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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA Jessika Rodrigues de Figueiredo Moura CAMPO GRANDE – MS 2019 JESSIKA RODRIGUES DE FIGUEIREDO MOURA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA JESSIKA RODRIGUES DE FIGUEIREDO MOURA ORIENTADOR: PROF. DRA. ALINE GOMES DA SILVA Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Medicina Veterinária apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito à obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária. N I M H “ H I M H H I I H I M I ') JESSIKA RODRIGUES DE FIGUEIREDO MOURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 14 de novembro de 2019, e aprovado pela Banca Examinadora: SC. Camila‘Caténeo Cardoso Borin AGRADECIMENTOS A Deus pela oportunidade de acordar todos os dias agradecendo, por me amar incondicionalmente, por ser minha fortaleza. Aos meus pais, por sempre incentivarem meus estudos, por insistirem nessa formação, por me ensinar o caminho do bem e a amar o próximo, e por me inspirarem profissionalmente. À minha irmã Gabi, por sempre me ouvir, me fortalecer, me inspirar e me fazer seguir em frente na realização de mais esse sonho. À minha família que me deu todo apoio e suporte físico, financeiro e emocional, em especial ao meu avô Atílio e à minha avó Lina, que acompanharam bem de perto e compreenderam todos os momentos ruins e bons, me amando em todos eles. Aos meus filhos e irmãos de quatro patas, Kirei, Danko, Blenda, Tiger, Mel, Bellinha, Edmundo, Pérolla, Théo e Panda, essa graduação só foi possível porque vocês estiveram e estão presentes em minha vida! Ao GOU (Grupo de Oração Universitário) Imaculado Coração de Maria da UFMS, por ser toda a base que eu precisei durante o período da graduação, por serem cristãos católicos dentro da universidade, em especial aos meus amigos pela fé, de núcleo, Meri, Iza, José e RodriGOU, eu amo vocês! Aos meus amigos de turma, Ju, Gabi Bastos, Nicole, Otávio, Will e Marcela, por partilharem momentos de estudos, estresses, brigas, comemorações e risadas, vocês fizeram essa trajetória ser mais leve e iluminada! Aos amigos que a veterinária me deu, Hevelyn, por nunca me deixar desistir, Negão e Ed, por tanto amor, por serem os melhores amigos, Barbra e Dany, pelas noites mais loucas de estudos, Nath, Ruth e Marcelo, por me ensinarem tanto sobre clínica de grandes, Berola (Laiane), por ser luz, amiga, professora, incentivadora e inspiradora, Mari Lages, por toda ajuda nos estudos, por ser amiga em todos os momentos e ser meu orgulho, Fer Jacoby e Camila Gomes, por me ensinar e partilhar tantos momentos. À ZooPlus, empresa júnior de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFMS, por me proporcionar experiências incríveis e inesquecíveis que me fizeram crescer e evoluir pessoal e profissionalmente, por me ajudar a encontrar o meu propósito e por me apresentar pessoas e amigos que valem a pena ter por perto. Ao MNP Jovem e à Comissão Famasul Jovem, pelo acolhimento, por cada aprendizado, por tanto crescimento e amizades sinceras. À professora Aline, que além de orientar dentro da graduação e da EJ, auxilia com sua amizade. À Produção por me fornecer estágio, e apresentar pessoas de coração tão bom, em especial Sr. Edilson, Gláucio, Alluan e Fernandinho que me aconselharam, respeitaram e ensinaram de forma admirável. A todos os produtores entrevistados e aos amigos que me ajudaram a chegar até eles. E à UFMS por todo recurso, apoio e finalmente me proporcionar mais uma formação e todas novas experiência gratificantes. EPÍGRAFE “Se tiveres de servir a Deus com a tua inteligência, para ti estudar é uma obrigação grave” São Josemaria Escrivá (Caminho, 336) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 6 2. DESENVOLVIMENTO .................................................................................... 7 2.1. LOCAL DE ESTÁGIO .............................................................................. 7 2.2. ATIVIDADES REALIZADAS ..................................................................... 8 3. PROJETO DE PESQUISA ............................................................................ 24 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 37 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 38 APÊNDICE I ......................................................................................................... 40 6 1. INTRODUÇÃO O estágio obrigatório supervisionado é disciplina obrigatória na estrutura curricular do curso superior de Medicina Veterinária, tendo em vista proporcionar aos futuros profissionais aprimoramento técnico, cultural, científico e de relações interpessoais, além de novas perspectivas de trabalho e desenvolvimento de capacidade de análise crítica. O estágio fornece vivência e conhecimento do mercado de trabalho, na área em que se deseja atuar. O campo de atuação escolhido foi produção animal, onde, atualmente, estuda-se muito o crescimento da população e a possível escassez de alimentos (FAO, 2016), para isso, torna-se necessário produzir mais em menor área, com maior produtividade. As soluções são através de planejamento estratégico, com auxílio de novas tecnologias e programas sustentáveis, assim pôde-se entender como aplicar as técnicas sustentáveis e a gestão agropecuária dentro das propriedades. O estágio foi realizado na empresa Produção Consultoria Rural Ltda., com escritório em Campo Grande/MS, e área de atuação em todo o estado de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná, no período de 22 de julho a 02 de novembro de 2019, totalizando 459 horas, sob a supervisão dos Médicos Veterinários Emílio Franz Trefzger Cândido e Edilson Cunha de Menezes. A empresa foi escolhida para a realização do estágio devido ao alinhamento de valores e métodos de trabalho da empresa e da aluna, além da qualidade de serviço prestado por essa instituição na área de Produção Animal. O objetivo com este trabalho de conclusão de curso é entregar à comunidade acadêmica e à instituição de ensino o aprendizado adquirido durante a disciplina, descrevendo o local e as atividades desenvolvidas durante o período de estágio, assim como um projeto de pesquisa desenvolvido durante a graduação. 7 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Local de estágio O escritório da Produção Consultoria Rural Ltda. localiza-se na Rua São Vicente, 250, Jardim São Bento, no município de Campo Grande, estado de Mato Grosso do Sul. A área de conhecimento desenvolvida durante o estágio obrigatório foi Produção Animal, no período de 22 de julho de 2019 a 02 de novembro de 2019, período integral, 40 horas por semana, totalizando 459 horas totais, sob a supervisão dos médicos veterinários Emílio Franz Trefzger Cândido, CRMV 1446 e Edilson Cunha de Menezes, CRMV 1342. A empresa presta serviços direcionados à pecuária de corte na área de gestão e consultoria rural nas propriedades, auditoria e planejamento técnico agropecuário, elaboração de projetos técnicos para obtenção de crédito rural, elaboração de análise de viabilidade técnica e econômica para investimentos na aquisição de propriedades rurais, além de possuir programa de melhoramento genético ligado ao CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção) e oferecer serviços técnicos veterinários nas áreasde reprodução, nutrição, sanidade, escrituração zootécnica, comercialização de animais de qualidade de abate e cursos técnicos especializados. Cada propriedade atendida é de responsabilidade de um médico veterinário sob supervisão de um dos sócios, também médicos veterinários. Os clientes atendidos estão distribuídos nos estados de MS, MT e PR. As visitas são planejadas semanalmente, tem cerca de um dia a um mês de duração, dependendo do tipo de serviço que será prestado, e a agenda foi também semanalmente disponibilizada para os estagiários. Durante as visitas, as propriedades oferecem alojamento, alimentação e transporte, incluído ou não no valor do serviço prestado pela empresa. A empresa possui sete sócios médicos veterinários, sendo um responsável apenas pelo programa Nelore de Produção, doze médicos veterinários técnicos de campo e um técnico agropecuário. A área de crédito rural é dirigida por uma médica veterinária, com auxílio de uma engenheira agrônoma. Possui ainda um sócio administrador, e o corpo administrativo-financeiro é formando por mais cinco profissionais (Figura 1). 8 O estágio foi realizado dentro das atividades da Produção e do Nelore de Produção. PRODUÇÃO CONSULTORIA RURAL PRODUÇÃO (6 SMV) NELORE DE PRODUÇÃO (1 SMV) CRÉDITO RURAL (1 MVR) ADMINISTRATIVO FINANCEIRO (1 SAdm) 11 MVC 1 MVC 1 TA 1 EA 5 PAF Figura 1. Organograma Produção Consultoria Rural. Onde: SMV – Sócio Médico Veterinário; MVR – Médica Veterinária Responsável; SAdm – Sócio Administrador; MVC Médico Veterinário de Campo; TA – Técnico Agropecuário; EA – Engenheira Agrônoma; PAF – Profissionais Administrativo-Financeiro Fonte: Arquivo pessoal 2.2. Atividades realizadas As atividades desenvolvidas envolveram acompanhamento de avaliações do programa de melhoramento genético, manejo sanitário de rebanhos, manejo de pastagem, manejo reprodutivo, realização de exames de triagem para diagnóstico de brucelose, controle estratégico e operacional de compra e venda de animais, administração de medicamentos, funções estas realizadas em diversas fazendas atendidas pela empresa e sempre observadas e auxiliadas por um médico veterinário da equipe. A freqüência das atividades realizadas variou de acordo com a propriedade, o médico veterinário responsável e a necessidade do serviço, conforme apresenta a Figura 2. 9 Figura 2. Atividades desenvolvidas e sua frequência durante o período de estágio Fonte: Arquivo pessoal 2.2.1. Avaliação de bezerros que serão desmamados para CEIP Para serem avaliados para CEIP, os animais devem estar registrados no programa MG-ConPec, com dados como pai, mãe e data de nascimento. O programa utilizado para compilar os dados das avaliações está instalado em um tablet. A avaliação feita na desmama é a primeira, com o objetivo de classificar os animais e gerar informações sobre a mãe e o pai (matrizes e touros). Para a fazenda visitada que adota o sistema de cria, o objetivo de avaliar os animais e selecionar as melhores fêmeas (até DECA8) para matrizes, já que serão desafiadas a inseminação superprecoce (quando atingirem 240 kg na avaliação de sobreano) e os melhores machos (DECA1) para tourinhos de repasse. Os animais a serem avaliados devem estar em jejum alimentar de no mínimo 12 horas, respeitando o bem-estar do animal, para isso são apartados das mães e fechados no mangueiro no dia anterior a avaliação. Para facilitar o processo de avaliação, os animais são separados por raça e por sexo, da 3% 3% 3% 5% 5% 5% 5% 5% 8% 8%8% 8% 8% 8% 18% Avaliação desmama CEIP Compra de animais Identificação de animais Avaliação de cerca Exames - Brucelose Pesagem/aparte para venda Prevenção de queimadas Vacinação Acasalamento direcionado Aparte de lotes por peso Congelamento de sêmen Desverminação Diagnósico de gestação Protocolo de IATF Avaliação de pasto 10 seguinte forma: Nelore fêmea, Nelore macho, cruzado fêmea e cruzado macho. Assim, é possível realizar o balizamento, que consiste em inspecionar cada lote, por, no mínimo, 15 minutos, reconhecendo os melhores (nota 5) e piores (nota 1) animais para as características. Cada lote é dividido em sublotes de seis animais, em média, para melhor avaliação (Figura 3). Cada animal é identificado pelo número tatuado na orelha, é realizada a pesagem do animal e medida a altura de garupa (Figura 4 e Figura 5). O médico veterinário então avalia as características CPM (Carcaça, Precocidade e Musculatura), umbigo, característica racial, com pontuação de 1 a 5, e chifres. São avaliados também aprumos, pigmentação da pelagem, lombo, cupim, chanfro, temperamento, e há um espaço no programa para o médico veterinário colocar as observações para descarte. No quesito característica de carcaça, avalia-se o tamanho do animal “sem as pernas”, visualizando como seria no frigorífico; para precocidade, avalia-se comprimento e conformação de costela, virilha, tamanho das pernas em relação ao corpo; com relação à musculatura avalia-se a evidência e tamanho das fibras musculares, através de avaliação visual, onde 1 é o pior e 5 o melhor. Para característica de umbigo, a pontuação 1 é a melhor, mais próximo ao corpo do animal, e 5 a pior, quando o umbigo é mais penduloso. Com a avaliação dos chifres pode-se classificar o animal em mocho, batoque ou com chifre. Após as avaliações, os animais são liberados, soltos com as mães e retornam ao pasto. O médico veterinário também organiza o número de animais avaliados, a média de peso, categoria e carimbo em uma planilha de Excel. Os dados registrados no programa são enviados ao programa GenSys, no RS, para alimentar o banco de dados e fornecer base de informação dos melhores sêmens para cada matriz, de acordo com as DEP’s (Diferença Esperada na Progênie). 11 Figura 4. Leitura do número de identificação do animal Fonte: Arquivo pessoal Figura 5. Medição da altura de garupa em avaliação para CEIP Fonte: Arquivo pessoal 2.2.2. Acasalamento direcionado Propriedades que participam do programa Nelore de Produção, de melhoramento genético CEIP, desde o acasalamento recebem acompanhamento e direcionamento dos médicos veterinários. Para produção de animais de qualidade, deve-se aproveitar da melhor forma os cruzamentos, para melhores características produtivas. Como dito anteriormente, na atividade de avaliação Figura 3. Avaliação para CEIP em sublotes de seis animais Fonte: Arquivo pessoal 12 Figura 6. Avaliação individual das matrizes para acasalamento direcionado Fonte: Arquivo pessoal dos animais que serão desmamados, todas as avaliações são enviadas ao programa GenSys, que fornece base de informação dos melhores touros para cada matriz, de acordo com as DEP’s (Diferença Esperada na Progênie) e DECAs. Porém, para maior eficiência, a avaliação visual de características que o programa de computador não avalia é essencial e muito confiável. Então, após gerar o PAD (Programa de Acasalamento Direcionado), o médico veterinário vai até a propriedade e avalia cada matriz individualmente, quanto a características raciais, umbigo, ossatura, aprumos, pigmentação de pelagem, chanfro e a cria (Figura 6), e compara com o documento gerado, fazendo as modificações necessárias para melhor aproveitamento dos progenitores. 2.2.3. Compra de animais Uma das propriedades gerenciadas pela empresa adotava o sistema de recria e engorda de novilhas e atualmente está iniciando o sistema de cria para adoção do sistema completo e necessita formar o rebanho de matrizes, pois não havia animais suficientes para esta função. A compra de matrizes deve ser uma escolha cuidadosa e presencial, pois depende do tipo de animais que se quer produzir. Para escolha e compra das matrizes, foi realizada visita a uma propriedadelocalizada em Itaquiraí/MS, onde avaliou-se visualmente 113 novilhas. Nesta avaliação, julgava-se aprumos, padrão racial, defeitos de chanfro, 13 Figura 7. Avaliação visual de novilhas para compra Fonte: Arquivo pessoal condição corporal do animal e temperamento (Figura 7). Foram adquiridas 103 novilhas nesta ocasião. 2.2.4. Identificação individual dos animais A identificação individual dos animais é a ferramenta mais importante para qualquer sistema de registro de dados, para monitorar de maneira eficiente cada informação, como vacinas, medicamentos, chegada, ganho de peso, mortalidade, entre outras. O método de identificação individual utilizado na maioria das propriedades atendidas é o brinco (Erro! Fonte de referência não encontrada.) aplicado no centro da orelha direita sempre com o animal no tronco de contenção e com o auxílio de aplicador adequado. Figura 8. Brinco de identificação Fonte: Arquivo pessoal 14 2.2.5. Avaliação de cercas Para divisão das áreas de pastejo, algumas propriedades visitadas adotam cercas elétricas de três fios, pois a mesma possui vantagem quanto ao custo em relação às cercas convencionais (40% do custo das cercas convencionais, sendo menor custo com mão de obra e material, principalmente madeira, menor tempo de instalação, fácil deslocamento ou remoção, e manutenção fácil e econômica. Tabela 1). Porém, necessita de maior atenção para que sejam eficientes, pois o choque precisa estar funcionando sempre e na voltagem correta. Uma propriedade visitada no município de Camapuã, atualmente, está reparando as cercas que não estavam em boas condições de uso, logo a avaliação das áreas e das cercas se fez necessária para melhor acompanhamento do que está sendo feito e do que ainda é necessário fazer. Tabela 1. Custo de diferentes tipos de cerca em reais por metro Tipo de cerca Custo em reais por metro Cerca tradicional 14,00 Cerca elétrica 3,00 Fonte: Arquivo pessoal 2.2.6. Exame de brucelose Os animais em teste foram novilhas e vacas paridas. O exame realizado foi o sorológico com AAT (Antígeno Acidificado Tamponado), teste rápido oficial, que deve ser mantido sob refrigeração. A coleta de sangue foi realizada pela veia coccígena pela facilidade e segurança, e em alguns animais pela veia jugular ou auricular, com uso de seringa individual de 5 mL e agulha individual 30x0,8 ou 40x1,2, dependendo da região onde a amostra foi coletada. A coleta foi realizada após limpeza prévia da região, e o sangue armazenado em frascos de vidro, para a transferência do sangue, retirou-se a agulha, e lentamente passou da seringa para o frasco, que foi identificado com o número do animal em uma etiqueta e fechado com tampa de plástico (Figura 9). Após a coleta, a amostra foi 15 armazenada na diagonal para facilitar a coagulação e a coleta do soro para o exame. Para realização do exame, foi utilizada pipeta automática de 30µL e ponteiras individuais, placa de vidro quadriculada, lâmpada fria para leitura da placa e o antígeno AAT à mesma temperatura ambiente do sangue. O AAT é uma prova de aglutinação rápida como antígeno tamponado a pH 3,65, que permite a reação apenas com IgG, e corado com rosa de bengala. Esse teste é uma prova qualitativa, pois só indica positivo ou negativo, devendo ter cuidado com reações falso-positivas em decorrência da utilização da vacina B19. Dessa forma, para animais positivos no teste AAT, indica-se confirmação da brucelose por meio de testes de maior especificidade, para se evitar o sacrifício de animais não infectados. Na placa de vidro, em um quadrado, foi pipetado 30µL do soro do animal a ser examinado com ponteira individual e 30µL do AAT. Após preencher a fileira, para os exames, identificando visualmente o número de cada animal a ser examinado, homogeneizou-se o soro com o ATT com movimentos circulares por 3 minutos. Para leitura utilizou-se a lâmpada fria, para melhor visualizar a formação de grumos (quando positivo), até 5 minutos após a homogeneização. Anotou-se os positivos, para verificar a idade do animal e data da última vacinação. Os vidros utilizados no armazenamento do sangue serão reutilizados na próxima coleta, porém, para isso, necessitam estar limpos. Após a realização do exame, os frascos foram deixados de molho em balde com água para amolecimento dos coágulos e facilitar a remoção e limpeza. Todo o material foi lavado com detergente e água, seco e armazenado novamente de forma organizada. 16 Figura 9. Material utilizado para armazenagem e identificação na coleta de sangue para teste de triagem de diagnóstico de brucelose Fonte: Arquivo pessoal 2.2.7. Pesagem/aparte para venda Foi realizada a pesagem dos animais para embarque de 11 vacas e 11 novilhas Nelore para venda para o frigorífico. Foi utilizado o critério de peso, para novilhas acima de 360 Kg e para vacas acima de 400 Kg. Foram pesados todos os animais do lote, inclusive os que ficaram na fazenda. Animais que atingiram o peso, mas não foram vendidos, pela obtenção do número previamente determinado de animais para venda, foram coleados para melhor identificação na próxima venda, e considerados “refugo com peso”. Os animais que não atingiram peso foram considerados “refugo”. Os dois últimos lotes retornaram ao pasto de origem. Todos os animais foram pesados antes do embarque, inclusive os que ficaram na fazenda. No entanto, foi realizado o embarque, de 40 machos Nelore e Cruzados, acima de 500 Kg, conforme a Tabela 2, para venda por peso na balança, onde o valor pago ao produtor corresponde a 53% do peso vivo quando 17 Nelore, e 52% do peso vivo quando cruzado. Foram embarcados em dois caminhões, com 20 animais cada. Tabela 2. Peso médio dos animais embarcados para o frigorífico Raça Quantidade de animais Peso médio (Kg) Nelore 36 539 Cruzado 4 546 Fonte: Arquivo pessoal O médico veterinário responsável conduziu o aparte, a pesagem e o embarque dos animais. Para liberação dos caminhões, aguardou o pagamento e nota, conferiu e assinou a GTA (Guia de Trânsito Animal) e o Modelo B. 2.2.8. Prevenção de queimadas Na época de seca do ano, com baixa umidade do ar e temperaturas elevadas, as queimadas naturais são comuns. O acúmulo de biomassa seca contribui para desencadeamento, seja por combustão espontânea, atrito com os animais ou descargas elétricas, para isso deve-se fazer o manejo, limpeza das áreas, acerando próximo a cercas, para que seja possível o combate eficaz do fogo, caso haja alguma ocorrência de incêndio. Para isso, a ronda nos corredores e cercas para orientar o funcionário responsável pelo aceramento foi realizada. 2.2.9. Vacinação A sanidade do rebanho depende de um bom controle sanitário, do fornecimento de alimentação e água de qualidade e do bem-estar animal. As vacinas fazem parte do manejo sanitário eficiente na propriedade, e neste dia, os animais de compra foram vacinados com Fortress®7 (Figura 10), na dose de 5 mL subcutânea por animal, para proteção contra clostridioses, como gangrena gasosa, carbúnculo sintomático e causadores de enterotoxemia, pois essas enfermidades podem proporcionar grandes prejuízos à produção. 18 Figura 11. Vacina contra clostridioses Fonte: Arquivo pessoal Figura 10. Antiparasitário Fonte: Arquivo pessoal 2.2.10. Desverminação A sanidade do rebanho depende de um bom controle sanitário, do fornecimento de alimentação e água de qualidade e do bem-estar animal. O controle de endoparasitas e ectoparasitas faz parte do manejo sanitário eficiente na propriedade, pois pode ser responsável por grandes perdas econômicas que não são tão claras aos olhos do proprietário. Nas fazendas visitadas, os animais são vermifugados seguindo o controle estratégico (05-08-11), sendo a primeira dose na desmama, planejado para o períododo ano onde a carga parasitária maior encontra-se na pastagem (início período seco), a segunda dose quando a carga parasitária maior é no animal (período seco) e a terceira, novamente quando a carga parasitária maior é na pastagem (período chuvoso). Os animais receberam o antiparasitário Cydectin® (Figura 11), produto à base de Moxidectina, na dose de 5 mL de produto por via subcutânea por animal. Os animais também foram pesados. 19 2.2.11. Aparte de lotes por peso Em algumas fazendas visitadas, há lotes de animais para terminação, que recebem suplementação a pasto com proteinado. A escolha dos animais que irão receber o suplemento depende do peso e condição corporal, para que seja atendido o planejamento de abate e gasto com suplementação. Como exemplo, em uma visita, todos os animais do lote de uma invernada foram pesados, novilhas acima de 330 Kg e vacas acima de 370 Kg, considerados cabeceira, foram destinados ao proteinado, conforme (Tabela 3), os demais, considerados refugo, retornaram à invernada. Tabela 3. Aparte de animais por peso Categoria Quantidade de animais Peso total (kg) Média de peso (Kg) Cabeceira 24 8131 339 Cabeceira – Vaca 23 9331 406 Refugo 218 65953 303 Fonte: Arquivo pessoal 2.2.12. Congelamento de sêmen A Produção Consultoria Rural atende propriedades que possuem touros doadores de sêmen, e também presta o serviço de congelamento de sêmen. O processo de congelamento de sêmen se inicia desde a coleta, onde o médico veterinário realiza o exame clínico e andrológico, com análise qualitativa de motilidade, vigor e turbilhonamento, além da análise quantitativa de concentração de espermatozóides no sêmen, refrigera, dilui e calcula a quantidade de doses. No laboratório, o médico veterinário deixa um responsável para ligar o refrigerador, para quando chegar o material, estar na temperatura mais próxima do refrigerado (15ºC), e para separar o material que será utilizado no congelamento, raques, paletas, microscópio, lâminas e lamínulas, envasador, suporte, barca de armazenamento, isopor, pinças, suporte para palhetas e botijão de nitrogênio líquido devidamente cheio. O sêmen diluído e refrigerado ao chegar ao laboratório é armazenado na geladeira, permanecendo por quatro horas para resfriar gradualmente até a 20 Figura 12. Envase das palhetas de sêmen para congelamento Fonte: Arquivo pessoal temperatura de 5ºC, uma amostra é envasada em palheta identificada com nome do touro, raça do animal, partida e data, lacrado e pré-congelado em isopor com nitrogênio elevado à altura de 5 cm por 15 minutos, e após direto no nitrogênio. Após o congelamento completo, o médico veterinário descongela a paleta, simulando o processo de descongelamento no dia da inseminação e analisa qualitativamente o sêmen com motilidade e vigor. Se permanecer com mais de 40% de motilidade e 3 de vigor, todo o sêmen é aprovado para ser congelado então repete-se o processo descrito acima para todo o sêmen (Figura 12), que será armazenado em botijão, em caneca devidamente identificada. 2.2.13. Diagnóstico de gestação O diagnóstico de gestação é extremamente importante para tomada de decisões dentro do rebanho e para solucionar fatores que afetam os índices de produtividade. As propriedades onde foram realizados os diagnósticos tiveram diferentes objetivos: de iniciar o protocolo de IATF apenas com vacas vazias e saudáveis ginecologicamente; e de criar lotes de vacas gestantes e de vacas não gestantes. O diagnóstico é importante para redução de custos com medicamentos e alimentação, melhor controle do rebanho e manejo e descarte de animais improdutivos. Os exames foram realizados via transretal por palpação e/ou ultrassom (Figura 14 e Figura 13). 21 Figura 14. Diagnóstico de gestação via palpação retal Fonte: Arquivo pessoal Figura 13. Diagnóstico de gestação via ultrassom transretal Fonte: Arquivo pessoal 2.2.14. Protocolo de IATF Nas propriedades assistidas pela empresa o manejo reprodutivo é realizado através do protocolo de IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), que consiste em sincronizar as fêmeas de reprodução, através de administração hormonal, para estarem ovulando e aptas a receber sêmen no mesmo dia. Tem como vantagem o melhoramento genético com seleção de sêmen de qualidade, e diferentes cruzamentos, melhor controle zootécnico; com escolha da data do parto; facilitando a organização dos manejos, redução de transmissão de doenças reprodutivas, além de melhor retorno financeiro. O protocolo adotado nas propriedades segue o esquema D0-D8-D10, com procedimentos indicados na Tabela 4. 22 Tabela 4. Procedimentos realizados no protocolo de IATF e suas funções Dia Procedimento Função D0 Implante de Progesterona; Administração de Estradiol Simular onda folicular D8 Administração de Prostaglandina; Estradiol e Gonadotrofina Coriônica Equina Lise de corpo lúteo e ovulação D10 Inseminação Artificial Fecundação Fonte: Arquivo pessoal 2.2.15. Avaliação de pasto Visando o melhor aproveitamento da forragem pelos animais, quanto ao valor nutricional e massa, e a conservação do solo e da planta, as propriedades visitadas adotam o sistema de pastejo rotacionado, e por esse motivo, é necessária a avaliação do capim, para identificar a melhor época de entrada e saída dos animais no pasto. Visando o melhor aproveitamento da forragem pelos animais, quanto ao valor nutricional e massa, e a conservação do solo e da planta, a avaliação do capim foi realizada por meio de régua para manejo de pastagem ou avaliação visual. Os animais foram manejados (troca de pasto) conforme orientação do médico veterinário, para que não houvesse desperdício de forragem e degradação do solo, uma vez que, na época seca do ano, a qualidade do capim é baixa e é necessária maior atenção no ajuste da lotação, de acordo com a disponibilidade de matéria seca de forragem (Figura 15). 23 Figura 15. Avaliação de pasto para manejo Fonte: Arquivo pessoal 24 3. PROJETO DE PESQUISA SITUAÇÃO DA DIFUSÃO DE TECNOLOGIA E ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA PECUARISTAS DA REGIÃO DE ROCHEDO, CORGUINHO E CAMPO GRANDE - MS Jessika Rodrigues de Figueiredo Moura¹, Aline Gomes da Silva² ¹ Graduanda do Curso de Medicina Veterinária da UFMS ² Professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFMS Resumo: O Estado de Mato Grosso do Sul, por seu vasto território, apresenta grande heterogeneidade em suas regiões, desde infraestrutura a sistema de produção no meio rural. Dessa forma, este estudo teve como objetivo fornecer dados às empresas juniores e assistências técnicas sobre a difusão de tecnologia e informação para região, com o intuito de realmente levar conhecimento colocando ao alcance dos pecuaristas ferramentas modernas que podem aumentar a competitividade do seu negócio e aperfeiçoar a gestão do setor. Para isso, foi realizada pesquisa de campo com visitas aos produtores da região de Corguinho, Rochedo e Campo Grande. Sobre o perfil do pecuarista da região, 87% são do sexo masculino, 53% estão acima de 65 anos, 33% não completaram o ensino fundamental e 29% possuem ensino superior. Quanto à difusão de tecnologia, todos os entrevistados utilizam na propriedade TV, rádio, telefone celular, internet e Whatsapp. No tocante às tecnologias rurais, as relacionadas ao solo são conhecidas por mais de 90% dos entrevistados, seguidas de inseminação artificial em tempo fixo e crédito rural, com 80% dos produtores. Vinte e sete por cento recebe assistência técnica, e destes, 73% estão totalmente satisfeitos. Setenta e três por cento dos entrevistados consideram a assistência técnica importante ou muito importante para sua atividade. Conclui-se que, mesmo considerando muito importante, ainda existem muitos produtores que nãopossuem assistência técnica na região, evidenciando que é vasto o trabalho para as empresas juniores e outras assistências técnicas que desejam atuar nos municípios estudados. Palavras-chave: extensão rural; inovação; pecuária; produção 25 INTRODUÇÃO A reestruturação dos sistemas produtivos pecuários visa maior eficiência produtiva com melhor eficiência econômica para aumento da produção por meio de ganhos de produtividade (SIMÕES et. al., 2006). Somado a diversos desafios encontrados no setor agropecuário, como o crescimento populacional constante e rápido, multiplicando a demanda por alimento, o decréscimo da produtividade devido a solos degradados pelo manejo incorreto (CROSSON; ANDERSON, 1992; BROWN; KANE, 1994; MCCALLA, 1994, apud UMALI, 1997), é imprescindível a disseminação e capacitação de adoção de novas tecnologias. Esse crescimento da demanda se confirma com os dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO (2016), que apresenta que em menos de 35 anos o mundo precisará de 60% mais alimentos e 40% mais água, se o ritmo de consumo permanecer. Logo, o crescimento da produção deve ser sustentável e de maneira vertical, exigindo maior conexão das inovações com o campo, principal papel estratégico da extensão rural (CARDOSO, 2018). A extensão rural acelera a transferência de tecnologia para os produtores e auxilia na redução da diferença entre a real produção e potencial produção da propriedade rural (ANDERSON E FEDER, 2003). Sendo a difusão de tecnologia um processo de inovação, deve contar com quatro elementos principais: a tecnologia, a comunicação, o tempo e o sistema social. É um processo que envolve uma dinâmica que tem início na geração de tecnologia, passando pela transferência do conhecimento, pela sistematização desse conhecimento através da extensão, pela transferência para o contexto do produtor, e termina na adoção ou rejeição pelo produtor rural da referida tecnologia (ROMANIELLO et al., 2005). A difusão de tecnologia envolve meios de comunicação e ocorre por meio de informações referentes ao uso racional dos meios de produção, desde insumos, maquinário e manejo; contribuindo para gerar efeitos positivos na economia nacional, visto que o Brasil é um país onde a agropecuária tem elevada importância no PIB (SANTOS 2018). Em relação ao processo de comunicação, Peixoto (2008) defende a importância da extensão rural e da assistência técnica, que têm como objetivo promover o desenvolvimento sócio econômico no meio rural, através da 26 disseminação de tecnologias geradas pela pesquisa, especificamente no desenvolvimento de atividades agropecuária, florestal e pesqueira. No Brasil, a bovinocultura concentra-se principalmente na região Centro- Oeste, com aproximadamente 35% do rebanho brasileiro, onde destaca-se o Estado do Mato Grosso do Sul que detém aproximadamente 14,1% do rebanho nacional, segundo dados do IBGE (2017). O Estado de Mato Grosso do Sul possui vasto território, apresentando grande heterogeneidade em suas regiões, desde infraestrutura a sistema de produção no meio rural, cada região com particularidades que podem interferir no acesso a novas tecnologias. Segundo dados do último Censo Agropecuário divulgado, o MS possui 63.853 propriedades rurais, e dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar – SEMAGRO (2016) revelam que o PIB do agronegócio em 2014 representou aproximadamente 40% do PIB total do Estado. Porém, 69% dos estabelecimentos agropecuários não recebem nenhum tipo de assistência (IBGE, 2017). Produtores familiares e pequenos pecuaristas têm maior dificuldade de acesso e implementação de idéias, reduzem gastos com renovação ou recuperação de pastagens, consequentemente reduz a capacidade de suporte da área e a produtividade por unidade de pasto (ZIMMER et al, 1998). Não só os custos da intensificação da produção são barreiras para o acesso a tecnologias, mas também a cultura e o nível de conhecimento influenciam na disseminação e adesão dos conceitos fundamentais da produção pecuária. Para permanecer na atividade, o pecuarista é pressionado a reestruturar seus métodos de produção por meio da inovação tecnológica, assim, está ocorrendo uma mudança cultural na atividade pecuária em todo território nacional quanto à visão empresarial dos pecuaristas (SIMÕES et. al., 2006). Ciente da necessidade de difusão de tecnologia e informação para pequenos e médios produtores do Estado de MS por meio de ciência e tecnologia agropecuária atualizadas, as empresas juniores estão no mercado para colocar ao alcance dos pecuaristas ferramentas modernas que podem aumentar a competitividade do seu negócio e aperfeiçoar a gestão do setor. Empresa júnior é uma associação civil sem fins lucrativos, formada e gerida por estudantes de graduação de ensino superior, visando impactar a educação e 27 o mercado com os seus produtos e projetos de consultoria. Com mais de 50 anos de existência, as empresas juniores, amparadas pela Lei Federal nº 13.267 de seis de abril de 2016, oferecem serviços de qualidade a um baixo custo, tornando as consultorias acessíveis para pequenos e médios produtores (BRASIL JÚNIOR, s.d.). O Movimento Empresa Júnior - MEJ tem como propósito a busca por um Brasil Empreendedor, trabalha diariamente para formar pessoas comprometidas e capazes de transformar o Brasil por meio da realização de mais e melhores projetos. São 27 federações mais de 900 empresas juniores, mais de 20 mil empresários juniores e mais de 17 mil projetos (BRASIL JÚNIOR, s.d.). A fim de gerar dados às empresas juniores e aos profissionais da assistência técnica rural e assim contribuir com melhor qualidade de serviço prestado, este trabalho tem como objetivo analisar como está o nível tecnológico e a difusão da tecnologia nas propriedades dos municípios de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, gerando dados para embasar soluções de disseminação de tecnologia, identificando o melhor meio de comunicação para propagação de novas idéias permitindo que os produtores tenham acesso às informações geradas no mercado atual, possibilitando maior competitividade no mercado agropecuário e aumento da produtividade de forma simples até as mais complexas e tecnológicas de acordo com cada estrutura. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi realizada em 15 propriedades rurais de atividade pecuária dos municípios de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, sendo a região de mais fácil acesso à Empresa Júnior da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - ZooPlus. As propriedades alvo da pesquisa foram definidas de acordo com a distância e a disponibilidade de seus proprietários. O mapa de localização das propriedades foi elaborado com auxílio da Agraer, do Sindicato Rural, da Famasul, de cooperativas e amigos produtores da região. Os produtores em foco neste trabalho foram pequenos (renda bruta anual de até R$ 45.000,00) e médios (renda bruta anual acima de R$ 45.000,00 até R$ 2.000.000,00). 28 Foi realizada entrevista com o proprietário ou responsável, através de questionário (Apêndice I) adaptado pela autora, baseado nos aplicados nos estudos de Santos (2018) e Cardoso (2018), estruturado com perguntas fechadas e abertas, aplicado no período de 26/09/2019 a 26/10/2019. Foi realizada uma visita presencial em cada propriedade. Após o período de entrevistas, os dados coletados foram tabulados e criticamente analisados para apresentação e discussão dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa com os produtores confirmou que o gênero que ainda predomina atuando na pecuária da região, com 86,7%, é o sexo masculino (Tabela 5). Este número é similar ao valor encontrado pelo Censo Agropecuário da região estudada (IBGE, 2017), que encontrou que 84, 5% de produtores são do sexo masculino.E consideravelmente maior ao encontrado no estudo de Bracht e Werlang (2015) que analisaram o perfil de empreendedores rurais no estado de Santa Catarina, e encontraram 68% de entrevistados sendo do sexo masculino, mostrando que o perfil de apenas homens como produtores, aos poucos, está acabando em algumas regiões do país. Tabela 5. Distribuição dos produtores por sexo Sexo % dos produtores Masculino 86,7 Feminino 13,3 Fonte: Arquivo pessoal No quesito idade, a maioria dos entrevistados possui mais de 65 anos (Figura 16), apontando para um perfil de pequenos e médios produtores mais experientes, resultado que não corrobora os estudos de Bracht e Werlang (2015), onde a maioria dos produtores encontraram-se na faixa etária de 31 a 50 anos de idade, mas se aproxima dos estudos de Santos (2018), onde predomina produtores com mais de 51 anos, representando 45,8% dos entrevistados pelo autor. 29 Figura 16. Faixa etária dos produtores entrevistados Fonte: Arquivo pessoal Quanto ao grau de escolaridade, os dois extremos predominam, onde 33% não concluíram o ensino fundamental e 29% possuem ensino superior completo, evidenciando a diversidade dos pequenos e médio produtores da região estudada, diferente do perfil dos estudos de Santos (2018), onde predominou produtores que possuíam ensino médio completo com 37,4% dos entrevistados, seguido dos que possuíam ensino fundamental incompleto com 20,6% e apenas 15,9% concluíram o ensino superior (Figura 17). Figura 17. Grau de escolaridade dos entrevistados Fonte: Arquivo pessoal 30 A distribuição de renda demonstra que os produtores que nunca receberam assistência técnica concentram-se abaixo de 100 mil reais de renda bruta anual, e que todos os produtores com renda entre 1.000.000 e 2.0000.00 já receberam ou recebem algum tipo de assistência técnica (Tabela 6). Tabela 6. Renda bruta anual dos produtores em função da adoção ou não de assistência técnica Renda bruta anual em reais Nunca receberam assistência técnica (% total de entrevistados) Receberam ou recebem assistência técnica (% total de entrevistados) De 50.000 a 99.999,99 20,0 26,7 De 100.000 a 499.999,99 6,7 26,7 De 1.000.000 a 2.000.000,00 0 20,0 Fonte: Arquivo pessoal Dentre os produtores do estudo, 86,7% residem na própria propriedade em área rural, e apenas 13,3% em cidade com mais de 100 mil habitantes (Tabela 7). Tabela 7. Local de moradia Moradia % Área rural 86,7 Cidade com mais de 100 mil habitantes 13,3 Fonte: Arquivo pessoal Em relação ao tempo na atividade, pode-se dividir em 53% com até 25 anos de atuação e 47% com mais de 30 anos, demonstrando a heterogeneidade na experiência dos produtores (Figura 18). 31 Figura 18. Tempo na atividade pecuária Fonte: Arquivo pessoal Pode-se ainda destacar que dos produtores com até 25 anos na atividade pecuária, 87% utilizam área arrendada, sendo que quando avaliados em conjunto, independentemente da idade apenas 46,7% dos entrevistados utiliza área arrendanda (Tabela 8). Tabela 8. Distribuição da estrutura fundiária encontrada durante a pesquisa Estrutura fundiária % Própria 53,3 Arrendada 46,7 Fonte: Arquivo pessoal Todos os entrevistados possuem televisão com antena, rádio, telefone celular, Whatsapp e internet na propriedade, indo ao encontro do estudo de Santos (2018), onde a maioria dos entrevistados possuía TV, rádio, celular e acesso à internet, e do estudo de Cardoso (2018), onde apenas 4% dos produtores não possuíam acesso à internet (Figura 19). 32 Figura 19. Frequência de adesão de tecnologias convencionais na propriedade Fonte: Arquivo pessoal Em relação à assistência técnica, pode-se observar a distribuição dos produtores da Figura 20. Dentre 26,7% dos produtores que nunca receberam assistência técnica e o mesmo número de produtores recebe assistência técnica atualmente. A maioria (46,7%) já recebeu, mas atualmente não é assistida por nenhum profissional da área técnica, sendo uma decisão que, em sua maioria, foge da decisão do produtor, já que muitos eram beneficiados por assistência pública ou mista. Figura 20. Contato com assistência técnica Fonte: Arquivo pessoal 33 A maioria, 46,7% dos produtores rurais da região consideram a assistência técnica muito importante (Tabela 9). Sendo que, dos 26,7% dos produtores que recebem assistência técnica, 75% consideram muito importante para sua atividade e conhecem e/ou adotam tecnologias rurais como analise de solo, correção de solo, adubação de pasto, IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), software de gestão e análise de sêmen. E dos 46,7% dos entrevistados que já receberam assistência técnica, porém não possuem mais, 50% consideram muito importante e 50% consideram pouco importante o auxílio técnico profissional, com a justificativa de que os profissionais são novos e inexperientes, e eles já possuem conhecimento e experiência de anos atuando na atividade (mais de 60 anos na atividade). Interessante notar que, produtores de até 45 anos de idade consideram a assistência técnica muito importante, porém apenas 42,8% a utilizam no momento. Tabela 9. Grau de importância para os produtores da assistência técnica em sua produção Importância da assistência técnica % Muito importante 46,7 Importante 26,7 Pouco importante 26,7 Fonte: Arquivo pessoal Na Figura 21 destacam-se como tecnologias adotadas e/ou conhecidas, tecnologias relacionadas ao solo (análise, correção e adubação), manejo reprodutivo com utilização de IATF e financiamento rural. Apenas 20% dos pecuaristas que nunca utilizaram ou não conhecem o crédito rural, nunca tiveram assistência técnica, indicando que o acesso ao crédito pode não ser um empecilho para a contratação de assistência técnica para esses produtores. Preocupante, no entanto, é o fato de que tecnologias como análise de alimentos, programa de melhoramento genético, software de gestão e sistemas de integração são desconhecidas para mais de 50% dos produtores. 34 Figura 21. Tecnologias rurais adotadas e/ou conhecidas Fonte: Arquivo pessoal Dentre os meios de comunicação considerados importantes, destacaram-se Whatsapp (87%), TV (73%) e assistência técnica (73%), Figura 22. E com menos importância para os entrevistados, jornal em site (27%), revistas do setor (27%) e jornal impresso (7%). 35 Figura 22. Meios de comunicação considerados importantes Fonte: Arquivo pessoal Dentre os produtores que recebem assistência técnica, 72,7% estão totalmente satisfeitos com os serviços por eles prestados (Tabela 10), que inclui em 27% dos casos a realização de seminários e excursões, em 55% dos casos a oferta de cursos e dia de campo e em 100% dos casos de visitas à propriedade (Figura 23). Essas vistas são, em sua maioria distribuídas semanalmente (36,4%), mensalmente (27,3%), anualmente (27,3%). Sendo as visitas semestrais as menos comuns (9,1% - Figura 24). Tabela 10. Grau de satisfação com a assistência técnica recebida Grau de satisfação com a assistência recebida % Totalmente satisfeito 72,7 Parcialmente satisfeito 27,3 Fonte: Arquivo pessoal 36 Figura 23. Serviços oferecidos pela assistência técnica para difusão de tecnologias Fonte: Arquivo pessoal Figura 24. Frequência das visitas de assistência técnica Fonte: Arquivo pessoal Em relação à especialização da assistência técnica ofertada aos produtores, 54,5% consideraram de abrangência geral, 36,4% especializadas em produção e apenas 9,1% especializados em processos mais específicos (Figura 25). 37 Figura 25. Especialização da assistência técnica recebida Fonte: Arquivo pessoal CONCLUSÃO O perfil dos produtores da região de Corguinho, Rochedo e Campo Grande – MS é bem diversificado, desde o graude instrução ao tempo na atividade. A maioria considera a assistência técnica importante para sua atividade, por apresentarem novas tecnologias, porém apenas uma pequena parte deles recebe de fato a assistência técnica atualmente. Sendo assim, pode-se concluir que o campo de trabalho para as empresas juniores e outras empresas de assistência técnica voltadas para o pequeno e médio produtor é vasto nesta região. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estágio supervisionado na Produção Consultoria Rural foi proveitoso pela oportunidade de acompanhar profissionais de renome na área de produção animal no estado. Embora a quantidade de serviços acompanhados pudesse ter sido maior, as visitas e atividades realizadas foram de grande aprendizado, com exposição das características do mercado de trabalho e orientações sobre as dúvidas e estudo de cada possibilidade de solução para diferentes. A estrutura oferecida pela empresa e a experiência dos profissionais permitiram a realização de um ótimo trabalho, porém a distribuição relacionada à divisão de estagiários e 38 suas funções necessita de melhor organização, mesmo sendo desenvolvido um quadro para melhorar a dinâmica, não houve muito resultado nesse sentido. Foi uma experiência de desenvolvimento de diversas áreas de conhecimento, técnico e pessoal, como liderança, proatividade, comprometimento, dedicação, comunicação e paciência. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, J. R.; FEDER, G. Rural Extension Services. World Bank Policy Research Working Paper, Washington, D.C., 2003. BRACHT, D. E; WERLANG, N. B. Competências empreendedoras: uma investigação com produtores rurais catarinenses. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas. n 1. v 4. 2015. BRASIL JÚNIOR Disponível em: <https://brasiljunior.org.br/conheca-o-mej> Acesso em: 15 out. 2019. CARDOSO, C. C. Extensão Rural pública e privada em Mato Grosso do Sul: uma análise contratual dos serviços de assistência técnica. Dissertação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande. 2018. 120 p. FAO. Agricultural and rural extension: definitions. Disponível em: <http://www.fao.org/docrep/004/y2709e/y2709e05.htm> Acesso em: 27 out. 2019. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2017Brasil, Grandes Regiões e Unidades Federativas. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/21814- 2017-censo-agropecuario.html?=&t=resultados> Acesso em: 27 out. 2019 PEIXOTO, M. Extensão Rural no Brasil – Uma Abordagem histórica da legislação. Consultoria Legislativa do Senado Federal. Brasília/DF, out. 2008 39 ROMANIELLO, M. M., AMÂNCIO, R.. Gestão de programas e serviços de transferência e difusão de tecnologia para o desenvolvimento rural: um estudo de caso na região cafeeira do sul do estado de minas gerais. Revista de Administração Mackenzie. n 2. v 6. p 113-136. 2005. SANTOS, M. F. Perfil do produtor rural e a situação de difusão de tecnologiaem João Pinheiro-MG. Dissertação, Universidade Federal de Viçosa,Viçosa. 2018. 19 p. SEMAGRO – Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar. Mato Grosso do Sul vem fazendo sua parte para alavancar PIB do país. Campo Grande/MS dez. 2016. Disponível em: < http://www.semagro.ms.gov.br/mato-grosso-do-sul-vem-fazendo-sua-parte- para-alavancar-pib-do-pais-afirma-reinaldo/>Acesso em: 27 out. 2019. SIMÕES, A. R. P., GAMA, F. F. C.; CANUTO, N. G. D.; CARVALHO, D. M. G. Avaliação econômica comparativa de sistemas de produção de gado de corte na região de Aquidauana-MS. XLIV CONGRESSO DA SOBER Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural.Fortaleza. 2006 UMALI, D.D. Public and Private Agricultural Extension: Partners or Rivals? The World Bank Reseach Observer, Oxford, Reino Unido. nº 2.v 12. 1997. ZIMMER, A. H.; EUCLIDES, V. P. B.; EUCLIDES FILHO, K.; MACEDO, M. C. M. Considerações sobre índices de produtividade da pecuária de corte em Mato Grosso do Sul. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1998. 53P. (EMBRAPA- CNPGC. Documentos, 70). 40 APÊNDICE I Pesquisa TCC - Difusão de tecnologia *Obrigatório 1. Nome * 2. Sexo Marcar apenas uma oval. Masculino Feminino 3. Faixa etária Marcar apenas uma oval. Até 25 anos De 26 a 35 anos De 36 a 45 anos De 46 a 55 anos De 56 a 65 anos Acima de 65 anos 4. Grau de escolaridade Marcar apenas uma oval. Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo Ensino superior incompleto Ensino superior completo Pós-graduação 5. Renda bruta ao ano Marcar apenas uma oval. Menos de R$20.000 Entre R$20.000 e R$49.999 Entre R$50.000 e R$99.999 Entre R$100.000 e R$499.999 Entre R$500.000 e R$999.999 Mais de R$1.000.000 6. Moradia Marcar apenas uma oval. Área rural Cidade com até 100 mil habitantes Cidade com mais de 100 mil habitantes 7. Tempo na atividade agropecuária 8. Município da propriedade 9. Estrutura fundiária Marcar apenas uma oval. Própria Arrendada Assentamento Familiar 10. Já teve algum financiamento bancário? Marcar apenas uma oval. Sim Não 11. Quais tecnologias tem acesso na propriedade? Marque todas que se aplicam. Televisão com antena Rádio Telefone fixo Telefone celular Whatsapp Computador Internet Cartão de crédito Plano de saúde Previdência privada 12. Conhece ou adota alguma das tecnologias rurais? Marque todas que se aplicam. Analise de solo Correção de solo Adubação de pasto IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) Programa de Melhoramento Genético Integração (ILP, ILPF, IPF) Software de gestão Análise de sêmen Análise de alimentos Formulação de ração 13. Quais meios de comunicação você utiliza e considera como importantes? Marque todas que se aplicam. Jornais impressos Jornais pelo site Revistas do setor Informativos especializados TV Rádio Internet - sites Internet - Whatsapp Técnicos, assistência 14. Já teve ou possui alguma assistência técnica? Qual? Marcar apenas uma oval. Sim, já tive Sim, tenho Não 15. Está satisfeito com a assistência que recebe? Marcar apenas uma oval. Sim Não Parcialmente 16. Qual a especialização da assistência técnica? Marcar apenas uma oval. Geral Gestão Produção Processos específicos. Quais? Comercialização 17. Com que frequência a assistência presta serviços presenciais? Marcar apenas uma oval. Diário Semanal Mensal Semestral Anual 18. Quais os métodos utilizados pela assistência para fornecer conhecimentos? Marque todas que se aplicam. Visitas Cursos Dia de campo Seminários Excursões Outros 19. O que poderia melhorar na assistência técnica? Marque todas que se aplicam. Nada, está bom. Frequência das visitas Conhecimento dos técnicos Mais e novos técnicos Assuntos abordados Levar mais tecnologias Outros 20. Qual a importância da extensão rural e assistência técnica para o sucesso da sua atividade? Marcar apenas uma oval. Muito importante Importante Pouco importante Não sabe 21. Por que acredita que tem essa importância?
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