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Pinto, Henrique Alves. A vulnerabilidade do consumidor e a ótica subjetiva do intérprete. Revista de Direito do Consumidor. vol. 110. ano 26. p. 43-57. São Paulo: Ed. RT, mar.-abr. 2017. 43 A vulnerAbiliDADe Do consumiDor e A óticA subjetivA Do intérprete consumer vulnerability anD the subjective perspective of the interpreter henrique Alves pinto Mestrando em Direito Público e Políticas Públicas pela UNICEUB (Centro Universitário de Brasília). Pós-graduado em Direito Processual Civil pela Universidade Federal de Uberlândia. Bacharelando em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia. Ex-professor de Direito Civil e Direito do Consumidor pela Universidade Federal de Uberlândia. Professor de Direito Civil da Faculdade de Direito CNEC – Unaí – MG. Advogado. henrikiobrien@hotmail.com Recebido: 08.11.2016 Pareceres: 14.11.2016, 21.11.2016 e 11.02.2017 ÁreAs Do Direito: Consumidor; Civil resumo: A interpretação da vulnerabilidade pre- sumida de forma absoluta pelo CDC ao consumi- dor pessoa física, tem recebido positiva amplia- ção hermenêutica pelos operadores do direito. pAlAvrAs-chAve: Consumidor – Vulnerabilidade – Hipervulnerabilidade – Pessoa portadora de deficiência. AbstrAct: The interpretation of absolute vulnerability of the individual consumer presumed by the “CDC” has received positive hermeneutic expansion by jurists. keyworDs: Consumer – Vulnerability – Hyper vulnerability – Person with disability. SumáRio: 1. Introdução. 2. O substrato fático-social subjacente àquilo que posteriormente gerou o conceito legal de vulnerabilidade: 2.1. A vulnerabilidade x hipossuficiência do consumidor e o novo CPC. 3. O empoderamento da vulnerabilidade pela ótica subjetiva do intérprete: as múltiplas faces da vulnerabilidade do consumidor. 3.1. A vulnerabilidade fática, técnica e jurídica do consumidor. 3.2. A vulnerabilidade comportamental. 3.3. A vulnerabilidade na relação com a hipervulnerabilidade ou vulnerabilidade agravada. 3.4. A vulnerabilidade diante do Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei Federal 13.146/2015. 4. Conclusão. 5. Referências bibliográficas. 75Visões do Consumidor, da Vulnerabilidade e da dignidade de Pessoa Humana Pinto, Henrique Alves. A vulnerabilidade do consumidor e a ótica subjetiva do intérprete. Revista de Direito do Consumidor. vol. 110. ano 26. p. 43-57. São Paulo: Ed. RT, mar.-abr. 2017. nerabilidade fática, técnica e jurídica do consumidor para desenvolver e in- crementar novas acepções da vulnerabilidade como a comportamental, a hi- pervulnerabilidade e o preocupante cotejo entre a vulnerabilidade do EPD e a vulnerabilidade do CDC. Neste ponto é importante destacar que a vulnerabilidade prevista na Lei 8.078 de 1990 está em plena consonância com a evolução dos estudos da Eco- nomia Comportamental (união entre os estudos da Análise Econômica do Di- reito com os estudos da Economia), fato este que pode ser constatado pelo teor jurídico das novas propostas de modificação e atualização da lei em comento. Apesar do árduo debate que já gira em torno da dignidade-liberdade e da dignidade-vulnerabilidade iniciado com a entrada em vigor da Lei 13.146 de 2015, que emancipou de modo bastante contundente as pessoas portadoras de deficiência e busca excluir a insuficiência de tais pessoas a qualquer cus- to, é de se esperar que o Poder Judiciário no Brasil assuma para si a tarefa de corrigir as falhas desta. Este delicado momento requer prudência do juiz, pois a emancipação proposta pelo EPD, como rapidamente tentou-se demonstrar, não pode vir desacompanhada de uma proteção mínima existencial de seus direitos patrimoniais. 5. referênCIas bIblIográfICas ALEXY, Robert. Trad. Virgílio Afonso da Silva. Teoria dos direitos fundamentais. São Paulo: Malheiros Editores, 2008. ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 15. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores, 2014. BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. BAUMAN, Zygmun. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Vida para Consumo – A transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. BERTONCELLO, Káren Rick Danilevicz. Superendividamento do consumidor – Mínimo existencial – Casos concretos. São Paulo: Ed. RT, 2015. BITTAR, Carlos Alberto. Direitos do consumidor. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002. 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