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peça estágio iv

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Peça técnico-jurídica III
Revogação da Prisão Temporária 
	Curso: Direito 
	Disciplina: Estágio Supervisionado IV 
	
	Data: 01/09/2020
	 
	Professora: 
	
	Valor desta avaliação: 0,40 Nota: _____ 
	Aluno (a):	
Email:	 	 	 	 	 
	 
	
 
 
 
 
O Delegado de Polícia representou ao Juiz de Direito a fim de que fosse decretada a prisão temporária de Francisco Chagas, alegando que ele estava sendo investigado por crimes de estelionato e furto e que se tratava de pessoa sem residência fixa, sendo a sua prisão imprescindível para investigações. O juiz, após ouvir o Ministério Público, decretou a prisão temporária por 5 (cinco) dias, autorizando, desde logo, a prorrogação da prisão por mais 5 (cinco) dias, se persistissem os motivos que levaram à sua decretação. Foi expedido mandado de prisão. Sem ser preso, Francisco soube da decisão e procurou um advogado para defendê-lo. 
Questão: Como advogado de Francisco, redija a peça processual mais adequada à sua defesa.
MISSÃO: “Produzir conhecimentos, promover a formação profissional e o bem-estar da sociedade mediante prestação de serviços educacionais, de saúde e tecnológicos, conforme os princípios da fé cristã e da ética luterana”. 
AO JUÍZO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PALMAS, ESTADO DO TOCANTINS.
INQUÉRITO POLICIAL N°: XXXXXXXX
Francisco Chagas, já qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de seu advogado, com procuração anexa, vem perante a Vossa Excelência requerer:
REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA
com fulcro no artigo 5°, LVII da Constituição Federal e com base na Lei n° 7960 de 1989, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I - DOS FATOS
O requerente estava sendo investigado supostamente, por crimes de estelionato e furto, foi alegado que o mesmo não possuíaa residência fixa e por esse motivo a sua prisão tornou-se imprescindível para as investigações. 
O juiz, após ouvir o Ministério Público, decretou a prisão temporária por 5 (cinco) dias, autorizando, desde logo, a prorrogação da prisão por mais 5 (cinco) dias, se persistissem os motivos que levaram à sua decretação. 
Foi expedido mandado de prisão. Sem ser preso, Francisco soube da decisão e procurou um advogado para defendê-lo.
II- DOS FUNDAMENTOS
2.1- DO ROL TAXATIVO 
No presente caso, o requerente é acusado de, supostamente, ter cometido os crimes de estelionato e furto, para os quais não há previsão legal de prisão temporária, conforme consta no artigo 1° da Lei 7.960/89. Vejamos:
Art. 1° Caberá prisão temporária:
I - [...]
II - [...]
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016)
Portanto, a prisão é ilegal, uma vez que os crimes supostamente cometidos pelo requerente não estão elencados no artigo 1° da referida lei, onde é estabelecido um rol taxativo das hipóteses da prisão temporária.
Nesse sentido, leciona Aury Lopes Jr: [footnoteRef:1] [1: LOPES JÚNIOR, Aury. Direito processual penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p. 819] 
A Lei n. 7.960 enumera 14 crimes, que vão do homicídio doloso aos crimes contra o sistema financeiro. É um rol bastante amplo e abrangente e, importante frisar, taxativo. É pacífico que a prisão temporária por crime que não esteja previsto naquele rol do inciso III é completamente ilegal, devendo imediatamente ser relaxada. Assim, é ilegal a prisão temporária por homicídio culposo, estelionato, apropriação indébita, sonegação fiscal, falsidade documental etc.
Ainda sobre o assunto, é este o entendimento do Superior Tribunal de Justiça e dos tribunais pátrios, vejamos:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO TEMPORÁRIA. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE DA MEDIDA NÃO DEMONSTRADA. PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS. APURAÇÃO DE CRIMES NÃO INCLUÍDOS NO ROL DOS CRIMES HEDIONDOS. ILEGALIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. É evidente o constrangimento ilegal se a prisão temporária foi determinada tão somente "para uma melhor apuração de seus envolvimentos", sem a demonstração concreta da imprescindibilidade da medida, ressaltando-se que, nos termos do art. 2º, § 2º, da Lei nº 7.960/89, "o despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado". 2. A gravidade dos delitos não é fundamento suficiente para justificar a imposição da custódia cautelar. 3. Tratando-se da apuração de crimes não incluídos no rol dos crimes hediondos, a prisão temporária deve ter o prazo de 05 (cinco) dias, a teor do art. 2º, caput, da Lei nº 7.960/89. 4. Recurso provido. (STJ - RHC: 20410 RJ 2006/0246935-0, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 15/10/2009, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 09/11/2009)
HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. PRISÃO TEMPORÁRIA. REQUISITOS AUSENTES. ORDEM CONCEDIDA. 1. A prisão temporária somente é cabível nas hipóteses taxativamente previstas no art. 1º da Lei nº 7.960/1989, as quais não se encontram presentes no caso da paciente nos autos, que possui residência fixa no Distrito Federal, inexistindo demonstração da imprescindibilidade de sua segregação, uma vez que não há notícias de que coagiu alguém ou pretenda prejudicar as investigações policiais. 2. Ordem concedida para revogar a prisão temporária da paciente.(TJ-DF 07001276120198070000 - Segredo de Justiça 0700127-61.2019.8.07.0000, Relator: JOÃO BATISTA TEIXEIRA, Data de Julgamento: 24/01/2019, 3ª Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 29/01/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)
Nessa sequência, ficou claro que o pedido de prisão é totalmente ilegal, pois os crimes de estelionato e furto não estão no rol de possibilidades para decretação da prisão cautelar temporária.
2.2. DA COMPROVAÇÃO DE RESIDÊNCIA FIXA
Salienta-se dizer que, a alegação de que o requerente não possui residência fixa não é verídica, conforme (documentos em anexo), este reside com sua família no mesmo endereço há 10 anos, sendo assim torna-se desnecessária a decretação da prisão temporária.
Nesse sentido, é este o entendimento dos tribunais pátrios, vejamos:
HABEAS CORPUS. PRISÃO TEMPORÁRIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. Prescindível a decretação da prisão temporária quando o indiciado possui endereço fixo, advogado constituído e demonstra interesse em prestar esclarecimentos à autoridade policial.
(TJ-AP - HC: 44898 AP, Relator: Desembargador CARMO ANTÔNIO, Data de Julgamento: 27/08/1998, SECÇÃO ÚNICA, Data de Publicação: no DOE N.º 1889 de Sexta, 11 de Setembro de 1998)
Portanto, não há a necessidade do acusado ter sua prisão decretada, uma vez que este possui residência fixa e compromete-se e coloca-se à disposição da autoridade policial naquilo que seja necessário ao completo esclarecimento dos fatos. Observamos, ainda, que falta de residência fixa não é motivo para
decretar prisão temporária.
Posto isso, Leciona Guilherme de Souza Nucci: [footnoteRef:2] [2: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Processual Penal. 17ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 955.] 
Enfim, não se pode decretar a temporária somente porque o inciso I foi preenchido, pois isso implicaria viabilizar a prisão para qualquer delito, inclusive os de menor potencial ofensivo, desde que fosse imprescindível para a investigação policial, o que soa despropositado. Não parece lógico, ainda, decretar a temporária unicamente porque o agente não tem residência fixa ou não é corretamente identificado, em qualquer delito.
Sendo assim, mesmo que o requerente não tivesse residência fixa, não seria motivo para ter sua prisão temporária decretada.
2.3- DA PRORROGAÇÃO AUTOMÁTICA
O juiz após decretar a prisão temporária, já autorizou de Imediato a prorrogação do prazo, sem comprovada a necessidade, conforme exigida e tipificada pelo art. 2° da Lei n° 7960/89, vejamos:
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Ou seja, a prorrogação deve acontecer somente em caso de extrema necessidade e deverá sempre ser fundamentada a decisão, como determinam os arts. 93, IX, da Constituição e o art. 2º, § 2º, da Lei n. 7.960, demonstrando a necessidade da prisão temporária e a presença dos requisitos e fundamentos que a legitimam.
Nessa continuidade, leciona Aury Lopes Jr: [footnoteRef:3] [3: LOPES JÚNIOR, Aury. Direito processual penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p. 817] 
Os prazos devem ser observados, sendo completamente ilegal, por exemplo, a decisão judicial que decreta a prisão temporária por 7 dias (pois excede o prazo e já antecipa uma prorrogação – de ofício! – que sequer foi pedida e muito menos demonstrada). O prazo é de até cinco dias. Depois disso, excepcionalmente, havendo pedido expresso e fundamentado da autoridade policial, poderá haver a prorrogação por mais 5 dias.
Ainda sobre o assunto, é este o entendimento dos tribunais pátrios, vejamos:
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. NEGATIVA DE AUTORIA. PRORROGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA IMPRESCINDIBILIDADE DA MEDIDA CAUTELAR. 1- A via estreita do Habeas Corpus não comporta discussão sobre negativa de autoria, por exigir dilação probatória. 2- Para a prorrogação da prisão temporária faz-se impositiva a demonstração, com base empírica idônea da imprescindibilidade da medida cautelar, para as quais não se mostram suficientes, assertivas genéricas concernentes à necessidade de melhor esclarecimento dos fatos, revelando-se de rigor a concessão da ordem libertária em virtude do evidente risco de manutenção de uma prisão indevida. 3- Ordem conhecida e concedida. (TJ-GO - HC: 02967613720198090000, Relator: J. PAGANUCCI JR., Data de Julgamento: 11/06/2019, 1ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ de 11/06/2019)
Sendo assim, a prorrogação automática não pode acontecer de acordo com a decisão proferida pelo magistrado, pois não se pode prever com antecedência a necessidade de prorrogação da prisão temporária. 
III- DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência a concessão da REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, e Expedição de contramandado de prisão, com base na Lei n° 7960 de 1989.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Palmas, 01 de setembro de 2020.
Assinatura do Advogado
OAB XXXXXX

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