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Aula_03

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AULA 3: NACIONALIDADE SOB A PERSPECTIVA DO DIREITO 
CONSTITUCIONAL BRASILEIRO 3 
INTRODUÇÃO 3 
CONTEÚDO 4 
CONCEITO DE NACIONALIDADE 4 
NACIONALIDADE E SUA RELAÇÃO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO 5 
NACIONALIDADE E CIDADANIA NO DIREITO BRASILEIRO 7 
DIMENSÕES DA NACIONALIDADE 7 
A QUEM COMPETE DEFINIR OS CRITÉRIOS ATRIBUTIVOS DA NACIONALIDADE? 8 
ESPÉCIES DE NACIONALIDADE 9 
DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS 16 
AS HIPÓTESES DE PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA 20 
REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE ORIGINÁRIA NO DIREITO INFRACONSTITUCIONAL 
BRASILEIRO 22 
REFERÊNCIAS 24 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 25 
CHAVES DE RESPOSTA 28 
ATIVIDADE PROPOSTA 28 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: 29 
 
 
 
 
 3 
 
Antes de iniciar a aula, conheça o caso de um filho de brasileiro nascido no 
exterior que resolve optar pela nacionalidade brasileira, após a prática de 
crime ocorrida no exterior. Em seguida, responda à questão abaixo: 
O filho de brasileiro nascido no exterior, nesse caso, será extraditado? Por 
quê? 
 
Pedro, filho de brasileiros, nasceu na Alemanha em 1989 e lá cometeu um 
crime de tráfico ilícito de entorpecentes, no ano de 2012. Em decorrência de 
instauração de processo investigatório criminal contra ele, resolve no mesmo 
ano vir, pela primeira vez, ao Brasil. Aqui conheceu um advogado que o 
orientou a optar pela nacionalidade brasileira na Justiça Federal, de acordo 
com os artigos 12, I, “c” e 109, X da CRFB/88. Entretanto, antes de se 
concluir o processo de opção de nacionalidade, o governo alemão solicita ao 
Brasil a extradição de Pedro pelo crime cometido. 
 
Introdução 
A Nacionalidade é tema vasto e de grande repercussão dentro do 
ordenamento jurídico pátrio e do Direito Internacional. Desta forma, o estudo 
sobre as espécies de nacionalidade torna-se de extrema relevância jurídica e 
social, pois através da sua definição, distinguindo nacional do estrangeiro, 
pode-se concluir pelo gozo dos direitos políticos e o acesso a determinadas 
funções públicas, além de viabilizar ou não a expulsão e a extradição. 
 
 4 
 
Além disso, é importante ressaltar que a Constituição da República Federativa 
do Brasil, de 1988, tratou do tema no Título II, Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais, em seu art. 12 e parágrafos, erigindo a matéria à categoria de 
direito fundamental. Por fim, faz-se necessário o estudo das hipóteses de 
perda da nacionalidade originária, bem como da reaquisição da nacionalidade 
perdida. 
 
Sendo assim, esta aula tem como objetivo: 
1. Conhecer os aspectos gerais e constitucionais da nacionalidade no 
Direito brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo 
Conceito de Nacionalidade 
Compreende-se por nacionalidade o vínculo jurídico-político que se estabelece 
entre o indivíduo e o Estado e que permite fazer a distinção entre o nacional 
e o estrangeiro para determinados fins. A noção de Estado estabelece uma 
correspondência à ideia de nacionalidade. A nacionalidade associa-se ao ser 
humano, direito garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
 
Neste sentido, a Declaração Universal dos Direitos do Homem proclama em 
seu artigo XV que todo homem tem direito a uma nacionalidade, e que 
 
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ninguém será arbitrariamente privado dela 1 , nem do direito de mudar de 
nacionalidade. 
 
A Convenção Americana sobre os Direitos Humanos de 1969 complementa 
em seu artigo 20 que “toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em 
cujo território houver nascido se não tiver direito a outra”. 
A Constituição Federal de 1988 reservou capítulo próprio do Título II sobre o 
instituto da nacionalidade, representando uma espécie do gênero de direitos 
fundamentais, ao lado dos direitos individuais e coletivos, direitos políticos e 
direitos sociais. 
 
Dentro desse raciocínio, objetiva-se conceituar os tipos de aquisição de 
nacionalidade previstos no ordenamento jurídico pátrio, diferenciando-se, 
portanto, do Direito Internacional. 
 
A matéria é relevante tanto para o Direito Interno como para o Direito 
Internacional, pois a não definição correta de um nacional pode levar a não 
fruição dos direitos políticos e o acesso a determinadas funções públicas e a 
possibilidade de ser submetido à extradição e à expulsão. 
 
Nacionalidade e sua Relação com outros Ramos do Direito 
A nacionalidade é um tema tratado por diversos ramos do direito, 
especialmente pelo Direito Constitucional. Com efeito, a questão da definição 
da nacionalidade tocará a vários ramos do direito, como, por exemplo, o 
direito internacional privado e direito civil quanto à sucessão de bens de 
estrangeiro, observada a lei brasileira em benefício do cônjuge e filhos 
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujos 
(§1°, art. 10, da LICC); o direito penal, no tocante a aplicação da lei brasileira 
 
1Dolinger, Jacob. Direito Internacional Privado. apud Ramella, Pablo. Nacionalidad y Ciudadania. 
Buenos Aires, EdicionesDepalma, 1978. A história relata que em 1921 a União Soviética privou de sua 
nacionalidade os refugiados russos que se encontravam no estrangeiro. Mais adiante, por decreto de 
1941, a Alemanha também destituiu a nacionalidade de judeus de origem alemã que se radicaram no 
estrangeiro durante a 2ª Guerra Mundial. 
 
 6 
quando o crime for praticado por brasileiro ou quando for cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, II, ‘b’ e § 3°, do CP); o 
direito processual quanto às imunidades dos diplomatas e Chefes de Estado; 
o direito empresarial em relação à nacionalidade das pessoas jurídicas. 
 
Há que se considerar também a proximidade do conceito de nacionalidade 
com o de povo, nação e cidadania, sendo certo que estão intimamente 
ligados, e sem os quais o próprio conceito de nacionalidade não poderia 
subsistir. 
 
O conceito de povo está ligado ao conjunto de pessoas que fazem parte do 
Estado, isto é, o seu elemento humano. Assim, diferencia-se de população, 
termo mais abrangente, cujo caráter é predominantemente demográfico, 
sendo o conjunto de residentes no território, seja nacionais ou estrangeiros, 
bem como apátridas. 
 
Nação é o conjunto de pessoas nascidas em um território, ligadas pelo 
mesmo idioma, cultura, tradições e costumes, isto é, comunidade de assento 
cultural, caracterizada por tradições, costumes, língua, interesses, origem, e 
histórias comuns, e provida da comunhão de ideias coletivas e aspirações de 
futuro 2 . Está intimamente vinculada ao conceito de povo, consistente no 
aglomerado de indivíduos ou comunidades, que se ligam a valores culturais e 
morais no território em que vivem. 
 
A cidadania vincula-se ao gozo dos direitos políticos em um Estado. A 
confusão entre os conceitos de nacionalidade e cidadania parece advir dos 
norte-americanos 3 , uma vez que a Emenda XIV à Constituição americana 
confere “cidadania” aos nascidos ou naturalizados nos Estados Unidos. Não é 
 
2MORAES, Guilherme Pena de. Nacionalidade. Lineamentos da Nacionalidade Derivada e da 
Naturalização Extraordinária. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2000. p 3. 
3DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado. Parte Geral. 8. ed. Rio de Janeiro. São Paulo. 
Recife: Renovar, 2005, pgs. 155 e 156. Aliás, é comum referir-se ao termo “dupla cidadania” naqueles 
casos em que há o conflito positivo da nacionalidade, isto é, a polipatrídia. 
 
 7 
à toa que juristas, como Hans Kelsen, confundiam os dois termos, isto é, 
citizenshipe nationality, entendendo que se tratavam do
mesmo instituto. 
 
Nacionalidade e Cidadania no Direito Brasileiro 
Para a doutrina brasileira, os dois conceitos são distintos, uma vez que a 
cidadania está ligada à noção da titularidade de direitos políticos, isto é, a 
possibilidade da pessoa votar e ser votada. A cidadania é um plus à 
nacionalidade, ou seja, ela a pressupõe. Por conseguinte, a ideia de cidadão é 
mais limitada do que a de nacional. Isto quer dizer que, em regra, para 
exercer direitos políticos, a pessoa necessita ser nacional. A exceção no 
direito brasileiro diz respeito aos portugueses que, em certas hipóteses, 
poderão exercer os direitos políticos. 
 
Dimensões da Nacionalidade 
A nacionalidade pode ser conceituada sobre dois 
aspectos distintos: um sociológico e outro jurídico. Neste 
sentido: Nacionalidade, em sentido sociológico, 
corresponde ao grupo de indivíduos que possuem a 
mesma língua, raça, religião e possuem um “querer 
viver comum” (...) A nacionalidade em sentido jurídico, 
(...) é a de vínculo jurídico-político que une o indivíduo 
ao Estado4. 
Sobre este aspecto é tradição da doutrina pátria traçar duas dimensões a 
respeito da nacionalidade, a dimensão vertical e a dimensão horizontal. 
 
A primeira está ligada à noção de vassalo e suserano com a qual se vincula o 
nacional a determinado Estado. Daí decorrem certos deveres ao nacional, 
como, por exemplo, a lealdade e a prestação de serviço militar. De outro 
 
4 MELLO, Celso Duvivier de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 15. ed. Vol. II, 
Rio de Janeiro. São Paulo. Recife: Renovar, 2004 p. 991. 
 
 8 
lado, o Estado fornece ao indivíduo nacional a proteção diplomática em 
qualquer lugar do mundo onde se encontra. Esta dimensão da nacionalidade 
é caracterizada em seu sentido jurídico. 
 
A segunda dimensão compreende a relação de coordenação entre as pessoas, 
no sentido sociológico do termo, significando que o nacional faz parte de 
determinado Estado, lembrando a ideia de nação, cingindo a comunidade em 
que vive, ou seja, com identidade de idioma, de assento cultural, de 
costumes e origens comuns. 
 
A Quem Compete Definir os Critérios Atributivos da 
Nacionalidade? 
Cada Estado é responsável por definir critérios atributivos da nacionalidade 
aos indivíduos, ou seja, cada Estado dispõe da liberdade de definir critérios 
para atribuição, perda e reaquisição da nacionalidade. 
 
Nesse sentido, a Convenção da Haia de 1930 estabelece que a competência 
para dispor sobre a nacionalidade e as questões relativas de saber se um 
indivíduo possui a nacionalidade de um Estado será resolvida através de sua 
legislação interna. 
 
Dada a competência para cada Estado definir, segundo as suas regras, os 
critérios de aquisição da nacionalidade, poderão surgir conflitos e problemas 
para o Estado em relação aos seus nacionais. 
 
Há um caso célebre no direito internacional sobre a escolha da nacionalidade 
de uma pessoa. Trata-se do caso Nottebohm, comerciante alemão que 
solicitou em 1939 a sua naturalização em Liechtenstein, embora residisse na 
Guatemala durante décadas. Lá foi preso e enviado pela Guatemala aos 
Estados Unidos. Em 1944 foi iniciada ação visando à expropriação de bens de 
Nottebohm. Diante disso, o governo de Liechtenstein submeteu a Corte 
 
 9 
Internacional de Justiça à questão a fim de decidir sobre a nacionalidade de 
Nottebohm. Nesta oportunidade foi decidido que deveria preponderar, na 
hipótese de dupla ou múltiplas nacionalidade, aquela mais condizente com a 
situação fática do caso, isto é, na nacionalidade efetiva ou real, vale dizer a 
que corresponda e se justifica pelos laços de família, de residência, de 
participação na vida pública. Assim, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) 
desconsiderou a nacionalidade conferida por Liechtenstein. 
 
Nestas situações, a CIJ define critérios segundo um vínculo mais sólido do 
indivíduo em relação ao Estado, como o local de residência habitual da 
pessoa; o centro dos interesses profissionais; o local onde a pessoa 
estabelece os laços familiares; local onde ocorre a participação da vida 
pública e local onde ocorre a educação dos seus filhos. 
 
Espécies de Nacionalidade 
No que toca à aquisição, a nacionalidade pode ser originária, também 
conhecida como primária, natural ou de origem e derivada, também 
denominada nacionalidade voluntária, secundária ou de eleição. A 
nacionalidade originária é adquirida no momento do nascimento e, por isso, 
leva em consideração um fato natural. Já a nacionalidade derivada decorre da 
escolha do indivíduo por processo de naturalização após o nascimento. 
 
 10 
 
 Nacionalidade originária 
A nacionalidade primária ou originária está vinculada ao nascimento do 
indivíduo sendo, portanto, involuntária e imposta pelo Estado5. 
 
Critérios atributivos da nacionalidade originária 
 
Esse tipo de nacionalidade está baseado em dois critérios: 
 
1. ius soli que consiste no direito de adquirir a nacionalidade através do 
simples nascimento no território do Estado; 
 
O critério do ius soli depende do nascimento no território de algum Estado. 
Por isso, para aferição da nacionalidade originária, de acordo com o critério 
do ius soli, independe do cotejo da nacionalidade dos genitores. 
Esse critério preponderava durante a Idade Média, tendo em vista que o 
homem estava ligado a terra, isto é, ao feudo do qual pertencia. Com o 
término da Idade das Trevas, esse critério perdeu a importância e foi 
 
5 ARAÚJO, Luis Ivani de Amorim. Curso de Direito Internacional Público. 7. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 1992, p. 83. 
 
 11 
finalmente abolido na Europa e germinou novamente no continente 
americano, dada a necessidade de povoar o continente recém-descoberto. 
Daí é afirmado comumente que o critério do ius soli tem maior importância e 
preponderância nos países de tradição imigratória, a fim de evitar que os 
filhos dos estrangeiros imigrantes estejam ligados ao Estado de seus pais, 
poupando o Estado de conviver com comunidades estrangeiras em seu 
território. 
 
É o sistema adotado, por exemplo, na Argentina, Austrália, Estados Unidos e 
Colômbia, com temperamentos. 
 
2. ius sanguinis, que consiste na aquisição da nacionalidade dos pais à 
época do nascimento. 
 
O critério do ius sanguinis advém desde a antiguidade, na qual os filhos 
adquirem, no momento do nascimento, a nacionalidade de seus pais. 
Observa-se que o critério do ius sanguinis é adotado por países de tradição 
emigratória, uma vez que se pretende manter a integridade da família e o 
vínculo com o Estado originário. Embora o termo ius sanguinis possa gerar 
uma ideia errônea de que a nacionalidade seja fixada em função dos laços 
consanguíneos, não é essa relação ou o sangue que cria a nacionalidade, mas 
sim a nacionalidade dos pais. Tal sistema é adotado na Áustria, Bélgica, 
Arábia Saudita e pela maioria dos países europeus. 
 
 Conflitos entre as nacionalidades 
Em virtude da existência dos dois critérios atributivos da nacionalidade 
originária, é possível que um mesmo indivíduo possua mais de uma 
nacionalidade ou não possua nenhuma. Basta imaginar uma pessoa que 
nasce em Estado que adote o critério do ius soli e seus pais pertençam a um 
Estado que acolhe o critério do ius sanguinis. Neste caso, haverá um conflito 
 
 12 
positivo de duas nacionalidades, diante do que se convencionou denominar 
de polipatrídia6. 
 
Pode ocorrer também outra situação em que o indivíduo, diante da existência 
e da dessemelhança dos dois critérios assinalados,
não possua nenhuma 
nacionalidade. Várias são as causas do fenômeno do conflito negativo de 
nacionalidade, como quando a pessoa nasce num Estado que acolhe o critério 
do ius sanguinis e seus pais carregam consigo a nacionalidade de um país 
que adota critério do ius soli. 
 
Essa anomalia é repudiada pelo Direito Internacional, pois configura uma 
hipótese de apátrida. Tais indivíduos são conhecidos como apátridas ou 
heimatlos. 
 
A nacionalidade originária no regime constitucional positivo 
brasileiro 
O ordenamento jurídico pátrio adota os dois critérios o do ius soli e o do ius 
sanguinis, o que se conclui pela adoção do sistema misto brasileiro. 
 
A aquisição originária da nacionalidade, segundo o critério do ius soli, é 
adotada na Constituição da seguinte forma: 
 
Art. 12. São brasileiros: 
I – natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda 
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam 
a serviço de seu país; 
 
Critica-se a expressão “República Federativa do Brasil” dada pela Constituição 
Federal7. Melhor seria manter a expressão da Constituição anterior. Neste 
 
6 Há uma certa resistência a este termo em virtude de não se tratar propriamente da existência de duas 
ou mais pátrias, mas sim de duas nacionalidades conferidas por mais de um Estado. 
 
 13 
aspecto a mudança da terminologia foi inadequada, para o fim de definir a 
nacionalidade da pessoa. Como se sabe, por República Federativa do Brasil se 
entende o nome atribuído ao Estado brasileiro. É certo que o território 
nacional, que é o limite do qual o Estado exerce seu poder de império sobre 
as pessoas e seus bens, está dentro da expressão “República Federativa do 
Brasil”. 
 
Entende-se por território nacional as terras delimitadas pelas fronteiras 
geográficas, com rios, baías, golfos, ilhas e o mar territorial, que se estende 
até as doze milhas marítimas, contadas da baixa-mar, conforme definido em 
cartas náuticas oficiais, e o espaço aéreo correspondente. 
 
Assim, considera-se brasileiro nato aquele que nasce no território brasileiro, 
mesmo de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu 
País. 
 
A segunda hipótese de nacionalidade originária é definida da seguinte forma: 
 
Art. 12. São brasileiros: 
I – natos: 
b) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de 
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a 
serviço da República Federativa do Brasil; 
 
Tal dispositivo da Constituição Federal guarda total sintonia com a alínea 
anterior. Assim, a alínea ‘b’ do art. 12, I, da CRFB adota o critério da filiação 
ou do ius sanguinis aliado ao critério funcional desempenhado por um dos 
pais. Nota-se que a nacionalidade dos pais, que estejam a serviço do governo 
brasileiro, deve ser aferida ao tempo do nascimento, não sendo relevante se 
eram brasileiros natos ou naturalizados. 
 
7SILVA, José Afonso da Silva. Comentário Contextual à Constituição. 6. ed. São Paulo: Malheiros. 
2009, p. 205. 
 
 14 
 
A terceira hipótese de aquisição da nacionalidade originária está disciplinada 
no art. 12, I, ‘c’, da CRFB, que sofreu várias modificações ao longo do 
processo constitucional brasileiro. 
Dispõe o artigo mencionado que são brasileiros natos: 
 
Art. 12. São brasileiros: 
I – natos: 
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de 
mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira. 
 
Para efeitos didáticos, é preciso compreender separadamente a alínea “c”. A 
primeira parte do dispositivo, determina que será brasileiro nato o nascido no 
estrangeiro de pai ou de mãe brasileira desde que registrado na repartição 
brasileira competente. O registro era previsto pela redação original do texto 
constitucional de 1988, porém suprimido pela Emenda Constitucional de 
Revisão nº 3 de 1994. 
 
A supressão do registro como forma de aquisição da nacionalidade originária 
criou a possibilidade de inúmeros casos parecidos com a hipótese de 
apatrídia, pois somente restava ao filho de brasileiro, nascido no exterior, 
submeter-se aos requisitos da segunda parte do dispositivo constitucional. 
Desta forma, a Emenda Constitucional 54, de 20 de setembro de 2007, 
procurou ajustar as realidades dos fatos, ficando conhecida como Emenda 
dos Apátridas. 
 
O filho de brasileiro registrado em repartição brasileira competente é 
brasileiro nato, não se lhe exigindo a residência no Brasil. A hipótese do 
 
 15 
dispositivo em comento revela o acolhimento pelo Estado brasileiro do critério 
do ius sanguinis, embora seja necessária também a efetivação do registro em 
repartição brasileira competente. 
 
Ressalta-se que, a fim de evitar situações de filhos de brasileiros despidos de 
nacionalidade, em virtude da redação anterior do dispositivo, o ADCT, em seu 
art. 95, procura resolver o problema admitindo que os nascidos entre a ECR 
nº 3/94 e a data da promulgação da Emenda Constitucional 57/04, poderão 
ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira competente 
ou em ofício de registro, desde que venham a residir na República Federativa 
do Brasil. 
 
A segunda parte do dispositivo cuida da hipótese dos nascidos no estrangeiro, 
de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de 
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
 
A Constituição Federal exige quatro condições para aquisição da 
nacionalidade brasileira com fundamento no art. 12, I, ‘c’, segunda parte, 
quais sejam: o nascimento no exterior; ser filho de pai brasileiro ou de mãe 
brasileira; vir, a qualquer tempo para o Brasil e aqui fixar a sua residência e, 
por último, a opção pela nacionalidade brasileira, a qualquer tempo, depois 
de atingida a maioridade. 
 
Uma vez manifestada a opção pela nacionalidade brasileira, através de ação 
declaratória promovida na Justiça Federal, o Estado não pode recusar o 
reconhecimento da nacionalidade. É por isso que esta nacionalidade é 
conhecida como potestativa. 
 
 Nacionalidade derivada 
 
 16 
Esta nacionalidade se perfaz mediante a vontade do indivíduo e a 
aquiescência do Estado. Portanto, para aquisição da nacionalidade derivada, 
faz-se necessária a vontade da pessoa em obtê-la. 
 
No que diz respeito à nacionalidade derivada, a Constituição prevê, no art. 
12, II, casos de aquisição da nacionalidade via processo de naturalização, 
permitindo que o legislador infraconstitucional disponha sobre o tema, 
ressalvando, todavia, as causas de modificação e extinção da nacionalidade, 
cabendo à lei apenas regulamentar as hipóteses previstas. 
 
O artigo 12, II, da Constituição prevê duas hipóteses de naturalização. 
 
A primeira, contida na alínea “a”, que a doutrina convencionou chamar de 
naturalização ordinária, remete à lei infraconstitucional a previsão de 
requisitos para a sua aquisição, sendo, portanto, ato discricionário do governo 
brasileiro conferi-la. 
 
A segunda espécie de naturalização é denominada de extraordinária e 
encontra respaldo na alínea “b” do dispositivo constitucional. Em relação a 
essa última, basta o preenchimento dos requisitos constitucionais para a 
aquisição da nacionalidade brasileira, a saber, a residência no Brasil por mais 
de quinze anos
ininterruptos, ausência de condenação penal e requerimento 
da nacionalidade brasileira. Por isso, o ato do governo brasileiro é 
considerado vinculado. 
 
Distinções entre Brasileiros Natos e Naturalizados 
Devido aos abusos cometidos por estrangeiros naturalizados, os Estados na 
atualidade não só dificultaram a outorga da naturalização, exigindo uma série 
de requisitos e um prazo de residência mais longo, como tornaram, ainda, 
exclusivo de nacionais natos o gozo de certas prerrogativas. A partir disso, 
 
 17 
conhecidos os brasileiros natos e naturalizados, é possível estabelecer as 
distinções que somente a Constituição Federal poderá determinar. 
 
A intenção do poder constituinte de primeiro grau, por certo, foi proteger os 
Direitos Fundamentais do brasileiro nato, dando-lhe pequenas vantagens 
sobre o naturalizado. 
 
O art. 5°, caput, embora estabeleça a igualdade no tratamento entre os 
brasileiros, possibilita certas diferenciações entre natos e naturalizados, desde 
que realizadas pela própria Constituição da República de 1988. 
 
Devemos perceber que quando a Constituição Federal refere-se a natos e 
naturalizados, utiliza apenas a palavra brasileiros. Por outro lado, quando 
deseja estabelecer alguma distinção, aplica a expressão brasileiro nato, o que 
exclui, por certo, os naturalizados. 
 
São cinco hipóteses de distinções entre brasileiros natos e naturalizados 
previstos pela Constituição Federal: 
 
 Artigo 5º, LI; 
 Artigo 12, § 3°; 
 Artigo 12 § 4°, I; 
 Artigo 89, VII e 
 Artigo 222 
 
Todas elas passam a ser analisadas: 
 
 Artigo 5º, LI, da Constituição Federal 
A primeira hipótese de distinção entre brasileiros nato e naturalizado refere-
se à vedação da extradição passiva do brasileiro nato. Assim, o Brasil, ao ser 
solicitado por Estado estrangeiro de pedido de extradição de brasileiro nato 
 
 18 
que se encontra no território nacional, deve negar a extradição com 
fundamento no dispositivo constitucional. 
 
Em relação aos naturalizados, só poderão ser extraditados caso cometam 
crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. 
 
 Artigo 12, § 3°, da Constituição Federal 
Conforme preceitua o dispositivo constitucional, são privativos de brasileiros 
natos os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República; de Presidente 
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; de Ministro do Supremo 
Tribunal Federal; de membros das carreiras diplomáticas; de Oficiais das 
Forças Armadas e de Ministro de Estado da Defesa. 
 
Para alguns, mostra-se incompreensível o fato do legislador constituinte não 
ter incluído neste rol o cargo de Procurador-Geral da República, pois é ele o 
dominus litis da ação penal, podendo oferecer denúncia a certas autoridades 
que ocupam o cargo privativo de brasileiro nato8. 
 
A razão disso foi evitar colocar o Estado brasileiro nas mãos de pessoas sem 
vínculo originário com o Brasil e que, servindo a outros Estados, pudessem 
oferecer riscos à segurança nacional. Conforme salienta Pontes de Miranda: 
“(...) alguns cargos a Constituição considerou privativos de brasileiros natos. 
A ratio legis está em que seria perigoso que interesses estranhos ao Brasil 
fizessem alguém naturalizar-se brasileiro, para que, em verdade, os 
representasse.” 9 
 
 
8 NETO, Manoel Jorge e Silva. Curso de Direito Constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 
2008 p. 743. 
9 MIRANDA, Pontes de. Comentários à Constituição de 1967. 2. ed. São Paulo. Revista dos 
Tribunais, 1973. p; 509 Apud. In MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 19 Ed. Atualizada 
até EC 48/05, São Paulo; Atlas AS, 2006, p. 201. 
 
 19 
Assim sendo, o legislador constituinte fixou dois critérios para a definição de 
tais cargos que são privativos aos brasileiros natos que são: a linha sucessória 
do cargo de Presidente da República e a Segurança Nacional. 
 
 Artigo 12, § 4°, I, da Constituição Federal 
Tal dispositivo prevê a hipótese de perda da nacionalidade brasileira ao 
naturalizado que tiver cancelada a sua naturalização, por sentença judicial, 
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. 
 
 Artigo 89, VII, da Constituição Federal 
Para a composição do Conselho da República, exige-se uma reserva de seis 
assentos aos brasileiros natos, mas isso não significa que não possam 
participar os naturalizados, pois os postos de líderes da maioria e minoria na 
Câmara dos Deputados e no Senado Federal não são restritos aos natos. 
 
 Artigo 222, da Constituição Federal 
Quanto à propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de 
sons e imagens, o naturalizado também é impedido de ser seu proprietário. 
Essa proibição vale para o naturalizado com menos de 10 anos. Ao 
naturalizado há dez anos não existe essa limitação, conforme o dispositivo 
constitucional. 
 
A quase nacionalidade 
O direito constitucional brasileiro prevê a hipótese do português com 
residência no país, se houver reciprocidade em relação ao brasileiro, possuir 
os mesmos direitos inerentes aos brasileiros naturalizados. Tal regra está 
prevista no 12, § 1°, da Constituição Federal. 
 
 O STF reconhece a figura da quase-nacionalidade nos seguintes 
termos: 
“A norma inscrita no art. 12, § 1°, da Constituição da 
República – que contempla, em seu texto, hipótese 
 
 20 
excepcional de quase-nacionalidade – não opera de 
modo imediato, seja quanto ao seu conteúdo eficacial, 
seja no que se refere a todas as consequências jurídicas 
que dela derivam, pois, para incidir, além de supor o 
pronunciamento aquiescente do Estado brasileiro, 
fundado em sua própria soberania, depende, ainda, de 
requerimento do súdito português interessado, a quem 
se impõe, para tal efeito, a obrigação de preencher os 
requisitos estipulados pela Convenção sobre Igualdade 
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses.” 
(STF, Extradição 890, Min. Rel. Celso de Mello, DJ de 
28/10/2004). 
 
Em 2011, o STF também reconheceu o instituto da quase-nacionalidade no 
julgamento do HC 100.793, impetrado pelo Consulado Geral de Portugal em 
São Paulo em favor de paciente português submetido à expulsão pelo 
governo brasileiro, embora tenha denegado a ordem no caso concreto. 
 
Não se trata de atribuição de nacionalidade brasileira ao português, mas um 
tratamento favorecido a ele. Nesse aspecto, o Tratado de Amizade, 
Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal, celebrado em 2000, na cidade 
de Porto Seguro, internalizado pelo decreto nº 3.927, de 19 de setembro de 
2001, veda a extradição de português equiparado a brasileiro para outro país 
que não seja Portugal. 
 
As Hipóteses de Perda da Nacionalidade Brasileira 
Quanto à perda da nacionalidade brasileira, a Constituição Federal trata do 
tema no art. 12, § 4°. É bom lembrar que a perda da nacionalidade de um 
membro de determinada família não se estende aos seus descendentes. 
 
 
 21 
A primeira hipótese de perda da nacionalidade brasileira, prevista no artigo 
12, § 4°, I, da Constituição Federal destina-se tão somente ao brasileiro 
naturalizado que tiver cancelada a sua naturalização, por sentença judicial, 
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. A doutrina denomina 
essa espécie de perda da nacionalidade brasileira como perda-punição. 
 
No caso de perda-punição, o autor da ação será o Ministério Público e o foro 
competente será a Justiça Federal. Cabe destacar que se trata de processo de 
natureza civil, não criminal, que visa uma sanção administrativa,
sendo 
necessário o trânsito em julgado da sentença. 
 
A segunda hipótese de extinção do vínculo jurídico-político pode atingir tanto 
o brasileiro nato quanto o naturalizado em caso de aquisição de outra 
nacionalidade, por naturalização voluntária. Ela está prevista no artigo 12, § 
4°, II, da Constituição Federal. É conhecida como perda-mudança. 
 
Ressalta-se que a perda da nacionalidade não se dá com a declaração, mas 
com a aquisição da nova nacionalidade, tendo em vista que há ruptura do 
vínculo primitivo, sendo, após, declarada a perda da nacionalidade por 
Decreto do Presidente da República. 
 
De qualquer maneira, a própria Constituição Federal prevê duas hipóteses de 
exceção à regra de perda da nacionalidade: 
 
 Quando a lei estrangeira reconhecer a nacionalidade originária. Neste 
caso ocorrerá a chamada “dupla nacionalidade”. 
 
 Quando a norma estrangeira impuser ao brasileiro residente no 
exterior a naturalização como condição de permanência em seu 
território ou para o exercício de direitos civis. 
 
 
 22 
Reaquisição da Nacionalidade Originária no Direito 
Infraconstitucional Brasileiro 
Quanto à reaquisição da nacionalidade brasileira, a Constituição Federal de 
1988 não cuidou do tema. Porém, a Lei 818/1949 permite a reaquisição da 
nacionalidade originária que foi perdida em virtude da aquisição de outra 
nacionalidade por naturalização voluntária, desde que esteja domiciliando no 
Brasil e requeira ao Presidente da República. 
 
Cumpre notar que a reaquisição da nacionalidade brasileira gera efeitos a 
partir do decreto do Presidente da República que a conceder. Assim sendo, 
não será possível conferir efeito retroativo ao Decreto presidencial. 
 
Vale a pena mencionar que aqueles que tiverem perdido a nacionalidade por 
motivos inexistentes na Constituição atual poderão readquiri-la, desde que a 
requeiram. A posição é pacífica no Supremo Tribunal Federal, conforme se 
verifica na leitura do seguinte acórdão, in verbis: 
 
“A perda da nacionalidade brasileira, por sua vez, 
somente pode ocorrer nas hipóteses taxativamente 
definidas na CR, não se revelando lícito, ao Estado 
brasileiro, seja mediante simples regramento legislativo, 
seja mediante tratados ou convenções internacionais, 
inovar nesse tema, quer para ampliar, quer para 
restringir, quer, ainda, para modificar os casos 
autorizadores da privação – sempre excepcional – da 
condição político-jurídico de nacional do Brasil.” (HC 
83.113-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 
26-3-2003, Plenário, DJ de 29-8-2003.) 
 
A nacionalidade poderá ser readquirida por ação rescisória, caso a perda 
tenha sido declarada por sentença transitada em julgado que cancelar a 
 
 23 
naturalização, em decorrência do exercício de atividade nociva ao interesse 
nacional. 
 
O brasileiro que readquirir a nacionalidade brasileira voltará a ter a mesma 
condição anterior, isto é, se era brasileiro nato, recuperará a condição de 
nato; se, por outro lado, era naturalizado, passa a ter a mesma qualidade. 
 
 
Material complementar 
 
Para aprofundar o seu conhecimento, sugere-se o seguinte vídeo 
encontrado a partir do link: 
http://www.youtube.com/watch?v=PPZVjV3G8u4 
 
Para aprofundar ainda mais o seu conhecimento, sugere-se a leitura 
do artigo “Rogge critica mudança de nacionalidade por ‘maior lucro’” 
da Revista Veja, publicado no dia 14/03/2012, que pode ser obtido a 
partir do link: http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/rogge-critica-
mudanca-de-nacionalidade-por-maior-lucro 
 
Veja também a galeria de fotos explicativas da Revista Veja – 
“Apátridas: refugiados sem nacionalidade”, que pode ser encontrado 
a partir do link: http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-
fotos/apatridas-refugiados-sem-nacionalidade 
 
Veja o caso do brasileiro fundador do Facebook que renunciou à 
nacionalidade americana, a partir do link da Revista Veja: 
http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/brasileiro-fundador-do-
facebook-renuncia-a-nacionalidade-americana 
 
 
 
 
 24 
Referências 
GUERRA, Sidney; SILVA, Roberto Luiz. Soberania: antigos e novos 
paradigmas. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004. 
 
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 
Rio de Janeiro: Renovar, 2005, v.1 e 2. 
 
________________. Direito Constitucional Internacional. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2005. 
 
________________. Direitos humanos e conflitos armados. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2000. 
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional 
internacional. São Paulo: Max Limonad, 1996. 
 
________________. Direitos humanos. V.1. Curitiba: Juruá, 2006. 
 
RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na 
ordem internacional. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. 
 
________________. Processo internacional dos direitos humanos. Rio 
de Janeiro: Renovar, 2007. 
 
TAVARES, André Ramos. A reforma do Judiciário no Brasil pós-88. São 
Paulo: Saraiva, 2005. 
 
TORRES, Ricardo Lobo (Org.). Teoria dos direitos fundamentais. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2001. 
 
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. O Direito internacional num 
mundo em transformação. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. 
 
 
 25 
Exercícios de Fixação 
Questão 1 
No que concerne à perda e à reaquisição da nacionalidade brasileira, assinale 
a opção correta. 
 
a) A reaquisição de nacionalidade brasileira é conferida por lei de 
iniciativa do Presidente da República. 
b) Em nenhuma hipótese, brasileiro nato perde a nacionalidade brasileira. 
c) Brasileiro naturalizado que, em virtude de atividade nociva ao Estado, 
tiver sua naturalização cancelada por sentença judicial só poderá 
readquiri-la mediante ação rescisória. 
d) Eventual pedido de reaquisição de nacionalidade feito por brasileiro 
naturalizado será processado no Ministério das Relações Exteriores. 
 
Questão 2 
A CRFB prevê diversas formas de aquisição e perda da nacionalidade. 
Considerando o texto atual, é INCORRETO afirmar que: 
 
a) Não terá nacionalidade brasileira o filho de estrangeiros que estejam 
no Brasil a serviço de seu país. 
b) Os estrangeiros oriundos de países cujo idioma oficial seja a Língua 
Portuguesa poderão requerer a nacionalidade brasileira, desde que 
residam no Brasil há mais de quinze anos e possuam idoneidade moral. 
c) O brasileiro naturalizado terá cancelada a sua naturalização, por 
sentença judicial, se cometer atividade nociva ao interesse nacional. 
d) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe 
brasileiro, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 26 
Questão 3 
Assinale a alternativa que contém a afirmação correta em relação à 
Nacionalidade. 
 
a) Lei ordinária federal poderá determinar as exceções à atuação de 
estrangeiros naturalizados em nosso país. 
b) Não existe a possibilidade de aquisição da dupla nacionalidade no 
Brasil. 
c) A idade máxima para opção pela nacionalidade brasileira por filho de 
brasileiros nascidos no exterior é 25 anos. 
d) A Constituição outorga tratamento privilegiado aos nacionais de países 
lusófonos. 
 
Questão 4 
Assinale a alternativa correta acerca do instituto da Nacionalidade: 
 
a) A opção de nacionalidade é um processo de jurisdição voluntária cuja 
competência para processar e julgar é da Justiça Federal. 
b) O estrangeiro, de nacionalidade angolana, com visto de trânsito no 
Brasil pode se naturalizar após um ano de permanência. 
c) O estrangeiro que pretende optar pela nacionalidade brasileira deverá 
renunciar a
nacionalidade de origem perante a Polícia Federal. 
d) A opção de nacionalidade é um processo administrativo dirigido ao 
Ministério da Justiça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
Questão 5 
Nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil são brasileiros 
naturalizados: 
 
a) Os que, na forma de lei complementar, adquiram a nacionalidade 
brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa 
apenas residência por um ano ininterrupto. 
b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos, e sem 
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
c) Os que, na forma de lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas 
aos originários de países de língua portuguesa comprovação de 
idoneidade moral e de inexistência de condenação penal com trânsito 
em julgado. 
d) Os portugueses com residência permanente no País, se houver 
reciprocidade em favor de brasileiros, a quem são atribuídos todos os 
direitos inerentes a brasileiros, sem limitações, exceto o exercício de 
cargos de chefia no executivo, no legislativo e no judiciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
Atividade Proposta 
Resposta: Nesse caso, ainda que pendente o processo de reconhecimento da 
nacionalidade brasileira, Pedro não será extraditado. A análise da 
nacionalidade, nesse caso, torna-se prejudicial ao mérito da extradição 
solicitada pelo governo estrangeiro, pois o Brasil não poderá, segundo regra 
expressa no artigo 5º, LI, da Constituição Federal, extraditar brasileiro nato. 
Não resta dúvida que segundo o artigo 12, I, “c”, Pedro é brasileiro nato, mas 
depende desse reconhecimento após o cumprimento das condições 
estabelecidas pelo texto constitucional. Desta forma, o processo extradicional 
deverá ficar sobrestado, até que a Justiça Federal decida sobre o pedido de 
opção da nacionalidade brasileira. 
 
A jurisprudência brasileira já manifestou o seu entendimento a respeito: 
“Extradição: inadmissibilidade: extraditando que – por força de opção 
homologada pelo juízo competente – é brasileiro nato (Const., art. 12, I, c): 
extinção do processo de extradição, anteriormente suspenso enquanto pendia 
a opção da homologação judicial (...).” (Ext 880-QO, Rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, julgamento em 18-3-04, DJ de 16-4-04). 
 
“Nacionalidade brasileira de quem, nascido no estrangeiro, é filho de pai ou 
mãe brasileiros, que não estivesse a serviço do Brasil: evolução constitucional 
e situação vigente. Na Constituição de 1946, até o termo final do prazo de 
opção – de quatro anos, contados da maioridade -, o indivíduo, na hipótese 
considerada, se considerava, para todos os efeitos, brasileiro nato sob a 
condição resolutiva de que não optasse a tempo pela nacionalidade pátria. 
Sob a Constituição de 1988, que passou a admitir a opção ‘em qualquer 
tempo’ – antes e depois da ECR 3/94, que suprimiu também a exigência de 
que a residência no País fosse fixada antes da maioridade, altera-se o status 
do indivíduo entre a maioridade e a opção: essa, opção – liberada do termo 
 
 29 
final ao qual anteriormente subordinada -, deixa de ter a eficácia resolutiva 
que, antes, se lhe emprestava, para ganhar – desde que a maioridade a faça 
possível – a eficácia de condição suspensiva da nacionalidade brasileira, sem 
prejuízo – como é próprio das condições suspensivas -, de gerar efeitos 
extunc, uma vez realizada. A opção pela nacionalidade, embora potestativa, 
não é de forma livre: há de fazer-se em juízo, em processo de jurisdição 
voluntária, que finda com a sentença que homologa a opção e lhe determina 
a transcrição, uma vez acertados os requisitos objetivos e subjetivos dela. 
Antes que se complete o processo de opção, não há, pois, como considerá-lo 
brasileiro nato. (...) Pendente a nacionalidade brasileira do extraditando da 
homologação judicial extunc da opção já manifestada, suspende-se o 
processo extradicional (CPrCiv art. 265, IV, a)”. (AC 70-QO, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence, julgamento em 25-9-03, DJ de 12-3-04). 
 
Exercícios de Fixação: 
Questão 1 - C 
Resposta: O artigo 12, § 4°, I da Constituição Federal prevê a hipótese da 
perda da nacionalidade ao brasileiro naturalizado. Nesse caso, a 
nacionalidade poderá ser readquirida por ação rescisória, caso a perda tenha 
sido declarada por sentença transitada em julgado que cancelar a 
naturalização, em decorrência do exercício de atividade nociva ao interesse 
nacional. 
 
Questão 2 - C 
Resposta: O artigo 12, § 4°, I da Constituição Federal prevê a hipótese da 
perda da nacionalidade ao brasileiro naturalizado, por sentença judicial, se 
cometer atividade nociva ao interesse nacional. 
 
Questão 3 - D 
Resposta: A Constituição Federal prevê duas hipóteses de tratamento 
diferenciado aos nacionais de países lusófonos. O primeiro caso trata do 
 
 30 
português equiparado ao brasileiro naturalizado, na forma do artigo 12, § 1°, 
ou seja, o instituto da quase-nacionalidade. A segunda hipótese diz respeito à 
aquisição da nacionalidade derivado aos originários de países que adotam a 
língua portuguesa como idioma oficial, conforme dispõe o artigo 12, II, “a”, 
do texto constitucional. 
 
Questão 4 - A 
Resposta: Compete a Justiça Federal, de acordo com o artigo 109, X da 
Constituição Federal processar e julgar os pedidos de opção da nacionalidade 
brasileira (artigo 109, X, da CRFB Aos juízes federais compete processar e 
julgar: os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a 
execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, 
após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a 
respectiva opção, e à naturalização). 
 
Questão 5 - B 
Resposta: Trata-se da hipótese de naturalização extraordinária, prevista no 
artigo 12, II, “b”, da Constituição Federal. Nesse caso o ato do governo 
brasileiro será vinculado, ou seja, preenchidos os requisitos constitucionais, o 
estrangeiro fará jus a nacionalidade brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualizado em: 22 jun. 2014

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