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Revista Psique 118

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Prévia do material em texto

Uma das preocupações da 
educação na era da web está 
nas graves disfunções . . 
emoctonats que o 
acesso prematuro 
ao universo digital 
pode gerar 
METAPSICOLOGIA DO SONHO: A 
BUSCA PELO ACESSO À CONSCI~NCIA 
O desafio 
do momento 
A construção da identidade 
sob o equilfbrio entre tempo 
social e tempo subjetivo 
Mente compulsiva 
Mais frequente do que 
se imagina, o TOC atinge 
quatro milhões de pessoas 
apenas no Brasil 
QUAIS OS SINTOMAS DESTA DOENÇA? 
C o nj unto de a 1 te rações 
comportamentais, emocionais e de 
pensamento, como afastamento 
do convívio social, apatia, 
ansiedade, pessimismo, apetite e 
sono alterados, tensão muscular, 
isolamento, sentimento de culpa, 
desesperança, baixa autoestima, 
o indivíduo se sente incapaz, 
tristeza e dificuldade de 
concentração. 
PESSOAS SÃO MAIS ..,.....,,,.,. ... ..,., .. ,.,.. 
OUTRAS? POR QUt? 
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO? 
Este diagnóstico é feito através 
de um interrogatório com o 
indivíduo que busca o 
tratamento desta doença na 
Acupuntura, pela observação e 
palpação para saber a deficiência 
ou excesso dos padrões em cada 
órgão. 
A DEPRESSÃO ATINGE MAIS HOMENS 
OU MULHERES? POR QUÊ? 
As mulheres são mais atingidas 
a doença pela perda dos 
ntos do sangue através do 
nenstn1a1 e do parto. 
p editorial 
Gláucia Viola. editora 
Conhecimento obso e to 
para novas explicações 
S 
empre ouvi a velha máxima de que educar os fil hos não tem manual de instruções. Senti isso na 
pele ao ser mãe de primeira viagem. Nada se compara à prática para saber o que é eficaz- ou não 
-aos nossos fi lhos, afinal cada criança é diferente da outra, até mesmos entre irmãos isso acontece. 
Ainda assim, sempre há um conselho da vovó ou de alguém que já passou por isso para ajudar. 
Porém, um fenômeno da atualidade tem atormentado pais, preocupado 
professores e sido objeto de estudos de profissionais de saúde mental, até por 
falta de referências para prever o futuro de comportamentos adotados hoje. 
Falo da inserção ao universo web ainda na primeira infância. Como educar 
os fi lhos na era da internet, já que pais e avós dessas crianças são de outra 
geração? Não há modelos no assunto. É tudo muito novo. Os estudos, as 
abordagens, os receios, as conjecturas ... "Como lidar com essa realidade que 
se impôs irreversivelmente, subvertendo de tal modo a ordem das coisas que 
tornou obsoleto quase todo o conhecimento que detínhamos?", indaga o artigo 
de capa desta edição. 
A Sociedade Brasileira de Pediatria, com base em artigos daAmericrm Acodemy 
qf Pediotn'cs, por exemplo, aconselha que as crianças sejam apresentadas ao 
mundo digital somente a partir dos dois anos, pois ainda lhes fàlta maturidade 
emocional para assimilar essa exposição de forma saudável. Já é sabido, no 
entanto, que escolas de ensino fundamental I usam recursos da tecnologia para 
entreter e ensinar seus pequenos alunos e é fato que as possibil idades oferecidas 
pela rede são inúmeras e de total estímulo ao desenvolvimento infantil. 
Encontramos, então, um paradoxo que debatemos agora na Psique Ciência&Vida: de um lado 
constatamos uma oportunidade de crescimento a parti r das opções fornecidas pela web e de outro 
questionamos o início prematuro, porém já solidificado, do uso da tecnologia a fim de temer graves 
disfunções emocionais futuras. A psicóloga clínica Mariuza Pregnolato, autora do artigo, diz que a 
educação digital "C:: sem dúvida um potencial acelerador ao processo de alfabetização, mas de um 
modo muito diferente de tudo aquilo que vimos até aqui". A cautela é fundamental. Pais precisam estar 
conscientes sobre a importância da orientação e supervisão no acesso dos fi lhos à rede, seja em qualquer 
idade. Para ela "a pior atitude é acomodar-se com o sossego que as crianças dão enquanto estão entretidas 
com os smortphones. Não é porque estão em silêncio em casa que estão seguras, tanto do ponto de vista 
físico quanto do emocional". 
Boa leitura! 
Gláucia Viola 
psique@escrtlo.com.br 
wwwjàcebook.com/RevistoPsiqueCiencioeVtdo 
"As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações ... 
N unca compreendem nada sozinhas:· 
Autozize de Smi1t-Exupé!y 
sumário 
CAPA 
EDUCAÇÃO 
NA ERA DA WEB 
Universo digital oferece 
muitas possibilidades e 
faz parte da vida das 
crianças, porém, é preciso 
cautela para educar 
os filhos cercados de 
tablets e smartphones 
....................................................................................................................................................... ·~~--~-~-------____J 
SEÇÕES 
OS EM CAMPO 
14 IN FOCO 
ENTREVISTA 
Fernando Savaglia 
fala sobre suas 
experiências 
como psicanalista 
e músico e 
como essas duas 
especialidades 
se intercalam 
no trabalho 
terapêutico 
18 PSICOPOSITIVA 
20 PSICOPEDAGOGIA 
30 COACHING 
32 LIVROS 
50 SEXUALIDADE 
52 NEUROCIÊNCIA 
54 RECURSOS HUMANOS 
64 DIVÃ LITERÁRIO 
66 CINEMA 
70 CYBERPSICOLOGIA 
80 EM CONTATO 
82 PSIQUIATRIA FORENSE 
MATtRIAS 
Enredado pelos 
pensamentos 
Estudos revelam que quatro 
milhões de pessoas sofrem 
com o Transtorno Obsessivo 
Compulsivo apenas no 
Brasil, mas poucos ainda 
procuram ajuda 
Na medida do tempo 
A construção da identidade 
na sociedade provoca o 
questionamento sobre 
como fazer para conseguir 
o equilíbrio entre o tempo 
social e o subjetivo 
DOSSI~: A BUSCA PELO 
ACESSO À CONSCI~NCIA 
A metapsicologia é responsável por 
articular um repertório de insights 
da clínica, que são verdadeiras 
apreensões do movimentam 
do saber psicanalítico 
c em campo 
MUDANDO O 
INTERRUPTOR 
ALTERNAR ATIVIDADES COMPLETAMENTE 
DISTINTAS REQUER UM FUNCIONAMENTO 
CEREBRAL MUITO MAIS COMPLEXO 
DO QUE SE IMAGINA 
O cumprimento alternado de 
tarefas completamente distintas 
parece ser "um parto" para alguns, 
mas quase uma tendência para 
outros. Descobrir o que está por 
trás da aparente fac ilidade nessa 
alternância foi o objetivo de pes-
quisadores da Universidade da 
Pensilvânia, em cooperação com 
cientistas alemães, em trabalho 
recentemente publicado em um 
periódico científico. 
Ao estudar as redes de atividade 
no córtex frontal do cérebro, uma 
região associada com o controle so-
bre os pensamentos e ações, os pes-
quisadores mostraram que o grau 
em que essas redes se reconfiguram 
enquanto o indivíduo muda de uma 
tarefa para outra determina a flexi-
bi lidade cognitiva das pessoas. 
A partir de experimentos que 
requisitaram que indivíduos alter-
nassem entre testes de memória e de controle, foi possível verificar que a 
alternância requeria mais rearranjos neurais no córtex frontal e, ainda, mais 
novas conexões com outras áreas do cérebro durante as atividades. Com 
essa constatação, os cientistas não têm dúvidas de que a função executiva é 
um processo em nível de rede. 
Para esses pesquisadores, apesar de os experimentos não levarem em 
conta uma série de variações envolvidas no processo, o achado seria, sem 
dúvida, fundamental para o estudo do funcionamento multitarefa e da flex i-
bilidade cognitiva. Seria, ainda, essencial para o desenvolvimento de novas 
e melhores intervenções em casos de redução da função executiva cerebral, 
como ocorre em indivíduos com autismo, esquizofrenia ou demência. 
Para saber mais: 
Urs Braun, Axel Schafer, Henrik Walter, Susanne Erk, Nina Romanczuk-
-Seiferth, Leila Haddad, Janina I. Schweiger, Oliver Grimm, Andreas Heinz, 
Heike Tost, Andreas Meyer-Lindenberg, Danielle S. Bassett. Dynamic Re-
configuration of Frontal Brain Networks During Executive Cognition in 
Humans. Proceedtitgs oft!Je Not/onol Academy ofSciences, 2015. 201422487 DOI: 
10.1073/ pnas.1422487112 
www.ponalcicncinevida.com.br 
por Jussara Goyano 
\ lELIIORA APÓS I J ".S.\0 
A Agência USP de notícias publicou, 
recentemente, que um estudo realizado por 
especialistas do Departamento de Neurologia 
e Radiologia do Hospital das Clínicas da 
Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) 
revelou a eficácia do treino cognitivo na 
melhora da memória de pacientes submetidos 
àcirurgia para ressecção de tumores cerebrais 
no lobo frontal esquerdo. "Essa área do cérebro 
está relacionada à capacidade de codificar e 
recordar novas informações, especialmente de 
conteúdo verbal (informações lidas e conversas), 
além de aplicar estratégias eficientes para 
melhorar o desempenho da memória. O lobo 
frontal esquerdo é a área do cérebro que está 
relacionada à capacidade de codificar e recordar 
novas informações", explica a redação em nota. 
O estudo consta do periódico internacional 
Pios One e, segundo a pesquisadora Eliane 
Miotto, neuropsicóloga do Departamento de 
Neurologia do HCFMUSP, "até então nenhuma 
pesquisa havia investigado o que poderia 
ocorrer no cérebro dos pacientes com extensas 
lesões decorrentes da remoção de um tumor 
especialmente em áreas relevantes para o 
funcionamento da memória e funções executivas 
como o lobo frontal esquerdo". 
RESPIRE :\lELHOR 
Uma boa sessão de bi<fecdback (demonstração 
computadorizada e treino de condições 
fisiológicas) pode auxiliar em uma melhor 
respiração, algo eficaz em reverter processos 
de stress físico e mental. Os estressados 
podem, a partir de um equipamento chamado 
CardioEmotion, desenvolvido por pesquisadores 
ligados à Universidade de São Paulo, envolvendo 
institutos como o de Pesquisas Tecnológicas 
e o lpen, estimular um estado de harmonia 
psicofisiológica conhecido como coerência 
cardíaca. A respiração diafi·agmática auxilia a 
atingir esse estado, em sessão conduzida por um 
coach, fisioterapeuta ou outro profissional das 
áreas médica ou psi, com a ajuda de eletrodos 
de monitoramento e dos tutoriais contidos no 
sqftwore que acompan ha o CardioEmotion. Esse 
tipo de respiração conduz ao melhor nível de 
oxigenação do organismo para um desempenho 
psicofisiológico ótimo, princípio de práticas 
como a ioga, por exemplo. 
(Saiba mais em www.cardioemoú'ou.com.br) 
psique ciência& vida 5 
e emcampo 
RIR PARA APRENDER 
ESTUDO SUGERE QUE TEMPERAMENTO 
BEM-HUMORADO PODE SER FATOR DE 
UM MELHOR APRENDIZADO 
Palestras com recursos humorísticos para manter a plateia 
em alerta ficam gravadas em nossa memória, intensificando a 
aprendizagem pretendida - eis um fàto, ainda que não haja nada 
absolutamente conclusivo a respeito registrado em experimentos 
científicos. Em crianças de 18 meses, porém, a conexão entre rir e 
aprender parece ter sido cientificamente estabelecida. 
Cada um dos bebês selecionados para participar de um estudo 
conduzido pela pesquisadora Rena Esseily, na França, publicado na 
revista Cogmi:ion and Emotion, observou um adulto usando uma fer-
ramenta para agarrar um brinquedo fora do alcance. Em um grupo 
(controle) os adultos simplesmente brincaram com o brinquedo 
após recuperá-lo. Em outro, porém, eles jogaram o brinquedo ime-
diatamente no chão, em tom de palhaçada, o que fez metade das 
crianças desse grupo cair na gargalhada. 
As crianças que riam dos adultos foram capazes de repetir a 
ação com mais sucesso do que aquelas que não riram. Também fo-
ram mais bem-sucedidas do que aquelas que faziam parte do grupo 
de controle. 
Por que o riso se relacionaria com a capacidade das crianças de 
aprender não é algo claro, mas Esseily e sua equipe apresentaram 
duas explicações possíveis. A primeira relaciona-se com tempera-
mento - rir, em si, não seria o gatilho do melhor aprendizado, mas, 
sim, o temperamento propenso ao riso. Os bebês sorridentes eram, 
no experimento, mais sociais e envolvidos com o meio ambiente. 
Outra explicação refere-se aos efeitos do riso no cérebro desses be-
bês mais bem-sucedidos, como o aumento dos níveis de dopamina, 
por exemplo. Tais efeitos poderiam elevar as habilidades sociais e 
cognitivas dessas crianças tornando-as mais aptas ao aprendizado. 
Mesmo sem maiores evidências dessas relações e sabendo-se 
dos efeitos das emoções positivas em nosso desempenho, a partir 
de estudos neurocientíficos e da Psicologia Positiva, a recomen-
dação é aplicar o bom-humor em tudo, com adultos e, segundo 
o novo achado, sobretudo com as crianças a partir dos 18 meses. 
(Fonte: ScienceDaily.com) 
6 psique ciência& vida 
ÔMEGA3 
FUNCIONA? 
CIENTISTAS QUESTIONAM EFEITOS 
DO SUPLEMENTO NA PREVENÇÃO 
DO DECLÍNIO COGNITIVO 
Enquanto rótulos em embalagens de ômega 3 (ácidos 
graxos) em cápsulas sugerem que esse alimento protege a 
saúde do cérebro, um grande ensaio clínico de pesquisa-
dores do National Institutes ofHealth (NfH), nos Estados 
Unidos, não constatou grandes efeitos do suplemento no 
que diz respeito a evitar o declínio cognitivo em idosos. 
Para se chegar a essa conclusão, um total de 4 mil pacien-
tes foi acompanhado, durante cinco anos, por cientistas 
liderados por Emily Chew, vice-diretora da Divisão de 
Epidemiologia e Aplicações Clínicas e diretora clínica ad-
junto do Instituto Nacional de Olhos ( NEI), parte do t\TJH. 
O ômega 3 seria parte de um composto de antioxidantes 
oferecidos ao grupo pelos cientistas. 
A amostra envolvida, porém, já 
apresentava problemas relacionados 
à idade e o consumo de 
ômega 3 pelos idosos 
relacionava-se às suas 
participações no estu-
do em questão. Chew e 
colegas não descartam benefi-
cios do suplemento contra doenças 
cardíacas e degeneração macular (doença ocular), mas 
sugerem que outras pesquisas devam investigar o momento 
certo de consumo de ômega 3 e a dieta correta com o ácido 
graxo para prevenir problemas cognitivos. 
O ensaio foi publicado recentemente no Jomal da Asso-
ciação N!édica Americana. 
Para saber mais: 
Age-Related Eye Disease Study 2 (AREDS2) Research 
Group. Effect of Omega-3 Fatty Acids, Lutein/ Zea-
xanthin, or other Nutrient Supplementation on Cog-
nit ive Function: T he AREDS2 Randomized Clinicai 
Trial. JAMA, 2015. 
Jussara Goyano é jornalista. membro da lnternational 
Science Writers Association. Estuda Psicologia. Medicina 
Comportamenta l e Neurociências. com foco em 
resiliência. bem-estar e per formance. t coach certificada 
pelo Instituto de Psicologia Posit iva e Comportamento. 
I 
giro escala 
O NEOATEÍSMO 
REVISTA FILOSOFIA - EDIÇAO 11 1 
O neoateísmo é uma manifesta-
ção de pensamento que ganha força 
e cresce a cada dia, apesar de en-
contrar muitas resistências. Richard 
Dawkins é o nome de maior desta-
que entre todos deste movimento. 
O pensador tem vários livros pu-
blicados sobre Biologia Evolutiva e 
divulgação científica, porém sua in-
fluência no ateísmo contemporâneo 
vai além elo livro Deus, ttm Delírio. 
O cerne dessa obra, uma das mais 
criticadas e polêmicas de Dawkins, é 
defender que os ateus devem "sair elo 
armário" e passar a se posicionar pu-
blicamente, fazendo uma referência 
ao início da luta pelos direitos dos homossexuais, em que este era tolerado, 
desde que mantido privadamente e que não acontecesse na própria fa mília. 
A base do ateísmo de Dawkins é o Darwinismo Evolutivo. Conheça mais 
detalhes sobre o movimento e seu defensor na edição 111 da revista Filosofia. 
ARTE NA ESCOLA 
REVISTA ,\RTE-EDL'CA EF2 - EDIC,' AO 3 
As intervenções artísticas na escola são importantes em vários aspectos, 
principalmente para integrar a comunidade de alunos, professores e funcio-
nários em torno de questões humanas. Um bom exemplo é o que ocorreu 
no Colégio Marista Arquid iocesano, na Vila Mariana, em São Paulo. Jaque-
line Jacques, professora de Arte da 
instituição, encontrou um caminho 
para "colorir e alegrar o ambiente 
ele estudo", conforme ela define. O 
colégio perm ite possibilidades d iver-
sas de manifestação dos alunos e os 
estudantes do oitavo ano do ensino 
fundam ental foram longe nessa aber-
tura. Eles ocuparam as dependências 
da escola com ações poéticas, com o 
objetivo de tornar o cotidiano "digno 
de observação mais atenta". A sala de 
aula vi rou um espaço que se tornou 
uma mistura de fó rum e atelier para o 
desenvolvimento das ações. Veja mais 
detalhes na revista Arte-Educa EF2, 
em sua edição 3. 
www.port:llcicnciacvida.com .br 
UMA SOLUÇÃO 
SAUDE 
Pensar poUtlcas pUblicasda tire a 
no Brasil requer mais di~logo 
entre teoria c pr.hica social, 
Incluindo a Sociologia como 
rccursosfstêmtco da Medicina 
CONCEITOS 
EM XEQUE 
REVISTA SOCIO LOGIA 
Ic.DIÇ'ÃO 60 
Augusto Comte definiu a Socio-
logia como física social. O sociólo-
go seria aquele que diagnosticava a 
sociedade e propu nha maneiras de 
corrig ir o que estivesse errado. Émile 
Durkheim desenvolveu essa ideia e 
criou o conceito de Divisão do Tra-
balho Social. Tudo na sociedade teria 
uma função social. E o progresso só 
viria com a ordem na sociedade e a 
ordem, a lém dos fundamentos jurí-
dicos, viria do bom desempenho das 
fun ções sociais das instituições e dos 
cidadãos. Esses conceitos estão fo ra 
de moela das mais recentes teoriza-
ções socio lógicas. Outro concei to 
que está relegado a um segundo pla-
no é o de totalidade. Depois da onda 
da pós-modernidade, o pensamento 
que enxerga a sociedade no todo -
como o marxismo - tem sido con-
testado. O conceito de classe social 
sofre bombardeio desde o início do 
século passado. Veja matéria comple-
ta na ed ição 60 ela revista Sociologia. 
psique ciência&vida 7 
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E N T R E v s T A 
, 
A MUSICA PERMITE 
NAMORAR COM A VIDA 
Fernando Savaglia destaca a influência da Psicanálise na música e 
vice-versa. Explica também por que tem uma ligação especial com a 
teoria criada por Donald Winnicott para entender a crise da meia-idade 
Por: Lucas Vasques/ Foto: Thais Alvarez. Assistência Kleber Laurindo , 
E
possível se dividir entre os ofícios de 
psicanalista e músico? Apesar de serem 
atividades aparentemente distintas, 
Fernando Savaglia não encontra 
dificuldades em atuar na linha de frente das duas 
áreas, até porque acredita que ambas têm forte 
influência uma com a outra. Sua trajetória começou 
na música, atuando como instrumentista (toca baixo) 
e compositor. Atualmente, com 30 anos de carreira, 
é colaborador e colunista da revista Bass Player e 
ministra workshops por todo o Brasil, baseado em 
suas pesquisas sobre a evolução da black music 
norte-americana. 
Em paralelo, se formou em Jornalismo e, além 
disso, descobriu a paixão pela Psicanálise para, 
segundo ele mesmo, buscar o entendimento de 
suas angústias. É colaborador de sites e inúmeras 
publicações dedicadas ao universo psi e ao estudo 
das relações humanas. Ministra palestras sobre a 
crise de meia-idade masculina e está elaborando 
um estudo sobre as diferenças e similaridades 
na abordagem clínica das principais escolas de 
Psicoterapia presentes no Brasil. É, ainda, docente 
convidado da Sociedade Paulista de Estudos e 
Aprofundamentos em Psicanálise. 
O contato cada vez mais estreito com a 
Psicanálise fez com que Savaglia iniciasse um 
www.portnlcicnciaevida.com.br 
mergulho intenso no universo psi e, aos poucos, 
fosse se descolando da atividade jornalística. 
Ele mesmo resume: "Com trinta e poucos anos, 
depois de duas faculdades, resolvi me aprofundar 
na Psicanálise, que, naquela altura, também era 
. - , uma pa1xao. 
Admite ser adepto da Psicanálise criada por 
Donald Winnicot e justifica a opção pelo fato 
de que alguns aspectos dela são semelhantes 
à Filosofia existencial. Um dos fatores que 
chamaram sua atenção diz respeito a uma 
característica da personalidade de Winnicott, que, 
apesar de ter um olhar para a angústia do existir, 
não se rendeu ao niilismo. 
Imerso nos dois oficios, tornou-se grande 
pesquisador da relação entre a Psicanálise e a música 
e afirma que "a Neurociência já comprovou que a 
música ativa certas zonas cerebrais, podendo atuar 
sobre nosso humor ao liberar neurotransmissores 
como a serotonina, noradrenalina e dopamina, 
que exercem enorme influência sobre o bem-estar 
emocional de cada um de nós". 
Um dos alvos de seus estudos é a chamada 
crise da meia-idade entre os homens. Criou, 
no setting terapêutico, o recurso de intitular a 
sessão como uma forma de seus pacientes se 
apropriarem de suas histórias. 
Lucas Vasques é jornalista e escreve para esta publicaçao 
psique ciência&vida 9 
COMO UM MÚSICO COl\1 RECONHECIMEN-
TO NACIONAL SE TORNOU PSICANALISTA? 
FFR'\1.\:\DO S W.\GI.I \ : Comecei a tocar 
baixo aos 15 anos de idade, mas desde 
os 11 era apaixonado por sou! e disco 
music. Especializei-me no que os ame-
ricanos chamam de R&B e no Brasil 
se conhece como black music. Sou um 
pesquisador também. Há anos tenho 
colu nas em revistas especializadas so-
bre contrabaixo falando do assunto. 
Fora isso, já acompanhei inúmeros ar-
tistas do est ilo (inclusive norte-ameri-
canos) ao vivo ou em gravações. Te-
nho dois discos la nçados com projetos 
meus, método, inúmeros artigos publi-
cados, realizo workshops etc. Mas foi 
mais ou menos na época que comecei a 
tocar que passei a ler sobre Psicanálise e 
Filosofia. Óbvio que já existia uma bus-
ca por entendimento das minhas an-
gústias. De certa maneira eu acreditava 
que as respostas para os meus questio-
namentos estavam nos livros. Até por 
ter sido um adolescente muito tímido 
mergulhava nos livros. Se por um lado a 
música estruturou minha vida, os livros 
a direcionaram. Com trinta e poucos 
anos, depois de duas facu ldades, resolvi 
me aprofundar na Psicanálise, que, na-
quela altura, também era uma paixão. 
PARA VOCÊ QUAL O PRINCIPAL ATRIBUTO 
DE UM PSICANALISTA NA HORA DE SUA 
FORMAÇAO? 
S W:\GI.I \ : Desenvolver o espírito crí-
tico. Pensar, ponderar e refletir. Ao se 
aprofundar no es tudo da Psicanálise, 
vai chegar um momento que o can-
didato a analista vai precisar se posi-
cionar. Acho mais do que saudável se 
sentir perdido ent re as controvérsias 
geradas pelas abordagens d ist intas. A 
histó ria da Psicaná lise, como de out ras 
áreas do conhecimento que não são 
baseadas em predições quantificáveis, 
é repleta de divergências, dissidências 
e controvérsias. Fora do âmbito psica-
nalítico, mas ainda envolvendo a figura 
de Freud, a necessidade do desenvol-
vimento de discernimento fica mais 
10 psique ciência&vida 
Algumas caracteristicas da teorra de Donald 
W1nn1cott são semelhantes à Filosofia existencial. 
que. desde a JUventude. também despertava o 
interesse de Savaglia 
Ao se aprofUndar no 
estudo da Psicanálise, 
vai chegar um momento 
que o candidato a 
analista vaiprecisar se 
posicionar, desenvolver 
o espínto crítico. Pensar, 
ponderar e refletir 
clara ao lembramos, como exemplo, 
a divergênc ia entre três homens que 
influenciaram de maneira impactan-
te o pensamento ocidental do século 
XX: Freud, Jung e Heidegger. Mesmo 
antes do respectivo rompimento for-
mal, Freud reprovava e repud iava as 
concepções as quais Jung vinha es tru-
tura ndo seu trabalho. Este último, por 
sua vez, ao ter contato com a obra de 
Heidegger desconfiava da sanidade do 
fi lósofo a lemão, achava que ele deveria 
ser internado num hospital psiquiátri-
co. Heidegger, por sua vez, segundo 
suas próprias palavras, não entendia 
como Freud, um homem inteligente, 
podia escrever tantos absurdos. Difícil 
I 
se colocar sem fazer uso do criticismo. 
A LGUNS PACIENTES SE INCOMODAM COM O 
FATO DE VOCÊ SER MÚSICO TAMI3ÉM? 
SAV \GI 1 \: À vezes, por curiosidade, al-
guns podem dar uma busca na internet 
e se deparar com meu nome vinculado 
à música, o que é normal pelos anos 
que trabal ho com isso. Mas, no máxi-
mo, acham excêntrico. Não fa ria senti-
do algum eu esconder isso de alguém, 
é a minha biografia, minha verdade. 
Provavelmente, ainda ex istem pessoas 
que acham que se você tem duas ocu-
pações, não faz bem nenhuma delas. 
Essa impressão, felizmente, está cada 
vez mais rara. 
MAS AO QUE PARECE ESSA RELAÇi\0 MÚSI-
CA/P SICOLOGIA/PsiCANÁLISE NAO É ALGO 
Ti\0 RA RO ASSIM, CERTO? 
S \\ \( ;1 I \ : Por ter essa atuação em duas 
áreas tão distintas acabo ficando mais 
atento a histórias simila res à minha. 
Tenho amigos que são excelentes mú-
sicos e há anosatuam com a mesma 
competência no universo psi, como Ri-
cardo Giuffrida (psiquiatra e violonis-
ta), Du Moreira (psicanalista lacaniano 
e baixista), Beto Machado (analista 
existencial e pianista). Pelo que sei, o 
psiquiatra Wil mer BoturaJ r. é um gran-
de compositor, isso sem fa lar em Denny 
Zeitl in, professor de Psiquiatria da Uni-
versidade da Califórnia e g rande pianis-
ta de jazz, com mais de 30 álbuns lança-
dos. Fora da área psi, mas em situação 
similar, temos o neurologista Mauro 
Muszkat, compositor erudi to; Guinga, 
violonista e dentista; sem falar no fa le-
cido Paulo Vanzolini, biólogo, professor 
da USP e compositor renomado. 
E l\1 SUA REFLEXÃO E EXPERIÊNCIA PROFIS-
SIONAL, QUAIS AS RELAÇÕES ENTRE MÚSICA 
E P SICANALISE? S ERIA O FATO DE QUE Al\1-
BAS AS l\IANIFESTAÇÕES ENVOLVEl\1 O IN-
CONSCIENTE, OU SEJA, A PSICANrÍ.LISE LIDA 
COM AFETOS E A MÚSICA DESPERTA PROFUN-
DAS EMOÇÕES? 
\V\V\v.portalcicncincvida.com.br 
S,\\ \GI 1·\: Há alguns anos li um artigo 
de um professor de Psicologia Cogni-
tiva, chamado Emmanuel Bigand , da 
Universidade de Bourgogne, em Dijon. 
Em seu texto, ele apontava um para-
doxo em relação à música, se pergun-
tando como um estímulo artificial, que 
não desempenha papel biológico direto 
para a sobrevivência, adaptação ou re-
produção da espécie, é capaz de produ-
zir tamanho efeito no ser humano? A 
Neurociência já comprovou que a mú-
sica ativa certas zonas cerebrais, poden-
do atuar sobre nosso humor ao liberar 
neurotransmissores como a serotonina, 
noradrena lina e dopam i na, que exercem 
enorme influência sobre o bem-estar 
emocional de cada um de nós. Óbvio 
que pela Psicanálise olha mos essa rela-
ção de forma simbólica. Certa vez um 
paciente me contou uma experiência 
incrível com seu pai já em estado avan-
çado de A lzheimer. Todo sábado eles 
almoçavam juntos, ainda que a comuni-
cação praticamente não existisse mais. 
Numa dessas visitas começou a mexer 
em antigos discos de tango, uma das 
paixões de seu pai que havia morado 
anos em Buenos A ires. Curioso para 
saber se o velho toca-discos ainda fun-
cionava, colocou um dos longplays para 
tocar. Para sua enorme surpresa e de 
todos que estavam lá, a música religou 
alguma conexão sináptica do pai, que 
pegou na mão da enfermeira e, como 
ele mesmo disse, saiu a "ba ilar una mi-
longa de verdad" pela sala. Mais do que 
conectar o pai à realidade, o som propi-
ciou, ainda que por alguns momentos, 
que ele voltasse a "namorar com a vida". 
A música é capaz disso. 
DENTRE AS ESCOLAS DE PSICANÁLISE, VOCÊ 
TEI\1 UI\ IA LIGAÇAO ESPECIAL COM 11 CRIADA 
POR D ONALD WtNNtco·n. PoR QUE ESSA 
ABORDAGEI\1 O ENCANTA? 
S \\ \GI 1 \: Pode-se dizer que alguns as-
pectos da teoria winnicottiana são simi-
lares à Filosofia existencial, que, desde 
a juventude, também me despertava in-
teresse. Primeiro os roma nces de caras 
www.ponalcicnciacvida.com.br 
Dar um nome à 
sessão, mais do 
que uma síntese do 
que foi conversado) 
propicia um sentzdo 
de apropriação do 
que foi elaborado 
como Camus e Kundera. Depois, lem-
bro de ter lido Esboço pam uma Teoria dos 
Emoções, de Sartre, que se contrapunha 
ao conceito do inconsciente freudiano, 
que, por sua vez, foi escudado por Lacan, 
ao defender a ideia de que o inconscien-
te é uma linguagem com suas próprias 
regras. Seja como for, minha primeira 
impressão sobre a obra de Winnicott 
parece que estava correta, no sentido 
de se poder fazer uma correlação do seu 
fàmoso "continuar a ser" com conceitos 
existencialistas. Gosto da ideia de um 
ser humano "acontecente" ou que "está 
acontecendo" e que pode se apropriar 
de possibi lidades de ser. Outro aspecto 
que me chamou atenção diz respeito 
a uma característica de sua personali-
dade, que refletiu na sua obra. Apesar 
de obviamente ter um olhar para a an-
gústia do existir, ele conseguia não se 
render ao niilismo. Eu diria que ele foi 
para a Psicanálise o que o filósofo Ga-
briel Mareei foi para o existencialismo. 
Ambos mantinham certa esperança na 
experiência do existir. Certa vez li algo 
do dramaturgo e cineasta Domingos 
de Oliveira, que acredito que sintetiza 
esse pensamento: "A vida oscila entre o 
terror e a glória. Do terror já se falou 
muito, e isso criou um mundo onde as 
glórias da vida estão ocultas. Já foi tudo 
muito denunciado. É preciso denunciar 
que vale a pena viver". Fora isso, ao que 
se sabe, Winnicott tinha a coleção com-
pleta dos álbuns dos Beatles, o que, de 
certa maneira, comprova a teoria de que 
ele também "namorava com a vida". 
PODE 1~-\LAR Ui\1 POUCO SOBRE A CONSTRU-
ÇÃO DA I.!IOGRAFIA DO PACIENTE? E XPLIQUE 
O QUE SIGNIFICA A RELAÇÃO DA AUTENTI-
CIDADE CO:O.I A VIDA E QUAL A RELAÇÃO DO 
TEi\IA COi\1 A FILOSOFIA EXISTENCIAL. 
S.\\.\GI 1 \: É a maneira que eu traba-
lho. No fundo, o que todos queremos 
é escrever uma boa história das nos-
sas vidas. Para isso, algumas ideias, 
como a teoria do amadurecimento de 
Winnicot t, se mostram uma ferramen-
ta importante para auxiliar o paciente a 
examinar a construção de sua biografia. 
É possível, também, fazer um mpporf 
com um conceito de Heidegger, que 
dizia que existem duas maneiras de se 
construir na vida, uma na dimensão do 
cotidiano e a outra na di mensão ontoló-
gica. Esse salto de uma dimensão para 
outra é causado pela angústia e causa 
angústia, mas é a maneira de aplacar o 
sofrimento provocado pela sensação de 
uma vida não vivida ou no "piloto auto-
mático". O modo ontológico só pode ser 
construído se utilizada a autenticidade. 
Deixando claro que a autenticidade é 
med ida pela nossa capacidade de estar 
atento a um diálogo interno, onde te-
mos a certeza de que não desistimos de 
nós mesmos. Essa sensação é que nos dá 
sentido na vida. Importante deixar claro 
que não me refiro apenas aos eventos 
que poderiam provocar uma espécie 
de epifania. Inevitavelmente, vamos 
A le1tura de Esboço para uma Teona das 
Emoções. de Sartre. que se contrapunha 
ao conceito do Inconsciente freud1ano. fo1 
1mportante para o psicanalista 
psique ciência&vida 11 
encarar o sofrimento em vários mo-
mentos, mas há os que são constituintes 
e fundamentais para nosso crescimen-
to. Gosto de um diálogo do filme Fo/ 
Apenas um Sou/zo, em que o personagem 
Frank Wheeler (Leonardo Di Caprio) 
conta para sua mulher (Kate Winslet) 
como vivenciou a experiência de lutar 
na Segunda Guerra Mundia l. Apesar do 
medo da morte, aflições e tristeza pela 
perda de amigos, ele não queria estar 
em nenhum outro lugar ou vivendo em 
nenhum outro momento que não fosse 
exatamente aquele. 
VOCÊ CRIOU Ut-1 MÉTODO DE NOME1\R ASES-
Si\0, OU SFJA, AO FINAL DE CADA SELF TE-
RAPÊUTICO PEDE PARA QUE O PACIENTE DÊ 
A ELA U~l TÍTULO? Co:-10 FUNCIONA ISSO E 
QUAL O OBJETIVO? 
S.\\ \GI 1 \: Não necessariamente em to-
das as sessões, mas em muitas, sim. Dar 
um nome, mais do que uma síntese do 
que foi conversado, propicia um senti-
do de apropriação do que foi elabora-
do. Não é raro também acontecer de o 
analisando ter um IÍ1sight na hora de es-
colher esse nome, assim como permite, 
quando necessário, "retomar" algo rela-
cionado à sessão anterior. A construção 
se da ria como se fossem capítulos de 
uma biografia. Uma reflexão interessan-
te surgiu a partir da leitura de um livro 
utilizado em facu ldades de cinema, cha-
mado A Jomada do Escritor, do roteirista 
Cristhopher Vogler. O autor se inspirou 
em A Jornada do Heró1; elo mitólogo jo-
scph Campbell. Para Vogler, toda histó-
ria , seja ela um romance ou um roteiro 
de filme, segue uma ordem de even-
tos que sempre se repete: primeiro se 
mostra o herói no seu mundo comum, 
depois há um chamado à aventura, se-
guido de uma recusa a esse chamado. A 
próxima etapa aparece um mentor que 
impulsiona o herói para a aventura e 
assim por diante. Foi um amigo meu, o 
professor de Mitologia Guilherme Kwa-
zinski, que me atentou para o fato de 
que em muitos casos, senão em todos, 
nossa vida é regida pelas mesmas etapas 
12 psique ciência&vidaO que todos 
queremos é escrever 
uma boa história das 
nossas vidas. Para 
isso, algumas zdeias, 
como a teoria do 
amadurecimento de 
Winnzcott, são uma 
firramenta importante 
para auxz7iar o 
paciente a examinar 
a construção de 
sua biografia 
A cnse da me1a-1dade é o momento em que 
mu1tos homens entram na últwna das batalhas entre 
ser delerminado ou se determnar no mundo 
descritas por Vogler em seu livro. Os 
nomes nas sessões auxiliam a ordenar 
a desordem que as emoções provocam 
em suas respectivas etapas. 
MUDANDO DE ASSUNTO, CO:.IO FU 'CIONA:\1 
AS PALESTRAS QUE VOCÊ t.IINISTRA PARA 
:.tULIIERES SOBRE SEXUALIDADE E AFETIVI-
DADE t.IASCULINA? 
S \\ \GLI \: Há muitos anos escrevi uma 
matéria para esta publicação sobre a 
crise de meia-idade masculina. Fui 
convidado pela Sociedade Paulista de 
Psicanálise para uma palestra sobre o 
tema. Passei a apresentá-la regularmen-
te e percebi que as mais interessadas no 
assunto eram as mulheres. Que existe 
uma dificuldade de comunicação afetiva 
entre os dois sexos isso todos sabemos, 
mas é impressionante como as mulheres 
ainda se determinam por aquilo que elas 
acham que os homens esperam delas. 
É um mundo absurdamente machista. 
A ideia nestes encontros é falar des-
se tal pós-modernismo afe t ivo em que 
vivemos. Entre os assuntos discutimos 
a clássica pergunta sobre a diferença 
entre amor e paixão, a questão das di-
ferenças biológicas c como elas impac-
tam as relações e temas mais pontuais, 
como por exemplo uma das maiores 
queixas femininas, o porquê dos ho-
mens serem tão imaturos afetivamente. 
Outro dia um amigo postou uma frase 
curiosa numa rede social: "Os primeiros 
quarenta anos da adolescência não são 
nada fáceis". Em contrapartida, impor-
tante lembrar que muitas vezes, por trás 
de um homem imaturo, há uma mãe 
que não o deixou "crescer". Seguindo 
a lógica freudiana, sempre digo para 
as mulheres que estão pensando em 
casar: querem saber como vai ser seu 
casamento daqui a alguns anos? Exa-
minem a relação de seu futuro marido 
com a mãe dele. Já a principal queixa 
masculina em relação às mulheres diz 
respeito ao por que elas desinvestem 
sexualmente das relações, muitas ve-
zes de maneira abrupta. Um paciente, 
uma vez, usou a expressão "o disjuntor 
www.ponalcicnciacvida.com.br 
caiu". Geralmente, são encontros muito 
divertidos e enriqueccdores no sentido 
de desconstrução de mitificações. 
ALIÁS, POR QUE A CRISE DA ~lEIA-IDADE 
.~ IASCULINA É CONSIDERADA POR PSICOTE-
RAPEUTAS COi\10 UM PROCESSO EXTREMA-
MENTE DESESTRUTURANTE? QUAIS OS CON-
FLITOS QUE ELA TRAZ? 
S.\\ \GLI.\: É o momento em que muitos 
homens entram no que, provavel-
mente, é a última das bata lhas entre 
ser determinado ou se determinar no 
mundo. Perguntas cumo o quê, por quê 
e como vivenciei a vida ganham certa 
urgência para serem respondidas. Pa-
rece-me muito mais uma crise fi losófi-
ca com reflexos psíquicos do que uma 
condição psíqu ica provocada por al-
teração endócrina ligada ao amadure-
cimento. Para muitos cientistas, não é 
possível configurar uma relação de uma 
suposta andropausa à menopausa, já 
que a alteração hormonal dos homens 
no amadurecimento acontece de ma-
neira progressiva e não abrupta como 
nas mulhe res. A metanoia masculina, 
como batizou Jung, pode gerar muito 
sofr imento não só no sujeito que a vi-
vencia, mas nas pessoas ao seu redor, e, 
geralmente, provoca impacto na estru-
tura fam ilia r. 
ESSA INSEGURANÇA PODE LEVAR O IIOMEI\1 A 
TENTATIVAS DE RI~AFI RMAR SUA AUTOCON-
FIANÇA POR MEIO DE PAIXÕES, AS VEZES OB-
SESSIVAS, POR MU LI IERES MA IS jOVENS? 
Sw\GIH : Sim, esse é um sintoma clás-
sico. Jung descreveu isso como a pro-
jeção da anima. A porção feminina da 
psique masculina, que é projetada numa 
mulher ma is jovem para ser introjetada 
posteriormente. Geralmente, acarreta 
numa paixão sofrida, pontuada por bai-
xa estima, com uma necessidade de ser 
amado que transcende a capacidade afe-
tiva de qualquer parceira. Isso não quer 
dizer que toda relação que exista uma 
diferença considerável de idade se en-
quadre numa crise de meia-idade mas-
culin a. Cada vez mais as mulheres bus-
www.pon·alcicnciacvida.com.br 
Ha dificuldade de comun1caçcm afetiva entre os dois sexos. mas. segundo Savagha. a mulher a1nda se 
determina por aqu1lo que ela acha que o homem espera dela 
A metanoia masculina, 
como batizou Jung, 
pode gerar muito 
sofrimento não só no 
su;eito que a vzvencia, 
mas nas pessoas ao seu 
redor, e, geralmente, 
provoca impacto na 
estrutura fomzliar 
cam parceiros mais velhos, justamente 
para compensar o que elas acreditam 
ser a imaturidade afetiva masculina. 
T UDO ISSO SE RESUi\IE NA DIFICULDADE QUE 
O SER HUi\ IANO TEI\1 DE ENFRENTAR O FATO 
DE QUE ELE Nt\0 SERAjOVEI\1 ETERNAMEl\'TE? 
S.-\\ \(,1 1 \: Lembro de uma vez estar 
com minha filha ainda pequena no 
supermercado. Ela, com cinco anos, 
estava se divertindo muito, brinca n-
do de roda r, enquanto eu escolhia os 
produtos da prateleira. Uma sen hora 
idosa, provavelmente com mais de 80 
anos, parou ao lado dela e a ficou ob-
servando. De repente, disparou para 
mim, o lh ando sobre os óculos, uma 
pergunta crucial: "Para onde vai toda 
essa alegria quando envelhecemos?". 
Muito ma is medo do que da morte ou 
do envelhecimento está o pavor de ser-
mos rejeitados. Essa, sim, é a maior das 
angústias do ser humano. A conexão 
entre envelhecer e se sentir excluído é 
real numa sociedade patológica como 
a que vivemos. Óbvio que as limitações 
físicas que a idade nos impõe são maté-
ria-pr ima para re fl exões sobre a passa-
gem do tempo, mas diante da inevitabi-
lidade do processo fica claro o quanto 
"importamos" angústias sociais. São os 
famosos "temos que". Q uando crianças 
sofremos uma lavagem cerebral muito 
benfeita e nem sempre faci lmente iden-
t ificável de que temos que ser jovens, 
bonitos, bem-sucedidos, ter bons em-
pregos, bons casamentos, ser felizes 
etc. Como disse anteriormente, a pro-
fi laxia dessa agonia me parece estar na 
possibilidade de se viver uma vida de 
autenticidade. Q uanto à confrontação 
com a passagem do tempo não há o 
que fazer. Como Simone de Beauvoir 
disse uma vez, "viver é envelhecer". ~ 
psique ciênci:t&vida 13 
in foco por Michele Muller 
Jovens 
• 
prec1sam 
DORMIR MAIS 
ATENTA À SAÚDE DOS ESTUDANTES, A ASSOCIAÇÃO 
AMERICANA DE PEDIATRIA PASSOU A RECOMENDAR QUE 
ESCOLAS INICIEM SOMENTE APÓS AS 8H30, COMO POSSÍVEL 
PREVENÇÃO AO RISCO DE DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA 
N 
ovo estudo feito por urna 
equipe de pesquisadores da 
Universidade do Texas su-
gere que a privação do sono 
pode estar entre os principais fatores 
de risco de depressão entre adolescen-
tes. De acordo com a pesquisa, publi-
cada na edição de julho do Jomal Sleep, 
da Sociedade de Pesquisa do Sono, os 
jovens que dormem seis horas ou me-
14 psique ciência&vida 
nos têm três vezes mais chances de ter 
depressão que aqueles que garantem 
o mínimo de nove horas diárias de 
sono. A pesquisa, liderada pelo médi-
co e professor de Ciências Comporta-
mentais Robert Roberts, investigou os 
hábitos de 4.175 adolescentes durante 
um mês e acompanhou seu comporta-
mento quatro anos depois. Esse foi o 
primeiro estudo a mostra r que existe 
um efeito recíproco resultante da rela-
ção entre a quantidade de horas dor-
midas e a depressão. 
Se a questão é tão sign ificativa 
quanto sugerem os pesquisadores, a 
incidênc ia de depressão deve ser in-
versamente proporcional ao número 
de horas que se dorme. E tudo indica 
que isso está acontecendo. De acor-
do com pesquisa realizada por uma 
\V\VW.pOrta1cienciacvida.com.br 
equipe da Universidade Columbia e 
publicada em 2013 no Jornal Oficial 
da Sociedade Americana de Pediatria, 
o tempo de sono entre adolescentes 
foi reduzido no período entre 1991 e 
2012. A aná lise de dados de 270 mil jo-
vens americanos mostrou que o grupo 
que afirma dormir menos de sete ho-
ras aumentoude fo rma contínua nesse 
período de 20 anos. A maior diferença 
foi observada e ntre jovens de 15 anos: 
em 2012, 37% reportara m dormir me-
nos de sete horas po r no ite, contra 
28% em 1991. 
Com isso é possível concluir que 
m ais de um terço dos adolescentes 
dorme no míni mo duas ho ras menos 
que o recomendado para a idade. No 
Brasi l, a rea lidade não parece muito 
diferente. No início desse ano, o Ins-
tituto de Pesquisa e Orientação da 
Me nte apontou que 88% dos 1.830 en-
trevistados não consideram seu sono 
satisfatório. Tanto os brasileiros quan-
to os americanos concluíram que os 
aparelhos eletrônicos estão entre os 
grandes vilões do sono. Os pesqui-
sadores do Texas frisaram que o uso 
de mídias sociais e o aumento da de-
ma nda de estudos c da qua ntidade de 
ativ idades extracurriculares também 
podem contribuir para a queda na 
quantidade de horas dormidas. 
Atenta à necessid ade de garanti r 
as nove ou ma is horas de sono entre 
adolescentes, a Sociedade Americana 
de Pediatria publicou um novo esta-
tuto, no ano passado, recomendando 
que as escolas inicie m as aulas sem-
pre depois das 8h30. De acordo com 
a entidade, dessa fo rma os horár ios 
acadêmicos são a linhados ao ritmo 
circadiano do sono dos ado lescentes. 
Po rta nto, não apenas compromissos e 
eletrônicos mantêm os adolescentes 
acordados: seu ciclo biológico é dife-
re nte do de crianças pequenas, sendo 
muito mais difícil , nessa fase, dormir 
e acordar cedo. 
No entanto , o siste ma escolar 
brasileiro es tá longe de reconhecer a 
www.port;tlcicnci;ICvida.com.br 
HOJE SABEMOS 
QUEUMABOA 
NOITE DE SONO É 
FUNDAMENTAL PARA 
A CONSOLIDAÇÃO 
DA MEMÓRIA 
E, COMO 
CONSEQUÊNCIA, 
PARA O SUCESSO 
NA APRENDIZAGEM. 
AS HABILIDADES 
MOTORAS TENDEM 
A SE APRIMORAR 
EMATÉ20% EM 
UMA ÚNICA NOITE 
DE SONO 
importância da causa que os pediatras 
americanos defendem. Aqui, crianças 
pequenas são privadas do importante 
soninho da tarde, enquanto pré-ado-
lescentes são arrancados da cama ge-
ralmente por volta das seis da manhã. 
Vão à escola sonolentos e no período 
em que deveriam estar estudando fi-
cam livres para passear em shoppings 
e brincar no celular. Se nosso sistema 
educacional considerasse a saúde e o 
ritmo biológico dos estudantes como 
fatores que superam em importância a 
praticidade que os horár ios a tuais re-
presenta m para muitos pais e escolas, 
iria garantir mais disposição física e 
mental dos adolescentes, reduz indo as 
chances de depressão. Mais que isso: 
poderia provocar uma melhora no ren-
dimento acadêmico dos alunos. 
Hoje sabemos que uma boa noite 
de sono é fundamental para a consoli-
dação da memória e, como consequên-
cia, para o sucesso na aprendizagem. 
A cada ano surgem novas pesquisas 
reafirmando a importância do sono 
para o bom desenvolvimento cogniti-
vo. Recentemente, neurocientistas da 
Universidade de Nova York (NYU) 
comprovara m, em estudos com ratos, 
que durante o sono profundo, ou ci-
clo de ondas lentas (slow wage sleep), as 
habilidades aprendidas durante o dia 
são "ensaiadas" repetidamente. Essa 
neurorrepresentação das memonas 
em replay é fundam ental para o forta-
lecimento das conexões sinápticas e, 
assim, para a consolidação da apren-
dizagem. Existem muitas evidências 
de que o sono é vital para a formação 
de vários tipos de memória. De acordo 
com Penelope Lewis, autora de Tl1e Se-
cret World o/ Sleep (O Mundo Secreto do 
Sono), habilidades motoras tendem a se 
apr imorar em até 200AJ em uma única 
noite de sono. 
Assim como é importante lembrar, 
é necessário esquecer. Não queremos 
saturar o cérebro com informações sem 
importância e é enquanto dormimos, 
mais especificamente no estágio de on-
das lentas, que ocorre essa "limpeza" de 
dados processados durante o dia. Ao 
enfraquecer as conexões não significa-
tivas, o sono mantém a capacidade de 
armazenamento do cérebro, fundamen-
tal para as funções cognitivas. 
Enquanto o sistema educacional 
brasileiro não considera uma adapta-
ção de horários, o que podemos fazer 
é evitar, à noite, os estímulos que com-
provadamente afastam os adolescentes 
da cama. Somente uma reorganização 
da rotina famili ar pode garantir o mí-
nimo de sono necessário para um me-
lhor desenvolvimento cognitivo e so-
cial nessa fase em que a saúde mental é 
tão frequentemente abalada. ~ 
Michele Muller é j ornalista com especializaçcb em Neurociência Cognitiva 
e autora do blog http://neurocienciasesaude.blogspot.com.br 
psique ciência&vida 15 
O Programa Mais Médicos 
é muito mais que médicos. 
Você que sonha em ser médico, 
esse é o caminho cheio 
de oportunidades. 
• . ,. 
... us 
us 
psicopositiva 
Minhas experiências 
com a VERDADE 
T 
oda pessoa que escreve (e 
sobretudo lê) certamente 
já passou pela experiência 
de se deparar com um tex-
to, às vezes apenas um a única frase, 
e la mentar-se de não ter sido sua au-
tora. Isso aconteceu comigo inúmeras 
vezes, mas desta vez foi um título que 
me arrebatou: Mtillzas Experiênàas 
com a Verdade. Nada ma is nada menos 
que a biografia de Gandhi. Pudesse eu 
escrever uma autobiografia, não ha-
veria título melhor. De fato, "Minhas 
18 psique ciência&vida 
experiências com a verdade" poderia 
ser o títu lo da autobiografia de qual-
quer pessoa que possui a autenticida-
de como uma de suas fo rças pessoais. 
Considerada na Antiguidade gre-
ga como uma característica sagrada, a 
autenticidade era o prin cipal cri tério 
a ser levado em conta na formação do 
homem-excelência e, durante certo 
período, também foi condição essen-
cia l na outorga do título ele cidadão na 
sociedade helênica. Nessa época, todo 
jovem que passasse pelo sistema edu-
por Lilian Graziano 
EM UM MUNDO 
ONDE A PALAVRA 
PARECE PERDER 
A IMPORTÂNCIA, 
O EXERCÍCIO DA 
AUTENTICIDADE 
PODE SER UMA 
VANTAGEM 
COMPETITIVA 
cacional a rcaico da Pa ideia deveria fa-
zer o solene j uramento a Eros: "Nada 
di rás ou fa rás que não seja em nome 
de Eros". Mas qual seria a relação de 
tal j uramento com a aute nticidade? 
Para respondermos a essa pergunta 
W\V\v.portalcicnciacvida.com.br 
SÃO AS PALAVRAS LÍQUIDAS QUE TORNAM 
IMPERATIVO QUE QUALQUER CONTATO 
NO ESCRITÓRIO SEJA FORMALIZADO 
POR UM EMAIL. ESTAMOS PERDENDO A 
CAPACIDADE DE CONFIAR NAS PESSOAS, 
DEIXANDO DE OUVI-LAS COM ATENÇÃO 
precisamos lembrar que para o grego 
antigo qualquer coisa seria considera-
da sagrada do ponto de vista de Eros 
(ou seja, do ponto de vista erótico) se 
revelasse a verdade do ser. Vale dizer 
também que, nesse sent ido, o concei-
to arcaico de prosti tuição em muito 
se diferia do seu significado atual, na 
med ida em que correspondia ao ato 
de se fazer qu alquer coisa que não re-
velasse a verdade do ser, ou seja, em 
termos mais heidegerianos, qualquer 
coisa que ocultasse ou impedisse a 
manifestação da exata correspondên-
cia entre essência e aparência. Sim, 
po rque nessa época (quem d ir ia?) a 
autenticidade era erótica. 
Q uando Atenas passou a oferecer 
o título de cidadão a qualque r sujeito 
que lutasse em seu nome e voltasse 
vivo, deu-se o iníc io do fim de toda 
uma cul tura que primava pela exce-
lência do caráter. 
Mas ainda ass im a de terioração 
da autenticidade na cultu ra ocidental 
se deu le ntamente. A inda no século 
XIX, propriedades eram negociadas 
no que se costumava ch amar de "fio 
do bigode", ou seja, na s imples pa la-
vra dos envolvidos. 
Concordo com o soció logo 
Zygmunt Bauman, qu e afirma viver-
mos hoje os "tempos líquidos", ou 
seja, uma sociedade do descartável 
na qual nada é feito para durar. Con-
tudo, creio que mais g rave do que o 
tempo líquido de Bauman (ou ta lvez 
até mesmo como consequê ncia dele) 
seja o que chamo de palavras líqui-
das. Palavras esvaziadas de sentido, 
esvaziadas de verdade, palavras que 
mais escondem do que revela m, pa la-
vras que o vento leva, como afirma o 
dito popular. 
São as palavras líquidas que tor-
namimperativo que qualquer con-
tato no escri tório seja formalizado 
po r um email. Estamos perdendo a 
capacidade de confiar nas pessoas, 
deixando de ouvi-las com atenção 
porque, afinal de contas, tudo será 
reg istrado por escrito para consu lta 
posterior. E porque tudo será regis-
trado, apenas o reg istrado se torna 
real. E, assim, a palavra se liquefaz, 
tornando-se dependente da escrita e 
dos contratos que jaze m num mar de 
firmas reconhecidas. 
É nesse contexto que os autê nticos 
se sobressaem. Adoradores da antiga 
arte de fazer valer a sua palavra, mos-
tram-se como são, v ivenc iam seus va-
lores e fa zem o que dizem tanto qua n-
to o que assinam. E is uma excelente 
vantagem competitiva! 
Mas não nos deixemos levar por 
exageros. Talvez a primeira lição que 
uma pessoa autêntica deva aprender 
seja a de diferenciar sinceridade de 
"sincericídio". Em minha autobiogra-
fia imaginária esse cer tamente seri a 
um longo capítulo. 111 
Lilian Graziano é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP. com curso de extensdü 
em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA nstitute on Character. EUA t professora 
universitária e diretora do nstituto de Psicologia Positiva e Comportamento. 
onde oferece atendimento clinico. consultoria empresarial e cursos na área. 
graziano@psicologiapositiva.com.br 
www.ponalcienciacvida.com.br 
NAS BANCAS! 
e escala 
www.escolo.com.br 
~~ psicopedagogia 
~ 
por Maria lrene Maluf 
As NEUROCIÊNCIAS 
~ 
mudam a EDUCAÇAO~ 
PARA DIRECIONAREM DE FORMA MAIS 
EFICAZ A APRENDIZAGEM INFANTIL, 
OS EDUCADORES DEVEM CONHECER 
A DIFERENÇA ENTRE OS DENOMINADOS 
"PERÍODOS CRÍTICOS" 
E "PERÍODOS SENSÍVEIS" 
DO DESENVOLVIMENTO 
CEREBRAL 
E 
xistirão rea lmente as cha-
madas "janelas de oportuni-
dades", fases que aparecem 
durante os pr imeiros anos 
de vida e que se revelam de exce-
lência para determinados aprendi-
zados? Essas e outras perguntas 
começaram a surg ir após estud os re-
a li zados por volta de 1970 por Kon-
rad L orenz. Etólogo, observou que 
a lgum as aves, logo que nascem e po r 
apenas um cu rto período de tempo, 
prendem-se pe rm a nentementc a um 
ser ou objeto que se mova. Esse fenô-
meno fu ncio na co mo uma janela que 
se abre e se fecha, daí o nome pelo 
qual se tornou conhecid o. 
A partir de então, muitos estu-
diosos se empenhara m em ana lisar, 
desde a importância da influência de 
um ambiente rico e es timulan-
te sobre o cérebro infa ntil até 
o a lcance que tal es timulação 
pode ter em diferentes fases 
da vida. Ainda , se preocupa-
ra m em analisar as consequ-
ênc ias que uma combinação 
de g rande variedade de es-
tímu los novos durante um 
tempo reduzido para 
a sua assimilação 
(h ipe rcsti mu lação) 
pode causar sobre 
o sistema nervo-
so em desenvolvimento. 
Do is pon tos impor-
ta ntes para se te r em 
mente, ao iniciar o as-
sunto, são o fato de 
N\v.port:tlcicnci:lcvida.coln.br 
que, enquanto o desenvolvimento 
neurológico do cérebro infa ntil acon-
tece em fases ou ciclos, o desenvol-
vimento cognitivo ocorre de forma 
diversa, já que depende da interação 
do potencial do indivíduo com o meio 
ambiente. Ou seja: h á um expressivo 
acréscimo neuronal durante os pri-
meiros anos de vida, que prepara de 
modo natural as diferentes áreas ce-
rebrais para os processos de estimula-
ção associados a tais áreas, que ocor-
rerão posterio rmente. 
Esses primeiros são os chamados 
períodos críticos do cérebro, que pos-
suem um momento determinado para 
ocorrer em todas as cr ianças, pois não 
dependem de nenhum outro estímulo 
senão do próprio sistem a nervoso, que 
pro move o desencadeamento de sua 
fo rmação por meio de um crescimen-
to expressivo de conexões neuronais 
desde a idade pré-nata l até os 6 anos, 
p rincipalmente. T rata-se de um pro-
cesso neurobio lógico que já prenuncia 
futuras possibilidades para funções 
impor tantíssimas, como visão, audi-
ção e tc., e que deve es ta r concluído 
em de termin adas épocas sob pena de 
prejuízos irreversíveis . 
Desse processo partic ipam áreas 
mui to especificas do cérebro, diri-
g idas às funções sensoriais que não 
exigem treinam ento ou constânc ia na 
estimulação. Porta nto, é um período 
em que ta nto a educação, a aprendi-
zagem, o aparato emociona l ou social 
pouco podem in fluencia r para desen-
cadear a nova rede neuronal. O cére-
bro, uma vez desenvolvido, agua rda 
um estímu lo p ara desencadear a for-
m ação da rede de neurônios respon-
sável por essas incitações. 
Nos cha mados períodos sensíveis, 
a motivação e a com plexidade da in-
fluênc ia ambiental tão d iversas sobre 
cada c ria nça, determinam uma época 
ma is propícia para cada aprendiza-
gem, pois coi nc idem com uma fase na 
qual o cérebro es tá predisposto a de-
terminadas mudanças, o que o torna 
www.portalcienciaevida.com.br 
ENQUANTO O DESENVOLVIMENTO 
NEUROLÓGICO DO CÉREBRO INFANTIL 
ACONTECE EM FASES OU CICLOS, 
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 
OCORRE DE FORMA DIVERSA, JÁ QUE 
DEPENDE DA INTERAÇÃO DO POTENCIAL 
DO INDIVÍDUO COM O MEIO AMBIENTE 
mais suscetível às ações educativas e 
às trocas de exper iências com o meio. 
Nesses períodos sensíveis, mais 
frequentes durante a infâ nc ia e ado-
lescência, mas não exclusivos a es-
sas épocas, o cérebro está o rientado 
para desenvolver processos intrica-
dos como é a aprendizagem : há um 
expressivo favorecimento para se 
estabelecerem conexões entre áreas 
cerebrais d isti ntas e integração de 
processos cogni t ivos, que são indis-
pensáveis à complexidade crescente 
da vida acadêmica. Q uestões relat ivas 
à motivação, ao prazer pela novidade, 
à criatividade, à sociabil idade, aos 
aspectos emocionais são parte coad-
juvante desse processo. 
Entre 3 e 16 anos de idade ocorre 
uma gra nde quantidade de interações 
nas diversas áreas cerebrais, determi-
nando a condição de excelência pa ra o 
início da educação escolar, do aumen-
to crescente de habilidades que per-
mitirão a aqu isição de aprendizagens 
de grande impacto como a leitura e 
a escri ta, a adaptação ao meio social, 
o equi líbrio emocional da cria nça nos 
diferentes ambientes, o inc rem ento de 
valores cultura is e m orais. 
Os estudos a partir da neuro i-
magem vieram confirmar que essa 
evolução natural não ocorre simul-
taneamente nas d iferentes regiões do 
cérebro e sempre começam nas áreas 
primárias e vai se estendendo às se-
cu ndárias e terciárias, em cada um 
dos lóbu los, começando pelo hemisfé-
rio esquerdo (habi lidades cognitivas), 
passando pela área dorso lateral do 
cór tex pré-frontal, responsável pelas 
funções execut ivas, e fi nalmente pelo 
córtex lateral ó rbi ta-fronta l, respon-
sável pelo con trole dos impulsos, por 
volta dos 20 anos. 
Entretanto, além do córtex, o cére-
bro é composto pela substância bran-
ca, cujo crescimento é muito ma is 
linea r que o da substânc ia c inzenta, 
sem signi ficativas diferenças entre os 
lobos, e ocorre de modo progressivo 
até os 40 anos. Na adolescência essa 
substância se desenvolve de modo 
acentuado e permite uma capacidade 
extraord iná ria para estabelecer cone-
xões entre áreas cerebrais d istantes, 
crescimento acentuado das funções 
cognit ivas, adaptabi lidade social, ét i-
ca e moral. 
Esses e out ros conhecimentos das 
Neurociências mudam a educação? 
Não exata mente, mas têm mostrado 
que são capazes de ampliar e emba-
sar o conhecimento teór ico e prático 
sobre como melhorar a aprendizagem 
do aluno. E muito importante, dão 
aos profissionais da educação a com-
provação inegável de sua responsabi-
lidade perante a condução do proces-
so de ensino-aprend izagem. ,.. 
Maria lrene Maluf é especialista em Psicopedagogia. Educaçcb Especial e 
Neuroaprendizagem. Foi presidente nacional da Associaçcb Brasileira de 
Psicopedagogia - ABPp (gestcb 2005/07). t editora da revista Psicopedagogia 
da ABPp e autora de artigos em publicações nacionais e internacionais. Coordena 
curso de especializaçcbem Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br 
psique ciência&vida 2 1 
EDUCAÇÃO 
Infindável mundo de possibilidades, 
também para as crianças, a internet 
faz parte cada vez mais cedo da 
vida delas. No entanto, é preciso 
cuidado para educar os filhos na 
era dos tablets e smartphones 
Por Mariuza Pregnolato 
- ----..... :1_1_1-~l..nr·-·· 
• • . . • I • ' ;. I - ;~: • • •' ' : . - -; • : , : : • • . :~: • 
I 
3tltf EDUCAÇÃO 
ss im como acontece 
em relação aos adul-
tos, pa ra as crianças a 
internet também é um 
aravilhoso mundo 
de possibilidades. Ta nto que seu uso 
tornou-se corriqu eiro nas escolas, 
onde esse conhecimento por parte 
das crianças já é tido como certo. Por 
isso mesmo, elas p odem e precisam 
ser estimuladas e o rientadas a nave-
gar desde cedo. E pelos pais! Hoje 
já se esp era que as cri anças estejam 
desenvoltas ao navegar pela rede, ao 
brincar com jogos interativos e ao se 
comunicar com os amigos e profes-
sores. Também é desejável que sejam 
autossuficientes nas buscas e pesqui-
sas p ara seus t r abalhos escolares. E 
sabemos que, quanto mais navegam, 
mais absorvem conhecimentos vá-
rios e vão se aprimorando na explo-
ração do mundo digi tal em s i, geran-
do uma contínua autoaprendizagem. 
Fa ntás tico! E ntretanto, h á riscos. 
Tanto acidentalmente quanto 
movidas p ela própria curiosidade, as 
crianças vão acabar acessando mate-
rial impróprio para sua idade, ima-
gens que podem ser excessivamente 
• Anonimato • 
Por terem caracterlstlcas particulares. 
os cnmes contra crianças e adoles-
centes praticados na mternet s~o ma1s 
difice1s de perceber O anonimato é o 
grande aliado do cnm1noso. A moda-
lidade dispensa contato fis1co entre 
a vitima e o abusador. bastando. por 
exemplo. capturar 1magens da criança e 
transformá-las d1g1talmente. dando um 
caráter pornograflco. Em outras ocasi-
ões o contato acontece on-lme e a viii-
ma acaba cedendo 1magens acreditando 
se tratar de uma pessoa de conf1ança. 
24 psique ciência&vida 
As novas gerações têm a chance de navegar e absorver vános conheCimentos. provocando urna 
autoaprend1zagem. No entanto. é prec1so f1car atento aos pengos 
Tanto acidentalmente quanto movidas pela 
própria curiosidade, as crianças vao acabar 
acessando material impróprio para sua idade, 
imagens que podem ser excessivamente 
nocivas para a formação de sua personalidade 
impactantes ou nocivas para a form a-
ção de sua personalidade. Imaturas 
e emocionalmente vulneráveis, elas 
precisam caminhar sobre um terreno 
mais seguro para te r um desenvolvi-
m ento saudável. Por isso é tão impor-
tante estar ciente do que é que elas 
ouvem e veem n a internet, que t ipo 
de inform ação e conteúdo pesqui-
sam, compartilham e com quem. Só 
ass im é possível conversar sobre isso 
t udo com elas e orientá-las de acordo 
com a v isão de mundo dos pais. 
É preciso que as cri anças es tejam 
sob a v is ta dos pa is, p ara que eles 
acompanhem su a evolução e desco -
bertas. O s pais devem ta mbém ser 
capazes de ir apresentando-lhes op-
ções interessantes e divertidas, brin-
cando junto, tornando-se parceiros 
na sua vivência e aprendizado, com-
partilhando conhecime nto e aquisi-
ção d e conteúdo, além de d iversão. 
Assim, do mesmo modo que é saudá-
vel discutir com as crianças um fil-
me assis tido juntos, para esclarecer 
alguns pontos e d ar orientação sobre 
valo res e princípios éticos, poderão 
ser dadas coordenadas que m anterão 
as crianças em processo de aprendi-
zado controlado, direcionadas para 
conteúd o cada vez mais complexo, 
' 
www.portalcicnciacvida.com.br 
mas sempre adequado à sua fa ixa 
etá ri a e grau de maturidad e. 
Leva ndo a sério a tarefa de prote-
gê-las dos perigos do mundo digital, 
os pa is estarão se at ualiza ndo sobre 
os potenciais riscos on-line. A lém dis-
so, monitorando o uso que seus fil hos 
fazem d a rede, os pa is poderão ajudá-
-los a navegar em segurança . Embora 
os resp onsáveis possam (e d evam) 
contar com fe r ramentas que ajudem 
a control a r o acesso das cri anças a 
conteúdo adulto e inibam a ação de 
predadores, a inda ass im nada garan-
te que e las esta rão 100% seguras . Daí 
ser tão importante seguir de p erto 
suas ativid ades na internet e educá-
-las gradativamente sobre os riscos 
do mu ndo otz-lin e. 
A preocupação com a educação 
na era da web é um relato constante 
dos pa is no self terapêut ico. E isso 
leva aos p rofissionais de saúde men-
ta l ava liarem esse fe nômeno com ain-
da mai s cautela. 
Proteção , 
Epreciso entend er que, mesmo com a ajuda de bloqueios eletrô-
nicos e proteção ou limitações defi-
n id as por d ispositivos lega is, a ó n ica 
proteção eficiente que as c ria nças 
podem ter é a ação dos pa is. Por essa 
razão, a primeira e mai s importante 
pa rte de toda essa discussão é que os 
pa is têm que saber, no mínimo, tan-
to quanto os filhos, enquanto eles 
fo rem crianças, sobre a tecnologia a 
que es tão expostos. N inguém con-
seguirá proteger o fil ho daqui lo que 
nem ele mesmo conhece. Como ensi-
ná-lo a utilizar o t ran sporte coletivo 
que o pai nunca usou? Ou troca r im-
pressões sobre o livro q ue não leu? O 
meio digital pode se transformar no 
mel ho r am igo da cr iança, po is ofere-
ce um a qua ntidade incrível d e conte-
ócio est imulante, amigável e ótil, sem 
cob rança nem ônus aparente. Essa 
ide ia costuma ser assustadora para 
os pais, mas é melhor ter consciência 
www.portalcicnciacvida.com.br 
Levando a sério a 
tarefa de proteçao 
dos perigos do 
mundo digitaL os 
pais estarao se 
atualizando sobre 
os potenciais riscos 
on-line. Além 
disso, poderao 
ajudá-los a navegar 
em segurança 
dessa tendência, justamente para po-
der lidar melhor com ela. 
A pior atitude que os pais podem 
ter é acomodar-se com o sossego que 
as crianças dão enquanto estão entre-
tidas com seus smartphones ou tablets, 
achando que por estarem dentro de 
casa e "quietas" esta rão segu ras. Elas 
podem até parecer imóveis fis icamen-
te, mas bas tou ficar chato um jogo 
para fechar e buscar outro, ou muda r 
de aplicativo, ou iniciar uma nova 
busca na internet, como fazem os 
adultos. E não dá para ter controle so -
bre isso tudo se elas forem deixadas a 
sós com seus disposit ivos. Muito me-
nos se puderem usá-los o tempo todo. 
O tempo de uso precisa ser limitado 
e, uma vez estabelecido esse tempo, 
p recisa ser respeitado por todos. Afi-
nal, atividades esportivas, brincadei-
ras ao ar livre e em grupo não sa íram 
de moda e continuam sendo o meio 
mais saudável e eficiente que as crian-
ças têm pa ra a socialização. 
O mundo on-line e os aparelhos 
eletrônicos já fa zem parte da vida 
diá ri a, e isso é inegável. Então, uma 
boa dica é explorar o infindável mun-
do d a internet junto com as crianças. 
Estimulá- las desde cedo com conteú-
dos lódicos e ad equados à sua fas e de 
desenvolvimento e interesse é uma 
forma positiva de desviá-las de uma 
navegação d emasiadamente ab erta, 
em que correria ma ior risco de en-
contrar mater iais inadequados. 
Acompanhá-los enquanto bai-
xam e usam novos aplicativos e 
É ma1s do que recomendável que as cnanças esteJam sob a v1sta dos pa1s. para que eles acompanhem 
sua evoluçc'io e descobertas no un1verso da 1nternet 
psique ciêncio&vida 2 5 
jlf EDUCAÇÃO 
O tempo de utilização das ferramentas digitais deve ser restnto. até mesmo porque bnncadeiras ao ar 
livre continuam sendo o me1o ma1s saudavel de socialização e equ11íbno emocional 
navegam pelos websites que mais gos-
tam também é uma forma de se intei-
rar e participar da vida deles, acom-
panhando de perto, de forma ativa e 
não invasiva, o que estão fazendo. A 
atitude dos pais deverá ser parecida 
com a que teriam ao sentar-se com 
as crianças para montar um Lego ou 
brincar com um jogo de tabuleiro. 
Aliás, essa é uma dica que vai conti-
nuar valendo sempre. N ada melhor 
do que participar da vida dos fi lhos, 
acompanhar e tentar entende r do 
que eles gostam e fazem, seuestágio 
PARA SABER MAIS 
SENADO TENTA PROTEGER 
CRIANÇAS DE CRIMES DIGITAIS 
No Brasil. a preocupação em relação aos crimes contra crianças na web vem mobilizando autoridades. O Senado não está fora dessa discussão. Por uma 
decisão do Plenário da Casa. os provedores de internet. redes sociais e empre-
sas de telecomunicações terão necessariamente de preservar dados cadastrais 
e de conexão dos usuários. além de transferir. com mais rapidez. as informações 
aos órgãos de investigação policial. A aprovação do texto tenta avançar na di-
reção de uma efetiva repressão aos crimes sexuais cometidos contra crianças 
e adolescentes. por intermédio da internet. O Congresso Nacional debatia. havia 
algum tempo. uma maneira de monitorar a internet em relação a esse tipo de 
crime. Segundo a lei. os provedores e as empresas de telecomunicações deve-
rão manter os dados dos usuários por. pelo menos. três anos. O prazo para as 
redes sociais é de. no mfnimo. seis meses. A Polfcia Federal e o Ministério Públi-
co podem pedir a preservação dos dados independentemente de autorização 
judicial. Outro avanço conquistado com a aprovação da lei é a responsabilida-
de solidária. na qual as empresas prestadoras de serviço de internet terão de 
denunciar aos organismos de investigação qualquer informação a respeito da 
prática de crime sexual contra menores de idade. 
26 psique ciência&vida 
O meio digital 
pode se 
transformar no 
melhor amigo 
da criança, pois 
oferece uma 
quantidade incrível 
de conteúdo 
estimulante e útiL 
sem cobrança nem 
ónus aparente. 
Essa ideia 
é assustadora 
para os pais 
de aprendizagem, nível de dificul-
dades, ta lentos que começam a des-
pontar etc . Tudo isso para estar perto 
deles, estreitando laços e cumplicida-
de para minimizar as chances d e ter 
surpresas desagradáveis. É preciso, 
ainda, fala r com as crianças sobre 
essas preocupações, a fim de que fi-
quem cientes que há perigo na rede e 
possam ter a liberdade de expressar-
-se caso sinta algo estranho. 
Quando se colocam regras, as 
crianças costumam reclamar e elas 
sempre tentarão d esobedecer. É na-
tural que seja assim, é seu papel por-
que são imediatistas e movidas pelo 
instinto do prazer. Cabe aos pais se-
rem sensatos ao decidir quais limites 
impor e serem coerentes para cobrar 
que esses limites sejam respeita-
dos. É quase inevitável que, mesmo 
esforçando-se muito para manter-se 
atuante e antenado, em algum mo-
mento os pais vão se dar conta de que 
seus filhos já sabem mais do que eles 
sobre toda a parafernália tecnológi-
ca. E aí, o que vai contar mesmo, é a 
qualidade da relação e reciprocidade 
de confiança que se estabeleceu en-
tre filhos e pais. Eles leva rão alguns 
sustos, tropeçarão aqui e ali e po-
derão sofrer também, mas estarão 
aparelhados para superar o que vier, 
porque os pais os acompanharam 
enquanto puderam. Na medida do 
possível, poderão contar com os pais 
para apoiá-los. Ou terão aprendido a 
se defender sozinhos, com o apoio re-
cebido desde sempre. 
Não gosto de tons a larmistas 
quando uma orientação sutil basta, 
mas este não me parece ser o caso, 
infelizmente. Recomendo enfatica-
mente, como profissional da área 
PSl , que os pais busquem constante-
mente toda informação e orien tação 
que for possível em fontes confiáveis. 
Ao invés de repetir aqui as d icas dos 
profissionais em tecnologia, preferi 
deixar que eles fa lem por si mesmos, 
melhores conhecedores que são nes-
se tema. Por isso, veja no final deste 
texto algumas referências e endere-
ços de especialistas que, no conjun-
to, poderão ajudar bastante neste 
momento. No entanto, a tecnologia 
evolui tão rapidamente que é preci-
so segu ir se atualizando e buscando 
novas fontes mais recentes o tempo 
todo. Os perigos a que as crianças e 
adolescentes estão expostos são tan-
tos e tão d ifíceis de serem evitados 
que a chance de algo desagradável 
acontecer não é pequena se os pais 
www.portalcicnciacvid:t.com.l>r 
A pior atitude que os pais podem ter é 
acomodar-se com o sossego que as crianças 
dao enquanto estao entretidas com seus 
smartphones ou tablets, achando que por 
estarem dentro de casa estarao seguras 
não estiverem próximos e bem infor-
mados. Há links maliciosos, rast rea-
mento facili tado, assédio, bullying, 
spam, plugins, abuso, "am izades" 
mal-intencionadas, difamação, gol-
pes diversos, pedofi lia, montagem 
de imagens etc., uma lista infeliz de 
situações que ocorrem, triste dizer, 
diariamente com internautas desavi-
sados. Isso sem falar nos acessos aci-
dentais a conteúdos e imagens pertur-
badoras de violência e pornografia. 
Disfunções emocionais 
O utra questão que começa a ga nha r importância entre os 
profissionais de saúde refere-se a 
possíveis disfu nções emocionais e 
comportamentais decorrentes do 
início precoce do uso de meios digi-
tais, aliado ao seu uso excessivo. A 
Sociedade Brasile ira de Ped iatria, 
a exemplo da American Academy of 
Pediatrics, aconselha que as crian-
Acompanhar os f1lhos 
enquanto ba1xam aplicativos 
é uma at1tude semelhante 
à que o pa1 teria ao se 
sentar com o filho para 
montar um Lego 
em família 
ças sejam apresentadas ao mundo 
d igita l somente a pa rtir dos dois 
anos de idade. Também estabelece 
que esse uso seja bastante reduzido, 
priorizando-se sempre as interações 
pessoais. M as não é isso que está 
ocorrendo. Hoje muitas crianças co-
meçam a in teragir com tablets e ou-
tros dispos itivos com menos de um 
ano de idade. E crescem usando-os 
continuamente, como vê m fa ze ndo 
as crianças mais velhas, adolescen-
tes e adultos. E quanto à comuni-
cação, feita preferencialmente por 
mensagens de texto e envio de emo-
jis, sem dúvida há potencia l para 
acelerar o p rocesso de a lfabetização, 
mas de um modo muito diferen te 
de tudo aquilo que vimos até aqui. 
Como lidar com essa realidade que 
se impôs irreversivelmente, subver-
tendo de tal modo a ordem das coi-
sas que tornou obsoleto quase todo 
o conhecimento que detínhamos? 
~ EDUCAÇÃO 
Talvez devamos lançar u m novo 
olhar sobre tod a a p roblem ática d a 
apre nd izagem e admit ir q ue não es-
tamos dev id am ente p repa rados par a 
ensinar nossas c ria nças . E las sabem 
m enos do q ue os seus p rofessores, 
ev identemente, mas a m aioria de las 
têm m ais domínio do q ue eles em 
o utras competê ncias, com o a tec-
nologia. E essa competência lhes 
d á acesso imed iato e mui to dire to 
ao co nhecim ento, em vários casos 
prescindindo mesmo do professo r. 
Nunca antes ho uve ta l situ ação em 
nossa história . Co m o afirmo u R ay 
K urzweil, fu turista e di re to r de En-
gen ha ria do Google, "um a c riança na 
Áfri ca com um smartphone tem mais 
poder na sua mão d o q ue o presiden-
• Profeta tecnológico • 
O c1ent1sta nova-1orqumo Raymond 
Kurzwe1l (1948) ganhou fama por suas 
1de1as polêmicas sobre evolução tec-
nológica. P1one1ro em reconhecimento 
óhco de caracteres e fala. srntese de 
voz e teclados eletrOn1cos pesqUisa 
sobre 1nteligênc1a art1f1c1al e Slngulanda-
de tecnológiCa. No livro The Sm8ulanfy 
ls Near ("A smgularidade está prox1ma'). 
af1rma que em 2029 a humamdade terá 
recursos de mteligênCia art1f1c1al neces-
sános 'para que maqu1nas atinJam a In-
teligência humana· 
Uma questao que começa a ganhar 
importancia entre os profissionais de 
saúde refere-se a possíveis disfunções 
emocionais e comportamentais decorrentes 
do início precoce do uso de meios 
digitais, aliado ao seu uso excessivo 
A Soc1edade Bras1le1ra de Ped1alna recomenda que as cnanças seJam apresentadas ao un1verso d1g1tal 
apenas a partir dos dois anos de idade 
2 8 psique ciência&rvida 
te dos Estados U nidos ti nha 15 anos 
at rás, em termos de acesso ao con he-
cimen to e à in formação !". 
Mas e o eq ui líbrio entre o seu de-
senvolvi mento emocio na l e intelec-
tual, que lhe sustente e proporcione 
maturidade para assim ila r de forma 
saud ável tod o esse aprend izado tão 
precocem ente? E o que d izer dos pais 
modernosq ue, a p re texto de estar p re-
sentes na ro ti na dos fi lhos, env iam-
-lhes várias m ensagens de texto ao 
d ia? A lgu ns ped iatras e especial istas 
em o rientação de pa is afirm am que 
essas crianças não estão se conectan-
d o emocio na lmen te com q ualidade, 
dev id o à pouca v ivê ncia de contato 
o lho no o lho. E las estariam com di-
ficu ldade de identificar e interpreta r 
ex pressões faciais e não desenvolvem 
empat ia porq ue não praticam o con-
tato visual. Segundo Marc Brackett, 
da Universidade de Ya le, "as crianças 
q uerem ser abraçadas e tocadas, elas 
precisam ter suas necessidades bási-
cas supridas, e não receber mensagens 
de texto de seus pais". 
Relação pessoal 
As crianças continuam precisando passar m ais tempo conversa ndo 
pessoalme n te, co rrendo, andand o 
de b icicleta e expressando-se d i re-
tamente com outras cria nças, sendo 
impactadas com a relação pessoal. 
Crianças que gastam mu ito tempo se 
comu nicando at ravés de Lecnologias 
não co nseguem dese nvolver as habi-
l id ades bás icas de com u n icação q ue 
as pessoas vêm usando desde semp re. 
Comu n icar-se não é apenas conhecer 
e ler as palavras, envolve o tom de voz, 
o olha r, as expressões faciais, a lin-
guagem corporal, mu itos s inais q ue 
são perceb idos somente na relação 
pessoal. É imp or ta nte qu e a fam íli a 
inv ista em ter momentos de descon-
tração e inte ração não mediada pela 
tec no logia, e creio ta m bém q ue o li-
m ite e a adequação a cada caso pre-
c isa m ser p e nsados em co njunto pelo 
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Crianças negligenciadas e sós sempre existiram. A diferença é que antes. na ausência dos tablets e 
smartphones elas se ocupavam de outro modo e corriam outros perigos. 
Comunicar-se 
nao é apenas 
conhecer e ler 
as palavras, 
envolve o tom de 
voz, o olhar, as 
expressões faciais, 
a linguagem 
corporaL muitos 
sinais que sao 
percebidos 
somente na 
relaçao pessoal 
casal. A seguir, o casal deverá ouvir 
também o ponto de vista das crianças 
e, jun tos, poderão escolher o m elhor 
formato pa ra sua rotina d iária. Se a 
escolha consegu ir contemplar tan-
to os interesses de cada um quanto 
a preservação dos hábitos saudáveis 
básicos, como respeitar as horas de 
sono, alimentação, estudos e ativi-
dade física, com compartilham ento 
pessoal das experiências, ótimo! 
Não vejo, porém, p or que culpar a 
tecnologia. Afinal de contas, crianças 
negligenciadas e sós sempre existiram. 
A diferença é que antes, na ausência 
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dos tablets e smartphones, elas se ocu-
pavam de outro modo. A ideia central 
para se ter em mente é que, com base 
na confia nça e no d iálogo, é possível 
criar um ambiente de confidencialida-
de e conexão forte, natu ral entre pais e 
REFERtNCIAS 
filhos. E ao se construir esse universo 
que favorece o verdadeiro relaciona-
mento, as crianças vão sendo prepara-
das de forma eficiente para lidar com 
todos os riscos do mundo, sejam eles 
digitais ou não. • 
Childhood Brasil. Navegar com segurança. Disponível em: <http://www.childhood.orgbr/prograrnas/ 
navegar-com-seguranca> Acesso em: 18 ago. 2015. 
Dantas. R. Como evitar que crianças tenham acesso a conteúdo adulto na intemet.ln: Techtudo. 
Disponível em: <http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/10/como-evitar-que-criancas-
tenham-acesso-conteudo-adulto-na-internet.html> Acesso em: 18 ago. 2015. 
Davis. K.: Gardner. H. The App Generation. New Haven: Yale University Press. 2013. 
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Mode=Search&SearchTextArea=internet#cat20141> Acesso em: 18 ago. 2015. 
Mclaughlin. R. Por que eu apaguei fotos e vídeos dos meus i lhos da internet. In: G1zmodo Brasil. 
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Viana. G. Oito motivos para n3o criar um perfi l no Facebook para uma criança. In: Techtudo. 
Disponível em <http:l/www.techtudo.corn.br/noticias/noticia/2013/09/oito-motivos-para-nao-criar-
um- facebook-para-urna-crianca.html> Acesso em: 18 ago. 2015. 
Zuckerberg. R. Dot. New York: HarperCollins Publishers. 2013. 
psique ciência&vida 29 
coaching por Ed,uar~o Shinyashiki 
Inteligência social , 
_\ 
é AGIR com ETICA 
NOS ÚLTIMOS ANOS, A CRISE DE VALORES 
E ÉTICA E A INDIFERENÇA MORAL 
TORNARAM-SE ALVO DE URGENTE 
ATENÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO 
C 
ada vez mais o ser humano 
conquista contextos exter-
nos, novas descobertas e re-
sultados, porém, ao mesmo 
tempo, presenciamos injustiças, indivi-
dualismo e corrupção na sociedade, na 
gestão de empresas e nos negócios. 
O ser huma no, olhando muito para 
fora , pouco conhece sobre si mesmo e 
sobre suas reações ou até mesmo sobre 
como lidar com os conflitos, dificulda-
des, desa fios, sonhos e objetivos. Outra 
dificuldade é como lidar com as outras 
pessoas, tendo consciênc ia de que os 
nossos atos influenciam a vida daque-
les que estão no nosso entorno e que a 
nossa liberdade e escolhas acarretam 
em responsabilidade e consequências. 
A interdependência da inteligên-
cia emocional, inteligência social e 
da ética permite, pelo menos em par-
te, responder a essas reflexões. Essas 
d isciplinas se tornaram assunto mu ito 
presente no âmbito o rganizacional, 
percebidas como instrume ntos para 
harmonizar e equilibrar a razão e a 
emoção nas relações interpcssoais. 
A in teligência social é a capacidade 
de compreender, interagir e influen-
ciar positivamente as pessoas. Ela tem 
como foco a qualidade e harmonia das 
relações interpessoais e, consequente-
mente, melhorar a fo rma de se relacio-
30 psique ciência&vida 
nar com as pessoas, criando um clima 
positivo e de cooperação em qualquer 
contexto da nossa vida, para uma con-
vivêcia solidária. 
Essa inteligência se desenvolve na 
relação com o mundo externo e o ri-
g ina-se da inteligência emocional que 
inclui o autoconhecimento, autoanáli-
se, controle das emoções, automotiva-
ção, reconhecimento das emoções nas 
outras pessoas, saber usar as emoções 
adequadamente para ating ir os objeti-
vos, chegando, enfim, a ter ações res-
ponsáveis e aptidões sociais adequadas 
ao conceito de é tica. 
Do termo grego ethos, a ética refe-
re-se na sua essência ao "interior do 
homem" ou "morada humana". A ética 
então é o estudo da conduta humana, 
ela refere-se ao agir do ser humano. 
Refletir sobre ela significa analisar a 
nossa ação, tornando-nos mais aten-
tos e m ais conscientes das atitudes que 
praticamos em qualquer contexto da 
nossa vida. 
A ética é então o complexo de 
critérios e valores que guiam nossas 
ações e comportamentos, por exemplo 
o respeito, a honest idade, a coerência, 
cooperação e confiança. Por meio do 
crescimento pessoal e da evolução dos 
valores, moldamos a concepção de éti-
ca e, quanto maiores os níveis de inte-
ligência emocional que um indivíduo 
desenvolve, mais elevado será o seu 
nível comportamental ético. 
As emoções, a inteligência social e 
a é tica são então evidentemente inter-
ligadas e interdependentes e são fato-
res impactantes e importa ntes na vida 
em geral e

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