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1 ação extra judicial pós graduação RH

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Atuação Extrajudicial e Judicial no 
Direito do Trabalho 
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Curso: Direito e Processo do Trabalho 
Disciplina: Atuação Extrajudicial e Judicial no Direito do 
Trabalho 
Nome do/a Conteudista: Patricia Brasil 
 
Como citar este documento: 
BRASIL, Patricia. Atuação Extrajudicial e Judicial no Direito do Trabalho. Valinhos: 2017. 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
Nesta disciplina você irá aprender que o (a) especialista de sucesso em 
Direito e Processo do Trabalho aplica técnicas e conhecimentos que 
vão além do processo contencioso, isto é, da ação judicial. Na prática 
da advocacia trabalhista exitosa, ainda que a atuação seja 
majoritariamente voltada ao contencioso, é imprescindível conhecer as 
técnicas e etapas da atuação pré-judicial e extrajudicial. 
O conhecimento das técnicas, processos e procedimentos que 
envolvem o atendimento ao cliente trabalhista é ponto crucial para o seu 
êxito profissional. Além disso, revela uma amplitude de possibilidades 
de atuação para o (a) profissional da advocacia especializado (a) em 
Direito do Trabalho. 
Por outro lado, o conhecimento abrangente acerca das possibilidades 
de atuação extrajudicial e judicial também protegem o exercício 
profissional da advocacia, na medida em que oferecem ao (a) advogado 
(a), arcabouço imprescindível para o afastamento de riscos e 
responsabilidades inerentes ao exercício da profissão. 
Nosso curso busca a sua preparação ampla e completa para o mercado 
e por isso, nessa disciplina, você irá compreender como deve atuar no 
correto atendimento ao cliente, desde à formulação do contrato de 
honorários, até a forma de se portar eticamente no decorrer da 
prestação dos serviços. Também irá conhecer os direitos e deveres 
 
 
profissionais previstos no Estatuto da Advocacia, a importância da 
oratória e as possibilidades de atuação judicial e extrajudicial, bem 
como os seus reflexos na audiência trabalhista, no que se refere ao 
comportamento em audiência, aos detalhes a serem observados na ata 
de audiência, bem como sua forma de impugnação. Você também vai 
conhecer as principais repercussões do Novo Código de Processo Civil 
na prática trabalhista, os limites à atuação do preposto, a importância da 
conciliação e a postura na sustentação oral nos Tribunais. 
Com essa disciplina você estará apto (a) a atuar no cotidiano da 
advocacia trabalhista com segurança e domínio imprescindíveis ao 
sucesso! 
Tudo isto será apresentado, de forma simples e objetiva, a partir dos 
principais nomes do Direito do Trabalho no Brasil, oferecendo a você 
arcabouço teórico importante a fundamentar sua atuação e lhe fornecer 
instrumentos que, somados aos das aulas seguintes, permitirão a 
soluções de questões do seu dia-a-dia na área. 
Ao final, propomos atividades de fixação e uma questão para reflexão 
para sedimentar o conteúdo estudado. 
Bom estudo! 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 01 – Ética Profissional, 
Relacionamento com o Cliente e 
Audiência Trabalhista 
OBJETIVOS 
Apresentar as possibilidades de 
atuação judicial e extrajudicial no 
direito do trabalho; 
Compreender os direitos e deveres 
do advogado; 
Apreender a importância da ética 
profissional no relacionamento com o cliente e demais atores da 
relação; 
Apresentar os principais aspectos da atuação do advogado 
trabalhista nos âmbitos da audiência trabalhista e da sustentação 
nos Tribunais. 
 
INTRODUÇÃO 
Neste tema inicial você será apresentado a técnicas, processos e 
regulamentos acerca da atuação como especialista em Direito e 
Processo do Trabalho. O objeto do estudo a ser desenvolvimento neste 
primeiro tema é abrangente. Será a abordada a relação com o cliente, 
desde à confecção do contrato de honorários, até a defesa de seus 
interesses junto a tribunais superiores, tudo isso no contexto do cenário 
globalizado em que se desenvolvem as relações de trabalho. 
O estudo que você irá iniciar agora tem em conta, assim, a inserção do 
Brasil no mercado globalizado, o que exige das empresas, dos 
profissionais e do próprio Estado uma mudança não somente nas 
regras, como também na postura ética adotada no mercado. O 
aperfeiçoamento e a ampliação das regras de compliance, como forma 
de valorização do negócio a partir da segurança jurídica, têm 
repercutido na atuação do advogado, na medida que colocam a solução 
extrajudicial de conflitos e a atuação preventiva em pé de igualdade à 
solução judicial de demandas, inclusive na área trabalhista. Essa 
SAIBA MAIS 
 
“compliance é o dever de 
cumprir, estar em 
conformidade e fazer cumprir 
regulamentos internos e 
externos impostos às 
atividades da instituição” 
 
(Associação Brasileira de Bancos 
Internacionais; Federação 
Brasileira de Bancos. Função de 
Compliance. Disponível em: 
http://www.abbi.com.br/download/f
uncaodecompliance_09.pdf. 
Acesso em 15 jul. 2017). 
 
 
mudança de perfil já alcança destaque no Brasil, em que a própria Bolsa 
de Valores de São Paulo lançou seu manual ou código de compliance e 
que a lei anticorrupção adota essas boas práticas como investimento 
obrigatório para as empresas. 
O Brasil se encontra atualmente entre as maiores economias do 
mundo. Suas empresas têm, na sua grande maioria, padrões 
internacionais de direitos, segurança e benefícios. Códigos de ética e 
conduta e seus trabalhadores têm pleno acesso às mais variadas 
informações – tudo em tempo real, e, não à toa, representam o 
impressionante número de 79,9 milhões de internautas, posicionando 
o Brasil como o quinto país mais conectado (Aguiar, 2015; p. 130). 
. 
Além disso, o estímulo a soluções judiciais de conflitos é o cerne do 
Novo Código de Ética e Disciplina do Advogado. “...entre os deveres 
dos advogados foi estabelecido o estimulo, a qualquer tempo, da 
conciliação e da mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que 
possível, a instauração de litígios” (Coelho, 2016, p. 14). 
Apesar desse cenário que exige uma postura proativa e completa do 
profissional do direito, sabemos que na moderna advocacia de massas, 
há uma tendência de organização do trabalho do tipo fordista, isto é, 
fracionando-se as competências com a criação de áreas especializadas 
em uma ou outra fase processual, utilizando-se de programas de 
computadores para a confecção de peças processuais, apartando-se a 
advocacia contenciosa da consultiva etc. Mesmo diante desse cenário, 
ao (à) profissional especialista cabe o dever de conhecer seu ramo de 
atuação em sua completude e complexidade, para que possa 
desenvolver suas atividades de modo competente e sem riscos. 
Deste modo, mesmo que você porventura atue em apenas uma das 
possibilidades que o direito do trabalho e processual do trabalho 
apresentam, é imprescindível e diferencial, para uma atuação exitosa, o 
conhecimento de todas as possibilidades e especificidades de atuação 
no direito do trabalho. 
Falamos que advocacia trabalhista pode se subdividir didaticamente em 
duas vertentes de atuação, a consultiva e a contenciosa. Em qualquer 
caso ou forma de atuação, é imprescindível o conhecimento amplo de 
ambas para a correta prestação de serviços. Mesmo se o seu exercício 
profissional for voltado para o contencioso trabalhista, você irá perceber 
 
 
que a tratativa com o cliente será permeada por fases consultivas e, em 
regra, é assim que começa o primeiro e mais importante contato. 
O cliente, ao efetivar sua consulta, quer respostas práticas e em 
linguagem coloquial, sem nada rebuscado. Ele tem ciência da sua 
capacidade técnica. Confia em você. Sabe que você estudou a finco 
o caso antes de responder, por isso São pretende que lhe sejam 
demonstrados conhecimentos mais do que o necessário ... aquele 
acaso ou aquele atendimento inserem-se diretamente na sua vida 
pessoal. Logo, não pode ser tratada com frieza e singeleza, por mais 
que o caso não apresente maiores complexidades. Há uma máxima 
que devemos sempre observar. Os clientes não são iguais.E, por 
isso mesmo, não querem ser tratados da mesma maneira (Aguiar, 
2015; pp. 122; 127). 
 
Tal qual a atuação de um médico, o seu trabalho poderá ter importância 
vital para o cliente, na medida em que interferirá diretamente no seu 
patrimônio, na sua subsistência quando se tratar de pessoa física, e na 
sobrevivência do negócio quando se tratar de pessoa jurídica. Ao 
mesmo tempo, o bom atendimento prestado será reconhecido e, assim, 
vital ao seu sucesso profissional. 
Com o intuito de fornecer arcabouço teórico para a sua compreensão 
acerca das possibilidades e complexidades da atuação no direito do 
trabalho com vistas ao êxito profissional e ao afastamento de riscos, 
nesta aula vamos estudar: 
A ética profissional do advogado; 
Os direitos e deveres do advogado; 
A relação com o cliente: contrato de honorários e procuração; 
Possibilidade de solução de conflitos extrajudicialmente e 
judicialmente; 
A audiência trabalhista e o comportamento na audiência; 
A importância da oratória; 
O processo invisível. 
O estudo de cada tópico está dividido em dois temas, o primeiro trata da 
atuação extrajudicial prévia, abordando a Ética Profissional o 
 
 
Relacionamento com o cliente, em que, entre outras coisas, você irá 
aprender a elaborar um bom contrato de honorários advocatícios e a 
procuração, com vistas à atuação judicial e extrajudicial. Será abordado 
o Estatuto que rege a advocacia em âmbito nacional, bem como 
eventuais incidências do Código Civil Brasileiro na prestação de 
serviços. Serão estudados os direitos e deveres inerentes ao exercício 
da profissão. 
O segundo tema tratará das possibilidades de extrajudicial e judicial, 
mais especificamente da audiência, da sustentação oral e da oratória. 
Será estudada a importância da oratória, a postura e comportamento na 
audiência trabalhista, e a importância da ata de audiência. Você 
estudará ainda, o processo invisível na justiça do trabalho. 
Ao longo do texto você encontrará referências a julgados, vídeos, textos 
e outros materiais complementares ao estudo e de consulta obrigatória. 
Trata-se de conteúdo a ser agregado ao conhecimento básico que 
possibilitará a resposta correta aos testes e exercícios propostos. Além 
disso, fornecem arcabouço técnico ao seu exercício profissional. 
Ao final deste tema, você estará apto (a) a exercer a advocacia 
trabalhista de uma forma adequada às exigências e riscos do mercado 
global, com possibilidade de ampliação bem-sucedida do seu escopo de 
atuação. 
Vamos começar? 
 
1. Postura Ética, Relacionamento Com o Cliente e Atuação 
Extrajudicial 
 
Assim, como qualquer profissão, a advocacia envolve riscos e 
responsabilidades que podem ser mitigados ou mesmo evitados pelo 
profissional que conhece a fundo e aplica corretamente as técnicas de 
atendimento ao cliente e exercício da profissão, pautado em uma 
postura ética. A postura ética do (a) advogado (a) pode, inclusive, evitar 
novas demandas judiciais ou demandas desnecessárias. 
 
 
De acordo com o Código de Ética e Disciplina da Ordem dos 
Advogados do Brasil, ética corresponde a princípios imperativos de 
conduta que devem pautar a atividade do advogado, como profissional 
indispensável à administração da justiça, à Defesa do Estado 
Democrático de Direito e da Cidadania. Neste sentido, Coelho afirma 
que: 
A advocacia não se resume a um exercício de erudição e saber, em 
que a qualidade técnica é fundamental. O advogado não é um 
simples técnico, dele se exige o domínio de um vasto campo de 
saberes e culturas. Por exercer função essencial à administração 
da Justiça, como sublinhado pela Constituição da República, em 
seu art. 133, é um verdadeiro jurista, que defende os direitos mais 
caros das pessoas: seu patrimônio e sua liberdade. Nessa medida, 
o advogado tem um inalienável compromisso com a verdade e com 
a Justiça, das quais não pode jamais se afastar em suas condutas 
profissionais (Coelho, 2016, p. 12). 
 
Mas você sabe o que é ética? Há diferença entre ética e 
moral? Você sabe como adotar uma postura ética no 
exercício de sua profissão? 
 
De acordo com o dicionário Houassis da Língua Portuguesa, ética pode 
ser definida como: 
1.Parte da filosofia responsável pela investigação dos 
princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou 
orientam o comportamento humano, refletindo 
especialmente a respeito da essência das normas, 
valores, prescrições e exortações presentes em 
qualquer realidade social... 2. Conjunto de regras e 
preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, 
de um grupo social ou de uma sociedade. 
??? 
LINK 
O significado de ética sempre foi o mesmo ao longo da história? Ela 
é um conceito universal? Afinal, o que é ética? Estas questões são 
discutidas pelos filósofos Clovis de Barros Filho e Mario Sergio 
Cortella neste Café Filosófico. 
https://www.youtube.com/watch?v=9_YnlPXKlLU&t=1425s 
 
LINK 
Acesse o Novo Código de Ética 
do Advogado: 
http://www.oabsp.org.br/novo-
codigo-de-etica-oab.pdf?bwr=1 
Imagem de uma mulher 
jovem, ruiva, branca, de 
camiseta branca, calça 
jeans escura, olhando para 
a sua direita acima, na 
direção do texto, com um 
balão de pensamento em 
que constam 3 
interrogações 
 
 
O Código de Ética do Advogado, juntamente com o Estatuto da 
Advocacia e seu Regulamento, as resoluções da OAB e demais normas 
do ordenamento jurídico brasileiro, tendo como ápice a Constituição, 
fornecem ao (à) advogado (à) esse conjunto de regras valorativas, de 
caráter normativo e concreto. 
O Código de Ética estabelece uma série de deveres e princípios 
imperativos de conduta que vinculam o exercício da atividade do 
advogado. Essas normas são de caráter obrigatório e sua violação é 
passível de aplicação de penalidade em procedimento prévio instaurado 
no Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil 
(art. 36, II do CEAOAB). Isto porque, ao prescrever a forma de autuação 
e seus preceitos, estabelece a própria medida de licitude da conduta do 
advogado. 
Assim, o artigo primeiro do Código de Ética da Advocacia ressalta que 
“o exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos 
deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e 
com os princípios da moral individual, social e profissional”. Deste 
modo, além do próprio Código de Ética, a atividade do advogado deve 
respeitar o Estatuto que regulamenta a profissão e as demais normas 
jurídicas vigentes. Neste sentido, se por um lado o Código de Ética, 
conforme seu art. 33, 
Regula os deveres do advogado para com a comunidade, o 
cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do 
patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de 
urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares 
(Coelho, 2016, p. 33). 
Por outro lado, o Estatuto da Advocacia e da OAB 
disciplina os direitos dos advogados, as incompatibilidades e 
impedimentos, as infrações e sanções disciplinares, 
regulamenta o sistema OAB, o Conselho Federal, as 
Seccionais, as Subseções e a Caixa de Assistência dos 
Advogados e as normas eleitorais, além de dispor sobre o 
processo disciplinar no âmbito da Entidade (Idem. Ibidem). 
 
 
Além dessas normas, a atividade do advogado é regida pelo 
Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB. Esse 
regulamento especifica e torna aplicáveis disposições do Estatuto da 
Advocacia e da OAB, bem como do Código de Ética do Advogado. 
Dentre as regulamentações, destaca-se o exercício da profissão do 
advogado empregado, a defesa de direito e prerrogativas e o 
funcionamento da própria OAB, entre outras. 
Não se pode esquecer que a regulamentação da advocacia e o próprio 
exercício profissional integram e têm sua razão de ser no próprio 
ordenamento jurídico. Deste modo, recordando a aula sobre princípios, 
temos que o exercício da advocacia e sua 
regulamentação devem respeitar os 
princípios e valores constitucionais, os 
direitos e garantiasfundamentais que 
compõem a base do Estado Democrático de 
Direito. 
Além disso, há que 
se respeitar 
também os princípios gerais de direito e a 
principiologia que rege cada ramo específico 
do direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINK 
Você conhece a Lei nº 
9.506/1994? 
http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L8906.htm 
LINK 
Acesse aqui o 
Regulamento do Estatuto 
da Advocacia e da OAB: 
http://www.oab.org.br/cont
ent/pdf/legislacaooab/regul
amentogeral.pdf 
 
 
 
1.1.Direitos e Deveres do Advogado 
Atendo-nos especificamente à regulamentação da profissão, deve o(a) 
advogado(a) atentar para deveres estabelecidos no art. 2º Código de 
Ética. Confira o quadro a seguir: 
De acordo com o advogado João Benetti, Presidente do Tribunal de 
Ética e Disciplina da OAB/MT, a maioria das representações contra os 
advogados por violação do Código de Ética se refere à retenção 
indevida de valores dos clientes. Tais infrações, de acordo com Benetti, 
são mais recorrentes entre os advogados mais jovens1. 
 
1 Ponto na Curva. Tribunal de Ética e Disciplina é para julgar atos no exercício da advocacia e não da 
vida pessoal, diz presidente. 13 jul. 2016. Disponível em: http://www.pontonacurva.com.br/entrevista-
da-semana/tribunal-de-etica-e-disciplina-e-para-julgar-atos-no-exercicio-da-advocacia-e-nao-da-vida-
pessoal-diz-presidente/525. Acesso em 15 jul. 2017, 
DEVERES DO ADVOGADO 
 
I - preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando 
pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade da advocacia; 
II - atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, 
dignidade e boa-fé; 
III - velar por sua reputação pessoal e profissional; 
IV - empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e profissional; 
V - contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; 
VI - estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, 
prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; 
VII - desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de viabilidade 
jurídica; 
VIII - abster-se de: 
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; 
b) vincular seu nome a empreendimentos sabidamente escusos; 
c) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a 
dignidade da pessoa humana; 
d) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o 
assentimento deste; 
e) ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante autoridades com as 
quais tenha vínculos negociais ou familiares; 
f) contratar honorários advocatícios em valores aviltantes. 
IX - pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos direitos 
individuais, coletivos e difusos; 
X - adotar conduta consentânea com o papel de elemento indispensável à administração 
da Justiça; 
XI - cumprir os encargos assumidos no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil ou 
na representação da classe; 
XII - zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia; 
XIII - ater-se, quando no exercício da função de defensor público, à defesa dos 
necessitados. 
 
 
 
Há ainda outras infrações comuns ao começo de carreira, como a 
cobrança de honorários aviltantes, a busca de entendimento 
diretamente com a parte adversa que tenha advogado constituído e o 
estímulo a lides temerárias. Relativamente aos honorários, a própria 
Ordem dos Advogados fornece o parâmetro do justo ou piso, na tabela 
de honorários que é fixada por cada Seção Estadual da Ordem. 
Há ainda dois outros importantes pontos a serem observados pelo(a) 
advogado(a). O primeiro deles se refere ao dever de manutenção do 
sigilo profissional que também constitui crime e o segundo se trata da 
publicidade da atividade. 
No que se refere à publicidade dos serviços advocatícios em tempos de 
uso massivo de mídias sociais, o CED estabeleceu limites 
inovadores e específicos à publicidade profissional, atualizando 
os princípios éticos da advocacia em sintonia com os avanços 
tecnológicos da sociedade, sobretudo com o advento da 
internet. Por isso, o texto prevê diversas formas de publicidade 
em meio eletrônico, sempre reservada ao caráter meramente 
informativo, jamais podendo ser apropriado com a finalidade 
mercantil ou de captação de clientela (Coelho, 2016, p. 18). 
 
O Código de Ética e o Estatuto da Advocacia também protegem os 
direitos dos(as) advogados(as), como por exemplo, de recebimento de 
honorários, de liberdade de expressão e manifestação judicial nos 
limites da legislação vigente, entre outros. Os direitos dos advogados 
devem garantir o exercício livre e autônomo da advocacia, compatível 
com a importância de sua função, consagrada constitucionalmente. 
 
1.2.Da atuação extrajudicial 
 
O(a) especialista deve se atentar, ainda para a incorporação, pelo 
Código de Ética, do princípio da busca pela solução de conflitos de 
forma extrajudicial, que hoje também norteia o Código de Processo 
Civil. Neste sentido, observe, no quadro acima o que dispõe o inciso VI 
 
 
 
 
do Código de Ética e Disciplina do Advogado, você vai perceber que 
segue a mesma linha 
Do mesmo modo o art. 3º, §2º do Novo CPC, ao determinar a realização 
de audiência de conciliação ou mediação antes da apresentação da 
defesa, se insere no escopo ou tendência mundial de estímulo à 
solução consensual, isto é, à adoção de meios alternativos de solução 
de disputa, que relega a decisão judicial ao caráter de ultima ratio para 
a solução de litígios (MARINONI et al., 2016, p. 214). 
Merece destaque também o dever de lealdade processual, previsto no 
art. 6º do CED, de modo a afastar a máxima de que os fins justificam os 
meios e que também deve informar a atuação extrajudicial. 
É certo, porém, que no Direito do Trabalho as possibilidades de atuação 
extrajudicial do advogado são mais limitadas. A composição 
extrajudicial individual não é permitida senão em juízo. A vedação à 
autocomposição, por tanto, a adoção de mecanismos alternativos de 
solução de conflitos na esfera trabalhista é reduzida, haja vista a 
preponderância do princípio da indisponibilidade de direitos e da 
proteção, a partir do reconhecimento da desigualdade intrínseca às 
partes na relação de trabalho. Restando maior liberdade, no entanto, no 
que se refere às disputas coletivas de trabalho. 
A reforma trabalhista, Lei nº 13.467, de 13 
de julho de 2017, poderá, no entanto, alterar 
esse quadro, ampliando significativamente a 
possibilidade de atuação extrajudicial para a 
solução de controvérsias individuais, ao 
inserir na CLT, entre outros dispositivos, o 
art. 507-A que dispõe: 
Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior 
a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do 
Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula 
compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do 
empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos 
previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. 
Trata-se de tendência de ampliação da arbitragem e, ainda, segundo 
Aguiar (2015, p. 152), de ampliação das habilidades de análise, 
discussão, sociabilidade, relacionamento humano e negociação. Essa 
SAIBA MAIS 
Acesse aqui o dossiê completo 
sobre a Reforma Trabalhista 
elaborado pelo Centro de Estudos 
Sindicais e de Economia do 
Trabalho da Unicamp: 
http://www.cesit.net.br/dossie-
reforma-trabalhista/ 
 
 
tendência deve, inclusive, provocar a alteração no ensino do direito, 
para que se incorpore a formação do(a) advogado(a) negociador. 
Destaca-se, também, a ampliação da atuação consultiva e preventiva, 
isto é, antes mesmo da existência de conflitos. Esse tipo de atuaçãoenvolve a confecção de regulamentos de empresas, contratos de 
trabalho, termos de renúncias ou autorizações legais, instrução correta 
de departamentos de direitos humanos, entre outros. Trata-se de reflexo 
da cada vez mais ampla adoção do compliance pelas empresas, no 
sentido de sua valorização e, ao mesmo tempo, redução dos riscos do 
empreendimento. 
Finalmente, podemos inserir o atendimento inicial ao cliente no rol da 
atuação extrajudicial dos(as) advogados(as). Isso porque, como dispõe 
o art. 1º, inciso VII do Código de Ética e Disciplina estabelece que é 
dever do advogado desestimular lides temerárias. 
 
1.3.O Relacionamento com o Cliente 
 
Como aponta Cavalieri Filho (Direto ao Ponto nº 03), 
A advocacia, dada a relevância do seu papel social, foi 
colocada na Constituição entre as funções essenciais da 
Justiça, ao lado do Ministério Público e da Defensoria Pública. 
Para proporcionar ao advogado as condições necessárias ao 
pleno exercício de sua profissão, com liberdade, independência 
e sem receio de desagradar a quem quer que seja, a 
Constituição (art. 133) lhe assegura inviolabilidade por seus 
atos e manifestações, nos limites da lei. Mas, em contrapartida, 
deve responder pelos seus atos quando violadores de deveres 
profissionais. 
A responsabilidade do advogado deve ser examinada sob duplo 
aspecto: em relação ao cliente e em relação a terceiros. 
A prestação de serviços advocatícios consiste em uma obrigação 
contratual de meio em relação ao cliente. Por outro lado, em relação a 
terceiros, a responsabilidade é extracontratual. Em ambos os casos, é 
justamente o cumprimento dos deveres do(a) advogado(a) 
 
 
estabelecidos na legislação pertinente que poderá evitar a sua 
responsabilização civil e mesmo criminal. 
Deste modo, no relacionamento com o cliente a postura ética é o 
primeiro norte, como salienta Coelho (2016, p. 33) 
É necessário que o advogado guarde coerência e verdade em 
suas alegações, agindo com boa-fé e honestidade. Em outras 
palavras, os advogados precisam seguir atuando com a 
dignidade que se deve esperar dos profissionais que agem 
pautados nos princípios orientadores da conduta ética. 
 
O primeiro passo para o estabelecimento de um bom relacionamento 
ético-profissional com o cliente nasce com o primeiro contato. É o 
momento em que o(a) profissional do direito deve ter em mente que o 
cliente não busca um tratado, mas 
Em verdade, o que ele precisa é de solução. Algo que resolva ou que 
o ajude a resolver um impasse que naquele momento o aflige. 
Detalhe importante: mesmo diante da simplicidade que estamos 
ressaltando, nada admite abreviações, gírias ou qualquer outro tipo 
de intimidade própria de um texto de rede social. Seja profissional. 
Sempre. Precaução: quando tiver de responder verbalmente, procure, 
depois, elegantemente, enviar também e por escrito a resposta, ainda 
que por intermédio de um texto leve, por e-mail, consolidando e 
referenciando aquilo que havia sido dito e indicado, uma vez que 
respostas verbais sempre são passíveis de mal-entendidos, o que 
poderá ocasionar um desgaste desnecessário com o cliente. 
Este caminho deve também ter como norte a clareza nas obrigações 
entre as partes, traduzida em um contrato de honorários objetivo. A 
lembrar o contrato de honorários é espécie de contrato civil, de caráter 
especial, pois regido pelas normas da advocacia. A partir do qual se tem 
como uma das consequências mandato, isto é, o poder-dever de o(a) 
advogado(a) agir em nome de seu cliente para os objetivos específicos 
contratualmente estabelecidos. 
Um contrato de honorários advocatícios bem elaborado diminui os 
riscos e torna mais objetiva e segura a relação com o cliente, além de 
ser o instrumento hábil a permitir o recebimento dos honorários 
pactuados em sede de protesto e execução. A 61ª Subseção da OAB 
de Mogi-Guaçu/Sp, disponibiliza aos seus inscritos um formulário 
eletrônico gerador de procuração, contrato de honorários e declaração 
de pobreza. Os principais manuais de prática da advocacia também 
 
 
trazem modelos que podem ser adotados. Lembramos que é da técnica 
da advocacia a elaboração de contratos. A No quadro a seguir, você 
terá acesso ao modelo proposto por Avelar (2015): 
Em que pese o contrato de prestação de serviços advocatícios ou de 
honorários possa ser celebrado verbalmente, a forma escrita confere 
maior segurança jurídica ao cliente e ao advogado. 
Trata-se, portanto, de instrumento de importância fundamental no 
relacionamento do cliente, seja do ponto de 
vista das obrigações, seja do ponto de vista 
ético e ainda, sob o aspecto financeiro. 
 
 
2. A Atuação em Juízo 
 
A atuação em juízo é sempre precedida de 
uma consulta, na qual todos os detalhes da demanda devem ser 
esclarecidos. O (a) profissional deve esclarecer todos os riscos e 
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 
 
Por este instrumento e na melhor forma de direito, 
[.] qualificar cliente: nome, nacionalidade, estado civil, profissão, número RG, número CTPS, inscrição 
no CPF/MF, endereço residencial, doravante denominado simplesmente CONTRATANTE, e do outro 
lado, 
[.] qualificar advogado, com nome, inscrição na OAB, endereço escritório, doravante denominado 
apenas como CONTRATADO, têm entre si ajustado o quanto segue: 
1) O CONTRATADO promoverá, em favor do CONTRATANTE, ação trabalhista em face de [.], 
objetivando o recebimento de (descrever objeto da ação), dentro dos limites da procuração que lhe foi 
outorgada. 
2) O CONTRATANTE pagará ao CONTRATADO, a título de honorários, a importância equivalente a 
[.] % sobre o valor efetivamente alcançado quando da liquidação da ação, ao seu término, ou por 
ocasião da celebração de acordo. 
3) O CONTRATANTE reembolsará, ainda, todas as despesas processuais, como custas e/ou outras, 
que eventualmente o CONTRATADO tiver de adiantar, mediante a competente comprovação de 
pagamento. 
4) A prestação de serviços de advogado é atividade-meio e não de resultado. 
O CONTRATADO fica obrigado a desempenhar as funções respeitando os princípios éticos e 
profissionais, bem como as disposições constitucionais e leis vigentes. 
5) Por estarem justas e acordadas, firmam o presente instrumento em duas vias de igual teor, para 
que produza todos os efeitos jurídicos necessários. 
 
Local e data 
Nome e assinatura de CONTRATANTE e CONTRATADO 
SAIBA MAIS 
O art. 319, II do CPC, alterou os 
dados obrigatórios da qualificação 
das partes, exigindo que se 
informe, entre outras coisas, a 
existência de união estável 
quando houver. Neste sentido, 
deverá o(a) advogado(a), atentar 
para a correta qualificação do(a) 
cliente já no contrato de prestação 
de serviços. 
LINK 
Formulário Eletrônico para 
Gerar Procuração , Contrato 
de Honorários e Declaração 
de Pobreza. 
http://www.oabsp.org.br/subs/
mogiguacu/noticias/PROGRA
MA-PROCURACaO.zip/view 
 
 
chances de êxito da demanda, jamais garantindo este ou aquele 
resultado, haja vista que se trata de obrigação de meio. Lembre-se de 
sempre deixar clara a imprevisibilidade da duração do processo, sem 
esquecer que, a reforma trabalhista recém aprovada nas Casas 
Legislativas, os prazos processuais serão contados apenas em dias 
úteis, a saber: 
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados 
em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia 
do vencimento. 
§ 1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo 
estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: 
I - quando o juízo entender necessário; 
II - em virtude de força maior, devidamente comprovada. 
O ingresso em juízo é também precedido da formalização de um 
contrato de prestação de serviços advocatícios o qual terá como 
acessório fundamental a procuração. 
Procure sempre elaborar um relatório por escrito. Se possível, grave a 
conversa com o cliente, com a prévia ciência e autorização por escrito 
ou na própria gravação. Esse materialirá auxiliar na confecção da 
petição de inicial ou defesa, bem como ao longo de todo o processo. 
Além disso, também servirá de garantia contra eventuais reclamações 
do cliente ou de terceiros. 
A presença do advogado nas demandas trabalhistas individuais é 
dispensável, por força do art. 839 da CLT que 
reconhece o chamado jus postulandi: 
 
Art. 839. A reclamação poderá ser apresentada: 
a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou por 
seus representantes, e pelos sindicatos de classe; 
b) por intermédio das Procuradorias Regionais da Justiça do 
Trabalho. 
 
No entanto, a atuação do (a) advogado (a) é 
reconhecida como mais vantajosa, especialmente 
quando sua atuação se pauta de acordo com os 
preceitos éticos da profissão. 
O (a) advogado (a) também poderá atuar na defesa dos 
Imagem de uma 
lâmpada amarela, 
rodeada de 
pequenas 
lâmpadas, 
indicando uma 
dica de atuação 
 
 
sindicatos, em representações e ações coletivas, no sentido de facilitar 
o acesso do trabalhador à justiça. 
O sindicato detém legitimidade extraordinária ampla e irrestrita 
para atuar como substituto processual na defesa de quais- quer 
direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, 
inclusive em questões judiciais ou administrativas. Essa 
atuação ampla e irrestrita poderá ser exercida nas fases de 
conhecimento, liquidação ou execução (Pereira, 2017, p. 324). 
 
Relativamente à formalização da representação, o art. 791 da CLT e a 
OJ 286 da SDI-1 seguir transcrita reconhecem o mandato tácito: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRASLADO. MANDATO 
TÁCITO. ATA DE AUDIÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. 
I – A juntada da ata de audiência, em que consignada a 
presença do advogado, desde que não estivesse atuando com 
mandato expresso, torna dispensável a procuração deste, 
porque demonstrada a existência de mandato tácito. 
II – Configurada a existência de mandato tácito fica suprida a 
irregularidade detectada no mandato expresso. 
Os detalhes da ação trabalhista, você vai estudar em tópicos 
específicos. Nesta aula, seguindo o norte da postura do advogado, 
vamos analisar a audiência trabalhista, a oratória e o processo invisível. 
 
2.1.A Oratória e Argumentação 
 
 
 
 
Imagem do ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama, discursando em um púlpito, com terno chumbo, 
camisa branca e grava azul, um broche na lapela direita e sua mão direita levantada, seu olhar e sua cabeça 
voltados levemente para a sua de quem o assiste. Ao fundo a bandeira dos Estados Unidos na Vertical e dois 
homens brancos sentados, prestando atenção ao discurso. 
A oratória é tão importante para o direito quanto o é 
para a política. Ferraz Junior (2013, p.12) afirmou 
que direito é, sobretudo linguagem. A linguagem 
para o advogado é elemento de persuasão, de 
convencimento do juiz. Segundo Zaffaroni (2016), os 
advogados e doutrinadores escrevem suas peças e 
discursos interpretativos acerca das normas jurídicas 
com o claro objetivo prático de que os operadores do direito (juízes, 
procuradores, fiscais, etc.) acolham suas interpretações e as convertam 
primeiramente em procedência de seus pedidos no caso concreto e, em 
seguida, em jurisprudência. 
O uso da palavra é prerrogativa do (a) advogado. Veja o que diz o art. 
7º do Estatuto da Advocacia: 
X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, 
mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida 
surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no 
julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe 
forem feitas; 
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, 
tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, 
regulamento ou regimento; 
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de 
deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo; 
 
SAIBA MAIS 
Dicas de Oratória: 
http://www.clubedaf
ala.com.br/oratoria/
tecnicas-e-regras-
de-oratoria/ 
Barack Obama – Ex Presidente dos 
Estados Unidos, ficou conhecido por sua 
excelente oratória. Em sua campanha 
presidencial de 2008, o slogan Yes We Can 
(Sim, Nós Podemos) correu o mundo. 
Lasswell (1979) já apontava o discurso 
como arma política, o que nada mais é do 
que o reconhecimento da função persuasiva 
da oratória. 
Assista aqui ao discurso de despedida de 
Obama: 
https://www.youtube.com/watch?v=c1uKix7S1u
w 
 
 
 
As prerrogativas listadas conferem ao advogado a possibilidade de 
defender oralmente seu cliente e sustentar suas teses. Daí a 
importância de uma boa comunicação oral. Trata-se, portanto, do 
exercício de falar em público, que pode ser a chave do sucesso de 
várias profissões, inclusive da advocacia. 
Polito (2008, p. 26), em obra específica sobre o exercício da oratória por 
advogados e estudantes de direito, enumera alguns atributos 
fundamentais para a boa oratória: a credibilidade, a voz, o vocabulário, 
a expressão corporal e a aparência. A esses atributos podem ser 
acrescidas técnicas específicas com vistas a cada tipo de público a ser 
persuadido. 
 
Não obstante os atributos e técnicas devem estar 
pautados na argumentação, na fundamentação 
jurídica necessária ao convencimento do público. 
O exercício da oratória deve estar fundamentado 
na argumentação, que também é um processo 
técnico, desenvolvido desde Aristóteles, e tendo 
como referência contemporânea a Nova Retórica 
de Chaim Perelman. 
 
Além disso, devem ser obedecidas as 
regras específicas para o exercício dessa 
prerrogativa, respeitando-se a 
conveniência e a oportunidade de fazê-lo. 
Neste aspecto, é imprescindível consultar 
previamente o Regimento Interno do 
respectivo Tribunal onde será realizada a 
sustentação oral, para atender os 
requisitos ao exercício dessa prerrogativa. 
 
Não há dúvida de que a audiência trabalhista e a sustentação oral nos 
Tribunais são oportunidades por essência para o bom exercício da 
oralidade. 
 
 
2.2.O Comportamento em Audiência 
 
 
SAIBA MAIS 
 
A Retórica é a arte do discurso, 
do bem falar, como indica a 
própria etimologia da palavra. 
Mas, além disso, é também a 
teoria acerca dos recursos 
verbais, sejam orais ou escritos, 
que são capazes de tornar um 
argumento persuasivo 
(BARRETO, 2006, p .724). 
LINK 
 
Palestra do Prof. 
Reinaldo Polito na 
OAB/SP sobre Oratória 
para Advogados e 
Estudantes de Direito 
https://www.youtube.co
m/watch?v=BhnlsuM3a
a8 
 
 
Segundo Pereira (2017, p. 585) 
A audiência trabalhista é o ato solene, formal, caracterizado pelo 
comparecimento das partes, dos advogados e dos auxiliares do juízo. 
Nela são realizados diversos atos processuais, como as tentativas 
obrigatórias de conciliação, o interrogatório e o depoimento pessoal 
das partes, a oitiva de testemunhas e de peritos, em que o 
magistrado formará o seu convencimento e, ao final, prolatará a sua 
decisão. 
Deste conceito, podemos inferir que a audiência trabalhista tem as 
seguintes finalidades: oitiva dos litigantes e testemunhas; audição dos 
auxiliares do juízo; tentativa de conciliação; apresentação de razões 
finais; formação do convencimento do juiz; por fim, o julgamento (Idem). 
A audiência na justiça do trabalho é regulamentada nos artigos 813 a 
817 da CLT. 
Os dispositivos da CLT suscitam várias questões. A primeira que vamos 
analisar é a tolerância ao atraso. O parágrafo único do art. 815 acima 
transcrito refere-se tão somente ao atraso do juiz, silenciando quanto ao 
atraso das partes. Essa omissão legal motivou a aprovação da 
Orientação Jurisprudencial nº 245, SDI – 1 do TST, que confere ao 
arbítrio do juiz a decisão em cada caso. 
Além disso, o dispositivo se choca com a previsão do art. 7º, XX do 
Estatuto da Advocacia que prescreve tolerância de 30 minutos em 
relação ao horário fixado para a audiência para a chegada do juiz ou 
presidente. Nesse caso, o advogado deve se socorrer do dispositivo 
que lhe for mais benéfico. Lembramos que os dispositivos em questão 
nãose aplicam ao atraso na pauta de audiências. 
A ausência ou atraso do advogado não implica na nulidade da 
audiência, tampouco na revelia, haja vista o reconhecimento expresso 
do jus postulandi pelo art. 791 da CLT. Veja o quadro a seguir: 
 
 
Na audiência, a presença das partes é obrigatória: 
 
 
 
 
 
 
 
 
A regra de comparecimento pessoal das partes comporta exceção nas 
ações plúrimas e, ainda, nas ações de cumprimento, consoante dispõe 
o art. 842 da CLT. No que se refere à presença do empregador, a 
substituição prevista no parágrafo primeiro do art. 843 da CLT foi objeto 
de regulamentação pela Súmulas 277 do TST: 
PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO 
(nova redação) - Res. 146/2008, DJ 28.04.2008, 02 e 
05.05.2008 
Art. 843. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o 
reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, 
salvo nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando 
os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria. 
§ 1o É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer 
outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão 
o proponente. 
§ 2o Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente 
comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá 
fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou 
pelo seu sindicato. 
Art. 813. As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na 
sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, 
não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente. 
§ 1o Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das audiências, 
mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24 (vinte e 
quatro) horas. 
§ 2o Sempre que for necessário, poderão ser convocadas audiências extraordinárias, observado 
o prazo do parágrafo anterior. 
Art. 814. Às audiências deverão estar presentes, comparecendo com a necessária antecedência, 
os escrivães ou chefes de secretaria. 
Art. 815. À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência, sendo feita pelo 
secretário ou escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam 
comparecer. 
Parágrafo único. Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não 
houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de 
registro das audiências. 
Art. 816. O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do 
recinto os assistentes que a perturbarem. Art. 817. O registro das audiências será feito em livro 
próprio, constando de cada registro os processos apreciados e a respectiva solução, bem como 
as ocorrências eventuais. 
Parágrafo único. Do registro das audiências poderão ser fornecidas certidões às pessoas que o 
requererem. 
 
 
Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou 
contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser 
necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 
843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 
14 de dezembro de 2006. 
 
No entanto, a presença das partes, especialmente, da parte reclamada 
hoje sofre nova regulamentação dada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho 
de 2017. De acordo com a reforma legislativa o vínculo empregatício 
será dispensado para o exercício do papel de preposto, segundo 
disposto na inserção do parágrafo 3º ao art. 843: “§ 3o O preposto a que 
se refere o § 1o deste artigo não precisa ser empregado da parte 
reclamada. ” 
Considerando que o comparecimento pessoal das partes em audiência 
é a regra no Processo do Trabalho, a legislação prevê significativas 
consequências ao seu descumprimento: 
 
 
 
 
 
Por um lado, para o reclamante, a 
ausência injustificada acarreta o 
arquivamento e extinção da ação 
trabalhista. Por outro lado, para o 
reclamado, a ausência sem justo motivo 
acarreta à revelia e a confissão quanto à 
matéria de fato. Merece destaque que a 
reforma trabalhista propõe uma alteração 
nesses efeitos, afastando a revelia nos 
casos em que ausente o reclamado e seu preposto, esteja presente o 
advogado que poderá apresentar a defesa e juntar documentos., entre 
outras hipóteses inseridas pelos parágrafos quarto e quinta 
acrescentados ao mencionado art. 844 da CLT: 
 
Art. 844. O não comparecimento do reclamante à audiência 
importa o arquivamento da reclamação, e o não 
comparecimento do reclamado importa revelia, além de 
confissão quanto à matéria de fato. 
Parágrafo único. Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, 
poderá o presidente suspender o julgamento, designando 
nova audiência. 
LINK 
Acesse o texto aprovado da 
Lei nº 13.467, de 13 de julho 
de 2017: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil
_03/_ato2015-
2018/2017/lei/L13467.htm 
 
 
§ 4o A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste 
artigo se: 
I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a 
ação; 
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; 
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento 
que a lei considere indispensável à prova do ato; 
IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem 
inverossímeis ou estiverem em contradição com prova 
constante dos autos. 
§ 5o Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na 
audiência, serão aceitos a contestação e os documentos 
eventualmente apresentados. 
 
Pereira (2017, p. 598/599) apresenta um quadro síntese acerca das 
consequências da violação do comparecimento pessoal das partes à 
audiência trabalhista, no entanto, sem alterações promovidas pela 
reforma: 
 
É na audiência trabalhista que o (a) advogado (a) tem sua primeira 
oportunidade de exercício da oratória com vistas à persuasão do (a) juiz 
1a) ausência do reclamante em audiência una – arquivamento da reclamação trabalhista 
(extinção do processo sem resolução do mérito); 
2a) ausência do reclamado em audiência una – revelia + confissão quanto à matéria de 
fato; 
3a) ausência do reclamante em audiência inaugural ou de conciliação – arquivamento da 
reclamação trabalhista (extinção do processo sem resolução do mérito); 
4a) ausência do reclamado em audiência inaugural ou de conciliação – revelia + confissão 
quanto à matéria de fato; 
5a) ausência do reclamante em audiência de instrução ou em prosseguimento – não se 
arquivará a reclamação trabalhista, uma vez que poderá ocorrer a confissão ficta, caso o 
reclamante tenha sido intimado expressamente na audiência inaugural para comparecer à 
audiência em prosseguimento para prestar depoimento e deixa de comparecer; 
6a) ausência do reclamado em audiência de instrução ou em prosseguimento – não 
ocorrerá a revelia, na medida em que poderá ocorrer a confissão ficta, na hipótese de o 
reclamado ter sido intimado expressamente na audiência inaugural para comparecer à 
audiência em prosseguimento para prestar depoimento e deixa de fazê-lo; 
7a) ausência de ambas as partes (reclamante e reclamado), na audiência inaugural ou de 
conciliação – arquivamento da reclamação trabalhista (extinção do processo sem 
resolução do mérito); 
8a) ausência de ambas as partes (reclamante e reclamado) na audiência de instrução ou 
em prosseguimento: não ocorrerá o arquivamento da reclamação trabalhista, pois, nesse 
caso, ocorrerá a confissão ficta para ambas as partes, consubstanciando a prova dividida 
ou empatada – vem prevalecendo o entendimento de que o juiz do trabalho deverá julgar 
segundo as regras de distribuição do ônus da prova. 
 
 
(a) e enfraquecimento da parte oponente. Especificamente, na 
audiência é conferida às partes a oportunidadede oferecer razões finais 
de forma oral o que, segundo Pereira (2017, p. 602), equivale a “uma 
tacada final no primeiro grau de jurisdição”. A oportunidade, no entanto, 
é facultativa. Deste modo, toda e qualquer situação de audiência deve 
ser utilizada para persuasão e a sensibilidade para essa atuação vem, 
sem dúvida, com a adoção das técnicas de oratória e com a prática 
reiterada. Uma dica importante é sempre atuar com ética e de modo a 
valorizar a possibilidade de conciliação. Outro ponto importante é 
sempre apresentar uma proposta ou contraproposta de acordo e ter 
absoluta ciência do que efetivamente pode ser pleiteado, não insistindo 
em pedidos temerários ou manifestamente incabíveis. Tampouco, no 
caso do (a) autor (a) da reclamação, apresentar como proposta ou 
contraproposta a integralidade do valor pedido em inicial. 
 
2.3.O Processo Invisível 
 
Vimos que dentre as finalidades da audiência está a formação do 
convencimento do juiz. Este convencimento é disputado pelas partes 
que se utilizam de técnicas jurídicas, documentos, provas e outros 
recursos legais para a persuasão do julgador. Destacamos que esse é o 
momento de maior importância da adoção de técnicas de oratória. Na 
medida em que o direito é linguagem, como consequência, há que se 
reconhecer a sua aplicação como interpretação e, em um processo, o 
intérprete é o juiz. “E aí entram em cena os seus valores, preconceitos, 
influências; a cultura do meio em que vive e as suas próprias 
circunstâncias” (Vianna, 2008, p. 130). 
 
A oratória acrescentará à técnica jurídica e às provas, elementos 
subjetivos de convencimento que vão além das palavras, para ativar ou 
criar efeitos de sentido que afetem a subjetividade do juiz e atinjam o 
seu convencimento. Como resultado, tem-se que a linguagem verbal 
per si ocupa uma importância reduzida na construção de significados, 
conforme destaca Vianna (2008, p. 126) 
 
Neste último sentido, a linguagem verbal pode ser confirmada ou 
desmentida por outro tipo de linguagem, nem sempre fácil de ser 
notada ou entendida - e que, apesar disso, pode ser mais 
reveladora. Basta dizer que, segundo alguns estudos, a palavra 
pura e simples é responsável por apenas 7% na construção de 
 
 
significados. Outros 38% vêm dos modos da voz e 55% dos 
gestos e expressões corporais. 
Além da comunicação não verbal, fatores internos e externos afetam 
tanto as provas testemunhais quanto à formação da convicção do juiz. 
Segundo Orlandi (2002, p. 42), “...os sentidos não estão nas palavras 
elas mesmas. Estão aquém e além delas”. 
Sendo o direito linguagem, tem-se como consequência que sua 
aplicação é interpretação, pois, como ensina Orlandi (1996, p. 27): 
 A interpretação está presente em toda e qualquer manifestação 
da linguagem. Não há sentido sem interpretação. Mais 
interessante ainda é pensar os diferentes gestos de 
interpretação, uma vez que as diferentes linguagens, ou as 
diferentes formas de linguagem, com suas diferentes 
materialidades, significam de modos distintos. 
As próprias condições de produção e afetos ideológicos que marcam o 
juiz em sua subjetividade também interferem na neutralidade que, 
teoricamente, marca essa posição sujeito. Surge então, um processo 
paralelo, invisível, notadamente constituído durante a audiência e 
produção de prova oral. Esse processo invisível ocorre com os efeitos 
de sentidos formados pela apreensão subjetiva do juiz acerca postura, 
pela aparência e forma de se expressar das partes, dos advogados e 
das testemunhas sobre os fatos em litígio. A essa apreensão subjetiva 
somente tem acesso o juiz de primeiro grau. 
Deste modo, a boa preparação para a audiência é primordial. Neste 
sentido, uma importante dica é buscar consultar decisões anteriores do 
juiz da causa e angariar o máximo de informações sobre sua atuação, 
de modo a traçar um padrão de julgamento e de atuação do julgador 
para nortear o seu desempenho em audiência. 
A formulação de perguntas para as partes e testemunhas também deve 
ser cuidadosa: 
Uma boa estratégia de interrogatório é começar não pelos fatos 
em debate, mas pelos fatos da própria testemunha - como 
sugere, nas entrelinhas, a própria CLT. Assim, para que a 
testemunha fale sobre a hora em que o reclamante deixava o 
trabalho, é bom que tenha descrito antes o seu horário. Desse 
modo, uma testemunha pouco honesta, mas distraída, terá mais 
 
 
dificuldade de mentir. Em certos casos - e sem trocadilho - pode 
ser interessante fazer testes com a testemunha. Assim, por 
exemplo, se ela aparenta ter uma memória exagerada, é o caso 
de se lhe pedir detalhes de sua própria vida - e se possível sem 
que ela perceba que está sendo testada (Vianna, 2008, p. 154). 
Ao reconhecer que esses aspectos compõem o processo além da 
linguagem, tem-se em mente a participação integrativa do juiz social do 
trabalho na (re) construção da verdade dos fatos, com vistas a maior 
possibilidade de realização da justiça. Neste sentido, o RO 00404-2009-
079-03-00-1-RO TRT, 3ª Região. 
 
Nesse aspecto, os princípios do direito do 
trabalho exercem papel fundamental, pois já 
determinam uma desigualdade 
compensatória, pressupondo a 
desigualdade intrínseca entre trabalhador e 
empregador que compõe a valoração 
intrínseca à interpretação do julgador. Ao ter 
em mente, por exemplo, a extensão do 
princípio do in dubio pró operário ao 
processo com o fito de atenuar o ônus da 
prova, por exemplo. 
 
Em síntese, quando falamos em processo invisível, 
Cada ator oferece a sua versão, a sua verdade, enquanto o juiz - a 
um só tempo regente, espectador e ator - elabora o roteiro final. E 
a peça - com vários enredos - se desenvolve numa espécie de 
cenário, com as suas falas, o seu guarda-roupa e os seus outros 
símbolos (Vianna, 2008, p. 126). 
 
 
3. VAMOS PENSAR? 
 
Imagine-se em uma audiência trabalhista. Você advoga para a empresa 
reclamada. A testemunha afirma com exatidão a data de contratação do 
reclamante. Você pretende demonstrar que diante dessa memória 
exagerada a testemunha foi previamente instruída e, portanto, falta com 
a verdade. Como você demonstraria, a partir de fato atinente à própria 
testemunha, que ela foi instruída previamente? Que pergunta você 
LINK 
Acesse a decisão completa: 
https://jurisprudencia.s3.amazona
ws.com/TRT-3/attachments/TRT-
3_RO_00404200907903001_605
ac.pdf?Signature=sCJJ6Q4Ja6%2
BE7NsK9SjqtI2ObvQ%3D&Expire
s=1500488051&AWSAccessKeyI
d=AKIAIPM2XEMZACAXCMBA&r
esponse-content-
type=application/pdf&x-amz-meta-
md5-
hash=5ee462eaf4ac5263633a02d
df150e966 
 
 
poderia fazer para demonstrar essa tese e assim, desqualificar o 
depoimento? 
 
4. PONTUANDO 
A atividade do(a) advogado(a) deve seguir imperativos de conduta 
de caráter normativo, baseada em deveres específicos, os quais 
lhe ampliam o rol de atuação; 
As possibilidades de atuação do(a) advogado(a), por força das 
alterações na postura ética que rege a profissão, tiveram seu 
escopo ampliado para abranger a atuação extrajudicial, 
ressaltando sua capacidade de atuação como mediador e 
incentivador da solução consensual de conflitos. 
Seja na atuação judicial ou na extrajudicial, o advogado deve 
atendar para os direitos e deveres da profissão e pela adoração 
de uma postura ética, além de adotar técnicas de oratória e 
persuasão; 
A audiência trabalhista é o momento primordial do exercício de 
persuasão do juiz intérprete, em que um único processo se 
subdivide em processo visível e processo invisível, na medida em 
que o juiz inscrito como intérprete, ativa toda a sua subjetividade 
conformada ideologicamente para julgar o que está sendo levado 
à sua análise e formação de convencimento. 
 
5. GLOSSÁRIO 
Compliance: estar em conformidade com a lei e com as regas externas 
e internas. 
 
 
 
Posição Sujeito: posição que o sujeito do discurso ocupa, no dizer e no 
interpretar. Trata-se de conceito básico de análise do discurso proposto 
por Pêcheux que chama de posição-sujeitoa relação de identificação 
entre o sujeito enunciador e o sujeito do saber (forma-sujeito). Também 
Courtine (1982) retomou o conceito para pensar as diferentes posições-
sujeito como modalidades particulares de identificação do sujeito da 
enunciação com o sujeito do saber, considerando os efeitos discursivos 
específicos que aí se relacionam (COURTINE, 1982, p. 252). 
 
Retórica: técnica de persuasão. Segundo Massmann (2009, p.26), 
desde sua gênese, a retórica se assenta na linguagem. Sua formação, 
por exemplo, deve-se à tentativa de substituir a força física (a violência) 
pela força do simbólico (a linguagem). 
 
6. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 
 
Aula 01 
1. São características fundamentais da boa oratória, exceto: a 
credibilidade, a voz, o vocabulário, a expressão corporal e a aparência. 
a) credibilidade; 
b) vocabulário 
c) o conhecimento prévio acerca do juiz do caso. 
d) a expressão corporal; 
e) a boa aparência. 
 
2.Na sequência abaixo, aponte a alternativa que não reforce a 
importância da atuação extrajudicial do advogado: 
a) estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os 
litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; 
b) desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de 
viabilidade jurídica; 
c) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a 
honestidade e a dignidade da pessoa humana; 
d) pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação 
dos direitos individuais, coletivos e difusos 
 
 
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono 
constituído, sem o assentimento deste. 
3. De acordo com as alterações estabelecidas na Lei nº 13.467 de 13 
de julho de 2017, são possibilidades de atuação extrajudicial da 
advocacia trabalhista, exceto: 
a) A atuação consultiva para empresas e sindicatos; 
b) A atuação como mediador em conflitos acordos e convenções 
coletivas de trabalho; 
c) A arbitragem em casos de contratos de trabalho cuja remuneração 
exceda em duas vezes o teto do regime geral da previdência; 
d) A atuação consultiva para a função compliance de empresas; 
e) A representação de sindicatos em dissídios coletivos. 
4. A respeito da audiência trabalhista, analise as assertivas e marque a 
resposta incorreta: 
a) o preposto deve ser empregado da empresa de acordo com a 
Súmula 277 do TST; 
b) a ausência de preposto ou de representante da empresa, estando 
presente o advogado não acarreta automaticamente a revelia; 
c) o preposto, de acordo com a Lei nº 13.467/2017 não precisa ser 
empregado da empresa; 
d) a ausência do advogado implica em nulidade da audiência; 
e) a ausência do reclamante, quando não justificada no prazo 
estabelecido, acarreta o arquivamento e extinção do feito; 
5. A respeito do processo invisível, marque a alternativa incorreta: 
a) Trata-se de violação ao princípio da imparcialidade do juiz; 
b) Trata-se da parcela de subjetividade que afeta a apreensão da 
realidade pelo juiz; 
c) Trata-se da ativação de memórias de sentidos, ideologias e afetos do 
juiz no exercício de interpretação das provas e comportamentos em 
audiência que influencia no seu livre convencimento; 
d) Trata-se do reconhecimento do papel integrativo do juiz em busca da 
justiça social no caso concreto; 
e) Exige do advogado estratégias de oratória e inquirição de 
testemunhas e partes na busca dos sentidos por trás da linguagem; 
 
7. REFERÊNCIAS 
 
 
 
ABBI – Associação Brasileira de Bancos Internacionais; FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos. Função de 
Compliance. Disponível em:.http://www.abbi.com.br/download/funcaodecompliance_09.pdf. Acesso em 15 jul. 
2017. 
AGUIAR, Antonio Carlos. Advocacia Trabalhista. In: Basile, César Reinaldo Offa. Prática Trabalhista. São Paulo: 
Saraiva, 2015. 
BARRETO, Vicente de Paulo. Dicionário de Filosofia do Direito. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. 
CAVALIERI FILHO, Sergio. A Responsabilidade do Advogado. Revista Direito ao Ponto nº 03. Disponível em: 
http://www.femperj.org.br/documentos/pesquisas/resp_do_advg_dir_ao_ponto3.rtf. Acesso em: 16 jul. 2017. 
COELHO, Marcus Vinicius Furtado. Comentários ao Novo Código de Ética dos Advogados. São Paulo: Saraiva 2016. 
FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio Ferraz. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. São Pulo: Altas, 
2013. 
COURTINE, Jean-Jacques. Définition d’orientations théoriques et construction de procédures en analyse du discours. 
Philosophiques, vol. IX, número 2, octobre 1982. 
LASSWELL, Harold. A Linguagem da Política. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1979. 
PÊCHEUX, Michel. Análise automática do discurso (AAD-69). In: GADET & HAK (org.). Por uma análise automática do 
discurso. 3ª ed., Campinas: Ed. da Unicamp, 1997. 
PONTO NA CURVA. Tribunal de Ética e Disciplina é para julgar atos no exercício da advocacia e não da vida pessoal, diz 
presidente. 13 jul. 2016. Disponível em: http://www.pontonacurva.com.br/entrevista-da-semana/tribunal-de-etica-
e-disciplina-e-para-julgar-atos-no-exercicio-da-advocacia-e-nao-da-vida-pessoal-diz-presidente/525. Acesso em 15 
jul. 2017. 
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Novo CPC: repercussões no Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2016. 
LOPES, Bruno Vasconcelos Carrilho. Honorários Advocatícios no Processo Civil. 
MASSMANN, Débora R. H. Línguas-Culturas e Retórica: análise comparada de produções dissertativo-argumentativas 
em língua francesa e portuguesa na esfera escolar. Teses USP, 2009. Disponível em: 
www.teses.usp.br/teses/disponiv/eis/8/8146/tde-05022010-173540/. Acesso em: 20 jul. 2017. 
ORLANDI, Eni P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2002. 
_____. Interpretação: autoria e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. 
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2017. 
POLITO, Reinaldo. Oratória Para Advogados e Estudantes de Direito. São Paulo: Saraiva, 2008. 
REALE, Miguel. LiçÕes Preliminares De Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 36. 
VIANNA, Marco Túlio. ASPECTOS CURIOSOS DA PROVA TESTEMUNHAL: SOBRE VERDADES, MENTIRAS E ENGANOS. Revista 
do. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v .48, n.78, p.123-156, jul./dez.2008. Disponível em: 
https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/1939/74055/2008_viana_marcio_aspectos_curiosos.pdf?sequence=1. 
Acesso em 18 jul 2017. 
ZAFFARONI, Raúl. Direito Penal Humano e Poder no Século XXI. Conferência proferida em 6 de junho de 2016 na 
Ordem dos Advogados do Brasil. Seção Distrito Federal. 
 
 
8. GABARITO 
Aula 01 
1 – Questão C 
Conforme nos ensina político, as características fundamentais da boa oratória são: a 
credibilidade, o vocabulário, a aparência, a expressão corporal e a voz. 
2 – Questão E 
Entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o 
assentimento deste é conduta que viola o código de ética do advogado e pode, 
inclusive, dificultar a solução extrajudicial da demanda. 
3 – Questão E 
 
 
A representação de sindicatos em dissídios coletivos é forma de atuação judicial do 
advogado trabalhista. 
Breve explicação 
4 – Questão D 
Breve explicação 
5 – Questão A 
 
O processo invisível, longe de violar o princípio da imparcialidade ou neutralidade do 
juiz, reconhece que este tem função integrativa e social, pois, poderá aferir a 
verdade jurídica dos fatos para além da linguagem e dos documentos utilizados no 
processo. É o retorno do elemento subjetivo ao processo, a partir da percepção do 
juiz acerca da postura das partes, dos advogados, testemunhas e auxiliares em 
audiência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 02 – A Influência do Meio no Livre Convencimento 
Motivado do Juiz e A Audiência 
OBJETIVOS 
Discutir as perspectivas de debate acerca do princípio do livre 
convencimento motivado; 
 Compreender a relação entre poder simbólico e relação jurídica 
processual; 
 Aprofundar o conhecimento acerca dos detalhes da audiência no 
processodo trabalho. 
 
INTRODUÇÃO 
O livre convencimento motivado integra a principiologia do processo 
brasileiro, não somente por sua previsão em dispositivos 
infraconstitucionais, mas, sobretudo, pela dicção do art. 93, IX, da 
Constituição Brasileira de 1988. Suas representações são apreendidas 
a partir do discurso do magistrado responsável pela consagração de 
uma verdade jurídica, construída na instrução processual. 
Esse princípio atua como via de mão dupla, isto é, ao mesmo tempo em 
que é um dever do juiz, é, também, uma garantia fundamental do 
cidadão/parte. É um mecanismo de controle, de evitar abusos do Poder 
Judiciário. 
Os sistemas processuais ao longo da história 
passaram por varas fases. No absolutismo, a 
vontade do magistrado era a regra, sem qualquer 
parâmetro, como bem retrata Kafka na obra, O 
Processo. 
LINK 
Áudio Book - O Processo: 
https://www.youtube.com/w
atch?v=9Y1uC2j4Wts 
 
 
Houve ainda a fase das 
ordálias, na idade média, em 
que se impunham desafios, 
considerados divinos, aos 
réus e se estes 
sobrevivessem, provava sua 
inocência pela intervenção 
divina que o fez superar o 
desafio. 
Depois, com a evolução do 
sistema positivo, as ordens 
humanas substituíram as 
divinas. A lei passou a 
designar quais provas cabiam 
a que fatos. Surgiu, então o 
sistema da prova tarifária, em 
que a lei determinava qual o 
valor a ser atribuído a qual 
tipo de prova. 
Por este método, a lei fixava regras 
sobre quais eram as provas 
admissíveis e sobre o valor probante, 
pré-determinado, de cada meio 
probatório. A exemplo, estabelecia-se 
quantas testemunhas seriam 
necessárias para ser confirmada a 
veracidade de um fato específico ou 
avaliava-se o testemunho de acordo 
com a classe social do depoente, tudo 
com base em determinação legal. 
Assim, neste período, cujas origens 
remontam ao direito canônico2, o juiz 
tinha pouca ou nenhuma liberdade ao 
analisá-las, cabendo-lhe tão somente 
aplicar a tabela de valores 
estabelecida pelo legislador, num movimento chamado “sistema regular de provas”, já que o 
juiz não valorava a prova, apenas a apreciava, conforme os ditames inalteráveis fixados pelo 
legislador (Fonseca, 2016). 
Esse sistema foi então superado pelo sistema da íntima convicção do 
juiz. Segundo esse sistema, o magistrado julgava conforme sua 
SAIBA MAIS 
 
A curiosa lenda do galo está associada ao cruzeiro 
medieval que faz parte do espólio do Museu 
Arqueológico da cidade. Segundo esta lenda, os 
habitantes do burgo andavam alarmados com um crime 
e, mais ainda, com o facto de não se ter descoberto o 
criminoso que o cometera. Certo dia, apareceu um 
galego que se tornou suspeito. As autoridades 
resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de 
inocência, ninguém acreditou. nele. Ninguém acreditava 
que o galego se dirigisse a S. Tiago de Compostela, em 
cumprimento de uma promessa, sem que fosse 
fervoroso devoto do santo que, em Compostela, se 
venerava, nem de S. Paulo e de Nossa Senhora. Por 
isso, foi condenado à forca. Antes de ser enforcado, 
pediu que o levassem à presença do juiz que o 
condenara. Concedida a autorização, levaram-no à 
residência do magistrado que, nesse momento, se 
banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a 
afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos 
presentes, apontou para um galo assado que estava 
sobre a mesa, exclamando: “É tão certo eu estar 
inocente, como certo é esse galo cantar quando me 
enforcarem”. Risos e comentários não se fizeram 
esperar mas, pelo sim pelo não, ninguém tocou no galo. 
O que parecia impossível tornou-se, porém, realidade! 
Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo 
assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém 
duvidava das afirmações de inocência do condenado. O 
juiz correu à forca e viu, com espanto, o pobre homem 
de corda ao pescoço. Todavia, o nó lasso impedia o 
estrangulamento. Imediatamente solto foi mandado em 
paz. Passados anos voltou a Barcelos e fez erguer o 
monumento em louvor a S. Tiago e à Virgem. 
(http://www.cm-barcelos.pt/visitar-
barcelos/barcelos/lenda-do-galo) 
 
 
consciência. O juiz poderia tomar como prova e fundamento, inclusive 
fatos conhecidos extrajudicialmente. O juiz não estava vinculado às 
provas produzidas nos autos e poderia se utilizar de suas crenças e 
valores pessoais no julgamento, sendo livre, inclusive, para decidir de 
modo contrário à prova dos autos. Esse regime de total liberalismo do 
processo foi exorbitado, gerando opressões e violência intoleráveis, 
sendo derrubado pela Revolução Francesa. 
Com a Revolução Francesa de 1789, surge o Princípio do Livre 
Convencimento do Juiz. Diante da influência das ideias deste 
movimento, os responsáveis pretenderam normatizar tudo, fato 
que ensejou aos julgadores a tarefa de apenas aplicar a lei. 
Consequentemente, as leis se multiplicaram em razão da 
casuística legislativa, já que os julgadores não podiam 
interpretá-las. A hermenêutica vigente neste momento consistia 
na lógica formal aristotélica, e era tido como democrático o 
intérprete que inflexivelmente aplicava a lei (Fonseca, 2016). 
O sistema provocava um engessamento das funções jurisdicionais, 
limitadas à subsunção do fato à norma. Ao final do Século XIX e início 
do Século XX, o pensamento jurídico filosófico começava a se opor a 
esse sistema, reivindicando o protagonismo da jurisprudência na 
evolução do direito. Assim, 
Surgia um novo sistema de valoração das provas, com limites 
racionais ao julgador. No século XX, a lógica racional pôde ser 
vista como método de hermenêutica, através do modelo da 
persuasão racional, posteriormente vindo a integrar-se ao 
Direito Processual (Idem). 
Esse sistema, cuja primeira aplicação no Brasil decorre ainda das 
Ordenações Filipinas, esteve presente também no Código de Processo 
Civil de 1973, como dispunha o seu art. 131: 
Art. 131. O juiz deve apreciar livremente a prova, atendendo as 
circunstâncias e fatos presentes nos autos, ainda que estes 
fatos/circunstâncias não fossem alegados pela parte, devendo 
indicar, na sentença, os motivos que formaram o seu 
convencimento. 
O mesmo princípio foi contemplado na Constituição de 1988, como já 
mencionamos. 
 
 
A grande polêmica do momento é a retirada da expressão “livremente” 
da redação do art. 315 do Novo CPC de 2015: 
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos 
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará 
na decisão as razões da formação de seu convencimento. 
A supressão do termo tem provocado 
divergências doutrinárias e levado juristas a 
afirmar que o CPC pôs fim ao princípio do 
livre convencimento motivado. Essa 
corrente se pauta na existência de enormes 
discrepâncias nas decisões de casos 
concretos semelhantes, o que configuraria 
verdadeiramente o que denominam de 
decisão surpresa. 
Mas como imaginar que uma lei infraconstitucional que adota os 
princípios constitucionais como norte de sua aplicação poderia se voltar 
a um dos princípios da própria constituição? Estas e outras questões 
que permeiam a decisão judicial você irá estudar nesta aula. 
Você vai compreender de que modo o meio de prova poderá ou não 
afetar a decisão, qual a influência do livre convencimento motivado na 
produção de provas do processo trabalhista. Você estudará as relações 
simbólicas de poder que envolvem o julgamento. Irá também 
compreender como funciona o mais importante momento de prova no 
processo do trabalho, que é a audiência, compreendendo a postura de 
partes, advogados e juiz, os limites à autuação do preposto. 
Vamos começar? 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
A Expulsão do Livre 
Convencimento Motivado no Novo 
Código de Processo Civil: 
http://justificando.cartacapital.com.
br/2015/04/13/a-expulsao-do-livre-
convencimento-motivado-do-
novo-cpc-e-os-motivos-pelos-
quais-a-razao-esta-com-os-
hermeneutas/ 
 
 
1. A Influência do Meio no Livre Convencimento Motivado 
 
De acordo com Almeida, 2012, o princípio do livre convencimentomotivado ou persuasão racional do juiz consiste no 
convencimento do magistrado formado com liberdade 
intelectual, mas sempre apoiado na prova constante dos autos 
e acompanhado do dever de fornecer a motivação dos 
caminhos do raciocínio que o conduziram à decisão. 
 
Trata-se de princípio que rege o processo do trabalho, segundo Giglio 
(2007, p. 225): 
prevalece no processo do trabalho o mesmo sistema do livre 
convencimento na apreciação da prova consubstanciado no art. 
131 do Código de Processo Civil; o Juiz do Trabalho, como o 
Juiz de Direito, atenderá aos fatos e circunstâncias constantes 
dos autos, ainda que não alegados pelas partes, para formar 
seu convencimento, devendo, nada obstante, fundamentar os 
despachos e sentenças. 
Da mesma forma, Leite (2016, p. ) 
 
O princípio do livre convencimento está consagrado 
expressamente no art. 131 do CPC/73 (NCPC, art. 371), sendo 
certo que a CLT também o contempla implicitamente no art. 
765, que confere ao juiz ampla liberdade na condução do 
processo, e no art. 832, que determina constar da sentença “a 
apreciação das provas” e “os fundamentos da decisão”. A 
liberdade de que goza o juiz não pode, porém, converter-se em 
arbítrio, sendo, antes, um dever constitucional do magistrado de 
fundamentar a sua decisão. Aliás, a fundamentação de toda e 
qualquer decisão do Poder Judiciário é um princípio 
constitucional (CF, art. 93, IX). 
 
Pereira (2017, p. 614) afirma que o princípio do livre convencimento 
motivado encontra previsão no art. 93, inciso IX da Constituição de 
1988: 
todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
 
 
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados 
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a 
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade 
do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação 
Segundo o autor, trata-se de garantia de liberdade de atuação do juiz e, 
ao mesmo tempo, um limite a essa mesma atuação. 
Se, de um lado, o magistrado tem ampla liberdade na condução 
e avaliação probatória, de outro, essa liberdade não é absoluta, 
havendo a necessidade da respectiva motivação, com fulcro no 
Estado Democrático e Social de Direito. 
Essa aparente contradição também é apontada por Almeida (2012). O 
autor, por sua vez, também estabelece uma distinção entre o processo 
de valorização da prova e de sua interpretação, a saber: 
No fenômeno da apreciação das provas estão implícitas 
atividades intelectuais que devem ser claramente diferenciadas 
ao se referir a um sistema de valoração das provas. A 
interpretação é realizada após a produção da prova, com 
relação a qual resultado se depreende dessa, considerada de 
forma isolada. Já a valoração consistiria em determinar o valor 
concreto que se deve atribuir com relação à certeza e 
credibilidade da prova, confrontada com os outros meios 
probatórios realizados. 
A apreciação da prova seria, assim, a atividade do juiz resultante da 
valoração e interpretação das provas, para o estabelecimento de 
conclusões de certeza sobre as alegações, fatos e provas apresentados 
pelas partes no processo. A convicção do juiz sobre a certeza no 
processo, é assim, o resultado da apreciação das provas. 
No sistema no livre convencimento motivado ou persuasão 
racional o julgador deve decidir a matéria fática através da 
convicção formada no confronto dos vários meios de prova. 
Após a colheita da prova e segundo uma análise racional, o 
julgador tira suas conclusões em conformidade com as 
impressões decorrentes da colheita das provas e das máximas 
de experiência que forem aplicáveis ao caso (Idem). 
Como mencionamos na aula anterior, nesse processo de 
convencimento, os afetos, subjetividades, experiências e condições sob 
os quais o juiz aprecia a prova compõe um processo chamado invisível, 
 
 
que vai além, dos dados objetivos constantes dos autos, e para os quais 
é imprescindível o contato em audiência. No entanto, por força da 
necessidade de motivação, esses afetos não podem significar o 
julgamento com base em opiniões e crenças pessoais, devendo-se o 
juiz se ater à prova nos autos. 
Assim, o livre convencimento motivado permite a apreciação das provas 
obedeça a um critério de análise racional que reflita na aplicação lógica 
do direito. Significa dizer, que na construção de suas convicções o juiz 
deve observar as regras relativas à admissão, produção e valoração 
das provas, ainda que limitem a busca da verdade (Almeida, 2012). 
Trata-se de princípio que se opõe ao positivismo jurídico estrito, que 
reduzia a atividade judicante à mera subsunção, afastando-se da 
interpretação e da busca da verdade jurídica dos fatos. 
Almeida, destaca que o princípio é bidimensional no que se refere a sua 
função. O princípio do livre convencimento motivado do juiz tem uma 
função endoprocessual, também é certo que exerce função 
extraprocessual que estão diretamente atrelados ao sistema de 
valoração e apreciação das provas. Em sua função endoprocessual, o 
livre convencimento motivado figura como garantia às partes de que 
assim teriam conhecimento objetivo aos fundamentos da decisão, 
podendo, então, manejar o recurso corretamente ou cumpri-la 
corretamente. Do mesmo modo, ainda na perspectiva endoprocessual, 
o princípio permitiria a correta análise do recurso pelo tribunal ad quem. 
Isso porque, permite a esse último, conhecer os fundamentos do 
julgador inicial, avaliando sua certeza para manutenção ou reforma da 
decisão. 
Por outro lado, o livre convencimento motivado também atua em uma 
dimensão extraprocessual. Essa dimensão abrange a legitimação ou 
justificação política da judicial, uma vez que o(a) magistrado(a) não é 
previamente eleito pelo povo. Ademais, 
permite o controle do juiz pelos seus pares 
e pela sociedade, com vistas à garantia do 
devido processo legal, da independência e 
da imparcialidade. 
Perelman (1996 p. 565/566) também 
reconhece essa duplicidade de funções, na 
SAIBA MAIS 
Chaim Perelman é considerado um dos 
maiores filósofos do direito. Belga, faleceu 
em 1984 e publicou obras sobre retórica e 
argumentação no direito, a partir do 
questionamento do juízo de valor nas 
decisões judiciais 
Confira: 
https://www.youtube.com/watch?v=MKpUi
B9Xtnw 
 
 
medida em que a fundamentação ou motivação de uma decisão é um 
ato de poder e persuasão que indica, não somente a adequação à lei, 
mas também à busca da equidade. Nessa busca de equidade e do 
atendimento aos interesses gerais, a motivação busca afastar as 
decisões arbitrárias ou desarrazoadas. Deste modo, o princípio da 
persuasão racional do juiz, ou do livre convencimento motivado, assume 
o papel de garantia à própria sociedade, ao Estado, aos cidadãos, ao 
próprio juiz e ao público em geral. 
Mas afinal, qual a 
diferença entre 
convicção, motivação, 
verdade e 
verossimilhança? 
 
Ponto de interrogação verde escuro em 
3D sombreado, chamando atenção para 
um questionamento chave à 
compreensão do texto. 
 
 
1.1. O Livre Convencimento Motivado e o Novo CPC 
 
O Novo CPC, cuja aplicação é subsidiária no Processo do Trabalho, 
traz em seu art. 489, requisitos a serem observados na sentença para 
que esta se adeque ao princípio do livre convencimento motivado. 
Esses requisitos regulamentam o princípio constitucional na sua 
aplicação ao processo civil e fornecem elementos e parâmetros 
mínimos a serem observados pelo juiz ao prolatar a sentença. Os 
SAIBA MAIS 
A doutrina ainda expressa uma diferenciação entre 
convicção, decisão e motivação. A convicção é importante 
para a decisão, eis que o julgador, para decidir, tem que 
saber o que é necessário para julgar o pedido procedente 
e assim, quando é suficiente sua convicção fundada na 
verdade processual atingível ou mesmo na 
verossimilhança. A motivação apresenta-se como a

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