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Pegada ecológica consumo de recursos naturais e meio ambiente

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Pegada ecológica: consumo de recursos naturais e meio ambiente
Article · January 2011
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Valdir Lamim-Guedes
Editora Na Raiz
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11/02/2016 [Artigo] ­ Educação Ambiental em Ação
http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1168&class=41 1/9
ISSN 1678­0701
Número 38, Ano X.
Dezembro/2011­
Fevereiro/2012.
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 Práticas de Educação Ambiental
14/12/2011
Pegada ecológica: consumo de recursos naturais e meio
ambiente  
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1168 
Pegada ecológica: consumo de recursos naturais e meio
ambiente
Valdir Lamim­Guedes
Biólogo e Mestre em Ecologia pela Universidade Federal de Ouro Preto.
Resumo: O consumo de recursos naturais de uma pessoa pode ser convertido em área, a
pegada  ecológica,  termo  criado  na  década  de  1990  pelos  pesquisadores  Mathis
Wackernagel  e William Rees. Neste  cálculo  a  unidade  é  o  hectare  global,  que,  como  o
hectare normal,  tem 10 mil metros quadrados, mas mede a capacidade de produção de
recursos naturais de toda a superfície terrestre. Este cálculo é uma forma de dimensionar
o  impacto  que  cada  pessoa  causa  sobre  o  planeta.  A  importância  desta medida  é  nos
ajudar a perceber o quanto de recursos da natureza utilizamos para sustentar nosso estilo
de vida e contribuir para que ocorram mudanças de comportamento.
Palavras chave: pegada ecológica; biocapacidade; consumo;
A água que usamos no banho, a comida que colocamos no prato, a luz acesa, todas
estas  atividades  dependem dos  recursos  naturais,  seja  para  a  produção  dos  alimentos,
obtenção de água e de outras matérias­primas e produção de energia elétrica. O consumo
de  recursos  naturais  de  uma pessoa  pode  ser  convertido  em área,  a  chamada pegada
ecológica  (Ecological  Footprint,  em  inglês),  termo  criado  na  década  de  1990  pelos
pesquisadores Mathis Wackernagel e William Rees (1996).
Esta ferramenta é um calculo da quantidade de área de terra e água (por exemplo,
floresta,  solos agrícolas,  rios,  etc.)  que uma população humana  requer para produzir  os
recursos  que  usa  e  para  assimilar  os  seus  resíduos,  utilizando  a  tecnologia  disponível
(AMEND  et  al.,  2010).  Este  método  consiste  em  um  indicador  de  sustentabilidade  que
mede  o  impacto  do  homem  sobre  a  Terra,  um  indicador  da  pressão  exercida  sobre  o
ambiente,  e  permite  calcular  a  área  de  terreno  produtivo  necessária  para  sustentar  o
nosso estilo de vida  (CERVI e CARVALHO, 2007). A pegada ecológica é uma  forma de
traduzir  a  percepção  de  sustentabilidade  em  ação  pública  (WACKERNAGEL  e  REES,
1996).
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11/02/2016 [Artigo] ­ Educação Ambiental em Ação
http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1168&class=41 2/9
No cálculo da pegada ecológica, cuja unidade é o hectare global (gha), que tem 10
mil  metros  quadrados  como  o  hectare  normal,  e  é  usado  para  medir  a  capacidade  de
produção de recursos naturais de toda a superfície terrestre – o que inclui áreas de cultivo,
florestas, rios e mares, mas não desertos e geleiras (FAVA e VIALLI, 2009).
A  pegada  ecológica  é  uma  ferramenta  de  contabilidade  dos  recursos  que  mede
quanta  natureza  temos,  quanta  usamos,  e  quem  usa  o  quê.  Tal  como  num  extrato
bancário,  a  pegada  pode  determinar  se  estamos  vivendo  dentro  do  nosso  orçamento
ecológico ou se estamos consumindo os recursos da natureza mais rapidamente do que o
planeta pode renová­los (AMEND et al., 2010).
O cálculo para  se obter a pegada ecológica pode ser  tachado de arbitrário, mas é
uma  forma  de  dimensionar  o  impacto  que  cada  pessoa  causa  sobre  o  planeta.  A
importância  desta  medida  é  nos  ajudar  a  perceber  o  quanto  de  recursos  da  natureza
utilizamos para sustentar nosso estilo de vida.
Cada  pessoa  e/ou  país  possui  umapegada  ecológica,  ou  seja,  um  impacto
ambiental.  Para mensurá­la  faz­se  um  cálculo  abrangente  considerando  o mundo  como
um sistema em que produção e energia se  relacionam. As quantidades e qualidades de
terras e águas necessárias à manutenção de um número de pessoas são chamadas de
áreas bioprodutivas (SATO et. al, 2010). Nessa contabilidade são consideradas as áreas
de  terra  e  mar  necessárias  para  absorver  carbono,  terra  para  construir  moradias  e
infraestrutura, terra e água para a biodiversidade.
Áreas  de  terra  e  de  água  são  consideradas  biologicamente  produtivas,  isto  é,
bioprodutivas,  se  suportam  uma  atividade  fotossintética  significativa  e  se  a  biomassa  é
acumulada e é utilizável pelos seres humanos. Áreas não produtivas não estão incluídas,
assim como, a biomassa que não é de utilidade para os seres humanos  também não é
incluída (AMEND et al., 2010).
O total disponível de área produtiva no mundo, a chamada biocapacidade, é de 11,9
bilhões de hectares globais, isto representa uma biocapacidade por habitante de 1,7 gha,
considerando que o planeta tem atualmente 7 bilhões de habitantes (ONUBRASIL, 2011).
No entanto,  para dados de 2007, a pegada de  toda a humanidade  foi  de 18 bilhões de
hectares globais, ou seja, 2,7 gha por habitante, considerando a população humana ainda
com  6,7  bilhões  de  habitantes.  Baseando­se  nestes  dados,  é  possível  afirma  que  para
manter  este  nível  de  consumo  de  recursos  naturais  são  necessários  1,5  planetas  (veja
figura  1)  (GLOBAL  FOOTPRINT  NETWORK,  2010).  Além  disso,  a  biocapacidade  vem
diminuindo  –  seja  pelo  aumento  da  população  ou  pela  degradação  de  solos  e  mares
(FAVA e VIALLI, 2009).
11/02/2016 [Artigo] ­ Educação Ambiental em Ação
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Figura 1: pegada ecológica global em comparação com a biocapacidade global. Fonte
WWF (2010). O índice da biocapacidade global refere­se ao valor base calculado para o
ano de 1961.
Se todos os seres humanos vivessem como um Europeu médio, seriam necessários
cerca  de  3  planetas;  com  padrões  de  consumo  dos  norte­americanos,  5.  O  planeta
equivalente  é  a  relação  entre  a  pegada  individual  (pegada  média  por  habitante)  e  a
capacidade  biológica  per  capita  da  Terra  disponível.  Para  2010,  essa  proporção  foi
superior a 1,5 (Figura 1). Isto significa que para atender o consumo de toda a população
da  terra  seria preciso mais de um planeta para,  por exemplo,  a produção de alimentos,
extração  de  minerais  e  produção  dos  serviços  ambientais.  A  conclusão  disto  é  que  a
demanda  da  população mundial  por  recursos  naturais  é maior  do  que  a  capacidade  do
planeta em renová­los.
A  pegada  ecológica  foi  criada  exatamente  para  avaliar  a  apropriação  indevida  da
natureza pelas  camadas privilegiadas da população e pelos países mais desenvolvidos.
Para  viver  na  média  de  um  americano,  a  humanidade  precisaria  de  cerca  de  cinco
planetas. Por isso, mudar é uma condição essencial (GRZYBOWSKI, 2011).
Ainda  não  entramos  em  colapso  por  dois  motivos:  (1)  desigualdades  regionais  e
socais; (2) o que estamos usando a mais agora, na verdade, está sendo emprestado das
futuras gerações. Estes dois pontos são discutidos a seguir.
1º.)  Desigualdades  regionais,  porque  enquanto  americanos,  europeus  e  japoneses
tem um consumo muito grande, muitas pessoas mal tem o que comer, fato mais comum
na África, parte da Ásia e América Latina. Então, o que se  “gasta” a mais por alguns é
garantido pelo o que falta para muitos. Estas diferenças referem­se as pegadas ecológicas
médias  dos  países,  no  entanto,  em  cada  País  existe  uma  desigualdade  entre  os
habitantes, como podemos observar no Brasil, as desigualdades sociais gritantes dentro
de uma mesma cidade ou entre regiões do País.
Cerca  de  80%  dos  recursos  naturais  são  consumidos  por  menos  de  20%  da
população mundial. Esses 20% mais  ricos consomem 45% de  toda a carne e o peixe à
disposição  no  mercado,  enquanto  os  20%  mais  pobres  consomem  apenas  5%.  No
consumo de papel, a proporção é de 84% para 1,1% (INMETRO e IDEC, 2002). Com isto
fica  claro  que  existe  uma  enorme  desigualdade  no  acesso  e  utilização  dos  recursos
naturais.
11/02/2016 [Artigo] ­ Educação Ambiental em Ação
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Sobre esta situação, o Secretário­Geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki­
moon,  afirmou  que  “a  pessoa  de  número  ‘sete  bilhões’  vai  nascer  em  um  mundo  de
contradições.  Temos  abundância  de  alimentos,  mas  milhões  estão  morrendo  de  fome.
Vemos  estilos  de  vida  luxuosos,  mas  milhões  vivem  na  pobreza.  Temos  grandes
oportunidades para o progresso, mas também grandes obstáculos” (ONUBRASIL, 2011).
Para se ter uma ideia, a média mundial equivale a uma pegada ecológica de 2,7 gha
de degradação ambiental por pessoal, no extremo inferior temos o Haiti, com apenas 0,4
gha por habitante,  e uma das nações no extremo oposto  (com uma pegada 27,5  vezes
maior),  temos  os Emirados Árabes Unidos  com uma  pegada  de  11  gha  por  habitantes,
acima dos EUA (cerca de 8 gha) (figuras 2 e 3).
Figura 2: Pegada ecológica do Haiti. Fonte: Global Footprint Network.
Figura 3: Pegada ecológica dos Emirados Árabes Unidos. Fonte: Global Footprint Network.
De  modo  geral,  sociedades  altamente  industrializadas,  ou  seus  cidadãos,  “usam”
mais espaços do que os membros de culturas ou sociedades menos industrializadas. Suas
pegadas são maiores, pois ao utilizarem  recursos de  todas as partes do mundo, afetam
locais cada vez mais distantes, explorando essas áreas ou causando impactos por conta
da geração de resíduos (WWFBRASIL, 2007).
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2º.) O que estamos usando a mais agora, na verdade, está sendo emprestado das
futuras gerações. Isto fica claro na definição de desenvolvimento sustentável, ou seja, um
tipo  de  desenvolvimento  capaz  de  suprir  as  necessidades  da  geração  atual,  sem
comprometer  a  capacidade  de  atender  as  necessidades  das  futuras  gerações  (CMMD,
1991). É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
Uma  comparação  didática:  Se  o  impacto  do  ser  humano  na  Terra  fosse  medido
segundo a numeração de roupa, seria possível dizer que a humanidade, de tamanho 54,
tenta  ocupar  um  planeta  cujo  o  formato  é  capaz  apenas  de  suportar  o  tamanho  34
(AMBERGER, JEPPESEN e PONTES, 2010).
Em  última  instância,  a  Pegada  pode  responder  por  todas  as  atividades  humanas,
respondendo à pergunta: Quanta natureza é que isso consome? Esta ferramenta pode ser
utilizada para indivíduos, bem como para empresas, cidades, países e humanidade como
um todo (AMEND et al., 2010).
A pegada ecológica do Brasil
Cálculos  internacionais  indicam que,  para  sustentar  seu  estilo  de  vida,  o  brasileiro
precisa  em  média  do  equivalente  a  quase  três  Maracanãs  por  ano  –  área  usada,  por
exemplo, para cultivar alimentos, gerar energia e construir  infraestrutura urbana (FAVA e
VIALLI, 2009).
A pegada média per capita do Brasil pouco mudou desde 1961 (figura 4), mas ainda
continua ligeiramente abaixo da média global de 2,7 ha (dados de 2007). Existem grandes
diferenças  na  pegada  ecológica  per  capita  entre  a  população.  Por  exemplo,  muitos
brasileiros  no  Rio  de  Janeiro  ou  São  Paulo  têm  pegadas  maiores  do  que  a  média  do
cidadão norte­americano, enquanto que em outras regiões do País, a pegada ecológica é
muito baixa, como ocorre em cidades do interior do nordeste e Amazônia.
A pegada total brasileira duplicou desde 1961, por outro lado, a biocapacidade total
do país aumentou  ligeiramente devido a uma agricultura mais  intensiva. No entanto, por
causa do crescimento da população,a oferta per capita foi reduzida em mais de metade
(de  quase  19  a  7,3  gha).  Apesar  disto,  a  biocapacidade  do  Brasil  é  ainda  três  vezes
superior  à  Pegada  do Brasil.  Juntamente  com  a Rússia,  o  Brasil  está  entre  os maiores
países  credores  de  biocapacidade  do mundo.  Em  2005  a  reserva  de  biocapacidade  do
Brasil  de 4,9 gha por pessoa  foi o dobro da  reserva da América Latina  (média 2,4 gha)
(AMEND et al., 2010).
 
11/02/2016 [Artigo] ­ Educação Ambiental em Ação
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Figura 4: Pegada ecológica, biocapacidade e população do Brasil. Fonte: Amend et al.
(2010).
Pontos Chaves da Pegada Ecológica
Segundo Sato et al. (2010), podemos definir 5 pontos chaves para refletirmos sobre a
nossa  pegada  ecológica,  este  são,  alimentação,  bens  de  consumo,  energia,  moradia  e
transporte:
Alimentação  –  Atividades  de  cultivo  e  criação  de  animais  costumam  ter  grande
impacto  sobre  a  biodiversidade  das  áreas  em  que  se  desenvolvem,  as  quais
frequentemente  se  configuram  como  áreas  degradadas.  Neste  sentido,  as  nossas
escolhas  podem  ser  formas  de  reduzirmos  nossas  pegadas  ecológicas,  buscando
comportamentos mais sustentáveis (LAMIM­GUEDES e OLIVEIRA­VILELA, 2011).
A agropecuária é  responsável,  ainda,  pelo aumento da demanda energética,  como
por exemplo, para o transporte de grãos, bem como de água,  já que 70% da água doce
consumida destinam­se à agricultura (SATO et al., 2010). Além disto, no caso do Brasil, as
emissões de Gases causadores de Efeito Estufa (GEE) devem­se: alterações do uso da
terra  (51,9%),  fermentação entérica do gado bovino  (12%) e gases advindos do solo de
áreas usadas na agricultura (9,35) (CERRI et al., 2009).  Isto significa que, boa parte das
emissões de GEE no País é resultado da agropecuária.
Bens de consumo  –  Entre  outras  coisas,  a  Pegada Ecológica mostra  o  quanto  e
como  consumimos  e  o  quanto  é  importante  conhecermos  nossa  necessidade  real  de
consumo, ou seja, ficarmos atentos ao que de fato necessitamos (SATO et al., 2010).
Será  que  para  viver  bem  precisamos  sempre  de  mais?  Ter  mais  e  mais  bens,
trocados  sempre  porque  estragam  logo  (feitos  para  não  durar),  isto  é,  a  chamada
obsolescência  programada  que  é  o  nome  dado  à  vida  curta  de  um  bem  ou  produto
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projetado de forma que sua durabilidade ou funcionamento se dê apenas por um período
reduzido. Por outro lado, somos tomados por uma compulsão, que o ideal nos impõe, de
adquirir o último modelo. Isso só gera destruição em todo ciclo, da extração das matérias­
primas ao  lixão onde  jogamos os bens em desuso.  Já paramos para pensar quem está
ganhando nessa história? (GRZYBOWSKI, 2011).
Energia  –  Grande  parte  da  energia  ofertada  destina­se  à  indústria,  mas  nossas
escolhas também podem contribuir com a diminuição do desperdício e para que cada vez
mais sejam utilizadas  fontes  limpas e menos  impactantes. Vivemos cercados por grande
quantidade de utensílios que demandam eletricidade para serem produzidos e utilizados.
Nossa  mobilidade  depende  de  combustíveis,  que  causam  grande  impacto  sobre  a
atmosfera (SATO et al., 2010).
Moradia  – As áreas  construídas,  tanto para moradia quanto para outros usos  (por
exemplo, infraestrutura e comércio) são igualmente avaliadas no cálculo da pegada, uma
vez  que  demandam  energia,  utilizam  recursos  naturais  e  ocupam  espaços  que,  do
contrário, poderiam abrigar uma vasta biodiversidade. É importante lembrar, ainda, que a
arquitetura  sustentável  de  que  precisamos  deve  considerar  também  questões  sociais  e
oferecer  soluções  para  as  populações  desabrigadas  e  as  submoradias  (SATO  et  al.,
2010).
Transporte  –  O  transporte  é  um  dos  grandes  responsáveis  pelas  agressões
ambientais  no  Brasil.  Os  meios  mais  utilizados,  alimentados  em  sua  maioria  por
combustíveis fósseis, de grande emissão de gases de efeito estufa, são um dos principais
causadores  do  aquecimento  global  (SATO  et  al.,  2010).  A  discussão  sobre  transporte
também passa por  aspectos  sociais,  como o  tráfego e  o  acesso à mobilidade,  já  que à
medida  que  se  aprimoram  os meios  de  transporte  coletivos  ecoeficientes, mais  eles  se
apresentam como uma alternativa viável para todas as classes sociais.
Não  há  dúvida  de  que  o  assunto merece  ser  tratado  com  seriedade  e  com muita
atenção. Se soa ingênuo acreditar que a bicicleta pode ser a panaceia universal, que virá
ajustar  o  planeta  e  recolocá­lo  no  eixo,  também  não  parece  razoável  continuarmos
medindo  o  desenvolvimento  de  nações  pelo  número  de  carros  novos  que  conseguem
colocar nas  ruas nem seguir construindo cidades para abrigar bolas de aço motorizadas
que levam cidadãos de um shopping a outro (LIMA, 2011).
Uso da pegada ecológica em atividades educativas
Um  dos  pontos  fortes  do  cálculo  da  pegada  ecológica  é  a  sua  capacidade  de
quantificar se estamos a viver dentro ou além dos nossos  limites ecológicos  (AMEND et
al.,  2010).  Podemos  ter  diferentes  cenários  para  a  pegada  ecológica  mundial,  e  isto
depende  do  uso  excessivo  de  recursos  naturais,  do  consumismo  exagerado,  da
degradação ambiental e da grande quantidade de resíduos gerados são rastros deixados
por uma humanidade que ainda se vê fora e distante da Natureza (WWFBRASIL, 2011).
Conforme  o  comportamento  da  população  teremos  diferentes  pegadas  ecológicas,  por
este motivo, as mudanças de comportamento são tão importantes.
“A  Pegada  Ecológica  é  uma  grande  ferramenta  de
comunicação.  Pode  ajudar  a  explicar  um  desafio  complexo
para  o  planeta  a  quaisquer  audiências.  Ela  pode,  pois,
persuadir  as pessoas porque não diz  que deve  fazer  isto  ou
aquilo. Ela diz: Aqui está o desafio que todos nós partilhamos
no  planeta.  Pode  fazer  sua  escolha.  Isso  é  muito  poderoso
para nós.” (Terry A‘Hearn in AMEND et al., 2010).
A pegada ecológica é uma  forma clara e direta de  representar o  impacto do nosso
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comportamento no planeta. E por causa disto, apresenta uma  interessante utilização em
atividades  educacionais.  Ainda  mais,  que  é  parte  inerente  da  Educação  Ambiental  as
mudanças  de  comportamento,  por  exemplo,  diminuir  o  consumo,  tomar  atitudes menos
poluidoras  ­  reduzir  o  uso  do  carro,  dar  preferência  ao  transporte  público,  comprar
produtos mais  justos socialmente e produzidos de maneira mais  limpa, ou seja, causado
menos impactos sobre o meio ambiente.
A sustentabilidade então está inexoravelmente associada à redefinição de valores e
padrões  de  desenvolvimento  capazes  de  frear  o  crescimento  populacional  e,
consequentemente,  o  consumo  pelo  qual  um  planejamento  industrial,  baseado  em  uma
nova  dimensão  qualitativa  de  desenvolvimento,  alie,  de  forma  harmoniosa,  processos
socioeconômicos,  recursos  naturais  e  a  estabilização  da  população  em  patamares
condizentes com a capacidade de carga do planeta. Crescimento significa ter mais gente
sobrando,  pouquíssimos  recursos  para  cada  um,  o  que  evidencia,  portanto,  a
impossibilidade de crescimento e desenvolvimento concomitantes (COSTA et al., 2004).
Considerações finais
Segundo E. O. Wilson, Professor Emérito da Universidade Harvard, um dos principais
biólogos do século XX (citado em AMEND et al., 2010), a pegada ecológica é um dos mais
importantes  conceitos  em  uso  atualmente,  com  virtualmente  ilimitada  aplicação  na
educação e prática.
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