morfologia – Estuda as classes de palavras, suas flexões e processos de formação. • Sintaxe – Estuda as funções e as relações das palavras nas sentenças da língua. • Semântica – Estuda o significado das palavras, as relações de sentido que entre elas se estabelecem e sua organização em um léxico. • Estilística - Estuda a língua na sua função expressiva, analisando o uso dos processos fônicos, sintáticos e de criação de significados que individualizam estilos. Nesta primeira aula, será abordada uma parte introdutória ao estudo da gramática normativa. Alguns conceitos básicos sobre a língua: • Os interlocutores são os participantes de um diálogo. • A língua é um sistema de representação socialmente construído, constituído por signos linguísticos. • A linguagem é uma atividade humana e é sempre utilizada em situações de interlocução. Pressupõe, portanto, a existência de interlocutores. Por meio da linguagem elaboramos representações acerca do mundo em que vivemos, organizamos e damos forma às nossas experiências. Nas representações que constrói, a linguagem traz marcas de aspectos históricos, sociais e ideológicos de uma determinada cultura. • O signo linguístico é uma unidade de significação que possui dupla face: • o significante (o suporte para uma ideia, isto é, a sequencia de sons que se combinam para formar palavras); • o significado (a própria ideia ou conteúdo intelectual). A língua se desenvolve em vários níveis de linguagem. São eles: • A norma-padrão é o conjunto de regras, pautadas em autores consagrados, que impõe uma unidade à língua escrita. É a norma de grande prestígio social e o seu domínio é exigido em algumas situações do cotidiano. Neste nível de linguagem, temos a observação de todas as regras gramaticais. • No nível (registro) formal da língua, temos o emprego das estruturas da língua de forma mais cuidada e convencional. Ele aparece em situações que exigem maior formalidade, sempre tendo em conta o contexto e o interlocutor. É caracterizado pela conformidade ao conjunto de regras da gramática normativa. • No nível (registro) informal da língua, temos o emprego das estruturas da língua de forma espontânea e funcional. Ele aparece em contextos informais, íntimos e familiares, que permitem maior liberdade de expressão.Esse registro mais informal também é encontrado em propagandas, programas de televisão ou de rádio, etc. Em consequência da complexidade que envolve a enunciação, ou seja, o ato comunicativo efetivo, os conceitos de certo ou errado tornam-se superficiais. É necessário considerar um novo conceito: a adequação. Um enunciado pode ser considerado adequado quando é apropriado aos elementos presentes no processo de comunicação, atendendo às necessidades dos falantes. Entende-se que o uso que cada indivíduo faz da língua Vestibular Cidadão – Gramática – Prof. Reginaldo Rodrigues depende de várias circunstâncias: do que vai ser falado (assunto), do meio utilizado (canal), do contexto (ambiente espaço-temporal), do objetivo e do nível sociocultural de quem fala e, importantíssimo, de quem é o locutário (ou seja, para qual pessoa se está falando). Isso significa que a linguagem do texto deve estar adequada à situação, ao interlocutor e à intencionalidade do falante. A língua portuguesa é diversa e se manifesta de várias formas. Antes de demonstrar as variedades das línguas se faz necessário explicitar três conceitos: • Variedade linguística é cada um dos sistemas em que uma língua se diversifica, em função das possibilidades de variações de seus elementos (vocabulário, pronúncia, morfologia e sintaxe). • Normas urbanas de prestígio são as variedades que, em um país com a diversidade linguística do Brasil, gozam de maior prestígio político, social e cultural. São utilizadas em contextos formais de fala e de escrita. • Preconceito linguístico é o julgamento negativo que é feito pelos falantes em função da variedade linguística que os outros utilizam. Temos 5 tipos de variedades da língua portuguesa: • A variação diacrônica (histórica) é a variação relacionada com o tempo. Representa as várias formas de dizer a mesma coisa em diferentes épocas e com recursos linguísticos diferentes. Ex. pharmácia (farmácia), augua (água). • A variação diatópica (geográfica) é a variação relacionada ao lugar. Está ligada à regionalização e à linguagem do campo e da cidade. Ex. mió (melhor), capitar (capital), macaxeira (aipim, mandioca). • A variação diastrática (social) é a variação relacionada ao grupos sociais e ao nível de escolarização dos falantes. • Gíria é uma forma de linguagem baseada em um vocabulário especialmente criado por determinados grupos sociais de jovens (skatistas, surfistas...). Ex. beleza (tudo bem), stalkear (perseguir na internet). • Jargão está relacionado ao uso específico da linguagem associado a um grupo profissional (advogados, engenheiros...). Ex. peticionar, laje em balanço. • A variação diafásica (estilística) é a variação relacionada à situacionalidade discursiva e ao contexto linguístico. Ex. linguagem formal no contexto do trabalho e informal para conversas entre amigos. • A variação diamésica (meio) é a variação relacionada ao meio ou veículo em que o texto circula. Ex. Conversas no whatsapp (informal, abreviada) e no email (formal). A enunciação, como processo comunicativo, é uma complexa interação de diversos elementos que levam à formulação de um determinado enunciado. Os elementos necessários para que haja comunicação são: • Locutor (emissor ou remetente) – aquele que diz algo a alguém; • Locutário (receptor ou destinatário) – aquele a quem o texto do locutor se dirige; • Mensagem – o texto produzido pelo locutor; • Código – a língua, o conjunto de sinais estabelecidos por convenção e que permite compreender a estrutura da mensagem; • Canal (contato) – o meio físico que conduz a mensagem (som, ar, papel, telefone); • Referente (contexto) – o contexto, o assunto, os objetos aos quais se refere a mensagem. Dependendo da intenção do falante, de suas escolhas e combinações e dos elementos da comunicação sobre os quais centra-se a mensagem, é possível reconhecer diferentes funções da linguagem. Cada função foca em um elemento da comunicação. Antes de começarmos a examinar as funções da linguagem, precisamos fazer duas ressalvas: • As funções não aparecem isoladamente nos textos. Várias (às vezes todas) podem estar presentes, mas uma delas sobressai ou predomina em relação às outras. • Para alcançar o objetivo que almejam em cada ato comunicativo, as pessoas escolhem e combinam as palavras de um jeito específico. Desse modo, sempre podemos identificar marcas linguísticas das funções da linguagem nos textos. • A função emotiva, ou expressiva, ocorre nos textos que têm como foco o próprio locutor (emissor) e, como objetivo principal, expressar emoções, sentimentos, estados de espírito. Entre as marcas características da função emotiva está o uso: da 1ª pessoa do singular; de interjeições; e de sinais de pontuação que conferem subjetividade ao texto, como reticências e ponto de exclamação. • A função conativa, ou apelativa, ocorre nos textos que têm como foco o destinatário (receptor) e, como objetivo principal, convencer o interlocutor. Entre as marcas características da função conativa está o uso: dos verbos no modo imperativo; de pronomes da 2ª e da 3ª pessoa do discurso; de recursos sonoros; e de vocativos. • A função poética ocorre nos textos que têm como foco a mensagem e seu processo de elaboração. Nesse caso, o destaque dado à mensagem determina as escolhas feitas na Vestibular Cidadão – Gramática – Prof. Reginaldo Rodrigues construção do texto, tais como exploração de recursos sonoros, combinações lexicais, formato, tipos de letra, imagens, etc. Entre as marcas características da função poética está o uso: da disposição das letras e das palavras (menos ou mais espaçadas, de cabeça para baixo, maiúsculas, minúsculas, etc.); de rimas; da sonoridade aliada ao sentido de palavras; e a criação de novos termos. • A função metalinguística ocorre nos textos que têm como foco o próprio código e, como objetivo, explicá-lo por meio dele mesmo. Nesse caso, o código determina as escolhas feitas na construção do texto. Essa função ocorre, por exemplo, em um poema que trata da criação poética, em uma canção que se refere ao tema musical, em uma tirinha que se refere a quadrinhos, em um filme que trata do processo de produção de um filme. • A função fática ocorre nos textos que têm como foco o canal e, como objetivo, estabelecer ou dar continuidade à comunicação. Esse texto brinca com uma situação comum no dia a dia: o teste do canal comunicativo quando ainda não está estabelecido o assunto de uma conversa. Nessa situação, os interlocutores costumam se empenhar em manter o canal comunicativo aberto, por meio do uso de palavras e expressões que, embora não se refiram a nenhum assunto (Oi, Tudo bem?, Sim e você̂?, Que bom, Então, é...), cumprem a função de não deixar a conversa acabar. • A função referencial ocorre nos textos que têm como foco o referente, isto é, aquilo de que se fala, e cujo objetivo principal é informar. Entre as marcas características da função referencial está: o emprego da 3ª pessoa do discurso; a apresentação de dados quantificáveis; e o emprego de vocabulário objetivo, sem palavras que denotem juízo de valor. Referências bibliográficas CEREJA, William R. e MAGALHÃES, Thereza C. Gramática Reflexiva – texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 4. ed, 2013. NICOLA, José de. Língua, literatura e produção de textos. São Paulo: Scipione, v. 1, 2 e 3, 2009 ORMUNDO, Wilton; SINISCALCHI, Cristiane - Se liga na Língua, Literatura, Produção de texto, Linguagem Ensino Médio, v.1, 2 e 3, 2016 ABAURRE, Maria Luiza; ABAURRE, Maria Bernadete; PONTARA, Marcela. Português: Contexto, interlocução e sentido. 2 ed., v. 1, 2 e 3, São Paulo: Moderna, 2013 Questão 01 Casinha da serra Triste sorte de um homem coitado, quando é destinado ao rumo do nada Só encontra amarguras na vida, estrada comprida de espinhostraçada Pelo mundo eu vaguei sem destino, desprezei a casinha da serra Por amar uma ingrata fingida, perdi a mãe querida e os prazeres desta terra Ao sofrer essa cruel traição, minha triste intenção era ir pra não voltar Minha pobre velhinha chorava, ajoelhada implorava para mim ficar Mas o ódio roubou minha calma, com a alma ferida fui embora Fui cumprir meu destino perverso, mãezinha hoje peço perdão à senhora PARDINHO. Casinha da serra. In: Tião Carreiro ardinho. Casinha da serra. LP. 1963. [Fragmento] Letras de músicas normalmente são compostas por uma linguagem mais próxima da modalidade falada da língua. No texto em questão, um de seus aspectos estruturais que o qualificam como exemplar da linguagem informal é o(a) a) ausência de conectivos para dificultar a compreensão da sequência narrativa. b) emprego de vocabulário regional para restringir o texto a um público-alvo específico. c) ocorrência de pronome de natureza complementar para indicar agente de ação verbal. d) presença de frases ininteligíveis para leitores de nível instrucional elevado. e) recorrência do emprego de adjetivos para criar comoção nos ouvintes e leitores. Questão 02 De fato, adultos manifestam, em relação à linguagem infantil, duas atitudes básicas: 1. uma é a chamada baby talk, que consiste basicamente numa linguagem pseudoinfantil (que vai do “au-au” a “sotaques” que podem ser representados por “axim” e “mamãeginha”), provavelmente inócua; 2. a outra é a da correção pura: a criança diz “fazi” e a mãe lhe diz “fiz” – com muitos etecéteras. Pois é esta segunda metodologia de ensino que merece toda defesa e deve ser seguida na escola. O aluno erra, o professor corrige: simples assim. Eventualmente, se explica, e assim se podem ir introduzindo, “ao natural”, conceitos de gramática explícita: é “nós vamos” não “nós vai”, porque o verbo concorda com o sujeito (se os alunos perguntarem o que é isso, pode-se responder que logo aprenderão; se insistirem, as noções podem ser introduzidas; o que é inócuo é que a “gramática” seja uma lista de conceitos que vão sendo “explicados” sem que façam sentido). Vestibular Cidadão – Gramática – Prof. Reginaldo Rodrigues POSSENTI, S. O cochilo da gramática. Disponível em: <http://www.revistaeducacao.com.br>. Acesso em: 04 abr. 2017. [Fragmento] No texto do linguista Sírio Possenti, a respeito do ensino da Língua Portuguesa, é defendida a tese de que a) o ensino teórico e sistemático da língua deve ser abolido no Ensino Fundamental. b) a correção dos erros linguísticos de uma criança deve ser constante e aleatória. c) a combinação entre a dificuldade e a correção deve acontecer espontaneamente. d) os erros devem ser aceitos em todas as situações para conferir autenticidade à fala. e) as estratégias usadas devem ser diferentes daquelas do ensino de qualquer língua materna. Questão 03 ORLANDELI. Disponível em: <http://www.orlandeli.com.br/>. Acesso em: 13 nov. 2018. Em 2010, a assinatura de um Novo Acordo Ortográfico entre os países falantes de Língua Portuguesa visava promover este idioma no mundo e facilitar a comunicação entre os falantes de português de diversos países. Nesse contexto, essa história em quadrinhos defende a ideia de que a) as regras ortográficas unificadas devem ser impostas arbitrariamente aos falantes. b) a língua possui outras variáveis impossíveis de serem unificadas em um acordo. c) os falantes podem rejeitar a completa assimilação das novas regras ortográficas. d) a padronização da língua tem efeitos nobres nas áreas editoriais e publicitárias. e) o acordo padronizará inevitavelmente o vocabulário entre os grupos de nativos. Questão 04 Umas Escritas O português popular escrito, de Edith Pimentel Pinto (São Paulo: Contexto, 1990), é um volume precioso. Deveria fazer parte da bibliografia dos cursos de Letras, Pedagogia e Jornalismo, pelo menos. Estudantes de Letras teriam à disposição uma bela amostra das principais características da escrita, tanto do ponto de vista textual quanto ortográfico, quando exercida por pessoas não muito escolarizadas. Escrever é sempre um pouco solene, e, portanto, nunca se trata de descuido – como muitos poderiam pensar. Quando se encontram grafias como “curuja” ou “minino”, a pronúncia dessas vogais nessas posições explica o fato. É um erro de escrita, evidentemente, mas tem explicação. E está longe da burrice. O mesmo vale para “maudade” (sem contar que a dúvida entre “mal” e “mau” pode continuar pela vida afora). Esses erros revelam aspectos da língua falada e hipóteses sobre como lidar com casos em que a relação entre fala e escrita é menos transparente (ninguém erra “baba” ou “data”). POSSENTI, S. Ciência Hoje. 03 fev. 2017. [Fragmento] No texto, a estratégia do autor para apresentar sua tese se baseia na a) descrição das particularidades regionais refletidas na grafia. b) prescrição de práticas para melhor educar falantes do idioma. c) correção dos equívocos mais recorrentes na língua coloquial. d) desconstrução do senso comum acerca do erro de ortografia. e) justificativa dos erros ortográficos oriundos da baixa escolaridade. Questão 05 No texto anterior, por suas características, predomina a função da linguagem a) emotiva, pois as personagens utilizam a conotação para construir suas falas. b) fática, pois o foco da mensagem está naquilo que se diz, e não em como é dito. Vestibular Cidadão – Gramática – Prof. Reginaldo Rodrigues c) metalinguística, pois os elementos verbo- visuais referenciam o próprio gênero tirinha. d) poética, pois há o emprego de linguagem predominantemente rítmica, métrica e figurada. e) referencial, pois o foco do texto se concentra nas informações transmitidas pelas personagens. Questão 06 O Ministério da Saúde confirmou a presença de zika vírus em duas gestantes da Paraíba que estão com bebês no útero já diagnosticados com microcefalia. Essa foi a primeira confirmação no mundo da relação entre o vírus e o problema que atinge o Nordeste – até ontem já foram registrados 399 casos. Na última quarta-feira (11), o Ministério da Saúde decretou emergência em saúde pública de importância nacional, devido ao aumento de casos na região. MADEIRO, Carlos. Pela primeira vez no mundo, zika vírus é relacionado à microcefalia em bebê. Uol, Maceió, 17 nov. 2015. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br>. Acesso em: 27 dez. 2015. A notícia é um gênero textual em que predomina a função referencial da linguagem. No texto, essa predominância evidencia-se pelo(a): a) utilização de expressões que servem apenas para testar o canal de comunicação. b) b) emprego de expressões capazes de comunicar as angústias e anseios do emissor. c) c) construção de questionamentos sobre a manipulação do código linguístico. d) d) recorrência de verbos no modo imperativo para convencer o leitor. e) e) uso da imparcialidade para garantir a objetividade da informação. Questão 07 Rompe o poeta com a primeira impaciência querendo declarar-se e temendo perder por ousado Anjo no nome. Angélica na cara, Isso é ser flor e anjo juntamente, Ser Angélica flor e anjo florente, Em quem, senão em vós se uniformara? Quem veria uma flor, que a não cortara De verde pé, de rama florescente? E quem um Anjo vira tão luzente, Que por seu Deus, o não idolatrara? Se como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu custódio, e minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que tão bela, e tão galharda, Posto que Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. MATOS, Gregório de. Antologia poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. No poema exposto de Gregório de Matos, predomina a função da linguagem: a) fática, pois o autor procura testar o canal d comunicação. b) apelativa,porque há um forte caráter persuasivo na mensagem. c) poética, pois chama a atenção para a elaboração estética do texto. d) referencial, pois há ênfase nas informações apresentadas acerca da realidade. e) metalinguística, já que a mensagem está centrada no próprio código linguístico do poeta. Questão 08 Funções da linguagem são recursos de ênfase que atuam segundo a intenção do produtor da mensagem, cada qual abordando um diferente elemento da comunicação. De acordo com a ideia acerca das funções da linguagem e com o foco expresso por cada uma, nota-se que o elemento do processo comunicativo em evidência, na mensagem transmitida pelo anúncio, é: a) a língua. b) o emissor. c) o assunto. d) o receptor. e) a mensagem.
Compartilhar