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A química do amor

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A química do amor
O amor é frequentemente celebrado como um fenómeno místico, muitas vezes espiritual, por vezes apenas físico, mas sempre como uma força capaz de determinar o nosso comportamento. Sem querer discutir a magia do amor, hoje vamos apenas abordar o amor do ponto de vista da química que lhe está associada: os compostos químicos que atuam sobre o nosso corpo – sobre o nosso cérebro, em particular – e nos transmitem todas as sensações e comportamentos que associamos ao amor.
O “amor” é um complexo fenômeno neurobiológico, baseado em atividades cerebrais, que incluem principalmente certas moléculas, denominadas de hormônios. Estima-se que o corpo humano seja capaz de produzir duzentos hormônios diferentes. Estas substâncias químicas são compostos orgânicos, geralmente de cadeia carbônica oxigenada e nitrogenada. São produzidas pelo corpo dos animais e também são responsáveis por todas as emoções que estes podem sentir como a raiva, o ciúme, o medo, o tesão e, inclusive, o amor e a paixão. 
1ª fase (fase do desejo): Nessa fase as sensações e o desejo sexual são iniciados no corpo humano. Eles são despertados pela circulação dos hormônios sexuais, iniciada na adolescência: a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres. É a circulação destes hormônios no nosso sangue que torna o nosso cérebro interessado em parceiros sexuais, digamos assim.
2ª fase (fase da atração ou paixão romântica): Quando então nos apaixonamos, os compostos químicos que atuam em nosso cérebro nos fazem só pensar na pessoa amada. Geralmente se perde a capacidade de raciocinar e deixa-se de enxergar os defeitos da pessoa amada. É nesse estágio em que se aplica o ditado “o amor é cego”. Quando vemos a pessoa amada as nossas pupilas se dilatam, o rosto fica vermelho, os batimentos do coração aceleram, nos arrepiamos, as mãos suam e os lábios ficam mais rosados. 
Isso ocorre porque o sangue corre pelos minúsculos vasos debaixo da pele, a temperatura de nosso corpo sobe e se produz mais noradrenalina, que é o hormônio que acelera o bater do coração. 
No cérebro há uma explosão de reações causadas pelos neurotransmissores. Um deles é a dopamina, o neurotransmissor do prazer. Ao olharmos a pessoa, mesmo que seja só uma foto, temos uma sensação agradável, parecida com a de comer um doce, uma comida predileta ou mesmo uma droga. 
A serotonina (a) é o hormônio que nos torna obcecados. Essas substâncias produzidas em nosso corpo são muito parecidas com drogas do tipo anfetaminas. Curioso é verificar que todos estes compostos químicos – designados por neurotransmissores, já que participam nas transmissões do sistema nervoso e no cérebro – são controlados por um outro, chamado feniletilamina (b) que está presente no chocolate. estará aqui a razão para o chocolate ser uma prenda tão apreciada para os namorados, ou para ser tantas vezes a compensação para um amor não correspondido? 
(a)
(b)
O carinho dado pelo toque é algo que também nos dá muito prazer, pois debaixo da pele, 1,5 milhão de receptores registram as sensações que são transmitidas para milhares de terminações nervosas. O contato desencadeia uma corrente elétrica que viaja através da medula espinhal e chega ao cérebro, liberando mais endorfina (b). A endorfina atua no sistema límbico, que é a área do cérebro responsável pelo prazer. Mas, infelizmente, esses sentimentos intensos não duram para sempre. 
(a)
(b)
Destaque para as semelhanças na estrutura da morfina (a) e do fragmento em destaque da endorfina (b).
Aí é que entra a última fase do amor: 
3ª fase (fase de ligação): Esta terceira fase corresponde ao amor duradouro. Há dois hormônios importantes nesta fase: a oxitocina e a vasopressina que são liberados durante a relação sexual. A oxitocina provoca contrações no músculo uterino e produção de leite materno; aparentemente está envolvida no relacionamento entre a mãe e o bebê. Pode parecer ao casal que o amor se esfriou porque o organismo fica mais resistente e acostumado com a produção dos hormônios citados anteriormente. Mas não se preocupe, isso não significa que o amor acaba por aqui. Mas sim que um tipo diferente e mais duradouro de amor é estabelecido, não passageiro como a “paixão”.
Embora não seja propriamente um produto de auxílio ou estímulo à actividade sexual, a verdade é que a pílula, ao permitir sexo sem gravidez, contribuiu para uma verdadeira revolução (não só sexual) na sociedade ocidental.
A pílula anticoncepcional mais utilizada actualmente é uma combinação de um estrogénio e um progesterona, para impedir o processo de maturação do óvulo (o primeiro) e impede que um possível ovo fecundado se fixe no útero (o segundo). Mas a primeira pílula contraceptiva oral tinha como composto base a noretindrona, uma molécula que tem sido mencionada como uma das mais importantes na história de humanida

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