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CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 01: MÍDIA E COMUNICAC ̧ÃO DE MASSA .............................................. 2 
AULA 02: TEORIA DO ESTADO ..................................................................... 6 
AULA 03: SISTEMA ELEITORAL E PARTIDOS POLÍTICOS ............................ 10 
AULA 04: CULTURA E IDENTIDADE NACIONAL............................................ 13 
AULA 05: INDÍGENAS NO BRASIL ............................................................... 17 
 
 
CONSTRUTORES(AS) DO MATERIAL DIDÁTICO: Gabrielle Idealli, Giulia Ferrazzano, Karina Fasson, Marcelo Thiago 
Ribeiro, Mariana Boujikian, Marina Luna de Oliveira, Pedro Somma, Talita Amaro de Oliveira, Yasmin Klein 
A
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pixabay 
Este livro é público. 
E ́ permitida a reprodução total ou 
parcial desta obra, desde que citada a 
fonte. Não é permitido comercializar. 
Ajude-o a ser aperfeiçoado, envie seus 
apontamentos e correções para: 
contato@mafaldameraki.org.br 
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 2 
 
 
ÁRABES = ISLÂMICOS = TERRORISTAS 
Antes mesmo de qualquer investigação, a Casa Branca responsabilizou “terroristas árabes”, acusação 
imediatamente assumida como “verdade” e ampliada por jornalistas e especialistas. Até aí, nada de novo no front: em 19 
de abril de 1995, quando um atentado a bomba destruiu um edifício na cidade de Oklahoma, Estados Unidos, causando a 
morte e ferimentos de centenas de pessoas, imediatamente após as primeiras notícias sobre a tragédia, os meios de 
comunicação passaram a especular sobre quem teriam sido os responsáveis. Surgiram então relatos de testemunhas que 
teriam visto perto do local pessoas “com aparência de árabes” - homens de estatura mediana, cabelo e barbas negros, 
olhos castanhos - mais ou menos na hora em que a bomba explodiu. Disseminou-se assim na opinião pública, em pouco 
tempo, a “certeza” de que o atentado fora planejado e executado por uma dessas seitas de “fanáticos muçulmanos que 
estão espalhando terror pelo mundo”. 
Dois dias após o atentado, políticos, jornalistas e intelectuais estadunidenses já clamavam por “atos punitivos” 
dos Estados Unidos contra “países que dão cobertura aos grupos fundamentalistas fanáticos”, em particular, como sempre, 
Irã e Líbia. Muita gente ficou decepcionada quando a polícia constatou, quatro dias depois, que nenhum islâmico estava 
envolvido no atentado. O ato terrorista fora integralmente planejado por um grupo genuinamente estadunidense, liderado 
por Timothy McVeigh, preocupado com o advento do fim do mundo às vésperas da passagem do milênio. Nada poderia 
sintetizar melhor o preconceito destilado pela cobertura do que uma frase proferida por um comerciante local, Nick 
Pagonis: “Queríamos que fossem estrangeiros, iranianos, iraquianos, não importa, mas jamais americanos”. O preconceito 
aparece quando se observa que todos os estrangeiros citados por ele são de países de maioria islâmica. 
“E, se os atentados [de 11 de setembro] tiveram mesmo a sua origem no mundo islâmico, alguém poderia ficar 
surpreso?”, indaga o jornalista australiano John Pilger, um veterano correspondente de guerra e documentarista da BBC e 
dos mais importantes jornais do mundo (incluindo o New York Times e Guardian). Pilger lembra que, dois dias antes do 
atentado, oito pessoas haviam sido mortas, no sul do Iraque, sob um bombardeio conjunto contra áreas civis realizado 
conjuntamente por Estados Unidos e Grã-Bretanha, sem que uma única linha fosse publicada nos jornais britânicos. E 
continua: 
Cerca de 200 mil iraquianos foram chacinados naquilo que foi denominado Guerra do Golfo, segundo a 
Organização Saúde e Educação de Londres. Isso nunca afetou a consciência ocidental. Pelo menos 1 milhão de civis, 
metade dos quais crianças, morreram no Iraque como consequência do embargo medieval imposto ao Iraque pelos 
Estados Unidos e Grã-Bretanha. No Paquistão e Afeganistão, os mujahedin (guerreiros de Alá), que deram origem ao 
fanático Taleban, foram em grande medida uma criação da CIA. Os campos de treino onde Osama bin Laden - agora, “o 
homem mais procurado dos Estados Unidos” - teria planejado os seus ataques foram construídos com dinheiro e apoio 
americanos. Na Palestina, a ocupação prolongada e ilegal praticada por Israel há muito teria terminado, não fosse o 
auxílio dos Estados Unidos. Muito longe de serem os terroristas do mundo, os povos islâmicos são vítimas - 
principalmente vítimas do fundamentalismo americano, cujo poder, em todas suas formas - militar, estratégica e 
econômica -, é a maior fonte de terrorismo do planeta. Esse fato é censurado pela mídia ocidental, cuja “cobertura”, no 
melhor dos casos, minimiza a culpa dos poderes imperiais. (...) 
Que Tony Blair - cujo governo vende armas letais para Israel, inundou o Iraque e a Iugoslávia com bombas de 
fragmentação e urânio, e é o maior fornecedor de armas aos genocidas da Indonésia - possa ser levado a sério quando 
ele condena o “novo terrorismo de massa” é muito revelador da censura de nossa percepção coletiva quanto à maneira 
pela qual o mundo é governado. (...) O terrorismo ocidental faz parte da história recente do imperialismo, palavra que os 
jornalistas não se atrevem a falar ou escrever. (PILGER, 2001) 
 
ATU 01
Mídia e 
comunicação 
de massas
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 3 
Contando com a cumplicidade da mídia, sem 
apresentar qualquer prova material da participação “dos 
árabes” ou de Osama bin Laden no atentado, Bush 
declarou “ guerra ao Afeganistão”, e iniciou 
imediatamente os preparativos. Nos debates 
televisionados pela CNN, em talk shows e programas 
“especializados” em política internacional, a questão não 
era provar a materialidade dos fatos, mas sim quando e 
de que forma deveria começar o ataque a Cabul. De nada 
adiantou o governo afegão multiplicar declarações 
negando sua participação no atentado. Mesmo sem a 
menor sombra de provas, muitos “comentaristas” 
defenderam a tese de que para “acabar com o 
terrorismo” não era suficiente atacar o Afeganistão, mas 
sim todos os países que, segundo Bush, faziam parte do 
“Eixo do Mal” (Irã, Iraque, Coreia do Norte, Cuba, 
Líbia, Síria, Sudão, e quem mais, por alguma razão, 
caísse no desagrado da Casa Branca). 
Com espantosa leveza, com um cinismo 
absolutamente cruel, os comentaristas calculavam a 
eventual necessidade do uso de armas nucleares “com 
alcance localizado”, restando o problema de saber como 
deter o vento, que poderia espalhar radiatividade sobre 
áreas “inocentes”! Em outros termos, criou-se um 
pressuposto (o de que os “árabes” foram responsáveis”) 
e, a partir dessa construção, sem produzir qualquer prova 
material, a maior potência do planeta passou a planejar o 
ataque a uma das mais miseráveis nações, ameaçando 
incendiar com isso o Oriente Médio e a Ásia Central. O 
absurdo completo da situação não impediu que a mídia 
apresentasse George Bush como ícone da “civilização” 
contra barbárie, operando uma completa inversão dos 
fatos. E a mídia produziu tal inversão por ser 
interessante do ponto de vista econômico, geopolítico, 
cultural e militar, nota o jornalista e ativista dos direitos 
humanos Michael Albert: 
As elites dos Estados Unidos gostam da guerra. 
A guerra envia a mensagem de que as elites não se 
curvam às leis, nem à moralidade, mas apenas àquilo 
que afeta os seus próprios interesses. Ela impõe a ideia 
de que o melhor para todos é apoiar os planos das 
elites, ou pelo menos não atrapalhar. A preparação da 
guerra é uma boa notícia econômica para as elites. Os 
gastos militares inflam as bombas de combustível do 
capitalismo e azeitam os seus vasos condutores. (...) A 
guerra amplia os poderes dos ricos e poderosos, mas a 
sua maior virtude é subtrair poder aos trabalhadores e 
aos pobres. A guerra elimina o debate [grifo próprio]. 
Permite que a grande mídia dominea comunicação 
ainda mais radicalmente do que em tempos de paz. A 
guerra legitima a repressão, por exigir obediência. 
Qualifica a dissensão de traição ou, neste caso, de 
terrorismo incipiente. (...) Quando Bush condena os 
ataques a civis com objetivos políticos e pede que 
encontremos maneiras de eliminar tais ações terroristas, 
ele conta com a simpatia de quase todos. Mas, quando, 
em seguida, ele propõe ataques contra populações civis 
(ou as condena à fome), sua hipocrisia deve ser 
criticada. (ALBERT, 2001). 
ARBEX Jr., José. O jornalismo canalha: a promíscua relação entre a 
mídia e o poder. 1. ed. São Paulo: Casa Amarela, 2003. 
 
RECURSOS 
 
SOU CLASSE MÉDIA 
Papagaio de todo telejornal 
Eu acredito 
Na imparcialidade da revista semanal 
Sou classe média 
Compro roupa e gasolina no cartão 
Odeio "coletivos" 
E vou de carro que comprei a prestação 
Só pago impostos 
Estou sempre no limite do meu cheque especial 
Eu viajo pouco, no máximo um pacote CVC tri-anual 
Mas eu “tô nem ai" 
Se o traficante é quem manda na favela 
Eu não "tô nem aqui" 
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera 
Eu quero é que se exploda a periferia toda 
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado 
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão 
O para-brisa ensaboado 
É camelo, biju com bala 
E as peripécias do artista malabarista do farol 
Mas se o assalto é em Moema 
O assassinato é no "Jardins" 
A filha do executivo é estuprada até o fim 
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa 
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal 
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata 
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal 
Porque eu não "tô nem ai" 
Se o traficante é quem manda na favela 
Eu não "tô nem aqui" 
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera 
Eu quero é que se exploda a periferia toda 
Toda tragédia só me importa quando bate em minha 
porta 
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de 
vida 
GONZAGA, M. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/max-gonzaga/471737/> 
Acesso em: 07. dez. 2015 
 
REPORTAGEM 
 
A COBERTURA DAS TRAGÉDIAS E A CONSEQUENTE INDAGAÇÃO 
SELETIVA 
Nos últimos dias, diversas tragédias assolaram o mundo. 
Aqueles que, como nós, não vivenciaram os 
acontecimentos diretamente, tomaram conhecimento 
deles a partir do recorte e da construção midiática dos 
fatos: dos atentados em Paris, passando pelo crime 
ambiental em Minas Gerais e a chacina em Fortaleza. 
A história se repete: um desastre em algum lugar do 
mundo gera manifestações de solidariedade, hashtags e 
avatares nas redes sociais. De imediato, um grupo reage 
lembrando outros casos de atentados, mortos e 
desabrigados em lugares em guerra, famílias vivendo em 
situações insalubres. 
Casos, às vezes, acontecidos em dias muito próximos. 
“Indignação seletiva!” – acusam de um lado. “Minha 
indignação não é seletiva!” – respondem de outro. 
“Somos todos (e todas) Paris, Síria, Mariana, Fortaleza”. 
https://www.letras.mus.br/max-gonzaga/471737/
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 4 
Não, não somos. Somos diversos, com diversas 
experiências e bagagens afetivas e culturais, que 
influenciam na forma como reagimos a cada tragédia. 
Parte significativa dessa bagagem, do conhecimento que 
temos dos lugares, povos e tragédias vem de um lugar 
comum: os grandes meios de comunicação. 
Não se trata, aqui, de pesar qual fato é mais doloroso ou 
digno de cobertura ou solidariedade. Todas as vidas 
ceifadas, assim como toda destruição e violência deve 
nos indignar e atravessar profundamente, inclusive 
aquelas que ganham, quando muito, um mínimo espaço 
nas páginas policiais. Mas para compreender como a 
seleção dos acontecimentos, a abordagem e a comoção 
gerada por eles são feitas, precisamos desnudar o modus 
operandi dos meios de comunicação. E perceber que não 
é difícil concluir que a violência já começa na 
invisibilidade imposta aos que não são considerados 
relevantes. 
A decisão do que é e do que não é notícia, além de que 
notícia é mais importante que outra, é baseada em 
diversos critérios, sistematizados por diferentes autores, 
ensinados nas escolas de jornalismo e incorporados ao 
cotidiano das redações. Apenas para usar como exemplo 
o elenco mais conciso deles, dá-se mais relevância aos 
acontecimentos de acordo com: novidade, proximidade 
geográfica, proeminência e negativismo. 
Ou seja, o que acontece hoje é uma notícia mais 
importante do que o que se passou anteontem; um jornal 
do Ceará colocará em destaque notícias da periferia de 
Fortaleza, não de Paris; porém, caso morra um camelô 
na feira da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, ou a 
apresentadora Angélica sofra um acidente, O Globo dará 
a manchete para ela; uma má notícia ganha mais 
destaque que um acontecimento positivo. 
Esses critérios obviamente não são naturais. Foram 
pensados a partir do que toca mais o público, sim, mas 
também estão fortemente ligados a valores econômicos e 
culturais. A vida de um parisiense vale mais do que a de 
um sírio? Pessoalmente podemos achar que não – e 
defendemos que não. Para a imprensa brasileira 
tradicional, no entanto, a resposta é sim. 
Ao nos apresentar o mundo que nem sempre 
conhecemos de perto – ou, mesmo quando o fazemos, 
estamos já atravessados por todas as informações e 
imagens que nos chegaram de forma midiatizada –, a 
mídia também colabora para que tenhamos mais 
familiaridade com certos povos e lugares. Cenários que 
já vimos tanto no cinema e na televisão. 
Na geografia dos afetos, o Rio de Janeiro é muito mais 
próximo de Paris do que de Fortaleza. Além disso, o tipo 
de tragédia que assolou Fortaleza na última semana, com 
a chacina de doze pessoas – em especial jovens negros –, 
é a tragédia cotidiana nas periferias, morros e favelas. O 
critério da novidade aí também se esvazia. 
E o que é uma tragédia passa a ser banal, sem merecer 
qualquer destaque. Até mesmo o lugar social dos 
envolvidos é usado para justificar ou não suas mortes. 
Ter ou não passagem pela polícia tornou-se, assim, uma 
das primeiras perguntas feitas e reportadas na apuração 
dos assassinatos. Afinal, a tão propagada narrativa 
policialesca tem fixado na sociedade que “bandido bom 
é bandido morto”. Foi assim em Cabula, em Salvador, e 
tem sido assim agora, no Ceará. 
Mas a própria lógica da noticiabilidade é subvertida 
quando segui-la prejudica interesses políticos e 
econômicos dos veículos de comunicação. O caso do 
rompimento da barragem do Rio Doce, obra da 
Samarco, controlada pela Vale, em Mariana/MG, é 
emblemático. Novidade, proximidade, proeminência, 
negatividade. São dezenas de mortos e desabrigados, 
cidadãs e cidadãos sem água potável e um prejuízo 
humano e ambiental cujas consequências afetarão por 
anos uma extensão territorial significativa de nosso país. 
O crime, no entanto, que tem responsáveis muito claros, 
vem sendo reportado como desastre ambiental. 
Tampouco se discute a fundo a questão das privatizações 
e da responsabilidade do poder público no 
acompanhamento das ações das mineradoras. 
A própria presidenta da República só foi à região, 
sobrevoando a área de helicóptero, uma semana depois 
do rompimento da barragem. O fato de nossa autoridade 
política não ter dado a devida importância ao 
acontecimento em Minas sem dúvida contribui para o 
não-destaque nas pautas dos telejornais e veículos 
impressos. Mas chamar a atenção de autoridades e 
cobrar a responsabilização dos envolvidos também é 
papel da imprensa, por meio da definição do que ganha e 
do que não ganha as manchetes. 
O que versões pouco críticas da teoria do jornalismo que 
ensina tradicionais valores-notícia como fundamentais 
para que um fato ganhe repercussão pública ignoram é o 
impacto dessa padronização. Ela faz com que agora, em 
todos os portais noticiosos da grande imprensa, uma 
narrativa (na qual estão incluídas motivações esupostas 
soluções para os conflitos) muito semelhante seja 
distribuída para grande parte da população. Isso nos 
impede de perceber também a perversidade dessa 
construção, que escamoteia os interesses que rondam – e 
muitas vezes determinam – aquilo que lemos, vemos ou 
escutamos por meio na mídia. 
Por isso, em vez de apontarmos o dedo uns aos outros, 
principalmente nas redes sociais, acusando-nos 
mutuamente de indignação seletiva, cabe entender como 
é construída tal seleção no nosso próprio imaginário. 
Qual o papel da mídia nesse processo, mesmo entre 
quem busca coberturas e veículos alternativos ao 
mainstream. 
Quais as consequências da grande concentração num 
setor que deveria ser regido pela pluralidade e pela 
diversidade de ideias, como preza qualquer boa 
democracia. E a quem serve a fragmentação da nossa 
indignação, que tem como pano de fundo, por mais 
clichê que seja a afirmação, um sistema mundial de 
opressões que pune e invisibiliza “minorias” sociais do 
Ocidente ao Oriente, nas grandes cidades, periferias, 
morros e favelas; no campo e nas reservas indígenas e 
ambientais; na esquina da nossa casa. 
MOURÃO, Mônica; MARTINS, Helena. A cobertura das tragédias e a 
consequente indagação seletiva. Carta Capital, São Paulo. 16 nov. 2015. 
Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/a-
cobertura-das-tragedias-e-a-consequente-indignacao-seletiva-4432.html>. 
Acesso em: 06 jan. 2016. 
 
 
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 5 
APROFUNDAMENTO 
KEHL, Maria Rita; BUCCI, Eugênio. Videologias: 
ensaios sobre televisão. São Paulo: Boitempo, 2004 
ARBEX Jr., José. Jornalismo Canalha: A promíscua 
relação entre a mídia e o poder. São Paulo: Casa 
Amarela, 2003. 
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. 
Dialética do Esclarecimento. Tradução de Guido 
Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar Ed,, 1985. 
BUCCI, Eugênio. A Imprensa e o Dever da 
Liberdade. São Paulo: Contexto, 2009. 
 
 
 
01. Quanto ao “choque de civilizações”, é bom lembrar a carta de 
uma menina americana de sete anos cujo pai era piloto na Guerra 
do Afeganistão: ela escreveu que — embora amasse muito seu pai 
— estava pronta a deixá-lo morrer, a sacrificá-lo por seu país. 
Quando o presidente Bush citou suas palavras, elas foram 
entendidas como manifestação “normal” de patriotismo americano; 
vamos conduzir uma experiência mental simples e imaginar uma 
menina árabe maometana pateticamente lendo para as câmeras as 
mesmas palavras a respeito do pai que lutava pelo Talibã — não é 
necessário pensar muito sobre qual teria sido a nossa reação. 
ZIZEK, S. Bem-vindo ao deserto do real. São Paulo: Boi Tempo, 2003. 
 
a) Qual o possível papel das grandes mídias sobre a formação de 
opinião da menina estadunidense que escreveu a carta citada no 
texto acima? 
b) Por que o autor entende que se palavras semelhantes daquelas 
proferidas na carta da estadunidense fossem ditas por uma garota 
árabe a reação do senso comum seria diferente? Qual a 
responsabilidade das grandes mídias nessa diferenciação? 
 
 
 
a) A ideia que as grandes mídias propagam por todo o mundo 
ocidental, é a de que o governo estadunidense juntamente com sua 
população de cidadãos patriotas está representando uma causa 
justa, se defendendo da barbárie árabe nas guerras do Oriente 
Médio e protegendo os Estados Unidos, seu estimado país, a 
qualquer custo. A questão é que o “a qualquer custo” não é 
problematizado, muito pelo contrário, essa visão possivelmente tem 
uma forte influência no processo de formação da opinião de muitas 
pessoas. Até mesmo de uma criança de sete anos que imagina que 
seu pai é um “herói” e normaliza a ideia de que ele não faz nada 
além de sua obrigação, qual seja, servir sua pátria nesses embates, 
ainda que com a própria vida. 
 
b) Justamente por idealizar na imagem do norte-americano um 
herói que defende seu país, para reforçar essa ideia e vetar 
qualquer questionamento quanto à posição estadunidense, é 
necessária a criação de um estereótipo do inimigo dos Estados 
Unidos. Estereótipo que atualmente recai sobre os povos árabes, 
na figura de “terroristas”. Logo, é papel das mídias não caírem em 
contradição e caso, uma menina árabe fizesse o mesmo que a 
menina norte-americana, a ideia propagada seria a de que ela 
estaria compactuando com os “terroristas árabes”. 
 
 
 
 
ARBEX Jr., José. O jornalismo canalha: a promíscua relação entre a 
mídia e o poder. 1. ed. São Paulo: Casa Amarela, 2003. 
 
GONZAGA, M. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/max-
gonzaga/471737/> Acesso em: 07. dez. 2015 
 
MOURÃO, Mônica; MARTINS, Helena. A cobertura das tragédias e a 
consequente indagação seletiva. Carta Capital, São Paulo. 16 nov. 
2015. Disponível em: 
<http://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/a-cobertura-das-
tragedias-e-a-consequente-indignacao-seletiva-4432.html>. 
Acesso em: 06 jan. 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TAREFA DISSERTATIVA 
RESPOSTAS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
https://www.letras.mus.br/max-gonzaga/471737/
https://www.letras.mus.br/max-gonzaga/471737/
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 6 
 
 
TEXTO-BASE 
 “Devido as múltiplas relações entre estado e sociedade e aos seus numerosos problemas, é difícil de se definir o 
que realmente é o estado contemporâneo. Os direitos fundamentais representam uma barreira contra a intervenção do 
estado. Já os direitos sociais representam o direito de participação do poder político e na distribuição da riqueza 
produzida. 
A gradual integração entre estado e sociedade acabou por alterar a forma jurídica do Estado, os processos de legitimação e 
a estrutura da administração. O estado de direito pode ser assim dividido: 
 Estrutura formal do sistema jurídico, garantia das liberdades fundamentais com a aplicação da lei geral-abstrata 
por parte de juízes independentes. 
 Estrutura material do sistema jurídico: liberdade de concorrência no mercado, reconhecida no comércio aos 
sujeitos da propriedade. 
 Estrutura social do sistema jurídico: a questão social e as políticas reformistas de integração da classe 
trabalhadora. 
 Estrutura política do sistema jurídico: separação e distribuição do poder.” 
 
Você aprenderá neste capítulo: 
 O que é uma Constituição 
 O princípio da Divisão dos poderes 
 O Federalismo e o conceito de federação 
Palavras chave: 
 Constituição 
 Poder Executivo, Legislativo e Judiciário 
 Sufrágio Universal 
 Federação 
 Monarquia e República 
 Presidencialismo e Parlamentarismo 
INTRODUÇÃO: O BARÃO DE MONTESQUIEU E O ESPÍRITO DAS LEIS 
 No ano de 1748 um homem chamado Charles-Louis de Secondat, mais conhecido como Barão de Montesquieu, 
publicou um livro que viria a se tornar uma das obras mais influentes da História. O livro O Espírito das Leis propunha-se 
a estudar as chamadas leis humanas e as diferentes formas de governar. 
Imerso em um contexto de monarquias absolutistas, onde tudo o rei podia, sem nenhum limite, Montesquieu 
propôs que o poder do Estado tende a ser danoso de tal forma à sua sociedade que deveria ser dividido em três poderes 
menores e iguais: um poder legislativo, que escolhesse as leis adequadas a um povo; um poder judiciário, que aplicasse 
essas leis de maneira isenta e seguindo os princípios da justiça; e um poder executivo, que garantisse o uso dessas leis para 
o melhor interesse do povo. 
 Cada poder deveria ser independente e autônomo frente ao outro, de maneira que nenhum se sobrepusesse aos 
outros dois. Cada poder monitoraria o outro, impedindo excessos e despotismos. Esta ideia, conhecida como o princípio 
da Divisão dos Poderes, foi incorporada por praticamente todos os países democráticos do mundo. 
No Brasil, a Constituição de 88 adotou também este princípio, definindo que o poder que emanaria do povo 
ATU 02
Teoria do 
Estado
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIOMAFALDA 7 
pelo sufrágio universal, ou seja, com o direito ao voto 
estendido à toda população, seria dividido em três: 
executivo, que administra o país, definindo políticas 
públicas e o uso do dinheiro dos contribuintes, o 
legislativo, que faz a representação do povo (Câmara 
dos Deputados) e das unidades federativas (Senado), 
além de fiscalizar o executivo, e o judiciário, que com 
base nas leis decide sobre conflitos entre cidadãos e 
instituições públicas ou privadas. 
 
O FEDERALISMO E OS ESTADOS DA FEDERAÇÃO 
Outra ideia fundamental para compreender a 
organização do Estado no Brasil é o conceito de 
Federalismo. 
Em 1787, os Estados Unidos da América 
acabara de se tornar independente do Império Britânico 
e promulgava sua Constituição, definindo os princípios 
gerais da organização política. Porém, havia um 
problema especialmente importante que demandou a 
atenção dos primeiros líderes da então recém fundada 
nação: como manter unida uma sociedade com tamanha 
diversidade de valores e tradições e distribuída em um 
território tão grande. Eles sabiam que a unidade seria 
melhor para todos do que a separação territorial e que, 
por outro lado, só seria possível se fosse concedida a 
cada região o maior grau de autonomia possível. 
Propôs-se então a criação de uma união de 
estados autônomos, que poderiam editar suas próprias 
leis e que teriam igual representação e influência no 
governo central. Para garantir isto, criou-se uma segunda 
câmara de representantes chamada Senado onde cada 
estado possuiria o mesmo número de parlamentares 
eleitos. Toda decisão tomada pela esfera federal deveria 
ser aprovada por esta câmara, garantindo que as decisões 
da federação sempre respeitassem os estados. A este 
conceito foi dado o nome de Federalismo. 
A construção histórica e a vastidão do Brasil 
exigiram que este mesmo princípio fosse adotado por 
aqui também. Dessa forma, dividiu-se o Estado 
brasileiro em três esferas de poder, cada uma com suas 
responsabilidades: Federal, Estadual e Municipal. 
Os estados têm relativa autonomia entre si e são 
integrados por um governo federal que, por sua vez, é 
regido por uma Constituição. A representação das 
unidades federativas, ou estados, é feita no Senado, onde 
cada unidade escolhe por voto direto três representantes, 
os Senadores. É importante destacar que no Senado há 
equidade entre os estados, ou seja, todos têm o mesmo 
número de representantes. Diferentemente da Câmara 
dos Deputados, onde a representação é feita por 
proporcionalidade, ou seja, estados com população 
maior possuem mais representantes. 
 Tal modelo de Estado é chamado de Federação 
e sobre tal ponto houve consenso na Assembleia 
Constituinte de 1988. Porém alguns pontos não 
chegaram ao consenso na discussão e, portanto, foram 
decididos por meio de um plebiscito, que nada mais é do 
que uma eleição direta sobre um tema específico em que 
o Estado pergunta ao povo sua vontade. 
 
A CONSTITUIÇÃO DE 88 
Durante a Ditatura Militar, o Estado Brasileiro 
havia sido organizado para garantir às elites militares e 
seus aliados o controle das políticas públicas. Além das 
eleições presidenciais indiretas, ou seja, eleito apenas 
pelo Congresso, o número de partidos era limitado à 
apenas dois: a ARENA e o MDB (atual PMDB). 
Após mais de 20 anos vivendo nesse modelo, o 
Estado Brasileiro precisava reorganizar-se novamente 
por meio de instituições públicas que conseguissem 
representar de fato os interesses e ideologias do povo. 
Para isso, em 1986, foi realizada uma eleição geral no 
país para escolher os representantes do povo na 
Assembleia Constituinte do país. 
A única função dessa Assembleia Constituinte 
era, por meio de uma nova Constituição reconstruir o 
Estado Brasileiro de forma democrática. 
 
 
O que é uma Constituição? 
Constituição é a lei fundamental de organização de um país, à qual todas as demais leis devem obedecer. 
Esta lei exerce duas funções básicas: (1) delimita os poderes políticos do Estado - quem decide e como as decisões são tomadas – e 
(2) define os direitos e deveres fundamentais de seus cidadãos. 
É, portanto, o documento jurídico mais importante de um país, pois define as diretrizes básicas pelas quais a sociedade se organiza. 
Nenhuma lei pode contradizê-la e nela devem constar os valores mais importantes do povo, definidos por meio de seus representantes eleitos 
para isso. 
 
 
Acesse a Constituição Federal do Brasil no link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 8 
 
O PLEBISCITO DE 1993 
Porém, mesmo focada em organizar o Estado 
Brasileiro, não houve consenso sobre duas questões: a 
forma de governo e o sistema de governo que o novo 
Estado usaria para organizar o poder. Para decidir tais 
pontos, foi organizado um grande plebiscito em 1993. 
Assim, o povo poderia decidir com o voto direto o que 
os deputados constituintes não conseguiram definir. 
 
FORMA DE GOVERNO 
Trata basicamente das instituições pelas quais o 
Estado se organiza, ou seja, como o poder que será 
exercido sobre a sociedade é distribuído. 
No plebiscito realizado em 1993, os eleitores 
podiam escolher entre a Monarquia, onde há uma 
instituição chamada Casa Real, que é uma família que 
exerce a chefia do Estado; e a República, que distribui o 
poder em diversas instituições públicas, ou seja, sem a 
personificação ou posse por parte de uma família. 
A opção do povo brasileiro foi pela República, 
que é como nos organizamos hoje. Ou seja, atualmente 
quem concentra o poder no Brasil são instituições, não 
pessoas. 
 
SISTEMA DE GOVERNO 
Também naquele plebiscito, foi decidido como 
seriam as relações entre tais instituições detentoras do 
poder. 
 Existia a possibilidade de o Brasil organizar-se 
como Parlamentarista, onde há separação dos papeis 
de chefe do Estado, função representativa, e chefe do 
Governo, função executiva; ou como Presidencialista, 
onde tais funções são exercidas pela mesma instituição 
e, por assim dizer, concentram as tarefas. 
Com ampla vantagem, os eleitores decidiram 
pelo sistema de governo Presidencialista, onde a figura 
do Presidente da República concentra funções de chefe 
de Estado e chefe do governo. 
Portanto, após o plebiscito de 1993, o Brasil 
decidiu-se por uma República Presidencialista, onde o 
executivo funciona de forma independente do 
legislativo, com eleição direta para seu líder, o 
Presidente. Este, por sua vez, tem a responsabilidade de, 
após eleito, formar o governo que irá tomar decisões e 
garantir o cumprimento destas. 
 
 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
01. (UNICAMP, 2011) 
 
 
 
 
 
 
 
TAREFA DISSERTATIVA 
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 9 
 
 
Em um sistema bicameral, como no Brasil, o poder Legislativo é dividido em: Senado Federal e Câmara dos Deputados, 
compondo o Congresso Nacional. Suas funções estão especificadas na Constituição, mas, basicamente, consistem em 
debater, elaborar e aprovar leis. São eleitos três senadores por unidade federativa e Distrito Federal, totalizando 
81servidores. Já na Câmara dos Deputados, a quantidade de deputados depende da quantidade de habitantes que 
determinada unidade da Federação possui, podendo variar entre oito cadeiras (que é o mínimo de representantes por 
região) à 70, que é o máximo. Nesse sentido, o critério é de proporcionalidade. Tem-se, atualmente, 513 deputados 
formando a Câmara. 
Além disso, outra diferença está no tempo de mandato: enquanto os senadores têm mandato de oito anos, os deputados 
têm quatro anos. 
 
b) O Estado é a unidade administrativa de um determinado território, formado por instituições públicas, como escolas, 
presídios, hospitais, etc., que atendem às demandas da população que vive neste território. O governo é, nesse sentido,uma instituição que tem como função a administração do Estado. É transitório, na medida em que se elegem outros 
representantes para governar o Estado. 
 
 
 
BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Editora UnB, 13ª edição. 
BRASIL. Senado Federal. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/>. Acesso em: 15 ago. 2017. 
RESPOSTAS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 10 
 
 
TEXTO-BASE 
 “Segundo a famosa definição de Weber, o Partido político é "uma associação... que visa a um fim deliberado, seja 
ele 'objetivo' como a realização de um plano com intuitos materiais ou ideais, seja pessoal', isto é, destinado a obter 
benefícios, poder e, consequentemente, glória para os chefes e sequazes, ou então voltado para todos esses objetivos 
conjuntamente". Esta definição põe em relevo o caráter associativo do partido, a natureza da sua ação essencialmente 
orientada à conquista do poder político dentro de uma comunidade, e a multiplicidade de estímulos e motivações que 
levam a uma ação política associada, concretamente à consecução de fins "objetivos" e/ou "pessoais". Assim concebido, o 
partido compreende formações sociais assaz diversas, desde os grupos unidos por vínculos pessoais e particularistas às 
organizações complexas de estilo burocrático e impessoal, cuja característica comum é a de se moverem na esfera do 
poder político. Para tornar mais concreta e específica esta definição é usual sublinhar que as associações que podemos 
considerar propriamente como partidos surgem quando o sistema político alcançou um certo grau de autonomia estrutural, 
de complexidade interna e de divisão do trabalho que permitam, por um lado, um processo de tomada de decisões 
políticas em que participem diversas partes do sistema e, por outro, que, entre essas partes, se incluam, por princípio ou de 
fato, os representantes daqueles a quem as decisões políticas se referem. Daí que, na noção de partido, entre todas as 
organizações da sociedade civil surgidas no momento em que se reconheça teórica ou praticamente ao povo o direito de 
participar na gestão do poder político. É com este fim que ele se associa, cria instrumentos de organização e atua. ” 
BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Editora UnB, 13ª edição 
 
CONTEÚDO 
SISTEMA ELEITORAL 
O sistema eleitoral define como votos são transformados em mandatos, ou seja, como são contabilizados e a 
forma com que são decididos os políticos que irão representar o povo. A Assembleia Constituinte de 1988 discutiu, além 
do sistema de governo, de que forma seriam distribuídos os mandatos. 
Antes de entrar nas regras eleitorais, no entanto, é importante destacar alguns pontos sobre a legislação eleitoral 
brasileira. 
 
QUEM PODE SER ELEITO? 
Segundo a legislação eleitoral, qualquer pessoa com nacionalidade brasileira pode se candidatar a qualquer cargo 
público, desde que seja alfabetizado e tenha no mínimo 18 anos, idade em que o exercício do direito político passa a ser 
obrigatório por meio do voto. Alguns cargos específicos, no entanto, exigem idades maiores, como presidente, que obriga 
os candidatos a terem no mínimo 35 anos. 
Outro ponto importante é que apenas podem concorrer aos cargos pessoas que estejam filiadas à partidos 
políticos, já que estes são considerados pela lei a maneira organizada de participação de grupos sociais. 
 
QUEM PODE VOTAR? 
Todo brasileiro nato com mais de 18 anos é obrigado a votar. Entre 16 e 18 anos e acima de 70 o voto é 
facultativo. 
Ao falar especificamente do sistema eleitoral brasileiro, é interessante separamos em dois modelos para analisar 
melhor: Majoritário, que no Brasil é usado para definição dos mandatos do executivo, como presidente, governador e 
prefeito; e Proporcional, que decide os ocupantes das cadeiras legislativas, como senadores, deputados (federais e 
ATU 03
Sistema 
eleitoral e 
Partidos 
políticos
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 11 
estaduais) e vereadores. 
Pode parecer simples em uma primeira análise, 
mas existem diversas regras específicas que decidem se 
um ou outro candidato é eleito, especialmente para 
cargos legislativos. Vamos abordá-los separadamente. 
 
ELEIÇÕES MAJORITÁRIAS 
O Brasil, na Assembleia Constituinte de 1988, 
decidiu que todos os cargos do executivo seriam 
decididos em eleições majoritárias, onde o candidato 
eleito é aquele que concentrou a maior quantidade de 
votos. Isso se deve ao fato do executivo ser responsável 
pela administração direta do governo, impactado 
profundamente a vida dos cidadãos. 
O voto majoritário, no entanto, pode ser de 
vários tipos. Na Maioria Simples, o vencedor é o 
candidato com mais votos simplesmente, mesmo que 
não seja a maioria absoluta. Na votação em Dois 
Turnos, forçasse que um dos candidatos receba a 
maioria absoluta dos votos levando os dois mais votados 
para uma segunda rodada. 
No Brasil, as eleições do executivo são 
decididas em Dois Turnos para conferir mais 
legitimidade ao vencedor. A exceção são cidades com 
menos 200.000 habitantes, onde há decisão por Maioria 
Simples, ou quando um candidato recebe a maioria 
absoluta dos votos ainda no primeiro turno. 
Este sistema também é utilizado no Brasil para a 
decisão dos Senadores, que são escolhidos por Maioria 
Simples pelos estados pelo qual estão concorrendo. 
 
ELEIÇÕES PROPORCIONAIS 
Utilizado nas eleições legislativas municipal e 
estadual, além da Câmara Federal, o modelo 
proporcional é complexo e exige uma análise mais 
detalhada para total compreensão. Vamos analisar como 
se dá a distribuição das cadeiras da Câmara dos 
Deputados para facilitar a compreensão. 
Em primeiro lugar, é necessário fazer a 
distribuição das 513 cadeiras entre as unidades 
federativas de acordo com a população de cada uma 
delas. Como os deputados são representantes do povo, 
estados com população maior tem mais representantes 
na Câmara. De modo a evitar uma diferença 
desproporcional, criou-se um piso de 8 deputados (DF, 
AC e AM, por exemplo) e um teto de 70 representantes 
(SP). 
Feito isso, o próximo passo é decidir quantas 
cadeiras serão distribuídas a cada partido ou coligação, 
dado que o sistema eleitoral brasileiro define que a 
participação política deve ser feita por meio de partidos 
políticos. Para isso, divide-se o número total de votos 
válidos pelo número de vagas a serem preenchidas pela 
unidade federativa. Este número é chamado de 
quociente eleitoral. 
Cada partido ou coligação terá direito ao 
número inteiro resultante da divisão do número de votos 
recebidos por ele pelo quociente eleitoral. Este número é 
chamado de quociente partidário. 
É importante ressaltar aqui que é quase 
impossível que esta conta resulte em um número inteiro, 
portanto é necessário um outro processo para decidir 
como serão ocupadas as cadeiras restantes. Tal método é 
chamado de sistema de médias. 
Funciona assim: divide-se o quociente partidário 
pelo número de cadeiras já conseguidas mais um. 
Aquela coligação ou partido que tiver a maior média 
recebe uma sobra a mais. Em seguida repete-se a conta 
até que todas as cadeiras sejam preenchidas. 
Existem ao redor do mundo outros modelos de 
distribuição de cadeiras legislativas, como o voto 
distrital. Este modelo, diferentemente do proporcional, 
divide o país em distritos, com representação partidária 
única em cada um deles e decisão do eleito por meio de 
uma eleição majoritária. Na prática, cada distrito decide 
uma única pessoa para representa-lo na Câmara dos 
Deputados ou Parlamento. 
Então é possível perceber que, no sistema 
eleitoral brasileiro, quem recebe a cadeira para 
representar o povo na Câmara dos Deputados é o partido 
político ou a coligação, não o candidato. Diversas 
decisões do judiciário vêm reafirmando essa visão, 
principalmente quando um deputado muda de partido 
durante o mandato. 
Ainda resta, no entanto, entender comoo 
partido ou coligação distribuí as cadeiras entre os 
candidatos. Tal processo é baseado em uma lista, que 
pode ser fechada, ou seja, definida e ordenada pelo 
partido antes da eleição, ou aberta, definida antes do 
pleito, mas ordenada a partir dos votos recebidos por 
cada candidato. 
No Brasil, é utilizado o modelo de lista aberta, 
em que quem define a prioridade de ocupação das 
cadeiras recebidas pelo partido ou coligação são os 
eleitores por meio do voto direto no candidato. É 
interessante notar que o sistema eleitoral brasileiro 
permite, no entanto, o voto apenas no partido, sem 
obrigar o eleitor a escolher um candidato para ocupar a 
vaga. 
Este processo eleitoral, então, explica como um 
candidato menos votado pode acabar ocupado um 
assento na Câmara dos Deputados em detrimento de 
outro com mais votos: a coligação ou partido recebeu 
mais cadeiras para ocupar pelo sistema proporcional. 
Existem diversas críticas ao modelo 
proporcional e a lista aberta. O debate tem ganho 
força, inclusive com o aumento da importância de uma 
reforma política, que abordara exatamente temas como 
esse. 
 
 
 
01. Qual a função do sistema eleitoral? 
02. Como é dividido o sistema eleitoral brasileiro? Explique os 
modelos utilizados. 
 
 
 
01. O sistema eleitoral define como os votos serão transformados 
em cadeiras. 
 
TAREFA DISSERTATIVA 
RESPOSTAS 
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 12 
02. No sistema eleitoral brasileiro, há o sistema majoritário e 
proporcional. No primeiro, usado para definir cargos do executivo, 
o candidato que concentra a maior quantidade de votos é eleito. Já 
no proporcional, usado para definir as cadeiras do legislativo, 
várias variáveis interferem na disputa pelos mandatos. Por exemplo, 
o número de habitantes de determinado estado, os partidos ou 
coligações, etc. 
 
 
BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: 
Editora UnB, 13ª edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 13 
 
TRÊS CONCEPÇÕES DE IDENTIDADE 
Para os propósitos desta exposição, distinguirei três concepções muito diferentes de identidade, a saber, as 
concepções de identidade do: 
 
a) sujeito do Iluminismo, 
b) sujeito sociológico e 
c) sujeito pós-moderno. 
 
O sujeito do Iluminismo estava baseado numa concepção de pessoa humana como um indivíduo totalmente 
centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação, cujo “centro consistia num núcleo 
interior” (grifo próprio), que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia e como se desenvolvia, ainda que 
permanecendo essencialmente o mesmo - contínuo ou “idêntico” a ele - ao longo da existência do indivíduo. O centro 
universal do eu era a identidade de uma pessoa (grifo próprio). Direi mais sobre isto em seguida, mas pode-se ver que 
essa era uma concepção muito “individualista” do sujeito e sua identidade (na verdade, a identidade dele: já que o sujeito 
do Iluminismo era usualmente descrito como masculino). 
A noção de sujeito sociológico refletia a crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que este 
núcleo interior do sujeito não era autônomo e autossuficiente, mas era formado na relação com “outras pessoas 
importantes para ele”, que mediavam para o sujeito os valores, sentidos e símbolos - a cultura - dos mundos que ele(a) 
habitava. G.H. Mead, C.H. Cooley e os interacionistas simbólicos são as figuras-chave na sociologia que elaboraram esta 
concepção “interativa” entre o eu e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o “eu real”, mas 
este é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais “exteriores” e as identidades que esses 
mundos oferecem. 
A identidade, na concepção sociológica, preenche o espaço entre o “interior” e o “exterior” - entre o mundo 
pessoal e o mundo público. O fato de que projetamos a “nós próprios” nessas identidades culturais, ao mesmo tempo que 
internalizamos seus significados e valores, tornando-os “parte de nós”, contribui para alinhar nossos sentimentos 
subjetivos que ocupamos no mundo social e cultural. A identidade, então, costura o sujeito à estrutura. Estabiliza tanto 
os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados e predizíveis. 
Argumenta-se, entretanto, que são exatamente essas coisas que agora estão “mudando”. O sujeito, previamente vivido 
como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias 
identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas. Correspondentemente, as identidades, que compunham as 
paisagens sociais “lá fora” e que se asseguravam nossa conformidade subjetiva com as “necessidades” objetivas da 
cultura, estão entrando em colapso, como resultado de mudanças estruturais e institucionais. O próprio processo de 
identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se provisório, variável e 
problemático. 
Esse processo produz o sujeito pós-moderno, conceptualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou 
permanente. A identidade torna-se uma “celebração móvel”: a formada e transformada continuamente em relação às 
formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. É definida 
historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que 
não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em 
diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que temos 
uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma estória sobre nós mesmos ou 
uma confortadora “narrativa do eu”. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é 
ATU 04
Cultura e 
identidade 
nacional
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 14 
uma fantasia (grifo próprio). Ao invés disso, à medida 
em que os sistemas de significação e representação 
cultural se multiplicam, somos confrontados por uma 
multiplicidade desconcertante e cambiante de 
identidades possíveis, com cada uma das quais 
poderíamos nos identificar - ao menos temporariamente. 
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós modernidade. 11. ed. Rio 
de janeiro: DP&A, 2006. 
 
ESTADO, CULTURA POPULAR E IDENTIDADE NACIONAL 
Pode-se dizer que a relação entre a temática do 
popular e do nacional é uma constante na história da 
cultura brasileira, a ponto de um autor como Nelson 
Werneck Sodré afirmar que só é nacional o que é 
popular. Em diferentes épocas, e sob diferentes aspectos, 
a problemática da cultura popular se vincula à da 
identidade nacional. Sílvio Romero, percursor dos 
estudos sobre o caráter brasileiro, definiu seu método de 
trabalho como “popular e étnico”, isto porque o conceito 
de povo que predominava junto aos intelectuais do final 
do século XIX era o da mistura racial, o brasileiro se 
apresentando como raça mestiça (grifo próprio). Não é 
por acaso que a Câmara Cascudo considera Sílvio 
Romero como um dos fundadores da tradição dos 
estudos folclóricos; ele na verdade procura encontrar na 
cultura popular os elementos que em princípio 
constituíram o homem brasileiro. Os escritos de Gilberto 
Freyre retomam, nos anos 1930, as mesmas 
preocupações dos intelectuais do final do século. É bem 
verdade que os argumentos racistas que pontilham as 
análises de Sílvio Romero, Nina Rodrigues e Euclides da 
Cunha são deixados de lado. Não obstante, o brasileiro 
será caracterizado como homem sincrético, produto do 
cruzamento de três culturas distintas: a branca, a negra e 
a índia. O conceito de povo permanece, no entanto, 
relativamente próximo àquele elaborado anteriormente,uma vez que o brasileiro seria constituído por este 
elemento popular oriundo da miscigenação cultural. 
Identidade nacional e cultura popular se associam ainda 
aos movimentos políticos e intelectuais nos anos 1950 e 
1960 e que se propõem redefinir a problemática 
brasileira em termos de oposição ao colonialismo. 
Poderíamos ainda multiplicar os exemplos. O 
movimento modernista, que busca nos anos 1920 uma 
identidade brasileira, se prolonga em Mário de Andrade 
em seus estudos sobre o folclore, e na tentativa de criar 
um Departamento de Cultura, que em outros aspectos se 
volta para a cultura popular. 
 Se alargarmos o horizonte de nossas reflexões 
observamos que a relação entre o nacional e popular se 
manifesta em outras situações históricas e sob diferentes 
perspectivas teóricas. É o caso do processo de 
descolonização africana, descrito, por exemplo, na obra 
de Frantz Fanon. Fanon se preocupa com as práticas 
religiosas, com a cultura das etnias negras e 
muçulmanas, com a utilização das técnicas modernas 
pelas classes populares, enfim, com uma série de 
elementos que caracterizam o popular, mas associando-o 
intimamente a um projeto de libertação nacional. A luta 
contra o colonialismo é simultaneamente nacional e 
popular. Os escritos sobre a África têm como pano de 
fundo a criação de um Estado nacional argelino no 
interior de uma união pan-africana de nações 
independentes do Terceiro Mundo. No embate 
anticolonialista, o que deve ser ressaltado aqui é a 
vinculação entre identidade nacional e Estado nacional; 
como vimos, somente desta forma poderia dar-se a 
libertação do homem africano. (...) 
 Esta relação [que aparecem nos escritos de 
Fanon] (...) pode a meu ver ser reencontrada no caso 
brasileiro. Nos estudos considerados neste livro a 
questão do Estado se coloca de maneira recorrente. A 
obra de Sílvio Romero, Nina Rodrigues e Euclides da 
Cunha se insere na tradição de pensamento do século 
XIX, que procura insistentemente definir o fundamento 
do ser nacional como base do Estado brasileiro. O 
objetivo desses intelectuais é claro, eles se propõem a 
compreender as crises e os problemas sociais e elaborar 
uma identidade que se adeque ao novo Estado nacional. 
Durante o período em que escreve Gilberto Freyre 
recoloca-se a questão do Estado. Nesse momento, que 
alguns historiadores chamaram de “redescoberta do 
Brasil”, todo movimento de compreensão da sociedade 
brasileira se insere no contexto mais amplo de 
redefinição nacional. A revolução de 1930, o Estado 
Novo, a transformação da infraestrutura econômica, 
colocam para os intelectuais da época o imperativo de se 
pensar a identidade de um Estado que se moderniza. A 
problemática do nacional e do popular correspondem a 
um momento em que existe uma luta ideológica que se 
trava em torno do Estado. Por fim, vimos que com o 
golpe militar o Estado autoritário tem a necessidade de 
reinterpretar as categorias de nacional e popular, e pouco 
a pouco desenvolve uma política de cultura que busca 
concretizar a realização de uma identidade 
“autenticamente” brasileira. 
ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. 5. ed. São 
Paulo: Brasiliense, 2006. 
 
AMÉRICA 
LOS TIGRES DEL NORTE 
Ter nascido na América é como uma benção 
Cheia de belas imagens, que alegra o coração 
Mosaico de mil cores, mulheres bonitas e flores 
Para os povos da América, eu canto minha canção 
Da América eu sou, da América eu sou 
Da cor da terra eu nasci 
Pela herança, meu idioma espanhol 
Os do norte dizem que sou latino 
Não querem dizer que sou americano 
 
Sou o gaúcho a galopar pelos Pampas 
Sou charrúa1, jíbaro2 
Sou chapín3, esquimó, príncipe Maya 
Sou guajiro4, sou cavaleiro mexicano. 
 
Se ele que nasce na Europa é europeu 
 
1 Índios que habitavam o território do Rio Grande do Sul, do nordeste 
da Argentina (principalmente a Província de Entre Ríos) e o Uruguai. 
2 Camponês porto-riquenho. 
3 Palavra de origem guatemalteca. Não possui uma definição certa, 
mas há quem defina como alguém que esteja em uma classe social 
baixa que vive na área urbana. 
4 O povo indígena Wayuu. 
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 15 
E ele que nasce na África, africano 
Eu que nasci na América não vejo 
O porquê de eu não ser americano 
Porque América é todo o continente 
e ele que nasce aqui, é americano. 
A cor pode ser diferente 
Mas como filhos de Deus, somos irmãos. 
 
Na Argentina e Colômbia, Equador e Paraguai 
Brasil, Chile e Costa Rica, Salvador e Uruguai 
Venezuela e Guatemala, México, Cuba e Bahamas 
Todos são americanos, sem importar a cor. 
 
NOTÍCIA 
BRASILEIRO DESPREZA IDENTIDADE LATINA, MAS QUER LIDERANÇA 
REGIONAL, APONTA PESQUISA 
Uma pesquisa inédita de opinião pública confirmou o 
que a história e o senso comum já sugeriam: o brasileiro 
despreza a América Latina, mas ao mesmo tempo se vê 
como líder nato da região. 
Apenas 4% dos brasileiros se definem como latino-
americanos, ante uma média de 43% em outros seis 
países latinos (Argentina, Chile, Colômbia, Equador, 
México e Peru). 
E mais: quem mora no Brasil avalia que o país seria o 
melhor representante da América Latina no Conselho de 
Segurança da ONU, mas não quer livre trânsito de 
latinos por suas fronteiras nem priorizar a região na 
política externa. 
Os resultados estão na edição 2014/2015 do projeto The 
Americas and the World: Public Opinion and Foreign 
Policy (As Américas e o Mundo: Opinião Pública e 
Política Externa), coordenado pelo Centro de 
Investigação e Docência em Economia (Cide) do 
México, em colaboração com universidades da região. 
No Brasil, o responsável pela iniciativa é o Instituto de 
Relações Internacionais da USP (Universidade de São 
Paulo), que aplicou 1.881 questionários no país. Em uma 
das questões, os entrevistados deveriam apontar os 
gentílicos e expressões com os quais mais se 
identificavam. A principal resposta foi "brasileiro" 
(79%), seguida por "cidadão do mundo" (13%), "latino-
americano" (4%) e "sul-americano" (1%). 
O Brasil foi o único entre os sete países da pesquisa em 
que o adjetivo pátrio ficou entre as três principais opções 
dos entrevistados. 
Argentinos, chilenos, colombianos, equatorianos e 
peruanos indicaram "latino-americano", "sul-americano" 
e "cidadão do mundo". E a segunda e terceira opção dos 
mexicanos depois de "latino-americano" foram, 
respectivamente, "cidadão do mundo" e "norte-
americano". 
O estudo também fez a seguinte questão aos 
participantes: em qual região do mundo seu país deve 
prestar mais atenção? 
Na mesma linha do item sobre identidade, o Brasil foi o 
único na pesquisa a não priorizar a América Latina. Na 
opinião dos entrevistados, o foco da política externa 
deve ser a África (24%), depois América Latina (16%), 
seguida de perto por Europa (13%) e América do Norte 
(9,5%). 
Nos outros países a opção pela América Latina 
predominou, com percentuais de 57% (Argentina) a 30% 
(Chile e Peru). 
AUTOIDENTIFICAÇÃO AMBIVALENTE 
Para os autores da pesquisa, os resultados comprovam, 
com dados de opinião pública, o que historiadores e 
cientistas sociais já apontavam: a autoidentificação do 
brasileiro é tênue e ambivalente, marcada pela percepção 
de pertencer a uma nação diferente dos vizinhos, seja 
pela experiência colonial, língua ou processo de 
independência distinto. 
"A primeira explicação é a colonização. América Latina 
sempre se associou à colonização espanhola, e isso já 
gera uma divisão com o passado português do Brasil", 
afirma o argentino Fernando Mourón, pesquisador do 
Centro de Estudo das Negociações Internacionais da 
USP e participante do estudo regional. 
"Depois temos os processos de independência na região. 
Na América espanhola houve guerras contra a Coroa e o 
reforço de uma identidade cultural única, enquanto no 
Brasil o próprioregente português declarou a 
independência." 
A economia por muito tempo fechada aos vizinhos, a 
geografia continental que dificulta conexões físicas e o 
histórico diplomático também ajudam a explicar o 
"isolamento" brasileiro, avalia Mourón. 
Sobre esse último ponto, em artigo ainda inédito sobre 
os resultados do estudo, Mourón e os colegas da USP 
Janina Onuki e Francisco Urdinez lembram que até o 
final da Guerra Fria diplomatas brasileiros acreditavam 
que a melhor estratégia para aprimorar a inserção 
internacional do país era manter distância de questões 
regionais. 
"Uma das consequências foi que, até a metade dos anos 
1980, as elites brasileiras e a população em geral viram a 
América Latina não como construção maior de 
identidade coletiva, mas apenas como a paisagem 
geográfica imediata em torno do país", escrevem os 
autores. 
LIDERANÇA CONTRADITÓRIA 
Ao analisar os dados da amostra, que é representativa de 
toda a população dos países analisados, os pesquisadores 
concluem que os brasileiros enxergam seu país como 
líder regional, mas em geral resistem a possíveis 
implicações de assumir tal posição. 
Questionados sobre qual país deveria assumir uma 
cadeira no Conselho de Segurança da ONU caso o órgão 
abrisse uma vaga para a América Latina, por exemplo, a 
maioria dos brasileiros (66%) indicou o próprio país. 
O Brasil também foi a primeira opção dos entrevistados 
nos demais países do estudo, exceto as outras duas 
maiores economias, Argentina e México, onde os 
moradores também "elegeram" seus próprios países, 
com 60% e 54%, respectivamente. 
Por outro lado, a maioria dos brasileiros (54%) discorda 
do livre movimento de pessoas na região sem controles 
fronteiriços. A maior fatia dos entrevistados também se 
opõe ao trabalho de sul-americanos no país sem visto 
(66%) e rejeita (65%) a possibilidade de intervenção 
brasileira em uma possível crise militar regional. 
Quando o assunto é a "liderança pela carteira", ou seja, a 
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 16 
ajuda financeira a países menos desenvolvidos da região, 
65% dos entrevistados no Brasil disseram concordar 
com essa possibilidade. 
Mas o índice do Brasil nesse item foi o menor de todos 
os países, e ademais os pesquisadores alertam que os 
altos índices nas respostas podem estar relacionados à 
tendência - identificada nos estudos de opinião pública - 
de participantes a responder perguntas de fundo moral 
baseados no que pensam ser algo social e politicamente 
correto. 
PROBLEMAS NA VIZINHANÇA 
A partir do governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-
2010), a ênfase da diplomacia brasileira na integração 
regional, como foco na América do Sul, expõe o 
reconhecimento tácito da dificuldade do país em exercer 
influência em todo o "continente" latino, avaliam 
Mourón e os pesquisadores do Instituto de Relações 
Internacionais da USP. 
Mas em geral, quando o assunto é opinião pública no 
Brasil, a América Latina é vista mais como preocupação 
e problema do que benefício, conclui o estudo. 
Percepção que, afirma Mourón, acaba tendo respaldo na 
realidade, diante da série de percalços que o país 
enfrentou na última década com os vizinhos, como o 
episódio da nacionalização dos ativos da Petrobras na 
Bolívia, a expulsão da Odebrecht do Equador, as 
barreiras de comércio entre Brasil e Argentina e a 
frustrada sociedade com a Venezuela na construção da 
refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. 
GUIMARÃES, Thiago. Brasileiro despreza identidade 
latina, mas quer liderança regional, aponta pesquisa. BCC 
Brasil, Londres. 21dez. 2015. Disponível em: 
<http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2015/12/21/brasileiro-
despreza-identidade-latina-mas-quer-lideranca-regional-aponta-
pesquisa.htm>. Acesso em: 24 dez. 2015. 
 
APROFUNDAMENTO 
LIVROS 
HOLANDA, Ségio Buarque. Raízes do Brasil. 26. ed. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito 
antropológico. 19. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 
2006. 
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. Os (des)caminhos da 
identidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São 
Paulo, v. 15, nº 42, p. 7-20, fev. 2000. 
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. 1. ed. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2006. 
 
VÍDEOS 
ZYGMUNT Bauman: Fronteiras do pensamento. 
Entrevista com filósofo polonês Bauman sobre a 
identidade no contexto da globalização. 30’25”. 
Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?feature=player_embe
dded&v=POZcBNo-D4A> . Acesso em novembro de 
2015. 
 
 
 
Observe o seguinte texto, e depois responda a questão: 
 
O etnocentrismo pode ser definido como uma “atitude 
emocionalmente condicionada que leva a considerar e julgar 
sociedades culturalmente diversas com critérios fornecidos pela 
própria cultura”. Assim, compreende-se a tendência para 
menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou 
divergem dos da cultura do observador que exterioriza a atitude 
etnocêntrica. (...) Preconceito racial, nacionalismo, preconceito de 
classe ou de profissão, intolerância religiosa são algumas formas de 
etnocentrismo”. (WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto 
Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125. 
 
Usando como referencial o texto acima, elabore uma situação 
etnocêntrica. 
 
 
 
Uma mulher ocidental, ao olhar para uma mulher muçulmana, a 
julga, a partir de seu referencial de mundo cultural, pelo uso da 
burca ou hijab. Ao mesmo tempo, uma mulher muçulmana, ao se 
deparar com uma mulher ocidental, a julga por não usar adereços 
religiosos que ela considera, por conta de sua formação cultural, 
indispensável a uma mulher. Nos dois casos, temos pessoas que se 
avaliam a luz de suas formações individuais. 
 
 
 
AZCONA, Jesús. A cultura. Petrópolis: Vozes, 1989. 
 
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós modernidade. 11. ed. 
Rio de janeiro: DP&A, 2006. 
 
ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. 5. ed. São 
Paulo: Brasiliense, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TAREFA DISSERTATIVA 
RESPOSTAS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2015/12/21/brasileiro-despreza-identidade-latina-mas-quer-lideranca-regional-aponta-pesquisa.htm
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2015/12/21/brasileiro-despreza-identidade-latina-mas-quer-lideranca-regional-aponta-pesquisa.htm
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2015/12/21/brasileiro-despreza-identidade-latina-mas-quer-lideranca-regional-aponta-pesquisa.htm
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=POZcBNo-D4A
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=POZcBNo-D4A
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 17 
 
TEXTO- BASE 
“Quem é índio? 
Primeiro rascunho, de Eduardo Viveiros de Castro: 
“Índio” é qualquer membro de uma comunidade indígena, reconhecido por ela como tal. “Comunidade indígena” é toda 
comunidade fundada em relações de parentesco ou vizinhança entre seus membros, que mantém laços histórico-culturais 
com as organizações sociais indígenas pré- colombianas. 1. As relações de parentesco ou vizinhança constitutivas da 
comunidade incluem as relações de afinidade, de filiação adotiva, de parentesco ritual ou religioso, e, mais geralmente, 
definem-se nos termos da concepção dos vínculos interpessoais fundamentais própria da comunidade em questão. 2. Os 
laços histórico-culturais com as organizações sociais pré-colombianas compreendem dimensões históricas, culturais e 
sociopolíticas, a saber: a) A continuidade da presente implantação territorial da comunidade em relação à situação 
existente no período pré- colombiano. Tal continuidade inclui, em particular, a derivação da situação presente a partir de 
determinações ou contingências impostas pelos poderes coloniais ou nacionais no passado, tais como migrações forçadas, 
descimentos, reduções, aldeamentos e demais medidas de assimilação e oclusão étnicas; b) A orientação positiva e ativa 
do grupo face a discursos epráticas comunitários derivados do fundo cultural ameríndio, e concebidos como patrimônio 
relevante do grupo. Em vista dos processos de destruição, redução e oclusão cultural associados à situação evocada no 
item anterior, tais discursos e práticas não são necessariamente aqueles específicos da área cultural (no sentido 
históricoetnológico) onde se acha hoje a comunidade; c) A decisão, seja ela manifesta ou simplesmente presumida, da 
comunidade de se constituir como entidade socialmente diferenciada dentro da comunhão nacional, com autonomia para 
estatuir e deliberar sobre sua composição (modos de recrutamento e critérios de inclusão de seus membros) e negócios 
internos (governança comunitária, formas de ocupação do território, regime de intercâmbio com a sociedade envolvente), 
bem como de definir suas modalidades próprias de reprodução simbólica e material 
[...] 
Permitam-me incorrer em um exagero heurístico. Eu direi que no Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é. Acho 
que o problema é “provar” quem não é índio no Brasil. Resposta política à resposta (isto é, à pergunta) política que se 
oferece ao antropólogo. Comecemos por algum começo. Entendo que a questão d e quem é ou quem não é índio, de saída, 
não é uma questão de “cultura”, isto é, uma questão respondível mediante a inspeção dos conteúdos culturais da vida de 
um coletivo. Não estou negando, obviamente, que haja um fundo cultural ameríndio muito vivo e muito real; um fundo, 
ou por outra, uma forma, uma estrutura ou conjunto de estruturas (para usarmos uma palavra fora de moda) conceituais 
que remontam à América pré-colombiana. O que eu estou dizendo é que a relação com esse fundo cultural não é uma 
relação necessária (embora possa ser suficiente – e olhe lá ) para se definir o que é índio. Porque uma vez que se recusa a 
pergunta, o fundo cultural não pode mais servir para definir pertenças e inclusões em classes identitárias. Esse fundo 
cultural é um elemento da história do país, do continente, das três Américas. Os coletivos humanos contemporâneos 
espalhados por nosso continente se orientam de modos variados em relação a esse fundo; nenhum desses modos é 
redutível ao modo emanativo, pois um coletivo humano não é jamais a encarnação de uma cultura; não porque seja mais 
que isso, mas porque é outra coisa. E assim eu inverto a questão. O problema é quem não é índio. (Essa afirmação se 
insere em uma teoria do minoritário que devo a outrem, e que não cabe expor aqui. Mas para bom entendedor, eis como 
posso afirmar que no Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é).’ 
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. No Brasil, todo mundo é índio, exceto quem não é. Instituto socioambiental, 2006. 
 
 
 
 
ATU 05
Indígenas no 
Brasil
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 18 
NOTÍCIAS 
POR QUE OS INDÍGENAS ESTÃO REVOLTADOS COM A PEC 215? 
 
"É um retrocesso para a árdua história de conquista dos 
nossos direitos", afirma o índio Lindomar Terena. Para 
ele, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, 
que altera o procedimento de demarcação de terras, 
deixará as populações indígenas ainda mais vulneráveis. 
"O agronegócio tem avançado para cima do nosso 
território. Não existe vontade política para demarcar as 
terras, então quem vai sempre tombar nessa luta são os 
índios", lamenta Terena, que é um dos coordenadores da 
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). 
Aprovada nesta semana por uma comissão especial da 
Câmara dos Deputados, a PEC 215 tira do Executivo e 
passa para o Congresso a decisão final sobre a 
demarcação de terras indígenas, a titulação de territórios 
quilombolas e a criação de unidades de conservação 
ambiental. O texto ainda proíbe a ampliação de terras 
indígenas já demarcadas e prevê indenização aos 
proprietários. 
"A bancada ruralista, que representa grandes 
corporações nacionais e multinacionais do agronegócio, 
quer impedir e inviabilizar todo e qualquer novo 
reconhecimento de território indígena no país. Se for 
aprovada em definitivo, a lei representará um risco de 
genocídio dos povos originários do Brasil nos próximos 
anos", afirma Cleber Buzatto, secretário executivo do 
Conselho Indigenista Missionário (Cimi). 
Em seu parecer, o deputado federal Osmar Serraglio 
(PMDB-PR), relator da PEC, argumenta que é 
necessário dar mais poder de decisão aos estados e 
"instaurar um maior equilíbrio" sobre as atribuições da 
União. O parlamentar diz que a demarcação tem 
"impacto significativo" e compara o reconhecimento de 
terras indígenas por órgãos técnicos do governo a uma 
"intervenção federal". 
O texto foi aprovado pela comissão especial da Câmara 
nesta terça-feira sob protesto de um grupo de cerca de 20 
lideranças indígenas, que foi proibido de acompanhar a 
sessão. Participantes dos Jogos Mundiais dos Povos 
Indígenas, em Palmas, no Tocantins, interromperam as 
competições e também se manifestaram contra a 
aprovação da proposta. 
 
COMO É HOJE 
Segundo o Estatuto do Índio, em vigor desde 1973, o 
reconhecimento de terras para uso exclusivo dos índios é 
homologado por decreto do presidente da República. Ao 
Executivo, também cabe proteger essas populações. 
O processo de demarcação depende de estudos técnicos 
realizados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e de 
aprovação do Ministério da Justiça. A pasta também 
determina a desapropriação de fazendas na área 
demarcada, e os proprietários são ressarcidos pelas 
benfeitorias realizadas no local. Já o pagamento pela 
terra não está previsto em lei. 
De acordo com a Funai, 125 estudos estão em 
andamento para a homologação de novas terras. Desde 
1973, foram feitas 434 demarcações de terras indígenas, 
que correspondem a quase 105 milhões de hectares, 
quantidade ainda insuficiente para atender a demanda. 
 
SAIBA COMO FUNCIONA A DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS NO 
PAÍS 
As regras para demarcação de terras indígenas no Brasil 
surgiram com a Lei 6.001, de 1973, o chamado Estatuto 
do Índio. Ficou definido, então, que “as terras indígenas, 
por iniciativa e sob orientação do órgão federal de 
assistência ao índio, serão administrativamente 
demarcadas de acordo com o processo estabelecido em 
decreto do Poder Executivo”. 
Com isso, a demarcação de terras para uso exclusivo dos 
índios passou a ser regulamentada após a “homologação 
do Presidente da República”. O rito da lei de 1973 foi 
incorporado pela Constituição Federal de 1988, que 
manteve como prerrogativa da União o papel de 
“proteger e fazer respeitar (dos índios) todos os seus 
bens”. 
A demarcação segue hoje, além das regras do Estatuto 
do Índio e da Constituição, outros dispositivos legais. O 
processo começa com a elaboração de estudos técnicos 
pela Fundação Nacional do Índio (Funai). O órgão 
federal executa atualmente 125 estudos para demarcar 
novas áreas. 
Após a definição da Funai, cabe ao Ministério da Justiça 
declarar a área como demarcada. O ministério pode, 
inclusive, determinar a desapropriação de fazendas e 
outras ocupações para defini-las como terra indígena. 
Nestes casos, benfeitorias feitas na terra são ressarcidas. 
A Justiça criou há cerca de dois anos uma mesa de 
negociação permanentes para solucionar conflitos. Esse 
mecanismo está sendo usado, neste momento, para 
resolver tensão envolvendo índios e fazendeiros no Mato 
Grosso do Sul. O ministério colocou à mesa uma 
proposta de desapropriação de três fazendas do extremo 
sul do estado, que se tornariam reservas indígenas 
totalizando 45 mil hectares de área. 
O trâmite da demarcação termina quando a terra 
indígena é homologada por decreto presidencial. 
Existem atualmente oito áreas homologadas, totalizando 
mais de 521 mil hectares. A homologação é o último 
passado necessário para a Funai registrar a nova área 
reconhecida como terra indígena na Secretaria de 
Patrimônio da União. 
Fonte: Portal Brasil, com informações da Funai 
 
APROFUNDAMENTO 
DICAS DE FILMES:-“Xingu” (2012), dirigido por Cao Hamburguer, Elena 
Soarez e Ana Muylaert 
- “À Sombra de um Delírio Verde Documentário” (The 
Dark Side of Green) (2011) 
Direção, produção e roteiro: An Baccaert, Cristiano 
Navarro e Nicolas Muñoz 
Disponível no Vevo e no Youtube 
CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO MAFALDA 19 
 
 
 
 
01. Explique quais as mudanças que ocorrerão no processo de demarcação de terras caso a PEC 215 seja aprovada. 
 
 
 
 
 
As demarcações de terras indígenas eram feitas por meio de decretos. Com a PEC 215 ela será feita por lei de iniciativa do 
Executivo. Nesse sentido, pode-se alegar que não haverá mais demarcações porque a bancada do agronegócio é bastante 
poderosa no Executivo. Além disso, não será mais permitido ampliar as terras que já estão demarcadas, e os proprietários 
de áreas dessas reservas deverão ser indenizados. 
 
 
 
 
 
BRASIL. CÂMARA DOS DEPUTADOS. . Sem consenso, PEC da demarcação de terras indígenas está pronta para 
votação. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITO-E-JUSTICA/503059-SEM-
CONSENSO,-PEC-DA-DEMARCACAO-DE-TERRAS-INDIGENAS-ESTA-PRONTA-PARA-VOTACAO.html>. 
Acesso em: 30 ago. 2017. 
 
BRASIL. PORTAL BRASIL. . Saiba como funciona a demarcação de terras indígenas no país. Disponível em: 
<http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/veja-como-e-feita-a-demarcacao-terras-indigenas>. Acesso em: 30 
ago. 2017. 
 
CASTRO, Eduardo Viveiros de. No Brasil, todo mundo é índio, exceto quem não é. Instituto socioambiental, 2006. 
 
TERRA. Por que os indígenas estão revoltados coma PEC 215? Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/por-que-
os-indigenas-estao-revoltados-com-a-pec-215,35235f69e5b2a704cf30abd6409c402dg7v1yiwf.html>. Acesso em: 30 ago. 
2017. 
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